Exposição-Homenagem

17/dez

A conhecida arquiteta, artista e galerista cariosa Anna Maria Niemeyer, falecida em junho deste ano, ganha exposição-homenagem, no Paço Imperial, Centro, Rio de Janeiro, RJ, sob curadoria de Lauro Cavalcanti, diretor do Paço.

 

A exposição “Anna Maria Niemeyer, um caminho” ocupa dois andares inteiros do prédio, onde estarão cerca de 300 ítens, entre obras de quase 60 artistas, documentos e projeções. A seleção do curador procurou ser abrangente, elegendo alguns artistas para salas individuais, como Jorge Guinle, lançado por AMN em junho de 1980, Victor Arruda, Beatriz Milhazes, Eliane Duarte, Efrain Almeida, Jorge Duarte e o pai da homenageada, Oscar Niemeyer. Esses artistas foram os que mais expuseram na galeria da Gávea e|ou os que tiveram contato mais estreito com Anna Maria.

 

Os trabalhos reunidos nessa exposição pertenceram, em sua maioria, à coleção pessoal da galerista, outros tiveram sua compra intermediada por ela e alguns foram cedidos pelos próprios artistas. Esta é a única oportunidade de apreciar o caminho visual de AMN em um mesmo local, já que sua coleção tomará destinos diversos.

 

Em 35 anos, sua galeria exibiu 240 artistas em 365 mostras. Por limites de tempo e espaço, nem todos foram contemplados com obras em exposição, mas estarão presentes em projeções. Há também uma sala destinada a ítens documentais da história da galerista.

 

Obras de Oscar Niemeyer (falecido em 06 de dezembro) abrem o segundo andar, que termina com a instalação de Fatima Villarin. Esse trabalho teria sido exibido, caso o funcionamento da galeria não tivesse sido interrompido.

 

Sobre Anna Maria Niemeyer

 

Como conselheira de programação do Paço, Anna Maria Niemeyer concebeu e realizou a mostra  “A caminho de Niterói”, da coleção João Sattamini, com curadoria de Victor Arruda. A exposição foi essencial na mudança de patamar do centro cultural no início dos anos noventa, e para alavancar o processo de construção do MAC-Niterói, através da demonstração da importância daquele conjunto de arte, até então desconhecido do público.

 

Entre outros projetos realizados, está o de consolidar Oscar Niemeyer também como artista plástico: Anna Maria editou séries de serigrafias, desenvolveu e mostrou suas peças de mobiliário, algumas assinadas por pai e filha, e também realizou os projetos e exibição de esculturas e de desenhos não arquitetônicos de ON. Junto com a filha mais velha, Ana Lucia Niemeyer, a galerista criou a Fundação Oscar Niemeyer para preservar obra e pensamentos do arquiteto.

 

Autores de obras da exposição: Ana Elisa Niemeyer, Anna Maria Maiolino, Anna Maria Niemeyer, Beatriz Milhazes, Bet Katona, Caetano de Almeida, Camille Kachani, Carlos Scliar, Carlos Zilio, Chico Cunha, Cristina Canale, Cristina Salgado, Delson Uchôa, Deneir, Edmilson Nunes, Efrain Almeida, Eliane Duarte, Evany Fanzeres, Farnese de Andrade, Fatima Villarin, Firmino Saldanha, Francisco Galeno, Gastão Manoel Henrique, Iclea Goldberg, Iole de Freitas, Ione Saldanha, Ivens Machado, Jadir Freire, Jeannette Priolli, João Carlos Goldberg, João Magalhães, Jorge Duarte, Jorge Guinle, José Patrício, Katie Van Scherpenberg, Luciano Figueiredo, Luiz Alphonsus, Luiz Ernesto, Luiz Pizarro, Luiz Zerbini, Manfredo de Souzanetto, Marcos Cardoso, Marcos Coelho Benjamin, Mario Azevedo, Mario Cravo, Mauricio Bentes, Monica Barki, Mônica Sartori, Nelson Leirner, Niura Bellavinha, Oscar Niemeyer, Paulo Pasta, Quirino Campofiorito, Ricardo Ventura, Rodrigo Andrade, Rosa Oliveira, Sante Scaldaferri, Toyota e Victor Arruda.

