Alair Gomes na Luciana Caravello

01/mar

Luciana Caravello Arte Contemporânea, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, inaugura, no dia 06 de março, a exposição “Young Male: Fotografias de Alair Gomes”, com 40 obras do fotógrafo, que nasceu em 1921 e faleceu em 1992. Pela primeira vez será realizada uma mostra individual do artista em Ipanema, bairro onde ele morou a maior parte de sua vida e que foi cenário de quase a totalidade de sua obra. Sob a curadoria de Eder Chiodetto, serão apresentadas fotografias pertencentes à coleção de Robson Phoenix, feitas ao longo de 20 anos, entre 1960 e 1980, que mostram corpos masculinos, jovens e belos, os “young males” como se referia Alair Gomes em seus diários. A exposição foi apresentada com grande sucesso no ano passado na Casa Triângulo, em São Paulo. Classificação: 18 anos

 

“O olhar do artista, de viés homoerótico, tornou-se complexo e original ao longo de sua produção realizada entre os anos 1960 e 1980. Essa obra de caráter radical, que concilia compulsão pessoal com refinamento de estratégias da linguagem, começou nos últimos anos a ser melhor estudada e legitimada por instituições como a Fondation Cartier pour l’art contemporain, a Loewe Foundation e o MoMA, que recentemente adquiriu obras do artista”, diz o curador Eder Chiodetto.

 

O acervo de Alair Gomes foi doado para a Biblioteca Nacional por seus herdeiros, sendo raras as obras que surgem no circuito de arte pertencentes a colecionadores particulares, como Robson Phoenix, que tem a coleção desde a década de 1990. “É tempo de celebrá-lo como um dos maiores fotógrafos do nosso tempo: corajoso, furioso, prolífico, controverso, instigante. Estou bastante orgulhoso em trazer à luz minha coleção preciosa, surpreendente, com fotos raras”, diz Robson Phoenix.

 

A mostra traz fotografias de três destacadas séries do artista: “Symphony of Erotic Icons” (1966 – 1978), “A Window in Rio” (1977 – 1980) e “Viagens (Europa, Arte)” (1969).

 

“Symphony of Erotic Icons” foi a primeira composição sequencial realizada por Alair Gomes, entre 1966 e 1978. “Considerada sua obra-prima, é dedicada totalmente ao nu masculino e compreende um conjunto de 1.767 fotografias. A série é estruturada em cinco movimentos: Allegro, Andatino, Andante, Adagio e Finale. Para o artista, a construção desse universo fotográfico almejava ‘”ranscender a sua personalidade”, criando um estado “proto-religioso”, conta o curador Eder Chiodetto.

 

“A Window in Rio” é uma das séries fotografada da janela do sexto andar de seu apartamento, em Ipanema, flagrando o movimento dos garotos na calçada e nas janelas de prédios próximos. “Sem ser notado, o fotógrafo exerce sua porção voyeur fazendo de sua teleobjetiva uma espécie de arma com a qual o caçador “abate” e guarda para si o corpo de suas caças”, ressalta o curador.

 

Já a série “Viagens (Europa, Arte)]” apresenta fotografias de estatuárias greco-romanas realizadas na sua primeira viagem à Europa, “…que o levaram a trocar a escrita literária dos seus “Diários Eróticos” pela representação via fotografia. Mais tarde, a estética clássica que sublinha a força e a virilidade do corpo masculino serviria de referência para os retratos dos garotos nus”.

      

 

Sobre o curador

 

Eder Chiodetto é mestre em Comunicação pela ECA/ USP, jornalista, editor, professor e curador independente, tendo realizado em torno de 100 exposições no Brasil e no exterior. Atuou por 13 anos na Folha de S.Paulo como repórter fotográfico, editor e crítico de fotografia do caderno Ilustrada. É autor dos livros “Geração 00: A Nova Fotografia Brasileira”(Edições Sesc), “Curadoria em Fotografia: da pesquisa à exposição” (Ateliê Fotô / Funarte) e “O Lugar do Escritor” (Cosac Naify), entre outros. Nos últimos anos editou livros de diversos fotógrafos como Luiz Braga, Cristiano Mascaro, Araquém Alcântara, Rosângela Rennó, Eustáquio Neves, entre outros, em parceria com as editoras Cosac Naify, Edições Sesc, Terra Brasil e Cobogó. Atualmente coordena o Ateliê Fotô centro de estudos avançados em fotografia, em São Paulo, é o publisher da Fotô Editorial e curador do Clube de Colecionadores de Fotografia do MAM-SP.

