Ivan Grilo no CCSP

15/set

Com curadoria de Bernardo Mosqueira, “Quando cai o céu” é a nova individual do artista Ivan Grilo, será o próximo cartaz do CCSP – Centro Cultural São Paulo, Paraíso, São Paulo, SP. A exposição, que é fruto da premiação que o artista conquistou no edital PROAC Artes Visuais 2013, apresenta 13 conjuntos de trabalhos, entre fotografias e instalações. Ao ser agraciado com o prêmio, Grilo foi pesquisar os arquivos do Centro Cultural São Paulo, onde encontrou documentos de uma rica pesquisa idealizada em 1938 por Mário de Andrade, então diretor do Departamento de Cultura da cidade de São Paulo.

 

Ao mesmo tempo em que as manifestações populares corriam o risco de desaparecer com a crescente urbanização do país, o avanço tecnológico da época trazia novas possibilidades de captação destes eventos através de fotos, áudios e filmes.  Foi essa questão que levou o importante escritor a organizar a Missão de Pesquisas Folclóricas, expedição que buscou mapear as origens da cultura popular brasileira. Não fosse a chegada de Prestes Maia ao governo Municipal, a expedição se concluiria e o levantamento inicial proposto não teria parando em Pernambuco, mas alcançando o culturalmente rico estado da Bahia.

 

Interessados mais no que deixou de ser registrado pela equipe de Mário de Andrade, Ivan Grilo e Bernardo Mosqueira foram a campo em busca de subsídios para a realização da presente exposição. Em “Quando cai o céu”, Ivan Grilo busca mesclar as influências das vivências com as culturas ancestrais africanas adquiridas durante a viagem à Bahia com o modelo cartesiano de trabalho que sempre adotou em suas produções.

 

 

A palavra do curador

 

“Nosso trabalho se relacionava, então, também, com toda a genealogia de artistas viajantes interessados no Homem. Logo que optamos pela Bahia, decidimos ir a Cachoeira: importante cidade pra história do povo negro no Brasil. Em Salvador, antes, tivemos acesso irrestrito a todo o material da Fundação Pierre Verger, e lá encontramos a certidão de sua passagem por aquele município. Porém, logo entendemos que nosso interesse não seria registrar (capturar e trazer) a imagem do exótico. Diferente disso, nosso interesse é a crítica social e as narrativas: mais especificamente, somos encantados pela relação entre resistência e história oral. Os trabalhos de Ivan expandem, preenchem e iluminam a interseção entre o rigor conceitual, a crítica social e a criação (ou tradução) de narrativas poéticas. Não há nada nessa montagem que não tenha razão de ser”.

 

Ainda segundo o curador, “A história do povo negro no Brasil não é de vencedores, nem perdedores, nem vencidos, mas, sim, uma história de sobreviventes em glória. “Somos escolhidos da sorte. Somos tambores ricos de fé. (…). Somos o amor e seus aliados. Somos os filhos dos encantados”, ouvimos na Bahia. Por isso, “Quando cai o céu” é apenas onde começamos a contar a história de algumas nações que foram muito mais violentamente exploradas do que pensamos, mas que são muito mais do que se pode imaginar”, completa.

 

 

Sobre o artista

 

Ivan Grilo, 1986, vive e trabalha em Itatiba/SP. Graduado em Artes Visuais pela PUC-Campinas, atuou durante três anos como artista-assistente no atelier de Marcelo Moscheta. Atualmente participa das exposições coletivas: “Novas Aquisições da Coleção Gilberto Chateaubriand”, no MAM (RJ) e “Pororoca, a Amazônia no MAR”, no Museu de Arte do Rio. Em 2013 exibiu “Estudo para medir forças” na Casa França-Brasil (RJ), integrando o Projeto Cofre; além de ser premiado no edital PROAC Artes Visuais, do Governo do Estado de São Paulo, que deu origem à presente exposição. Em 2012 recebeu o Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia, além de ter sido indicado ao Prêmio Investidor Profissional de Arte (PIPA) e ter participado da residência internacional “Transitante: entre álbuns e arquivos” no Arquivo Municipal Fotográfico de Lisboa / Portugal. Dentre as principais coletivas estão: “Bienal MASP Pirelli de Fotografia”, em São Paulo, “I Bienal do Barro” em Caruaru-PE, “2nd Ural BiennialofContemporaryArt”, na Rússia, “16a Bienal de Cerveira”, em Portugal, “11a Bienal do Recôncavo” em São Félix / BA, e “Arte Pará”, no Museu Histórico do Estado do Pará. Tem obras nos acervos do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro/Coleção Gilberto Chateaubriand (MAM), no Museu de Arte do Rio (MAR), na Fundação Bienal de Cerveira, entre outros. Atualmente é representado por Luciana Caravello Arte Contemporânea (RJ) e SIM Galeria (PR).