 

O curador contou com a consultoria de Helio Portocarrero e Leonor Azevedo, assessora de longa data da galerista, para este evento.

 

Até 17 de fevereiro de 2013.

Morandi no Brasil

13/dez

 

A Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS, realiza, com o apoio do Museo Morandi, Itália, sua última exposição temporária do ano. Trata-se de exposição restrospectiva  dedicada à obra do pintor e gravador Giorgio Morandi. Com curadoria de Alessia Masi e Lorenza Selleri, “Giorgio Morandi no Brasil” traz para o espaço expositivo da Fundação cerca de 40 pinturas e 15 gravuras organizadas cronologicamente.

 

O conjunto permite a aproximação do público com o processo criativo e produtivo do artista italiano, calcado em questões como a forma, a significação dos objetos, o ritmo das pinturas e a influência da luz na representação pictórica – esta ultima a grande guia da obra de Giorgio Morandi. Quatro obras nunca antes apresentadas em solo brasileiro também compõem a seleção, além da projeção do documentário “La polvere di Morandi”, do cineasta Mario Chemello, sobre a vida do artista.

 

Sobre o artista

 

Giorgio Morandi nasce em 20 de julho de 1890, em Bolonha, cidade onde passa toda sua vida. Nas primeiras pinturas, datadas a partir dos anos 1910, demonstra uma precoce atenção aos impressionistas franceses e, em especial, por Cézanne; logo em seguida, se interessa por Derain, Henri Rousseau, Picasso e Braque. Concentra-se na grande tradição italiana estudando Giotto, Masaccio, Paolo Uccello e Piero della Francesca. Em meados dos anos 10, pinta obras que atestam uma experimentação futurista e, a partir de 1918, atravessa de modo muito pessoal uma breve fase metafísica. Em 1918 entra em contato com a revista e com o grupo “Valores Plásticos”, com quem expõem em Berlim, em 1921. A partir dos anos 20, inicia um percurso pessoal que perseguirá com particular coerência, mas também com resultados sempre novos, dedicando sua pintura a apenas três temas: naturezas mortas, paisagens e flores. Em 1930 obtém a cátedra de gravura na Academia de Belas Artes de Bolonha, cargo que ocupará até 1956. Inicialmente apoiado e admirado por escritores, em 1934 é apontado por Roberto Longhi como “um dos melhores pintores vivos da Itália”, durante aula inaugural na Universidade de Bolonha. Em 1939 recebe o segundo prêmio de pintura durante a III Quadrienal romana.  Em 1943, no auge da guerra, deixa Bolonha e se refugia em Grizzana, onde permanece até 25 de julho de 1944. Nesse período pinta numerosas paisagens. Em 1948, depois de ter exposto ao lado de Carrà e de De Chirico na Bienal de Veneza, recebe da Prefeitura de Veneza o prêmio de pintura.  Em 1953 conquista o I Prêmio de Gravura na II Bienal de Arte de São Paulo, onde expõe 25 águas-fortes. Em 1957, a Bienal de São Paulo lhe confere o Grande Prêmio de Pintura, tendo concorrido com Marc Chagall. Na última década, chega a uma pintura cada vez mais rarefeita. Morre em Bolonha, em 18 de junho de 1964.

 

Até 24 de fevereiro de 2013.

Renato Valle na Dumaresq

Com mais de trinta anos de carreira, foi nos últimos dez anos que Renato Valle desenvolveu projetos em pintura, fotografia, gravura, desenho, objetos e esculturas. Agora, o artista exibe “Escritos sobre pinturas ruins”, primeiro trabalho de Renato Valle realizado, de forma sistemática, fora de uma residência em instituição nessa última década.  Em cartaz na Dumaresq Galeria de Arte, Boa Viagem, Recife, PE, essa produção diversificada foi realizada em residências artísticas com apoio de diversas instituições.

