Em Curitiba: Alex Flemming e Clif

19/nov

Com o tema “Território estrangeiro”, o Curitiba Luz Imagem e Fotografia (Clif), Curitiba, PR, começa hoje, na capital paranaense, com uma programação que inclui exposições, palestras, oficinas e sessões de cinema, com curadoria do artista visual Tom Lisboa. A coletiva “Território Estrangeiro”, no Museu Municipal de Arte (MuMa) – Portão Cultural,  abre a programação e reúne nomes importantes da fotografia e das artes visuais, como Juliane Fuganti, Tony Camargo, Vilma Slomp, Rosangela Renó, entre outros.

 

O artista visual Alex Flemming, que também ministrará uma das palestras no Museu Niemeyer, veio da Alemanha especialmente para duas exposições no Brasil, entre elas, a que acontece em Curitiba. “Ele é uma das estrelas do evento”, diz o idealizador do Clif, Guilherme Zawa, que realiza a ação em Curitiba desde 2011.

 

Os trabalhos de Flemming integram importantes coleções de museus no Brasil e no mundo, como o MASP, São Paulo, o Museu Nacional e Belas Artes, Rio de Janeiro, e o Museu de Arte da América Latina, em Washington. No MuMa, estarão expostas obras de uma de suas séries mais famosas, Body Builders (2001-2002), quando o artista fotografou corpos jovens e esbeltos e desenhou em cima das imagens mapas de áreas de conflitos e guerras.

 

Na programação, Zawa destaca ainda a palestra com Eder Chiodetto, um dos maiores curadores de fotografia do país, e a oficina de construção de câmeras digitais artesanais, com Guilherme Maranhão. Pela Rua XV de Novembro, os fotógrafos do coletivo “O Estendal” levarão imagens da série “Paisagem Alterada”, impressas em papel de algodão. As obras, que estarão à disposição do público a partir de amanhã, poderão sofrer intervenções das pessoas. No final do Clif, no sábado, 23, acontece também o “Foto Escambo”, projeto idealizado por Hans Georg, no qual fotógrafos e amadores trocam, sem a necessidade de dinheiro, imagens expostas e sem identificação do autor. “No meio das imagens, têm fotos valiosas que são dadas de bom grado pelos artistas. Também é um momento imprescindível para o fotógrafo que quer tirar um trabalho da gaveta”, diz Zawa.

 

 

Ideia

 

O curador do Clif, Tom Lisboa, conta que a escolha do tema “território estrangeiro” (um recorte para falar sobre as outras áreas que “invadem” a fotografia) foi bastante particular. “Quando fui convidado para fazer a curadoria, o Guilherme Zawa me pediu para dar um enfoque muito pessoal à mostra. Toda minha produção mescla a fotografia com outras áreas, tais como a literatura, o vídeo, a pintura, o cinema, a intervenção urbana e a internet”, diz. Lisboa conta que o projeto coincidiu com a leitura do livro Cidade Polifônica, do antropólogo italiano Massimo Canevacci. “Nele, ele afirma que compreendeu o que é ser italiano quando se sentiu perdido em um território estrangeiro, no caso o Brasil. A partir dessa vivência, eu desenhei o que seria o território estrangeiro do Clif. A fotografia deveria aparecer diluída, mas, ao mesmo tempo, afirmando sua identidade perante os outros meios”, define Lisboa.

 

Até 15 de dezembro.

Mostra de Antanas Sutkus

12/nov

O Instituto Tomie Ohtake, Pinheiros, São Paulo, SP e o Consulado Geral da Lituânia no Brasil inauguram a exposição inédita do fotógrafo lituano Antanas Sutkus que obedece ao título geral de “Pessoas da Lituânia”. Serão exibidas cerca de 35 imagens inéditas em preto e branco que revelam o talento de Sutkus, considerado um dos maiores fotógrafos do século XX. Grande parte da coleção será apresentada pela primeira vez em âmbito mundial, fruto de um intenso trabalho do fotógrafo em seu arquivo que comporta cerca de um milhão de negativos.

