Suzana Queiroga no MAC Niterói

02/out

O Museu de Arte Contemporânea de Niterói, Mirante da Boa Viagem s/n, Boa Viagem,  Niterói, RJ, apresenta a exposição “Olhos d’Água”,  de Suzana Queiroga, artista contemplada com o 5º Prêmio de Artes Marcantonio Vilaça – MINC – Funarte. A mostra apresenta uma grande escultura de ar (inflável) : “Olhos d’Água”, que será doada ao acervo do MAC  como contrapartida do prêmio. Sob a curadoria de Guilherme Vergara, também serão expostas três séries de sete desenhos, três vídeos e uma pintura todos inéditos.  Ainda em outubro a artista vai realizar uma exposição na galeria Artur Fidalgo e uma instalação em homenagem a Hilda Hilst na vitrine da Livraria da Travessa, Ipanema. “Olhos D’água” é um trabalho que se relaciona com a questão da morte do pai de Suzana, na década de 1960, em um acidente aéreo na Baía de Guanabara próximo ao aeroporto Santos Dumont, enquanto sua mãe ainda estava grávida da artista.  O MAC fica exatamente em frente ao aeroporto que seria o destino de um pouso que não aconteceu.

 

A palavra da artista

 

“A localização do museu foi essencial para esse projeto. Lido com essas memórias simbolicamente, o despedaçamento e dissolução do corpo no mar, o fado, a espera de quem jamais virá. É um contato cada vez maior que faço com minha origem portuguesa. Para mergulhar nessa proposta, precisei pesquisar e abrir recentemente, junto com minha mãe, os arquivos que ela não via desde a época do acidente, as matérias do jornal, as cartas de amor de um para o outro, os diários do meu pai, telegramas, enfim, toda uma sorte de coisas que fizeram com que eu pudesse passar a conhecê-lo, e houve sintonias incríveis, os desenhos dele em azul, diários dele com as capas no mesmo azul que eu uso, telegramas de minha mãe falando de azul. Aos poucos, conheço esse homem com uma memória construída no hoje, o que talvez revestirá, com algum tipo de membrana esse buraco enorme que sempre senti dentro do peito”, declara a artista.

 

“Neste momento estou  profundamente ligada a uma paleta de azuis profundos, azuis violetados, cinzas azulados e oceanicamente esverdeados. Minha relação com as cores agora só passa pelo que é céu, densidade atmosférica, ar, nuvem, e também mar, oceano e profundidade. Tenho um respeito tão grande pela cor, que é como se essa fosse algo que pairasse acima de tudo, pois a cor é a própria luz, e o seu comportamento mutante, desviante, relativo e infinitamente plural é de uma poesia imensa a qual penso que poucos artistas conseguem tocar. Sinto que não é uma operação meramente técnica ou objetiva, não basta saber as misturas e conhecer os pigmentos. Existe uma resposta maior que a cor me dá e que é proporcional ao quanto eu consigo me aproximar mais e mais delicadamente de seus sutis momentos de transformação vibracional. A cor “ideia” logo me vem como algo pronto, idealizado, e plenamente dominado, porém, a cor que “realmente” torna potente as minhas intenções diante de um trabalho somente será obtida a partir de uma busca, revalidada a cada instante, num percurso no qual é exigida a totalidade de minha atenção”, completa.
Suzana Queiroga começou a trabalhar com infláveis há 10 anos, pelo anseio de ampliação dos limites da pintura. “Ver a pintura fora do plano, no espaço. O material transparente, os reflexos do espaço em torno na película de PVC colorido se relaciona com aspectos da pintura, tais como transparências, manchas e pinceladas”, explica.

 
 
De 05 de outubro a 08 de dezembro.

Ulrike Ottinger – Retrospectiva

01/out

O setor de Mostras-Coordenação de Artes Plásticas, a Coordenação de Cinema, Vídeo e Fotografia da Secretaria da Cultura de Porto Alegre e o Goethe-Institut Porto Alegre vão expor fotografias acerca da produção cinematográfica e fotográfica da cineasta Ulrike Ottinger. A exposição pode ser visitada no porão do Paço Municipal , Centro Histórico, Praça Montevidéu, Porto Alegre, RS. A artista, que faz parte da mesma geração dos diretores Rainer Werner Fassbinder  e Werner Schroeter, dois dos principais expoentes do cinema alemão do pós-guerra, é autora de obra extremamente original, que a colocou entre os realizadores de vanguarda em seu país a partir da primeira metade da década de 70. Os filmes de Ulriker Ottinger atraíram a atenção da crítica por sua peculiar visão de mundo, pela profusão de referências eruditas e por sua extravagante direção de arte.

