Pintura Impura

08/dez

As pinacotecas Aldo Locatelli e Ruben Berta, Paço Municipal, Centro Histórico, Porto Alegre, RS, exibem a exposição ‘’Pintura Impura’’. A exposição vai abriga obras de diversos artistas cujos temas apresentam diversas influências na pintura de cada um. Contaminações e influências permeiam a exposição “Pintura Impura”. Valendo-se de obras das Pinacotecas Aldo Locatelli e Ruben Berta, datadas da década de 1950 até os dias de hoje, a mostra apresenta diferentes abordagens no campo da pintura. A relação de artistas participantes consta, dentre outros, com obras assinadas por Aldo Locatelli, Alfredo Nicolaiewsky, Allen Jones, Ana Alegria, Bernardo Cid, Bill Maynard, Bin Kondo, Britto Velho, Eduardo Vieira da Cunha, Fernando Duval, Fernando Odriozola, Gisela Waetge, Guillermo A.C., Heloisa Schneiders, John Piper, Jorge Paez Villaró, Juan Ventayol, Mattia Moreni, Paulo Peres, Roberto Campadello, Teresa Poester Tereza Nazar, Tomas Abal e Tomie Ohtake.

 

Além de artistas ingleses (da escola pop), uruguaios, italianos, argentinos e brasileiros, faz parte da coleção uma obra de Aldo Locatelli, artista italiano que dá nome a uma das coleções, cuja autoria é notável e repleta de significados. Para Flávio Krawczyk, diretor do acervo artístico, “…trata-se de um retrato aparentemente inconcluso, embora assinado, portanto considerado pronto pelo autor. Ou seja, a obra nasce do virtuosismo, da velocidade dos tempos modernos e do ímpeto em explicitar o seu processo de realização. Por fim, indica a assimilação por Locatelli, cuja formação havia sido estritamente acadêmica, de técnicas e sugestões das vanguardas do início do século XX”.

 

Ainda nas palavras de Flávio Krawzick, a mostra “…inclui o trânsito entre figuração e abstração, a presença da palavra escrita, os entrelaçamentos de cultura popular e erudita, a incorporação dos quadrinhos e do grafite, a acumulação de distintas informações – do cotidiano ao onírico, os cruzamentos de materiais e técnicas, além da colagem de materiais heteróclitos. Concebidas sobre o signo da “impureza”, as pinturas expostas apontam para a emergência da arte contemporânea, quando é rompido o espaço perspectivo de matriz renascentista e quando a pintura se mostra definitivamente contaminada ou “impura”. Na diversidade oriunda desta condição reside a sua fecundidade e riqueza de sentidos”.

 

Até 1º de março de 2013.

Fábula contemporânea

06/dez

O Santander Cultural, Centro Histórico, Porto Alegre, RS, apresenta o “Projeto RS Contemporâneo 2012″, que estimula a produção cultural gaúcha e a formação de público em artes visuais,. Encerrando seu primeiro ciclo – composto de três exposições – exibe, através de exposição individual, o trabalho de Nara Amelia. A exposição denominada de “O Mundo é uma Fábula”, reúne gravuras, desenhos e bordados inéditos ordenados em conjuntos e séries sob a curadoria do paraense Orlando Maneschy.

 

Entre as criações da jovem artista, estão personagens fantásticos, animais fabulosos e hibridizados que aproximam sua obra da literatura e da filosofia e, segundo o curador, remetem à questão humano-animal e ao exercício de autoconhecer.

O “Projeto RS Contemporâneo” prevê em cada edição um Conselho Curatorial que indica dois ou três artistas, cujos trabalhos, capazes de gerar uma contribuição relevante ao meio cultural, são observados por curadores de fora de sua área geográfica de atuação e que, até o momento, não haviam se voltado às suas poéticas.

Trata-se de uma rara oportunidade por diversos motivos: primeiramente, esses jovens terão suas produções analisadas por especialistas; contarão com ajuda de custo para a execução das obras e com as condições adequadas para a exibição das mesmas; e terão seus trabalhos documentados em um apurado catálogo.