 

Durante toda a sua carreira Antanas Sutkus prestou uma homenagem ao seu povo com a série “Pessoas da Lituânia”, onde o cotidiano dos seus co-cidadãos é o sujeito principal: cada indivíduo é fotografado com um senso da humanidade e sem nenhum efeito dramático. Ao contrário, o seu olhar traz amor e esperança para a vida destas pessoas. Como diz o próprio artista: “O meu credo é amar as pessoas”. A exposição “Pessoas da Lituânia” apresenta ao público paulistano imagens restauradas e ampliadas durante os últimos anos, resultado de um intenso trabalho de pesquisa e restauração do fotógrafo nos seus arquivos.

 

 

 

Sobre o artista

 

 

 

O fotógrafo lituano Antanas Sutkus, 74 anos, cresceu em uma difícil realidade. Em 1940, quando ele tinha apenas um ano, a União Soviética anexou o seu país ao bloco comunista, em plena Segunda Guerra Mundial. Entretanto, mesmo diante de condições tão adversas, o artista tornou-se um dos maiores fotógrafos de sua época. Antanas ignorou os ideais totalitários impostos pelo regime soviético e acumulou, em pouco mais de 40 anos, uma obra vasta que retrata o cotidiano simples do seu povo. Foi a partir de 1991, ano em que a independência do seu país foi, enfim, oficializada e reconhecida, que Antanas passou a trabalhar com tranquilidade em seus arquivos. Com quase de um milhão de negativos guardados, só agora sua obra começa a ser de fato revelada deforma completa para o mundo.

 

 

Até 05 de janeiro de 2014.

Marcel Giró na Galeria Bergamin

05/nov

A Galeria Bergamin, Jardins, São Paulo, SP, exibe 40 fotografias vintage (ampliadas na época), feitas pelo artista catalão Marcel Giró, nos anos 1950. Giró foi um dos principais representantes do Modernismo da Escola Paulista e integrou o Foto Cine Clube Bandeirante.

 

A dupla de curadores, Iatã Cannabrava e Isabel Amado, elegeu imagens que evidenciam o crescimento da metrópole naqueles anos e deixam escapar a preocupação desta geração de fotógrafos em documentar as transformações das cidades, a industrialização e a modernidade, assim como o fizeram Paulo Pires, José Yalenti, Ademar Manarini, Eduardo Salvatore, Gaspar Gasparian e outros participantes do FCCB. São fragmentos como andaimes, antenas, muros riscados e construções, fotografias quase sem a presença da figura humana, que valorizam a arquitetura local, e incluem uma série menos literal, em que a geometria e as experimentações do Modernismo Paulista são ainda mais presentes.

 

“Com um olhar apurado de esteta, suas melhores fotografias têm origem de fato no banal e cotidiano”, diz Iatã Cannabrava. Para Isabel Amado, “nas sombras mais duras, na geometria mais fria, nos contrastes menos cadenciados: sempre há uma delicadeza que perpassa suas fotografias”.

 

Apesar da pouca atenção ao Modernismo da Escola Paulista, na última década importantes trabalhos como o livro de Helouise Costa, a circulação de coleções como a de fotografia modernista brasileira do Itaú e a inclusão no circuito de galerias de arte de alguns desses autores fizeram com que as obras guardadas pelas famílias viessem a aparecer. É o caso desta exposição, composta por obras mantidas sob a guarda de Toni Ricart, sobrinho do artista. Além de fotógrafo, Giró praticou montanhismo, tendo cruzado os Pirineus a pé. Antes do Brasil, esteve na Colômbia, e, ao passar por São Paulo, encontrou no FCCB o que havia de mais questionador na época, ou, pelo menos, o que havia de mais revolucionário na fotografia naquele momento de retomada da vida cotidiana após duas longas guerras.

