40 fotos de Boris Kossoy

08/mar

“Busca-me”, é a nova e inédita série concebida por Boris Kossoy, nome fundamental na história da fotografia brasileira – como autor e pensador –, será apresentada nesta sua primeira individual na galeria Berenice Arvani, Cerqueira César, São Paulo, SP. Conforme aponta o curador da exposição Diógenes Moura, as 40 fotografias (peças únicas, sem cópias), “não são apenas imagens, nem em seus signos e em suas representações, mas cada uma contém a vida inteira do fotógrafo”.

 

Segundo Moura, depois da exposição realizada na Pinacoteca do Estado de São Paulo, em 2008, Kossoy recolheu-se como de costume, em casa e em vários países do mundo e está de volta para comprovar que uma fotografia não possui apenas uma face exterior. “E, não sendo exterior, um dos seus manequins poderá inclusive sorrir, ou derramar uma lágrima. A fotografia de Kossoy é precisa: domina o tempo. O espectador sente a presença do fotógrafo invisível querendo sair para encontrar o sol, se aproximar do hidrante vermelho que, como os ETs, estão de volta. Os hidrantes, os ETs ou a natureza onde novamente no meio das folhas encontraremos outra máscara, um grito”, completa o curador.

 

Em “Busca-me”, Boris Kossoy evoca seu mundo flutuante, “um roteiro imaginado, entre muitos outros, de situações, prazeres, amores, perfumes e dores que afetaram para sempre seus sentidos. Vemos personagens deste teatro imaginário onde coabitam seres dos dois mundos e imaginamos os espectadores com eles interagindo numa relação secreta e triangular”, explica o fotógrafo. Todo esse universo foi interpretado a partir de paisagens, ruas e praças, o olhar do fotógrafo através das janelas, diante de espelhos, pelo interior de vitrines, nas telas do cinema e da TV e dos aparelhos eletrônicos.

 

Boris Kossoy, com seu preciosismo técnico e teórico, extrai, sobretudo, do profundo os fundamentos de sua fotografia. Com isso, vem construindo uma trajetória que o coloca como um dos mais importantes fotógrafos brasileiros, autor de produção aclamada também internacionalmente.

 

Sobre o artista

 

Suas obras fazem parte de importantes coleções permanentes, como do Museum of Modern Art – MoMA, N.Y; George Eastman House, Rochester, N.Y; Smithsonian Institution, Washington, D.C.); Bibliothèque Nationale de Paris, Paris, França; Museu de Arte de São Paulo, São Paulo, SP, entre outras.

 

Como pensador, Kossoy, recentemente assinou a curadoria da elogiada mostra “Um olhar sobre o Brasil. A Fotografia na construção da Imagem da Nação”, realizada no Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, SP. Em sua produção intelectual, destacam-se os livros: Viagem pelo Fantástico; Hercule Florence, a Descoberta Isolada da Fotografia no Brasil; Origens e Expansão da Fotografia no Brasil – Século XIX; Fotografia e História; Realidades e Ficções na Trama Fotográfica e Os Tempos da Fotografia: O Efêmero e o Perpétuo.

 

Kossoy é também professor titular da Escola de Comunicações e Artes da USP, foi diretor do Museu da Imagem e do Som de São Paulo e do IDART – Divisão de Pesquisas do Centro Cultural São Paulo criou dentro da mesma universidade NEIIM – Núcleo de Estudos Interdisciplinares de Imagem e Memória. É membro do conselho consultivo da Coleção Pirelli-MASP de Fotografia, entre outras instituições culturais.

 

Até 19 de abril.

Um olhar sobre o Brasil/CCBB-Rio

28/fev

Com mais de 300 imagens de diferentes acervos públicos e coleções privadas, chega ao CCBB-Rio, Centro, Rio de Janeiro, RJ, a exposição “Um olhar sobre o Brasil. A Fotografia na construção da Imagem da Nação”, realizada pela Fundación Mapfre, com a colaboração do Instituto Tomie Ohtake. O projeto inédito, de pensar 170 anos de história do país, 1883-2003, a partir do registro fotográfico, tem curadoria do especialista em história da fotografia Boris Kossoy e curadoria adjunta da antropóloga e historiadora Lilia Moritz Schwarcz.

