Novidades no Inhotim

05/set

Quem visitar o Inhotim, MG, vai poder conferir diversas novas obras. Artistas do Leste Europeu, Ásia e Estados Unidos propõem um novo olhar sobre a produção artística contemporânea.

 

Segundo o diretor de arte e programas culturais do Instituto, Rodrigo Moura, nos últimos 10 anos, houve um aumento do interesse mundial pela arte latino-americana e de outras regiões que fogem aos centros hegemônicos de produção. “Esse movimento está muito ligado a uma perspectiva de descentralização das narrativas. Nesse contexto, entendemos que o papel de um espaço como o Inhotim não é apenas colecionar nomes consagrados, mas introduzir outros, menos conhecidos por aqui”, afirma.

 

Uma nova galeria permanente, a décima oitava do Instituto, será dedicada ao pintor norte-americano Carroll Dunham. A galeria irá abrigar um ciclo de pinturas chamado Garden (2008), composto por cinco telas que refletem as impressões do artista sobre o Inhotim.

 

A Galeria Lago, um dos quatro espaços do Inhotim para exposições temporárias, receberá trabalhos de três artistas. A romena Geta Brătescu, ganha uma grande mostra individual de sua produção, com trabalhos que datam de 1986 a 2013, intitulada “O jardim e outros mitos”.

 

Dominik Lang, da República Tcheca, apresenta “Sleeping City” (2011), uma instalação composta por esculturas de bronze criadas pelo pai do artista. Em meio a estruturas de ferro e madeira, as peças adquirem novos significados.

 

Já do filipino David Medalla, será apresentada a obra “Cloud-Gates” (1965/2013) da série “Bubble Machines” – esculturas cinéticas formadas por espuma e criadas pelo artista pela primeira vez na década de 1960.

 

Para comemorar a inauguração dos novos projetos, os músicos Jards Macalé e Jorge Mautner sobem ao palco do Inhotim em Cena para uma apresentação especial. Parceiros musicais e amigos de longa data, os dois artistas relembram sucessos da música popular brasileira e prometem surpresas. O show começa às 15h, próximo ao Magic Square.

 

 

A partir de 4 de setembro.

No Santander Cultural

A terceira artista da edição 2014 do Projeto RS Contemporâneo no Santander Cultural, Porto Alegre, RS, apresenta, na Galeria Superior, os trabalhos de Romy Pocztaruk. A exposição “Feira de Ciências”, com curadoria de Guilherme Bueno, traz uma provocação sobre como a arte, por meio da fotografia, e a ciência, pelos seus métodos, podem “iludir” quem os vê e analisa. Ao transpor arte e ciência no seu trabalho, Romy Pocztaruk coloca em dúvida se as imagens representam registros científicos ou artísticos.

 

O Projeto RS Contemporâneo é um dos projetos mais promissores para o Santander, ao refletir, na sua essência, a transformação e promoção da nova produção artística local, oferecendo oportunidade aos jovens artistas de terem uma exposição individual, com toda organização e suporte profissional necessário para ser exibida na galeria do Santander Cultural.

 

 

Até 28 de setembro.

Ranulpho: Arte em Estilos, a exposição

01/set

Uma das galerias mais antigas e atuantes do país, a Ranulpho galeria de arte, Bairro do Recife, Recife, PE, inaugurou a exposição coletiva “Arte em estilos”.  Em sua nova exposição obras e artistas de tradição na casa exibidora composto por nomes como Juarez Machado, Reynaldo Fonseca, Virgolino, Vicente do Rego Monteiro, Alcides Santos, Romanelli, Claudio Tozzi, Isolda, Mário Nunes e Iracema Arditi. Na divulgação do evento destaca-se a seguinte afirmativa: “…É da maior importância para uma galeria com uma trajetória profissional de 46 anos, revelar um novo e raro talento que estamos apresentando nesta exposição”.  O talento apontado é o jovem pintor Rafael Guerra.

