Pinturas de interiores e naturezas-mortas.

23/jul

Primeira exposição no espaço físico reformado da galeria, “A rotina das paredes” apresenta uma dezena de pinturas, na Contempo, uma casa da Alameda Gabriel Monteiro, Jardim América, São Paulo, SP. Em exibição até o dia 23 de agosto, a exposição coletiva reúne trabalhos de Chen Kong Fang, Lilian Camelli e Uéslei Fagundes, com curadoria de Gabriel San Martin, um recorte voltado às pinturas de interiores e de naturezas-mortas da produção dos artistas.

Se o ponto alto de boa parte da pintura figurativa brasileira se manifestou em gêneros “menores”, como na natureza-morta, na paisagem e na pintura de gênero, Gabriel San Martin argumenta que sua vocação privada reitera a constituição de um espaço privilegiado de esclarecimento da capacidade de cada um de dispor o mundo.

“A espacialidade estranha casada às superfícies instáveis e ao tonalismo tímido das pinturas, como por exemplo nas obras de José Pancetti, Alfredo Volpi, Eleonore Koch e do próprio Chen Kong Fang, encontra a intimidade protetora de um espaço doméstico que desestabiliza as relações entre figura e fundo, sujeito e objeto. Como se diferenciando público e privado, fosse ainda tudo a mesma coisa”, afirma o curador. Ao trazer Uéslei Fagundes e Lilian Camelli para dialogarem com o trabalho de Chen Kong Fang, a coletiva evidencia a constante resistência turva do espaço doméstico em não se tornar também público a que se envolve a história da  manipulação do suporte, com uma tridimensionalização falseada ou com transições tonais, as pinturas exploram a condição do gênero doméstico enquanto um laboratório crítico da realidade.

Sobre os artistas.

Chen Kong Fang (1931-2012) foi um pintor, desenhista, gravador e professor sino-brasileiro. Estudou sumiê e aquarela na China antes de imigrar para São Paulo em 1951, naturalizando-se brasileiro em 1961. Formou-se com Yoshiya Takaoka e realizou sua primeira individual em 1959. Após breve fase abstrata, consolidou-se no figurativismo, linguagem que marcou sua carreira. Lecionou na Faculdade de Belas Artes de São Paulo e participou de importantes salões e mostras no Brasil e no exterior, recebendo diversos prêmios.

Lilian Camelli (1958, Ypacaraí, Paraguai) uma das principais pintoras paraguaias em atividade, realizou individuais no Brasil e no exterior e possui obras em importantes coleções públicas nacionais e internacionais. A artista trabalha em especial com a reconstrução da espacialidade de interiores e naturezas-mortas. Reformulando poeticamente as suas raízes e memórias afetivas da infância no Paraguai, a atmosfera nostálgica das suas pinturas evoca interiores planares, de profundidade rasa, que balanceiam fato e ficção.

 Uéslei Fagundes (1987, Novo Hamburgo – RS) é mestrando em Poéticas Visuais pela UFRGS, com pesquisa voltada à representação do cotidiano na pintura. Utiliza madeiras coletadas como suporte, explorando memórias e vestígios do tempo. Suas obras combinam cenas simples com inscrições prosaicas, criando um vocabulário pictórico que revela e oculta fragmentos entre frestas e superfícies marcadas.

 

Conversa com artistas.

No sábado, 26 de julho, às 11h, Antonio Gonçalves Filho recebe os artistas Dudi Maia Rosa e Claudio Tozzi para uma conversa na exposição Acervo Vivo: Vivenciando a transcendência: uma coreografia de pinturas, na Almeida & Dale, Caconde 152, São Paulo, SP.

 A mostra propõe um percurso vertiginoso por entre pinturas de diferentes períodos e tendências, constituindo um bailado que convida a uma experiência alucinatória.  Acervo Vivo é um programa que explora o acervo da Almeida & Dale por meio de exposições organizadas por curadores e pesquisadores convidados e internos. Ao ativar o acervo como um campo de investigação contínua, o programa reafirma o compromisso da galeria com a valorização da arte brasileira e global em suas múltiplas temporalidades, contribuindo para sua preservação, difusão e constante reinterpretação.

Conversa com Carlos Trevi.

21/jul

Na próxima terça-feira, 22 de julho, a Ocre Galeria, Porto Alegre, RS, promove uma conversa com o artista Carlos Trevi, o curador André Severo e o crítico André Venzon, em torno da exposição Ascensão e do percurso poético do artista.

A conversa será uma oportunidade de refletir sobre memória, matéria, simbolismo e sobre como o gesto artístico pode apontar caminhos de reconstrução – estética e existencial – a partir do que já foi quebrado ou esquecido.