 

A mostra, com cenografia assinada por Daniela Thomas e Felipe Tassara, percorre caminhos de luz e sombra, costurando história e iconografia. Tomando como ponto de partida o momento próprio de invenção da técnica fotográfica, a exposição revisita o olhar “científico” que guiava as expedições estrangeiras, o gosto de D. Pedro II pelo novo suporte e os registros de revoltas populares como a de Canudos, até chegar à grande multiplicação de temas, ângulos, acontecimentos e reviravoltas que compuseram o longo século 20.

 

Cada fotografia se faz acompanhar por um pequeno texto; na verdade, sua micro-história, com informações que vão muito além da tradicional legenda (título, data, autor). Esse diferencial é conseqüência da ampla pesquisa realizada para a mostra, tanto referencial quanto iconográfica (essa última assinada por Vladimir Sacchetta). Ao refletir sobre as fotos escolhidas, o curador destaca o esforço em ”valorizar o simbólico, tentar evitar a redundância, destacar o anônimo e o cotidiano naquilo que têm de aparente e oculto, rever criticamente as imagens conhecidas e ideologicamente comprometidas com as histórias oficiais.”

 

A mostra

 

Para organizar o grande número de imagens, a curadoria estruturou o material a partir de quatro grandes eixos temáticos: política, sociedade, cultura/artes e cenários. Ao mesmo tempo, os 170 anos foram divididos em sete períodos, demarcados por fatos marcantes da história nacional: 1833 -1889/Luzes sobre o Império; 1889 – 1930/Urbanidade, conflitos, modernidade; 1930 -1937/Ideologias, revoluções, nacionalismos; 1937 -1945/Autoritarismo, repressão, resistência; 1945 -1964/Industrialização, desenvolvimento, anos dourados; 1964 -1985/Tempos sombrios e 1985 – 2003/O reacender das luzes.

 

Escolhida como ponto de partida da exposição, a data de 1833 refere-se às experiências precursoras de Antoine Hercule Romuald Florence, 1804–1879, levadas a efeito na vila de São Carlos (Campinas) e que o conduziram a uma descoberta independente da fotografia, pioneira nas Américas e contemporânea às que se realizavam na Europa, na mesma época.

 

Pensando ainda no século 19, Lilia Schwarcz ressalta os fotógrafos itinerantes que varreram o país de ponta a ponta – motivados, a princípio, pelo desejo de conhecer esse Império dado a costumes, climas e políticas em tudo tão distintos.

 

Hobby do imperador D.Pedro II, a fotografia tornou-se ferramenta para registrar um número cada vez maior de famílias da elite, em cenas devidamente posadas.  Junto com o registro da paisagem urbana, rural e natural, os retratos de estúdio introduziram a prática fotográfica no cotidiano das sociedades em todo o mundo.

 

Ao longo de todo o século 20 e com cada vez mais intensidade, a nova arte tomou as páginas das revistas e dos jornais, diversificou seus temas e, saindo às ruas, acompanhou os momentos mais marcantes da vida brasileira – alguns gloriosos, outros bastante sombrios.

 

Técnica documental, mas também plataforma da criação e profusão de sentido, a fotografia fez parte da construção da identidade nacional desde a época de sua invenção não só retratando, mas também contribuindo para definir costumes, numa intrincada rede de relações.

 

De 01 de março a 07 de abril.

No IMS – Rio

Luiza Baldan

O Instituto Moreira Salles, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, inaugura a exposição “Lugar nenhum”, com 56 obras, entre pinturas e fotografias, produzidas por oito artistas contemporâneos brasileiros: Ana Prata, Celina Yamauchi, Lina Kim, Luiza Baldan, Marina Rheingantz, Rodrigo Andrade, Rubens Mano e Sofia Borges. A exposição tem curadoria do crítico de arte Lorenzo Mammì e da coordenadora de artes visuais do IMS, Heloisa Espada. No dia da abertura, às 17h, o IMS realiza uma mesa-redonda com os curadores e Sérgio Bruno Martins, crítico de arte e doutor em história da arte pela University College London.

Para compor a mostra, os curadores partiram da constatação de que um número significativo de fotógrafos e pintores contemporâneos brasileiros se interessam por assuntos comuns: lugares quase sempre vazios e anônimos, objetos e situações triviais. Por isso, o título da exposição está diretamente ligado ao conceito de terrain vague (terreno vago) – cunhado pelo arquiteto catalão Ignasi de Solá-Morales –, que são espaços aparentemente esquecidos, vazios, que no presente evidenciam um resquício do passado.

