Indicadores de gênero

29/maio

Encontra-se em circulação e chama-se “Mulheres Gaúchas – Indicadores de Gênero”, a mais recente publicação da Fundação de Economia e Estatística Siegfried Emanuel Heuser, Porto Alegre, RS. A abordagem da publicação anterior constava com reproduções de pinturas de Iberê Camargo. Na edição atual, foi selecionado expressivo grupo de mulheres/artistas como Clara Pechansky, Magliani, Maria Tomaselli e Zorávia Bettiol, trazendo como homenageada especial a pioneira Tarsila do Amaral.

 

O projeto gráfico é de Nara Fogaça. A equipe técnica contou com as pesquisadoras Clitia Helena Backx Martins (coord.), Gabriele dos Anjos, Irene Galeazzi, Marilene Bandeira e Paula Caputo.

 

Na apresentação, a Secretária de Políticas Para as Mulheres do RS, Ariane Leitão, além de destacar as artistas convidadas, sintetiza  o trabalho da seguinte forma: “…Além de abordar a diversidade de temas referentes à situação da mulher no Rio Grande do Sul e no Brasil, que perpassam questões como sua inserção no mundo do trabalho e do conhecimento, este é mais um material enriquecedor, dando-nos subsídios para trabalharmos com a promoção da igualdade, através da garantia dos direitos humanos das meninas e das mulheres gaúchas.”

Livro de Cristina Schleder na Cultura/SP

28/maio

A Luste Editores lança “Os Tapetes Voadores da Mata Atlântica”, da artista plástica Cristina Schleder, com fotografias autorais que registram texturas, tramas e detalhes de sua inspiração maior – a Natureza. As imagens e espelhamentos de alguns fragmentos possibilitam novos significados à importância e beleza deste ecossistema.

 

Para a criação da série, Cristina Schleder adentrou a área da Mata Atlântica munida de olhos treinados em busca do inusitado, do oculto, e não de uma mera imagem. Em seus momentos preferidos, os pós chuva ou os dias nublados de luz prateada, quando a vegetação atinge seu pico de beleza, a artista vislumbrava detalhes de cores que surgiam em troncos e musgos, criando uma inédita fábula visual formada por fotografias marcantes. Sua imersão era tamanha que encontrava novos personagens, os quais a acolhiam e descortinavam um novo cenário, levando-a a lembrar das estórias em que os seres viajavam em tapetes voadores. Desenhos, formatos, cores e padronagens surgiam diante da artista, leves e harmônicos, que possibilitavam a imaginação de Cristina Schleder alçar vôo.

 

Os Tapetes Voadores da Mata Atlântica não versa apenas sobre o lúdico: também nos permite acesso à precisão da técnica e a conquista da verdade, visto que as formas e tons são exibidos em sua verdade máxima sem interferência ou alteração; o titulo de cada fotografia é o código da própria maquina quando apertado o disparador – sendo que cada imagem é realizada por um único clique, enfatizando a o momento único de cada cena.

 

Nas palavras da própria artista, travestida em uma personagem de contos “…a verdade deste pensamento mágico conseguia levá-la para todos os lugares imaginados, sentada em seu próprio tapete voador que a mata, com seus fios, tramas e bordados, teceu especialmente para ela.” A apresentação é de Tereza de Arruda.

 

Onde e quando: 05 de Junho de 2014, quinta-feira, das 18h às 22h na Livraria Cultura – Shopping Iguatemi, Jardim Paulistano.

Mario Carneiro em livro

31/mar

A belíssima edição do livro que apresenta a obra completa de Mario Carneiro contribui com valor inestimável para a memória das artes visuais do país e será lançado na Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS, dia 10 de abril. Os autores realizam bate papo com o público antes dos autógrafos. O livro será distribuído gratuitamente ao público presente.  Seu “olhar educado nas artes visuais” – como o próprio Mario Carneiro gostava de dizer – foi o diferencial na sua fotografia de cinema, imprimindo nas suas imagens uma sensibilidade e uma temporalidade características.

