O fluxo de narrativas de José Rufino

18/set

Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa e Oi, através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura, apresentam – até 29 de outubro – a exposição inédita de José Rufino que ocupa três andares do Futuros – Arte e Tecnologia sendo esta a 24ª individual do artista apresentando instalação criada especialmente para a ocupação, e integrou a programação paralela da ArtRio 2023.

Durante mais de 20 anos, José Rufino conciliou a carreira de geólogo e paleontólogo com a de artista visual, iniciada em 1984 – à qual se dedica integralmente há quase três décadas. A influência do trabalho científico em sua produção artística se iniciou de forma esporádica e instintiva, mas ganhou importância crescente em sua pesquisa ao longo do tempo. O “Projeto Fossilium” se propõe a ser um divisor de águas na trajetória do artista ao radicalizar de forma definitiva a junção entre os dois saberes, enquanto lados indissociáveis de sua obra poético-científica. A curadoria é de Franklin Espath Pedroso.

“Sempre disse que a arte tinha surgido para completar aquilo que a ciência e a paleontologia não me permitem ficcionar, subverter o estado das coisas da natureza. O paleontólogo só pode medir, comparar, dar nome científico, enfim, não pode inventar. E por isso vinha a arte, para completar esse outro lado”, explica José Rufino. Ao longo dos anos, compreendeu a ciência também com gosto do pesquisador e com mais sensibilidade. E por outro lado, foi entendendo que a arte também precisava de métodos. “Hoje entendo a arte como ciência da arte. Ela passou a ser encarada como área de conhecimento pelo CNPq desde os anos 80, então não tenho mais pudor de chamar hoje de Ciência da Arte, assim como existem as Ciências Humanas, Exatas e Naturais”, completa.

“Ao propor esse projeto percebi que Rufino já tinha claramente esses dois lados manifestos, que havia espaço para um aprofundamento mais contundente dessa pesquisa que ele vinha desenvolvendo, mas ainda não tão evidenciada em sua obra. Acredito que ele agora teve a ousadia necessária para estabelecer essa comunhão”, analisa Franklin Pedroso, curador da mostra.

“O Projeto Fossilium promove um fluxo de narrativas nas quais se misturam temporalidades, realidade e ficção em um trânsito entre arte, ciência, história e natureza. Esta abordagem de Rufino está em total sintonia com a proposta do nosso espaço”, destaca o diretor artístico do Futuros – Arte e Tecnologia, Felipe de Assis.

A ocupação do Futuros – Arte e Tecnologia começa no térreo, onde vídeos de making of de José Rufino em seu ateliê na Paraíba e uma videoarte produzida pelo artista serão exibidos nos três monitores próximos à escada e no videowall, respectivamente. Nos três andares seguintes, Fossilium recria o percurso do cientista – desde a pesquisa de campo, a coleta de materiais, passando pela catalogação e identificação até a exibição -, desta vez, no entanto, munido da fantasia, da abertura para a ficção próprias do fazer artístico.

Batizado de Mente et Maleo – lema universal da Geologia que significa Mente e Martelo -, o espaço expositivo do primeiro andar, abrigará obras criadas a partir de objetos e impressões coletadas em expedições realizadas por José Rufino em regiões do Cariri, Sertão, Curimataú, Agreste, Seridó e litoral da Paraíba, estado natal do artista, formando uma espécie de reserva técnica,  como se um cientista tivesse acabado de chegar de suas expedições, desembalando os materiais de campo, para começar a classificá-los e apresentá-los ao público. Assim como o paleontólogo resgata histórias, fragmentadas em provas de vida condensadas pelo peso do tempo, José Rufino busca novas possibilidades de um resgate afetivo das memórias, estabelecendo narrativas que buscam unir passado e o presente, marca recorrente de sua trajetória artística.

O nome do segundo andar da mostra, De Natura Fossilium (Sobre a natureza dos fósseis, em latim), mote da exposição, repete o título de um dos livros do cientista alemão Georgius Agricola (1494-1555), considerado o “pai da mineralogia”: “Na época de Agricola, a palavra fóssil tinha um significado mais amplo e se referia a minerais, fósseis, tudo que era retirado do chão”, conta José Rufino. Nesse espaço, cria seu museu imaginário e expande a relação entre a arte e a ciência em peças onde os dois campos se fundem e confundem. Pedras, gesso, ferro, folhagens, areia, conchas, ossos, concreto e terra são alguns dos materiais que dão origem a fósseis quiméricos, mas cuja abstração não se desprende de todo a uma lógica científica, evidenciando a comunhão entre os dois saberes na obra do artista. Compõem ainda a mostra intervenções sobre fotografias e gravuras, algumas com mais de cem anos, que foram as primeiras representações de tempos passados, os paleoambientes.

José Rufino aproveita a ocasião para levantar uma questão que acredita ser fundamental – em nenhuma das obras são utilizados fósseis reais, fato que será sinalizado na exposição. Por seu valor histórico-científico, a legislação brasileira não permite o uso nem a posse particular desses materiais: “Acho pertinente e apropriado em uma mostra que fala sobre o assunto salientar esse fato para o público e alertar inclusive para o tráfico internacional de fósseis e a falta de cuidado com o patrimônio geológico-paleontológico”, destaca.

A última parte da mostra – cujo nome também se apropria do nome de um livro de Agricola, De re mettalica (Da questão dos metais) – ocupa o terceiro andar da instituição, onde José Rufino cria uma instalação site specific sobre a mineração. A obra versa sobre a relação do ser humano com a natureza, os bens minerais como fonte de lucro, o ciclo de decomposição das rochas e a evolução da vida. Blocos de basalto, tecidos com fotografias e desenhos, almofadas pneumáticas e pontas de perfuração usadas na mineração são algumas das peças que são ressignificadas pelo artista em um cenário cujo tom catastrófico convida o público a refletir sobre a urgência do assunto.

Depois de enfrentar, no início da carreira, certa resistência em relação à coexistência entre as duas atividades, José Rufino acredita ter hoje seus dois “eus” um pouco melhor compreendidos: “Havia uma espécie de limbo onde por vezes eu me sentia, como se cada lado me diminuísse em relação ao outro, como se fosse uma coexistência proibida, campos incompatíveis e inconciliáveis”, acredita. Hoje, se entende cada vez mais à vontade como produto desses dois saberes. “Essa mostra é como uma retomada de terreno, de pensamento. Por isso a considero a mais importante de todo o meu percurso artístico. É uma espécie de transe entre as epistemologias da geologia, paleontologia e arte. É um desafio enorme, como se eu estivesse tentando, de fato, propor uma área de atuação conjunta”.

Franklin Pedroso endossa o pensamento do artista e completa: “Ao percorrer a exposição, o visitante é instigado a questionar nossa história, a ciência e, sobretudo, o papel da arte. José Rufino assume o desafio de um grande artista, cujo trabalho transcende as fronteiras da arte e da ciência, deixando um legado de questionamentos sobre a preservação do patrimônio natural e reflexões sobre nosso passado, presente e futuro”.