O conselho curatorial deste ano referendou, nas duas primeiras mostras, os artistas Rochele Zandavalli e Rafael Pagatini. Para Carlos Trevi, Coordenador Geral do Santander Cultural, “…o programa consolidou o compromisso de estimular o trabalho de jovens artistas locais em sintonia com a crença do banco na criatividade como fonte de desenvolvimento. Em 2013, daremos continuidade ao RS Contemporâneo, um projeto que está diretamente relacionado à nossa vocação para a arte contemporânea e à valorização do potencial artístico brasileiro para fortalecer as economias locais e inseri-las no contexto cultural nacional”, destaca.

 

A exposição será exibida em outros locais como a Sala Nordeste de Artes Visuais no Recife, PE, graças ao Prêmio Funarte de Arte Contemporânea que a artista recebeu em 2012 e após o Recife, a exposição irá para São Paulo, na Galeria Jaqueline Martins.

 

Sobre a artista

 

Nara Amelia nasceu em Três Passos, RS, em 1982. Vive e trabalha em Porto Alegre. É doutoranda em Poéticas Visuais pelo PPGAV, Instituto de Artes da UFRGS, com bolsa de pesquisa CAPES, mestre em Artes Visuais pelo PPGART/UFSM (2009) e graduada em Desenho e Plástica pela UFSM (2006). Realizou as exposições individuais: O Melhor dos Mundos Possíveis!, Goethe-Institut, Porto Alegre, RS, 2011; Sob a Natureza, Centro Cultural São Paulo, Edital de Exposições, São Paulo, SP, 2010; e Um Céu Feito de Abismo, Galeria Arlinda Corrêa Lima, Edital de Exposições Fundação Clóvis Salgado, Belo Horizonte, MG, 2009. Recebeu os seguintes prêmios: Prêmio Funarte de Arte Contemporânea Sala Nordeste de Artes Visuais Recife, 2012; 18o Salão Unama de Pequenos Formatos, 2012; I Prêmio Ibema de Gravura, 2011; Prêmio Aquisitivo Programa de Exposições do Centro Cultural São Paulo, 2010. Entre as principais mostras coletivas, estão: Convite à Viagem, Rumos Itaú Cultural, São Paulo, SP, 2012; Labirintos da Iconografia, Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli, Porto Alegre, RS, 2011; Hong Kong Graphic Art Fiesta, Hong Kong, 2011; e III Gráfica Gaúcha: Novíssimos e Independentes, Centro Cultural Érico Veríssimo, Porto Alegre, RS, 2009.

Até 06 de janeiro de 2013.

Mostra de Eduardo Vieira da Cunha

09/nov

Pintor, fotógrafo, desenhista e gravador, Eduardo Vieira da Cunha realiza exposição individual que integra uma série chamada “Percurso do Artista”, Sala João Fahrion, Reitoria da UFRGS, Porto Alegre, RS. A mostra é voltada para a idéia da viagem, do deslocamento, elementos sempre presentes na obra do artista. Essa exibição marca os 30 anos de uma carreira que começou com participações e premiações em salões na década de 1980 e mostras realizadas em Nova Iorque e Paris, cidades onde residiu.

 

São 32 pinturas, oito desenhos e cinco gravuras, além de fotografias e ilustrações escolhidas em torno da idéia de metáfora de viagem produtiva. O pintor recolhe exemplos de outras áreas para falar da vasta questão do deslocamento e da viagem: sonhos, fotos, papéis soltos, objetos, mapas, itinerários, planos, traduções, desenhos e pinturas que ajudam a pelo menos recompor o itinerário de uma viagem produtiva, ociosa positiva e negativamente.