 

 

Sobre Marcel Giró

 

Filho de industrial do setor têxtil, o catalão Marcel Giró foi um aficionado pela fotografia, praticou montanhismo e viajou o mundo como poucos. Alistou-se como voluntário no exército republicano durante a Guerra Civil Espanhola (1936-1939), o que já anunciava seu espírito político, questionador, observador. No final dos anos 40, mudou-se para São Paulo, onde renasceu sua vocação para fotografia, se tornando um dos principais membros da Escola Paulista de Fotografia, com origem no Foto Cine Clube Bandeirante.  Seu trabalho se caracteriza pela interpretação das formas abstratas de seu entorno e pela experimentação com a luz e sombra, acompanhando o movimento da fotografia moderna. Giró é citado mais de uma vez no livro seminal Fotografia Moderna no Brasil de Helouise Costa, e é dele o Estúdio Giró, o pioneiro da fotografia publicitária no Brasil. Viveu até os 98 anos de idade, morrendo em Mirassol, Barcelona, em 2011.

 

 

Sobre a Galeria Bergamin

 

Sem elenco fixo e com o objetivo de atender a arte e disseminar cultura no coração do Jardins, na Rua Oscar Freire, em São Paulo, a Galeria Bergamin, dos sócios Antonia Bergamin e Thiago Gomide, abriu sua primeira exposição no novo espaço em agosto de 2013, já com grandes nomes como Adriana Varejão, Hélio Oiticica, Nelson Leirner e Waltercio Caldas. A mostra coletiva apresentou obras onde os autores prestavam homenagens, correspondências e referências a outros artistas plásticos, como Lucio Fontana e Piet Mondrian, por exemplo. Com foco em arte do período pós-guerra, o espaço pretende se tornar referência também em prestação de consultoria para a criação de novas coleções ou aprimorar as já existentes.

 

De 05 de novembro a 15 de dezembro.

No Oi Futuro, Ipanema

30/out

A solidão, mesmo (ou principalmente) nos formigueiros humanos; o isolamento voluntário, a segregação social em guetos, a dissolução na grande paisagem são os temas que norteiam a exposição “Nenhuma Ilha”, de Elisa de Magalhães no Oi Futuro, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ.  A mostra – que tem curadoria de Marcelo Campos –  foi criada,  a partir de imagens captadas da janela da casa de Elisa de Magalhães, que, como uma ilha, observa o que se passa à sua volta. A exposição, começa no saguão do elevador que conduz à galeria. Ali, ouve-se a narração de um estranho diálogo travado por dois religiosos, inspirado em personagens criados a partir de ficções de Lewis Carroll (Alice através do espelho) e de Umberto Eco (A Ilha do dia anterior). A narração é supostamente feita por um personagem da dupla Jorge Luis Borges e Adolfo Bioy Casares. Esse diálogo, que atravessa tempos (são livros escritos com muitos anos de diferença), já anuncia a suspensão temporal que a exposição vai provocar no visitante.  É a obra sonora – Catedral -, recentemente apresentada no Mosteiro de Alcobaça, em Portugal, na exposição coletiva “ObraNome III”, com curadoria de Wagner Barja.

 

 


SEIS TRABALHOS

 