 

Anteriormente a essa pesquisa o desenho foi o foco principal dos trabalhos que Renato Valle realizou. Além disso, produziu algumas dezenas de pinturas em atelier, porém o grande envolvimento com propostas específicas como as séries “Grades de Caminhões”, “Cristos Anônimos” e “DIÁLOGOS”, fez com que muitas dessas telas fossem feitas de maneira esporádica, sem sistematização, surgindo quase sempre como necessidade de exercitar a cor ou por alguma encomenda. O grau de envolvimento de Renato Valle com uma obra ou uma série sempre foi fator decisivo para a qualidade do seu trabalho e a pressão de galeristas e arquitetos para fazer algo que estava distante dos processos desenvolvidos nas suas pesquisas, torna claro que a sua retomada da pintura deveria vir através de um projeto específico.

 

Foi a partir de um dano que ocorreu na última tela encomendada por uma galeria que o artista decidiu fazer uma revisão biográfica do seu trabalho intervindo com escritos sobre telas de vários períodos. Observar o que o leva a não se reconhecer (total ou parcialmente) em determinadas obras, refletir sobre essas questões, escrever sobre essas pinturas sempre considerando tamanho e tipo de letra, cor, teor dos textos e composição, como elementos da própria pintura, preenchendo ou a tela inteira ou determinados espaços de acordo com a problemática específica de cada trabalho, foi o caminho que o artista encontrou para a retomada da sua obra pictórica.

 

Para tanto, contou com o apoio fundamental do FUNCULTURA, da produtora cultural Viviane da Fonte Neves e, mesmo fora das instituições, o artista trabalhou por quase um ano no atelier do amigo e colega Gil Vicente, que cedeu o espaço e acompanhou o processo desde a sua concepção. As quinze telas que serviram de suporte para esta série tinham sido realizadas entre 1981 e 2010 – algumas recolhidas do seu acervo e outras da galeria que as comercializa.

 

Até 31 de janeiro de 2012.

Gerchman em Duque de Caxias

12/dez

 

A exposição “Rubens Gerchman – O garimpeiro do asfalto”, sob a curadoria de Marco Antonio Teobaldo, será exibida no SESC Duque de Caxias, Rio de Janeiro, RJ. De acordo com o curador, a mostra apresenta algumas séries do artista (“Beijo”, “Automóvel”, “Bicicleta”, “Multidão” e “Futebol”), um vídeo instalação e um dispositivo interativo chamado “Graffiti Digital”, em que o visitante poderá manipular digitalmente algumas imagens de obras do artista, fazer algumas intervenções e projetá-las na parede da galeria.

 

Do lado de fora, na fachada da sede do SESC, surgem sete murais criados por seis artistas e um coletivo artístico, inspirados na vida e na obra de Rubens Gerchman. O resultado foi possível graças a uma visita de sensibilização no Instituto Rubens Gerchman, dirigido por Clara Gerchman que afirma ser um dos propósitos principais do instituto promover o acesso às obras de seu pai, a um maior número de pessoas.

 

O nome da exposição surgiu a partir de uma entrevista do artista encontrada durante o período de pesquisa de produção, no qual ele mesmo se autoproclama “garimpeiro do asfalto”.  É numa atmosfera urbana e popular que o visitante encontrará alguns dos caminhos percorridos por Rubens Gerchman, como se estivesse entrando no ateliê do artista. Os artistas Carlos Bobi, Eduardo Denne, Fuso Coletivo, Geléia da Rocinha, Kajaman, Ozi e Wilson Domingues participam como convidados.

 

Até 01 de fevereiro de 2013.

Doris Salcedo no Brasil

A Pinacoteca do Estado de São Paulo, apresenta, na Estação Pinacoteca, Luz, Largo Gal. Osório, São Paulo, SP, a exposição Plegaria Muda (2008-10) da artista colombiana de Doris Salcedo. Exibida pela primeira vez no Brasil, “Plegaria Muda”, é um ambicioso projeto da artista, formado por 120 mesas de madeira (que correspondem a diferentes tamanhos de caixões funerários) e que se relaciona fortemente com episódios de violência política, debruçando-se sobre algumas tragédias públicas e chamando a atenção para os traumas pessoais das vítimas.