 

De 11 de outubro a 08 de novembro.

Le Parc em São Paulo

30/set

A mostra “Julio Le Parc – Uma busca contíbua”, Galeria Nara Roesler, Jardim Europa, São Paulo, SP, percorre mais de 50 anos da produção artística de Julio Le Parc, incluindo tanto sua pesquisa da fenomenologia das estruturas através da pintura bidimensional, como seus ambientes imersivos e instalações de grande porte. Sua obra tem o papel desestabilizador de provocar a interação do indivíduo com o ambiente exigindo, simultaneamente, que tal envolvimento seja reconhecido. Apesar de seu papel fundamental na história da arte cinética, as telas, esculturas e instalações de Julio le Parc incluem questões relativas aos limites da pintura, por meio tanto de procedimentos mais próximos da tradição pictórica, tais como a acrílica sobre tela, quanto de assemblages ou aparatos mais propriamente cinéticos. A galeria promove um encontro com o artista e a curadora Estrellita B. Brodsky no dia da abertura às 17h30.

 

 

A palavra da curadoria

 

Julio Le Parc: Uma busca contínua por ESTRELLITA B. BRODSKY

 

Ao longo de seis décadas, Julio Le Parc buscou de maneira sistemática redefinir a própria natureza da experiência artística, trazendo o que ele chama de “perturbações dentro do sistema artístico”. Ao fazer isso, ele brincou com as experiências sensoriais do público e deu aos espectadores um papel ativo. Com seus colegas membros do Groupe de Recherche d’Art Visuel (GRAV) – um coletivo de artistas criado por Le Parc com Horacio García Rossi, Francisco Sobrino, François Morellet, Joël Stein e Jean-Pierre Vasarely (Yvaral) em Paris no ano de 1960 –, Le Parc gerou encontros diretos com o público ao desmontar o que eles consideravam ser as amarras artificiais das estruturas institucionais. Como expresso em seu manifesto Assez de mystifications [“Chega de Mistificações”, Paris, 1961], a intenção do grupo era encontrar maneiras de confrontar o público com obras de arte fora do ambiente museológico por meio de intervenções em espaços públicos com jogos subversivos, charges de cunho político e questionários bem-humorados.  Com tais estratégias, Le Parc e o GRAV transformavam espectadores em participantes com maior autoconsciência, tanto alcançando uma forma de nivelamento social como antecipando algumas das estratégias relacionais e colaborativas sociopolíticas que vêm se proliferando ao longo das duas últimas décadas.

 

(…) A produção artística de Le Parc evoluiu de estudos geométricos bidimensionais, com pequenas caixas de luz, para instalações de grande porte, ambientes imersivos e intervenções públicas na rua. No entanto, essa produção diversa tem em comum uma função desestabilizadora central: provocar a interação do indivíduo com seu ambiente, exigindo, ao mesmo tempo, um reconhecimento daquele envolvimento. A obra de Le Parc chamada Sphère bleue (Esfera azul, 2001/2013) é um enorme globo de quatro metros de diâmetro composto por quadrados de acrílico azul transparente que parece estar magicamente suspenso no ar. A luz refratada na parte exterior da esfera inunda o espaço que circunda o globo com um azul vibrante.

 

A experiência perceptiva que os visitantes têm da esfera oscila entre vê-la como algo que é transparente e impenetrável e, ao mesmo tempo, frágil e monumental; algo que distorce o que se vê além e cria a consciência de se estar vendo e sendo visto em um espaço comum recém-transformado.