Sobre o artista

José Rufino (José Augusto Costa de Almeida) nasceu em 1965, em João Pessoa, Paraíba, onde vive e trabalha. Artista e professor de Artes Visuais da Universidade Federal da Paraíba. Ao longo dos 35 anos de trajetória, participou de mais de 300 exposições no Brasil e exterior, entre individuais e coletivas. Desenvolveu sua jornada artística passando da poesia para a poesia-visual e, em seguida, para a arte-postal e desenhos, ainda nos anos 1980.  O universo do declínio das plantações de cana-de-açúcar no Brasil conduziu seu trabalho inicial em desenhos e instalações com mobiliário e documentos de família e institucionais. Nos anos 90, deu início a uma longa série de instalações, Respiratio, Lacrymatio, Plasmatio, Faustus, Ulysses, Divortium Aquarum, dentre outras, sempre vinculadas a questões sociais e políticas. Realizou grandes individuais, em espaços como Museu de Arte Contemporânea de Niterói; Museu Oscar Niemeyer, Curitiba; Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro; Casa França Brasil, Rio de Janeiro; Museu Andy Warhol, Pittsburgh, USA; e Palácio das Artes, Porto, Portugal.  Participou de Bienais como a 25ª Bienal Internacional de São Paulo, e das Bienais de Havana, Venezuela, Mercosul, Curitiba e Bienal de Cerveira, em Portugal. Integrou em 2019, a Bienal Internacional de Gaia, também em Portugal. Em 2016 ganhou o prêmio Mário Pedrosa – Artista Contemporâneo, da Associação Brasileira de Críticos de Arte. Tem realizado incursões nas linguagens cinematográfica e literária, sendo autor do livro Afagos, editado pela Cosac e Naif, e do livro Desviver, ainda inédito, mas que ganhou o prêmio Bolsa de Criação Literária da Funarte. Produziu os livros de artista “Olholho” e “Mosto”, ambos com tiragem assinada de 100 exemplares. Diálogos dicotômicos entre memória e esquecimento, opulência e decadência ou público e privado contaminam sua produção por completo.

Sobre o curador

Franklin Espath Pedroso é arquiteto formado pela Universidade Santa Úrsula no Rio de Janeiro (1987), cursou o Mestrado em História e Crítica da Arte na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Especializou-se também em Art Administration pela New York University. Além de atuar como curador independente, ocupa-se da coordenação de montagens e produção de exposições. Foi professor adjunto no curso de Arquitetura das Faculdades Integradas Silva e Souza de 1988 a 1992. Foi curador-adjunto da IV Bienal do Mercosul. Foi curador-geral adjunto da Mostra do Redescobrimento em São Paulo e curador dos módulos Moderno e Contemporâneo. É membro do Conselho Curatorial do Instituto de Arte Contemporânea em São Paulo. Realizou também curadoria de mostras no Museo de Arte Moderno de Buenos Aires, CAPC de Bordeaux, National Museum of Women in the Arts em Washington, bem como coordenou diversas mostras como Body and Soul no Guggenheim Museum de Nova York, Museo de Bellas Artes em Santiago, Fundación PROA, Centro de Arte Recoleta e Museo de Bellas Artes, ambos em Buenos Aires. Realizou a curadoria da retrospectiva do artista Luis Felipe Noé para o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, a exposição da artista Silvia Rivas no Museo de Arte Latino Americano Eduardo Costantini em Buenos Aires e organizou o livro sobre o Palácio Pereda, também em Buenos Aires. Foi curador assistente da coleção do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, tendo experiência também no Museum of Modern Art de Nova York trabalhando na produção, organização e montagem de exposições. Realizou design e execução de montagem de outras exposições, além de ter coordenado a montagem das Salas Especiais da 23ª Bienal Internacional de São Paulo. Sua experiência internacional se estende à produção de exposições de arte em importantes instituições de Nova York, Washington, Chicago, Paris, Bordeaux, Glasgow, Colônia, Sevilla, Lisboa, Copenhagen, entre outras.

Galerias

As galerias do centro cultural já foram ocupadas por expoentes internacionais de diversas vertentes, como Andy Warhol, Nam June Paik, Tony Oursler, Jean-Luc Godard, Pierre et Gilles, David Lachapelle, Chantal Akerman; e brasileiros como Luiz Zerbini, Rosângela Rennó, Daniel Senise, Lenora de Barros, Iran do Espírito Santo, Arthur Omar, Marcos Chaves e outros. Nas artes cênicas, o espaço foi palco de espetáculos inéditos e premiados de Felipe Hirsh, Gerald Thomas, Enrique Diaz, Antonio Abujamra, Denise Stoklos, Victor Garcia Peralta, Aderbal Freire, João Fonseca e outros. Com quase duas décadas de trajetória, Futuros – Arte e Tecnologia também sediou diversos eventos de destaque na cena cultural carioca, incluindo Festival do Rio, Panorama de Dança, FIL, Multiplicidade, Novas Frequências e Tempo_Festival, sendo os três últimos especialmente concebidos para a instituição.

Oiticica e artistas modernos e contemporâneos.

15/set

 

Em 1986, foi realizada a primeira exposição póstuma de Hélio Oiticica (1937 – 1980), organizada pelo Projeto HO, na época coordenado por Lygia Pape, Luciano Figueiredo e Wally Salomão. Para essa mostra, que se chamava “O q faço é música” e foi realizada na Galeria de Arte São Paulo, o projeto produziu edições únicas das icônicas obras “Relevo Espacial, 1959/1986” e “Parangolé P4 Capa 1, 1964/1986”,  para arrecadar fundos para a organização, catalogação e conservação das obras e documentos deixados pelo artista. Desde então, essas obras permaneceram em uma coleção particular, e agora voltam a público, depois de 37 anos, sendo o ponto de partida para a exposição “O que há de música em você”, na Galeria Athena, Rio de Janeiro, RJ, com curadoria de Fernanda Lopes.

 

Icônicas para o desenvolvimento do pensamento de Oiticica, as duas obras são de grande importância – o “Parangolé”, inclusive, foi vestido por Caetano Veloso na época de sua criação. Partindo delas, e da célebre frase de Hélio Oiticica: “O q faço é música”, a exposição apresenta um diálogo com fotografias, vídeos, objetos e performances de outros 20 artistas, entre modernos e contemporâneos, como Alair Gomes, Alexander Calder, Aluísio Carvão, Andro de Silva, Atelier Sanitário, Ayla Tavares, Celeida Tostes, Ernesto Neto, Felipe Abdala, Felippe Moraes, Flavio de Carvalho, Frederico Filippi, Gustavo Prado, Hélio Oiticica, Hugo Houayek, Leda Catunda, Manuel Messias, Marcelo Cidade, Rafael Alonso, Raquel Versieux, Sonia Andrade, Tunga e Vanderlei Lopes. Na fachada da galeria estará a grande obra “Chuá!!!”, de Hugo Houayek, feita em lona azul.

 

Os diálogos, em diversas formas, seja por um aspecto mais literal da ideia de música, de movimento, seja pela questão da cor e por discussões levantadas por Hélio Oiticica naquele momento que continuam atuais. “A ideia geral é tentar pensar, como pano de fundo, como o Hélio traz questões da passagem para o contemporâneo que continuam sendo debatidas e que estão vivas até hoje de diferentes maneiras”, afirma a curadora Fernanda Lopes.

