Arquitetura Brasileira em Fotografias

07/jun

O Instituto Tomie Ohtake, Pinheiros, São Paulo, SP, apresenta a exposição “Arquitetura Brasileira Vista por Grandes Fotógrafos”, com curadoria de André Correa do Lago, dá continuidade a uma série de mostras sobre arquitetura brasileira organizada pelo Instituto Tomie Ohtake desde 2010. A primeira foi “Viver na Floresta”, com curadoria de Abílio Guerra, depois Julio Katinsky concebeu “O Coração da Cidade – A Invenção do Espaço de Convivência” e agora, o embaixador e profundo estudioso do tema, autor do livro “Oscar Niemeyer – Uma Arquitetura da Sedução”, apresenta obras referencias do país através das lentes de grandes nomes da fotografia.

 

 

Segundo André Correa do Lago, o fotógrafo de talento é um importante crítico de arquitetura, pois tem que conhecer a obra e analisá-la para procurar explicá-la através de imagens. “É nesse sentido que o fotógrafo, como diz Lucien Hervé, tem que destilar as ideias do arquiteto”.

 

 

Com 28 fotógrafos, onze dos quais brasileiros, a exposição conta com franceses e norte-americanos, além de um canadense, um argentino, dois alemães, dois italianos, um suíço, um espanhol e um ucraniano: Angelo Serravalle, Bob Wolfenson, Cristiano Mascaro, Dmitri Kessel, Fernando Stankuns, Francisco Albuquerque, Ge Kidder Smith, Hans Gunter Flieg, Iñigo Bujedo, Jean Manzon, Jorge Machado Moreira, Leonardo Finotti, Lucien Clergue, Marcel Gautherot, Massimo Listri, Michel Moch, Nelson Kon, Paolo Gasparini, Patrícia Cardoso, Peter Scheier, René Burri, Rob Crandall, Robert Polidori, Romulo Fialdini, Thomas Farkas, Todd Eberle, Virgile Simon Bertrand.

 

 

Dividida em duas partes, na primeira, a exposição reúne 18 edificações que tiveram grande influência no país e no mundo. Já na segunda parte, o curador procurou apresentar somente escadas e rampas, um dos maiores desafios para os arquitetos (e os fotógrafos!), porque algumas das mais belas escadas e rampas do século XX foram realizadas no Brasil.

 

 

“Essa exposição é dedicada aos fotógrafos que nos ajudam a descobrir, apreciar e eventualmente amar a arquitetura, e ao público que, cada vez mais, tem demonstrado identificar a fotografia e a arquitetura como duas das manifestações artísticas mais marcantes do século XXI”, declara André Correa do Lago.

 

 

 

De 11 de junho a 21 de julho.

 

Cildo Meireles no Museu Reina Sofia

30/mai

A obra de Cildo Meireles encontra-se em exibição no Museu Reina Sofia, Madrid, Espanha. A mostra – de caráter retrospectivo – apresenta mais de cem obras do artista brasileiro, é uma oportunidade única para descobrir novos aspectos do trabalho de Cildo Meireles, um dos mais célebres artistas contemporâneos.
Cildo Meireles reproduz nesta exposição algumas das instalações mais importantes da sua história, ao lado de outras inéditas, como “Amerikka”, e outras apresentadas pela primeira vez na Espanha, como “Olvido” e “Entrevendo”. Além delas, fazem parte da retrospectiva desenhos, pinturas, esculturas e peças sonoras.
O conceituado artista foi vencedor do “Prêmio Velázquez” em 2008 e tem em sua carreira artística, um grande número de exposições internacionais como a Documenta de Kassel e as bienais internacionais de Veneza e São Paulo. A exposição foi organizada, em parceira, pelo Museo Nacional de Arte Reina Sofía, Museu de Serralves no Porto, Portugal, e HangarBicocca em Milão, Itália.

 

Até 14 de outubro.

