Os Amigos da Gravura

19/set

Claudia Bakker é a artista convidada para exibir seus trabalhos no  Museu da Chácara do Céu, Santa Teresa, Rio de Janeiro, RJ, em nova edição do projeto “Os Amigos da Gravura”. A convidada exibe fotogravura “Escreve na memória”, na qual une imagens de duas instalações realizadas no Museu do Açude, em 1994 e em 1996.A imagem é composta por duas instalações que ocuparam a mesma fonte do Açude. No entanto se diferenciam pelo uso do material, numa delas a fonte foi preenchida com 900 maçãs (1994) e uma placa de acrílico submersa com inscrições sobre  mitologia e  medicina, e que podia ser visualizada através da transparência da água, enquanto as maçãs se moviam delicadamente pelo espaço, e  na outra foram 3.000 litros de  tinta branca (1996) mais bolas de latex também brancas, que amarradas a pequenas pedras se moviam ao sabor do vento. Esses trabalhos  são fortes referências na carreira da artista ao longo destes 20 anos.  Uma obra que se mostra e se esconde, segundo Claudia, “ é permeada pela dicotomia entre o efêmero e o permanente”.  Maçãs e mármores, filmes e  fotografias, fazem parte do repertório de materiais usados pela artista.

 

Para Claudia Bakker sua produção é pontuada com “com pausas de silêncio, para que essa mesma produção, possa se realimentar de uma forma muito pessoal de construção. Acredito na experiência sensível da vida e foi isso que me moveu a fazer essas instalações, que se apresentaram a princípio efêmeras, mas que restam eternas numa imagem atemporal, como um espelho infinito da memória – assim como é o princípio mesmo da fotografia e da documentação.” Além da tradicional imagem inédita para “Os Amigos da Gravura”, a artista irá ocupar as duas salas expositivas do terceiro andar com uma exposição de trabalhos realizados a partir da década de 1990.

 

Em referência a obra de Claudia Bakker o crítico de arte Luiz Camilo Osório, destacou: “As centenas de maçãs pintadas pelo grande mestre francês [Cézanne] criaram e revelaram o que parecia impossível: a maçã numa migração da natureza para a pintura. Basta olhar para crer. A questão é sempre a mesma as maçãs e o tempo. Seja através das fotos e do texto (utilizados na exposição), ou do vídeo e da instalação (em outras ocasiões), o que está em jogo são os modos de permanência que as coisas (a maçã e a arte) têm, expostos a consumação do tempo. A maçã, como metáfora da arte e da vida, só existe pela morte. O paradoxo é este: sem morte não há vida. Suas fotos misturam os tempos, ou melhor, elas querem ser tempo: da escrita, da arte, da fruta e do feminino. Todos os tempos num só, que parece retornar sempre novo.” (O Globo, 10/09/1998).

 

As duas instalações inspiradoras no trabalho de Claudia Bakker, “O jardim do Éden e o Sangue da Górgona”, 1994/95, e “A via Láctea”, 1996, possuem, para o crítico Adolfo Montejo Navas, “uma duração que não é platônica, que continua nestes registros mostrados como documento de artista que nos revela um caráter íntimo, de bastidor. Para documentar isto nada melhor que o exercício e o auxílio da fotografia, pois como se sabe, ela reescreve a própria imagem já vivida, naquela memória que é a vida do perdido”.

 

 

Sobre a artista

 

Claudia Bakker é artista plástica carioca, conhecida por suas grandes instalações com maçãs. Desde o início dos anos 1990, cria sensíveis trabalhos, que falam da dicotomia entre o efêmero e o permanente, misturando materiais, como maçãs e mármore, além de filmes e fotografias. Recentemente, voltou a se dedicar a experiências com a pintura.

