Bate-papo com Rose Afefé n’A Gentil Carioca

20/ago

Será no dia 24 de agosto, o encerramento da exposição “A vergonha quase me tirou a memória”. A Gentil Carioca e Rose Afefé convidam para uma conversa que começará às 14h na galeria e terá seu desfecho no Solar dos Abacaxis, onde a artista apresenta a obra-cidade “Terra do Pé Vermelho”.

A conversa começa n’A Gentil Carioca, onde a artista falará sobre a sua exposição “A vergonha quase me tirou a memória”, atualmente em exibição na galeria; o texto crítico é de Luiz Zerbini. As obras presentes na mostra surgem a partir de recortes das muitas recordações que Rose Afefé carrega de sua vida e infância no interior da Bahia. A artista, que em 2018 realizou a obra “Terra Afefé – uma microcidade levantada com terra na região da Chapada Diamantina” – traz desdobramentos da poética desse território em pinturas e instalações inéditas.

O bate-papo segue no Solar dos Abacaxis, onde Rose participa da exposição coletiva “Por uma outra ecologia: o que a matéria sabe sobre nós”, sob a curadoria de Matheus Morani e Thiago de Paula Souza. Nesta mostra, Rose Afefé apresenta o processo de fundação de uma nova cidade, chamada “Terra do Pé Vermelho”. A obra-cidade, concebida de forma fragmentada, tem como principal objetivo a circulação e redistribuição de recursos econômicos. Segundo Matheus Morani, “Rose a funda como um manifesto, estabelecendo um ecossistema financeiro que beneficia diretamente os moradores simbólicos desta Terra, em uma taxa de contrapartida social revertida à materialização de seus sonhos no valor de aquisição de cada uma destas fachadas. Assim como Terra Afefé, a Terra do Pé Vermelho se abre às comunidades para que habitem em seus mais diversos usos e desejos.”

E sábado é o último dia para visitar a exposição “Arqueologia de si”, de Novíssimo Edgar, que tem texto crítico da curadora Tamar Clarke-Brown.

Exposição de Hilal Sami Hilal

A Casa França-Brasil, Centro, Rio de Janeiro, RJ,  apresenta a exposição “Lugar de Passagem”, com mais de trinta obras de Hilal Sami Hilal, celebrado artista capixaba de origem síria, que já soma 50 anos de trajetória. A mostra é centrada no site specific “Artigo 3º”, um painel na técnica que criou e é uma característica de sua produção: o cobre vazado, rendado, filigranado. A obra, de 14,5 metros de comprimento por 3,5 metros de altura, composta por nomes de pessoas, atravessará a nave central da Casa França-Brasil, como um delicado muxarabi (treliça típica da arquitetura árabe). Criadas também especialmente para a mostra, estarão monotipias em papel de algodão feito à mão e vários pigmentos, da série “Alepo”, nos quais o público verá, nitidamente, os objetos decalcados. Entre elas, uma porta de 2,10 metros de altura, uma instalação com 40 monotipias sobre objetos pessoais e utensílios cotidianos, como roupas, pratos, copos e talheres, e ainda um grupo de obras onde o papel registrou azulejos partidos, quebrados. Também de 2024 são as duas obras “Sem título”, da série “Atlânticos”, em cobre, corrosão e oxidação, com 130cm de altura.

Em torno do site specific “Artigo 3º”, os curadores Marcus de Lontra Costa e Rafael Fortes Peixoto reuniram várias obras emblemáticas de Hilal Sami Hilal, como a instalação “Sherazade” (2007/2024), com 160 livros, com 80 mil páginas interligadas, ocupando aproximadamente uma área de cem metros quadrados no chão da entrada da exposição. “Lugar de passagem é também o lugar da arte, da vida”, diz Hilal Sami Hilal. Composto por nomes de pessoas, o título do trabalho é uma alusão ao terceiro artigo da Constituição brasileira, de 1988: “Construir uma sociedade livre, justa e solidária; garantir o desenvolvimento nacional; erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”. A ideia dos nomes veio originalmente a partir dos amigos do artista que o presenteavam com roupas de algodão, transformadas por ele em matéria-prima para fazer o papel artesanal. A esses nomes ele foi acrescentando outros. “É uma pele, transparente, e os nomes ficam como signos estéticos, os cidadãos brasileiros”, diz Hilal Sami Hilal. A obra é um desdobramento de um trabalho feito em 2003 para a exposição “Sal da Terra”, no Museu Vale, em Vila Velha, Espírito Santo, com curadoria de Paulo Reis (1960-2011).