 

A relação de Hélio Oiticica com o samba e com a Estação Primeira de Mangueira é bastante conhecida, mas a curadora também quer ampliar essa questão. “Quando Hélio fala de música, ele não está se referindo só ao samba, mas também ao rock, que é o que ele vai encontrar quando chega em Nova York. Para ele, são ideias de música libertárias, pois dança-se sozinho, sem coreografia, são apostas no improviso, no delírio. Acho que a partir disso é possível fazer um paralelo com a discussão de arte, repensando seu lugar, seus limites, suas definições e repensando também a própria ideia e o papel da arte”, afirma a curadora.

 

Obras em exposição 

 

Diversas relações são criadas na exposição. Obras que fazem referência mais direta ao samba, como a pintura “Duas Mulatas” (1966), de Flávio de Carvalho, e a obra de Manuel Messias, encontram-se na mostra. “São referências mais literais, de artistas que tinham no samba um lugar de ação, não uma ilustração”, conta a curadora. Ampliando a questão musical, chega-se ao movimento, à movimentação dos corpos, que está sempre associado à música. Na exposição, essas relações são criadas, por exemplo, com os trabalhos de Aloísio Carvão e Celeida Tostes. Composto por uma caixa branca contendo círculos não uniformes, separados por tons diferentes, que vão do amarelo ao vermelho, a obra “Aquário II” (1967), de Aloísio Carvão, dialoga com o trabalho de Oiticica não só por ter a cor como guia, mas também pela ideia de movimento. “Esta obra, de certa forma, também tem algo rítmico ou uma possibilidade de reconhecer isso nessas peças, uma vez que depende do vento ou de outra situação que aconteça no espaço para que as peças se movimentem”, diz Fernanda Lopes. Desta mesma forma, o trabalho de Celeida Tostes, composto por cerca de 60 peças em cerâmica, com formatos circulares vazados no meio, com variações de cores em tons terrosos, sugere um ritmo pela organização modular. Ainda na ideia de movimento, está o trabalho “Escultura mole”, dos anos 1970, de Alexandre Calder, feito em tecelagem, com uma espécie de rede, que, além de resgatar a história, por ser um elemento característico do Brasil e América Latina, remete à ideia de movimento. Na exposição, as questões sobre música estão ampliadas, e a curadora quis trazer outros aspectos, como a dimensão social do samba. “Não é só um estilo musical, existe um confronto de alguma maneira, não é só entretenimento, mas também um lugar de disputa”, afirma. Dentro deste pensamento, está na exposição um tacape (arma indígena), de Tunga. Além disso, alguns trabalhos apostam ou se valem de um desconforto, que esteve presente na figura de Hélio Oiticica. Por exemplo, quando ocorreu a exposição na White Chapel, em Londres, em 1969, muita gente adorou o fato de ele ter colocado areia de praia no chão, mas outras pessoas se incomodaram de terem que tirar o sapato, assim como houve críticas na imprensa. Remetendo a isso, estão os trabalho de Andro de Silva, com palhaços chorando, uma grande pintura de Rafael Alonso, medindo 1,30X1,70, que traz uma imagem incômoda para a vista, e três vídeos de “Sem título”, de Sonia Andrade, que causam apreensão – em um deles ela está com a mão aberta em uma superfície com um prego entre cada dedo, tentando não errar a direção do martelo; em outro, ela depila os pelos de partes do corpo, como os da sobrancelha, e no terceiro, aperta um fio em parte do rosto.

 

Sobre o Projeto HO

 

Em 1981, os irmãos de Hélio Oiticica, Cesar e Claudio, diante da urgência do desafio de guardar, preservar, estudar e difundir a sua obra, formularam o Projeto Hélio Oiticica, uma associação sem fins lucrativos com esses objetivos. Contando com a construção inicial de companheiros e amigos de Hélio Oiticica, com os quais formou-se um conselho e uma coordenação, e com fundos provenientes da venda de obras de terceiros pertencentes ao acervo da família, instalou-se o Projeto HO. Os membros do Projeto, apesar de trabalhando sem remuneração, e durante suas horas de lazer, conseguiram uma série crescente de realizações entre as quais merecem destaque a publicação do livro de textos: ‘Aspiro ao grande labirinto’ e as exposições retrospectivas realizadas em Rotterdam, Paris, Barcelona, Lisboa e Minneapolis com a edição de respectivos catálogos. Além disso, houve a participação em 16 exposições no Brasil, sendo 10 coletivas e seis individuais e 12 exposições no exterior, sendo 11 coletivas e uma individual. Em 1996, foi inaugurado o Centro de Arte Hélio Oiticica com a grande retrospectiva que havia percorrido a Europa e os Estados Unidos, posteriormente, o acervo participou de 39 exposições no Brasil, 11 individuais e 28 coletivas, e de 51 exposições no exterior, sendo 9 individuais e 42 coletivas.

 

Sala Casa

 

No mesmo foi inaugurada a exposição “Jonas Arrabal – Ensaio sobre uma duna”, com trabalhos inéditos em diversas mídias, reunidos em conjunto, como uma grande instalação pensada especialmente para ocupar a Sala Casa da Galeria Athena. Bronze, sal, chumbo, betume e resíduos orgânicos são alguns exemplos de materiais utilizados pelo artista nos últimos anos, traduzidos aqui entre objetos e desenhos. Em sua pesquisa poética há um interesse particular sobre o tempo e a memória, numa aproximação com a ecologia, meio ambiente e a história, propondo uma reflexão sobre a transformação constante das coisas, dos lugares e como isso nos afeta e nos permite novas percepções. “Em seus trabalhos há uma operação que transita entre a invisibilidade e a visibilidade, transições e apagamentos concretos (conscientes ou não) numa aproximação com elementos da natureza, opondo materiais industriais com orgânicos, propondo novas mutações”, diz a curadora Fernanda Lopes.

 

Até 10 de novembro.

 

 

Arte fluminense em Madrid

01/set

A mostra “Notícias do Brasil: Carybé, Cícero Dias e Glauco Rodrigues”, composta por obras dos três artistas pertencentes ao acervo do Sesc RJ que foram recuperadas e recolocadas no circuito expositivo, entram em exibição em Madri, Espanha, de 08 de setembro a 07 de outubro. A mostra será na Casa de América, um dos mais importantes centros de arte da Espanha.

A exposição é uma das atrações do Festival ¡Hola Rio!, ação inédita de internacionalização da arte produzida no estado do Rio de Janeiro e realizada pela Casa de América, Sesc RJ e Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa com o apoio de diversos parceiros, entre eles, a prefeitura da capital espanhola.

A mostra estreou em janeiro de 2022 no Espaço Cultural Arte Sesc em celebração ao centenário da Semana de Arte Moderna. Ela marcou a reabertura do ambiente, após a instituição restaurar a Mansão Figner – casarão centenário que foi residência do empresário considerado o pioneiro da indústria fonográfica no Brasil, Frederico Figner.

A proposta do espaço cultural localizado no bairro do Flamengo, além de apresentar uma série de manifestações artísticas, foi publicizar o acervo de obras de arte do Sesc RJ. São mais de 500 peças que estão sendo recuperadas e tornadas públicas por meio de diferentes recortes curatoriais – entre eles a exposição “Notícias do Brasil”.