 

“Lugar nenhum” reúne artistas com percursos e referências distintas que, postos lado a lado, sugerem um sentido comum. Os três pintores que participantes – Marina Rheingantz, Ana Prata e Rodrigo Andrade – trabalham a partir de imagens fotográficas retiradas de diversas fontes. Embora a fotografia seja para eles uma potente fonte de ideias, a técnica detona um processo criativo que visa a desafios próprios à pintura. Os fotógrafos, por sua vez, cada um a seu modo, demonstram a mesma liberdade do pintor para interferir na cena registrada, seja modificando o lugar fisicamente, como faz Rubens Mano, seja por manipulações digitais, como fazem Lina Kim, Celina Yamauchi e, em alguns trabalhos, Sofia Borges.

 

Sobre as obras e os artistas

 

Lina Kim: as obras expostas fazem parte da série “Rooms”, 2003-2006, um de seus únicos trabalhos exclusivamente fotográficos. São três imagens de instalações – hoje abandonadas  – do Exército Soviético, na antiga Alemanha Oriental.

 

Luiza Baldan: serão exibidas fotografias das séries “Lagos”, 2004-2007, “De murunduns e fronteiras”, 2010, “Insulares”, 2010, “Pinturinhas”, 2009-2012, “A uma casa de distância da minha”, 2012 e “Diário urbano’, 2004-2012.

 

Rubens Mano apresenta dois dípticos, um deles é “Entre”, que retrata uma construção abandonada já prestes a ser reabsorvida pelo mato. Há em “Lugar nenhum” mais quatro imagens de sua autoria, entre elas “Construção da paisagem”, 2010, que deriva de uma intervenção feita no Museu de Belas Artes de Córdoba, Espanha.

 

Celina Yamauchi adota a fotografia em branco e preto como tema, mais do que como meio. Serão apresentadas 12 imagens produzidas entre os anos de 2011 e 2012, todas com planos muito fechados, com a câmera apontada para o chão para um canto ou para uma parede. A artista fotografa com câmera digital e, posteriormente, elimina as cores da imagem. O resultado são cenas de um colorido tênue e delicado. São as imagens mais intimistas da exposição.

 

Sofia Borges fotografa objetos e lugares, mas também reproduz fotografias de família, imagens de livros, painéis explicativos de museus científicos. Ela apresenta imagens de diferentes naturezas lado a lado, confundindo suas origens e usos. Seu trabalho investiga e questiona a fotografia como representação da realidade.

 

Ana Prata: a artista não pinta as coisas, mas as imagens das coisas: “Sete Lagoas”, 2012, é um cartão postal, “Grande circo”, 2011, é uma transmissão televisiva, “Rua”, 2012, se parece com uma foto tirada de um celular. Seu processo criativo, rápido e diversificado, aproxima sua pintura da versatilidade própria da fotografia.

 

Rodrigo Andrade: o artista trabalha a partir de fotografias retiradas da internet, de mídias impressas ou de seu arquivo pessoal. Em uma das telas apresentadas, ele faz referência a uma fotografia do japonês Daido Moriyama. Rodrigo Andrade transpõe imagens fotográficas para a tela por meio de uma pintura sofisticada e diversa para, em seguida, cobrir parte dessa pintura com camadas espessas de tinta à óleo.

 

Marina Rheingantz: para Lorenzo Mammì, “se há uma pintora do terrain vague, é ela. (…) Os seis óleos sobre tela apresentados nessa exposição não apenas representam terrenos baldios, lugares abandonados em que a história continua correndo, ainda que num ritmo mais lento: eles são um desses lugares, se comportam como eles”.

 

De 02 de março a 02 de junho.

Fialdini na Raquel Arnaud

30/jan

Um dos principais fotógrafos brasileiros, Romulo Fialdini, nesta sua primeira individual na Galeria Raquel Arnaud, Vila Madalena, São Paulo, SP, revela a sua poética singular ao apresentar 24 fotografias autorais. A exposição “Pensei que fosse só eu”, reúne imagens selecionadas pela curadora Galciani Neves, que fazem parte de um livro de mesmo nome, que será lançado pela editora Superbacana +, na abertura da exposição, com cerca de 100 fotografias, em preto e branco, concebidas ao longo da extensa carreira do fotógrafo.

 

Para a exposição, a curadora destaca as imagens que evidenciam a singularidade das composições do fotógrafo a partir de seu olhar sobre a arquitetura e os espaços urbanos. Para o livro a curadora pesquisou o arquivo autoral de Romulo Fialdini que contém mais de 8 mil fotos. As obras selecionadas “são recortes de tempo distanciadas do fluxo da vida, como uma pausa ao ritmo do consumo das imagens rápidas atadas aos apelos artificiais”.