 

Os componentes físicos das obras de Le Parc – folhas de material refletivo penduradas, esculturas enormes feitas de acrílico transparente, pinturas geométricas, estruturas de luz motorizadas, telas de metal distorcidas – são tão impressionantemente variados quanto as próprias estruturas. O feito geral, no entanto, é criar um ambiente e uma impressão que alteram os sentidos e são, muitas vezes, desorientadores. Em esculturas como Cellule à pénétrer adaptée (Célula penetrável adaptada, 1963/2012) ou Formes en contorsion (Formas em contorção, 1971), Le Parc dá ênfase à mutabilidade da percepção. A fragmentação se torna inerente à apreensão de obras nas quais espelhos, luzes refletidas ou projetadas, diferentes tipos de óculos, jogos e interações físicas confundem os sentidos. Assim, perspectivas cambiantes criam um dinamismo interno ou uma instabilidade essencial por meio das quais Le Parc questiona a precisão subjetiva e os modos tradicionais de exibição que, de acordo com o que ele escreve em seu influente texto Guerrilla culturel, servem apenas para perpetuar estruturas sociais de dominação.

 

(…) Para Le Parc, o objetivo é exatamente a interrogação e a reestruturação do entorno imediato. Ele busca uma total cumplicidade que exige do espectador não somente participação ativa, mas também autorreflexão. Dessa forma, a prática de Le Parc vai além do mero espetáculo visual rumo a um envolvimento físico com o presente – a arte enquanto concepção humana, uma que não pode mais permanecer estática ou absoluta.

 

 

Sobre o artista

 

Pioneiro na modalidade, Julio le Parc foi um dos fundadores, em 1960, do Groupe de Recherche d’Art Visuel (1960-68), coletivo de artistas ótico-cinéticos que se propunha estimular a participação dos observadores, amplificando a sua capacidade de percepção e ação. Coerentemente com essas premissas e, de maneira mais geral, com a aspiração, bastante difusa na época, a uma arte desmaterializada ou indiferente às exigências do mercado, o grupo apresentava-se em lugares alternativos e até na rua. As obras e instalações de Julio le Parc formadas apenas por jogos de luz e sombras são fruto direto desse contexto, em que a produção de uma arte efêmera e invendável tinha uma clara conotação sociopolítica.

 

Argentino de Mendoza, Julio Le Parc nasceu em 1928 e hoje vive e produz em Paris. Participou das 2ª e 3ª edições da Bienal de Paris, França (1961 e 1963); da Bienal de Havana, Cuba (1984); e da Bienal do Mercosul, em Porto Alegre, Brasil (1999). Entre as exposições coletivas recentes que integrou estão: Tomorrow was already here (Museo Tamayo, Cidade do México, México, 2012); Level 1 (Centre Pompidou, Metz, França, 2012); Suprasensorial (Hirshhorn Museum, Washington, EUA, 2013; Museum of Contemporary Art, Los Angeles , EUA, 2011); e Uma aventura moderna (Museu Oscar Niemeyer, Curitiba, Brasil, 2009). Exposições individuais recentes incluem: Soleil froid (Palais de Tokyo, Paris, França, 2013); Le Parc – lumière (Biblioteca Luiz Angel Arango, Bogotá, Colômbia, 2007); Verso la luce (Castello di Boldeniga, Brescia, Itália, 2004); e Retrospectiva (Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, Brasil, 2001). Suas obras fazem parte de acervos como: Museum of Modern Art, Nova Iorque, EUA; Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo, Brasil; Tate, Londres, Inglaterra; Museum Bymans-Van Beuningen, Roterdã, Holanda; e Massachussetts Institute of Technology List Visual Arts Center, Cambridge, EUA.

 

Até 30 de novembro.

 

 

Obras inéditas de Sylvia Martins

27/set

A galeria Paralelo, Pinheiros, São Paulo, SP, expõe “ALTER/NATIVAS”, exposição individual de pinturas da artista plástica Sylvia Martins, brasileira radicada em Nova Iorque. Com curadoria de Sergio Zobaran e coordenação de Andrea Rehder e Flávia Marujo, Sylvia Martins exibe 14 trabalhos que traduzem uma nova etapa em seu processo criativo, no qual experimenta técnicas e desdobramentos baseados no próprio ato de pintar.