 

Na última década, Doris Salcedo desenvolveu instalações de grande escala e intervenções arquitetônicas para museus, galerias e espaço urbano. Para Doris Salcedo, a violência é um fenômeno universal; um padrão humano, ameaçando o tecido social. Segundo Isabel Carlos, curadora da mostra, Doris Salcedo sempre considerou as suas esculturas como criaturas e, em “Plegaria Muda”, essa ideia é levada ao limite porque a obra pode não apenas afetar seus espectadores, como ser afetada por eles. “Plegária Muda” é, em si mesma, vulnerável, frágil, finita e torna cada visitante também vulnerável ao se deparar com uma obra que fala de morte, do desaparecimento, de valas comuns.. Estamos, assim, frente a uma dupla vulnerabilidade: a do espectador e a da obra. Doris Salcedo reivindica para si o papel de pensadora, mas uma pensadora que deva ser capaz de produzir obras que não se reduzam a explicações psicológicas ou sociológicas e, acima de tudo, que não sejam ilustrações dos testemunhos das vítimas, mas, antes, que as redima do silêncio e da invisibilidade através de outros suportes, de outras percepções.

 

A palavra da artista

 

“Em “Plegaria Muda” procuro articular diferentes experiências e imagens que fazem parte da natureza violenta do conflito colombiano. Também pretendo conjugar uma série de eventos violentos que determinam a imparável espiral de violência mimética e fratricida que caracteriza os conflitos internos e as guerras civis em todo o mundo. “Plegaria Muda” procura confrontar-nos com o pesar contido e não elaborado, com a morte violenta quando reduzida à sua total insignificância e que faz parte de uma realidade silenciada como estratégia de guerra. Considero que a Colômbia é o país da morte insepulta, da vala comum e dos mortos anônimos. É, por isso, importante distinguir cada túmulo de forma individual, para assim articular uma estratégia estética que permita reconhecer o valor de cada vida perdida e a singularidade irredutível de cada túmulo. Cada peça, apesar de não estar marcada com um nome, encontra-se selada e tem um caráter individual, indicando um ritual funerário que aconteceu. A repetição implacável e obsessiva do túmulo enfatiza a dolorosa repetição destas mortes desnecessárias, além de enfatizar o seu caráter traumático, considerado irrelevante pela maioria da população. Ao individualizar a experiência traumática através da repetição, espero que esta obra consiga, de alguma forma, evocar e restituir a cada morte a sua verdadeira dimensão, permitindo assim o retorno à esfera do humano destas vidas dessacralizadas. Espero que, apesar de tudo, e mesmo em condições difíceis, a vida prevaleça…”

 

Até 03 de fevereiro de 2013.

10 anos de Zanini na MEMO

08/dez

 

A MEMO, Rua do Lavradio, Lapa, Rio de Janeiro, RJ, abre retrospectiva da primeira década de trabalho de Zanini de Zanine, apresentando sua produção como designer. Na mesma ocasião, lança um múltiplo em parceria com o artista plástico Walton Hoffmann, além de gravuras em serigrafia. A exposição, organizada por Marcelo Vasconcellos e Alberto Vicente – sócios, coincidentemente há dez anos do MEMO, loja de mobiliário brasileiro e agora também galeria de arte -, tem a curadoria do jornalista Sergio Zobaran, curador ainda da Mostra “Black” em SP, e do artista plástico Walton Hoffmann, que assina a sua montagem.

 

Mesas, cadeiras, poltronas, bancos, pufes, luminárias, cabideiros e vasos, criados a partir de materiais inusitados – como placas de moedas de 10 centavos, reaproveitando as chapas descartadas pela Casa da Moeda, ou “pranchas” de coloridos skates – compõem a coleção com linguagem urbana e inspiração cotidiana a ser apresentada aos cariocas e outros visitantes. Peças lúdicas, criadas por esse skatista e surfista, como o cavalinho de balanço em metacrilato e as lamparinas de bujões de gás, darão cor à exposição. Os trabalhos de Zanini têm plasticidade, organicidade e até humor rasgado, como no banco Cê senta (60), feito com placas de sinalização de trânsito.

