Tito Terapia – novo artista representado.

18/ago

A Galatea tem o prazer de anunciar a representação do artista Tito Terapia (1977, São Paulo) e sua participação na SP-Arte Rotas 2025 com um conjunto inédito de obras produzidas especialmente para a ocasião.

Paulo Henrique Gonçalves, conhecido artisticamente como Tito Terapia, nasceu na Zona Leste de São Paulo. Sua trajetória no campo das artes começou em 1993, com a prática da pichação. Em 2020, conheceu o pintor e gravador Rodrigo Andrade, que conduzia um grupo de pintura ao ar livre, ocasião em que teve seu primeiro contato com a pintura e com a arte contemporânea. Desde então, passou a desenvolver uma pesquisa própria, unindo referências da tradição pictórica e da chamada arte popular brasileira a um vínculo com o território onde vive e trabalha.

Tito produz pinturas em pequeno e médio formato, elaboradas com pigmentos naturais preparados a partir de terras coletadas na Zona Leste. Embora tenha iniciado a sua trajetória com a pichação, sua produção atual aponta para um caminho diverso, voltando-se para pinturas que transitam entre gêneros caros à tradição figurativa, como a paisagem e a natureza-morta, além de incorporar tanto cenas observadas e registradas fotograficamente quanto paisagens inventadas.

Esses trabalhos mesclam elementos do cotidiano e da memória, preservando histórias de lugares que já não existem e que em muitos casos foram engolidos pela especulação imobiliária. O processo manual e o uso de materiais locais reforçam a conexão entre sua produção e o território, atribuindo às telas um sentido de pertencimento e resistência.

Sua primeira participação em uma exposição foi em 2023 no Centro Cultural Diadema, na mostra Horizontes desvelados: avistamentos, ainda com a linguagem do pixo. No mesmo ano, ele expôs suas obras em pintura no leilão do coletivo ali:leste no espaço de arte Auroras e na coletiva Refundação, na Galeria Reocupa, da Ocupação 9 de Julho. Em 2024 expôs ao lado de Link Museu e Evandro Cesar em Atropelo, na Sala 24 de Maio; participou da coletiva Ar Livre: paisagem contemporânea em Cidade Tiradentes no Centro Universitário Maria Antônia; expôs em Situações/paisagens urbanas na Galeria Berenice Arvani e no Espaço Delirium, com a mostra Ágora. Mais recentemente, participou da coletiva Pequenas pinturas no espaço Auroras (2025). Tito também já ministrou duas oficinas de artes, na Fábrica de Cultura Cidade Tiradentes (2023) e no Sesc Itaquera (2024).

Memórias e identidade.

A abertura da exposição coletiva “Correspondências: memórias e identidade”, acontece no dia 20 de agosto no Centro Cultural Correios, Centro, Rio de Janeiro, RJ.

Com curadoria de Fabiola Notari, a mostra propõe uma reflexão sobre a materialidade da escrita e a memória afetiva das trocas epistolares. Reunindo livros de artista, instalações, pinturas, colagens, objetos, desenhos e bordados, as obras investigam como cartas, bilhetes e mensagens manuscritas podem se tornar espaços de memória, identidade e afeto.

Artistas participantes.

Aline Cavalcante, Ana Cris Rosa, Célia Alves, Christina Parisi, Clarissa M Zelada, Claudia Souza, Cris Marcucci, Daniela Karam Vieira, Irene Guerreiro, Leonor Décourt, Lidia Sumi, Lídice Salgot, Lucia Mine, Lucimar Bello, Maíra Carvalho, Margarida Holler, Renata Danicek, Rosa Grizzo, Sandra Lopes, Teresa Ogando, Tuca Chicalé e Vitória Kachar.

A exposição segue em cartaz até 27 de setembro.

Feminismo, gênero e comportamento.