Antonio Bandeira – da Razão à Sensibilidade

O Espaço Cultural Correios, Centro, Rio de Janeiro, RJ, exibe conjunto expressivo de obras de Antonio Bandeira. A exposição, um panorama da produção artística de Antonio Bandeira, um dos precursores da arte abstrata no Brasil, apresenta um conjunto de 70 obras, entre aquarelas, desenhos e pinturas. Artista pertencente à corrente abstracionista, sua arte é apaixonante. Influenciou gerações de artistas, bebeu na fonte do cubismo, do surrealismo e do expressionismo, ao mesmo tempo em que trata estas referências de uma forma absolutamente pessoal, realizando uma verdadeira “antropofagia pictórica”. A mostra exibe também dois filmes sobre o artista, além do filme “O Colecionador de Crepúsculos” de J.Siqueira.

 

Segundo o curador Marcus de Lontra Costa, o artista marca o amadurecimento da arte moderna no Brasil. “O Bandeira foi o nosso primeiro grande pintor moderno brasileiro internacional, quando a arte brasileira dialoga de igual para igual no mundo. Ele não fazia modernismo brasileiro, ele fazia modernismo”.

 

Sobre o artista

 

Antonio Bandeira, precursor da arte abstrata no Brasil, nasceu no Ceará em 1922. Aos 20 anos participou ativamente da cena artística em Fortaleza, com Aldemir Martins, Inimá de Paula, Mário Barata e Raimundo Cela criam o Movimento Modernista de Fortaleza, findo o grupo, enviou um trabalho para o Salão Paulista de Belas Artes no qual foi premiado com a medalha de Bronze. Morou no Rio de Janeiro por um ano, participando ativamente da vida intelectual da cidade. Voltou para Fortaleza em 1945 quando recebeu uma bolsa de estudos do governo francês e mudou-se para Paris.

 

Sobre a obra do artista, Mário Barata diz que era “um revolucionário em arte. Leva uma bagagem onde há coisas notáveis. O desenho de Bandeira nada tem de educado, de estudado, é espontâneo, livre, audacioso. A paleta nunca é fixa, mutável como os assuntos. O que mais existe nos trabalhos de Bandeira é poesia, esta sim, perene”. Em entrevista a Milton Dias nos anos 1950, vem a afirmação definitiva de Bandeira sobre sua obra: “Nunca pinto quadros. Tento fazer pintura. Meu quadro é sempre uma sequência do quadro que já foi elaborado para o que está sendo feito no momento, indo esse juntar-se ao quadro que vai nascer depois. Talvez gostasse de fazer quadros em circuitos, e que eles nunca terminassem, e acredito que nunca terminarão mesmo.” Volta ao Brasil em 1951, reconhecido, expõe no Rio, em São Paulo, Salvador e participa da I Bienal. Vive no Brasil até 1953, expondo com sucesso aqui, na Europa e nas Américas, quando recebe o prêmio Fiat na II Bienal de São Paulo e viaja para a Itália. Volta ao Brasil em 1959, vive entre Fortaleza e o Rio de Janeiro. Em 1960, Lina Bo Bardi, convida o artista a inaugurar o Museu de Arte Moderna da Bahia, com uma exposição de 31 trabalhos. Em 1964, com o golpe militar, o artista retorna a Paris. Morre em 1967, vítima de anestesia de uma operação cirúrgica nas cordas vocais.

 

Até 09 de junho.

Livro na Milan

23/mai

A galeria Milan, Vila Madalena, São Paulo, SP, realizou – dia 23 de maio – o lançamento de livro sobre a obra do artista plástico Paulo Pasta. O livro é um levantamento dos trabalhos do artista desde a década de 1980 até a atualidade, apresentando mais de 160 obras que evidenciam as diferentes fases de sua trajetória. A autoria é de Roberto Conduru, com o selo da Editora Barléu. São 215 páginas em capa dura.