 

Nesta série inédita, Sylvia Martins parte de um vazio tão intenso que o considera angustiante e, por meio de uma forte energia criativa, insere alguma informação aleatória sobre a tela em branco, como uma simples rajada de tinta, que ao escorrer cria certa textura. A partir de então, o gotejar de cor sobre cor resulta em camadas; A pintura começa a tomar forma, outras cores são introduzidas e um novo elemento surge para dar efeito de oxidação à tela: glitter. Na concepção de Sergio Zobaran, curador da mostra: “Tinta sobre tinta. E um quê de ouro, de brilho seco que transparece, mas nunca pretende dominar a tela. Um glitter que oxida, produz luminosidade, traz coerência.” A ideia da artista não é propor um tema específico. Em suas próprias palavras: “A natureza discursiva da minha pintura quer ser descoberta sem ser traduzida. Na maioria das telas, acho que transmito uma impressão visual de cascatas de cores. Faço uma espécie de narrativa não linear, onde cada tela tem linguagem própria. Vou do ‘very abstract’ até um figurativo sutil, porém elas (as telas) dialogam entre si.”

 

Desprendido de modas, tendências, escolas e discursos de ocasião, o trabalho de Sylvia Martins explora abstrações e, em alguns momentos, delicados elementos alegóricos, evocando imagens da natureza e formas orgânicas. Em “ALTER/NATIVAS”, a artista busca novos caminhos para sua nova fase – tanto no momento de concebê-la quanto em sua exposição. Ou seja, as alternativas fazem referência tanto à técnica na criação das pinturas quanto à possibilidade do observador enxergar, em formas abstratas, o que seu subconsciente lhe sugere.

 

 

Sobre a artista

 

Sylvia Martins nasceu em Bagé, no Rio Grande do Sul. Estudou pintura com Ivan Serpa, no MAM/RJ, Richard Pousette-Dart no Art Student’s League (NYC), e na School of Visual Arts (NYC). Seu tema é a própria pintura, que se cria através da obra, quase abstrações, que evocam imagens da natureza e formas orgânicas. Sylvia realizou inúmeras mostras no Brasil e em outros países como Estados Unidos, Japão, Inglaterra, França, Grécia, entre outros. Suas telas estão em coleções privadas, públicas e coorporativas, como Citibank, Chase Manhattan Bank, ambas nos Estados Unidos, assim como no Centro Cultural Correios – no Brasil. Artista de trânsito internacional, vive e trabalha entre o Rio de Janeiro e Nova Iorque.

 

De 03 de outubro a 09 de novembro.

Nazareno em livro

A Galeria Emma Thomas, jardins, São Paulo, SP, lançou o livro “Num lugar não longe de você”. A edição exibe parte da produção dos últimos dez anos de criação do artista plástico Nazareno. O livro contempla notavelmente os desenhos do artista que em sua obra gráfica mescla o uso de imagens/ palavras/textos (pelos quais é conhecido) os mesmos são plenos de observações ora irônicas, ora poéticas acompanhadas de imagens alusivas a temas associados ao sujeito contemporâneo frente aos desafios cotidianos em sua busca por uma possível transcendência. O material traz um grande número de imagens de obras finalizadas, além de exibir registros dos cadernos de esboços e diários de imagens pessoais possibilitando ao leitor uma aproximação aos elementos que fazem parte do imaginário do artista.

 

Sobre o artista

 

Nazareno, São Paulo, SP, 1967. Vive e trabalha em São Paulo, SP. Nazareno aborda em suas obras aspectos relativos à memória, infância, contos de fadas, narrativas… bem como a fragilidade do sujeito contemporâneo frente à impossibilidade de transcendência. Realizadas em variadas mídias como desenho, esculturas, instalações, vídeos, gravuras, entre outras, são trabalhos que potencializam a atenção do espectador pelo caráter de sua miniaturização evidenciando outras realidades e eventualmente conduzindo o adulto/espectador a um estranhamento em seu rebaixamento a uma condição infantil. Com uma  carreira que conta com exposições nacionais e internacionais nos últimos quinze anos, além de prêmios e publicações em revistas, catálogos e livros de arte as obras do artista estão em diversas coleções públicas e privadas.