Com curadoria de Marcelo Campos e Pollyana Quintella, “Notícias do Brasil” é composta por 48 gravuras através das quais é possível perceber um Brasil de forte tradição popular, nas festas, nas relações interétnicas, nas vendedoras de tabuleiro, nas janelas e sacadas dos sobrados coloniais.

“Carybé, Cícero Dias e Glauco Rodrigues noticiaram um Brasil por entre as frestas das janelas, nas praças públicas, nas festas de largo. E, assim, escancararam singularidades étnico-raciais, tanto em personagens quanto nos fatos culturais que vão das tradições afro-religiosas, do catolicismo popular à prostituição. Esses artistas perceberam que o país do futuro já se desenhava pelos avessos da história. Seus heróis advêm do povo. Seus afetos se revelam através das janelas, nos interiores das casas. Suas praças são repletas de comércios informais, vendedoras de acarajé, na compra e venda do pescado”, reflete Marcelo Campos.

 

Nova instalação de Siron Franco

31/ago

A Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, na Universidade de São Paulo (USP), inaugura a exposição “Garimpo, o carvão e o ouro”, de Siron Franco. O evento de abertura será às 18h desta quinta-feira (31/8), na capital paulista.
Conhecido por entrelaçar arte com temas sociais e políticos, Siron Franco traz uma coletânea de trabalhos atualíssimos que abordam as riquezas e desafios daAmazônia.

Sob a curadoria de Luiz Armando Bagolin, com o auxílio de Fabrício Reiner e em parceria com a galeria Almeida & Dale, a exposição promete ser uma experiência única e imersiva. A exposição segue até 03 de novembro.

 

O legado de Emanoel Araujo

30/ago

 

Texto de apresentação da Galeria Jack Shainman que agora representa o legado de Emanoel Araujo!

 

A Galeria Jack Shainman tem a honra de anunciar a representação do Espólio de Emanoel Araújo e a próxima exposição Emanoel Araújo. Esta não será apenas sua apresentação de estreia na galeria, mas também o primeiro grande levantamento de sua obra em Nova York desde os anos 1980. O falecido artista, curador e colecionador brasileiro teve uma carreira que desafiou qualquer categorização; Emanoel Araújo forjou plataformas pessoais e públicas para expressar as nuances da vida e da cultura afro-brasileira – repensando as filosofias da estética moderna, criando espaço para artistas marginalizados exibirem seus trabalhos e preservando a história material de sua herança ancestral em uma época anterior à cultura afro-brasileira. vozes foram defendidas por audiências regionais ou internacionais.

 

Sobre o artista

 

Nascido em 1940 em Santo Amaro da Purificação, Bahia, em uma família modesta de ourives afro-brasileiros, a adolescência de Araújo orbitou a produção criativa – ao longo de sua juventude trabalhando tanto com o marceneiro e entalhador Eufrásio Vargas quanto como designer gráfico para sua Imprensa Oficial da cidade natal. Após sua primeira exposição individual em Santo Amaro da Purificação, em 1959, matriculou-se na Escola de Belas Artes da Bahia, em Salvador. Ainda na escola, estudou gravura – na linha de seus predecessores modernos e contemporâneos Lygia Clark, Hélio Oiticica e Lygia Pape – desenvolvendo uma prática orientada para a expressão comunitária e a abstração geométrica. Desde o início, Emanoel Araújo se preocupou em trabalhar com mídias gráficas e tridimensionais, divergindo da apropriação da abstração da tradição colonial européia – visualizando o Modernismo nascido de um contexto singularmente brasileiro e compreendendo a capacidade da abstração de inflamar o poder político e a transformação social.

 

O trabalho de Araújo funciona em múltiplos registros, mesclando a linguagem formal desenvolvida em seus estudos, o abraço sem remorso de sua identidade queer, negra e brasileira e as intrincadas ideologias de sua vida como curador e colecionador de arte e artefatos afro-brasileiros. Com figuras simplificadas, estruturas primárias e palatos de alto contraste, suas gravuras, relevos e esculturas são montagens de referência: um mosaico de sua criação na capital afro-brasileira, traumas herdados do comércio transatlântico de escravos no Brasil, padrões nigerianos e beninenses têxteis e símbolos iorubás dos espíritos dos orixás. Embutida em seu trabalho está uma crioulização, reunindo segmentos de obras anteriores e objetos encontrados que cortam, interferem, refratam no plano da imagem – refletindo a grande dimensão da sociedade em camadas do Brasil; celebrando a vida cotidiana além dos epicentros internacionais do Rio de Janeiro e desmantelando o racismo sistêmico de dentro do estúdio e da instituição para promover, exibir e colecionar seu trabalho e o de outros artistas afro-brasileiros.

 

No centro da carreira criativa e profissional de Emanoel Araújo estava a ambição de desafiar a si mesmo e ao seu país para superar as adversidades e imaginar uma sociedade mais inclusiva através da arte, em vez de se contorcer ao mercado ou ao establishment. Ao longo de sua vida, suas realizações incluíram transformar a Pinacoteca de São Paulo em um museu de renome internacional, fundar a primeira instituição estabelecida por artistas no Brasil dedicada a promover o trabalho de artistas negros (Museu Afro-Brasil) e acumular um arquivo de cerca de seis mil objetos e quatro mil documentos da diáspora afro-brasileira. Emanoel Araújo era um visionário, afirmando corajosamente sua presença criativa de uma forma grandiosa, totêmica e vibrante; sua vida compreende um retrato de uma nação e geração, e as infinitas complexidades dentro delas.

 

Siron Franco no Farol Santander

10/ago

Está marcada para o dia 15 de agosto a abertura da mostra “Siron Franco – Armadilha para capturar sonhos”, no Farol Santander, Porto Alegre, RS. Serão 63 pinturas, executadas de 1973 a 2023, selecionadas por Gabriel Perez Barreiro no acervo do colecionador Justo Werlang. Por seu caráter quase retrospectivo, viabiliza a imersão em seu universo visual e pensamento, tão ligados às realidades e desafios do país.

Além das pinturas, a mostra conta com: 7 pequenos vídeos de cerca de 3 minutos, dispostos junto aos núcleos em que se organiza a mostra, nos quais o artista traz elementos relativos a cada conjunto de obras; e, o documentário “Siron – Tempo Sobre Tela” (2019) de André Guerreiro Lopes e Rodrigo Campos, quase totalmente a partir do arquivo pessoal do artista, oferecendo transparência sobre sua vida e processo criativo. Diversas obras serão exibidas pela primeira vez nesta exposição. A última mostra de Siron Franco na capital gaúcha ocorreu há 22 anos.

Com curadoria de Gabriel Pérez-Barreiro, a mostra é composta por sete núcleos expositivos que agrupam as obras a partir dos temas Cosmos, Segredos, Mitos, Homem, Biomas, Violência e Césio. Cada núcleo apresenta também um breve vídeo com o próprio artista comentando cada um dos temas e seu processo de trabalho. Além das pinturas, a exposição exibe o documentário “Siron. Tempo Sobre Tela” (Brasil, 2019, 91 min), filme dirigido por André Guerreiro Lopes e Rodrigo Campos. Com foco no tempo que brota da interação de um arquivo pessoal inédito com novas filmagens, o documentário ilumina a personalidade inquieta e a mente criadora do artista, encadeando pensamentos e memórias em associações inusitadas e reveladoras.