 

Sobre o artista

 

Nasceu em Ariranha, SP, 1959. Doutor em artes visuais pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo – ECA / USP, SP. Recebeu a Bolsa Emile Eddé de Artes Plásticas do MAC / USP, SP, em 1988. Dentre as exposições realizadas recentemente, destaque para individual na Fundação Iberê Camargo, em 2013, no Centro Cultural Maria Antonia, em 2011, para o Panorama dos Panoramas, no Museu de Arte Moderna de São Paulo, em 2008, e para individual na Pinacoteca do Estado de São Paulo, em 2006. Como professor, lecionou pintura na Faculdade Santa Marcelina – FASM, entre 1987 e 1999, desenho na Universidade Presbiteriana Mackenzie, entre 1995 e 2002, e pintura na USP, em 2011 e 2012. Leciona na FAAP desde 1998.

Sergio Camargo no IAC

13/mai

O IAC, Instituto de Arte Contemporânea, Vila Mariana, São Paulo, SP, apresenta uma nova proposição em seu calendário através da exposição “Sergio Camargo, Construtor de Idéias”, uma aproximação do público com a obra de Sergio Camargo, mostra que reúne parte do arquivo documental e do acervo do importante escultor.

 

Com curadoria da professora Piedade Grinberg – que trabalhou com Sergio Camargo nos seus três últimos anos de vida, organizando seu arquivo de obras e documentos – a mostra “Sergio Camargo, Construtor de Idéias” traz cerca de 100 itens entre documentos, fotos, desenhos, estudos, frases, obras em pequenos formatos, divididos em seis grandes núcleos: “Ateliês”; “Esquemas”; “Esquemas Vermelhos”; “Madeira”; “Relevo Azul” e “Xadrez”.

 

Composto por fotos e frases do artista, “Ateliês” exibe imagens dos principais espaços de trabalho que Sergio Camargo ocupou, como o ateliê que manteve em Laranjeiras, no Rio de Janeiro, entre 1951 e 1960, após o retorno de sua primeira estadia européia. Entre 1961 e 1973 voltou a residir em Paris onde manteve o ateliê de Malakoff, também retratado com imagens. Entre 1964 e 1990, o artista manteve o ateliê Soldani na cidade de Massa, Itália, próximo às pedreiras de mármore. No final de 1973 retorna definitivamente ao Rio de Janeiro, onde inicia a construção de seu ateliê em Jacarepaguá, com projeto do arquiteto José Zanine Caldas, que procura adaptar o espaço aos trabalhos do escultor filtrando indiretamente a luz solar.

 

Repletos de desenhos, frases, esquemas, rabiscos e obras em pequenos formatos, o núcleo “Esquema” revela com detalhes o processo de trabalho desenvolvido pelo artista. Entre os itens, 17 esquemas, pequenos escritos de próprio punho em lápis vermelho. “Ao menos como se trabalha, como eu trabalho, com sólidos que antes de colar eu posso combinar de todas as maneiras que eu quiser. Então, digamos, para um trabalho desses que aparece, são feitos trinta, quarenta que não aparecem, porque eu desmonto, só deixo montado aquele que eu aceitei”.

 

Com fotografias, textos e desenhos, o núcleo “Madeira” valoriza a matéria prima utilizada pelo escultor nos seus famosos relevos. Já “Relevo Azul” retrata uma das poucas experiências de Sergio Camargo com a cor. Segundo o próprio artista, a cor só interessava nos pequenos relevos como o apresentado nesse núcleo por fotos, esquemas, recortes de imprensa e a miniatura da obra. “Se aumentasse… qualquer coisa virava muito decorativa e depois não rendia o que a luz pode render com o branco, quer dizer, a luz revela mais o trabalho, acho que [o branco] é mais adequado a esse tipo de estrutura do que a cor”.

 

No núcleo “Xadrez” destacam-se os cinco desenhos originais de estudo para o jogo de xadrez desenvolvido pelo artista no início da década de 70. Esse trabalho marca a primeira experiência de Sergio Camargo com a pedra negro-belga, material que usaria regularmente na década de 1980.

 

Até 31 de agosto.

Ernesto Neto: Linha de vida

A Galeria Fortes Vilaça, Vila Madalena, São Paulo, SP, apresenta nova exposição de Ernesto Neto. A mostra é uma retrospectiva de desenhos produzidos pelo artista desde a década de 80 até os dias de hoje, grande parte da qual é ainda inédita no Brasil. As obras foram recentemente apresentadas na mostra “La Lengua de Ernesto: 1987 – 2011”, curada por Adriano Pedrosa, que itinerou pelo México entre 2011 e 2012.