 

 

Sobre a galeria

 

O principal objetivo da Luciana Caravello Arte Contemporânea, fundada em 2011, é reunir artistas com trajetórias, conceitos e poéticas variadas, refletindo assim o poder da diversidade na Arte Contemporânea. Evidenciando tanto artistas emergentes quanto estabelecidos desde seu período como marchand, Luciana Caravello procura agregar experimentações e técnicas em suportes diversos, sempre em busca do talento, sem discriminações de idade, nacionalidade ou gênero.

 

 

Até 07 de abril.

O Maravilhamento das coisas

28/fev

A Galeria Sancosky, Jardim Paulista, São Paulo, SP, convida para a abertura da exposição “O Maravilhamento das Coisas”, coletiva com curadoria de Julie Dumont – The Bridge Project.  A mostra propõe uma reflexão sobre os desdobramentos da estética do cotidiano na arte contemporânea e reúne trabalhos que borram os limites entre arte erudita e popular, figuração e abstração, original e cópia. Participam os artistas Daniel Barclay, Mariano Barone, Bruno Brito, Leda Catunda, Matheus Chiaratti, Tatiana Dalla Bona, Mayla Goerisch, Martin Lanezan, Mano Penalva e Sergio Pinzón.

 

Através de instalações, esculturas, pinturas e assemblages, a exposição reflete sobre as estratégias de apropriação de referências corriqueiras através da lente subjetiva e afetiva dos artistas, usando objetos e imagens familiares e projetando-os para ou além da parede. Criando novas funções e significados, derrubando fronteiras e transpondo lugares conhecidos para o lugar da arte, a coletiva traz à tona os deslocamentos operados pelos artistas, transformando as coisas do cotidiano e aplicando o paradigma da arte contemporânea na sua relação mais íntima com o público. Neste jogo de possibilidades, de expansão e permeabilidade dos conceitos de obra de arte, beleza e finitude, o visitante é convidado a uma jornada empática no universo pessoal dos artistas, no campo lúdico da arte, o do maravilhamento das coisas.

 

 

Até 31 de março.

Ícone da Arte contemporânea

Baró Galeria, Jardins, São Paulo, SP, tem o prazer de apresentar a mostra “ZAZEN”, individual do artista Daniel Arsham, importante ícone da arte norte-americana contemporânea. O ato de sentar e permitir o fluxo livre e contínuo de pensamentos recebe, no budismo, o nome de zazen. “Za” significa “sentar” e “zen” refere-se a um estado de concentração profunda. Zazen existe enquanto estado mental, no qual espaço e tempo são suspensos. Em “ZAZEN”, os trabalhos reunidos propõem uma outra experiência e percepção do fluxo do tempo.

 

Conhecido por trabalhos situados entre arte e arquitetura, nos quais intervém em nossas impressões sobre o espaço, a poética de Arsham também tange a dimensão temporal. Os trabalhos do artista tensionam a temporalidade na qual se inscreve a arquitetura onde se instalam: suas obras apresentam-se, no momento e espaço contemporâneos, como objetos que tem permanência em uma escala temporal quase geológica. O tempo, para o artista, não parece ter início ou fim absoluto, pois ele é percebido como uma longa duração, que atravessa e suspende a espacialidade.

 

Dentre os trabalhos que compõe a mostra, destacam-se “Ash and Rose Quartz Eroded Televisions” e o vídeo “Future Relic”. Tais trabalhos fazem parte da série “Fictional Archeology”, no qual o artista se coloca como um arqueólogo do futuro e convida os espectadores a fazerem o mesmo: objetos do presente são recriados como esculturas e expostos como relíquias. Nessa arqueologia ficcional, os artefatos contemporâneos parecem ter sido petrificados, pois são compostos por uma mistura de materiais rochosos, minerais e cimento. Ao contrário do que são hoje, objetos feitos em escala massiva e industrial, marcados pela rápida obsolescência do mundo do consumo, eles assumem um caráter único. Colocamo-nos diante deles como se estivéssemos diante de preciosidades, que resistiram ao tempo e às intempéries, mas que nos fazem rememorar nosso presente.