 

 

Sobre o projeto Os Amigos da Gravura

 

Raymundo de Castro Maya criou a Sociedade dos Amigos da Gravura no Rio de Janeiro em 1948. Na década de 1950 vivenciava-se um grande entusiasmo pelas iniciativas de democratização e popularização da arte, sendo a gravura encarada como peça fundamental a serviço da comunicação pela imagem. Ela estava ligada também à valorização da ilustração que agora deixava um patamar de expressão banal para alcançar status de obra de arte. A associação dos Amigos da Gravura, idealizada por Castro Maya, funcionou entre os anos 1953-1957. Os artistas selecionados eram convidados a criar uma obra inédita com tiragem limitada a 100 exemplares, distribuídos entre os sócios subscritores e algumas instituições interessadas. Na época foram editadas gravuras de Henrique Oswald, Fayga Ostrower, Enrico Bianco, Oswaldo Goeldi, Percy Lau, Darel Valença Lins, entre outros.

 

Em 1992 os Museus Castro Maya retomaram a iniciativa de seu patrono e passaram a imprimir pranchas inéditas de artistas contemporâneos, resgatando assim a proposta inicial de estímulo e valorização da produção artística brasileira e da técnica da gravura. Este desafio enriqueceu sua programação cultural e possibilitou a incorporação da arte brasileira contemporânea às coleções deixadas por seu idealizador. A cada ano, três artistas plásticos são convidados a participar do projeto com uma gravura inédita. A matriz e um exemplar são incorporados ao acervo dos Museus e a tiragem de cada gravura é limitada a 50 exemplares. A gravura é lançada na ocasião da inauguração de uma exposição temporária do artista no Museu da Chácara do Céu. Neste período já participaram 44 artistas, entre eles Iberê Camargo, Roberto Magalhães, Antonio Dias, Tomie Ohtake, Daniel Senise, Emmanuel Nassar, Carlos Zílio, Beatriz Milhazes e Waltercio Caldas.

 

 

Até 26 de janeiro de 2015.

​No Museu Afro-Brasil

18/set

A serpente sempre capturou a atenção do homem. Poucos animais possuem uma iconografia tão rica, com a presença de arquétipos contrapostos: o bem e o mal; conhecimento e desrazão; a vida e a morte. O Museu Afro Brasil, Parque do Ibirapuera, Portão 10, São Paulo, SP, instituição da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, envereda pelos caminhos sinuosos das representações artísticas do ofídio, em duas novas exposições simultâneas: “José de Guimarães – O Ritual da Serpente: 10 Guaches inspirados na obra de Aby Warburg” e “A Serpente no Imaginário Artístico”.

 

Na data de abertura, o Museu Afro Brasil lançou seu aplicativo para dispositivos móveis, disponível para Android e IOS, com download gratuito na Google Play e App Store. O aplicativo traz informações sobre o Museu, o Diretor-Curador Emanoel Araujo, seu Acervo, disponibilidade de programação cultural atualizada (exposições temporárias e eventos educativos), geolocalização e funcionalidades de audioguia.

 

 

Sobre a individual de José de Guimarães

 

Um dos mais importantes, entre os atuais artistas plásticos de Portugal, conhecido pelo uso rigoroso das cores, José de Guimarães apresenta seu mais recente trabalho, realizado especialmente para as comemorações dos dez anos do Museu Afro Brasil. Os dez guaches espelham sua interpretação pictórica da obra do historiador da arte Aby Warburg (1866-1929). O estudioso alemão esteve na América do Norte, no final do século XIX, para pesquisar sobre o “Ritual da Serpente” dos índios hopis.

 

“A arte de José de Guimarães é ao mesmo tempo una e múltipla, como o próprio artista que, ao deixar-se contaminar por uma diversidade de culturas, cria uma comunicação e uma identidade mestiças, regenerando padrões e singularidades”, afirma Emanoel Araujo. Ele também assina a curadoria das duas exposições. Essa é a segunda exposição dos trabalhos de Guimarães no Museu Afro Brasil. Em 2006, ele realizou a exposição “África e Africanias”.