Quem passar pelo centro cultural nesta semana, poderá ver ao vivo a nova obra que o Instituto Ling, bairro Três Figueiras, Porto Alegre, RS, apresenta, realizada pela artista brasiliense Camila Soato. A artista desenvolve pesquisas prático-teóricas em pintura figurativa, desenho e performance. Sua produção aborda temas como feminismo, gênero e comportamento. Mesclando cenas cômicas protagonizadas por personagens atrapalhados ou perversos extraídos do cotidiano banal com pinceladas expressivas, manchas e escorridos de tinta, suas obras revelam uma carga carregada que contrasta com o humor satírico. A atividade faz parte do projeto “LING apresenta: Quando as fronteiras se dissolvem”, com curadoria de Paulo Henrique Silva. Após a finalização, o trabalho ficará exposto para visitação até o dia 18 de outubro, com entrada franca.

Corpos e organismos imaginários.

14/ago

Na exposição “Cenas Elétricas”, que Marcia de Moraes, exibe na Galeria Simões de Assis, Balneário Camboriú, SC, apresenta composições que exploram a cor como elemento estruturante do desenho. Criadas inteiramente a lápis sobre papel, as obras convidam a um olhar atento, revelando formas que transitam entre paisagens, corpos e organismos imaginários. Uma experiência visual rítmica e multifacetada, que desafia constantemente o espectador a reconstruir o visível. Os desenhos prismáticos de Marcia de Moraes parecem filtrar, distorcer e refratar nossa percepção. Nos desafiam a reconstruir corpos e espaços, formas já muito rotinizadas em nosso imaginário – das plantas, paisagens, insetos, lagos e corais. Ao mesmo tempo, parecem nos guiar por um universo microscópico que lembra organismos desconhecidos, complexos celulares a serem descobertos ou arquiteturas neurais.

Cenas Elétricas

Em meados dos anos 1910, a artista Sonia Delaunay já havia realizado um amplo conjunto de suas composições abstratas, constituindo as bases para o que o nomeava como “pintura simultânea” – campos ópticos dinamizados pelo contraste entre as cores, projetando formas, movimentos e ritmos. Vários desenhos e pinturas dessa fase foram intitulados como “Prismes électriques”, aparece como metáfora visual para o efeito que ela buscava: decompor e reconfigurar a luz e o espaço pictórico por meio da cor. A inspiração principal, segundo a própria Delaunay, era a experiência urbana e o novo ritmo noturno da cidade que passava a ser iluminada e movida por eletricidade. “A luz elétrica transforma a cidade em um caleidoscópio em movimento” (Sonia Delaunay, caderno de esboços, 1913-14).

Cem anos depois, as lições de cor-composição de Delaunay reverberam nos desenhos da artista Márcia de Moraes, em que a fragmentação da forma pela cor também é a chave para a construção visual rítmica. Os trabalhos de Márcia são totalmente criados a lápis sobre papel, dos contornos de grafite que estruturam sutilmente a imagem, aos preenchimentos coloridos que vibram e fluem sobre o plano. Por outro lado, a tensão moderna entre figuração e abstração já dispersa desde a década de 1970, abre margens para o repertório poético das linguagens contemporâneas, mesmo quando se trata de meios tão conhecidos como o desenho. É nesse ponto que entendo outro diálogo entre Sonia e Márcia, a presença de um prisma, uma espécie de lente difratora, criando um sentido de espacialidade interna em cada obra, nos fazendo ver de dentro para fora e vice-versa, simultaneamente. Os desenhos prismáticos de Márcia de Moraes parecem filtrar, distorcer e refratar nossa percepção. Nos desafiam a reconstruir corpos e espaços, formas já muito rotinizadas em nosso imaginário – das plantas, paisagens, insetos, lagos e corais. Ao mesmo tempo, parecem nos guiar por um universo microscópico que lembra organismos desconhecidos, complexos celulares a serem descobertos ou arquiteturas neurais. São tantas imagens cabendo em detalhes e na totalidade que ativam o olhar para ver através e em meio à multiplicidade constituída nos encontros dos traços a grafite e lápis de cor que dialogam com o vazio do papel. O convite é para uma observação prolongada, alternando distâncias e se desapegando da necessidade de decifração.

Tálisson Melo

Em cartaz até 04 de outubro.