 

 

Sobre Rafael Guerra

 

Rafael Guerra, nascido no Recife, PE, o jovem de 27 anos seguiu sua paixão pela natureza e formou-se em Biologia na UFPE. Entretanto, seu desejo de estudar e observar a mesma natureza pelo viés artístico o levou a explorar suas habilidades na pintura, algo que até então era um mero passa tempo em sua vida. Assim, em 2009, ele se mudou para Itália, onde começou seus estudos em desenho e pintura na Florence Academy of Art (FAA), deixando a biologia para trás. Durante seu tempo na Academia, Rafael recebeu prêmios pelo seu desempenho estudantil, incluindo uma bolsa de estudos, que lhe garantiu uma estada de mais um ano na instituição de ensino. Durante este quarto ano na FAA, Guerra trabalhou com o Diretor do local, Daniel Graves, em seu estúdio em Florença. Paralelo a isso, o artista assumiu o papel de professor assistente no Programa Intensivo de Desenho da FAA durante um ano. Atualmente o pernambucano trabalha como pintor em Florença ao passo que está montando um estúdio pessoal no Sul da Finlândia e outro no Brasil, locais onde pretende dedicar seu tempo à pintura.

 

 

Até 12 de setembro.

Um Salto no Espaço

25/ago

Partindo de “Um Salto no Vazio”, do artista francês Yves Klein, a nova mostra da Fundação Vera Chaves Barcellos, Viamão, RS, exibe múltiplas percepções do espaço.  A mostra ocorre por conta das comemorações dos 10 anos da Fundação Vera Chaves Barcellos. A organização é da artista plástica Vera Chaves Barcellos, que também preside a instituição. Essa mostra configura-se como uma múltipla abordagem do espaço tanto de sua forma mais literal,  – sua ocupação física – , como a de uma forma conceitual ou metafórica.

 

Partindo do “Salto no Vazio”, de Yves Klein, metáfora do fazer artístico por excelência, deste jogar-se de corpo inteiro numa ação de risco, e tendo como axis a representação museológica de um meteorito de Michel Zózimo, esta mostra, através de diferentes mídias, oferece um mergulho em tudo aquilo que pode gerar um trabalho artístico que se ofereça ao espectador como espaço de reflexão.

 

A exposição reúne um grupo expressivo de artistas brasileiros e alguns artistas europeus de diversas gerações, com trabalhos que apresentam desde a ocupação do espaço real à sua representação virtual, do espaço íntimo ao espaço urbano, do universo psicológico ao território social, da reconstrução ficcional ao documento do real, do cheio ao vazio, do sólido ao etéreo, da presença material ao jogo da imaginação.

 

Participam de “Um Salto no Espaço”: Angelo Venosa, Anna Bella Geiger, Claudio Goulart, Clovis Dariano, Daniel Acosta, Daniel Santiago, Elaine Tedesco, Eliane Prolik, Flávio Damm (foto), Goto, Lucia Koch, Luciano Zanette, Marlies Ritter, Mario Röhnelt, Nelson Wiegert, Michel Zózimo, Pedro Escosteguy, Regina Silveira, Regina Vater, Rochelle Costi, Romy Pocztaruk e Vera Chaves Barcellos, além da participação especial de Grégoire Dupond e Yves Klein.

 

Consolidando-se como uma instituição que difunde a produção artística contemporânea e estimula o debate em torno dela, a Fundação Vera Chaves Barcellos segue na promoção de encontros com artistas, palestras com teóricos e visitas mediadas, apostando, através do seu Programa Educativo, no potencial socialmente transformador da arte.

 

 

De 23 de agosto a 29 de novembro.  

LIMITES SEM LIMITES. DESENHOS E TRAÇOS DA ARTE POVERA

21/ago

 

A Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS, apresenta a exposição “LIMITES SEM LIMITES. Desenhos e Traços da ARTE POVERA”, mostra de caráter internacional cuja curadoria é de Gianfranco Maraniello.