 

Zanini se divide entre sua marcenaria em Jacarepaguá, que ele chama de atelier – onde tem como assistente, entre outros, um antigo e importante colaborador de seu pai, Reduzino – e o Studio Zanini localizado em um grande galpão em Santo Cristo. Recentemente, participou da ArtRio com alguns de seus móveis e antes de sua mostra na MEMO, irá expor seu trabalho na prestigiada feira ArtBasel em Miami, EUA . Em 2013 a mostra parte para São Paulo e outros estados brasileiros.

 

Sobre o artista

 

Zanini, 34 anos, filho de José Zanine Caldas (daí o nome Zanini de Zanine), seguiu os caminhos do pai na criação e execução de móveis. Formado em Desenho Industrial na PUC/RJ em 2002 e ex-estagiário de Sergio Rodrigues. De 2003 a 2012 participou das principais bienais de design da Alemanha, França, Itália, Inglaterra, Estados Unidos e acumulou mais de 15 prêmios no Brasil e no exterior. Hoje, ele integra o primeiro time dos mais importantes artistas brasileiros que criam e trabalham para o mercado internacional. Como o pai, Zanini tem uma linha de mobiliário em madeira em edições com número de peças limitado, como as que acaba de criar para a celebrada indústria italiana Capellini. Além disso, Zanini desenvolve diversas outras linhas de criação voltadas para a execução através da indústria em diversos materiais, da madeira com resíduo florestal ao plástico, sobras de insumos e grades antigas.

 

Zanine/Hoffmann

 

Para a exposição de Zanini de Zanine no MEMO, o artista plástico Walton Hoffmann e Zanini planejaram um múltiplo onde o trabalho dos dois pudesse fluir e manter suas características. Zanini selecionou a poltrona “Trez”, que foi utilizada por Hoffmann em duas diferentes formas. Seu desenho e ela própria, miniaturizada, no interior de uma caixa de acrilico, em formato de casa, constituida de quebras cabeças e espelhos. Os jogos e as impossibilidades são temas de investigação do trabalho de Hoffmann. O acrílico nos deixa ver as entranhas desse trabalho mas não nos revela automaticamente seus inúmeros sentidos.

 

Para a exposição comemorativa de 10 anos de trabalho de Zanini, foram feitos 10 exemplares, todos em cores distintas, tornando cada peça dessa série uma obra única. E o MEMO produziu, junto com os artistas, uma série de  10 serigrafias a partir dos desenhos de seus trabalhos, numeradas e assinadas pelo designer. Elas têm relação com seus móveis e foram impressas nas cores  correspondentes em que eles foram produzidos.

 

Sobre a Memo Brasil

 

A MEMO publicou recentemente o livro “Móvel Brasileiro Moderno” (Aeroplano Editora em parceria com a Fundação Getúlio Vargas – FGV Projetos), uma obra completa sobre o mobiliário brasileiro modernista com ênfase no trabalho de José Zanine Caldas, Sérgio Rodrigues, Oscar Niemeyer, Joaquim Tenreiro, Ricardo Fasanello, Geraldo de Barros, Lina Bo Bardi, entre outros nomes importantes do século 20. A mostra de Zanini dá continuidade à transformação da ME|MO em espaço plural, ampliando assim sua vocação mantendo o primeiro e o segundo andares exclusivos para exposições de arte. Tudo isso em um prédio do século 19 fincado no coração da Lapa, no centro do Rio de Janeiro. A região, é hoje o trecho do cenário carioca com maior vocação para as artes, dos ateliês de artistas a galerias e lojas.

 

Até 11 de fevereiro de 2013.

Sob curadoria de Vik Muniz

O conhecido artista Vik Muniz apresenta como curador, em São Paulo, cerca de 80 trabalhos que compõem a mostra “Buzz”, através da galeria Nara Roesler no espaço criado e denominado de Hotel Roesler. No Hotel o assunto central da mostra é a arte ótica e o curador Vik Muniz selecionou em Chicago, e trouxe para o Brasil, dentre outros, um trabalho de Marcel Duchamp pertencente a década de 1940. Além de Duchamp e outros nomes da optical art, como Albers, Vik Muniz reuniu trabalhos de artistas que são verdadeiros ícones do movimento como Carlos Cruz-Diez, Abraham Palatnik e Almir Mavignier. Esta não é a primeira evz que Vik atua como curador pois já realizou trabalhos para o MoMA e o Metropolitan, ambos em Nova York e também para o Musée d’Orsay, em Paris.