 

As obras “Blue Gradient Teddy Bear” e “Blue Gradient Seated Female Figure” integram uma instalação semelhante a “Blue Garden”, site specific realizado no Aterro do Flamengo, Rio de Janeiro, em 2017, no qual Daniel Arsham recria um jardim zen com areia e duas esculturas.  Na cultura milenar japonesa, tal jardim é um refúgio para concentração e para o fluxo de energia.  As marcas na areia realizadas com um restelo simbolizam, deste modo, o fluxo de água.  No jardim de Arsham, a figura da mulher sentada e de um urso de pelúcia também petrificados substituem as tradicionais pedras como elemento decorativos e criam uma situação de simultaneidade entre o universo tradicional, que se estende temporal e espacialmente, e o mundo contemporâneo fugidio e acelerado. Nos trabalhos que compõem a mostra, Arsham propõe ao espectador a experiência de um tempo que não é concreto – apesar da materialidade dos objetos de suas esculturas e instalações. O tempo, como no budismo, aparece como amplo e cíclico. Ele é, simultaneamente passado, presente e futuro, em um contínuo sem começo, meio e fim.

 

 

De 03 a 31 de março.

 

No Baró Contêiner

Galeria Baró, Jardins, São Paulo, SP, têm o prazer de apresentar “Refôrma”, exposição individual de Amanda Mei, no Baró Contêiner. Nela, as obras expostas giram em torno do conceito da reorganização e reequilíbrio de um modelo, matriz ou molde.

 

Segundo a própria artista: “Refôrma traz a experiência de devolver para a natureza uma geometria falha, um novo uso, um desvio da função original dos materiais por meio da ideia de artificio e camuflagem. A mostra é composta por pinturas e esculturas que tratam do equilíbrio entre elementos de formação do universo, com composições tridimensionais construídas pelo homem ou apropriadas diretamente da natureza. São combinações que se reorganizam de acordo com o meio em que estas se encontram, tal qual uma estrutura molecular ou um planeta.”

 

O conjunto de trabalhos trata da dinâmica dos movimentos de transformação e destruição, a ideia de progresso e sobrevivência. Estes pontos se colocam como um pacto entre o homem e a natureza – seja pelo embate dos diferentes materiais com o espaço físico, da tinta com a parede e dos visitantes com as obras. Os fragmentos de madeira, papelão, argila, tinta se transformam em formas tridimensionais e parecem crescer no espaço como uma arquitetura “não oficial” por um período determinado de tempo. Tais procedimentos refletem a ideia de camuflagem em relação ao deslocamento, função e transformação dos materiais.

 

 

De 03 a 31 de março.

A mágica da cor 

27/fev

A Lurixs Arte Contemporânea, Rio de Janeiro, RJ, abre a programação 2018, em sua nova sede no Leblon, com a exposição individual de Renata Tassinari, “A Espessura da Cor”, sob curadoria de Felipe Scovino, na quinta-feira, 01 de março, às 18h. São 15 trabalhos – dez pinturas e cinco desenhos (pintura sobre papel) – realizados entre 2015 e 2018, em que se vê planos geometrizados por cores sobre papel ou estruturas de acrílico em lugar de telas, resultado de uma pesquisa que a artista faz desde 2003.

 

Em uma primeira observação, as obras de Tassinari provocam dúvidas: são retângulos e quadrados soltos, justapostos, ou se trata de uma superfície contínua? A pintura é feita sobre tela por trás da caixa acrílica ou a tinta é aplicada diretamente sobre a placa industrializada que também lhe serve de proteção? Há ainda a madeira nua, sem tinta alguma, que  entremeia os planos de acrílico. Tassinari conta que a forma de seus trabalhos tem inspiração na arquitetura urbana – fachadas, portas e janelas – de linhas e ângulos retos exclusivamente. O desenho da estrutura das pinturas é transformado em caixas de acrílico de cinco centímetros de profundidade.