O patrocínio da exposição é da Enel e do Governo do Estado do Rio de Janeiro/Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, através da Lei de Incentivo à Cultura. A organização é da MLC Produções Culturais.

Em cartaz até 20 de outubro.

Brasileiros em Nápolis

19/ago

A exposição “Vai, vai, saudade” apresenta a multitude da arte brasileira na Itália, com curadoria de Cristiano Raimondi. A mostra encontra-se no Madre – museo d’arte contemporanea Donnaregina, Via Luigi Settembrini, 79, 80139, em Nápolis. Apresentando a produção de artistas brasileiros, tem como destaques obras como In-mensa, de Cildo Meireles, a Via Sacra da Amazônia (Amazon Via Crucis), de Hélio Melo, o Livro da Arquitetura nº II, de Lygia Pape, além de diversas obras de Miriam Inez da Silva e de Sidney Amaral, uma sala dedicada a Heitor dos Prazeres e uma instalação de Lúcia Koch.

A salas que compõem a exposição são “notas de viagem” que se fundem para formar um itinerário expositivo livre, mas interligado de temas formais e conceituais, espirituais e terrenos, políticos e geográficos que, em conjunto, formam a base de uma narrativa que segue uma lógica novelesca. A série Via Sacra da Amazônia, de Hélio Melo, fez parte da exposição solo do artista realizada na galeria Almeida & Dale, São Paulo, SP, em 2023 com curadoria de Jacopo Crivelli Visconti.

A palavra do curador

Na visão do curador Raimondi, o Brasil é “Um país que provou ser capaz de construir uma identidade baseada na valorização do multiculturalismo e na fusão de múltiplas linguagens, desafiando a abordagem eurocêntrica e monolítica da história da arte”.

Sobre o museu

O Museo d’Arte Contemporanea Donnaregina, também conhecido como Museo Madre, ou Museu de Arte Contemporânea Donnaregina, é um museu de arte contemporânea em Nápolis, na Campânia, no sul da Itália. Está alojado no Palazzo Donnaregina, que lhe foi adaptado pelo arquiteto português Álvaro Siza Vieira.

Em exibição até 30 de setembro.

Nara Roesler SP exibe Julio Le Parc

05/ago

Exposição Julio Le Parc: Couleurs, 50 obras recentes e inéditas do gênio da arte cinética estarão em exibição na Galeria Nara Roesler São Paulo, Jardins, SP, a partir do dia 08 de agosto.

Trata-se da exposição “Julio Le Parc: Couleurs” do grande mestre da arte cinética. Pinturas, desenhos, um móbile em grandes dimensões, com quatro metros de altura por três metros e meio de largura, e duas estruturas luminosas – em que a luz interage diretamente com as placas cromáticas, provocando um efeito luminoso vertical e ascendente – ocuparão dois andares da Nara Roesler São Paulo. Ativo aos 96 anos, o artista argentino radicado em Paris desde os anos 1950, deu à exposição um título em francês, que significa “Cores”.

Entre as obras, está um conjunto de treze pinturas da série “Alquimias”, criadas este ano que, vistas de longe parecem nuvens cromáticas que vibram, e de perto se percebem as mínimas partículas de cor presentes nas composições. Nesses trabalhos que têm tamanhos que variam de três metros a 1,5 metro, Julio Le Parc se debruça sobre o estudo da cor, suas diferentes paletas e os resultados obtidos a partir da interação entre elas. Sua paleta é constituída de catorze tonalidades, que vem utilizando desde 1959, e que vai desde tons mais quentes, como o vermelho e o laranja, até os mais frios, como o azul e o roxo. No entanto, nas “Alquimias”, as cores são reduzidas a pequenos fragmentos, como se fossem partículas, que se agrupam e se organizam de diferentes maneiras. Vistas de longe, o espectador tem a sensação de estar diante de nuvens cromáticas que vibram conforme as tonalidades se friccionam entre si, mas, de perto, ficam visíveis as partículas de cor presentes nas composições.