 

Na seleção de obras realizadas por Vik Muniz encontram-se em exibição trabalhos de Ivan Serpa, Aluísio Carvão, Israel Pedrosa, Angelo Venosa, Gabriele Evertz, Gilbert Hsiao, Jim Eisermann, Julio Le Parc, Karin Davie, Lygia Pape, Marcos Chaves, Mark Dagley, Markus Linnebrin, Ross Bleckner, Suzane Song, Taba Auerbach. Realizada por uma galeria particular, a mostra parece ser institucional, pois uma boa parte dos trabalhos, cedidos por colecionadores e instituições, não está à venda.

 

A galeria exibe ainda e em separado, uma exposição de fotografias do artista inglês Isaac Julien.

 

Até 23 de fevereiro de 2013.

Livros na Cosmocopa

A Cosmocopa + Apicuri lançam dia 13 de dezembro no Shopping dos Antiquários, na Galeria Cosmocopa, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, livros individuais sobre a obra dos artistas Felipe Barbosa e Leila Danziger.

 

O livro “Estranha economia” traça uma panorâmica da obra de Felipe Barbosa, com imagens de seus trabalhos no ateliê e em espaços expositivos. A edição, com foco no processo criativo do artista, apresenta textos críticos de Alvaro Seixas, Luciano Vinhosa e Sheila Cabo Geraldo. Estranha economia é também o título da série de trabalhos em que o artista usa objetos do cotidiano recobertos de picotes de papel-moeda e os agrupa em instalações que revelam ambientes familiares porém cheios de estranheza. Outras séries de trabalhos do artista mostram bolas de futebol desconstruídas em seus gomos e remontadas em planos ou outros formatos, palitos de fósforo agrupados para formar esferas orgânicas, casas de cachorro montadas em “condomínios”, martelos totalmente recobertos por pregos.

 

Já o livro “Todos os nomes da melancolia, de Leila Danziger, apresenta imagens de trabalhos reunidos sob o traço da melancolia o que para Luciano Vinhosa “… Leila nos prepara uma finíssima tessitura de narrativas visuais que retomam o tempo contemplativo da reflexão e da apreciação estética. É notável o cuidado artístico com que trata a presença ordinária das coisas que a cercam, transformando-as em um mundo extraordinário para os olhos e a imaginação, seja por meio de fotografias com referências ao mundo doméstico ou por meio de gravuras retomadas da história da arte, ou ainda pelo próprio ato de reconstruir novas imagens a partir de imagens já desgastadas. Por exemplo, quando trabalha com as folhas de jornais, escalpelando-as, Leila extrai delas todo o excesso para fixar apenas aquilo que interessa: uma imagem surpreendentemente bela de uma romã partida e/ou reinserindo em suas páginas linóleo-gravuras e versos, um balbuciar quase eloquente daqueles que tiveram suas vozes caladas à força”.  E Luciano Vinhosa prossegue afirmando que “… A melancolia, sentimento normalmente vivido na intimidade, ganha em seus trabalhos uma dimensão social e coletiva quando a artista a faz deslizar da experiência particular, centrada em seu universo familiar, para experiências mais amplas da humanidade: o massacre dos judeus na Segunda Guerra, a diáspora palestina, o sofrimento do negro desterrado tomado pela saudade de sua terra natal, o drama dos desabrigados…”.