“Para mim, será uma alegria ver essas obras todas juntas, reunidas em uma mesma mostra. Nesta seleção há um pouco da história recente do Brasil”, afirma Siron.

Muitas das obras que fazem parte da exposição serão mostradas pela primeira vez ao público, como A Grande Rede, pintura realizada em 2023. Elas fazem parte da coleção particular de arte contemporânea de Justo Werlang. Durante a exposição, será lançado o livro das obras de Siron Franco presentes na coleção, incluindo objetos, esculturas e pinturas, além de entrevistas e textos inéditos de Gabriel Pérez-Barreiro, Cauê Alves e Angel Calvo Ulloa. Com cerca de 250 páginas, a publicação da editora Cosac&Naify tem coordenação editorial de Charles Cosac, Fabiana Werneck e Gabriel Pérez-Barreiro.

“Apresentar a exposição Armadilha para Capturar Sonhos é uma homenagem que o Farol Santander Porto Alegre presta ao artista plástico goiano Siron Franco. A mostra encanta por nos fazer navegar pelos vários mundos que o artista transita, tanto na figuração quanto na abstração, mas sempre com o propósito de chamar a atenção para temas importantes para refletirmos”, afirma Maitê Leite, Vice-presidente Executiva Institucional Santander Brasil.

A linguagem visual de Siron oscila entre a figuração (em que as imagens são apresentadas com clareza) e as abstrações (em que a pintura não representa objetos do mundo, mas cria uma impressão geral e uma energia). Suas pinturas são frequentemente constituídas de muitas camadas que se sobrepõem, escondidas pela camada mais superficial e visível aos olhos do espectador. Pérez-Barreiro explica: “Desde a década de 1970, o trabalho de Siron tem abordado de forma sistemática quase todas as questões que são dominantes na arte brasileira e internacional dos dias de hoje: catástrofe ambiental, discriminação, violência, injustiça, corrupção, raça, gênero, classe e assim por diante. Mas, ao mesmo tempo, seu trabalho teimosamente não é sobre essas questões. Siron é um artista que constantemente confunde as expectativas”.

“Porto Alegre é, para mim, uma espécie de lugar onde eu nasci. Minha primeira exposição na cidade aconteceu em 1972, quando ainda era muito jovem. É um lugar onde tenho muitos amigos e colecionadores”, afirma Siron Franco. Dessa forma, a exposição é também uma oportunidade para o público porto-alegrense revisitar a obra de Siron Franco que, há 22 anos, não tinha um conjunto tão representativo de seu trabalho apresentado no Rio Grande do Sul (a sua última individual aconteceu em 2001, no extinto Centro Cultural Aplub, com a série de objetos escultóricos intitulada “Casulos”). Em 1999, o artista ganhou uma retrospectiva no MARGS.

Sobre a coleção e o colecionador

Justo Werlang é colecionador de arte há aproximadamente três décadas. Personalidade importante no meio artístico brasileiro, é um dos responsáveis pela criação da Bienal do Mercosul (da qual foi presidente na 1ª e na 6ª edição), da Fundação Iberê Camargo (na qual integra o Conselho desde 1995), além de ter participado ativamente na Fundação Bienal de São Paulo (2009-2018). Sua coleção está constituída, especialmente, de trabalhos de Iberê Camargo, Francisco Stockinger, Siron Franco, Nelson Felix, Daniel Senise, Karin Lambrecht, Mauro Fuke e Felix Bressan, além de obras dos escultores Vasco Prado e Gustavo Nakle. Na opinião de Gabriel Pérez-Barreiro, “Justo Werlang tomou uma decisão importante ao limitar o número de artistas em sua coleção, optando por profundidade ao invés de variedade. Assim, seu acervo é um conjunto de vários núcleos abrangentes, quase retrospectivos, de alguns artistas, entre eles, Siron Franco”. Sobre a exposição “Siron Franco – Armadilha para Capturar Sonhos”, Pérez-Barreiro ressalta que “a diferença dessa seleção para aquela que poderia ser feita para uma exposição retrospectiva de múltiplas fontes, organizada por um museu, é que cada obra passou por um processo de escolha rigoroso e profundamente pessoal do colecionador. Como resultado, a seleção não pressupõe abrangência nem pretende fazer justiça à carreira do artista, embora, curiosamente, passe por praticamente todos os grandes trabalhos e momentos importantes de sua trajetória”. Siron Franco afirma que é muito difícil um artista sobreviver de seu trabalho sem a contribuição do colecionador. E acrescenta: “Cada colecionador escolhe um Siron diferente a partir das obras que coleciona. Colecionar é uma forma de amor, e muitos colecionadores cuidam melhor das obras até mais do que alguns museus. O Justo me coleciona há praticamente 50 anos. Nesta exposição, ele empresta as obras para que elas sejam divididas com o público, o que é algo muito generoso”. Sobre a dimensão que esta coleção toma ao ser apresentada ao público, Justo Werlang declara: “mostrar a seleção realizada pela curadoria, da coleção de trabalhos de Siron, me parece ter potencial para trazer à luz elementos relevantes do pensamento e da obra desse importante artista brasileiro. Essa mostra tende a evidenciar a pesquisa permanente do artista, as invenções artísticas que gerou ao impor-se mudanças periódicas e, por que não, seu precoce e permanente posicionamento frente a questões que só recentemente parecem estar na agenda de governos, instituições, formadores de opinião, e pessoas comuns como eu”.

Sobre o artista

“Não consigo ficar sem pintar, sem criar, porque para mim não importa como a criação vem. Às vezes, eu me impulso só com uma frase. Não importa a forma que a pintura cobre, porque ela é meu grande rio, e os restantes das linguagens são afluentes.” (Siron Franco em entrevista para Angel Calvo Ulloa, curador espanhol. Pintor, escultor, ilustrador, desenhista, gravador e diretor de arte (nascido Gessiron Alves Franco, em Goiás Velho, Goiás, em 1947), Siron Franco tem uma produção artística de predominância pictórica, em que mescla ora num vocabulário surrealista, ora com abstrações ainda passíveis de identificação alegórica, comentários críticos sobre problemas sociais e personagens da cultura pop e do cerrado goiano. Em 1959, aos 12 anos, passa a frequentar como ouvinte as aulas do curso livre de artes da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-Goiás), onde permanece até 1964. Simultaneamente aos seus estudos informais, Siron executa diversos retratos e paisagens do cerrado para a elite de Goiânia, a fim de arcar com os custos do curso e auxiliar a vida doméstica, e investe numa figuração gráfica grotesca e criticamente caricatural. Em 1968 é contemplado com o Prêmio de Desenho da Bienal da Bahia, mudando-se no ano seguinte para São Paulo, onde reside até 1971. Em 1974 recebe o prêmio de melhor pintor nacional na 12ª Bienal Nacional de São Paulo, participa também da 13ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1975, com 13 telas da série “Fábulas do Horror”. A série mais conhecida do artista, e que desencadeia uma mudança paradigmática em sua produção, é o conjunto de obras ligadas ao acidente radioativo do Césio 137, em Goiânia, em setembro de 1987. Como resultado de seu estado de indignação pela demora no atendimento aos contaminados e na contenção dos danos causados pela radiação, o artista produz telas, desenhos e esculturas em que há uma economia de elementos de fundo e um destaque às pontuais imagens que funcionam como alegorias a tragédia radioativa, principalmente, o uso do amarelo fosforescente em menção à letalidade da substância e da terra retirada diretamente do entorno da cidade de Goiânia. Após esse evento trágico, sua produção toma um rumo de militância política. O artista passa a elaborar monumentos e ações poético-críticas, transitando desde os tópicos das violações aos direitos civis até os problemas ecológicos e o genocídio histórico das comunidades indígenas. Ainda que com predomínio da pintura em sua obra, a produção de Siron Franco tem uma variedade técnica e material bastante rica, coerente com seus temas, que seguem das crônicas do cotidiano à crítica às fissuras sociais, com enfoque considerável na contingência do entorno de Goiás, com sua população laboral e indígena.