CONVITE

Neste sábado, 28/09, às 17h, acontece a palestra da psicanalista, pesquisadora e curadora Flávia Corpas com o tema “As coisas do mundo: a vida e a obra de Bispo do Rosário”, no Cinema 1 da CAIXA Cultural, Centro, Rio de Janeiro, RJ, como parte da mostra “Walter Firmo: Um Olhar Sobre Bispo do Rosário”.

 

A palestra tem entrada franca e as senhas começam a ser distribuídas 1 hora antes.

 

Flávia Corpas lançou, em agosto último, o livro “Arthur Bispo do Rosário – Arte Além da Loucura”, onde reúne textos inéditos de Frederico Morais, o crítico e curador que descobriu – ou inventou, como ele mesmo diz – o artista Arthur Bispo do Rosário. O livro, bilíngue (com versão em inglês), obteve o primeiro lugar na seleção de projetos de patrocínio da Prefeitura do Rio de Janeiro através do edital Pró-Artes Visuais 2011.

Mira Schendel em Londres

26/set

A Tate Modern, museu britânico, Londres, tornou-se palco de uma ampla retrospectiva das obras de Mira Schendel. A artista é uma das mais importantes do pós-guerra na América Latina e, ao lado de seus contemporâneos Lygia Clark e Hélio Oiticica, reinventou a linguagem do modernismo europeu no Brasil. Ocupando 14 salas do museu, a mostra leva o nome da artista e exibe obras procedentes de coleções particulares e da Pinacoteca do Estado de São Paulo, algumas expostas pela primeira vez. São mais de 270 pinturas, desenhos e esculturas de todos os períodos da carreira de Mira Schendel. Entre os destaques estão “Droguinhas”, de 1965-1966, escultura em papel de arroz; e “Graphic Objects”, de 1967-1968, uma série que explora a linguagem e a poesia e que foi exibida na Bienal de Veneza de 1968. Outras obras importantes integram a mostra, como as pinturas abstratas do início da carreira da artista e as instalações “Still Waves of Propability”, 1969, e “Variants”, 1977. As últimas obras de Schendel, conhecidas como “Sarrafos”, 1987, também estão na exposição. Mia Schendel nasceu em Zurique em 1919 e cresceu em Milão. Depois da guerra viveu em Roma, antes de se mudar para o Brasil em 1949, onde morou e trabalhou até a sua morte, em 1988.

 

 

Até 19 de janeiro.

 

Fontes: ArtDaily, Folha de S. Paulo, Touch of class

Nelson Screnci na Arte Aplicada

24/set

A galeria Arte Aplicada, Cerqueira César, São Paulo, SP, inaugura a mostra “Caminhos”, exposição individual de pinturas do artista plástico Nelson Screnci. Com curadoria de Sabina de Libman, 10 telas inéditas fazem uma analogia entre caminhos reais e os trajetos percorridos pelo artista ao longo de sua carreira. Nesta nova série, Nelson Screnci apresenta pinturas que contém assuntos aparentemente dissonantes, como bibliotecas, paisagens imaginárias, estudos de perspectiva inversa, releituras de flores a partir de quadros históricos, florestas de frontalidades febris, etc. Todavia, analisadas em conjunto, tais temáticas formam um único corpo, atingindo a intenção do artista de explorar os elementos comuns existentes entre as telas.

 

A partir de uma pesquisa concentrada em exercícios de linguagem visual – como a interação entre cores e as articulações das formas -, Nelson Screnci optou pelo uso de cores de forma mais pura, estruturando as relações de tons com maior sutileza. Ao finalizar os trabalhos com camadas finas e transparentes, o artista procura um resultado pleno, de delicadas harmonias. Sobre seu processo criativo, Nelson Screnci observa: “As obras são construídas como uma casa. Primeiro o alicerce, proveniente das ideias iniciais, de exercícios de desenho, ou de alguma inspiração. Depois as outras partes que se assentam sobre esta primeira composição, como o desenho estrutural, a eliminação de excessos e a determinação das áreas de cor básicas. E, finalmente, cobrindo tudo, o trabalho poético de construção de uma imagem final, com jogos de luzes, definição de detalhes, texturas e tons de cores variados.”