Pintura Impura

As pinacotecas Aldo Locatelli e Ruben Berta, Paço Municipal, Centro Histórico, Porto Alegre, RS, exibem a exposição ‘’Pintura Impura’’. A exposição vai abriga obras de diversos artistas cujos temas apresentam diversas influências na pintura de cada um. Contaminações e influências permeiam a exposição “Pintura Impura”. Valendo-se de obras das Pinacotecas Aldo Locatelli e Ruben Berta, datadas da década de 1950 até os dias de hoje, a mostra apresenta diferentes abordagens no campo da pintura. A relação de artistas participantes consta, dentre outros, com obras assinadas por Aldo Locatelli, Alfredo Nicolaiewsky, Allen Jones, Ana Alegria, Bernardo Cid, Bill Maynard, Bin Kondo, Britto Velho, Eduardo Vieira da Cunha, Fernando Duval, Fernando Odriozola, Gisela Waetge, Guillermo A.C., Heloisa Schneiders, John Piper, Jorge Paez Villaró, Juan Ventayol, Mattia Moreni, Paulo Peres, Roberto Campadello, Teresa Poester Tereza Nazar, Tomas Abal e Tomie Ohtake.

 

Além de artistas ingleses (da escola pop), uruguaios, italianos, argentinos e brasileiros, faz parte da coleção uma obra de Aldo Locatelli, artista italiano que dá nome a uma das coleções, cuja autoria é notável e repleta de significados. Para Flávio Krawczyk, diretor do acervo artístico, “…trata-se de um retrato aparentemente inconcluso, embora assinado, portanto considerado pronto pelo autor. Ou seja, a obra nasce do virtuosismo, da velocidade dos tempos modernos e do ímpeto em explicitar o seu processo de realização. Por fim, indica a assimilação por Locatelli, cuja formação havia sido estritamente acadêmica, de técnicas e sugestões das vanguardas do início do século XX”.

 

Ainda nas palavras de Flávio Krawzick, a mostra “…inclui o trânsito entre figuração e abstração, a presença da palavra escrita, os entrelaçamentos de cultura popular e erudita, a incorporação dos quadrinhos e do grafite, a acumulação de distintas informações – do cotidiano ao onírico, os cruzamentos de materiais e técnicas, além da colagem de materiais heteróclitos. Concebidas sobre o signo da “impureza”, as pinturas expostas apontam para a emergência da arte contemporânea, quando é rompido o espaço perspectivo de matriz renascentista e quando a pintura se mostra definitivamente contaminada ou “impura”. Na diversidade oriunda desta condição reside a sua fecundidade e riqueza de sentidos”.

 

Até 1º de março de 2013.

Projeto de Acosta e Murgel

06/dez

Em mostra na Sala A Contemporânea do CCBB, Centro, Rio de Janeiro, RJ, os artistas Daniel Acosta (RS) e Daniel Murgel (RJ) unem-se, pela primeira vez, para um trabalho único. A exposição é um site specific e foi denominda pelos autores como “O sacrifício pela vida na guarita (Sacredfishyousystem)”.

 

O título da exposição recebeu uma tradução livre com a palavra sacrifício transformada em sacredfishyou – sagrado+peixe+você, em que YOU (você) pretende jogar o público para dentro do sistema. O desenvolvimento desta obra, site specific, começou, como conta Acosta, com o “re-conhecimento do trabalho de cada um, já que não nos conhecíamos antes do convite de Mauro Saraiva, programador da Sala“. A partir de então, visitaram os ateliês um do outro, conversaram sobre desenhos e projetos até chegarem a um único desenho. Ideias individuais foram cedendo espaço na direção do trabalho compartilhado, criando um título que indica um sistema em funcionamento.

 

São duas guaritas de isopor, suspensas em cantos opostos da sala. Dentro delas, muitas plantas e lâmpadas piscando constantemente como alarme. As plantas são irrigadas por um mecanismo que retira água de dois aquários com peixes, colocados sobre o piso, que são lentamente esvaziados por um sistema hidráulico. Com o tempo, os peixes ficam sem água. A vida das plantas significa a morte dos peixes. Entre as questões citadas por Acosta e Murgel, estão a de sistemas de segurança que nos prendem, cercam e isolam, as luzes que geram tensão, o mato crescendo nas guaritas e a ideia de “ruína”, como “o mote principal de desenvolvimento do trabalho”, segundo Acosta. Os artistas têm a presença expressiva da arquitetura em suas produções. Acosta trabalha mais com as questões artificiais da arquitetura, e Murgel, é influenciado pela arquitetura popular e seus materiais rústicos.