Outra série pictórica presente na mostra na qual Julio Le Parc coloca lado a lado faixas de cor que vão dos tons mais quentes aos mais frios, e que através de esquemas sinuosos as cores se intercalam, criando uma superfície dinâmica. São elas “Ondes 174″ (2024), “Gamme 14 couleurs Variation 8″ (1972/2024), “Gamme 14 couleurs Variation 7″ (1972/2024) e “Théme 72-7″ (1973/2023), todas elas em tinta acrílica sobre tela.

Obras tridimensionais de Julio Le Parc, uma de suas marcas de beleza e de experimentos cinéticos, estão também na exposição: “Mobile Color” (2024), com placas de acrílico colorido suspensas por fio de nylon, totalizando quase quatro metros de altura por 3,5m de largura, em que o artista propõe a mesma transição cromática nas séries de pinturas expostas; e as duas estruturas luminosas – “Continuellumière” (1960/2023) e “Continuellumière – verte” (1960/2023), ambas em madeira, acrílico, luz e folha colorida, que contém placas de acrílico coloridas com padrões geométricos. Uma vez acesas, a luz interage diretamente com as placas cromáticas, provocando um efeito luminoso vertical e ascendente.

Um conjunto de 27 desenhos feitos em técnica mista sobre papel, com 29x21cm cada um, chamados de “Proyectos para alquimia”, revela ao público o processo criativo e experimental de Julio Le Parc, nos estudos de cor feitos para suas pinturas da série “Alquimia”. O principal interesse poético de Julio Le Parc é o estudo do movimento, que ao longo de sua trajetória foi explorado das mais diversas maneiras: por meio de pinturas, experimentações com espelhos e outras superfícies reflexivas, instalações, motores e mesmo instalações mais ousadas, como o conjunto que realizou para a Bienal de Veneza de 1966 que, para incluir o espectador, transformou a instalação em um parque de diversões.

Até 19 de outubro.

Carmela Gross na Fundação Iberê Camargo

01/ago

Denominada de “Boca do Inferno”, série de monotipias produzidas por Carmela Gross no Ateliê de Gravura da Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS, entrará em exibição a partir do dia 10 de agosto. Destaque da 34ª Bienal de São Paulo, a obra composta por 160 imagens foi escolhida para a primeira exposição individual da artista na Fundação Iberê Camargo.

Entre 2017 e 2018, a artista colecionou diversas fotos de vulcões publicadas em jornais e livros. A partir dessas imagens, ela desenvolveu a visualidade de cada uma, utilizando operações digitais para ampliar, recortar e simplificar suas formas em manchas compactas em preto e branco. Isso serviu de base para um exercício diário de reprodução dessa visualidade por meio de desenhos a nanquim e lápis sobre papel.

Com esses esboços em mãos, em 2019, Carmela Gross escolheu o Ateliê de Gravura da Fundação Iberê Camargo para uma imersão de duas semanas nos processos gráficos da monotipia, com a colaboração do artista e impressor Eduardo Haesbaert. Durante esse período, desenvolveu centenas de trabalhos: manchas escuras de tinta que seriam impressas sobre papel e seda, remetendo à ideia de uma grande explosão. “As formas de vulcão têm uma concentração na forma e no gesto dela, do traço, que deixa aquilo pulsante, parecendo que vai explodir”, recorda Eduardo Haesbaert, que foi impressor de Iberê Camargo nos últimos quatro anos de vida e produção do pintor.