 

Depois de 12 anos dedicados ao design, o estúdio Superbacana ampliou a sua atuação ao criar a editora Superbacana +, com a proposta de desenvolver projetos culturais que conjuguem a produção de livros-objeto com exposições das obras publicadas. “Pensei que fosse só eu”, de Romulo Fialdini, é o projeto de estreia da editora, com tiragem inicial de 1500 exemplares, sendo 100 em formato de livros-objeto, em caixa acrílica, numerados, assinados e acompanhados de jogo da memória baseado nas fotos do livro.

 

Sobre o artista

 

Rômulo Fialdini foi fotógrafo do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand de 1971 a 1974, onde produziu imagens para catálogos, livros de Pietro Maria Bardi e para o arquivo de documentos de Lina Bo Bardi. Essa experiência repercutiu em sua carreira e até hoje destaca-se como fotógrafo especialista na reprodução de obras de arte. Desde 1975 trabalha como fotógrafo independente, atuando também no campo editorial e de publicidade. Em paralelo, dedica-se à fotografia urbana e de arquitetura, realizando ensaios em preto e banco sobre cidades como Nova Iorque, Chicago e Montevidéu.

 

De 02 de fevereiro a 09 de março.

Geraldo de Barros em Londres

23/jan

A exposição “Geraldo de Barros | What Remains” organizada pela The Photographers’ Gallery, 16-18 Ramilies Street, Londres, Inglaterra, visa prestar uma homenagem ao talento de Geraldo de Barros. A mostra é uma tentativa de “diálogo” entre duas séries fotográficas criadas pelo artista, a saber: “Fotoformas” e “Sobras”. Estas séries pertencem aos anos de 1941 a 1946, e de 1996 a 1998. Artista múltiplo, Geraldo de Barros nasceu em São Paulo em 1923, e sua obra estende-se à pintura e ao design.

 

Pautado pelo experimentalismo em tudo que criou, Geraldo de Barros é reconhecidamente como um dos nomes precursores da fotografia moderna brasileira. Como membro ativo do Clube Bandeirantes, e influenciado por teorias psicanalíticas, acabou criando sua própria identidade visual. Como desbravador usou de técnicas e recursos inesperados para aquele período: ângulos e perspectivas inesperados, que geram formas abstratas. Mas também múltiplas exposições, filtros caseiros, justaposição de luz e sombra, rabiscos e desenhos sobre os negativos. Muitos desses elementos fazem parte de diversas composições na série “Fotoformas”.

 

Já a série “Sobras” localiza-se na parte final de sua vida. Motivado pela criatividade costumeira, o artista resolveu revigorar, através de experimentos, seu arquivo fotográfico e passa a utilizar de colagens feitas a partir de recortes e desenhos sobre negativos antigos, colados em placas de vidro que ganham novos significados através de lapsos, com cortes vazados que revelam fundos vazios.

 

Até 07 de abril.

Miro no século XVII

25/out

A FASS, Vila Madalena, São Paulo, SP, galeria especializada em fotografias do início do século XX, além de cópias de época, ou vintage, apresenta “Miro – Um fotógrafo no século XVII”, exposição composta por onze trabalhos de Miro, releituras de  pinturas do século XVII, entre as quais, telas de Caravaggio.

 

São onze imagens que capturam por linguagem fotográfica obras renascentistas italianas, flamengas, francesas e espanholas, uma seleção que Miro utilizou como referência, para admirar a semelhança, atingida sem qualquer tipo de intervenção ou manipulação digital. As fotos, com tiragem de cinco, foram feitas em estúdio, apenas com os recursos à mão do fotógrafo na década de 1980: câmeras de grande formato e filmes positivos em placas de 4×5 polegadas.

 

As fotografias reunidas na mostra refletem um momento de introspecção do autor, às voltas com questões existenciais como a finitude e transitoriedade da vida, temas caros aos mestres daquele período.  Na versão de Miro, obas como “São Jerônimo”, de 1606, “São João Batista”, de 1604, e “Flagelação de Cristo”, de 1607, encantam e emocionam pela sensação de presença que exalam os personagens, os corpos que, vindos da pintura, parecem avançar em nossa direção reivindicando humanidade.