Obras inéditas de Daniel Senise

A Galeria Nara Roesler, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, convida para o dia 21 de agosto, ocasião de abertura da exposição “Daniel Senise – Vivo confortavelmente no museu”, com obras inéditas e recentes do destacado artista. Os trabalhos atuais ganham novos processos e materiais, a partir da coleção do artista de capturas em tecido, feitas desde o início dos anos 2000, de chãos e paredes de locais arruinados, históricos ou de seus próprios ateliês. Recortando e colando com precisão pequenos pedaços desses panos, Daniel Senise reconstitui a imagem do lugar em que as capturas foram feitas, ou recria outros espaços, como salas, perspectivas e fachadas de museus e instituições de arte.

No seu novo e espaçoso ateliê na Vila Buarque, em São Paulo, o artista começou a incorporar novos procedimentos, intervindo com outros materiais – tinta líquida, pó de ferro, betume, carvão – nos tecidos já impregnados com captura de paredes, provocando assim “imagens involuntárias”. Essas imagens são posteriormente inseridas em suas composições de espaços museológicos, e “aproximam as possibilidades de leituras dessas marcas a uma composição pictórica”. O artista comenta que “na exposição, a presença desse espaço virtual varia de tela para tela”. “Em alguns momentos ele não está presente, e essa latência faz com que o conjunto de trabalhos crie um aspecto de instalação, pois se estendem ao espaço real da galeria”.  O texto crítico é de Luiz Armando Bagolin.

Daniel Senise é um dos mais reconhecidos artistas brasileiros, presente em prestigiosas coleções, como Stedelijk Museum Amsterdam; Cisneros Fontanals Art Foundation, Miami, Estados Unidos; Ludwig Museum, Colônia, Alemanha; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro; Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MAC-Niterói); e Museu de Arte de São Paulo (MASP). Um dos expoentes da chamada Geração 80, Daniel Senise é ativo no circuito de arte há quarenta anos, tanto no Brasil como no exterior, tendo participado das 18ª, 20ª, 24ª e 29ª edições da Bienal Internacional de São Paulo (1985, 1989, 1998 e 2010); 44ª Biennale di Venezia, Itália (1990); 2ª Bienal de La Habana, Cuba (1986); 11ª Bienal de Cuenca, Equador (2011), entre outras importantes exposições coletivas.

O percurso da exposição começa com uma obra da série de trabalhos de museus que Daniel Senise vem fazendo: “Sem título (Raoul Dufy)”, 2025, com 1,25 metro por 2,30 metros, representando a sala curva do painel em homenagem à eletricidade de Raoul Dufy(1877-1953), no Museu de Arte da Cidade de Paris. Em frente está a obra “Sem título (MAM Rio)”, 2025, com dois metros de altura por 2,38 metros de comprimento. No mesmo piso estão duas telas “Sem título 3″ (2025), com 1,23 metro por 78cm, e “Sem título 4″ (2024), com 1,15 metro x 95 centímetros, em que as imagens provocadas são apresentadas sem uma contextualização de espaço. No segundo andar ocupa um lugar de destaque a obra “Sem título (Bourse de Commerce – Pinault Collection)”, 2024, com um metro de altura por 2,80 metros de comprimento onde uma captura de parede que o artista fez ocupa o lugar da pintura decorativa que representa cenas do comércio mundial, que está na parte inferior da cúpula do prédio em Paris.

O título “Vivo confortavelmente no museu” é uma frase dita por um personagem do livro “A invenção de Morel”, de Bioy Casares (1914-1999) – um condenado à prisão perpétua, que chega a uma ilha, e chama de museu a construção abandonada em que mora. Está sendo editado por Charles Cosac um robusto livro sobre a obra de Daniel Senise, com textos de Luiz Armando Bagolin e Paulo Miyada, com previsão de lançamento até o final do ano.

Em cartaz até 11 de outubro.

Antônio Poteiro em Fortaleza.