 

 

Sobre o CCSP

 

Espaço público de cultura e convívio, o Centro Cultural São Paulo (da Secretaria Municipal de Cultura) recebe o público em quatro pavimentos de uma área de 46.500 m² localizada entre as ruas Vergueiro e a 23 de maio, e entre as estações Vergueiro e Paraíso do Metrô. Inaugurado em 13 de maio de 1982, a partir da necessidade de uma extensão da Biblioteca Mário de Andrade, transformou-se em um dos primeiros espaços culturais multidisciplinares do país. O projeto concebido por um grupo de arquitetos coordenado por Eurico Prado Lopes e Luiz Telles deu origem a um espaço caracterizado pela arquitetura do encontro, que atualmente oferece: um conjunto de bibliotecas com acervo multidisciplinar, expressivas coleções da cidade de São Paulo – Coleção de Arte da Cidade, Discoteca Oneyda Alvarenga, Missão de Pesquisas Folclóricas de Mário de Andrade, Arquivo Multimeios e Coleção Memória do Centro Cultural São Paulo.

 

 

De 20 de setembro a 07 de dezembro.

Tapetes Voadores na ArtRio

12/set

 

Luste Editores promove o lançamento do livro “Os Tapetes Voadores da Mata Atlântica”, da artista plástica Cristina Schleder, na edição 2014 da ArtRio, Pier Mauá, Centro, Rio de Janeiro, RJ. A obra conta com fotografias autorais que registram texturas, tramas e detalhes de sua inspiração maior – a Natureza, sendo que as imagens e espelhamentos de alguns fragmentos possibilitam novos significados à importância e beleza deste ecossistema. O patrocínio é do Banco Pine.

 

Para a criação da série, Cristina Schleder adentrou a área da Mata Atlântica munida de olhos treinados em busca do inusitado, do oculto, e não de uma mera imagem. Em seus momentos preferidos, os “pós-chuva” ou os dias nublados de luz prateada, quando a vegetação atinge seu pico de beleza, a artista vislumbrava detalhes de cores que surgiam em troncos e musgos, criando uma inédita fábula visual formada por fotografias marcantes. Sua imersão era tamanha que encontrava novos personagens, os quais a acolhiam e descortinavam um novo cenário, levando-a a lembrar das estórias em que os seres viajavam em tapetes voadores. Desenhos, formatos, cores e padronagens surgiam diante da artista, leves e harmônicos, que possibilitavam a imaginação de Cristina alçar vôo.

 

Nas palavras da própria artista, travestida em uma personagem de contos: “(…) a verdade deste pensamento mágico conseguia levá-la para todos os lugares imaginados, sentada em seu próprio tapete voador que a mata, com seus fios, tramas e bordados, teceu especialmente para ela.”

 

 

 Quando: 13 de setembro, às 15h

Vik Muniz no Rio

09/set

A segunda exposição que a Galeria Nara Roesler, Ipanema, Rio de Janeiro exibe é do consagrado Vik Muniz. O artista, que atua entre Nova York e o Rio de Janeiro, apresenta 11 trabalhos, inéditos no Brasil, de duas séries recentes, “Álbum” e “Postcards from Nowhere”. Nelas, trabalha com fragmentos de fotos e de cartões postais, respectivamente, para trazer à tona e subverter os mecanismos pelos quais as imagens são percebidas, quando decompostas nas suas várias camadas de compreensão: o detalhe, a totalidade e o imaginário de quem a vê.