A mostra “Ascensão” segue em cartaz até o dia 16 de agosto.

As cianotipias de Michael Naify.

18/jul

O artista e fotógrafo americano Michael Naify (ex-sócio da editora Cosac Naify), inaugura sua primeira exposição individual no Brasil: “Origens”. A mostra será inaugurada no dia 23 de julho no Centro Cultural Correios RJ, com curadoria de Shannon Botelho. Michael Naify apresenta uma série de cianotipias desenvolvidas após uma imersão em Minas Gerais, iniciada pouco depois do rompimento da barragem em Brumadinho, em 2019. O trabalho propõe uma reflexão sobre memória, território e estruturas de poder a partir de um processo técnico rigoroso, que envolve intervenções com café, alvejante e resina natural

Sobre o artista.

Michael Naify é um fotógrafo cujo trabalho questiona as  profundas cicatrizes deixadas pelo colonialismo, capitalismo e escravidão. Em seu projeto Origins, Naify volta suas lentes para Minas Gerais, Brasil, explorando as paisagens da extração e da memória. Usando processos fotográficos históricos como a cianotipia, ele revela as marcas silenciosas incrustadas na terra, no ferro e nas vidas humanas. Suas imagens não são meros documentos; são meditações sobre resiliência e resistência, escavando histórias ocultas para confrontar o presente. A prática de Naify combina o rigor de um historiador com a sensibilidade de um artista, convidando os espectadores a ver que, sob cada superfície visível, existe uma história invisível que precisa ser contada. Nascido em San Francisco, em 1962, é formado em História e MBA pela University of San Francisco e possui MFA em Fotografia pelo San Francisco Art Institute. Atuou na indústria de pós-produção cinematográfica e foi cofundador da editora brasileira Cosac & Naify. Recentemente publicou o livro Room 32 em parceria com sua esposa, a artista brasileira Simone Cosac Naify, em que investigam relações humanas e estados emocionais a partir de experiências vividas durante uma temporada de férias. Vive entre os Estados Unidos, Brasil e Itália.

A Opacidade Ressonante na Galeria Tato.

A Galeria TATO, Barra Funda, São Paulo, SP, apresenta no dia 19 de julho, a exposição “Opacidade Ressonante”, parte do Ciclo Expositivo do programa Casa Tato Europa, com curadoria de Filipe Campello e assistência de Rafael Tenius. A mostra reúne obras dos doze artistas que participam da edição internacional do programa marcando o início do movimento de expansão da Casa Tato, que agora conecta Brasil a Portugal.

A exposição iniciará este novo momento, e marca o primeiro encontro presencial desse grupo em São Paulo, propondo, a partir do pensamento do filósofo Édouard Glissant, um campo de escuta voltado ao que não se deixa traduzir completamente. As obras em exibição adotam o deslocamento, a ambiguidade e o ruído como elementos constitutivos de linguagem, recuando da transparência imediata e cultivando formas que exigem tempo, presença e atenção.

Artistas participantes: Adriana Amaral, Beatriz Mazer, Desireé Hirtenkauf, Gilda Queiroz, Izabelle Dantas, Izidorio Cavalcanti, Lili Busolin, Magda Paiva, Marcus Pereira de Almeida, Maria Claudia Curimbaba, Patricia Faragone, Paula Marcondes de Souza.

Criado em 2020, a Casa Tato chega à sua primeira edição internacional, como parte das ações que celebram os 15 anos da galeria. Ao ampliar sua atuação para o eixo Brasil-Portugal, o programa reafirma seu compromisso com a construção de percursos artísticos e o fortalecimento de conexões entre contextos culturais distintos.

Um novo artista representado.

17/jul

A Simões de Assis, São Paulo, Curitiba e Balneário Camboriú, anuncia a representação do artista João Trevisan. Sua prática opera a partir da escuta sensível dos objetos, dos materiais e dos lugares, explorando suas expressões com observação atenta.

Entrelaçando os campos da pintura e da escultura, em reoperações de um legado da arte abstrata brasileira, propõe um hibridismo de plataformas quando compõe pinturas com corpos de madeira que os ladeiam, explorando as possibilidades de abertura do aspecto bidimensional da pintura para um espaço tridimensional. O tempo de João Trevisan é alongado, tanto em sua feitura como quando se dá em contato com o observador.

Sobre o artista.