 

A Arte Povera marca um distanciamento decisivo com a tradição do “quadro” e dos gêneros artísticos tradicionais em favor da redução de sinais, do encontro com as formas do tempo e da experiência lutando contra o fetiche das obras. Quase todos os artistas do grupo abordaram a prática do desenho, mas com uma técnica muito específica e de renovação do modo considerado “tradicional” de desenhar. Esses artistas enxergavam as obras como janelas para observar o nosso comportamento, para fazer coincidir a arte com o mundo – e tomar o espaço da obra como uma experiência transitória para dar forma à vida e ao tempo. São trabalhos que por vezes parecem extrapolar o perímetro do desenho em direção ao mundo em movimento que está em frente ao trabalho. Sendo assim, o desenho torna-se um limiar do mundo – está também no espaço não circunscrito na parede. As obras feitas com desenhos e que serão apresentadas “fundem” essa técnica com outras, resultando na criação de obras importantes e, por vezes, bastante espetaculares. O tema do desenho, pouco estudado na Arte Povera, será o norte conceitual da exposição.

 

A mostra – na Fundação Iberê Camargo – é o primeiro grande exame do modo como os protagonistas do movimento interpretaram a prática do desenho. Tal técnica é empregada como um traçar, um delinear de signos que identificam e em conjunto superam as margens das obras, desconstruindo, portanto a sua execução, não somente para observação, mas incitando os espectadores a questionar a sua posição, a investigar a superfície do mundo como uma pele ou um limiar, e a considerar a proximidade de suas vidas com os processos naturais e a inesgotável energia da imaginação.

 

 

Sobre Gianfranco Maraniello

 

Nascido na Itália, em 1971. Formou-se em Filosofia e foi professor de Estética dos Novos Meios na Academia de Belas Artes de Brera, Milão. Foi curador do MACRO – Museo Arte Contemporanea de  Roma, 2002-2005, do Palazzo delle Papesse – Centro d’Arte Contemporanea di Siena e da VI Bienal Internacional de Arte de Xangai. Desde janeiro de 2013, é diretor da Instituição dos Museus de Bolonha, que inclui MAMbo, Museo Morandi e outros 11 museus pertencentes à cidade de Bolonha. Foi curador de várias mostras coletivas e individuais realizadas em museus e nacionais e internacionais. Foi autor de artigos e ensaios, encomendados por instituições tais como o Centre Georges Pompidou, Paris; Hiroshima City Museum of Contemporary Art;  Palais de Tokyo, Paris; Fundação de Serralves, Portugal e Galerie pele Zeitgenossiche Kunst , Leipzig.

 

 

De 22 de agosto a 02 de novembro.

Hildebrando de Castro na Paulo Darzé

20/ago

Hildebrando de Castro é pernambucano, mas vive em São Paulo. “Ilusões do real” é sua primeira exposição na Bahia, estreando  na Paulo Darzé Galeria de Arte, Corredor da Vitória Salvador.

 

 

Texto sobre o artista

 

Hildebrando de Castro tem uma trajetória singular, solitária e inteiramente pessoal. Autodidata, sempre teve a ousadia de pintar o que lhe interessa, de tratar obsessivamente um tema e passar a outro assunto quando o considera esgotado. O artista brinca com o desafio de criar a ilusão da realidade, e seu trabalho impressiona pela perfeição da execução – em qualquer uma das técnicas que utiliza. Sua obra é essencialmente narrativa, mas suas histórias não espelham a realidade, elas evocam um mundo paralelo – que o artista enxerga colado ao real. E Hildebrando vê coisas incríveis: a crueldade presente num espeto de corações de galinha, a perversidade inerente ao mundo infantil, a estranheza de seres humanos fantásticos, a agudeza por trás de um olhar flagrado, a impregnação da personalidade num retrato sem foco, a beleza aterrorizante da natureza nas suas manifestações de força. na sua pesquisa mais recente Hildebrando detém a luz que brinca sobre a arquitetura. Fixa sombras, revela detalhes e acentua contrastes. Daí resultam imagens quase concretistas, mas seu trabalho não se esgota na forma, pois, transcendendo a geometria, guarda de forma velada a presença humana que as criou. Sem se deixar guiar por regras ou modismos o artista se impõe como um dos mais originais e criativos do cenário artístico nacional.