 

Formadas por fotos em p&b e sépia retiradas de recordações de famílias, as imagens da série “Álbum” são elas mesmas enormes reproduções de cenas pessoais imortalizadas pela câmera. Tirar fotografias era, até pouco mais da metade do século 20, uma ação quase solene, reservada a ocasiões especiais, pelo preço e especificidade dos materiais utilizados. Dessa forma, apenas os momentos verdadeiramente memoráveis mereciam registro.

 

Com o barateamento do equipamento e o advento da tecnologia digital em sua reprodutibilidade infinita e instantânea, a fotografia hoje tornou-se corriqueira, perdendo a dimensão de solenidade e de intimidade. É isso que Vik Muniz problematiza em “Álbum”, por meio da miríade de imagens que concorrem para formar a macrofoto.

 

O olhar do espectador divide-se entre concentrar-se na imagem maior, que aqui pode ser a menina da baliza de uma fanfarra, o senhor orgulhoso do produto de sua pesca ou a jovem posando na praia, ou focar as várias pequenas recordações que parecem se perder na coletividade e impessoalidade. Assim, o público se vê confrontado por questões como a experiência pessoal em contraponto à experiência coletiva, à formação da memória e a banalização da imagem com a saturação de sua incessante produção.

 

 

Sobre o artista

 

Vik Muniz nasceu em 1961, em São Paulo. Vive e trabalha em Nova York e Rio de Janeiro. Participou de inúmeras bienais, como da 49ª Bienal de Veneza, Itália (2001); 24ª Bienal de São Paulo, Brasil (1998); Bienal de Arte Contemporânea de Moscou, Rússia (2009), entre outras. O Tamanho do Mundo (Santander Cultural, Porto Alegre, Brasil, 2014), Más acá de la imagen (Museo de Arte del Banco de la República, Bogotá, Colômbia, 2013); Clayton days (The Frick, Pittsburgh, EUA, 2013); são suas mais recentes exposições individuais. Algumas das mostras coletivas de que participou são: Superreal: alternative realities in photography and video (El Museo del Barrio, Nova Iorque, EUA, 2013); Travessias 2 (Galpão Bela Maré, Rio de Janeiro, Brasil, 2013); e Swept away (Museum of Arts and Design, Nova Iorque, 2012);. Suas obras integram acervos como: Museum of Modern Art, Nova Iorque, EUA; Centre Pompidou, Paris, França; Guggenheim Museum, Nova Iorque, EUA; Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, Madri, Espanha; Inhotim, Brumadinho, Brasil, entre outros.

 

 

Até 12 de outubro.

Rodrigo Albert em Santa Teresa

Seguindo o projeto do intercâmbio cultural entre galerias brasileiras, a Galeria Anexo, na Modernistas Hospedagem e Arte, em Santa Teresa, Rio de Janeiro, RJ, recebe desta vez a Galeria Manoel Macedo, de Belo Horizonte, MG, com exposição individual inédita do fotógrafo premiado Rodrigo Albert, com curadoria de Wilson Lázaro.

 

Rodrigo Albert, de 35 anos, há quase uma década trocou a capital de Minas Gerais pela Europa. Morou em Paris e agora vive no México. Na mostra “De onde sai o dia”, Rodrigo apresenta 30 fotografias inéditas e tem como objetivo mostrar as pessoas e seus momentos, em lugares e tempos diferentes. As imagens perseguidas por Rodrigo Albert, apresentam o espanto do cotidiano. A construção a partir de dados reais, que exibem um mundo estranho, melancólico e até bruto, mas carregado de potência, ação e movimento. Ora caótico, ora organizado, um mundo que vai escondendo em suas dobras, um território inóspito, misterioso: a cidade recortada.

 

“Temos todos os dias para construir, por meio de imagens, o nosso lugar no mundo”, afirma Rodrigo.

 

O percurso do artista é marcado por momentos importantes no cenário da arte contemporânea. Rodrigo Albert foi o vencedor, no Brasil, do Prêmio Nacional de Fotografia Pierre Verger (2005/2006), com as séries “Costumes e ofícios”, “Gente e lugares” e “Mitos”. Em Paris, ganhou o prestigiado prêmio para jovens talentos da Galeria Polka (a mesma que representa Sebastião Salgado), escolhido por Marc Ribaud, da turma da agência Magnum Photos. Acrescente-se participação em concursos internacionais, em coletivas em várias partes do mundo e algumas mostras individuais.

 

 

De 09 de setembro a 27 de outubro.