 

Com o título de certa forma metafórico – no sentido de que os “caminhos” também se referem a sua própria trajetória -, Nelson Screnci revela seu universo de indagações e deixa ao espectador a tarefa de identificá-las. “Talvez as obras de arte sejam mesmo isto para o espectador: marcas do pensamento e da sensibilidade humana, deixadas nas trilhas do tempo para lembrar aos que vierem depois que por ali passou alguém sonhando com coisas às vezes só realizáveis pela arte, ou pela imaginação de quem cria.”, diz a curadora Sabina de Libman.

 

 

Sobre o artista

 

Nascido em São Paulo, em 1955, Nelson Screnci é artista plástico, professor de Artes Visuais e de História da Arte. Formado na FAAP em 1982, recebeu no ano seguinte o Prêmio Pirelli-MASP. Desde então participa ativamente do circuito cultural realizando palestras, cursos, artigos e exposições. O seu trabalho integra também o acervo de importantes museus nacionais e internacionais, além de servir de referência em diversas publicações culturais. Utilizando-se de recursos compositivos tais como a multiplicação de imagens ou a analogia entre obras históricas, propõe um exercício criativo e poético com a intenção de provocar no expectador o questionamento da condição humana diante da realidade contemporânea.

 

 
De 28 de setembro a 19 de outubro

9ª Bienal do Mercosul, Porto Alegre

19/set

Se o clima for favorável

 

 

Si el tiempo lo permite

 

 

Weather Permitting

 

 

 

O título da 9ª Bienal do Mercosul, Porto Alegre, RS, “Se o clima for favorável”, em português, “Si el tiempo lo permite”, em espanhol, e “Weather Permitting”, em inglês, foi proposto como um lema para sugerir que diferentes climas – atmosférico, emocional e político – estão no centro do projeto. Por mais que o clima possa ser uma preocupação pública (ecológica e econômica), ele também é substância material (física e psicológica). Então, essa frase tão corriqueira é um convite para ponderar sobre quando e como, por quem e por que algumas obras de arte e ideias carecem de ou têm visibilidade física ou cultural em um determinado momento. Desde as etapas iniciais de planejamento, as promessas curatoriais envolveram identificar, propor e reformular os cambiantes sistemas de crenças e avaliações de experimentação e inovação, encontrar recursos naturais e culturas materiais sob uma nova luz e especular sobre as bases que marcaram as distinções entre descoberta e invenção. Seu objetivo era suscitar questões ontológicas e tecnológicas por meio de práticas artísticas, da produção de objetos e de nódulos de experiência. Isso deu forma às três principais iniciativas públicas desta 9ª Bienal: Portais, previsões e arquipélagos, uma exposição de arte contemporânea apresentada em diversos museus da cidade; Encontros na Ilha, uma série de discussões e publicações; e Redes de Formação, um programa pedagógico em arte. Compõem a exposição obras históricas e novas, além de obras históricas criadas a partir de projetos colaborativos comissionados e novos projetos realizados a partir do programa Máquinas da Imaginação, desenvolvido com empresas, centros de pesquisa e comunidades no Brasil. De maneiras singulares e inter-relacionadas, essas iniciativas se concentram conceitualmente na interação entre natureza e cultura, e nas maneiras pelas quais os artistas visuais lidam com fenômenos desconhecidos, imprevisíveis e aparentemente incontroláveis. Eles levam em conta as causas e efeitos naturais que impulsionam os homens em suas viagens e deslocamentos sociais, os avanços tecnológicos e o desenvolvimento mundial, as expansões verticais no espaço e as explorações transversais ao longo do tempo.

 

 

Espaços expositivos e Artistas

 

Usina do Gasômetro, artistas: Aurélien Gamboni & Sandrine Teixido – Daniel Steegman Mangrané – David Medalla – Eduardo Navarro – George Levantis – Gilda Mantilla & Raimond – Hans Haacke – Hope Ginsburg – Koenraad Dedobbeleer – Nicholas Mangan – Sara Ramo – The Otolith Group – William Raban

 

Santander Cultural, artistas: Allan McCollum – Audrey Cottin – David Zink Yi – Elena Damiani – Erika Verzutti – Faivovich & Goldberg – Fernando Duval – Fritzia Irizar – Jason Dodge – Jessica Warboys – Lucy Skaer – Pratchaya Phinthong – Robert Rauschenberg – Suwon Lee – Thiago Rocha Pitta – Trevor Paglen