Denise Mattar

 

 

Até 20 de setembro.

Frida Kahlo – As suas fotografias

12/ago

O Museu Oscar Niemeyer (MON), Sala 3, Curitiba, PR, recebe, pela primeira vez, “Frida Kahlo – as suas fotografias”. A exposição, inédita, reúne 240 fotos do acervo pessoal da artista através de retratos da artista, família e amigos e será exibida no Brasil unicamente no MON.

 

São registros fotográficos da artista desde a infância, tiradas por dois fotógrafos profissionais de sua família: seu pai e seu avô materno. Há também momentos eternizados pela alemã Gisèle Freund e pelo húngaro Nickolas Muray, dois fotógrafos que conviveram com Frida por anos, além de fotografias tiradas pela própria Frida e por outras pessoas, imagens que a pintora gostava de guardar, olhar e se inspirar.

 

Para o curador da exposição, Pablo Ortiz Monasterio, “o acervo reflete de maneira clara os interesses que a pintora teve ao longo da sua tormentosa vida: a família, o seu fascínio por Diego e os seus outros amores, o corpo acidentado e a ciência médica, os amigos e alguns inimigos, a luta política e a arte, os índios e o passado pré-hispânico, tudo isto revestido da grande paixão que teve pelo México e pelos mexicanos”, conta.

 

A mostra é dividida em seis seções: A primeira retrata os pais da artista. Foram as numerosas imagens de seu pai, que fotografava a si mesmo em diferentes ocasiões que deixaram uma marca permanente na pintora: o autorretrato. A segunda destaca a Casa Azul, as primeiras poses de Frida para seu pai e as diversas reuniões que lá aconteceram. A Casa Azul é a residência que foi dos pais da pintora, no bairro de Cocoyacán, na Cidade do México, e que atualmente abriga o Museu Frida Kahlo, de onde vieram as obras desta exposição. A terceira revela o lado íntimo de Frida Kahlo. Há imagens feitas, e estilizadas por ela, recortes fotográficos mutilados, dos quais a artista elimina ou elege alguns dos protagonistas. Na quarta concentra-se os amores. São fotografias de seus amigos mais próximos, familiares, alguns dos seus amantes e, principalmente, Diego Rivera. A quinta traz um numeroso arquivo reunido por Frida, tanto pela qualidade visual, no caso das anônimas, como pelo seu valor, no caso das assinadas por grandes artistas. Nesta seção há desde cartões de visita do século 19 até retratos realizados por autores de destaque da história da fotografia e amigos pessoais. A sexta e última seção é dedicada às imagens relacionadas com as questões políticas.

 

A diretora cultural do Museu Oscar Niemeyer, Estela Sandrini, diz que é uma honra o MON ser o único espaço no Brasil a receber esta mostra. “O público poderá conferir de perto a intimidade de Frida, o olhar da artista sob outros olhares e sob seu próprio ponto de vista”, pontua.

 

 

 

Sobre a artista

 

Magdalena Carmen Frida Kahlo y Calderon, conhecida como Frida Kahlo, nasceu no dia 06 de julho de 1907 em Coyoacan, no México. Em 1925, aos 18, enquanto estudava medicina, sua vida mudou de forma trágica. Frida e o seu noivo Alejandro Gómez Arias estavam em um ônibus que chocou-se com um trem. Ela sofreu múltiplas fraturas, fez várias cirurgias (35 ao todo) e ficou muito tempo presa em uma cama. Foi nessa época que ela começou a pintar freneticamente. Frida sempre se autorretratou – suas angústias, suas vivências, seus medos e principalmente seu amor pelo marido, o pintor e muralista mexicano mais importante do século 20 Diego Rivera, com quem se casou em 1929, e que ajudou Frida a revelar-se como artista.