 

A parte interna dessas caixas é pintada com tinta acrílica e a face externa ganha camadas de tinta a óleo, sem se sobreporem. O contraste da característica dos materiais, o brilho da placa acrílica, a opacidade do óleo no plano de fora e da madeira,  mais o fio branco de tinta nas bordas do suporte criam um volume, que projeta os planos pintados para o espaço. As cores e a materialidade é que provocam a impressão de relevo e depressão, mas a estrutura é absolutamente plana. Aos olhos do espectador, é quase uma mágica o que Tassinari consegue criar com as cores. E aí entra outro recurso autoral da artista: ela cria sua paleta cromática e todas as cores são bem-vindas. Nenhuma sai do tubo industrializado à venda no mercado.

 

“Transmitir esse caráter expansivo à cor definitivamente não é pouca coisa. Transformar a cor em algo que magicamente avança em direção ao  espaço e que em outros casos, dentro da sua obra, concretamente ganha uma espessura ou dobra, como é o caso das pinturas recentes que fabricam uma imagem, como escrevi há pouco, da fratura, são características notáveis no trabalho da artista”, elogia o curador Felipe Scovino.

 

Dentro do que está reunido nessa exposição, há a série “Lanternas”, formada por módulos de acrílico pintados e instalados na parede em linhas paralelas verticais ou horizontais, que dão a ilusão de hastes de luz acesas. “A partir das ‘lanternas’, os trabalhos aumentaram sua relação com o espaço”, diz a artista. O conjunto mais recente dessa mostra é o intitulado “Beiras”, que são um desenvolvimento das lanternas, de aparência mais econômica na forma (mais estreita) e composição de cores (tons rebaixados).

 

Nas pinturas sobre papel, que Tassinari prefere chamar de desenhos, o plano é dividido com linhas de grafite em quadrados e retângulos. Alguns campos são eleitos para receber tinta a óleo em tons intensos ou suaves. Ambos demonstram um toque de leveza, como se o papel merecesse um contato mais fluido por ser frágil. Críticos detectam na produção da artista um chamado para um olhar mais minucioso e atento do espectador, em contraste com a dispersão vertiginosa do momento.

 

“Em tempos de uma desatenção acelerada, as obras da artista nos levam a nos determos sobre os detalhes, as minúcias e as singularidades de um gesto sobre o papel, a espessura do óleo ou a fresta branca (o “pulmão da obra”, o risco por onde corre o ar) que percorre os limites da pintura sobre a superfície de material acrílico transparente”, resume o curador Felipe Scovino.

 

 

Sobre a artista

 

Formada em Arte pela FAAP, SP, onde foi aluna de grandes mestres como Carlos Fajardo e Dudi Maia Rosa, Renata Tassinari tem dezenas de mostras individuais e coletivas em seu histórico, incluindo a retrospectiva no Instituto Tomie Ohtake, SP, em 2015 e mostras solo no MAM RJ, MAM SP e Paço Imperial. Paulo Venancio Filho, Rodrigo Naves, Lorenzo Mammi, Taisa Palhares e Laura Vinci são alguns dos críticos,  historiadores de arte e artistas que já escreveram sobre seu trabalho.

 

 

“A Espessura da Cor” fica em cartaz até 14 de abril.

Prêmio na Arco

23/fev

A Galeria Cavalo, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ, recebeuprêmio de melhor stand do setor Opening, destinado a jovens galerias, na feira de arte Arco Madrid 2018. Com obras de Marina Weffort e Pablo Pijnappel, a galeria carioca foi escolhida entre 19 espaços internacionais no setor que conta com curadoria de Stefanie Hessler e Ilaria Gianni. O prêmio foi entregue aos galeristas Ana Elisa Cohen e Felipe Pena por um júri de curadores e profissionais da arte. Com apenas dois anos de existência, essa é a segunda vez que a galeria recebe um prêmio em uma feira internacional, após o de melhor stand no setor New Entries da feira italiana Artissima em 2016.

 

O projeto desse ano conta com a video instalação “Exercícios Sensuais” de Pablo Pijnappel baseada em dois best-sellers americanos de 1968 e 1971 que ensinam homens e mulheres como seduzir seus parceiros, resultando em situações frustrantes quando adaptadas para o Rio de Janeiro atual. Estabelecendo um diálogo com a sensualidade desses vídeos, Marina Weffort exibe obras de sua série “Tecidos”, parte de sua pesquisa na elaboração de composições que se movimentam organicamente no ambiente em que são expostas.