 

Nas naturezas mortas, essa procura obsessiva por um vislumbre da verossimilhança representada em telas de 400 anos atrás alcança um grau de expressividade que transcende a mera reprodução e gera uma nova mensagem.  Exemplos desse estilo recriados por Miro são as telas “Bodegon de Cocina”, de 1665, de Mateo Cerezo e “Bodegon e Paisagem”, atribuída a Juan Van Der Hamen y Léon.

 

Sobre o artista

 

Azemiro de Souza, o Miro, nasceu em 1949, na cidade de Bebedouro, SP. Foi laboratorista, assistente e nos anos 70 e 80 tornou-se um dos fotógrafos de publicidade e moda mais influentes do Brasil. Com um estilo influenciado pelas artes cênicas, pintura e cinema, Miro criou não só belos trabalhos fotográficos, mas tendências, além de dar cara a várias marcas. Sua busca quase obsessiva pela imagem precisa e fiel à sua imaginação moldou o mito criado em torno de sua obra. Em 2010 lançou o livro “Artesão da Luz”, pela Luste Editores.

 

 

Até 22 de dezembro.

Um olhar livre

23/out

Antanas Sutkus

Pela primeira vez encontra-se em exibição 120 retratos de um dos mais importantes fotógrafos do século XX. Aos 73 anos, o lituano Antanas Sut­kus ganha retrospectiva no Centro de Arte Contemporânea e Fotografia, Centro, Belo Horizonte, MG. A mostra compõem-se de imagens da vida cotidiana na União Soviética (da qual a Lituânia fazia parte) dos anos 50 aos 90. Antanas Sutkus abordou com delicadeza e certa intimidade cenas comuns de sua terra. Um dos exemplos mais famosos nessa exposição é a premiada foto “Pioneiro”, que mostra um melancólico menino mas também são evidentes na produção do artista reflexos de sua biografia. Por ter sido criado pelos avós no meio rural, ele registra com ternura pessoas idosas e camponeses. Outra preciosidade, que surgiu do seu acervo de quase 1 milhão de negativos, é uma série de fotografias da visita dos filósofos Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir à Lituânia, em 1965. Essa sequência de imagens ganhou lugar de destaque no mezanino da galeria.

 

Segundo o curador Luiz Gustavo Carvalho, “o principal interesse do lituano eram as pessoas simples, a rotina e a expressão particular de cada um, além de posicionar-se contra os arbitrários do movimento realista soviético”, o crador afirma ainda que “cada imagem (de Antanas) contém uma dose de subversão tingida com a doçura do olhar deste fotógrafo excepcional. O olhar de Antanas Sutkus é o olhar de um homem livre”.

 

Em 1969, fundou a Sociedade da Arte da Fotografia, em Vilnius, na Lituânia, que reunia fotógrafos que possuíam as mesmas aspirações. Em 1976, Antanas Sutkus foi condecorado com um prêmio da Associação Internacional de Fotografia Artística, associação da qual ele até hoje é membro, e é também, desde 1996, presidente da Associação Lituana de Fotógrafos.

 

A exposição já foi apresentada em Curitiba e, depois da capital mineira, segue para Salvador e Fortaleza.

 

Até 04 de novembro.

 

Em busca do essencial

17/out

A LUME Photos, Itaim-Bibi, São Paulo, SP, inaugura “Naïve”, a primeira exposição individual do fotógrafo Gabriel Wickbold com 14 imagens da série homônima. Em sua busca pela essência do homem, registrou imagens de rostos de modelos pintados com guache e efeitos craquelados, sobrepostos por insetos ou plantas. Para Gabriel Wickbold, este ser humano ingênuo (tradução da palavra francesa naïve), fossilizado, atua “adubando algo novo, gerando vida através de sua carcaça pura”. O título da série faz alusão ao sentimento de superioridade do homem em relação à Natureza.

 

Sempre estiveram presentes no trabalho do fotógrafo a figura humana e a criação de interferências em seus personagens com o emprego da tinta. Em “Naïve”, a novidade fica por conta da interação com outros elementos da natureza, acessórios dispostos com a intenção de questionar a posição do homem no mundo. Apesar de forte relação com a temática do impacto ambiental provocado pela ação humana, as questões fundamentais nas obras de Gabriel Wickbold são filosóficas, interiores. Nesses trabalhos, o fotógrafo foca-se na natureza do homem, arrogante devido a sua falta de conhecimento acerca da vida que o cerca, da vida que está além de sua própria vida.