Sobre o curador

Gabriel Pérez-Barreiro é curador e historiador de arte, doutor em História e Teoria da Arte pela Universidade de Essex/Reino Unido e mestre em Estudos Latino-Americanos e História da Arte pela Universidade de Aberdeen/Reino Unido. De 2008 a 2018 foi diretor e curador chefe da Coleção Patrícia Phelps Cisneros, Nova York/EUA, onde atualmente trabalha como conselheiro técnico e estratégico. De 2002 a 2008 foi curador de Arte Latino-Americana no Blanton Museum of Art, Universidade do Texas, em Austin/EUA. De 2000 a 2002 foi diretor de Artes Visuais no The Americas Society, Nova York/EUA. Foi também coordenador de projetos e exposições da Casa de América (Madri/Espanha), curador e fundador da Coleção Essex de Arte Latino-Americana da Universidade de Colchester/Reino Unido. Em 2007, sua exposição Geometry of Hope foi reconhecida como a melhor exposição nacional pela seção norte-americana da Associação Internacional dos Críticos de Arte (AICA). Tem publicado livros e artigos sobre a história da arte iberoamericana e profere conferências e palestras em diversas universidades. É membro do coletivo ESTAR(SER) – the Esthetic Society for Transcendental & Applied Realization. No Brasil, Pérez-Barreiro atuou como curador-chefe da 6ª Bienal do Mercosul em Porto Alegre (2007), curador-chefe da 33ª edição da Bienal Internacional de São Paulo (2017/2018) e curador da representação brasileira na 58ª Bienal de Veneza (Itália, 2019). Foi também conselheiro da Fundação Iberê Camargo.

Lançamento Projeto GAS

 

Anita Schwartz Galeria de Arte, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, lança o “Projeto GAS 2024 – Chamada Aberta de Verão”, que busca impulsionar a circulação de artistas jovens ou com até 20 anos de carreira, nas diversas linguagens da arte contemporânea. As inscrições vão até o dia 28 de agosto, em formulário online, de acordo com as instruções que estão no site www.anitaschwartz.com.br.

Um comitê irá selecionar até 30 artistas – ou coletivos artísticos – brasileiros, ou estrangeiros. O resultado será anunciado até 04 de novembro.

Os artistas selecionados participarão de uma exposição coletiva no próximo verão, entre fevereiro e março de 2024, que ocupará todo o espaço da Anita Schwartz Galeria de Arte.

O nome do projeto foi inspirado no fato de que Gás é a matéria em estado fluído, tem qualidade expansiva, e pode preencher totalmente um determinado espaço.  Atendo-se à ideia da criação como uma materialidade formada por partículas que impulsionam o movimento do sistema das artes, o projeto, por meio da chamada aberta, tem o objetivo de ser uma espécie de força motriz para a escuta e a amplificação de novas vozes da arte contemporânea brasileira.

O Projeto Verão, inicialmente uma coletiva pensada a partir da própria programação do ano na galeria, foi lançado em 2020.  Após duas edições neste formato, se tornou uma chamada pública, que resultou na exposição “Saravá”, em fevereiro de 2022, com obras de 39 artistas – desenhos, esculturas, pinturas, instalações e videoarte -, selecionados dentre os mais de 500 portfólios inscritos de todo o Brasil e do exterior. O Projeto GAS 2024 – Chamada Aberta de Verão é a quarta edição da iniciativa.

Dos Brasis no Sesc Belenzinho

A exposição “Dos Brasis – Arte e Pensamento Negro” celebra negritudes e suas potências. Resultado de um trabalho desenvolvido pelo Sesc em todo Brasil, a mostra conta com sete núcleos temáticos, reunindo cerca de 240 artistas e coletivos negros, de todos os estados, sob curadoria de Igor Simões, em parceria com Lorraine Mendes e Marcelo Campos, No Sesc Belenzinho, São Paulo, SP, com período expositivo até 28 de janeiro de 2024.

“Brasil, meu nego, deixa eu te contar,

A história que a história não conta,

O avesso do mesmo lugar

Na luta é que a gente se encontra”

(História para Ninar Gente Grande. Estação Primeira de Mangueira, 2019).

Em 2019, a Estação Primeira de Mangueira levou para a avenida o samba “História pra ninar gente grande”, que tinha o objetivo de narrar as “páginas ausentes” da História do Brasil e repensar as narrativas oficiais que foram ensinadas ao longo de gerações. No desfile, o público viu passar as histórias de protagonistas negras e negros, num samba que cantou o país, reconheceu a pluralidade que o compõe e denunciou a falsa ideia de unificação nacional e o problema da história hegemônica.

Agora, em 2023, a centralidade do pensamento negro no campo das artes visuais brasileiras, em diferentes tempos e lugares, é uma das principais premissas que guiam o processo curatorial da mostra “Dos Brasis – Arte e Pensamento Negro”, a mais abrangente exposição dedicada exclusivamente à produção de artistas negros já realizada no país.

A abertura da exposição, que ocupa diversos espaços no Sesc Belenzinho, aconteceu no dia 02 de agosto, em São Paulo, SP. A mostra segue aberta, com visitação gratuita, até 28 de janeiro de 2024. Depois, uma parte da mostra circulará em espaços do Sesc por todo o Brasil pelos próximos 10 anos. Realizada a partir de um trabalho em conjunto de analistas de cultura da instituição de todo o país, a exposição apresentará ao público trabalhos em diversas linguagens artísticas como pintura, fotografia, escultura, instalações e videoinstalações, produzidos entre o fim do século XVIII até o século XXI por 240 artistas negros, entre homens e mulheres cis e trans, de todos os estados.

“Como uma instituição que tem na diversidade uma de suas principais marcas, o Sesc busca por meio de suas ações dar voz aos mais diversos segmentos sociais, estimulando o debate e ajudando a registrar a história e cultura de nosso povo em toda sua abrangência e riqueza. Dentro dessas premissas, o projeto “Dos Brasis” lançou um olhar aprofundado sobre a produção artística afro-brasileira e sua presença na construção da História da arte no Brasil. Um trabalho que contou com nossos analistas de cultura em todo o país, em um grande alinhamento nacional. A exposição “Dos Brasis – Arte e Pensamento Negro” é a culminância desse processo e oferece ao público não só a oportunidade de conhecer a obra de artistas e intelectuais negros, como também de refletir sobre sua participação nos diversos contextos sociais”, disse o diretor-geral do Departamento Nacional do Sesc, José Carlos Cirilo.