 

 

Sobre mostra coletiva

 

Já a mostra “A Serpente no Imaginário Artístico” capta toda a extensa simbologia da serpente nas artes. Ela é encontrada nas máscaras gueledé, e nas variegadas garrafas e bandeiras do vodu haitiano, que integram a mostra. Suas formas tortuosas inspiraram a visão dos artistas: ela se esgueira na escultura de Mestre Didi, e do beninense Kifouli, reverbera na tela de Siron Franco, e se incrusta na gravura de Gilvan Samico. Estarão expostas também obras de Carybé, Juarez Paraíso, Francisco Graciano, Noemisa Batista dos Santos, além de trabalhos do Benim e Haiti. As obras dessa mostra pertencem ao acervo do Museu Afro Brasil.

 

 

 

Até 07 de dezembro.

A Natureza em Camille Kachani

A relação entre a natureza e a arte, revelada em inusitadas esculturas, encontra-se em  “Transigências”, exposição individual de Camille Kachani, na Galeria Murilo Castro, Savasi, Belo Horizonte, MG. O orgânico e o inorgânico, o natural e o manual se misturam e se transformam um no outro quando, de uma gaveta, brotam galhos e folhas. Ou de um toco de madeira, surge um martelo. Trata-se de uma aproximação entre potência inventiva da natureza e os objetos da cultura. A natureza se revela artificial e o material transformado, a madeira, natural.

 

“Há ainda uma dimensão de sentidos nesses trabalhos ligada à memória subjetiva. A gaveta e as maletas são recipientes facilmente associados às lembranças, guardados e recordações. Entretanto, o fazer e a ação de executar o trabalho possuem algo de conceitual. Muitos dos instrumentos usados para construir o trabalho são também constituintes dele. Além de serem instrumentos de fácil manuseio, sua presença parece ser uma volta autorreflexiva do trabalho sobre si mesmo. É a obra que aborda seu próprio processo de construção ao se referir a objetos tão usados no ateliê, como o martelo”, comenta o crítico Cauê Alves.

 

Ao mesmo tempo em que algumas esculturas instigam o toque, feitos ergonomicamente para encaixarem às mãos, como a foice, a tesoura, a faca, os cabos de utensílios domésticos ou puxadores, outros trabalhos se situam entre o equilíbrio e o desequilíbrio e possuem as extremidades pontiagudas e cortantes, afastando o contato. Nestes objetos, há um abismo entre seu uso cotidiano e a configuração da peça final.

 

“São arranjos aparentemente instáveis, mas que possuem apoios firmes no chão: com três ou quatro pés, as peças se sustentam pela soma de instrumentos diversos. Elas parecem dançar uma música sem qualquer coreografia. Uma escada improvável se ergue cambaleante a partir de instrumentos que se transformam em degraus e laterais. A peça, que não aguenta o peso de um humano, repele o toque do visitante também com a ameaça dos utensílios cortantes e pontiagudos que a formam (…). No trabalho de Camille Kachani, natureza x arte ou natural x manual, ao invés de oposições, são unidades indissociáveis.”, finaliza Cauê Alves.

 

 

Sobre o artista:

 

Camille Kachani, Beirute, Líbano, 1963, destaca-se no atual panorama da arte contemporânea brasileira por suas obras tridimensionais. Desde 2012, vem desenvolvendo um processo inventivo de possibilidades relacionadas à transformação da natureza. Como exposições mais recentes, estão: individual na Zipper Galeria, no Rio de Janeiro, em 2014; individual na FUNARTE São Paulo, em 2008; e nas galerias Anna Maria Niemeyer, no Rio de Janeiro, e Galeria Thomas Cohn, em São Paulo, em 2010. Participou também das exposições coletivas: Annamaria Niemeyer: um caminho, no Paço Imperial, Rio de Janeiro, Espelho Refletido, no Centro Cultural Hélio Oiticica, Rio de Janeiro, 05+50 MARP 20 Anos, no Museu de Arte de Ribeirão Preto, e Panorama Terra, pela RIO+20, todas durante o ano de 2012.