LZ Studio, 3ª edição do LZ Arte

O multicultural bairro de Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, foi o cenário escolhido por Anny Meisler, Luiz Felipe Burdman e João Ricardo Coutinho como endereço para o seu espaço múltiplo, o LZ Studio. Entre a praia e a Lagoa Rodrigo de Freitas, o casarão de muro colorido recebe, dia 11 de setembro, a terceira edição do LZ Arte, projeto cultural idealizado por Anny Meisler.

 

A mostra conta com a participação de dez artistas cariocas selecionados por Anny Meisler e sua equipe. Entre eles estão pinturas assinadas por Poe, Ani Cuenca, Vitoria Frate, Cela Luz, Carlos Mattos e Pedro Vasconcellos, mais as fotografias de Denise Perez, Guilherme Torres, Heberth Sobral e Paula Klien. As obras poderão ser vistas durante o evento e pelos próximos quatro meses, tempo em que a exposição continuará em cartaz. O coletivo Pablo A Tribo, promete não deixar ninguém parado com seu rock maracatu, que se funde às mensagens do rap declamado. Com poesias e músicas autorais, Pablo A Tribo, leva na palavra e nos atos a ideologia dos valores simples.

 

Nesta edição do projeto, ainda será lançada a Revista Wish Casa, especial Rio de Janeiro. A publicação do mês de setembro será toda dedicada à cidade e terá novidades inéditas.

 

 

Sobre o LZ Studio

 

Sob o comando de Anny Burdman Meisler, a LZ Studio abriu as portas em outubro de 2012. Trabalha com exclusividade no Rio de Janeiro, produtos Diesel, Moroso, Flou, Droog, Alessi, Pedrali, Flos, Seletti, Muuto, Fatboy, Maurício Arruda, Surface Project, Maneco Quinderé, Adriana Barra, Zanini de Zanine entre outros, de um mix que chega a duas mil peças. O projeto do espaço é assinado por André Piva, um imóvel de 400 m² datado de 1938, organizado em 17 ambientes.

 

 

A partir de 11 de setembro.

Diálogos, mostra de artistas representados

08/ago

Com o objetivo de mostrar ao público as produções mais recentes de seus principais artistas representados, Filipe Masini, à frente da Galeria Athena Contemporânea, Copacabana, Shopping Cassino Atlântico, Rio de janeiro, RJ, abre, dia 12 de agosto, a exposição “Diálogos”. A coletiva apresenta 12 trabalhos de artistas que vem chamando a atenção no cenário da arte contemporânea como o irreverente Alexandre Mury e suas produções, Yuri Firmeza, Joana Cesar e seu dialeto, Eduardo Masini, André Griffo e o artista urbano Zezão, um dos expoentes da urban art brasileira, distribuídos nas técnicas de fotografia, pintura, escultura e instalação.

 

 

De 12 de agosto a 05 de setembro.

Marcos Chaves – Academia

07/ago

A Galeria Nara Roesler, instala filial em Ipanema, Rio de janeiro, RJ. E, para marcar a abertura do novo espaço no Rio, o carioca Marcos Chaves concebeu duas instalações que homenageiam a sua cidade natal. A primeira – inspirada nas academias de ginástica construídas ao ar livre, criadas de forma espontânea e gerenciadas em modelo de cooperativa – traz esculturas construídas com cimento, tubos de ferros, madeira e tirantes.

 

Batizada de “Academia” – terminologia utilizada em todo o mundo para definir as instituições dedicadas à cultura e ao pensamento, mas que no Brasil é mais comumente usada para designar ginásios de educação física -, a obra reverencia os habitantes que, com criatividade e senso de coletividade, usufruem da paisagem e da vida ao livre da cidade, dividindo de maneira saudável o bem estar físico. Na abertura da mostra, sediada no térreo da casa, o artista apresentará uma performance¸ em que personagens cariocas farão séries de treino físico com os objetos da instalação.

 

“As duas instituições mais respeitadas no Rio de Janeiro são as escolas e as academias… de samba e de ginástica, respectivamente”, brinca o artista.
O artista também apresenta a série inédita de fotografias “Sugar Loafer”, uma espécie de crônica concebida a partir de cenas cotidianas da cidade que dividem sempre um “personagem” em comum: o Pão de Açúcar. Como um flâneur contemporâneo, aparelhado com uma câmera e uma bicicleta, o artista capturou em seus percursos imagens bem humoradas, ora surreais, ora com rigor geométrico, de situações tipicamente cariocas.