O primeiro trabalho, dos seis que compõem a exposição é o vídeo que batiza o conjunto, exibido no saguão do Oi Futuro Ipanema. Projetado em uma tela de 4 metros, foi produzido em 2010 a partir da janela de sua casa/atelier, em Santa Teresa. Usando uma potente lente zoom, Elisa filmou o tráfego carioca no início da noite – carros nos viadutos que margeiam a Baía de Guanabara, a alguns quilômetros de distância, que parecem andar em círculos, como brinquedos, em viadutos que não levam a lugar nenhum. A janela como posto de observação é personagem importante – desse seu posto, Elisa produziu ainda outros olhares. A instalação “Mar Aberto” apresenta duas fotos – semelhantes, mas feitas  em dias diferentes – da paisagem da cidade vista do alto. Parece um mar, com rasgos de luz. O livro O Mar, de John Banville, completa a obra. Já “Iluminações” é a foto feita de uma escadaria vazia, na comunidade dos Prazeres, em Santa Teresa, iluminada por um poste de luz. A distância e a pouca luz corrompem a imagem e transformam a paisagem em volta numa mancha azulada. O vídeo “Escrita” foi produzido a partir da leitura do conto de Jorge LuÍs Borges “A Escrita do Deus”. O monitor é instalado no chão da galeria, simulando um buraco onde está a própria Elisa, que olha para cima a cada vez que um personagem oculto abre a tampa desse lugar. No quinto trabalho, “A Vida dos Outros: Passagens”, a janela da artista volta a ser protagonista – produzido especialmente para o videowall com uma câmera equipada com um potente zoom, mostra o registro de escadas e passagens das comunidades em seu entorno, de dia  e de noite, com gente ou sem gente. Elisa transforma o vIdeowall numa espécie de tabuleiro, onde dia e noite se opõem nas telas, num sobe e desce de escadas que não termina nunca. O último trabalho, a foto “O Olho da Ilha”, funciona como uma espécie de marca visual da exposição – a foto de uma gota d’água caindo na superfície de uma piscina natural, que fica na vizinhança do estúdio. “E chamei de Olho da Ilha, por se tratar de uma ilha de água cercada de floresta por todos os lados”, explica.  “Elisa de Magalhães observa, de um ponto de vista insular, a janela de seu apartamento, o que acontece em seu entorno. Assim, faz do acontecimento comum, um advento do memorável. Aqui nos colocamos a questionar, quaisquer ações, quaisquer gestos são passíveis de narração?”- Marcelo Campos, curador.

 
 
Até 22 de dezembro.

Daniel Feingold no MAM-Rio

08/out

O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Parque do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, exibe Daniel Feingold no Espaço Monumental do Museu com cerca de 60 obras inéditas. O artista apresenta fotografias e pinturas, produzidas especialmente para sua primeira exposição individual no MAM Rio. A mostra, em curadoria de Vanda Klabin, apresenta um conjunto de seis pinturas emblemáticas da trajetória do artista, produzidas entre 1999 e 2003. “Daniel Feingold possui um firme senso de direção, apesar de lidar com o fluxo do imprevisível até conseguir uma unidade pictórica. Explora as interrupções, as instabilidades e cria  um espaço complexo pelo enervamento intenso da superfície  da tela,  uma verdadeira malha flutuante de cores e geometria”, afirma a curadora.

 

A exposição está dividida em seis espaços distintos. Em uma sala sob o mezanino são apresentadas pela primeira vez 36 fotografias da série “Homenagem ao Retângulo”, feitas no Jardin des Plantes, em Paris, em 2007.  “São árvores em topiária, todas cortadas desta forma, retas, em cima e dos lados. Vi nelas uma relação espacial muito forte com o meu trabalho de pintura. Essas fotografias carregam a estrutura da minha pintura, a abstração geométrica e o pensamento plástico que busco em meu trabalho”, afirma Daniel Feingold. A curadora Vanda Klabin ressalta que as fotografias revelam “…um constante desdobrar do seu trabalho, onde a trama geométrica atua como um vetor de força no seu jogo de luz e sombra e cria novos acontecimentos plásticos que se agregam ao fluxo poético das suas pinturas”. Em outra sala, cinco pinturas da série “Yahweh”, em grandes formatos. São pinturas feitas em esmalte sintético preto fosco sobre tecido terbrim. Uma característica comum entre elas é que a tinta é diretamente escorrida sobre a tela. “É um conjunto que trata da religiosidade ao evocar a beatitude e a transcendência através da redutividade de elementos plásticos”, explica o artista.

 

Também fazem parte da exposição quatro pinturas da série “Estruturas”, que são “…obras extremamente gráficas”, em que predominam, em cada uma delas, as cores amarelo, vermelho e violeta. Neste mesmo espaço também encontram-se duas pinturas da série “Cromatistas”. “O ideário construtivista encontra ressonâncias através de uma intensa articulação de  diferentes linhas e cores que se traduzem por um fraseado sincopado e rítmico, pela emergência de uma estrutura de tramas, faturas em camadas e superposições de planos que trazem em si uma perturbadora espacialidade cromática”, conta a curadora. Outras seis pinturas também em grande formato, da série “Grades e Cortinas”, produzidas em 2012, e feitas em esmalte sintético sobre terbrim, ocupam mais um diferente espaço. “O artista aqui revela o seu enfrentamento direto com a pintura através da execução de unidades de grande escala. A exuberância da matéria nos pega desprevenidos ao combinar um sistema pictórico  com conceitos críticos, com o repensar a arte, seus limites, suas inquietações. O seu trabalho pulsa, irradia-se para as bordas e margens em formas ondulantes, fluidas, sempre materializando um novo gesto”, diz a curadora Vanda Klabin.