 

 

Até 04 de outubro.

A imaginação de Andrey Rossi

16/set

Quem olha Andrey Rossi, jovem de 26 anos, de fala tranquila e com um leve sotaque interiorano, nem imagina todas as ideias que inspiram seus trabalhos. Ele que tem obras em acervos institucionais como o do MAM-Rio, e em importantes coleções particulares como a coleção Gilberto Chateaubriand, e a coleção Coleccion Gomez Porsche, em Buenos Aires, Argentina, chega à região do ABC com a exposição “Laboratório Clandestino”, na OMA | Galeria, São Bernardo do Campo, São Paulo, SP. “Essa mostra tem uma sequência que vai desde os estudos, a “cobaia”, ao produto final. Quis ressaltar um processo que valorizasse a ação do tempo e o que é o essencial com um ar de ilegal, de algo provisório, de passagem”, conta o artista.

 

A curadoria é assinada por Douglas Negrisolli e conta com 29 obras. Dessas, 24 são inéditas e estão divididas em quatro assemblages (diferentes materiais incorporados em uma peça, criando um novo conjunto sem desconstruir o sentido original), 12 pinturas e 13 desenhos (ambas com técnicas diversas). Para Thomaz Pacheco, galerista da OMA | Galeria, receber as obras de um artista em ascensão reforça o crescimento do espaço dentro do cenário da arte paulista. “Essa mostra é resultado de uma parceria com a Galeria QAZ e estamos muito felizes por fazer um intercâmbio cultural. Promover um artista como ele em nossa região é uma honra”, afirma.

 

 

 A palavra do artista

 

“Cresci em uma família de marceneiros e sempre fui incentivado a explorar esse material e a exercer minha criatividade. Lembro de explorar locais abandonados só para perceber como o tempo age. Acho que essa ação também é um dos temas recorrentes em minhas obras”, conta Andrey Rossi.

 

 

 A palavra do curador

 

“O Andrey é muito criativo e, de certa forma, ele “brinca de ser Deus” quando mistura humanos com animais e ao transparecer um fascínio misturado com estranheza ao executar isso. Essa é uma mostra em que a transformação do Ser e a metamorfose são os temas que instigam os visitantes”, explica Douglas Negrisolli.

 

 

 Sobre o artista

 

Andrey Rossi nasceu e reside em Porto Ferreira, interior de São Paulo. Para ele, a infância na pequena cidade e a profissão do pai (marceneiro) são algumas das principais influências de sua arte. É licenciado em Educação Artística, com Habilitação em Artes Plásticas, pela UNESP, Universidade Estadual Paulista. Seu início profissional foi em 2008, em Bauru, SP, com a produção da obra “Aborto em 2º Grau”. No ano passado, pós graduou-se em Discurso e Leitura de Imagem na UFSCAR, Universidade Federal de São Carlos.

 

 

 Sobre a OMA | Galeria

 

Primeira galeria de Artes Visuais no ABC, também conta com espaço cultural para a realização de encontros, workshops e debates. Localizada no centro de São Bernardo do Campo, uma das principais cidades da Grande São Paulo, a OMA | Galeria, que está sob os cuidados dos galeristas Thomaz Pacheco (artista e executivo) e Gisele Pacheco (premiada arquiteta e designer), se destaca pelo foco no trabalho de arquitetos, designers de interiores e decoradores, oferecendo obras de arte exclusivas para aqueles que buscam agregar valor aos projetos desenvolvidos, e vem se consolidando como referência em artes visuais na região.

 

 

 De 19 de setembro a 25 de outubro.