Esse processo no Ateliê de Gravura ainda estava em andamento quando os curadores da 34ª Bienal de São Paulo, Paulo Miyada e Jacopo Crivelli Visconti, convidaram a artista para expor os trabalhos na Bienal. “Cento e sessenta vezes, Carmela Gross repete esse ciclo. A cada vez, uma nova erupção, uma nova silhueta, uma nova densidade do pigmento. Cada uma não é necessariamente melhor ou pior que a anterior. Com o acúmulo do fazer, entretanto, o movimento se desvencilha da tendência ao triângulo escaleno, adquirida no desenho repetido dos vulcões. A mancha se torna mais e mais uma mancha, conforme a artista insiste em seu labor. De tanto ser mancha, entretanto, torna-se também pedregulho, meteorito, buraco, tumor”, escreveu Paulo Miyada.

Agora, Carmela Gross apresenta integralmente as monotipias da série. A obra evoca o desabafo e a crítica social feroz do poeta baiano Gregório de Matos, conhecido como “Boca do Inferno”, no século XVII. Portanto, “Boca do Inferno” representa o produto de um processo poético de apreensão e elaboração, remetendo às ideias de vulcão, explosão e impacto, gerando uma verdadeira erupção visual.

“As obras de Carmela Gross parecem ser um exercício premonitório dos tristes acontecimentos recentes em nossa região. Vulcões, em vez das águas que também nos trouxeram destruição, como um retrato em negativo”, destaca Emilio Kalil, diretor-superintendente da Fundação Iberê Camargo, que precisou rever o cronograma de exposições devido à tragédia climática no Rio Grande do Sul: “Boca do Inferno” estava prevista para início de junho, mas Porto Alegre ainda não estava pronta para abrir algumas de suas instituições, nem mesmo para receber visitantes. Tudo havia sido tomado pelas águas, como uma lava”.

A exposição ocupará o terceiro andar da Fundação Iberê Camargo até o dia 17 de novembro.

Dois artistas na Paulo Darzé Galeria

29/jul

A exposição “Trilha dos ossos”, exibição individual de Fábio Magalhães, terá sua mostra na Paulo Darzé Galeria, Salvador, BA, com abertura no dia 30 de julho e também promove a abertura da exposição “Num rastro de relâmpago”, do fotógrafo Aristides Alves. .

Construída em três atos, a mostra “Trilha dos ossos” propõe uma reflexão sobre o tempo e a complexidade da condição humana diante do devir, tentando compreender e lidar com uma realidade inevitável: o fim experiência humana. A mostra tem curadoria de Tereza de Arruda.

Sobre o artista

Fábio Magalhães nasceu em Tanque Novo, Bahia, em 1982. Vive e trabalha em Salvador. Ao longo da carreira, realizou exposições individuais, a primeira em 2008, na Galeria de Arte da Aliança Francesa, em Salvador. Na sequência, “Jogos de significados” (2009), na Galeria do Conselho; “O grande corpo” (2011), Prêmio Matilde Mattos/FUNCEB, na Galeria do Conselho, ambas em Salvador; e “Retratos íntimos” (2013), na Galeria Laura Marsiaj, no Rio de Janeiro. Foi selecionado para o projeto Rumos Itaú Cultural 2011/2013. Entre as mostras coletivas estão: “Convite à viagem” – Rumos Artes Visuais, Itaú Cultural, em São Paulo; “O fio do abismo” – Rumos Artes Visuais, em Belém (PA); “Territórios”, Sala Funarte, em Recife (PE); “Espelho refletido”, Centro Cultural Helio Oiticica, no Rio de Janeiro (RJ); “Paraconsistente”, no ICBA, em Salvador (BA); 60º Salão de Abril, em Fortaleza (CE); 63º Salão Paranaense, em Curitiba (PR); XV Salão da Bahia, em Salvador (BA); e I Bienal do Triângulo, em Uberlândia (MG), entre outras. Entre os prêmios que recebeu, destacam-se: Prêmio Funarte Arte Contemporânea – Sala Nordeste; Prêmio Aquisição e Prêmio Júri Popular no I Salão Semear de Arte Contemporânea, em Aracaju (SE); Prêmio Fundação Cultural do Estado, em Vitória da Conquista (BA), e Menção Especial em Jequié (BA).