 

Sua concepção de iluminação foi identificada e celebrada por companheiros de trabalho e estudada por teóricos do cinema.   No entanto, sua extensa e rica obra visual, composta por desenho, pintura, gravura e fotografia ainda não haviam sido reunidas e estudadas. A publicação do livro “Mario Carneiro  Trânsitos”,  vem preencher esta lacuna, evidencia a dimensão da obra do artista e colabora para acrescentar informação à história da arte brasileira recente.

 

Os textos do curador, poeta e crítico de arte Adolfo Montejo Navas, do jornalista, escritor, pesquisador e crítico de cinema, Carlos Alberto Mattos e de Fabiana Éboli, artista plástica, professora e pesquisadora de artes visuais, respondem eficientemente ao conceito central do livro que é a ideia do trânsito do artista pelas diferentes linguagens. Dividido em sete capítulos com cerca de 300 imagens, a edição descortina a vasta produção visual do artista multimídia reconhecido como o grande fotógrafo do Cinema Novo. Sua atividade profissional nos meios cinematográficos dispensa apresentação. Contemplado com o Prêmio Procultura de Estímulo às Artes Visuais – 2010, o livro será distribuído gratuitamente às principais instituições culturais de todo o país.

 

 

Sobre Mario Carneiro

 

Mario Carneiro fez desenho, gravura, pintura, fotografia, cinema e se assumia como pintor. Sua formação universitária foi em arquitetura. Formou-se em 1955 na Faculdade Nacional de Arquitetura, no Rio de Janeiro, paralelamente ao estudo da pintura. O desenho foi uma constante, feito em casa ou no ateliê, nos sets de filmagem ou na prancheta. No período passado na França, fins da década de 1940 e início da de 1950, onde Mario Carneiro conhece Iberê Camargo e com ele estabelece uma amizade e há uma grande produção de gravura, ao lado do estudo da pintura. Nesta mesma época, junto com o pintor Jorge Mori, faz cópias dos grandes mestres no Louvre, exercita a fotografia e logo surge o cinema através de uma câmera presenteada pelo pai por sugestão da irmã. A fotografia em preto e branco atesta, já nos fotogramas da década de 40, um olhar agudo nos contrastes. Em 1953, Mario faz seus primeiros filmes amadores, alguns de caráter experimental e influência dadaísta, entre eles “A Boneca”, com colaboração de Mori. A obra de Mario Carneiro, a maior parte produzida na segunda metade do século XX, é marcada pela passagem da modernidade para a contemporaneidade. Mario fez parte de uma geração de artistas que criou pontes nessa transição, explorando várias linguagens artísticas e deixando uma obra diversa e coerente com seu momento histórico.

 

 

Sobre os autores

 

Adolfo Montejo Navas é poeta, critico e curador independente. Correspondente da revista internacional Lápiz, de Madri, desde 1998, e colaborador de diversas revistas culturais. Ganhou Premio Mario Pedrosa de Ensaio Arte e Cultura Contemporânea (2009, Fundação Joaquim Nabuco). Sua última produção bibliográfica inclui “Anúncios” (Katarina Kartonera, 2012), “O outro lado da imagem – A poética de Regina Silveira” (Edusp, 2012), “Poiesis Bruscky” (Cosac Naify, 2013).

 

Carlos Alberto Mattos é jornalista, crítico de cinema e escritor. Autor de livros sobre os cineastas Walter Lima Jr., Eduardo Coutinho, Carla Camuratti, Jorge Bodanzky, Maurice Capovilla e Vladimir Carvalho. Foi coordenador de cinema do CCBB-Rio e presidente da Associação de Críticos  de Cinema-RJ. Criou o DocBlog (extinto) em O Globo. É editor da revista Filme Cultura.

 

Fabiana Éboli Santos é Mestre em Linguagens Visuais – EBA- UFRJ, artista plástica, professora na Escola de Belas Artes UFRJ. Socióloga, curadora e pesquisadora em artes visuais, com diversos prêmios em seu currículo, exposições e textos publicados.

 

Trio na galeria Vermelho

25/mar

Um inédito cartaz triplo é o que oferece a galeria Vermelho, Pacaembu, São Paulo, SP, através das exposições individuais “Neste Lugar” de Daniel Senise (salas 1 e 2), “Repetição da ordem” de Nicolás Robbio (sala 3) e a instalação “Escalpo Islâmico” de Dora Longo Bahia (Terraço). Na abertura aconteceu o lançamento – pelas Edições Tijuana- do livro de artista “La Pintura Española” de Daniel Senise.