 

Sobre os artistas

 

Daniel Acosta nasceu em Rio Grande, RS, em 1965, vive e trabalha em Pelotas, RS.  Doutor em Arte pela ECA|USP, também é professor de escultura da Universidade Federal de Pelotas.  Seu trabalho busca a relação entre suas obras e outros elementos constitutivos do ambiente, como diz, “gerando consciência crítica sobre o que nos aborrece ou nos deixa felizes, nos encanta e mesmo nos define, já que, em nossos corpos ambulantes, nós também somos a cidade”.

 

Entre dezenas de individuais e coletivas, Acosta participou da Bienal Internacional de São Paulo de 2002, da Bienal do Mercosul de 1999, 2009 e 2011, e do Panorama de Arte Brasileira de 1997, no MAM-SP. Ele é do elenco da Galeria Casa Triângulo, SP, onde fez individuais em 1995, 2005, 2008 e 2010. Em ocasiões diversas, apresentou esculturas|mobiliários ou cabines|mobiliários para espaços urbanos. Entre elas “Riorotor”, Itaú Cultural|SP, “Kosmodrom”, Bienal do Mercosul de 2009, “Toporama”, permanentemente montada no foyer do Centro Cultural São Paulo desde 2010. Em 1997, Acosta teve livro sobre seu trabalho dentro da “Coleção Artistas da USP”, com  texto do crítico de arte Tadeu Chiarelli. Foi premiado em salões em Curitiba, Brasília, Salvador e Florianópolis.

 

Daniel Murgel nasceu em Niterói, RJ, em 1981. Vive e trabalha entre o Rio de Janeiro – terminando o bacharelato na EBA|UFRJ – e São Paulo. Filho e neto de arquitetos, Murgel reconhece a influência determinante da arquitetura em sua produção, com especial interesse na arquitetura popular, buscando, como diz, “poesia no ordinário e no feio”. Sua obra apresenta situações ligadas ao universo das ruínas urbanas, junto à presença da resistência da natureza em gramas que nascem em meio a calçadas. Este ano, o artista participou da coletiva “Espejos: en el camino al pais de las maravillas”, no Centro Cultural Haroldo Conti, em Buenos Aires, prédio que foi cativeiro de milhares de pessoas durante a ditadura na Argentina.

 

Murgel fez individuais nas galerias Laura Marsiaj e Mercedes Viegas (Rio de Janeiro, 2010 e 2008). Entre as coletivas destacam-se Novas aquisições de Gilberto Chateaubriand (MAM Rio, 2010), Arte in Loco (FUNCEB, Buenos Aires, 2009) e Museu Vazio (MAC-Niterói, 2007). Em 2010, foi premiado no Salão Nacional de Arte de Belo Horizonte|Bolsa Pampulha e indicado ao Prêmio Marcantônio Vilaça. Participou de residências artísticas em Buenos Aires (El Aleph Arte), em 2009, e em Belo Horizonte, em 2010|2011 (Bolsa Pampulha). Possui obras nas coleções Gilberto Chateaubriand|MAM Rio e Banco do Nordeste do Brasil.

 

Esta é a quinta mostra da temporada 2012-2013 deste espaço que o CCBB RJ destinou, desde 2009, exclusivamente à arte contemporânea brasileira.  A programação, idealizada pelo produtor Mauro Saraiva, reúne artistas que exemplificam a produção ascendente, vinda de cidades do nordeste, sul e sudeste do país. Esse ano, a Sala A Contemporânea já apresentou as individuais de José Rufino (PB), da dupla estabelecida Gisela Motta e Leandro Lima (SP), do coletivo carioca OPAVIVARÁ! e do gaúcho Fernando Lindote. Depois da dupla inventada Daniel Acosta e Daniel Murgel, vêm Cinthia Marcelle (MG), Eduardo Berliner (RJ) e uma coletiva, sob curadoria da pernambucana Clarissa Diniz, em abril de 2013.

 

Até 06 de janeiro de 2013.