“A cada dia que entro no meu espaço de produção artística, reafirma-se em mim que a Arte nos dá a capacidade de imaginar e interagir criticamente com o mundo em que vivemos.”

Fábio Magalhães

A Paulo Darzé Galeria também promove a abertura da exposição “Num rastro de relâmpago”, do fotógrafo Aristides Alves. As fotos constroem uma narrativa com base na memória pessoal e familiar, mas com uma perspectiva universal, compondo um arco que contempla desde o firmamento até o interior do próprio corpo, em diálogo constante com a impermanência e a efemeridade.

Sobre o artista

Aristides Alves nasceu em Belo Horizonte. Desde 1972 mora em Salvador, onde se formou em Jornalismo e Comunicação pela Universidade Federal da Bahia. Realizou a exposição coletiva Fotobahia (1978/1984); foi coordenador do Núcleo de Fotografia da Fundação Cultural do Estado da Bahia, produziu e editou o livro A fotografia na Bahia (1839/2006). Foi um dos fundadores da primeira agência baiana de fotografia, a ASA, e correspondente da agência paulista de fotojornalismo F4. Participou da diretoria executiva da Rede de Produtores Culturais de Fotografia no Brasil e do Fórum Baiano de Fotografia. Realizou diversas exposições individuais e participou de importantes coletivas no Brasil e no exterior. Atualmente realiza trabalhos autorais, projetos editoriais, curadoria e montagem de exposições. Tem 19 livros publicados, dedicados à investigação da paisagem humana e natural do Brasil. Suas imagens estão nos acervos de importantes instituições culturais brasileiras: MAM-Bahia, MAM-Rio de Janeiro, MASP-São Paulo, Museu Afro Brasil-São Paulo e Museu da Fotografia Cidade de Curitiba.

Joana Vasconcelos na Baró Mallorca

24/jul

A primeira exposição de Joana Vasconcelos na Baró Galeria, está em cartaz em Palma de Mallorca, Espanha, até 31 de agosto. A exposição oferece uma visão abrangente da vasta obra de Joana Vasconcelos, apresentando instalações, esculturas, pinturas e desenhos recentes realizados ao longo dos últimos 10 anos, procurando destacar os principais temas na carreira da consagrada artista internacional.

Em Salvador urgências do mundo contemporâneo

10/jul

Por meio de uma parceria entre a Fundação Bienal de São Paulo e a Secretaria de Cultura do Estado da Bahia por meio do IPAC – Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia, o Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA) exibe uma seleção especial da 35ª Bienal de São Paulo – coreografias do impossível. Com curadoria de Diane Lima, Grada Kilomba, Hélio Menezes e Manuel Borja-Villel, a exposição, bem-sucedida em 2023 em termos de público e crítica, estará em exibição na capital soteropolitana até 28 de julho.

Salvador sedia uma das maiores exposições realizadas fora do Pavilhão da Bienal de São Paulo no Ibirapuera, com dezoito participantes: Citra Sasmita, Davi Pontes e Wallace Ferreira, Edgar Calel, Emanoel Araujo, Inaicyra Falcão, Julien Creuzet, Leilah Weinraub, Luiz de Abreu, M’Barek Bouhchichi, MAHKU, Malinche, Marilyn Boror Bor, Maya Deren, Quilombo Cafundó, Rosana Paulino, Simone Leigh e Madeleine Hunt-Ehrlich, Torkwase Dyson e Xica Manicongo.

A 35ª Bienal de São Paulo – coreografias do impossível explora as complexidades e urgências do mundo contemporâneo ao abordar obras que tratam de transformações sociais, políticas e culturais. A curadoria busca tensionar os espaços entre o possível e o impossível, o visível e o invisível, o real e o imaginário, ao ressaltar diversas questões e perspectivas de maneira  Para os curadores, é crucial que a exposição alcance mais cidades, transcendendo os limites do Pavilhão da Bienal. Segundo eles, “os debates propostos pela 35ª Bienal atravessam inúmeros territórios de todo o mundo; assim, não restringir as coreografias do impossível ao Pavilhão da Bienal é de extrema importância para o trabalho realizado”.