 

Memorial do Rio Grande do Sul, artistas: Anthony Arrobo – Beto Shwafaty – Cao Fei – Cinthia Marcelle – Daniel Santiago – Edgar Orlaineta – Fernanda Laguna – Liudvikas Buklys – Malak Helmy – Mario Garcia Torres – Marta Minujín – Michel Zózimo – Nicolás Bacal – Tania Pérez Córdova – Ekphrasis: Alta Tecnología Andina – Ana Laura López de la Torre – Aurélien Gamboni & Sandrine Teixido – Bik Van der Pol – Christian Bök – Eduardo Kac – Fritzia Irizar – Grethel Rasúa – Marta Minujín – Trevor Paglen – Zhenia Kikodze sobre Yuri Zlotnikov

 

MARGS, artistas: Allora & Calzadilla – David Medalla – Jason Dodge – Luis F. Benedit –Luiz Roque – Mario Garcia Torres – Mira Schendel – Takis – Tony Smith – Trevor Paglen

 

Curadoria: Sofía Hernández Chong Cuy

 

 

Até 10 de novembro.

Fortes Vilaça 1

Recebeu o título de “Desenhos”, a nova exposição individual de Iran do Espírito Santo na Galeria Fortes Vilaça, Vila Madalena, São Paulo, SP. A mostra traça um panorama histórico da produção de desenhos do artista, que vai de 1993 à produção atual, apresentando um recorte de 108 trabalhos, inéditos em sua grande maioria. O desenho está presente em toda a produção artística de Iran do Espírito Santo. É a maneira como organiza seus pensamentos, onde o trabalho bidimensional informa a prática tridimensional e vice-versa. Sua produção sobre papel é extensa e os trabalhos selecionados para a mostra procuram abranger esta diversidade. São desenhos feitos com os mais diversos materiais, tais como carvão, caneta, pastel, aquarela e grafite.

 

A seleção de obras da mostra privilegia os trabalhos onde o desenho é o meio e muitas vezes o assunto. “SPRD” é uma série de desenhos recentes, dos quais 14 serão apresentados na exposição. O título é um termo usado em publicações para designar duas páginas abertas de um livro, aqui desenhadas pelo artista com linhas muito finas, em grafite, traçadas paralelamente umas às outras. Outra série apresentada é a “Line and Shadow”, de 2010, onde vemos apenas duas singelas linhas dispostas formando diferentes ângulos.

 

Os três trabalhos mais antigos da mostra, de 1993, são desenhos de observação de peças do vestuário. “Jacket” , “Shoes” e “Shirt’ diferem muito da maioria dos trabalhos guardando no entanto um enorme interesse pelo detalhamento das superfícies. Em “Project for Corrections”, de 2000, Iran desenha pedras facetadas de diferentes tamanhos que futuramente ele realizaria como esculturas, e “Study for Extension” é um projeto realizado em 1997 para uma pintura na parede do SFMOMA. Um livro inteiramente dedicado aos desenhos de Iran do Espírito Santo está em produção e será lançado – em 2014 – com todos os desenhos presentes na exposição atual.

 

Sobre o artista

 

Iran do Espírito Santo nasceu em Mococa em 1963 e vive e trabalha em São Paulo. Já participou de diversas exposição importantes dentre as quais: as 48ª e 52ª Bienais de Veneza, a 19ª Bienal Internacional de São Paulo, a 6ª Bienal de Istambul e a 5ª Bienal do Mercosul. Retrospectiva realizada em 2006/2007 no MAXXI, Museo Nazionale delle Arti del XXI Secolo, Roma; no Irish Museum of Modern Art, Dublin; e na Estação Pinacoteca, São Paulo. Suas obras figuram nas coleções do MoMA, Nova York; do Museum of Contemporary Art de San Diego; do MAXXI, Roma, entre outras. Este mês o artista inaugura sua primeira escultura pública nos EUA, como parte do programa Public Art Fund; a obra ficará na praça Doris C. Freedman, na entrada do Central Park, até fevereiro de 2014.

 

Até 09 de novembro.