 

Em “Linha da Vida”, Ernesto Neto apresenta conjuntos de desenhos que são agrupados não necessariamente pelas datas em que foram feitos, mas a partir de conceitos, processos e problemáticas similares. No conjunto “Estrelasos” desenhos são feitos com tinta para carimbo colorido e nanquim sobre papel encharcado de água. O pingo de tinta, ao cair sobre o papel, cria um campo de cor que se expande formando manchas circulares no plano. Na série “Ossos de Ipanema”, o artista usa o grafite para criar uma sucessão de linhas rítmicas que envolvem um núcleo central, como se uma forma abraçasse a outra. No grupo “Idade da Pedra”, a mesma ideia de um corpo envolto por outro aparece, mas desta vez as linhas se revelam por meio de frottage usando grafite.

 

Em “Folha Afeganistão” – conjunto feito no dia seguinte à invasão dos EUA no Afeganistão -, uma caneta prata gordurosa é usada para delimitar a expansão das manchas de nanquim. Para o artista, as formas orgânicas desta série abordam a questão da pele como fronteira e o corpo sendo território. Em “Fetus Female”, Ernesto Neto usa linha, cera e papel criando formas antropomórficas que enfatizam espaços vazios, o dentro e o fora. Já em “Poro pele Vida” esse espaço vazio é preenchido por manchas de nanquim diluído, trabalhando conceitos de expansão e contenção. A referência ao corpo humano é um denominador comum à vários trabalhos. Se ora o corpo aparece de maneira explicita, noutro momento ele é apenas uma sugestão, uma presença subliminar. Há ainda obras que sugerem uma paisagem interna humana, imagens que remetem a fecundação ou atividades celulares.

 

O desenho sempre foi uma prática paralela ao desenvolvimento das esculturas de Ernesto Neto, onde o papel é o anteparo, a superfície necessária, para a projeção de imagens que surgem, tanto a partir das esculturas como também de eventos vividos pelo artista. Não se trata de imagens de suas esculturas mas sim da projeção do pensamento escultórico do artista. É assim possível identificar nestes trabalhos bidimensionais a mesma linguagem e conceito de suas obras tridimensionais.

 

Sobre o artista

 

Ernesto Neto nasceu em 1964 no Rio de Janeiro onde vive e trabalha. Entre suas exposições individuais recentes, destacam-se: “O Bicho SusPenso na PaisaGen”, Estação Leopoldina, Rio de Janeiro, 2012; a instalação no Nasher Scultpure Center em Dallas, EUA, 2012; a grande retrospectiva “La Lengua de Ernesto: 1987-2011”, no Museo de Arte Contemporáneo de Monterrey (MARCO), México, que itinerou para o Antiguo Colegio de San Idelfonso, Cidade do México, 2011-2012; “O Bicho SusPenso na PaisaGen”, Faena Arts Center, Buenos Aires, Argentina, 2011; “The Edgesofthe World”, Hayward Gallery, Londres, UK, 2010; “Neto: Intimacy”, Astrup Fearnley Museum of Modern Art, Oslo, Noruega, 2010; “Dengo”, Museu de Arte Moderna de São Paulo, Brasil, 2010; “Anthropodino”, Park Avenue Armory, Nova York, EUA, 2009. O artista ainda participou de duas Bienais de Veneza, em 2001 e 2003 e também da Bienal de Sharjah nos Emirados Árabes.

 

De 18 de maio a 15 de junho.

Alex Vallauri no MAM-SP

10/mai

Os trabalhos de Alex Vallauri, considerado um dos maiores precursores da arte urbana no Brasil, estão expostos no MAM-SP, Parque do Ibirapuera, São Paulo, SP, com a mostra “Alex Vallauri: São Paulo e Nova York como suporte”. Alex Vallauri começou seus trabalhos artísticos através das técnicas de gravura no início dos anos 60, em Santos, SP.