 

Em 1939 fez sua primeira exposição individual, na galeria de Julien Levy, em Nova York, e foi sucesso de crítica. Em seguida, seguiu para Paris. Lá conheceu Picasso, Kandinsky,  Duchamp, Paul Éluard e Max Ernst. O Museu do Louvre adquiriu um de seus autorretratos. Em 1942 Frida e o marido começaram a dar aulas de arte em uma escola recém-aberta na Cidade do México. Após muitos altos e baixos, como os três abortos e a relação amorosa rodeada por casos extraconjugais dos dois, seu estado de saúde piorou. Em 1950 os médicos diagnosticaram a amputação da perna e ela entrou em depressão. Pintou suas últimas obras, como Natureza Morta (Viva a Vida).

 

Na madrugada de 13 de julho de 1954, Frida, com 47 anos, foi encontrada morta em seu leito. No diário, deixou as últimas palavras: Espero alegre a minha partida – e espero não retornar nunca mais. As obras de Frida Kahlo possuem uma estética muito próxima ao surrealismo com influência da arte folclórica indígena mexicana, cultura asteca, tradição artística europeia, marxismo e movimentos artísticos de vanguarda. Destacou-se ainda pelo uso de cores fortes e vivas. Entre suas principais obras estão: “Autorretrato em vestido de veludo” (1926), “O ônibus” (1929), “Frida Kahlo e Diego Rivera” (1931), “Autorretrato com colar” (1933), “Autorretrato como tehuana” (1943), “Diego em meu pensamento” (1943) e “O marxismo dará saúde aos doentes” (1954).

 

 

Até 21 de novembro.

Eliane Prolik no MON

O Museu Oscar Niemeyer (MON), Curitiba, PR, inaugurou nas salas 1 e 2, a exposição “Da matéria do mundo”, da artista Eliane Prolik. A mostra apresenta a instalação “Atravessamento” e três núcleos de esculturas. Com curadoria de Ronaldo Brito, e Denise Bandeira como assistente de curadoria, a exposição se apropria de materiais industriais que possibilitam o desencadeamento de formas abertas e comunicantes relacionadas ao sentido fluido e emblemático da vida contemporânea. A instalação “Atravessamento”, de 160 metros quadrados de eletrocalhas, envolve e captura o espectador com seu engenho, rumor e desvios. A natureza escultórica de sua obra responde à presença física e à experiência ampliada da percepção do corpo em movimento em interações e tensões junto ao lugar, a arquitetura e a cidade.

 

Para Brito, “Da Matéria do Mundo” diz respeito não somente à aparência do mundo contemporâneo, seu aspecto anônimo e industrial, mas à essência de sua forma: o modo aberto, serial e repetitivo como se organiza, no limite do aleatório, estranho com certeza às noções tradicionais de harmonia e equilíbrio. Metafórica e concretamente, as esculturas de Eliane Prolik convidam a um verdadeiro embate físico que pode muito bem vir a se transformar em disponibilidade lúdica”, analisa. A diretora cultural do MON, Estela Sandrini, ressalta que, “muitos dos trabalhos apresentados nesta exposição foram criados para as salas do MON, a fim de estreitar as relações entre a obra, a arquitetura do espaço e a experiência sensorial do espectador”.

 

 

Sobre a artista

 

Curitibana, a artista é graduada em Pintura e possui especialização em História da Arte do Séc. XX pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná (EMBAP). Desde o final dos anos 1980 trabalha com escultura, objeto e instalação. Participou de diversas exposições nacionais e internacionais, como 25ª e 19ª Bienal Internacional de São Paulo (2002 e 1987), I Bienal do Mercosul (1997), Bienal Brasil Século XX (1994), Panorama da Arte Brasileira (1995 e 1991), “O Estado da Arte – 40 anos de Arte Contemporânea no Paraná 1970-2010” (2010) e “PR/BR – Produção da imagem simbólica do Paraná na cultura visual brasileira” (2013), Museu Oscar Niemeyer. Entre suas exposições individuais destacam-se “Projeto Octógono”, Pinacoteca do Estado de São Paulo (2004) e “Capulus”, Centro Universitário Maria Antonia, São Paulo (2003). Recebeu premiações no Salão Nacional e Salão Paranaense. Integra os coletivos de arte “Bicicleta”, “Moto Contínuo” e “Escultura Pública”, além de projetos institucionais no contexto paranaense.