João Trevisan nasceu em Brasília, DF, 1986. O artista desenvolve sua produção artística em pintura, escultura e performance. Graduado em Direito e em Geografia, Trevisan começou sua trajetória artística em 2014. Objetiva explorar questões relativas a objetos e materiais em suas expressões através de observação atenta. Entrelaçando os campos da pintura e da escultura, em reoperações de um legado da arte abstrata brasileira, propõe um hibridismo de plataformas quando compõe pinturas com corpos de madeira que os ladeiam, explorando as possibilidades de abertura do aspecto bidimensional da pintura para um espaço tridimensional, exigindo o mesmo nível de tempo do observador que o longo período de produção dos trabalhos. Realizou exposições individuais em Paris, Bogotá, São Paulo e Brasília. Esteve em mostras coletivas no Brasil, Estados Unidos e Egito, e participou de programas de residência artística em Nova York e em São Paulo. Foi indicado ao Prêmio PIPA nas edições de 2019 e 2020. Seu trabalho integra coleções de relevantes instituições artísticas, como o Museu de Arte do Rio (MAR), Museu Nacional da República, Brasília, Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), Rio de Janeiro, Museu de Arte de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto, Museu de Artes Plásticas de Anápolis, Anápolis, e Casa de Cultura da América Latina, Brasília.

A obra de Luana Vitra em Nova Iorque.

A prática de Luana Vitra está profundamente enraizada em sua terra natal, Minas Gerais – região marcada pela extração mineral e pela intensa presença do ferro, elementos que atravessam sua produção de forma recorrente. Sua pesquisa se ancora em tradições filosóficas e espirituais da diáspora afro-brasileira, nas quais a terra é frequentemente compreendida como uma ancestral. Esta exposição no  SculptureCenter, Nova Iorque, USA, amplia as investigações recentes de Luana Vitra em torno da materialização da força energética e simbólica de elementos naturais como a pedra, o barro e a areia. Aqui, ela entende os minerais como mediadores entre mundos seculares e espirituais – receptores, condutores, transformadores e sedimentadores de energia -, atribuindo-lhes forma por meio de uma nova instalação escultórica.

Em “Amulets”, Luana Vitra convida o público a olhar para além das propriedades materiais dos minerais e de sua circulação como mercadorias, e a imaginar as dimensões espirituais a que pertencem. As formas que emergem em sua prática se tornam orações visuais, encantamentos ou manifestações de uma energia ancestral. A exposição “Amulets” se abre com uma cortina ultramarina – tonalidade associada ao lápis-lazúli, mineral tradicionalmente utilizado em rituais espirituais. As esculturas verticais em ferro – formas que surgiram à artista em sonhos – são concebidas como manifestações corpóreas do espírito mineral; a areia ao seu redor atua como proteção para o fluxo desses movimentos.

Luana Vitra: Amulets é organizada por Jovanna Venegas, curadora. Por ocasião da mostra, o SculptureCenter publicará o primeiro catálogo da artista em inglês (lançamento previsto para a primavera de 2025), com ensaio comissionado de Gabi Ngcobo, diretora do Kunstinstituut Melly (Roterdã); uma entrevista entre Luana Vitra e Diane Lima, curadora e escritora independente baseada em Nova York; e um texto curatorial de Jovanna Venegas. O projeto gráfico é assinado pelo Studio Lhooq.

Duas exposições na Paulo Darzé Galeria.

Na exposição “Arquétipos”, O Bastardo aprofunda sua investigação visual sobre a ancestralidade negra e seus desdobramentos simbólicos no presente, transformando suas figuras em portais entre passado, presente e futuro. A série de obras apresentadas parte de arquétipos ancestrais para tensionar o modo como essas imagens fundadoras atravessam a diáspora e se atualizam em corpos e narrativas contemporâneas.

A mostra “Arquétipos” será inaugurada no dia de 22 de julho e ficará disponível para visitação até o dia 23 de agosto, na Rua Dr. Chrysippo de Aguiar, 8, Corredor da Vitória, Salvador, BA.

Outra mostra que a Paula Darzé Galeria apresenta é a individual de Nádia Taquary, artsita baiana que vive e trabalha em Salvador. Cresceu em Valença, litoral baiano. Licenciada em Literatura  pela UCSal (Universidade Católica de Salvador/Bahia), pós-graduada em Estética, Semiologia e Cultura pela EBA-UFBA (Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia). A sua obra abrange esculturas, objetos-esculturas, instalações e videoinstalações que revelam uma investigação artística de uma poética relativa à História do Brasil, através de um olhar contemporâneo sobre a tradição, a herança africana, a ancestralidade diante da opressão e da esperança de liberdade.

Variedade de escalas e intensidades.