Programação #31Bienal

Programa no Tempo, ativação de obras, performances, atividades educativas, no Parque Ibirapuera, São Paulo, SP.

 

10 set • 19h • Pavilhão Bienal • área Parque • térreo – no Tempo | Sarau Kambinda

 

O sarau pretende promover a poesia e o encontro de poetas e artistas que fazem parte do movimento cultural periférico e de matriz africana.

 

14 set • 16h • Pavilhão Bienal • área Parque • térreo – no Tempo | O Menor Sarau do Mundo

 

Intervenção poética em que participam o poeta Giovani Baffô e um público de até três pessoas sob um guarda-chuva. Com duração de um minuto e vinte segundos, o poeta
decla­mará três poemas curtos autorais de alto teor de entorpecimento.

 

17 set • 15h • Parque do Ibirapuera • portão 5 – Ativação de obra | “… – OHPERA – MUDA – …”, por Alejandra Riera e UEINZZ

 

O encontro acontece ao lado do atual Centro de Convivência e Cooperativa (CECCO), antigo armazém convertido em refúgio provisório das atividades da Cinemateca Brasileira – entre as quais um cineclube – depois do incêndio de 1957.  Ali, grupo monta um cinema provisório para a exibição do filme “… – OHPERA – MUDA…”

 

17 set • 19h • Pavilhão Bienal • área Parque • térreo – Educativo | Encontro Oba Inã + Mcs

O Rio de Juarez Machado

Chama-se “Rio de Outrora e Rio de Agora”, a exposição individual de pinturas que marca o retorno de exposições de Juarez Machado no Brasil. A mostra foi inaugurada na Galeria de Arte Maurício Pontual, Shopping Cassino Atlântico, Rio de Janeiro, RJ, em Copacabana. Uma visão divertida e peculiar do Rio, retratado em duas épocas pelo artista catarinense, atualmente radicado na França.

 

 

Juarez Machado, um eterno criador de imagens

 

Juarez Machado é um artista que transcende a pintura propriamente dita, com seu humor irreverente, este artista sempre deixou sua marca. Nesta exposição, Juarez Machado escolheu como tema a cidade do Rio de Janeiro, retratando duas épocas com seus traços muito peculiares.

 

Mauricio Pontual

 

 

Até 30 de setembro.

Krajcberg, a condecoração

Frans Krajcberg, um dos artistas que mais se destacou na França através de suas obras, ao longo de sua carreira, receberá pelas mãos do presidente francês François Hollande, a mais alta condecoração cultural do pais: “Ordre des Arts et des Lettres” – ”Ordem das Artes e Letras”. A condecoração visa recompensar  as pessoas que se distinguem pela sua criação no domínio artístico ou literário ou pela sua contribuição ao desenvolvimento das artes e das letras na França e no mundo. O  artista, de 94 anos, viaja para Paris em novembro. Já receberam a condecoração personalidades internacionais como Clint Eastwood, Bob Dylan e Os Irmãos Campana, entre outros.

Tunga na Mendes Wood

15/set

Com obras compostas de terracota, gesso e cristais,Tunga criou as esculturas que se encontram em cartaz na Galeria Mendes Wood, Jardim Paulista, São Paulo, SP. A mesma mostra agora exibida, “From La Voie Humide”, recebeu boas críticas recentemente em sua primeira inauguração, em Nova York. O artista exibe formas de caldeirões, tripés e partes de corpos relacionados, uma referência diretamente ligada à Alquimia. Também estão expostos desenhos recentes. As esculturas foram concebidas nos últimos anos. Os trabalhos mesclam e sintetizam interesses diversos do artista, como a Poesia, Psicologia, Física e Alquimia.

 

 

Até 04 de outubro.