 

A viagem imaginária começa com desenhos e fotos de um navio, navegando em um mar de areia, em um lugar qualquer no litoral do Rio Grande do Sul. O artista busca através de um personagem, um homem solitário que habitava o navio e que durante o dia se dedicava à infinita tarefa de pintar de preto o casco para evitar os danos da maresia. E que à noite, descia ao porão para revelar velhos negativos fotográficos. Esse homem que esperava remete à imagem representada pela ampulheta, aquele mar de areia que pode ser tanto o esquecimento como o elogio ao desprendimento.

 

Do litoral desértico do Rio Grande do Sul, Eduardo Vieira da Cunha buscou na animada, iluminada e extravagante cidade de Nova York dos  anos 80 e 90 resgatar imagens de sua autoria  que ilustraram frases da coluna “Diário da Corte”, do jornalista Paulo Francis  publicadas no jornal gaúcho Zero Hora até 1997. A cidade surge ali como um objeto de desejo, contraditória, ora como um firmamento, uma galáxia, um céu radiante, ora como um inferno. Esse estado de perpétua animação e crise da cidade-ilha é refletida nos textos de Francis.

 

A palavra do artista

 

À procura de uma sombra do viajante

 

“Odeio viagens e viajantes”. Com esta frase, um negativo da viagem, Claude Lévy-Strauss se vacinava logo ao abrir o grande poema que representa “Tristes Trópicos”. Um livro do deslocamento filosófico, da filosofia em negativo. O que talvez o etnólogo odiasse mesmo era o desafio de descobrir o noturno do trópico, em vencer seus desafios, penetrar no escuro da mata e passar necessidades, sede e fome. O ganho, entretanto, era a obra em se fazendo.

 

Viagem, ficção e filosofia. Percursos.  Já que outros filósofos pareciam incólumes a tais dissabores dos viajantes, como Platão e Pitágoras, e se entregavam com prazer às deambulações da viagem didática e de compartilhamento do conhecimento, um terceiro grupo onde incluo também homens de letras se aborrecia com as viagens e o trato com o estrangeiro. Isso porque talvez eles não precisassem procurar o desafio do desconhecido. Encontravam o fascínio da viagem ali mesmo, dentro da própria cidade: Sócrates, que preferia viajar pelas ruas e as praças de Atenas. E Machado de Assis e Mario Quintana, flâneurs do Rio de Janeiro e Porto Alegre, respectivamente.

 

…Escolho exemplos de outras áreas para falar da vasta questão do deslocamento e da  viagem. Se é muito difícil tratá-los em um texto, muito mais o seria em uma singela exposição. Em todo o caso, sonhos, fotos, papéis soltos, objetos, mapas, itinerários, planos, traduções, desenhos e pinturas ajudam a pelo menos recompor o itinerário de uma viagem produtiva, ociosa positiva e negativamente.

 

…A imagem desse homem que esperava, esperando talvez a oscilação improvável do corpo do navio enterrado na areia, começou a me perseguir em desenhos e pinturas, além das fotografias.  O emblema de Borges é a ampulheta, aquele rio de areia que pode ser tanto o esquecimento como o elogio ao desprendimento (da areia). Navegando na areia, o homem poderia ter como livro de cabeceira um livro de Borges com o poema Elogio das sombras: “(…) tantas coisas. Agora posso esquecê-las. Chego ao meu centro. À minha Álgebra, meu código. Ao meu espelho. Logo saberei quem sou.”

 

A fotografia é feita de reflexos, de espelhos e de sombras. Depois desse ocioso exílio do litoral desértico, passei a procurar em outras viagens, reflexos e sombras perdidos:  Busquei na animada, iluminada e extravagante Nova York do final dos  anos 80, e na Paris de matérias sombrias e opacas, cidade noturna dos flâneurs  surrealistas. Não achei nem no lado do otimismo tecnológico, nem no lado da inquietante estranheza. Por isso insisto tentando na pintura. E parafraseando Cortázar, adoto sua máxima: a obra talvez importe, mas não impede de andar.

 

 

Até maio de 2013.