 

Nos anos 70, desenvolveu aplicações de gravura, xerografia, estampou camisetas, trabalhou com carimbos, postais, adesivos e bottons. Após, passou a fotografar painéis de azulejos pintados nos anos 50, para colá-los nas paredes de restaurantes paulistanos. Foi com estes registros que Vallauri participou da Bienal Internacional de São Paulo de 1977, onde foi exibido o vídeo “Arte para Todos”.

 

Para João Spinelli, curador da exposição,  “…Alex Vallauri foi respeitado em todas as suas atividades artísticas. Apenas o sucesso comercial lhe foi negado, o que jamais o impediu de continuar a criar arte – apenas arte, na qual o humor, a ironia, a crítica e o prazer de viver eram passados para a população sem retoques ou arrependimentos. Um artista transformador, perfeitamente engajado no seu tempo e no seu espaço. Uma carreira desenvolvida num curto intervalo cronológico: entre 1967 e 1987. Ele intuitivamente pressentiu essa brevidade temporal. Tinha pressa de entender, captar e vivenciar o pouco tempo que a vida lhe destinara; pesquisava e produzia sem parar, nunca se acomodava. Ele queria mais, precisava de mais. O tempo foi demasiadamente curto para uma produção artística tão farta e boa”.

 

Hoje o nome do artista é uma referência internacional em termos de arte urbana e na presente mostra do MAM-SP, são exibidas cerca de 170 obras distribuídas em técnicas diversas como pinturas, arte postal, fotografias, vídeos e grafites.

 

Até 23 de junho.

 

Regina Silveira na Luciana Brito

06/mai

Depois de cinco anos, Regina Silveira realiza exposição individual na Luciana Brito Galeria, Itaim Bibi, São Paulo, SP. A exposição, chamada “Offscale”, a artista apresenta pela primeira vez “Touch”, instalação que dá continuidade à série das mãos estampadas que compunham algumas obras de “Mundus Admirabilis e Outras Pragas”, sua última exposição individual em São Paulo, realizada em 2008.

A mostra, que pode ser vista desde a entrada da galeria, é composta por mãos gigantes gravadas em metal cujo objetivo é causar uma experiência de rever a percepção do espaço com uma pergunta: o que está fora de escala, as imagens ou os espectadores? Regina Silveira adianta que as mãos são marcas da passagem das pessoas: “- As mãos aqui são signos de presença e identidade que recobrem as paredes da galeria”. Dialogando com “Touch”, outra obra, “Dreamer” apresenta um conjunto de taças de cristal com marcas de mãos gravadas em tamanho real.

Outro trabalho da artista em exposição é “Dark Swamp”, uma grande instalação que faz parte do imaginário das “Pragas” apresentado em 2008 na qual um ovo negro é rodeado por uma mandala de crocodilos. Com ela, a artista quer representar o poder da maldade ou a maldade do poder. Os crocodilos, multiplicados de forma caótica, significam a contaminação se expandindo e o ovo é a gestação desta contaminação, indesejada e incontrolável.

Até 25 de maio.

No Instituto Tomie Othake

26/abr

A exposição “Coleção Itaú de Fotografia Brasileira”, organizada pelo Itaú Cultural e Instituto Tomie Ohtake, mapeia os últimos 60 anos da produção fotográfica nacional de caráter experimental. A exposição já foi apresentada, em 2012, na Maison Européenne de la Photographie, em Paris, e no Paço Imperial, no Rio de Janeiro. Cartaz do Instituto Tomie Ohtake, Pinheiros, São Paulo, SP, com curadoria de Eder Chiodetto, a exposição apresenta 94 obras em um recorte do acervo de imagens fotográficas do Banco Itaú do final da década de 1940 até hoje estabelecendo um espelhamento lúdico entre obras modernistas e contemporâneas.