13/ago

Um conjunto de mais de 50 obras do artista português-brasileiro Antônio Poteiro (1925-2010) poderão ser visitadas na exposição “Antônio Poteiro – A Luz Inaudita do Cerrado”, em cartaz até 02 de novembro na CAIXA Cultural Fortaleza, CE. A mostra é uma celebração do centenário de nascimento do artista, com séries de pinturas e esculturas que cobrem a sua produção desde os anos 1970. Na abertura evento que contou com visita guiada do curador Marcus de Lontra Costa. O projeto reúne obras do acervo do artista, hoje pertencente ao Instituto, sediado em Goiânia (GO), fundado em 2011 para preservar o legado de Antônio Poteiro. Ele se destacou no campo das artes visuais, no Brasil e em mais de 40 países, por sua paleta de cores vibrantes, composições densas e temáticas do cotidiano, como a religiosidade e as festividades.

A palavra do curador.

O curador Marcus de Lontra Costa destaca a trajetória de Antônio Poteiro, popular em sua essência criativa, criando pontes entre percepções e saberes diversos. “Ela retrata e reflete cenas do cotidiano. Cria histórias sobre fatos históricos e aproxima a arte e a religião como objetos da fé. Sua obra é uma poderosa ferramenta para enfrentar as incongruências e paradoxos do presente e projetar um mundo futuro, no qual a arte, a religião e a ciência caminhem no sentido de proporcionar à humanidade a sua dimensão maior”.

Oficina e visita mediada com Américo Poteiro.

Na quinta-feira, 14 de agosto, às 10h, será realizada a oficina “Pintando um centenário de cores com Américo Poteiro”, conduzida pelo filho de Antônio Poteiro, o artista Américo Poteiro. A atividade propõe uma imersão no universo visual da arte de Poteiro, explorando suas cores vibrantes, formas simbólicas e temas do cotidiano, marcas registradas de sua contribuição à arte popular brasileira. Após a oficina, na quinta-feira, 14, Américo Poteiro conduzirá uma visita mediada às 11h30 na exposição. Na ocasião, irá compartilhar alguns dos processos de criação e seleção das obras, trazendo à tona reflexões sobre a trajetória do artista e o significado intrínseco de cada peça exposta. É uma oportunidade de descobrir os bastidores do projeto.

As cores de Marcia Fontenelle.

12/ago

Ao optar por uma paleta de cores vibrante com algumas nuances mais suaves, a artista Marcia Fontenelle pretende, segundo ela mesma, proporcionar uma festa, com um alegre bem-estar. “Cor, vida e alegria de viver estão presentes na minha arte. Inspirador pensar até onde as cores podem nos levar. Cada cor uma expressão viva do meu amor à arte”, diz. Sua exposição “Livro de Contos – Pinturas” será inaugurada no dia 23 de agosto, às 14h, no novo espaço expositivo do CasaShopping, curada por Heloisa Amaral Peixoto. A maioria das telas reunidas nesta exibição individual é de produção recente, num total de 25 obras. Brasilidade e Carnaval são alguns temas recorrentes nesta série.

A palavra da da curadora.

“Para a artista, o ato de pintar é uma experiência que se aproximaria bastante do ato de contar histórias, criando espaços narrativos onde a figuração e a abstração se tocam…Marcia imprime um carácter sintético na estrutura de suas composições e tal qual um “livro de contos” apresenta, de forma alternada, por vezes escolhendo as pinceladas mais fluidas e estilizadas e por outras criando ambientes onde os planos ressaltam o seu vocabulário de signos geométricos. Assim, demostra o seu forte interesse no ritmo, na dinâmica e vibração que ocorre com a linhas sugeridas e justaposição de suas cores”.

Sobre a artista.

Marcia Fontenelle nasceu em Valença, no Estado do Rio de Janeiro. É formada em Biologia pela UFRJ e em Belas Artes (com especialização em filmes de animação) no International Fine Arts College em Miami e pós-graduada em animação pela PUC do Rio de Janeiro. Também estudou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Recebeu o reconhecimento por Mérito Artístico na sétima edição do Luxembourg Art Prize. Fez várias exposições nacionais e internacionais. Seu trabalho artístico nasce do amor à pintura, do amor à natureza e da busca pelo belo, pelo bom e pelo verdadeiro. Com uma vivência de cinco anos na Holanda e oito anos nos Estados Unidos, Marcia Fontenelle é uma participante ativa de exposições de artes pelo Brasil.