Juarez Machado em BH

24/out

A Pequena Galeria do Teatro da Cidade, Centro, Belo Horizonte, MG, apresenta a exposição individual de Juarez Machado, artista visual catarinense (gravador, desenhista e pintor) radicado na França. Trata-se de uma pequena parte da produção serigráfica do artista, dez obras que retratam casais em clima festivo que evocam a atmosfera romântica e sofisticada dos loucos anos 20.

 

Dono de um traço inconfundível, Juarez Machado registra em sua vida profissional mais de sessenta anos de trabalho ininterrupto, uma carreira marcada de sucessos, com incursões de humor que marcaram época na televisão e na imprena nacional. Nos últimos vinte anos dedica-se, com mais afinco, à pintura e uma de suas séries mais celebradas aborda o cultivo do vinho na França. O artista, que é representado no Brasil, da Galeria Simões de Assis, divide seu tempo entre Paris, Rio de Janeiro e Curitiba.

 

Até 28 de outubro.

Um olhar livre

23/out

Antanas Sutkus

Pela primeira vez encontra-se em exibição 120 retratos de um dos mais importantes fotógrafos do século XX. Aos 73 anos, o lituano Antanas Sut­kus ganha retrospectiva no Centro de Arte Contemporânea e Fotografia, Centro, Belo Horizonte, MG. A mostra compõem-se de imagens da vida cotidiana na União Soviética (da qual a Lituânia fazia parte) dos anos 50 aos 90. Antanas Sutkus abordou com delicadeza e certa intimidade cenas comuns de sua terra. Um dos exemplos mais famosos nessa exposição é a premiada foto “Pioneiro”, que mostra um melancólico menino mas também são evidentes na produção do artista reflexos de sua biografia. Por ter sido criado pelos avós no meio rural, ele registra com ternura pessoas idosas e camponeses. Outra preciosidade, que surgiu do seu acervo de quase 1 milhão de negativos, é uma série de fotografias da visita dos filósofos Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir à Lituânia, em 1965. Essa sequência de imagens ganhou lugar de destaque no mezanino da galeria.

 

Segundo o curador Luiz Gustavo Carvalho, “o principal interesse do lituano eram as pessoas simples, a rotina e a expressão particular de cada um, além de posicionar-se contra os arbitrários do movimento realista soviético”, o crador afirma ainda que “cada imagem (de Antanas) contém uma dose de subversão tingida com a doçura do olhar deste fotógrafo excepcional. O olhar de Antanas Sutkus é o olhar de um homem livre”.

 

Em 1969, fundou a Sociedade da Arte da Fotografia, em Vilnius, na Lituânia, que reunia fotógrafos que possuíam as mesmas aspirações. Em 1976, Antanas Sutkus foi condecorado com um prêmio da Associação Internacional de Fotografia Artística, associação da qual ele até hoje é membro, e é também, desde 1996, presidente da Associação Lituana de Fotógrafos.

 

A exposição já foi apresentada em Curitiba e, depois da capital mineira, segue para Salvador e Fortaleza.

 

Até 04 de novembro.

 

Geraldo de Barros em BH

Stravinsky

O Sesc Palladium, Galeria de Arte GTO, Centro, Belo Horizonte, MG, dedica exposição a Geraldo de Barros, artista falecido em 1998. Pioneiro da fotografia experimental no Brasil, Geraldo de Barros dedicou sua vida à pintura, gravura, fotografia, design gráfico e desenho de móveis. Em exibição, 36 de seus trabalhos fotográficos mais importantes. Sua contribuição para as artes visuais brasileiras, no entanto, não está limitada apenas a esse gênero.

 

Barros integrou o grupo Ruptura, que ajudou a estabelecer as premissas da arte concreta no país. Ao lado de Anatol Wladyslaw, Leopoldo Haar, Lothar Charoux, Féjer, Waldemar Cordeiro e Luiz Sacilotto, ele inaugurou, em dezembro de 1952, a exposição “Ruptura” no Museu de Arte Moderna de São Paulo. Os sete pretendiam romper com a arte figurativa e o excesso de naturalismo presente em obras de artistas até então nunca questionados, como Di Cavalcanti e Tarsila do Amaral. A palavra de ordem dos concretistas era “racionalizar o processo criativo, utilizar o mínimo de cores e empregar recursos gráficos que tornassem a obra inteligível e livre de lirismos”.