 

A diversidade e dimensão desse acervo permitiu ao curador selecionar obras ainda não exibidas nas duas mostras anteriores e criar novas relações de linguagem entre elas, imprimindo um novo conceito para esta edição. Eder Chiodetto manteve um núcleo de artistas modernistas como Geraldo de Barros, José Oiticica Filho, Thomaz Farkas, e José Yalenti, e acrescentou trabalhos contemporâneos de Cristiano Mascaro, Arthur Omar, Eduardo Coimbra, Bob Wolfenson, Paulo Nazareth, Alex Flemming, Albano Afonso, Pedro Motta e Mauro Restiffe.

 

“O processo curatorial mantém a essência de pesquisar a ressonância da fotografia modernista experimental, praticada com ênfase entre os anos 1940 e 1960, na fotografia contemporânea brasileira”, observa Eder Chiodetto. “A exposição contém obras que ilustram os dois períodos, mostrados lado a lado, para instigar a leitura conceitual e estética e ilustrar como o período modernista ressoa na produção contemporânea”, completa.

 

Nas palavras dele, esta mostra não segue uma cronologia para estabelecer um espelhamento lúdico, evidenciando as relações formais e uma atitude libertária diante da representação fotográfica presentes nos dois períodos. O conjunto de obras está dividido em dois espaços. “Uma das intenções dessa mostra é justamente sugerir pontos de contato entre os tempos pré e pós ditadura”, explica o curador.

 

O primeiro apresenta trabalhos que enfocam a paisagem urbana – tendo a arquitetura modernista da Escola Paulista como um ícone – e o homem marcando mais claramente as conexões e os desdobramentos estéticos e conceituais que ligam a produção dos fotógrafos modernos aos autores contemporâneos. São trabalhos, para citar alguns, de Thomaz Farkas, Cristiano Mascaro e Rubens Mano.

 

Em contraponto, no outro espaço são apresentados trabalhos de nomes como Ademar Manarini, José Oiticica Filho, Miguel Rio Branco, Mario Cravo Neto e Claudia Andujar que versam sobre o homem e sua identidade.

 

Entre a produção modernista e a contemporânea há um vácuo na produção experimental que coincide, não por acaso, com o período da ditadura militar (1964 – 1985). Foram raros os artistas que utilizaram a fotografia para experimentar novos limites da linguagem. Entre eles, destacam-se as séries “Para um Jovem de Brilhante Futuro”, de Carlos Zílio e “Viagem pelo Fantástico”, de Boris Kossoy, que fazem analogia aos tempos da ditadura.

 

Até 19 de maio.



Roberto Alban em novo espaço

25/abr

A Roberto Alban Galeria de Arte, Salvador, BA, fundada em 1989, inaugura a sua nova sede à rua Senta Pua nº 01. Cristina e Roberto Alban agora dirigem um espaço de 1500m², especialmente projetado para receber exposições, tendo um salão com pé-direito de 8,00m e terraço ao ar livre. Para esta ocasião especial foi convidado o crítico Paulo Venâncio Filho para assinar a apresentação do categorizado catálogo da mostra denominada “aproximações contemporâneas” com obras assinadas por Alexandre Mury, Elizabeth Jobim,Gabriela Machado, Maria Lynch, Paulo Whitaker, Raul Mourão, Vinícius S.A. e Willyams Martins. A galeria representa importantes nomes da arte contem­porânea brasileira como: Raul Mourão, Maria Linch, Elizabe­th Jobim, Gabriela Machado, Paulo Whitaker, Luiz Hermano, Alexandre Mury, Alvaro Seixas, Rodrigo Sassi, Liliane Dardot, Marcius Kaoru, Fernando Lucchesi e os baianos Vinicius S. A. e Willyams Martins.

 

A palavra dos artistas

 

“Meu interesse está no prazer em experimentar a arte.

A minha poética está no gesto, não é só minha figura, como modelo,

que faz parte da performance.
A minha arte está na minha entrega de corpo e alma.”
Alexandre Mury

 

“Meu trabalho vemdesse momento de olhar as coisas, de como as vemos, mas também de como construímos nossa visão por uma espécie de geometria que organiza nossa percepção da espacialidade das coisas e do mundo.”