16/jul

A Anita Schwartz Galeria de Arte, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, exibe até 23 de agosto, a exposição “Quimera”, de Fernando Lindote.

Artista com trajetória de quase cinco décadas, reconhecida por diversas premiações no campo das artes plásticas, Fernando Lindote mergulha nesse gesto técnico e reflexivo a partir do estudo de diferentes períodos da História da Arte, da Filosofia e das formas de ver o mundo de cada época. Realizando pesquisas materiais com pigmentos e vernizes, o artista investiga como a tinta se comporta sobre a tela. A floresta, nesse contexto, torna-se metáfora e método: “uma grande pinacoteca”, como ele define poeticamente, nas quais inúmeras possibilidades de pintura estão guardadas.

Ao conceber as obras reunidas em “Quimera”, o artista pensou não apenas nas imagens, mas na forma como o público se relacionaria com elas no espaço da galeria. “Pensei essa relação do espectador com a distância dos trabalhos”, comenta. A mostra apresenta tanto telas que exigem distância para a percepção de suas camadas quanto obras menores, de leitura mais intimista. Essa variedade de escalas e intensidades cria um percurso visual dinâmico que exige presença, reforçando o entendimento do artista de que sua pintura “não se esgota na imagem e precisa ser vivida”.

Outro eixo central da exposição é a crítica ao modelo clássico de composição que coloca o sujeito no centro da cena. As obras reunidas em “Quimera” propõem uma reorganização da estrutura pictórica ao explorar o embate entre figura e fundo. Aqui, todos os elementos visuais disputam o olhar do visitante, num jogo de planos e protagonismos que remete a nomes como Henri Matisse. A referência ao conceito de mundanidade, proposto pelo pensador palestino-estadunidense Edward Said, aproxima a exposição dos debates contemporâneos sobre representação, história e política na arte

Sobre o artista.

Fernando Lindote nasceu em 1960, em Sant’ana do Livramento, RS, vive e trabalha na Ilha de Florianópolis, SC. Artista multimídia cuja prática artística transita por diversas linguagens como pintura, desenho, escultura, instalação e vídeo. Fernando Lindote explora questões relacionadas à cultura popular, memória, o corpo e suas representações. Participou de diversas exposições de destaque, como a Bienal de São Paulo e a Bienal do Mercosul, além de realizar mostras individuais no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e no Instituto Tomie Ohtake. Suas obras integram importantes coleções públicas e privadas, como a do Museu de Arte Contemporânea de Niterói e o Museu de Arte do Rio Grande do Sul. Ao longo de sua carreira, recebeu prêmios significativos, como o Prêmio Funarte de Arte Contemporânea, consolidando-se como uma figura relevante no cenário da arte contemporânea brasileira. Dentre suas exposições individuais, destacam-se Quanto pior, pior (Instituto Tomie Ohtake, 2023), Fernando Lindote: trair Macunaíma e avacalhar o Papagaio (MAR, 2015), e 1971 – a cisão da superfície (CCBB Rio, 2012). Participou de mostras como a 29ª Bienal de São Paulo (2010) e a 10ª Bienal do Mercosul (2015). Recebeu o Prêmio Marcantonio Vilaça (2017-2018) e o Prêmio Mário Pedrosa (2022), suas obras integram coleções como as do Museu de Arte Contemporânea de São Paulo e do Museu de Arte do Rio. Além de prêmios, como o de Aquisição no Salão Nacional de Artes Plásticas (1987), foi bolsista da Fundação Vitae.

O Tempo das Coisas Vivas.

O pensamento do filósofo e sociólogo francês Michel Maffesoli – Ecosofia – é o vetor poético da exposição coletiva “O Tempo das Coisas Vivas”, no Centro Cultural Correios Rio de Janeiro, com inauguração no dia 23 de julho de 2025. A partir da ideia de que a vida contemporânea se estrutura a partir interações dinâmicas e nem sempre harmônicas, ou seja, uma ecologia da vida cotidiana ancorada em um novo paradigma ético, estético e existencial a exposição percorre camadas invisíveis da experiência do viver, tensionando os limites da vida contemporânea diante da crise ecológica e da exaustão dos valores modernos.

Com curadoria de Shannon Botelho, a mostra apresenta obras dos artistas Ana Miguel, André Vargas, Beatriz Lindenberg, Bruno Romi, Cibelle Arcanjo, Cildo Meireles, Hilal Sami Hilal, Marina Schroeder, PV Dias, Rodrigo Braga, Simone Cosac Naify, Simone Dutra e Yhuri Cruz, e convoca os visitantes a desacelerar o olhar e a acolher os sinais do presente como indícios de outros futuros possíveis.