Duas na Casa da Imagem

Marcia Xavier e Letícia Ramos, na Casa da Imagem, Sé, São Paulo, SP, a partir de um ensaio fotográfico, científico-policial, que pertence ao acervo da Coleção de Fotografias do Museu da Cidade, sobre um ato de vandalismo no prédio da Prefeitura no dia 02 de agosto de 1947, desenvolveram uma instalação sonora e visual, criando um ambiente de mistério e  tensão inspirado nessas imagens.

 

Ao entrar pelo corredor que dá acesso às duas salas expositivas, o visitante é acompanhado pelo áudio da instalação sonora que percorre toda e exposição. Como o som não fica aparente, não se sabe se o que se ouve esta acontecendo ao vivo ou não. O espectador é seguido por passos no corredor que dá acesso à primeira sala, toda iluminada por retroprojetores dispostos no chão aos pares, ora iluminando as três paredes, ora fazendo uma projeção de imagens ou objetos, como num fotograma. As duas janelas dessa sala são vedadas, uma por imagem de duas pessoas como vistas através dela e a outra por madeira com uma lente incrustada no painel, um olho mágico que faz ver uma das imagens do vandalismo impressa em um material transparente, que dá uma sensação de 3D ou de um negativo de vidro. Nas duas paredes há dois ensaios: um sobre a queda de um arquivo e outro sobre a queda de uma folha de papel.

 

São fotografias realizadas com a técnica da estroboscopia, inspiradas nas imagens resultantes de experiências de estudo do movimento. No ambiente há vários áudios soando ao mesmo tempo — passos, bagunças e vidro quebrado. Já na segunda sala, depara-se com um filme e seu projetor 16mm; thriller de suspense realizado com uma colagem de imagens do arquivo e outras captadas pelas artistas nas novas salas do DEOPS, acompanhados pelo áudio de uma respiração.

 

 

Sobre as artistas

 

Marcia Xavier (Belo Horizonte – MG – 1967). Graduada em 1989 em Comunicação Visual pela Fundação Armando Álvares Penteado em São Paulo. Pesquisa a imagem em movimento e suas distorções. Constrói aparelhos ópticos como lunetas, binóculos e telescópios, um híbrido do cinema com a escultura. Realizou mais de dez individuais em galerias e museus e cinqüenta coletivas, ao longo de 16 anos de carreira. Exposições internacionais: 2012 Eloge du vertige, Maison Européenne de la Photographie, Paris, França; 2007 Institut Valencia d’Art Modern, Espanha; 2005 Gabarito na Galeria 111 em Lisboa, Portugal; 2003 Layers of Brazilian Art, Faulconer Gallery, Iwoa, EUA; 2002 Jogos Excêntricos, Galeria do Museu Botanique Bruxelas, Bélgica; 2000 Museu de las artes de Guadalaraja, México. Esteve na VI Bienal de Havana 1997; III  Bienal do Mercosul 2001 e IV Bienal de Curitiba 2007 e das Paralelas a Bienal de São Paulo I, II, III e IV. Ganhou prêmio nos Salões de Ribeirão Preto e Belo Horizonte. Concebeu uma obra múltipla editada pela Fundação Bienal de São Paulo em 2009. Participou das Feiras de Arte: Frieze Londres, Basel Miami e Arco Madri. Faz parte das seguintes coleções: Société Generale d’art Contemporain, Paris, França; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e Museu de Arte Moderna de São Paulo; Banco Itaú S.A e SESC BELENZINHO. Lançou em 2003 o livro ET EU TU, em parceria com Arnaldo Antunes pela editora Cosac e Naif, ganhador do prêmio Jabuti de 2004 pelo projeto gráfico e produção editorial. Participou das seguintes Performances em parceria com Arnaldo Antunes: 2011 Museu Miró, Barcelona, Espanha; 2010 Festival Brazil, Southbank Center, Londres, Inglaterra; 2009 Multiplicidades, Oi Futuro Rio de Janeiro 2008/2009 e Festival de poesia em Berlim 2008.