 

 

A palavra da curadora

 

Esta exposição de Daniel Feingold consolida  as suas afinidades com o território da pintura, ao enfatizar a qualidade da matéria e o embate com a tensão da tela, que é o núcleo plástico de seu trabalho. O ideário construtivista encontra ressonâncias por meio de uma intensa articulação de  diferentes linhas e cores que se traduzem por um fraseado sincopado e rítmico, pela emergência de uma estrutura de tramas, faturas em camadas e superposições de planos que trazem em si uma perturbadora espacialidade cromática.

 

O artista tem um firme senso de direção, apesar de lidar com o fluxo do imprevisível até conseguir uma unidade pictórica. Ele explora as interrupções, as instabilidades e cria um espaço complexo pelo enervamento intenso da superfície da tela, uma verdadeira malha flutuante de cores e geometria. Feingold aqui revela o seu enfrentamento direto com a pintura através da execução de unidades de grande escala.  A exuberância da matéria nos pega desprevenidos, ao combinar um sistema pictórico  com conceitos críticos, com o repensar a arte, seus limites, suas inquietações. O seu trabalho pulsa, irradia-se para as bordas e margens em formas ondulantes, fluidas, sempre materializando um novo gesto.

 

A trama interna das suas grandes superfícies pictóricas traz uma espécie de desordem de possibilidades e se apresenta, por vezes, como empenas. Ora parecem se arquear para fora da tela, ora ocupa lugares tremulantes nos planos frontais, mas sempre parecem querer se expandir no espaço ao redor. O gesto original se dissolve nas linhas oscilantes que se dilatam ao serem vertidas nesse universo descentrado pelo próprio deslizamento e pelo peso gravitacional da matéria viscosa da tinta, sempre à deriva, com múltiplas direções, obstruções, áreas de suspensão e intervalos luminosos, quase como uma fenda na interpretação do mundo.

 

A sequência fotográfica de Feingold tem maior imediaticidade, reivindica um exercício de metalinguagem e cria um novo espaço para a sua arte transitar. Revela um constante desdobrar do seu trabalho, em que a trama geométrica atua como um vetor de força no seu jogo de luz e sombra e cria novos acontecimentos plásticos que se agregam ao fluxo poético das suas pinturas. As obras aqui presentes revelam a sua potência pictórica, a sua presença estética e reafirmam um frescor e uma atualidade ímpares.

 

Vanda Klabin é cientista social, historiadora e curadora de arte.

 

 

SOBRE O ARTISTA

 

Daniel Feingold nasceu em 1954, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha. É artista plástico desde 1988, e desenvolve trabalhos em pintura, fotografia e escultura. Graduado em Arquitetura pela FAUSS, no Rio de Janeiro, em 1982. Mestrado em Pintura pelo Pratt Institute, Brooklyn, em New York, em 1997. Dentre suas principais exposições individuais estão mostras no Atelier Sidnei Tendler, em Bruxelas, na Bélgica, em 2011; na 5ª Bienal Mercosul, em Porto Alegre, em 2005; no Centro Maria Antonia, em São Paulo, e no Espaço Cultural Sérgio Porto, no Rio de Janeiro, ambas em 2003; no Paço Imperial, no Rio de Janeiro, em 2001, entre outras. São destaques de exposições coletivas: “Arte Brasileira e Depois na Coleção Itaú”, no Paço Imperial, no Rio de Janeiro, em 2011; “Escape from New York”, na Nova Zelândia, em 2010, na Austrália, em 2009 e em 2007; “Minus Space Show”, no PS1 Cont Art Center, em Nova York, em 2008; “Chroma”, no MAM Rio, em 2005; “Artist in the Marketplace”, no Bronx Museum, em Nova York, em 1998; “Gravidade e Aparência”, no Museu Nacional de Belas Artes, em 1993; mostra no Centro Cultural São Paulo, em 1991, entre outras.