Andrea Pinheiro, presidente da Fundação Bienal de São Paulo, enfatiza a importância não apenas de levar as coreografias do impossível para um público mais amplo, mas também de fortalecer os laços entre as instituições. Bruno Monteiro, secretário de Cultura do Estado da Bahia, fala sobre a importância de receber um evento como a Bienal de São Paulo: “É uma responsabilidade muito grande para nós, do Governo do Estado da Bahia, recebermos a maior coleção da Bienal fora do pavilhão oficial. Isso é fruto de muita articulação e do compromisso que nós temos de valorização e difusão das expressões artísticas e culturais em nosso estado”, afirma.

Dois eventos

05/jul

A Gentil Carioca convida para dois eventos imperdíveis neste sábado, dia 06 de julho, no centro da cidade do Rio de Janeiro. Às 10h, Jarbas Lopes inaugura a exposição “poeta-poeta” no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica. Às 16h, Marcela Cantuária lança o catálogo da exposição “Transmutação: alquimia e resistência” no Paço Imperial, seguido de um bate-papo com a artista e a curadora Andressa Rocha.

A exposição “poeta-poeta”, de Jarbas Lopes, nasce a partir das leituras neoconcretas do artista sobre a série de poemas “Poetamenos” de Augusto de Campos. A mostra apresenta correlações experimentais entre livros, desenhos e instalações, integrando o processo que acompanhou a criação e publicação do “POETMINUS”, a primeira edição dos poemas em inglês, realizada pelo projeto Gráfica Editora Kadê, de Jarbas Lopes e Katerina Dimitrova.”POETAMENOS”, um conjunto de seis poemas coloridos, foi concebido em 1953 com estudos feitos à mão e depois datilografados com carbonos coloridos. Este trabalho é um marco da poesia brasileira e precursor da revolução poética da Poesia Concreta, criada por Décio Pignatari, Haroldo e Augusto de Campos a partir de 1956.

Até 03 de Agosto.

Às 16h, no Paço Imperial, Marcela Cantuária lança o catálogo da exposição “Transmutação: alquimia e resistência”, seguido de bate-papo gratuito e aberto ao público com a artista e uma das curadoras da mostra, Andressa Rocha. O catálogo, que conta com 72 páginas e textos de Aldones Nino, Andressa Rocha e Clara Anastácia, além de registros fotográficos realizados por Vicente de Mello, estará disponível tanto em formato físico quanto em e-book. A mostra, composta por obras recentes e inéditas, estará aberta até domingo, dia 07 de Julho.

Na Sala de vidro do MAM São Paulo

04/jul

Os avanços tecnológicos da corrida espacial entre os Estados Unidos e a antiga União Soviética, que culminou com a chegada do homem à Lua em 1969, estão no imaginário de Emmanuel Nassar. Mas o título de sua instalação Lataria Espacial, além dos aspectos científico e político, traz também um termo informal, que se refere a estruturas metálicas de veículos motorizados. Para o artista, lataria está associada ao termo “lata velha”, geralmente usado para designar o estado precário de grandes máquinas deterioradas. O trabalho aproxima opostos: a lataria envelhecida e com sinais de desgaste, o que há de primitivo e popular nas funilarias do subúrbio às missões espaciais e altamente tecnológicas que colaboraram para o desenvolvimento das comunicações via satélite. Há, nessa justaposição, algo do sonho e da fantasia de voar. Mas se o voo está ligado à imagem da liberdade que tanto aviões quanto pássaros evocam, uma das asas de Lataria Espacial está decepada, como se estivesse incrustada na parede. Dentro da Sala de Vidro do MAM São Paulo, a obra parece tratar mais da impossibilidade de levantar voos do que da completa realização do desejo de liberdade. O artista projetou e construiu seu próprio jato particular, que se assemelha aos aviões de brinquedo, mas é inspirado no modelo Phenom 300, da Embraer, que está entre os jatos executivos mais vendidos no mundo. Mas, em vez de fazer um elogio à alta performance e ao poder que uma aeronave de pequeno porte carrega, o artista aponta de modo irônico para as contradições sociais do país e para o contraste entre o imaginário da elite e do povo, justamente mostrando que essa separação já não é tão clara. Emmanuel Nassar valoriza as cores das chapas metálicas publicitárias e o que há de popular na periferia de centros urbanos, em especial de Belém do Pará. Embora, no presente trabalho, ele não se aproprie das placas descartadas, recorrendo ao zinco galvanizado, o conjunto de pinturas que formam o avião ecoa o improviso das soluções inventivas. Entre as marcas da poética de Emmanuel Nassar está o reconhecimento das gambiarras, as engenhocas provisórias, realizadas com poucos recursos, que resolvem problemas práticos do cotidiano. Lataria Espacial permite que os diversos públicos do MAM se divirtam ao serem recebidos com o prestígio e status de um tapete vermelho, brinquem, tirem selfies com a bagagem, como se estivessem prestes a embarcar num sonho que, embora não decole de modo literal, realiza-se na experiência única e generosa que a obra proporciona.