 

A arquitetura dos espaços do cotidiano alimenta a concepção e a produção das obras de Daniel Senise, constituindo a poética que permeia sua obra como um todo. O conjunto das obras que integram a individual “Neste Lugar” mantém em sua gênese essa característica e retoma um elemento conceitual importante já utilizado por Senise no início dos anos 2000. Nelas, o artista volta a revelar o interior de grandes espaços expositivos, como nas colagens National Gallery, Gemäldegalerie e Musée D’Orsay.  O resultado do interesse de Senise pela arquitetura, história e dinâmicas empregadas nestes grandes acervos públicos está presente na instalação “Eva”, mostrada no Centro Cultural São Paulo, em 2009. Na obra, composta por blocos similares a tijolos feitos em papier maché, a partir da reciclagem de catálogos, livros de arte e convites de exposições, Senise aponta para o apagamento pelo qual passam vários dos acervos públicos. Em 2009, Senise literalmente escondeu a escultura “Eva”, de Brecheret, atrás de quatro paredes feitas com os restos de papel destas instituições.

 

O mesmo suporte foi utilizado por Senise na instalação apresentada na 29ª Bienal de São Paulo, em 2010. Nesse caso, os blocos de papel reciclado contendo milhares de informações acerca de pintura foram usados não apenas na construção do espaço expositivo mas se transformaram na obra em si, conduzindo o observador, como menciona Marco Silveira Mello, “para atentar às superfícies e ver, nos pequenos  vestígios das placas,… acontecimentos pictóricos ou evocativos à compleição da pintura”. Na instalação “Parede com 5 buracos”, criada por Daniel Senise para o projeto “Travessias 2 – Arte Contemporânea na Maré”, na favela da Maré, RJ, em 2013, a referência a essas grandes instituições é literal. A obra foi apresentada sobre uma parede localizada na entrada do espaço expositivo, com cinco buracos por onde podia-se ver as maquetes idênticas às salas de museus, como o Musée D’Orsay (Paris), o MoMA (Nova York), o National Gallery (Londres), e o MAM RJ (Rio de Janeiro). No ultimo buraco, o observador podia visualizar o espaço onde ele se encontrava. Segundo o artista, a obra revela algo comum nos dias de hoje que é a substituição da presença real decorrente da democratização da informação. “Neste Lugar” contará com duas maquetes. Uma delas será montada na fachada da Vermelho, e reproduzirá o hall de entrada da galeria, sugerindo um jogo metalinguístico entre experiência física e representação pictórica.

 

Já nas obras “Musée du Louvre”, “Museo del Prado”, “Galleria degli Uffizi” e “National Gallery” da série “Museu”, todas de 2013, Senise fragmenta as reproduções publicadas por esses museus sobre suas coleções e acondiciona todo esse conteúdo em caixas de acrílico transparente, criando uma ideia análoga a de coleção, gênese de todo museu. Comentar a história da arte e, mais especificamente, a história da pintura integra o léxico de Senise. Na exposição “Neste Lugar”, entretanto, essa estratégia aparece ampliada, evidenciando o caráter impalpável e imprevisível que intermedia a relação entre observador e obra de arte. “La Pintura Española”, livro de artista que Senise lançou na data de abertura da individual, materializa por meio de um jogo de luzes e espelhos, esse procedimento.