 

 

Da Matéria do Mundo por Ronaldo Brito

 

Da Matéria do Mundo diz respeito não somente à aparência do mundo contemporâneo, seu aspecto anônimo e industrial, mas à essência de sua Forma: o modo aberto, serial e repetitivo como se organiza, no limite do aleatório, estranho com certeza às noções tradicionais de harmonia e equilíbrio. No entanto, insistimos em pedir à arte que nos ofereça preciosos objetos únicos, fechados em si mesmos, seguindo o padrão convencional. Há décadas o Minimalismo norte-americano e a Arte Povera italiana investiram contra semelhante conformismo, em favor de uma arte realmente contemporânea, em contato efetivo com o mundo da vida atual. O trabalho de Eliane Prolik aceitou, decidido, o desafio. Ao longo dos anos, a artista foi cultivando uma empatia sutil e sincera com os materiais comuns do nosso cotidiano urbano, foi apurando uma hipersensibilidade em relação a eles, que acabou por torná-los corpo e alma de sua poética.

 

À falta de um conceito ideal, vamos chamar Núcleos Escultóricos a essas peças de metal regulares, com uma configuração aberta, que se modificam necessariamente segundo as exigências de cada ambiente. Soltas no espaço amplo e generoso do Museu Oscar Niemeyer, elas devem ao mesmo tempo tensioná-lo e atravessá-lo, como dita aliás o título de um dos trabalhos da exposição. Em meio à sensação crescente de opacidade, sensação que parece dominar o denso e populoso século XXI, cabe à arte revelar transparências, abrir espaços, fazer brilhar a luz ali onde se tende a ver apenas impasses e muros intransponíveis. Metafórica e concretamente, as esculturas de Eliane Prolik convidam a um verdadeiro embate físico que pode muito bem vir a se transformar em disponibilidade lúdica.

 

 

Até 16 de novembro.

Bechara na Simões de Assis

25/jul

O artista plástico José Bechara inaugurou exposição individual de seus trabalhos na Simões de Assis Galeria, conceituado espaço situado no Batel, Curitiba, PR. A mostra recebeu edição de um esmerado catálogo com reproduções das atuais criações do importante artista contemporâneo. O texto de apresentação traz a assinatura do crítico de arte e curador Felipe Scovino.

 

 

Pintura contaminada pela poeira do mundo

Texto de Felipe Scovino

 

No Brasil, o legado das tendências construtivas, ao longo da segunda metade do século XX, foi uma constante com algumas variáveis. A geração que se estabeleceu logo após o fim do neoconcretismo teve influências tanto da Pop quanto da arte conceituai, ainda que tenha criado uma linguagem muito própria e inventiva, sem abdicar em maior ou menor grau do abstracionismo geométrico, como foram os casos, por exemplo, de Antonio Dias, Carlos Vergara, Cildo Meireles, José Resende, Rubens Gerchman e Roberto Magalhães. Outras pesquisas estéticas, tais como as de Mira Schendel, Paulo Roberto Leal e Raymundo Colares, tiveram uma aproximação maior com as tendências construtivas e, sem dúvida, arquitetaram uma condição nova e abrangente para essa pesquisa. As obras desses três artistas, por exemplo, criaram uma superfície pictórica orgânica e fluída.