 

Até 17 de novembro.

Brasília na galeria LUME

03/out

A  nova exposição no calendário da Galeria LUME, Itaim Bibi, São Paulo, SP, chama-se “A Construção de Brasília“, mostra individual do fotógrafo brasileiro Alberto Ferreira. Com curadoria de Paulo Kassab Jr. e composta por 12 imagens em preto e branco,  algumas inéditas, representa um retrato da euforia e das descrenças alastradas junto à inauguração da nova capital federal do país. A coordenação da mostra é de Felipe Hegg.

 

Alberto Ferreira ocupou, durante anos, importante cargo na imprensa e o fez com a ética e a obrigação jornalística de mostrar o acontecimento sem distorcer os fatos. Da mesma forma na fotografia, o artista apresenta não apenas belas imagens, mas também um senso crítico  deste momento histórico: o contraste entre políticos, exaltados com a capital federal,  talvez por sua distância das demais cidades; pessoas da alta sociedade, crentes em um novo país; e os candangos, construtores da cidade que, posteriormente, acabaram por ficar à margem do projeto habitacional, sendo obrigados a viver em periferias.

 

Acompanhando Juscelino Kubitschek em suas idas e vindas à nova capital, Alberto Ferreira presenciou todo o processo de construção da cidade e criou um dos mais importantes registros visuais deste momento. Nestas ocasiões, o fotógrafo teve diversas oportunidades de registrar cenas como a chegada do embaixador inglês, a interação entre as pessoas e a arquitetura modernista da cidade, a cerimônia inaugural de Brasília, alguns dos operários que trabalharam na obra, entre outras.

 

 

A palavra do curador

 

“Mais que um documentarista, Alberto Ferreira estava à frente de seu tempo e, diferente de outros que acompanharam a criação de Brasília, não se iludia com o novo projeto.  Em 1960, no ano da inauguração da capital, o fotógrafo já vislumbrava as dificuldades de se ter uma  capital no interior do país e os problemas trazidos por um planejamento que, sem intenção, segregava as diferentes classes sociais em suas zonas de habitação.”

 

 

De 08 de outubro a 14 de novembro.

 

 

Ulrike Ottinger – Retrospectiva

01/out

O setor de Mostras-Coordenação de Artes Plásticas, a Coordenação de Cinema, Vídeo e Fotografia da Secretaria da Cultura de Porto Alegre e o Goethe-Institut Porto Alegre vão expor fotografias acerca da produção cinematográfica e fotográfica da cineasta Ulrike Ottinger. A exposição pode ser visitada no porão do Paço Municipal , Centro Histórico, Praça Montevidéu, Porto Alegre, RS. A artista, que faz parte da mesma geração dos diretores Rainer Werner Fassbinder  e Werner Schroeter, dois dos principais expoentes do cinema alemão do pós-guerra, é autora de obra extremamente original, que a colocou entre os realizadores de vanguarda em seu país a partir da primeira metade da década de 70. Os filmes de Ulriker Ottinger atraíram a atenção da crítica por sua peculiar visão de mundo, pela profusão de referências eruditas e por sua extravagante direção de arte.

 

De 11 de outubro a 08 de novembro.

Nazareno em livro

27/set

A Galeria Emma Thomas, jardins, São Paulo, SP, lançou o livro “Num lugar não longe de você”. A edição exibe parte da produção dos últimos dez anos de criação do artista plástico Nazareno. O livro contempla notavelmente os desenhos do artista que em sua obra gráfica mescla o uso de imagens/ palavras/textos (pelos quais é conhecido) os mesmos são plenos de observações ora irônicas, ora poéticas acompanhadas de imagens alusivas a temas associados ao sujeito contemporâneo frente aos desafios cotidianos em sua busca por uma possível transcendência. O material traz um grande número de imagens de obras finalizadas, além de exibir registros dos cadernos de esboços e diários de imagens pessoais possibilitando ao leitor uma aproximação aos elementos que fazem parte do imaginário do artista.