Cauê Alves (Curador-chefe do MAM São Paulo)

Sobre o artista

Emmanuel Nassar nasceu em 1949, em Capanema. Formou-se em Arquitetura pela Universidade Federal do Pará (UFPA) em 1975. Teve mostras retrospectivas, dentre as quais Lataria Espacial, Museu de Arte do Rio, (2022); EN: 81-18, Estação Pinacoteca, São Paulo, (2018); A Poesia da Gambiarra, com curadoria de Denise Mattar, Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro e Brasília, DF (2003); e Museu de Arte Moderna de São Paulo, (1998). Também realizou individuais em diferentes instituições, como: Galeria Millan, São Paulo, SP (2016, 2013, 2010, 2008, 2005, 2003); Museu Castro Maya, Rio de Janeiro, (2013); Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, Rio de Janeiro, (2012): Centro Universitário Maria Antonia, São Paulo, (2009); Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, (2003). Entre as mostras coletivas de que participou, se destacam I Bienal das Amazônias, Belém, Brasil; Brasil Futuro: as formas da democracia, Museu Nacional da República, Brasília, DF e Espaço Cultural Casa das Onze Janelas, Belém, PA, em 2023; Desvairar 22, Sesc Pinheiros, São Paulo, (2022); Crônicas Cariocas, Museu de Arte do Rio, (2021); Língua Solta, Museu da Língua Portuguesa, São Paulo, (2021); Potência e Adversidade, Pavilhão Branco e Pavilhão Preto, Campo Grande, Lisboa, Portugal (2017); Aquilo que Nos Une, Caixa Cultural Rio de Janeiro, (2016); 140 Caracteres, Museu de Arte Moderna de São Paulo, (2014); O Abrigo e o Terreno, Museu de Arte do Rio, (2013); Ensaios de Geopoética, 8ª Bienal do Mercosul, Porto Alegre, RS (2011); VI Bienal Internacional de Estandartes, Tijuana, México (2010); Fotografia Brasileira Contemporânea, Neuer Berliner Kunstverein, Berlim, Alemanha (2006); Brasil + 500 – Mostra do Redescobrimento, Fundação Bienal de São Paulo, (2000); 6ª Bienal de Cuenca, Equador (1998); 20ª e 24ª Bienal de São Paulo, SP (1998 e 1989); representação brasileira na Bienal de Veneza, Itália (1993); U-ABC, Stedelijk Museum, Amsterdã, Holanda; e a 3ª Bienal de Havana, Cuba (1989). Suas obras integram coleções como a Colección Patricia Phelps de Cisneros, Nova York e Caracas, Venezuela; Museu de Arte Moderna de São Paulo; Museu de Arte de São Paulo; Museu de Arte do Rio; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro; Museu de Arte Contemporânea de Niterói; Instituto Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto, e University Essex Museum, Inglaterra.

Até 25 de Agosto.