 

A abstração geométrica é facilmente percebida nas composições de Geraldo de Barros. Com forte apelo gráfico, muitas de suas imagens apresentam linhas que se sobrepõem e áreas claras e escuras que contrastam entre si. São também marcantes em seu trabalho as experimentações feitas em laboratórios fotográficos interferindo em negativos com ranhuras.

 

Até 4 de novembro.

25 anos da Multiarte

03/out

A Galeria Multiarte, Fortaleza, CE, em comemoração aos seus 25 anos de atividades profissionais, apresenta a exposição de Luciano Figueiredo denominada “Do Jornal à Pintura”. Quando surgiu, em 1987, a Multiarte iniciava suas atividades com uma proposta diferenciada: mostrar na cidade exposições de importantes artistas brasileiros e, assim, apresentar suas obras para os visitantes cearenses, entre estudantes, professores, amantes da arte e novos colecionadores, a maioria distante dos espaços expositivos dos grandes centros. Para a abertura do espaço, realizou uma retrospectiva de Antonio Bandeira, com exibição de pinturas e desenhos do consagrado artista. Nesse tempo de atuação apresentou 31 exposições, publicou 31 catálogos, a maioria esgotados, hoje referências bibliográficas para estudiosos da arte brasileira.

 

A exposição de Luciano Figueiredo, “Do Jornal à Pintura”, recebe título análogo à grande mostra realizada no Musée Departamental de GAP, na França, em 2005, com a edição de um extraordinário catálogo com textos de Chris Dercon, Marcelin Pleyner e Frédérique Verlinden. A exposição é composta de 44 obras, selecionadas entre pinturas e objetos tridimensionais, executadas entre os anos de 1984 a 2012. O artista fará uma palestra na galeria, para convidados, no dia 3 de outubro e terá como atividade complementar a exibição, durante o período da mostra, os filmes: LIVRO-FILME,  FILME-LIVRO, e FILME-POEMA, todos de 2010 e assinados em co-autoria por André Parente e Kátia Maciel e poema de Antonio Cícero.

 

Sobre o artista

 

Luciano Figueiredo – artista, designer e curador – mantém uma coerência ímpar no seu trabalho, de caráter experimental. Firmou-se como um dos expoentes no movimento da chamada contracultura no Brasil, na década de 1970. Seus projetos gráficos são referência e sua participação na histórica publicação “Navilouca”, em 1975, foi definitiva. Com uma vasta biografia, exibiu suas criações em renomados espaços públicos e privados, no Brasil e no exterior. Entre as mais recentes apresentações, destaca-se a mostra multimídia apresentada em 2010, no espaço Oi Futuro, Rio de Janeiro: “Livro de Sombras 2”. O projeto foi uma exposição do livro-objeto de Luciano Figueiredo, realizado entre 2007-2008, do poema de Antonio Cícero, parte do mesmo livro, e de filmes dos artistas Kátia Maciel e André Parente. A exposição integrou pintura, cinema e poesia em um mesmo espaço-tempo, no qual o movimento de uma obra interfere na outra: a temporalidade da montagem do livro como filme, do filme como livro e da leitura como poesia, com a curadoria de Alberto Saraiva.

 

Participou de inúmeras bienais – a partir de 1967 – e de mostras coletivas como “Transfutur, Kunstetage Kassel”, Kassel, Alemanha, 1990; “Marginália 70”, Itaú Cultural, São Paulo, 2001; e, mais recentemente, “Dessin, Couleur, etc.”, Galerie des Docks, Nice, França, 2011. Destacou-se como cenógrafo de teatro e cinema. Seu nome está intimamente ligado ao de Hélio Oiticica, pois foi fundador do Projeto HO; grande estudioso da obra de Oiticica, é hoje um das maiores referências sobre o artista, com publicações no Brasil e no exterior. Como curador trabalhou para instituições como: Witte de With, Center for Contemporary Art, Roterdã, Holanda; Galerie Nationale Du Jeu de Paume, Paris, França; Fundació Antoni Tàpies, Barcelona, Espanha; Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, Portugal; Walker Art Center, Mineápolis, USA; Fundação Bienal de São Paulo, São Paulo, e MAM, Rio de Janeiro, RJ.