 

 

“Repetição da ordem”

Nicolás Robbio

 

A individual “Repetição da ordem” de Nicolás Robbio foi construída a partir de três símbolos que representam o Poder: a bandeira, a grade e a moeda. Símbolo de estados soberanos, clãs ou de sociedades de pessoas regidas por lei ou pela tradição, a bandeira aparece na vídeo instalação “Sem Título” (2014), representada apenas pela sombra que reproduz. Sua matriz, nesse caso ausente, nos daria pistas de sua procedência. Porém, o interesse de Nicolás Robbio está na simbologia da “Bandeira”. “Los de arriba, los de abajo. Los buenos, los malos”, vídeo criado por Robbio em 2011, emprega imagens de grades de ferro utilizadas em casas e edifícios, para tecer um comentário sobre a impossibilidade de permanência e de conciliação entre opostos. O acúmulo de poder aquisitivo acontece por meio da moeda. No “Todos os caminhos levam a Roma” [2014], duas moedas de países diferentes, como Inglaterra e Colômbia, se relacionam de forma equilibrada num sistema de engrenagem, como se o valor que representam pudesse ser equivalente. Em “Repetição da ordem” Robbio cria uma representação acerca da sociedade atual, por meio dos símbolos do poder que a fazem funcionar.

 

 

Escalpo Islâmico

Dora Longo Bahia

 

Obra criada e apresentada originariamente no 2º andar do Pavilhão Ciccillo Matarazzo, Parque Ibirapuera, durante a 28ª Bienal de São Paulo, em 2008, “Escalpo Islâmico”, de Dora Longo Bahia, emprega motivos islâmicos sobre um fundo de tinta acrílica vermelha, para tecer um comentário acerca da violência.

 

 

Sobre os artistas

 

Daniel Senise. Naceu no Rio de Janeiro, Brasil, 1955. Exposições Individuais (seleção): Daniel Senise 2892 – Casa França Brasil – Rio de Janeiro – Brasil (2011); Daniel Senise – Estação Pinacoteca – São Paulo – Brasil (2009); Daniel Senise – Trabalhos Recentes – Museu Victor Meirelles – Florianópolis – Brasil (2008); Daniel Senise – Galeria Vermelho – São Paulo – Brasil (2007); Paintings from the North Ramis Barquet Gallery – Nova York – EUA (2001). Exposições Coletivas (seleção):  O Gesto e o Signo – White Cube – São Paulo – Brasil,  2013; Gravura em campo expandido – Pinacoteca do Estado – São Paulo- Brasil,  2012; Jogos de  Guerra – Caixa Cultural Rio de Janeiro- Rio de Janeiro – Brasil, 2011; 29ª Bienal de São Paulo: Há sempre um copo de mar para um homem navegar – Fundação Bienal de São Paulo – São Paulo—Brasil, 2010; After Utopia – Museo Centro Pecci – Prato – Itália, 2009.

 

Nicolás Robbio. Nasceu em Mar del Prata, Argentina, 1975. Exposições Individuais (seleção): Bandeira em branco não é bandeira branca – Galeria Vermelho – São Paulo – Brasil (2011); O Amanhã de Ontem não é Hoje – Programa Emissores Runidos – Episódio 1 – Fundação Serralves – Porto – Portugal (2009); Indirections – Pharos Centre for Contemporary Art – Nicosia – Chipre (2008). Exposições Coletivas (seleção): Sextanisqatsi: desordem  habitável  – Museo de Arte Contemporáneo de Monterrey (MARCO) – México (2012); 32º Panorama da arte Brasileira – Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) – São Paulo – Brasil (2011); Para ser Construidos – MUSAC – Léon – Espanha (2010); 2° Trienal Poli/Gráfica De San Juan – Porto Rico (2009);  28ª Bienal de São Paulo – Fundação Bienal de São Paulo – Pavilhão Ciccillo Matarazzo – São Paulo – Brasil (2008).

 

Dora Longo Bahia. Nasceu em São Paulo, Brasil, 1961. Exposições Individuais (seleção) Desastres da Guerra, Instituto Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto, Brasil [2013]; Trash Metal, Galeria Vermelho, São Paulo, Brasil (2010); Escalpo carioca e outras canções, Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (MAMAM), Recife e Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), Rio de Janeiro, Brasil (2006]; Marcelo do Campo 1969 –1975, Centro Mariantônia, São Paulo, Brasil (2003). Exposições Coletivas (seleção): Imaginarios Contemporâneos, Museo Tecnológico de Monterrey, Monterrey, México (2013]; The Spiral and the Square, SKMU Sorlandets Kunstmuseum, Kristiansand, e Trondheim Art Museum, Trondheim, Noruega (2012); Destricted.br, Galpão Fortes Vilaça, São Paulo, Brasil (2011); IX Bienal Monterrey FEMSA, Centro de las Artes, Monterrey, México (2009); 28ª Bienal Internacional de São Paulo, Fundação Bienal, São Paulo, Brasil (2008); Farsites: urban crises and domestic symptoms in recent contemporary art, Centro Cultural Tijuana e San Diego Museum of Art, Tijuana – Mexico/San Diego, EUA (2005); Imagem Experimental, Museu De Arte Moderna (MAM SP), São Paulo, Brasil (2000).