Elizabeth Jobim

 

“Meu trabalho hoje se caracteriza pelo uso de uma tinta que surge, muito óleo, como se estivesse construindo um caminho através da fluidez, constantemente. Como na natureza, parece que tudo se repete e multiplica e assim se renova. Às vezes eu acho que a tela está viva. São pinceladas que se embrulham e criam uma espécie de buquê esfarrapado, uma tinta muito fresca, que parece respirar. As cores em meu trabalho vibram e, ao mesmo tempo que agregam, se soltam. É tudo um processo contínuo.”

Gabriela Machado

 

“O processo de trabalho de Hermano é análogo ao do garimpeiro, que extrai de um volume enorme de terra ou quinquilharias o que há de mais precioso e raro. Como se fosse necessário peneirar montanhas inteiras para encontrar diamantes ou fuçar nas profundezas domangue até alcançar os caranguejos. Entretanto, o valor de seu trabalho obviamente não está no material ordinário empregado, mas na rede ambígua de relações e formas em que natural e artificial ou artesanal e industrial não se opõem claramente.” Cauê Alves

Luiz Hermano

 

“A partir do excesso em torno do feminino e do universo lúdico, extermino qualquer traço do mundo masculino, que é uma maneira de evidenciar sua presença perante tal ausência.

 

A angústia e a ansiedade nunca são resolvidas, essas são as áreas onde o meu trabalho são instauradas, há uma repulsa à realidade. Recrio uma ficção, uma alegoria, um excesso junto a fragmentos do imaginário.

 

O apagamento da identidade do feminino é mais que a vontade de não estar presente no mundo, e sim o de escondê-lo. Assim restituo um certo mundo, sublimando o real numa lógica particular. Abstrato e erótico, entre o gozo e a culpa, nesses paradoxos, vou encontrando liberdade para a imanência, para a celebração do delírio, da catarse onírica e a diferença imagética.”
Maria Lynch

 

“O uso rasgado da cor é novo. Minha paleta sempre havia sido muito limitada para evitar a sedução através das cores. Agora abuso de uma enorme possibilidade de cores estranhas. O processo está todo muito evidente, o modo grosseiro de usar os stencils dá a chance de se perceber as fases da pintura, o momento exato onde e quando cada decisão foi tomada. Tinta úmida, tinta seca, justaposição, sobreposição. O resultado agora é menos gráfico, mais pictórico, menos silencioso, mais afirmativo. Tudo isto numa tentativa deixar o trabalho fresco, criando novos problemas para serem resolvidos. Tenho pensado e trabalhado também as formas e as construções; mais elaboradas, mais intrincadas. Para depois um dia poder andar para trás novamente. Limpar, simplificar. Minha pintura não é antropofágica, não procura simulacros, não tem ligação com as novas mídias, não é autorreferente, não busca relações de gêneros e não é pintura de ação.”

Paulo Whitaker

 

“No início, como se estivesse numa casa desconhecida, existe o receio de tocar em algo que vai quebrar ou a preocupação em tirar um móvel do lugar. Mas a partir do momento em que você mexe em uma das bordas, a casa em descanso nunca mais irá parar. Pois é impossível não ceder à tentação de acionar o vai e vem preguiçoso e gracioso desses objetos. Testar o peso que é leve e dar movimento ao inanimado. O aço bruto se recobre de sensualidade e sua inesperada leveza transforma-se em uma ginga, um ir e vir acolhedor e descontraído. Assim, como você, os visitantes irão tocar em tudo, até cada escultura cessar seu movimento e voltar ao escuro inerte da sala fechada.”

Raul Mourão

 

“Proponho um trabalho onde o espectador possa penetrar, envolver-se espacialmente na obra, interagindo e fruindo arte.”
Vinícius S.A.

 

“O conceito de peles grafitadas é um procedimento que realizo para remover imagens originárias dos muros. É um escalpo, um pastiche, mas ao mesmo tempo uma técnica que utilizo para deslocar a pele tatuada da cidade agora em outro contexto, podendo ser vista de perto, onde as transformo em uma teia polissêmica de significados.”
Willyams Martins