 

Sobre o artista

 

Nazareno, São Paulo, SP, 1967. Vive e trabalha em São Paulo, SP. Nazareno aborda em suas obras aspectos relativos à memória, infância, contos de fadas, narrativas… bem como a fragilidade do sujeito contemporâneo frente à impossibilidade de transcendência. Realizadas em variadas mídias como desenho, esculturas, instalações, vídeos, gravuras, entre outras, são trabalhos que potencializam a atenção do espectador pelo caráter de sua miniaturização evidenciando outras realidades e eventualmente conduzindo o adulto/espectador a um estranhamento em seu rebaixamento a uma condição infantil. Com uma  carreira que conta com exposições nacionais e internacionais nos últimos quinze anos, além de prêmios e publicações em revistas, catálogos e livros de arte as obras do artista estão em diversas coleções públicas e privadas.

Fortes Vilaça 2 – Galpão

19/set

“San Marco” é a segunda exposição individual de Mauro Restiffe na Galeria Fortes Vilaça. Agora, o artista ocupa o espaço do Galpão Fortes Vilaça, Barra Funda, São Paulo, SP,   com onze fotografias inéditas tiradas dos afrescos pintados por Fra Angelico dentro das celas dos frades no Mosteiro de San Marco, em Florença, Itália.

 

A investigação poética de Restiffe sobrepõe a linguagem documental e a referências da história da arte e da fotografia. A utilização do filme analógico preto e branco de alta sensibilidade não é aleatória, é um recurso formal que possibilita ao artista trabalhar a ideia de representação e de uma desconstrução do real. A granulação das imagens e as gradações de cinza funcionam como a tinta em uma tela – suas fotos são repletas de textura.

 

As obras da mostra rompem com a frontalidade de enquadramento características de outros trabalhos do artista. A fotografia é feita de modo que uma área homogênea escura fica em primeiro plano mas onde ainda assim é possível ver, através das sutis gradações de cinza, os detalhes dos arcos da entrada de cada cela. A questão arquitetônica constantemente presente na obra de Mauro aparece também aqui. O artista tira as fotos todas de um mesmo ângulo, usando o arco como um elemento repetido em uma estrutura minimalista.

 

Há um certo voyeurismo presente nas imagens que surge como uma novidade em seu trabalho. Os afrescos ficam ao fundo, distantes, como se olhássemos através de um buraco de fechadura. Mas diferentemente do que acontece no mosteiro, onde cada afresco é visualizado individualmente, na mostra é possível ver todos como um conjunto, assim observando as mínimas nuances e diferenças entre cada imagem.

 

As situações de representação e reprodução de obras de arte já foi abordada pelo artista em outras ocasiões. Na sua série “Vermeer”, em exposição atualmente em Inhotim, Brumadinho, Minas Gerias, Mauro Restiffe fotografa uma mesma obra do pintor holandês de várias maneiras. Já na exposição “Planos de Fuga” realizada pelo CCBB em 2012, a participação do artista se deu através da documentação de todas as obras da mostra.

 

Sobre o artista

 
Mauro Restiffe nasceu em São José do Rio Pardo em 1970 e vive e trabalha em São Paulo. Entre suas exposições individuais, destaca-se sua recente exposição individual “Obra” no MAC São Paulo, ainda em cartaz até outubro de 2013, com fotografias feitas durante a reforma do prédio projetado por Oscar Niemeyer. O artista participa ainda este ano da Bienal de Fotografia do MASP e do Panorama de Arte Brasileira do MAM de São Paulo. Sua obra está presente nas coleções do Inhotim, Brumadinho; Tate Modern, Londres; SFMOMA, São Francisco; Museu de Arte Moderna de São Paulo, entre outras.

 

Até 09 de novembro.