 

 

Até 05 de abril.

Rosângela Rennó: encontro

19/mar

A Casa do Saber, com o apoio da ArtRio, apresenta a aula “Revelando os arquivos fotográficos de Rosângela Rennó”. O encontro com a artista – que já participou das bienais de Veneza em 1993 e 2003, Berlim em 2001, São Paulo em 1994 e 2010, Havana em 1997 e Istambul em 2011 – aconteceu na sede da instituição, na Lagoa, Rio de Janeiro, RJ.

 

Rosângela Rennó não costuma tirar muitas fotos. No entanto, ela se transformou em uma das principais referências em artes plásticas quando o assunto é fotografia, suas ressignificações e desdobramentos. Ela prefere manipular imagens e negativos feitos por outras pessoas, muitas vezes anônimas, retrabalhando a memória e, sobretudo, as ausências e faltas na memória. Em uma época em que o apelo da fotografia é onipresente, Rosângela conseguiu construir uma obra original com reconhecimento de crítica no Brasil e no exterior. Seus trabalhos estão em alguns dos principais museus de arte no exterior, como o Reina Sofia, em(Madri, a Tate Modern, em Londres, o Arts Institute of Chicago, o Guggenheim, em Nova York e o Stedelijk em Amsterdan.

 

Ela também acaba de ganhar o prêmio de melhor foto-livro do mundo da Paris Photo-Aperture Foundation, na França, com “A01 [COD. 19.1.1.43] – A27 [S|COD.23]”, livro sobre as fotografias de Augusto Malta furtadas do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro. Nesse encontro especial, Rosângela mostrou e comentou seus últimos trabalhos a partir de investigações em arquivos fotográficos e falou de sua dedicação à produção de foto-livros.

Livro artístico

14/mar

Ricardo Sardenberg responde pela curadoria da mostra “A tara por livros ou A tara de papel”. Essa mostra temática é o próximo cartaz da Galeria Bergamin, Jardins, São Paulo, SP, reunindo seleto grupo de nomes e livros de Nuno Ramos, com “Caldas Aulete (Para Nelson 3)”; Beatriz Milhazes, com “Meu Bem”; Artur Barrio, com “Cadernolivro”; Mira Schendel, com “Sem título”; José Bento, com “Baquelite”; Ed Ruscha, com “Me and The”; Rivane Neuenscwander, com “Paisagens Dobradas”; Marcius Gallan, “Livro/objeto Presente”; Leonilson, com “Certas Sutilezas Humanas” e Julio Plaza, com “Objetos Poema”.

 

 

A palavra do curador

 

A exposição A tara por livros ou a tara de papel não toma como ponto de partida a investigação do livro-objeto, algo que já pôde ser visto em tantas exposições recentes. Mas, espero, ela se apropria da ideia do livro-corpo. Embora não seja uma investigação puramente plástica ou estética, ainda assim, espero que a exposição cobre do visitante a experiência sensual e estética, um pouco hedonista com os objetos de desejo.  O livro aqui se confunde com a possessão, o erotismo, a compulsão pelo belo e também como nota de carinho, pois o livro se dá pra quem se quer bem. Nesse sentido, o livro artístico aqui é visto como um fetiche. A exposição celebra o objeto livro pela sua força de sedução.

 

O livro não é apenas objeto ou caixa, invólucro de histórias e sonhos. O livro é uma ideia que se apodera da nossa mente e que, por diversas vezes, a sua perda – um livro que foi emprestado e nunca mais voltou – pode ser tão dolorosa quanto a perda da pessoa amada. Como escreveu Flaubert em defesa do seu livro Madame Bovary: no nosso livro, a palavra perfeita é somente nossa e só existe no nosso léxico.