Arthur Chaves na Anita Schwartz

21/fev

Anita Schwartz Galeria de Arte, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a exposição “Arthur Chaves – Tem uma bruxa no quintal”, com trabalhos inéditos do artista carioca nascido em 1986, e que vem se destacando no cenário da arte contemporânea com suas obras feitas com uma mistura de materiais e técnicas, como pintura, desenho e costura em peças de tecido, mas sem forma definida em suas peças. A mostra dá continuidade ao programa de individuais de artistas que estão se destacando no circuito de arte, realizadas no segundo andar da galeria. O crítico Agnaldo Farias é o autor do texto que acompanha a exposição.

 

De 2007 a 2017, Arthur Chaves participou de exposições no Jacarandá, na Casa França Brasil, na EAV Parque Lage, no Rio de Janeiro; na The School for Curatorial Studies, em Veneza; e no Ateliê Subterrânea, em Porto Alegre. É professor do curso Procedência e Propriedade, no Ateliê Novo Mundo, Rio de Janeiro.

 

Na Anita Schwartz o artista apresentará uma série nova, diferente de sua produção recente. Lá, reunirá dois grupos de trabalhos: os feitos em dois planos – embora contenham colagens que extrapolam uma ideia de superfície reta – e os compostos por aglomerados de tecido, mais fluidos. Todas as obras estarão penduradas na parede, mas o artista ressalta que ele vê os aglomerados de tecido “quase uma roupa sem corpo, um casulo, como se algo tenha passado por ali e não sabemos o que é”.

 

Um dos trabalhos conterá uma grande placa espelhada que se relaciona com as várias superfícies dos tecidos, como “um portal para outro espaço”, embaralhando a percepção do público, e criando um clima de confusão e mistério, onde as imagens vão se revelando. “Meu trabalho se vale deste ambiente meio nebuloso”, diz o artista.

 

No contêiner, no terraço da galeria, Arthur Chaves complementará a exposição com um site specific, praticamente transferindo seu ateliê para lá, e produzindo a instalação durante uma semana, contendo todos os elementos que envolvem seu processo de criação. “É uma tentativa de dar conta de uma ordem mais conceitual do trabalho”, comenta.

 

 

Obras em tecidos como desenhos

 

A imagem de pinturas acompanha o artista desde a infância, “tanto na bíblia ilustrada da família, como em um livro de história da escola”, e são uma referência importante. Entretanto, Arthur Chaves diz que ainda que várias pessoas digam que seu trabalho é pintura, não é desta forma que ele vê. “Não uso tanto a fatura do pintor, a ideia da execução de uma imagem”, observa. “As obras feitas apenas com tecidos são uma espécie de combustível no meu trabalho, e penso neles como desenhos, embora não saiba se esta é a nomenclatura mais correta, mas sem dúvida partem do raciocínio do desenho, que envolve massa, linha…” “São desenhos com limites mais formais e geométricos, misturados com a falta de controle que os tecidos trazem”, explica. “Têm a natureza do desenho, mais verdadeiro. É o osso, a estrutura, o que acontece antes”. Ele conta que “a partir desse raciocínio, as coisas foram se expandindo, principalmente para os trabalhos que estão em dois planos, ainda que não envolvam apenas papel”. Trabalho sobre uma placa plástica leve, e uso basicamente tecidos e papeis, de várias naturezas. Desde os mais simples, comprados na Saara, até um linho nobre que pertenceu à família de uma amiga”, conta.

 

 

Sobre o artista

 

Nascido no dia 1º de março de 1986 no Rio de Janeiro, mas criado em Seropédica, região rural do estado, Arthur Chaves é formado em design de moda pela Universidade Veiga de Almeida, 2007, Rio de Janeiro. Ele se dedica ao desenho em suas múltiplas acepções. Suas últimas obras conciliam pintura, desenho e costura em peças de tecido sem forma definida.

 

 

De 1º a 31 de março.