 

 

Inéditos ou quase…

10/set

“Inéditos ou quase…”, é uma exposição que reúne exemplos de várias décadas da criação artística de Vera Chaves Barcellos. Esta visão panorâmica da produção da artista ocupa, pela primeira vez, a Sala dos Pomares da Fundação Vera Chaves Barcellos, Viamão, RS, e mostra cerca de 30 obras. A curadoria é de Ana Albani de carvalho e traz desde objetos inéditos dos anos 60, obras em xerografia e fotografia manipulada dos anos 70 e 80, até trabalhos mais recentes incluindo um vídeo e dois livros de artista.

 

Vera Chaves Barcellos foi uma das primeiras artistas gaúchas a problematizar a relação entre imagem fotográfica e texto através de sua série “Testartes”, iniciada na década de 1970, o que levou a artista a representar o Brasil na Bienal de Veneza, em 1976. No TESTARTE VII, o público poderá ver o caderno com o relato da pesquisa psico-social realizada com estudantes gerada a partir deste trabalho.

 

 

As obras da panorâmica

 

Muitos trabalhos inéditos da artista (em séries) são apresentados pela primeira vez, como: “Cadernos para Colorir”; “Cadernos de Leonardo”; “On ice”, 26 fotos p&b realizada em coautoria com Flávio Pons e Claudio Goulart, a partir de uma performance em um lago congelado em Amsterdã, em 1978; o selfportrait irônico, “Meus pés”, composto de 30 fotografias dos pés da própria artista; “Do aberto e do fechado”, trabalho dos anos 70, em imagens agora digitalizadas e em novo e grande formato; “Epidermic Scapes”, de 1977,  cópias fotográficas p&b, com impressões sobre papel vegetal, com 9 imagens originais da época; “Comparações”, 4 colagens com fotografias e desenhos; “Telegrama Planetário”, de 1974; “O Grito”, de 2006, e “Fêmme Aeroporto”, de 2002, inéditos no Brasil, apresenta imagens apropriadas da mídia; “Atenção II”, de 1980, uma fotografia reproduzida em dezenas de detalhes, em xerografia; “Arroio Dilúvio” e “Consum”, ambos de 2013, livros de artista com impressões digitais; completando a panorâmica, os inéditos “Auto-retrato no espelho”, fotografia digital colorida de 2013, com a imagem da artista duplamente refletida no espelho e “Falso Andy Warhol”, em xerografia, de 1987, obra irônica, uma apropriação de uma foto de Man Ray retratando Meret Oppenheim e, numa paródia de Andy Warhol, a artista exacerba a questão da apropriação de imagens.

 

 

A palavra da curadora

 

O uso da fotografia e a exploração das qualidades intrínsecas da imagem técnica são procedimentos recorrentes na produção de Vera Chaves Barcellos, desde o início de sua trajetória artística. Alinhada com a vertente conceitual desde o final dos anos 1960, a importância concedida pela artista ao plano das ideias nunca se dá em detrimento da materialidade ou do apuro formal. Dito de forma mais precisa, o interesse de Vera Chaves pela imagem e pela fotografia passa pela atenção à forma, ao lugar e ao contexto de apresentação, assim como é direcionado ao exercício da linguagem e às referências ao próprio campo da arte e à sua história. A investigação sobre as relações entre pensamento e percepção constitui outro fundamento para a abordagem dos trabalhos reunidos nesta exposição, na medida em que a conduta perceptiva ou imaginativa do receptor/espectador é um dos focos de pesquisa da artista. O recurso à série, por sua vez, é outro ponto de conexão entre vários trabalhos apresentados em Inéditos ou Quase, por sua recorrência na produção de Vera Chaves ao longo destas quatro décadas de atividade. Mais do que um desejo de elaborar um tipo de narrativa visual, o trabalho com séries de imagens sinaliza o caráter processual da produção de uma obra artística, conectando o momento de sua concepção ao seu destino. Destino que se manifesta ao propiciar o compartilhamento de uma experiência estética que desestabilize as certezas e os lugares-comuns da vivência cotidiana. Ao atingir este caráter emancipador pouco importa se vemos uma obra pela primeira ou pela milésima vez.

 

 

Até 14 de dezembro.