 

Pouco é mais perturbador que a vista de uma fogueira de livros.”  – Ricardo Sardenberg.

 

 

De 18 de março a 17 de abril.

Registro: Franco Terranova Arte/Poesia

Antes de falecer, em dezembro de 2013, o marchand Franco Terranova ainda teve tempo de concluir seu último e um dos mais brilhantes projetos. Reuniu poemas inéditos e antigos com suas impressões de toda uma vida. Conseguiu expressar desde as lembranças de sua longínqua Itália até a paixão por Ipanema, bairro que escolheu para viver em 1950. Todas as memórias estão reunidas no livro “Carma Carnadura”, que a Réptil Editora lançou em fevereiro, na Galeria Marcia Barrozo do Amaral, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ. O tempo, elemento perene na obra de Franco, é soberano nas páginas de “Carma Carnadura”. Na sua influência nas relações humanas, na percepção dos afetos e, também, as marcas físicas por ele deixadas.

 

Com fotos feitas pelo filho, o fotógrafo Marco Terranova, o poeta aparece nu, num ensaio que mostra a decomposição do corpo de um homem em plena vida. “Ele ainda estava um pouco reticente e consegui convencê-lo a posar citando o final do filme 2001 – Uma Odisseia no Espaço, em que o personagem vai envelhecendo até que renasce para uma nova vida”, lembrou Marco. Dor, amor, ódio e outros sentimentos são apresentados nos poemas concretos, sem vírgulas ou pontos finais, o que torna a leitura uma experiência emocionante e profunda. “Poeta audacioso e original, Franco Terranova não se ajustava aos padrões usuais de linguagem”, disse dele o também poeta e amigo Ferreira Gullar. Fundador da memorável Petite Galerie, a primeira galeria de arte moderna no Brasil, que funcionou no Rio de Janeiro de 1954 a 1988, Franco apresentou ao país muitos dos artistas hoje renomados.

 

Conhecido pela sensibilidade e gentileza, deixou muitos amigos. “Era uma pessoa bondosa, muito mais idealista do que marchand. Ele acolhia os artistas”, diz Nelson Leiner. “Ele foi um marchand menos mercador e mais movido pelo afeto”, resume Daniel Senise. “Carma Carnadura” é o segundo livro de Franco Terranova lançado pela Réptil Editora – ele escreveu 14. Em outubro de 2012, a parceria com a editora Luiza Figueira de Mello resultou em “Sombras”, livro-objeto que contou com obras de arte de 73 artistas, entre eles, Tunga, Carlos Vergara, Antonio Dias, Millôr Fernandes, Emanoel Araújo, Avatar Morais, Anna Bella Geiger e Frans Krajcberg, criadas especialmente para ilustrar suas poesias. “O Franco é a pessoa mais íntegra e cheia de amor que conheci. Tenho muito orgulho destes trabalhos, sinto saudades dele todos os dias”, diz Luiza, que de tão amiga virou herdeira de seus direitos autorais.

 

 

SOBRE FRANCO TERRANOVA

 

Vindo da Itália em 1947, depois de lutar na Segunda Guerra Mundial, Franco Terranova criou – no Rio de Janeiro – a Petite Galerie, um diminuto espaço na Avenida Atlântica, em Copacabana. Seu último endereço de atividades, na Barão da Torre, em Ipanema, fechou ao longo de três dias de 1988, com um evento que Terranova batizou de “O eterno é efêmero”, com todos os artistas convidados que haviam trabalhado e exposto na galeria, artistas criando obras nas paredes, em seguida pintadas de branco. A galeria foi berço para muitos dos principais artistas plásticos do Brasil contemporâneo. O marchand também é reconhecido por introduzir no mercado brasileiro técnicas atualizadas de marketing cultural, realizar os primeiros leilões de arte moderna e fomentar a produção cultural no país. Com 14 livros publicados, Franco também dedicou-se a escrever poesias até seu falecimento, em dezembro de 2013.