 

Até 01 de dezembro.

Ponto Cego/Miguel Rio Branco

27/set

Carro-doce

“Ponto Cego”, individual de Miguel Rio Branco, é uma das principais exposições de artes visuais realizadas pelo Santander Cultural, Porto Alegre, RS, em 2012. São 110 criações que representam a multiplicidade do artista, possuidor de um domínio no emprego de cores, fato de reconhecimento internacional como uma das maiores manifestações poéticas da arte contemporânea.

 

O recorte de obras produzidas entre 1986 e 2012 atesta o vigor da expressão criativa de Miguel Rio Branco. Trata-se de quase cinco décadas de criação do artista que nasceu na Espanha, em 1946, uma diversida poética da imagem e da fotografia que permitem refletir sobre o seu trabalho.

 

Paulo Herkenhoff, crítico de arte e curador da exposição, selecionou obras que traduzem a extensa produção fotográfica, pictórica, fílmica, de livros e projetos do artista. A disposição dos trabalhos não obedece ordem cronológica ou temática e muito menos por técnicas. A montagem é organizada para propiciar ao público um contato com o esforço vital do artista na elaboração de sua expressão.

 

Sobre o artista

 

Brasileiro nascido por acaso nas Ilhas Canárias, na Espanha (é filho de um diplomata, além de neto do gênio carioca das artes gráficas Jota Carlos), Miguel Rio Branco é frequentemente descrito como o único fotógrafo do país a integrar a agência Magnum. As fotos de Miguel Rio Branco são frequentemente mostradas em exposições e revistas internacionais e estão documentadas em 4 livros: “Dulce Sudor Amargo ” (85, México), “Nakta”, com poema de Louis Calaferte (96-Paraná), “Miguel Rio Branco” com ensaio de Davi Levi Strauss (ed. Apertur/ Cia das Letras) e “Silent Book” (ed. Cosac Naify) em 98.

 

Como pintor, realizou duas exposições, em 1964 na Galeria Alikerkeller, Berna, Suiça e em 1989, na Galeria Saramenha, Rio de janeiro, RJ. O artista já dirigiu 14 curtas-metragens e fotografou 8 longas, muitos deles premiados. No Brasil, Miguel Rio Branco participou de mostras em várias cidades, participando inclusive da Bienal Internacional de São Paulo, nas edições de 1967, 1983 e 1998;  de exposições no MAM/RJ e na Bienal Internacional de Fotografia de Curitiba, PR, em 1996; mostra de arte no MAM/RJ na Eco -92. No ano 2000, realizou exposições na Grécia, França, Espanha, Bélgica e Estados Unidos e participou do módulo de Arte Contemporânea do evento “Brasil+500″. Em 2010 foi inaugurado o pavilhão Miguel Rio Branco em Inhotim, MG.

 

Até 11 de novembro.

Descobertas de Ranulpho

19/set

A Galeria Ranulpho, situada no Barro do Recife, Recife, Pernambuco, é um dos mais antigos espaços de arte profissional no país, sempre dedicada a um elenco permanente de artistas modernos. Agora, seu diretor, Carlos Ranulpho, igualmente curador da mostra, reuniu um número expressivo de seu leque de artistas na exposição denominada “Descobertas”, na qual participam os pintores Lula Cardoso Ayrez, João Câmara, Brennand, Reynaldo Fonseca, Cícero Dias, Rapoport, Virgolino, Aldemir Martins, Teruz, Armínio Pascual e Joaquim do Rego Monteiro. Os temas abordados são figuras, paisagens, animais e cenas cotidianas; trata-se de um verdadeiro encontro de gerações.