“Em sintonia com os desafios da contemporaneidade, por meio dessa exposição o Sesc São Paulo, ao lado de seus parceiros institucionais, procura desconstruir e subverter as persistentes hierarquizações culturais enfronhadas nas diferentes esferas da sociedade brasileira. O combate ao racismo estrutural passa pela valorização de elementos relacionados à educação e à cultura para a diversidade, assim como pela visibilidade e protagonismo de pessoas negras e indígenas de modo a reforçar a empatia, a solidariedade e o respeito entre os diversos membros do corpo social”, afirma Danilo Santos de Miranda, diretor regional do Sesc São Paulo.

Pesquisas em todo o Brasil

A ideia nasceu em 2018. Um projeto de pesquisa, fruto do desejo institucional do Sesc em conhecer, dar visibilidade e promover a produção afro-brasileira. Para sua realização, foram convidados os curadores Hélio Menezes e Igor Simões. Em 2022, o projeto passa a ter a curadoria geral de Simões, com os curadores adjuntos Marcelo Campos e Lorraine Mendes. Para se chegar a esse expressivo e representativo número de artistas negros, presentes em todo o território nacional, foram abertas duas importantes frentes. Na primeira, foram realizadas pesquisas in loco em todas as regiões do Brasil, com a participação do Sesc em cada estado, com o objetivo de trazer a público vozes negras da arte brasileira. Essas ações desdobraram-se em atividades e programas como palestras, leituras de portfólio, exposições, entre outros, com foco local. Vale ressaltar que esse processo teve uma atenção para que não se limitasse apenas às capitais do país, englobando também a produção artística da população negra de diversas localidades, como cidades do interior e comunidades quilombolas. A equipe curatorial pesquisou obras e documentos em ateliês, portfólios e coleções públicas e particulares, para oferecer ao público a oportunidade de conhecer um recorte da história da arte produzida pela população negra do Brasil e entender a centralidade do pensamento negro na arte brasileira. A segunda frente foi a realização de um programa de residência artística on-line intitulado “Pemba: Residência Preta”, que contou com mais de 450 inscrições e selecionou 150 residentes. De maio a agosto de 2022, os integrantes foram orientados por Ariana Nuala (PE), Juliana dos Santos (SP), Rafael Bqueer (PA), Renata Sampaio (RJ) e Yhuri Cruz (RJ). A residência, que reuniu artistas, educadores e curadores/críticos, contou ainda com uma série de aulas públicas, com a participação de Denise Ferreira da Silva, Kleber Amâncio, Renata Bittencourt, Renata Sampaio, Rosana Paulino e Rosane Borges, disponíveis no canal do Sesc Brasil no YouTube.

“Dos Brasis, enquanto projeto expositivo, se pretende uma exposição histórica, mas não tem o intuito de esgotar o debate a partir da seleção de algumas figuras artísticas, escapando assim do gesto colonialista de mapear. Além disso, o que propomos são várias formas de acesso às escritas que nos ponham em jogo, reescrevam e até invalidem nossas premissas, no intuito de concebermos um coro que não se tece apenas na harmonia, mas também no conflito e na discordância, que nos retiram da ideia de uniformidade essencializada, muitas vezes evocada para mais uma vez nos levarem nosso direito à humanidade, expressa, também, no direito à contradição”, enfatiza o trio de curadores.

Núcleos da exposição “Dos Brasis – Arte e Pensamento Negro”

A proposta curatorial rompe com divisões como cronologia, estilo ou linguagem. Para esta exposição, não caberá a junção formal, estilística ou estética. Dessa maneira, os espaços expositivos do Sesc Belenzinho contarão com sete núcleos – Romper, Branco Tema, Negro Vida, Amefricanas, Organização Já, Legitima Defesa e Baobá – que têm como referência pensamentos de importantes intelectuais negros da história do Brasil como Beatriz Nascimento, Emanoel Araújo, Guerreiro Ramos, Lélia Gonzales e Luiz Gama.

“As premissas de narração cronológica, estilística ou quaisquer outros agrupamentos formais das histórias canônicas eurocentradas também não são opção. Em seu lugar, trabalhamos com a ideia de constelações: encontros, aproximações e distanciamentos entre diferentes proposições, que expõem suas particularidades e suas conexões. Sob o rótulo “arte preta” não caberá qualquer mecanismo de junção formal, estilística ou estética”, explicam os curadores.

Romper – Tendo como ponto de partida o pensamento da historiadora e ativista pelos direitos humanos de negros e mulheres brasileiras, Beatriz Nascimento, o núcleo reúne artistas que, em suas produções, interrogam narrativas que cristalizaram imagens e leituras históricas feitas de tentativas de exclusão daqueles que formam a maioria deste lugar assimétrico nomeado Brasil. A história da arte nomeada brasileira faz muito mais referência à minoria numérica branca no país do que, de fato, ao Brasil. “Nossa história da arte, que bem poderia ser chamada de branco-brasileira, funda-se sobre perspectivas de matrizes europeias, dando contornos de regra a iconografias, referências poéticas e teóricas com base no princípio da branquitude que, historicamente, aspira a um ideal de brancura que não encontra morada nem mesmo na pele de seus defensores”, argumenta o trio curatorial. O núcleo estará representado, dentre outros nomes, por artistas como Marcus Deusdedit (MG), Mestre Zimar (MA), Yhuri Cruz (RJ), Wilson Tibério (RS) e Rosana Paulino (SP).

Branco Tema – O título deste núcleo remete ao conceito “negro-tema” empregado pelo sociólogo brasileiro Guerreiro Ramos no seu livro “Patologia Social do Negro Brasileiro” (1955), ao criticar a desumanização de pessoas negras nas correntes acadêmicas do século 20. Os trabalhos reunidos neste núcleo, em menor número em relação ao dos outros demais, têm um gesto em comum seguindo os curadores: “inverter a ordem recorrente das imagens do negro-tema por aquelas que versam sobre um Branco-Tema, produzidas a partir do olhar negro. Lado a lado, essas obras interrogam, denunciam e parodiam a posição social privilegiada da branquitude, outrora encarada como neutra”. Este núcleo traz obras de nomes como Daniel Lima (RN), Arthur Timótheo da Costa (RJ) Davi Cavalcante (SE), Debis (MA), Pablo Monteiro (MA), entre outros.

Negro Vida – Este segmento também tem no pensamento de Guerreiro Ramos sua centralidade. Para o sociólogo, Negro-Vida é comparável a um rio, ecoando a noção de devir. O negro – como humano que é – é inapreensível em perspectivas unificadoras. Diferente da existência preta nas categorias produzidas por grande parte da intelectualidade branca, a existência de pessoas negras é multiforme, singular, com rotas, escolhas, procedimentos diversos. O núcleo reúne trabalhos de artistas como Antonio Tarsis (BA), Rubem Valentim (BA), Rommulo Conceição (BA), Li Vasc (PB), entre outros, incluindo esculturas de distintas escalas na entrada da exposição, que – segundo os curadores – “desafiam qualquer tentativa de unidade que determine as variadas produções dos artistas negros. A arte feita por pessoas pretas no Brasil é tão múltipla quanto a vida desses sujeitos. As escolhas formais, os materiais, os procedimentais não cabem no reducionismo do negro-tema”.