Papa: livro e exposição

10/mar

O Museu de Arte Sacra de São Paulo – MAS/SP, Luz, São Paulo, SP, exibe “O Papa Sorriu”, exposição com curadoria de Rafael Alberto Alves. A mostra conta com caricaturas feitas por 38 cartunistas brasileiros e estrangeiros, e tem como intenção homenagear o Papa Francisco, o qual completa um ano de papado, mostrando simplicidade e bom humor no trato com todas as pessoas, fato evidenciado na ocasião de sua visita ao Brasil para a Jornada Mundial da Juventude, em 2013.

 

Impressionados com os sorrisos e abraços distribuídos pelo Papa, especialmente com os jovens, um grupo de cartunistas reuniu diversas obras que retratam o Pontífice e toda sua simpatia para com o povo. O resultado foi a publicação do livro intitulado “O Papa Sorriu”, entregue pessoalmente ao Papa Francisco pelo Arcebispo metropolitano de São Paulo, Dom Odilo Scherer, no início de 2014. Agora, alguns desses trabalhos ocupam as paredes do MAS/SP em exposição inédita: “Para nós, demonstra que fazemos sim arte. É a primeira vez que caricaturas entram em um museu de arte sacra. Parabéns a todos que acreditaram em mais essa empreitada de nossas flash expo”, comenta José Alberto Lovetro, presidente da Associação dos Cartunistas do Brasil.

 

Com traços característicos acentuados, os artistas criam desenhos que provocam todos os tipos de reação nos espectadores, desde a surpresa até a ternura. Nas palavras de José Carlos Marçal de Barros, Diretor Executivo do MAS/SP: “Nas crônicas políticas e sociais, a caricatura constitui uma das mais aguçadas formas de expressão. Nada parece escapar aos olhos do caricaturista, cujo poder de síntese revela um invejável conhecimento sobre a realidade e sobre o ser humano.” Participam os cartunistas Alan Souto Maior, Alex Souza, Ariel Silva, Baptistão, Benjamim Cafalli, Bira Dantas, Bruno Honda Leite, Carlos Amorim, Claudio Duarte, Ed Carlos Joaquim, Eder Santos, Elihu Duayer, Fredson Silva, Gilmar Fraga, Gustavo Paffaro, J. Bosco, Jorge Barreto, José Alberto Lovetro, Junior Lopes, Luiz Carlos Altoé, Luiz Carlos Fernandes, Mello Cartunista, Mônica Fuchshuber, Nei Lima, Omar Figueroa Turcio, Paolino Lombardi, Quinho, Renato Stegun, Ricardo Soares, Rice Araujo, Rodrigo Brum, Sergio Mas, Sergio Raul Morettini, Seri Ribeiro Lemos, Vicente Bernabeu, Wal Alves, William Martins Ribeiro e William Medeiros.

 

 

De 14 de março a 30 de abril.

Obra de Aguilar em livro

O Museu da Casa Brasileira, Jardim Paulistano, São Paulo, SP, recebe dia 13 de março, para o lançamento do livro “José Roberto Aguilar: 50 Anos de Arte”, do pintor, escultor, escritor, curador, músico e performer. Com textos de Solange Lisboa, introdução de Nelson Aguilar e design de Fernanda Sarmento, é uma retrospectiva da carreira do artista, com cerca de 250 pinturas e 250 fotografias documentais que representam suas principais obras, inserindo-as em seu contexto original e traçando, assim, um panorama da cena cultural brasileira desde a década de 1960 até os dias atuais.

 

Composto por dois volumes, o livro apresenta trabalhos reunidos entre 1960 e 1989, no primeiro tomo, e de 1990 a 2010 no segundo, sendo os capítulos organizados por décadas, apresentando as pinturas de cada período, bem como páginas contextuais com fotos históricas, críticas, documentos e itens relativos a outras áreas além do campo das artes plásticas. Em geral, a publicação revela a facilidade que Aguilar possui de passear por diferentes suportes com total desenvoltura. Nesses 50 anos, o multiartista transitou entre a pintura – além de vídeoarte, vídeoinstalações e performances – e a liderança da “Banda Performática”, que mistura pintura, música, teatro e circo. A admiração pela literatura e pela mitologia torna tais assuntos sempre presentes em sua produção, ao se apropriar da escrita e dos signos, fazendo-os e “transcriando-os” como elementos integrantes em suas telas.