 

A palavra do curador

Carlos Ranulpho

 

O gosto pelo colecionismo não data de hoje. Reunir e compilar objetos é uma prática tão antiga quanto o homem. Tutankamon colecionava cerâmicas finas. Amenhotep III esmaltes azuis. Pedro, o Grande, mantinha em sua coleção atrações de carne e osso: um anão e um hermafrodita. Outrora as coleções eram privilégios das classes abastadas, hoje no meu dia a dia na Galeria tenho a oportunidade de conhecer colecionadores dos mais variados tipos: aqueles que possuem obras de um mesmo artista, aqueles que possuem obras de uma determinada época ou ainda aqueles que colecionam o que lhes enchem os olhos. E dessa relação minha com os colecionadores e os artistas surgem “DESCOBERTAS”.

 

Descobertas do meu gosto. Descobertas que aquele pintor dos florais é também o pintor de Joana d’Arc. Descobertas que aquele outro pintor figurativo, das meninas e das mulheres, é o mesmo do vaso com um pássaro. Por essas e outras descobertas, que podem ser constatadas nesse catálogo, é que realizo essa exposição reveladora.

 

Até 11 de outubro.

A poética de Julio Plaza

18/set

Chama-se “Julio Plaza, Construções Poéticas”, a exposição que a Fundação Vera Chaves Barcellos, Viamão, RS, apresenta na sua Sala dos Pomares. Trata-se de uma revisão do escritor, gravador, artista intermídia, teórico e professor, Julio Plaza, artista nascido em Madrid,1938 e falecido em São Paulo, em 2003. Plaza é um artista importante tanto pelo conjunto de sua obra e seu interesse desbravador no campo da arte e tecnologia, como pelas gerações de artistas que influenciou em suas atividades didáticas exercidas no Brasil.

 

Vera Chaves Barcellos e Alexandre Dias Ramos respondem pela organização e curadoria da exposição propondo uma revisão expográfica inédita no RS de sua produção artística acrescida pelo aval de terem convivido ou estudado com o artista. A obra e a vida de Julio Plaza ainda não foram objeto de publicação e seus trabalhos permanecem pobremente reproduzidos. Programada para 2013, o MAC-USP, prepara uma grande exposição de sua obra.

 

Sobre o artista

 

Artista intersemiótico e com produção multimeios, pesquisador e expert em técnicas gráficas, Julio Plaza consolidou sua obra com pintura, desenhos e objetos ainda nos anos 60, sob o vetor construtivo. Desembarcou no Brasil pela primeira vez em 1967, integrando a representação espanhola que participou da 11ª Bienal Internacional de São Paulo, e como bolsista do Itamarati, para um estágio no ESDI, Rio de Janeiro, onde permaneceu até 1969, ano em que realizou o “Livro-Objeto”, com o editor Julio Pacello. No contexto brasileiro foi um desbravador da arte interativa promovida pelo surgimento de novas tecnologias da comunicação. Trabalhou com videotexto, slow-cam TV, holografia, fax e computação digital, partilhando e influenciando gerações de artistas no campo da arte mídia e protagonizando o processo de hibridação artística dos meios na chamada cultura das mídias.

 

Autor de vários livros de artistas publicou com o poeta concretista Augusto de Campos, os célebres “Poemóbiles”, de 1968 e “Caixa Preta”, de 1975, volumes impressos que permitem ao leitor transformá-los em objetos poéticos tridimensionais e ainda o livro-poema “Re-Duchamp”, de 1976.

 

Julio Plaza teve grande atuação igualmente como organizador de exposições desde seu estágio na Universidade de Puerto Rico, onde lecionou de 1969 a 1973, ano em que se estabeleceu definitivamente no Brasil.

 

Contestador radical e bastante inconformado com o sistema da arte ao qual criticava de maneira sistemática foi autor de vários aforismos, entre eles: “Arte é um bem que faz mal.”

 

Até 14 de dezembro.