Amefricanas – Lélia Gonzalez desenvolve a categoria político-cultural de amefricanidade, cunhando o termo Amefricanas, que nomeia este núcleo, além de situar e marcar o longo processo histórico de presença e agência de mulheres negras nas Américas. A autora entende como neurose cultural brasileira a negação da formação plurirracial e pluricultural de nossa sociedade. “É o entendimento de que vivemos em uma cultura branca que permitiu a infiltração, a influência e/ou a assimilação de traços culturais negros e indígenas”, analisa o trio curatorial de Dos Brasis. Assim, Amefricanas reconhece a importância de intelectuais, artistas, escritoras, líderes políticas e religiosas inseridas intimamente nos movimentos culturais e sociais, mas também celebra a vida comum dessas mulheres, que, cotidianamente, performam gestos de resistência e liberdade nas imagens, representações, poéticas e autorias das Amefricanas presentes neste núcleo. Amefricanas traz obras de artistas como Vera Ifaseyí (RJ), Hariel Revignet (GO), Sy Gomes (CE), Castiel Vitorino (ES), entre outras.

Organização Já – As formas da população negra para se organizar e resistir das violências da escravidão e da colonialidade, são a base do pensamento que norteia a proposta do núcleo Organização Já, inspirado também no pensamento de Lélia Gonzales. “As primeiras formações de quilombos na Região Nordeste datam de 1559. No encontro de heranças culturais distintas, Palmares é fundada como nossa primeira república, a ser constantemente rememorada em movimentos de atualização de uma luta conjunta infindável, já que a violência racial – seja física, institucional, seja simbólica – também se atualiza”, explicam os curadores. Os trabalhos expostos neste núcleo de artistas como FROIID (MG), Emanuely Luz (MA), André Vargas (RJ) e Joyce Nabiça (PA), traduzem lutas, sejam nos centros urbanos e ou campo, histórias de rebeliões e lutas. “Organizados na alegria e na celebração do que somos, mais do que resistir, promovemos, fabulamos e reorientamos, em uma perspectiva negra, modos de viver”, comenta o trio curador.

Legítima Defesa – “Todo escravo que mata o senhor age em legítima defesa”. Essa frase paradigmática dita por Luiz Gama, em 1881, atravessa a memória da população negra no Brasil. “Este núcleo mira o cânone, sublinha a impossível neutralidade do sistema da arte e sua cumplicidade com as situações que estruturam o racismo”, afirmam os curadores. Eles prosseguem argumentando que “pessoas negras foram, por muito tempo, as únicas em empresas, em exposições, na teledramaturgia. Em muitas famílias, ainda somos “os primeiros a entrar na universidade”. Assim, agir em Legítima Defesa é nos mover diante desses fatos até que possamos nos dispor ao ócio, ao relaxamento”. Paula Duarte (MG), Leandro Machado (RS), Silvana Rodrigues (RS), Gabriel Lopo (MG), entre outros artistas, integram o núcleo Legítima Defesa.

Baobá – Baobá é o único núcleo que parte do título de uma obra de arte: a escultura de Emanoel Araújo, um dos mais importantes artistas da História do Brasil. Emanoel Araújo defendia a ideia de que a arte afro-brasileira é produzida por quem negro for, alterando a perspectiva de que essa vertente seria um tema desenvolvido por brancos. “Aqui, reverenciamos Emanoel e outros e outras artistas e obras que continuam sendo árvore, ramificando, florescendo, frutificando e fincando raízes. O Baobá do autor é uma escultura de madeira policromada, preta, facetada por arestas em ângulos que mantêm um diálogo com os signos afrodescendentes e com a tradição construtiva da arte brasileira”, ressaltam os curadores. O núcleo reúne peças totêmicas (agrupamento de pessoas, dentro de determinada etnia que se considera de um determinado totem) de cenas rurais a arranha-céus, conectando a tradição dos santeiros de madeira, sob influência cristã e afrorreligiosa, à abstração afro-indígena. “O ferro, a cabaça, os talos do dendezeiro são apresentados por artistas que vivem em cosmodinâmica com seus materiais – artistas que jamais abandonaram o sagrado, em uma relação entre arte e vida mais complexa do que a estabelecida por perspectivas ditas universais”, comentam os curadores. Além de Emanoel Araújo, o núcleo traz obras de nomes como (BA), Mônica Ventura João Cândido (MG), Ana das Carrancas (PE), Madalena Santos Reinbolt (SP) etc.

Sete artistas nos Correios SP

O Centro Cultural Correios – São Paulo, São Paulo, SP,  exibe a mostra “Este olhos que a Terra”, com abertura dia 08 de agosto, ás 16hs. A exposição coletiva reúne obras dos artistas – Osvaldo Gaia, Mercedes Lachmann, Vítor Mizael, Alexandre Murucci, Berna Reale, José Rufino e Jeane Terra – que abordam questões fundamentais relacionadas ao meio-ambiente e suas interações com a sociedade e a política. Em cartaz até 16 de setemebro.

A curadoria de Theo Monteiro, almeja compreender como a relação entre o homem e o ambiente em que habita é discutida na arte contemporânea brasileira, explorando amplamente a temática ambiental. A exposição contempla tópicos relacionados a questões sociais, históricas, políticas e biológicas, enriquecendo a diversidade de perspectivas dos artistas participantes.

Os expositores utilizam diferentes linguagens artísticas, como pintura, escultura, vídeo, fotografia e instalação, para expressar suas visões e reflexões sobre os temas em foco.

Jeane Terra: Apresenta obras que abordam os fenômenos de elevação dos mares e seus efeitos causados pelo aquecimento global;

José Rufino: Explora as questões relacionadas ao uso do solo, observando o embate entre o homem do campo e os grandes grupos econômicos, e seus impactos na dinâmica ambiental brasileira;

Osvaldo Gaia: Dedica-se a retratar as tradições ribeirinhas e a nomenclatura amazônica, refletindo sobre a relação entre o homem e a natureza na região;

Vítor Mizael: Utiliza a fauna como tema central de sua poética artística, trazendo reflexões sobre sua configuração no contexto contemporâneo;

Alexandre Murucci: Apresenta uma instalação que reflete o impasse civilizatório entre o homem e a natureza;

Mercedes Lachmann: Exibe trabalhos que estabelecem relação com o mundo vegetal combinando diferentes potências de plantas através de uma alquimia sensível;

Berna Reale: Sua obra de impacto consiste em vídeos que evidenciam as complexas relações entre o homem e o meio-ambiente, com múltiplas conotações sociais, políticas, filosóficas e poéticas.

Inédito de Tunga

04/ago

 

Tunga (1952 – 2016) se interessou pela alquimia, pela psicanálise, pelas ciências e pela Filosofia. Ao longo de quatro décadas, construiu uma mitologia singular, na qual as noções de permanência e transformação são fundamentais. Uma das últimas obras realizadas pelo artista e inédita no Brasil, “Eu, Você e a Lua” (2015), será apresentada de 09 de agosto até 28 de janeiro de 2024,  na Sala de Vidro do Museu de Arte Moderna de São Paulo, Parque do Ibirapuera, Portões 2 e 3, São Paulo, SP.