 

 

De 07 de agosto a 07 de setembro.

Série inédita de Gabriel Wickbold

A Galeria Lume, Itaim Bibi, São Paulo, SP, abre a exposição Sans Tache (Sem Marcas), do fotógrafo Gabriel Wickbold e curadoria de Diógenes Moura. A série inédita com 15 fotografias questiona o Homem e sua relação com o envelhecimento, com o intuito de criticar a estética “super manipulada” ditada pela mídia em fotografias que não transmitem a real aparência dos personagens.

 

Inspirado na luz lateral e sombria de Caravaggio e na arte barroca renascentista, Gabriel Wickbold fotografa diversas pessoas que “emprestam” seus corpos para este ensaio, cujo resultado nos deixa com a sensação de estarem embalsamados, submersos ou, em outros momentos em estado de levitação. Livres de toda e qualquer marca ou mancha em suas peles, por meio de tratamento de imagem, as fotografias são impressas e submetidas à “grilagem”. A partir de então, os excrementos e movimentos frenéticos dos insetos passam a agir nos retratos, dando uma aparência de papel envelhecido e revelando a questão corpo/tempo/marcas. Cada foto recebe essa ação à sua maneira, assim como na vida o tempo age de forma distinta para cada um. Em algumas imagens, o corpo se apresenta como em posição fetal, sem formas claras. Em outro momento, em pé, quase como um espelho em tamanho real. Um casal, como Adão e Eva, mostrando que o tempo passou até para quem foi o início da “criação divina”. Em outra fotografia, o menino de cabelo ruivo parece Peter Pan em vôo livre – como na “Terra do Nunca”, onde não se envelhece jamais.

 

Os novos trabalhos de Gabriel Wickbold criticam a estética artificial e distorcida em relação aos corpos exibidos em revistas ou pela Internet que não apresentam manchas ou rugas, como se envelhecer fosse feio, como se fosse errado ou negativo ter os sinais da passagem do tempo impressos na pele das pessoas retratadas. Sobre o questionamento, Diógenes Moura comenta: “Todos nós queremos ser belos, adorados, inesquecíveis, material de consumo. Gabriel Wickbold pensou uma série para entregá-la à passagem do tempo. Sugere, como resultado final para “corpos perfeitos” o destino que só o tempo será capaz de desvendar. Possibilita que sua fotografia corroída invente um outro corpo – dessa vez nada renascentista – diante do espelho/simulacro que enfrentamos diariamente em nossa fragilidade cotidiana”.

 

Nesta série, a intervenção dos grilos se dá ao comerem o papel onde a imagem de um corpo, em tamanho real, aparece de forma sutil. Metaforicamente, o corpo nada mais é do que o homem sendo comido pelo bicho. O fim que todos nós teremos. “Sans Tache trata da relação humana com as marcas das quais nós mesmos queremos fugir, ao invés de acreditar que elas são parte do nosso aprendizado e da forma mais pura do homem, que é ser feito de carne e osso (…)”, nas palavras do fotógrafo.

 

 

De 14 de agosto a 20 de setembro.

Sergio Gonçalves apresenta “Outros Olhares”

06/ago

A Sergio Gonçalves Galeria, Centro, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a mostra de fotografias “Outros Olhares”, na qual serão expostas 23 obras de seis artistas com diferentes pontos de vista: Carlos Vergara, Carmo Dalla Vecchia, EneGoes, Fabio Cançado, Renan Cepeda e Valdir Cruz.

 

Carmo Dalla Vecchia vai apresentar fotos de suas andanças em que retrata tanto o lixo deixado pelos cariocas nas praias quanto o simpático e solitário sitiante na janela de sua casa no interior do país. Já Carlos Vergara vai expor três obras dos anos 1970 retratando o Cacique de Ramos em seu auge, em pleno Carnaval carioca, que fizeram parte da sala especial dedicada ao artista na Bienal de São Paulo em 2010. Renan Cepeda apresentará a inédita série feita pelo artista este ano em viagem pela Toscana, na Itália. O olhar particular da natureza de Valdir Cruz, radicado em Nova York, traz três trabalhos que retratam a exuberância de nossas paisagens. Já o fotógrafo paulista EneGóes, em sua primeira exposição no Rio de Janeiro, mostra sua visão do cotidiano em que cada momento se torna especial sob as lentes do artista, além do mineiro Fábio Cançado e seus elementos velados que estabelecem um diálogo misterioso com o espectador.