 

 

Era um novo entendimento sobre como o construtivismo tendia cada vez mais a um discurso sobre o sensorial. José Bechara e uma determinada parcela da geração em que está incluído — como Carlos Bevilacqua, (as primeiras obras de) Ernesto Neto e Raul Mourão — estendem essa vertente ao trabalharem de uma forma harmônica e orgânica com o metal – seja o aço, o ferro ou o cobre — como material para esculturas ou, especialmente no caso de Bechara, como matéria pictórica. Um primeiro ponto que sempre me chamou a atenção em sua obra foi o fato de substituir a tela branca por uma superfície suja, poeirenta, impregnada de história, que são as lonas usadas de caminhões. Esse é o primeiro passo para entendermos o aspecto orgânico — expressão clichê, mas que, aqui, perde efetivamente sua impotência para ganhar outra validade — de sua obra e como a forma cria mais uma variável para esse acento geométrico na arte brasileira. O artista sobrepõe camadas de tempo ao fazer uso de processos de oxidação daquele material. Bechara incorpora a morosidade da oxidação como condição para a aparição do aleatório. As modificações que ocorrem — marcas, texturas e manchas — tecem uma sobreposição de volumes, cor e textura. Em outros momentos, ele divide a lona entre uma parte marcada por esse processo de oxidação e outra, pelas marcas que foram adquiridas por aquele material ao longo de seu uso na estrada. São linhas construídas ao acaso, signos de memória, que passam em um gesto poético a serem incorporados como pintura.

 

 

Ademais, o artista faz uso da grade, elemento simbólico da gênese da pintura construtiva (vide os construtivistas russos e Mondrian) que, no pós-guerra, ganha distintas leituras (de Robert Ryman a Agnes Martin, passando por Gerhard Richter e Lygia Pape), como uma possibilidade real e precisa de criar uma perspectiva ilusória. Segundo Dan Cameron, “a grade lentamente se desenvolveu de um dispositivo usado para ajudar a criar uma ilusão espacial para um sistema que se impôs sobre o espaço propriamente dito.” A grade declarou a modernidade da arte ao ajudá-la a conquistar sua autonomia e, “em parte”, a dar as costas à natureza. Para Sennet, “a convicção de que as pessoas podem expandir os espaços infinitamente — através de um traçado em grade — é o primeiro passo, geograficamente, de neutralizar o valor de qualquer espaço específico.” Em Bechara, a grade aparece como um ato transformador. Antes de tudo, porque as linhas que a delimitam são tortas, sujas e erradas, assim como toda a superfície da lona. Há uma outra ordem para essa composição geométrica, minimalista e precisa. Suas obras são sobrevoadas por uma atmosfera ruidosa, poluída, violenta, urbana, na qual caos e ordem estão misturados. E é exatamente por isso que sua obra é extremamente real e viva. De alguma forma, a velocidade e a dinâmica que fizeram parte da história daquelas lonas são transferidas para as composições criadas pelo artista. E, ainda, a grade em determinados momentos parece avançar sobre o espectador, e em outros recua como se o que interessasse fosse tornar visível as figuras que são construídas aleatoriamente pelo processo de oxidação e por suas próprias linhas, tortas e precárias. E esse grito de defeito, de que algo deu errado que faz as obras de Bechara serem demasiadamente humanas. Ao aproveitar o que já vem dado pela lona — riscos e manchas —, o artista cria um novo repertório de traços e linhas que magistralmente equilibra passado (história e memória) e presente (a ressignificação da pintura — e por que não do desenho? — e da própria ideia de gestualidade).

 

 

Em sua série mais recente, Bechara intensifica a aparição da grade, pois sua composição se torna mais fechada e apresenta sucessivas camadas que, ao se sobreporem, “apagam” a “pele” da lona. Todavia, o plano se torna ainda mais dramático — como se a um olhar leigo fosse possível criar drama apenas e tão somente pelo cruzamento de linhas verticais e horizontais, e é aqui que a deflagração poética transforma a banalidade e o ordinário em um acontecimento mágico e encantador — com a incapacidade em denotarmos o que é figura ou fundo, pois a perspectiva se transforma amplamente em uma experiência ilusória. A oxidação, porém, continua presente e cria zonas gráficas e de interferência cromática que continuam transformando essas obras em uma espécie de canteiro de obras. E um processo sucessivo de decantamento (ao aplicar a emulsão sobre a lona, a oxidação derivada desse processo precisa de um repouso para a sua ação) e encantamento. Bechara é um artista incansável, pois estão lá gravados, na lona, sua força, sua participação, sua investigação de materiais e técnicas; como uma experiência biológica, assistimos ao jogo de forças e presença que a emulsão de cobre ou aço, o uso da palha de aço e a corrosão derivada desse processo realizam sobre a superfície da lona.