Até 28 de agosto.

Documentário premiado sobre Darel.

A exposição “Darel – 100 anos de um artista contemporâneo”, em cartaz no Centro Cultural Correios Rio de Janeiro, RJ, promove, no sábado, 16 de agosto, às 16h, a sessão única do documentário “Mais do que eu possa me reconhecer”, de Allan Ribeiro, sobre o artista pernambucano, no mesmo centro cultural. A exibição será seguida de debate com o diretor do filme. O documentário ganhou o prêmio principal da Mostra Tiradentes de 2015, e ainda melhor direção, melhor roteiro e prêmio de público em festivais de cinema pelo Brasil afora.

O programa é uma ação paralela à exposição do artista pernambucano (1924-2017), que está em cartaz no segundo andar do CCCorreios, com 95 trabalhos que cobrem 70 anos de produção, sob curadoria de Denise Mattar.

O filme mostra a vida solitária de Darel, em sua casa de 800 metros quadrados, no bairro carioca de São Conrado. As experimentações com videoarte, uma forma de se conectar e se expressar, se tornaram sua melhor companhia nos últimos anos de vida. Darel permite ser filmado na sua intimidade e na relação com a arte.

Em cartaz até 30 de agosto, a mostra “Darel – 100 anos de um artista contemporâneo” celebra o centenário de nascimento de Darel, que fez carreira no Rio de Janeiro. A curadora Denise Mattar optou por um panorama da obra de Darel, percorrendo 70 anos de produção, que marcou sua importância na história da arte do século XX pela excelência das suas pinturas sensuais e das litografias à cor, técnica da qual foi pioneiro no Brasil. Darel recebeu prêmios e menções honrosas, como o de “Viagem ao Estrangeiro”, do Salão Nacional de Arte Moderna do Rio de Janeiro, e o de “Melhor Desenhista Nacional”, na Bienal Internacional de São Paulo de 1963. Na edição seguinte da Bienal, ele teve uma sala especial.

 Sobre o diretor.

Allan Ribeiro, roteirista e diretor. Formado em Cinema pela UFF em 2006. Realizou dois longas, “Mais do que eu possa me reconhecer” (2015) e “Esse amor que nos consome” (2012), que receberam vários prêmios em festivais como Brasília, Tiradentes e APCA 2013. Em curtas-metragens, realizou 12 produções, com destaque para “O brilho dos meus olhos” (2006), “Ensaio de Cinema” (2009), “A Dama do Peixoto” (2011), “O Clube” (2014) e “O Quebra-cabeça de Sara” (2017). Em 2016, lançou pelo Canal Brasil a série “Noturnas”, com 46 episódios. Dirigiu e escreveu a peça “Procura-se Empregada” (2016) a convite do Micro-teatro RJ.

Fotografias de Maureen Bisilliat.

Coincidindo com o calendário da 36ª Bienal de São Paulo, a Galeria Marcelo Guarnieri, Jardins, São Paulo, SP, apresenta, entre 23 de agosto e 26 de setembro, “O Turista Aprendiz”, exposição de Maureen Bisilliat que, posteriormente, seguirá em itinerância para Ribeirão Preto. A mostra reúne grande parte do material original apresentado na Sala Especial “O Turista Aprendiz” na 18ª Bienal de São Paulo em 1985: o filme “Decantando as Águas – O Turista Aprendiz Revisitado” e  cerca de 130 fotografias que foram feitas por Maureen Bisilliat e ampliadas sob a supervisão de Thomaz Farkas.