 

Letícia Ramos (Santo Antônio da Patrulha – RS, Brasil,1976). Cursou Arquitetura e Urbanismo na UFRGS e Cinema na Fundação Armando Álvares Penteado, FAAP. Seu foco de investigação artística é a criação de aparatos fotográficos próprios para a captação e reconstrução do movimento e sua apresentação em video , instalação e fotografia. Seus trabalhos possuem um forte caráter processual e geralmente se inserem dentro de projetos de investigação mais ampla.  A artista foi ganhadora de importantes prêmios e bolsas para a pesquisa e realização artistica, entre eles, o Prêmio Marc Ferréz de criação fotográfica para o desenvolvimento do projeto Bitácora (2011/2012). Como resultado desta pesquisa, publicou o livro de artista “Cuaderno de Bitácora” e  participou da residência The artic circle (2011) a bordo de um veleiro rumo ao Pólo Norte. O trabalho fotográfico produzido durante a expedição, foi vencedor do Prêmio Brasil Fotografia – pesquisas contemporâneas (2012). Em 2103 foi participante do programa “Islan Session – visitas a ilha, “ da 9º Bienal do Mercosul e desenvolveu o projeto de filme 35mm , livro , web e LP, VOSTOK, uma viagem ficcional a um lago pré-histórico submerso na Antártida. No mesmo ano  foi contemplada pela bolsa  de fotografia do Instituto Moreira Salles e Revista Zum e desenvolveu a pesquisa MICROFILME . Recentemente foi ganhadora do importante prêmio internacional de fotografia, BESPHOTO 2014 . No momento está com duas outras exposições em cartaz: “Nos sempre teremos marte ” – Museu Fundação Berardo, Lisboa e VOSTOK _ screnning # 1 – individual da artista em sua galeria Mendes Wood DM – SP.

 

 

 

 De 20 de setembro a 19 de outubro. 

Ivan Grilo no CCSP

Com curadoria de Bernardo Mosqueira, “Quando cai o céu” é a nova individual do artista Ivan Grilo, será o próximo cartaz do CCSP – Centro Cultural São Paulo, Paraíso, São Paulo, SP. A exposição, que é fruto da premiação que o artista conquistou no edital PROAC Artes Visuais 2013, apresenta 13 conjuntos de trabalhos, entre fotografias e instalações. Ao ser agraciado com o prêmio, Grilo foi pesquisar os arquivos do Centro Cultural São Paulo, onde encontrou documentos de uma rica pesquisa idealizada em 1938 por Mário de Andrade, então diretor do Departamento de Cultura da cidade de São Paulo.

 

Ao mesmo tempo em que as manifestações populares corriam o risco de desaparecer com a crescente urbanização do país, o avanço tecnológico da época trazia novas possibilidades de captação destes eventos através de fotos, áudios e filmes.  Foi essa questão que levou o importante escritor a organizar a Missão de Pesquisas Folclóricas, expedição que buscou mapear as origens da cultura popular brasileira. Não fosse a chegada de Prestes Maia ao governo Municipal, a expedição se concluiria e o levantamento inicial proposto não teria parando em Pernambuco, mas alcançando o culturalmente rico estado da Bahia.

 

Interessados mais no que deixou de ser registrado pela equipe de Mário de Andrade, Ivan Grilo e Bernardo Mosqueira foram a campo em busca de subsídios para a realização da presente exposição. Em “Quando cai o céu”, Ivan Grilo busca mesclar as influências das vivências com as culturas ancestrais africanas adquiridas durante a viagem à Bahia com o modelo cartesiano de trabalho que sempre adotou em suas produções.