 

 

Suas esculturas não constituem uma outra fase de produção em relação às pinturas, pois são diálogos pertinentes e imbricados. Sua mais recente série de obras, denominada Enxame ou estudos para uma aproximação de suspensos (2013-14), torna clara essa aproximação. Ela possui um papel intermediário nessa aproximação entre a bidimensionalidade e o ar. São caixas de madeira cujo interior é formado pela sobreposição, com pequenos intervalos, de placas de vidro. Sobre as placas, há a aplicação de tinta spray de distintas cores que, como um pincel, imprime um preciso e livre jogo de formas geométricas. No fundo de algumas dessas caixas, placas de madeira cortadas, que acentuam não só o legado construtivo na obra de Bechara mas também a pesquisa sobre cor e planaridade que tanto interessa a sua produção. Na construção de uma relação óptica e ilusória, essas obras parecem lançar ao espaço as linhas e campos de cor, fazendo que com que elas bailem por entre os vidros.

 

 

E essa constituição de um desenho no espaço que cria o diálogo entre suas pinturas e esculturas. Especialmente na série Esculturas gráficas, a tridimensionalidade pertence mais ao ar do que à terra. E essa imagem advém principalmente pelo fato de Bechara equilibrar cheio e vazio, o dentro e o fora. Seus volumes preenchidos de ar nos fazem ver aquelas formas como estruturas gráficas suspensas do papel e tendo o espaço como seu habitat. Mesmo sendo esculturas, ficam na fronteira entre a bidimensionalidade e a tridimensionalidade. E mais um fator que nos ajuda a compreender essa fronteira borrada é como o artista continua a investigar a cor. Esses monocromos tridimensionais elevam a cor que estava no plano do papel ou da lona para a superfície. Criam formas gráficas suspensas que se equilibram minimamente, transmitindo uma sensação de precariedade e instabilidade, entre o balanço de preenchidos de vazio e outro com grande carga cromática. Não me parecem que ocupam o espaço de uma forma vigorosa e pesada, mas pousam sobre ele. Há uma sensação de que o peso foi retirado daquelas estruturas, e elas simples e decisivamente ganharam leveza e um ritmo que as leva a ocuparem e se infiltrarem naquela área de uma maneira cadenciada. Por outro lado, a série Open House traz uma velocidade caótica e desorganizada. E importante relatar que, nesse percurso de experimentação acerca do espaço, a casa é um arquétipo freqüente na obra do artista. Entretanto, é uma casa que procura ser esvaziada, como presenciamos na série em questão, pois, ao mesmo tempo que parece desejar ser ocupada pelo vazio, expulsa o que contém ou que estava sendo mantido em âmbito privado. As duas séries de esculturas se situam em uma zona de conflito, porque, nessa imagem dionisíaca e hostil de uma escultura que se faz no turbilhão do caos, o artista quer demonstrar que “o vazio tem solidez, é uma matéria.” E um vazio que se coloca como personagem de um enredo trágico.

 

 

 

Desde 24 de julho.

Mesa-redonda e Lançamento

21/jul

A Galeria Mamute, novo espaço de arte contemporânea, situado no centro histórico de Porto Alegre, RS, convida para mesa-redonda com os artistas residentes Andreia Vigo, Nelton Pellenz, Walter Karwatzki e a curadora Niura Borges.  Serão abordados o processo criativo e as produções desenvolvidas durante o projeto de residência artística  em vídeo da Galeria Mamute, a “Videoresidência Território Expandido”.

 

Neste mesmo dia ocorrerá o lançamento do catálogo do projeto e DVD com as obras dos artistas.  “Videoresidência Território Expandido” foi contemplado  com o Prêmio Rede Nacional Funarte Artes Visuais 10ª Edição.

 

 

Local: Galeria Mamute, Rua Caldas Júnior, 375, dia 23 de julho, às 18h.