A Sala Especial “O Turista Aprendiz”, apresentada na 18ª Bienal de São Paulo, partiu de uma proposta de Maureen Bisilliat de estabelecer um diálogo com o livro homônimo de Mário de Andrade, publicado em 1947 a partir dos diários de viagens realizadas pelo escritor e folclorista em 1927 pelo Norte do Brasil e em 1928-1929 pelo Nordeste. Naquele momento, Maureen Bisilliat retomou os escritos do turista aprendiz, e se propôs a refazer algumas daquelas viagens. Junto a Dorian Taterka e Lúcio Kodato, Maureen Bisilliat percorreu e registrou, durante cinco semanas, imensidões aquáticas, de Belém a Manaus pelo Rio Amazonas e até Porto Velho pelo Rio Madeira. Junto ao amigo e arquiteto Antonio Marcos Silva, ela concebeu o espaço expositivo na Bienal como uma sala escura que remetia ao negro dos rios e uma expografia sinuosa que remetia às suas curvas. Era uma grande instalação composta por fotografias, indumentárias e artefatos populares relacionados a ritos sagrados e profanos.

Além do filme “Decantando as águas – O turista aprendiz revisitado” e das cerca de 400 fotografias realizadas por Maureen Bisilliat, foram apresentadas 50 fotografias realizadas por Mário de Andrade entre os anos de 1927 e 1929 acompanhadas por alguns trechos de seu diário. As fotografias de Maureen Bisilliat apresentadas naquela ocasião abandonavam a dualidade do preto e branco e davam conta de explorar a ampla gama de cores que compõem a diversidade da cultura brasileira do Norte e Nordeste.

A celebração dos quarenta anos da apresentação da Sala Especial “O Turista Aprendiz” na 18ª Bienal de São Paulo coincide com os quarenta anos de atividade da Galeria Marcelo Guarnieri, que abriu a sua primeira unidade em agosto de 1985 na casa número 1903 da Av. 9 de julho, em Ribeirão Preto.  É uma celebração que, ao ser concebida como uma exposição realizada nas duas unidades da galeria, considera o deslocamento como um fator basilar na prática e poética de Maureen Bisilliat, assim como no modo de funcionamento da galeria.

1985: O Turista Aprendiz

Esta exposição começa com uma viagem. Uma viagem realizada em 1927 que teve muitos desdobramentos no tempo e formas no espaço. Ela se desdobrou em diários, livros, fotografias, filmes, outras exposições e outras viagens. A história começa com Mário de Andrade, que, como parte de suas pesquisas sobre o folclore e a cultura popular brasileira, percorreu o Norte e o Nordeste do país entre os anos de 1927 e 1928-1929, atento aos seus modos de vida e às suas manifestações culturais e religiosas. Sendo também poeta e escritor, registrou as impressões dessas viagens em diários de bordo. Um espaço íntimo que tornaria-se público 20 anos depois, quando editado em formato livro sob o título “O Turista Aprendiz”. Além do texto, Mário de Andrade também fez uso da imagem, registrando com sua máquina Kodak seus instantes de trabalho e lazer em mais de 500 fotografias.

Wilma Martins na Galatea.

A Galatea apresenta “Wilma Martins: territórios interiores”, individual da artista Wilma Martins, com obras da emblemática série “Cotidiano”, a ser inaugurada no dia 23 de agosto em sua unidade da rua Padre João Manuel, em São Paulo. A mostra conta com texto crítico assinado pela pesquisadora e curadora Fernanda Morse.

Desenvolvida entre 1974 e 1984, “Cotidiano” é considerada a série mais conhecida da artista. Nela, cenas de interiores domésticos – como salas, cozinhas e quartos – se entrelaçam com rios, plantas e animais, criando composições onde o real e o imaginário se encontram em harmonia. A brancura intimista dos espaços privados contrasta com a vitalidade orgânica da natureza, revelando um olhar poético e silenciosamente subversivo sobre os pequenos gestos da vida cotidiana.

A série foi redescoberta na exposição “Cotidiano e Sonho”, retrospectiva realizada em 2013, com curadoria de seu marido, Frederico Morais, importante crítico e historiador de arte brasileiro. Essa será a primeira exposição dedicada à artista desde a retrospectiva póstuma “Wilma Martins: território da memória”, realizada em 2023. É, também, uma oportunidade rara de ver um escopo tão abrangente da série “Cotidiano” reunido em uma só exposição.

Em cartaz até 18 de outubro.