Pierre Verger/Inédito

19/fev

A Galeria Marcelo Guarnieri, Jardins, São Paulo, SP, exibe fotos do antropólogo e pesquisador Pierre Verger. A mostra contará com cerca de 120 fotografias que foram feitas entre as décadas de 1930 e 1960 nas diversas viagens que fez pelos cinco continentes, além de publicações e materiais de arquivo como documentos e provas de contato. Os quatro núcleos que organizam a exposição destacam diferentes momentos da produção do fotógrafo, sendo compostos por: fotografias encomendadas por ou vendidas para agências, livros editados pela Editora Corrupio, fotografias produzidas durante suas viagens de pesquisa pela Costa do Benin e Bahia e uma seleção de cópias assinadas que integraram a exposição “Pierre Verger, Le Messager” organizada pela Revue Noire em 1993 no Musée d’Art d’Afrique et d’Océanie.

 

O primeiro núcleo apresenta uma seleção do que Verger produziu para importantes agências, jornais e revistas como Alliance-Photo, Magnum, Life e O Cruzeiro, entre os anos de 1932 e 1950. Destacam-se os registros da II Guerra na China, nos quais figuram o cotidiano dos soldados e destroços silenciosos nas cidades de Xangai e Nanquin. Uma das caixas-arquivo que Verger usava para preservar e organizar pequenos envelopes com provas de contato identificadas e catalogadas, assim como outras placas de contato preparadas pelo fotógrafo também integrarão este primeiro núcleo.

 

O segundo núcleo é composto por livros editados pela Corrupio, editora baiana que em 1979 foi fundada a partir do interesse em divulgar e preservar a obra de Pierre Verger, dedicando-se às relações entre África e Bahia. Deste modo, foi a primeira a publicar Pierre Verger no Brasil e manteve uma relação estreita de colaboração com o fotógrafo até o fim de sua vida. Além de livros como “Orixás: os deuses iorubás na África e no Novo Mundo” de 1981 ou até mesmo o projeto original de “50 anos de fotografias de 1982, poderão ser vistas algumas ampliações das imagens que foram reproduzidas em seus livros.

 

O terceiro núcleo traz a produção de Verger de meados dos anos 1940 e início dos anos 1950, quando tratou de investigar as relações entre Bahia e África, mais especificamente os rituais e costumes das culturas e religiões afro-brasileiras e africanas em Salvador e na Costa do Benin. Foi a partir daí que tornou-se um estudioso do culto aos orixás, com uma bolsa de estudos partiu para a África onde renasceu como Fatumbi  “nascido de novo graças ao Ifá” e foi iniciado como babalaô, um adivinho através do jogo do Ifá. Sua pesquisa, que resultou tanto em livros, escritos, fotografias e exposições, é tida como obra de referência para os estudos sobre a cultura diaspórica. Na década de 1990, o fotógrafo Mario Cravo Neto fez algumas ampliações dos negativos referentes ao candomblé na Bahia, essas também integrarão o conjunto deste terceiro núcleo da mostra.

 

O quarto e último núcleo é formado por uma seleção de cópias assinadas por Verger que fizeram parte da importante exposição “Pierre Verger, Le Messager” organizada pela Revue Noire em 1993 no Musée d’Art d’Afrique et d’Océanie. A Revue Noire foi uma das primeiras revistas a destacar a arte contemporânea africana no mercado ocidental e a exposição, apresentada na Suíça e na França, teve um importante papel para o retorno de Pierre Verger ao cenário da fotografia de seu país de origem. As imagens foram feitas entre os anos de 1930 e 1960 e apresentam cenas de rua, de trabalho, de festa e de descanso em diversos países como Peru, Bolívia, Vietnã, Estados Unidos, Japão, Cuba, Brasil e Nigéria.

 

As fotografias de Pierre Verger trazem o registro de manifestações espontâneas da vida humana, priorizando as minorias culturais e situações de contato sem cair em abordagens exotizantes ou pitorescas. Sua câmera Rolleiflex, carregada à altura do peito, lhe permitia aproximações menos invasivas e enquadramentos menos calculados por não se posicionar diante dos olhos. Desse modo, a câmera era mais um instrumento de apreensão de momentos de contato com o outro e a imagem gerada, a expressão de um evento ainda pouco elaborado pela consciência. Para Verger, a fotografia tinha funções estéticas, documentais, afetivas e políticas, e cumpria um importante papel enquanto discurso sobre fotógrafo e fotografado. Em suas palavras: “A fotografia permite ver o que não tivemos tempo de ver, porque ela fixa. E mais, ela memoriza, ela é memória.”