 

 

De 09 a 30 de agosto.

Marcelo Tinoco: Dioramas Fotográficos

30/jul

A Caixa Cultural, Centro, Rio de Janeiro, RJ, apresenta, na Galeria 1, a exposição “Histórias Naturais”, individual do fotógrafo paulistano Marcelo Tinoco, vencedor do Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia, em 2013. Sob curadoria de Mario Gioia, a mostra reunirá doze obras, construídas em grandes formatos a partir de um sofisticado processo de fotomontagem.

 

Por meio de dioramas fotográficos tridimensionais e hiperrealistas, Marcelo Tinoco apresenta, em “Histórias Naturais”, um universo impressionante de sonhos e utopias, que tem no espírito da colagem um de seus principais motores. Detalhista e refinado colorista, o fotógrafo confere grande beleza, e uma certa dose de humor, às cenas contemporâneas retratadas, criando histórias dentro de uma fotografia de arte.

 

“Para montar “Historias Naturais”, procurei recriar situações utópicas, em que o homem se relaciona com animais e a natureza, mesmo que de forma absurda e saudosa, construindo uma relação afetiva entre as partes”, explica Marcelo Tinoco, que se inspirou na pintura flamenga e renascentista para compor suas obras.

 

As telas misturam moinhos a rodas-gigantes e paredões de prédios. Crianças jogando bola no cemitério, ciprestes, árvores com galhos quebradiços e sem folhagem também aparecem. Assim como perdigueiros, gansos, araras, seriemas, porcos, leões, zebras, girafas são inseridos no ambiente urbano com naturalidade. Desta forma, um mundo hiperreal e utópico é montado.

 

O trabalho de criação de Marcelo Tinoco pode ser dividido em três partes.  A partir do ato fotográfico em si, ele documenta a natureza, animais, pessoas e cidades. Em seguida, ele separa e arquiva as fotografias de acordo com as condições em que foram tiradas. Por último, mediante um processo de montagem digital, ele constrói a natureza ficcional de suas telas fotográficas que se assemelham a quadros. Para a composição de cada obra, Tinoco usa aproximadamente 250 fotografias, e leva até três semanas para montá-la e finalizá-la no computador.

 

Com rigor fotográfico, aliado à alta definição e a um trabalho manual de calibragem da luz, Tinoco cria efeitos de tridimensionalidade e hiperrealismo, próprios dos dioramas, em suas obras. “Consciente das contradições dos nossos dias, Marcelo Tinoco constrói pouco a pouco uma obra que realça os paradoxos e a instabilidade do fotográfico (mais que a fotografia) e traça ligações com a história da pintura”, afirma o curador Mario Gioia.

 

 

Sobre o artista

 

Marcelo Tinoco nasceu em 1967, em São Paulo, onde reside. Formado em Artes Plásticas, possui estúdio fotográfico desde 1995, e atuou nas áreas editorial, publicitária e de livros de arte. A partir de 2009, passou a se dedicar exclusivamente à fotografia autoral e pesquisa para aprimoramento de seu trabalho artístico. Começou a expor em 2010. Entre exposições de que participou estão: individual Fotorama, no Consulado Brasileiro de Frankfurt, Alemanha (2011), individual do projeto Nova Fotografia, no Museu da Imagem e do Som (MIS) de São Paulo (2012), individual Timeless, II Mostra do Programa de Fotografia do CCSP, São Paulo (2012/2013), participação na I Foto Bienal MASP / Pirelli, MASP, São Paulo (2013) e MON, de Curitiba (2013/2014), e a individual  Era uma vez… na Zipper Galeria, com curadoria de Ricardo Resende, São Paulo (2014).

 

No dia 13 de setembro, às 16h, haverá um encontro com Tinoco, que falará sobre seu processo de criação e concepção artística.

 

 

 

De 04 de a 19 de outubro.