 

 

A palavra do curador

 

“Nosso trabalho se relacionava, então, também, com toda a genealogia de artistas viajantes interessados no Homem. Logo que optamos pela Bahia, decidimos ir a Cachoeira: importante cidade pra história do povo negro no Brasil. Em Salvador, antes, tivemos acesso irrestrito a todo o material da Fundação Pierre Verger, e lá encontramos a certidão de sua passagem por aquele município. Porém, logo entendemos que nosso interesse não seria registrar (capturar e trazer) a imagem do exótico. Diferente disso, nosso interesse é a crítica social e as narrativas: mais especificamente, somos encantados pela relação entre resistência e história oral. Os trabalhos de Ivan expandem, preenchem e iluminam a interseção entre o rigor conceitual, a crítica social e a criação (ou tradução) de narrativas poéticas. Não há nada nessa montagem que não tenha razão de ser”.

 

Ainda segundo o curador, “A história do povo negro no Brasil não é de vencedores, nem perdedores, nem vencidos, mas, sim, uma história de sobreviventes em glória. “Somos escolhidos da sorte. Somos tambores ricos de fé. (…). Somos o amor e seus aliados. Somos os filhos dos encantados”, ouvimos na Bahia. Por isso, “Quando cai o céu” é apenas onde começamos a contar a história de algumas nações que foram muito mais violentamente exploradas do que pensamos, mas que são muito mais do que se pode imaginar”, completa.

 

 

Sobre o artista

 

Ivan Grilo, 1986, vive e trabalha em Itatiba/SP. Graduado em Artes Visuais pela PUC-Campinas, atuou durante três anos como artista-assistente no atelier de Marcelo Moscheta. Atualmente participa das exposições coletivas: “Novas Aquisições da Coleção Gilberto Chateaubriand”, no MAM (RJ) e “Pororoca, a Amazônia no MAR”, no Museu de Arte do Rio. Em 2013 exibiu “Estudo para medir forças” na Casa França-Brasil (RJ), integrando o Projeto Cofre; além de ser premiado no edital PROAC Artes Visuais, do Governo do Estado de São Paulo, que deu origem à presente exposição. Em 2012 recebeu o Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia, além de ter sido indicado ao Prêmio Investidor Profissional de Arte (PIPA) e ter participado da residência internacional “Transitante: entre álbuns e arquivos” no Arquivo Municipal Fotográfico de Lisboa / Portugal. Dentre as principais coletivas estão: “Bienal MASP Pirelli de Fotografia”, em São Paulo, “I Bienal do Barro” em Caruaru-PE, “2nd Ural BiennialofContemporaryArt”, na Rússia, “16a Bienal de Cerveira”, em Portugal, “11a Bienal do Recôncavo” em São Félix / BA, e “Arte Pará”, no Museu Histórico do Estado do Pará. Tem obras nos acervos do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro/Coleção Gilberto Chateaubriand (MAM), no Museu de Arte do Rio (MAR), na Fundação Bienal de Cerveira, entre outros. Atualmente é representado por Luciana Caravello Arte Contemporânea (RJ) e SIM Galeria (PR).

 

 

Sobre o CCSP

 

Espaço público de cultura e convívio, o Centro Cultural São Paulo (da Secretaria Municipal de Cultura) recebe o público em quatro pavimentos de uma área de 46.500 m² localizada entre as ruas Vergueiro e a 23 de maio, e entre as estações Vergueiro e Paraíso do Metrô. Inaugurado em 13 de maio de 1982, a partir da necessidade de uma extensão da Biblioteca Mário de Andrade, transformou-se em um dos primeiros espaços culturais multidisciplinares do país. O projeto concebido por um grupo de arquitetos coordenado por Eurico Prado Lopes e Luiz Telles deu origem a um espaço caracterizado pela arquitetura do encontro, que atualmente oferece: um conjunto de bibliotecas com acervo multidisciplinar, expressivas coleções da cidade de São Paulo – Coleção de Arte da Cidade, Discoteca Oneyda Alvarenga, Missão de Pesquisas Folclóricas de Mário de Andrade, Arquivo Multimeios e Coleção Memória do Centro Cultural São Paulo.

 

 

De 20 de setembro a 07 de dezembro.