 

 

De 24 de fevereiro até 04 de abril.

Fotos na Galeria da Gávea

07/fev

A Galeria da Gávea, Rio de Janeiro, RJ, inaugurou com a exposição “Vadios e Beatos”, a primeira de uma trilogia relacionada ao Carnaval brasileiro. Em cada ano galeria terá um curador convidado e a exposição será sempre inaugurada uma semana antes do sábado de Carnaval. A mostra “Vadios e beatos” reúne cerca de 47 obras, entres eles dois vídeos (Bárbara Wagner e Benjamim Búrca/ Karim Aïnouz e Marcelo Gomes), e 45 fotografias de tamanhos variados, em cor e em preto e branco, em impressões de papel algodão e cópias vintage em gelatina de prata (impressas pelo artista na época em que as imagens foram feitas). As obras abrangem o período dos anos de 1970 até 2018. Participam, Antonio Augusto Fontes, Arthur Scovino, Bina Fonyat, Bruno Veiga, Carlos Vergara, Celso Brandão, Cláudio Edinger, Evandro Teixeira, Guy Veloso, Miguel Rio Branco, Rafael Bqueer, Ricardo Azoury, Rogério Reis, Shinji Nagabe e Walter Carvalho.

 

A curadoria de Marcelo Campos tem como ponto de partida a afirmação de um dos primeiros teóricos da arte brasileira, Gonzaga Duque, do final do século XIX, que demonstrava desencantamento com o futuro para as artes no Brasil. O critico observava personagens sociais, capadócios de importância que viviam “à boêmia” , “tocando viola nos fados”, jogando capoeira. Assim, foi-se criando uma análise que, anos depois, configuraria uma das mais importantes compreensões sobre os modos como o Brasil lidava com ritos identitários, como o carnaval.

 

 

Até 17 de abril. 

Individual na SIM, Curitiba

06/fev

Willian Santos, artista nascido e residente de Curitiba, PR, traz para sua primeira individual na SIM Galeria, o intrincamento entre encontros e re encontros com formas nativas de seu universo íntimo e de uma cronologia pictórica universal. Em “Recôndito Plasmado”, as pinturas, desenhos, objetos e esculturas do artista têm em comum a aura enigmática promovida por uma figuração inacabada, que se desmancha e se dilata, e que deixa sua catástase a cargo do público.

 

A partir da visitação à sua pesquisa da última década, o artista flagrou-se em uma recorrência imagética que transborda por toda a presente exibição, mas que ali se apresenta com o desafio plástico próprio do processo criativo de Willian Santos. Como, por exemplo, em suas grandes esculturas em fibra – material inédito em sua produção – em desenhos e pinturas. É justamente por saber do papel das relações inconscientes e individuais na elaboração e apreensão da linguagem artística que Willian Santos prima pela relação de presença e experiência do observador quando materializa sua obra. Fazendo-se, assim, essencial o encontro presencial do observador com seu trabalho para que as múltiplas relações sugeridas por suas obras, se materializem.

 

 

Sobre o artista

 

Willian formou-se em Artes Visuais com Ênfase em Computação pela Universidade Tuiuti do Paraná em 2009. Suas primeiras mostras individuais aconteceram em 2011, com a exposição “Campo Dilatado”, no SESC da Esquina, Curitiba-PR e em 2012 com as exposições “Desenhos”, no Museu de Arte de Joinville, e “Imanência”, na Finnacena Escritório de Arte – Curitiba-PR. A mais recente exposição do artista, “nem todo líquido se desmancha em ar” aconteceu na Galeria Casa da Imagem, em Curitiba-PR. Dentre suas muitas participações em mostras coletivas, destacam-se: em 2017, “QUEERMUSEU: Cartografias da diferença na arte brasileira”, no Santander Cultural, Porto Alegre-RS e “PINTURA (diálogo de artistas)”, na Caixa Cultural, Rio de Janeiro-RJ. E em 2016 o “19º Edital de Incentivo à Produção Chico Lisboa”, no Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli – MARGS, Porto Alegre-RS.

 

 

De 23 de janeiro a 03 de março.