 

Em “Naïve”, Gabriel Wickbold optou por fotografar apenas as cabeças dos modelos, já que é a parte do corpo onde se concentram as ideias e emoções. Antes do clique, o inseto ou planta é posicionado sobre a face. Todos os elementos que compõem as obras do artista estão presentes no momento da fotografia. Tão importante quanto a técnica do manuseio da câmera é esse processo de transformação dos modelos em homens-instalação. O artista trata a fotografia como instrumento para representar sua estética, que é utilizada como um impulso para o conteúdo, um meio de exprimir sua visão de mundo. “A arte é reflexo do homem e suas questões. Essa série veio como uma transpiração desse meu momento”, diz. A curadoria é de Paulo Kassab Jr e a coordenação de Felipe Hegg.

 

Até 23 de novembro.

Fotos exóticas

16/out

A fotógrafa Christiana Carvalho abre sua primeira exposição na Galeria Marcia Barrozo do Amaral, Shopping Cassino Atlântico, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, na qual exibe 22 fotografias que contam a história de sua experiência em alto mar. Christiana Carvalho começou a fotografar espetáculos de dança e teatro em São Paulo na década de 70. Em 1976 começou a se interessar também pela natureza e povos de lugares distintos, foi quando resolveu passar 10 anos de sua vida a bordo do navio sueco “Lindblad Explorer” onde produziu um fascinante acervo mostrando fotos submarinas, a vegetação exótica e diversos povos de lugares como Antártica, África, Ásia e Austrália.

 

Sobre a artista

 

Christiana Carvalho colaborou com assiduidade em várias publicações, no Brasil e no exterior, como National Geographic e People Magazine na Austrália. No início de 2000, voltou a fotografar teatro e foto still para cinema e começou a expor todo o seu material em galerias. Participou de coletivas na França, África, Bolívia, Peru, além do MASP, São Paulo e do MAM-Rio. Também realizou individuais no Museu da Imagem e do Som, Rio de Janeiro, RJ, e em diversos espaços profisionais no eixo Rio-São Paulo.

 

 

Até 26 de novembro.

City Lights

10/out

A Huma Art Projects, Humaitá, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a exposição “City Lights”, com 19 obras inéditas de Patricia Thompson, pensadas especialmente para sua primeira exposição individual na galeria. A ideia para esta exposição surgiu na última viagem da artista à Nova York, cidade onde viveu por seis anos e que continua sendo uma fonte de inspiração para seu projeto autoral de arquitetura abstrata, trabalhos que ela nomeou como “Abstracted Urbanism”. Nesta série, fotografa construções urbanas com composições elaboradas, através de detalhes geométricos e arranjos visuais. Na atual exposição, a artista apresenta um desdobramento dessa pesquisa, mostrando, pela primeira vez, fotografias noturnas. Todos os efeitos foram obtidos no momento exato da captação da foto, sem uso posterior de photoshop ou qualquer outro programa de edição. Patricia Thompson trabalha com o tempo e a luz ambiente.

 

No primeiro andar da galeria, Patricia exibe 12 fotografias impressas em papel de algodão, nas quais dá continuidade ao processo de pesquisa da arquitetura novaiorquina, com fotos diurnas: arranjos visuais gráficos de objetos reconhecíveis, como uma vitrine, uma escada ou uma parede de um prédio; uma intenção não representativa. Trata-se de uma transformação do real.

 

Mais um desdobramento dessa pesquisa é exibido no segundo andar, com fotos feitas durante a noite. Ao todo, nove fotografias sobre construções urbanas e iluminação noturna, produzidas em backlight. Neste espaço, com luzes apagadas para criar um ambiente escuro, a iluminação surge através de caixas de luz que envolvem o espectador no universo em que a artista encontrava-se ao realizar as obras.

 

Sobre a artista

 

Nascida no Rio de Janeiro, em 1985, Patrícia Thompson é fotógrafa de interiores e arquitetura. Morou um ano em Londres e seis anos em Nova York, onde se formou na Parsons School of Design com um BFA Photography. Foi nesta cidade que ela descobriu sua identidade artística e a preferência por construções urbanas. O projeto desenvolvido durante esses anos se chama “Abstracted Urbanism” e rendeu uma bolsa no penúltimo ano de faculdade e uma exposição individual patrocinada pela MaxMara para o evento mundial “Fashion’s Night Out 2010”. Participou das exposições coletivas “As Quatro Pontes”, na Huma Art Projects, em 2011 e em duas ocasiões na Parsons School of Design, em 2009 e 2010.

 

 Exposição: De 11 de outubro a 11 de novembro.

 

 Lançamento do catálogo: 11 de novembro, às 18h.