 

Com ritmo dinâmico de leitura, o livro acrescenta informações que podem ser consideradas genuínos recortes da cultura brasileira das últimas cinco décadas, no intuito de construir um relato histórico da relevante obra de Aguilar, bem como da cultura de vanguarda no Brasil.

 

 

Sobre o artista

 

Nascido em São Paulo em 1941, começou a participar da vida cultural brasileira em 1958, através do movimento “Kaos”, manifestação vanguardista de Jorge Mautner que incluía sessões de poesia, literatura e performance. Realizou sua primeira exposição em 1961. Em 1963, foi selecionado para a Bienal Internacional de São Paulo. Participou, em 1965, da mostra Opinião-65, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Recebe o Prêmio Itamaraty na Bienal de São Paulo, em 1967, onde volta a expor em 1969. Na década de 60, centraliza sua ação em seu atelier. Na virada dos anos70, se viu obrigado a viver no exterior, morando em Londres, onde realizou exposição em Birmingham. Retorna ao Brasil em 1973, e faz exposições no Rio e em São Paulo. Vive em Nova York entre 1974 e 1975, onde começa a realizar um trabalho pioneiro de vídeoarte. Participou de vídeoperformances no Beaubourg, em Paris, e no Festival de Vídeoarte de Tóquio, em 1978. Participa novamente da Bienal de São Paulo em 1979. Na década de 80, desenvolve grande atividade como pintor, realizando diversas exposições, inclusive na Alemanha e nos Estados Unidos. Paralelamente, reforça sua imagem de artista multimídia através de inúmeras performances, da criação e apresentações da Banda Performática, da realização de montagens e espetáculos em praças públicas. Compõe músicas, grava discos, escreve e edita livros. Desenvolve suas ligações com a religiosidade e a capacidade humana de transcendência. Nos anos 90, deu continuidade às suas múltiplas atividades e realizou duas mega exposições com quadros de grandes dimensões, no MASP e no MAM/SP (1991 e 1996), além de exposições no exterior. Tornou-se diretor da Casa das Rosas, São Paulo, SP, entre 1996-2002. Trabalhou como representante do Ministério da Cultura em São Paulo até 2007.

Iole de Freitas em novo livro

09/dez

No dia 12 de dezembro, às 18h, Iole de Freitas lança o livro “Para que servem as paredes do museu?”, que documenta sua atuação na Casa Daros,  quando participou do“Programa de residência de pesquisa”, entre 2011 e 2013. O lançamento acontece na própria Casa Daros, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ.

 

Com essa obra, a artista conclui uma etapa de seu questionamento “Para que servem as paredes do museu?”, que continuará a provocar reflexões e novas obras. A pesquisa envolveu a criação de uma obra gigantesca em meio à instabilidade da restauração da casa, em 2011, quando teve de trabalhar em condições “fugazes e temporárias”, para usar uma expressão da própria artista.

 

– No livro está o cerne de todo o trabalho realizado para a pesquisa na Casa Daros – comemora a artista. Na pesquisa, a ideia central foi acompanhar o processo de transformação do edifício, e projetar “utopias para lugares que estão mudando, junto com as ideias”, aponta Eugenio Valdés Figueroa, diretor de arte e educação da Casa Daros.

 

O livro também traz imagens da grande instalação de 100 metros quadrados criada pela artista para a inauguração da Casa Daros, em 2013, além de desenhos, maquetes, esboços e protótipos que nunca foram exibidos na sua totalidade, embasados por um texto que resume o processo: – Foram seis cadernos com anotações e esboços desse trabalho, conta a artista.

 

Uma entrevista de Iole de Freitas com Eugenio Valdés Figueroa é outro acréscimo importante. Os dois falam sobre as fases do projeto e o relacionam com momentos anteriores da obra da artista.

 

– Quero deixar claro que este não é um livro-catálogo, acrescenta Iole. Ao lado da “invasão” de ondas verdes (de policarbonato) há desenhos super delicados. São verdadeiros esboços de arquiteturas impossíveis, revela.

 

Confeccionado em três tipos de papel, o livro tem 104 páginas.