Multiverso de Raimundo Rodriguez

31/ago

A Sergio Gonçalves Galeria, Centro, Rio de Janeiro, RJ, inaugura, no dia 05 de setembro,

sábado, às 14h, a exposição “Multiverso: nada que você já não tenha visto antes”, do artista

plástico Raimundo Rodriguez. A mostra vai apresentar as incontáveis dimensões categóricas

em que a obra de Rodriguez transita, abusando de cores vívidas, do jogo geométrico das

formas e de palavras. Por meio de um apanhado de obras, que formam pequenos universos

díspares, pequenos multiversos povoados, sobretudo, por “quadro-objetos”, serão resgatados

e ressignificados. O trevo da sorte, os latifúndios de papel, a fórmica e o tecido, os lactofúndios

de caixas de leite, a série “diapositivos”, entre outros.

 

A metáfora que tangencia a mecânica quântica, quando transferida poeticamente para o

campo das artes visuais, mais precisamente, para a produção multifacetada do artista plástico

Raimundo Rodriguez, traduz com excelência a capacidade criativa – traço pós-moderno, com

que o artista produz suas obras, desenvolvendo inúmeras linguagens, muitas vezes, em

suportes alternativos como pinturas, desenhos, objetos, “não-objetos”, assemblages/colagens,

esculturas, entre outros. O trabalho do artista conecta-se com a arte popular brasileira, o

neodadaísmo, o dadaísmo, o neorrealismo e a pop art.

 

Em diversos veículos, tais como teatro, carnaval, centros culturais, vídeos e televisão, as

criações de Raimundo Rodriguez ultrapassam limites e preenchem lacunas de expressão. O

artista, acompanhado por sua equipe, foi o responsável pela estética final  das construções da

novela “Meu Pedacinho de Chão”, dirigida por Luiz Fernando Carvalho. A partir de

“Latifúndios”, Raimundo Rodriguez fez pedacinhos de chão remendados onde se desenvolveu

todo o enredo na novela.  A obra  foi incorporada à arquitetura de toda a fictícia “Vila de Santa

Fé”,  onde casas, portas, paredes, janelas, altares, molduras, cimalhas e inúmeros detalhes

foram criados a partir de latas de tinta descartadas e,  em suas mãos, ganharam um novo

significado. Raimundo Rodriguez é representado pela Sergio Gonçalves Galeria de Arte pela

qual participou das quatro últimas edições da SP-Arte e também da Feira Pinta, de Nova York e

Miami.

 

 

Até 10 de outubro.

Pinturas de Wanda Pimentel

Anita Schwartz Galeria de Arte, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, apresenta, a exposição

“Geometria/ Flor”, com cerca de 35 obras inéditas da artista carioca Wanda Pimentel.

 

Com uma importante e reconhecida trajetória artística de quase 50 anos, Wanda

Pimentel expõe no grande salão térreo da galeria pinturas da série “Geometria/Flor”,

iniciadas há dois anos. Cada uma das pinturas tem uma moldura diferente, que integra

o trabalho. Apesar de ser uma série totalmente nova, ela carrega elementos que

sempre estiveram presentes em seu trabalho, como as formas geométricas e as

famosas escadas. “É como se fosse uma celebração de todas as séries que fiz desde

a década de 1960”, conta a artista, ressaltando que sempre trabalha com séries.

“Quando termino uma, quero criar algo novo, totalmente diferente, mas uma série

sempre carrega elementos das outras”.

 

Anita Schwartz destaca que este é “um momento de homenagem ao trabalho e à

trajetória da Wanda Pimentel”, que em outubro participará da Frieze Masters, no

Regent’s Park, em Londres, feira que reúne mestres da história da arte

contemporânea, onde mostrará nove pinturas produzidas nos anos 1960.

 

As obras que estarão na exposição na Anita Schwartz Galeria têm a ver com um

processo iniciado pelo artista em 2011, de rever o passado. “Esses trabalhos tem um

tom dramático, têm a ver com as minhas memórias, mas, ao mesmo tempo, é uma

saudação à vida, rompendo com tudo que já fiz. Vou dissecando lembranças e

construindo novas memórias”, afirma a artista. Neste processo, ela partiu em busca de

lembranças do pai, açoriano, de natureza muito reservada, que faleceu quando ela

tinha 12 anos. Ela atribuiu a esta procura por sua origem o fato de ter incluído o

dourado em seus trabalhos. “O manuseio com o dourado é muito difícil. A condução

da cor deve seguir uma trajetória do não efeito fácil. O dourado da série relaciono com

Portugal, pois é uma cor presente no Barroco, lembrando a celebração da vida”, diz.

“Introduzi nos trabalhos atuais um novo elemento: flores, em tons de branco, vermelho

e dourado. Ao olhar o trabalho, você percebe que há um embate entre geometria e

natureza, por mais paradoxal que seja”, afirma.

 

No terceiro andar da galeria estarão os trabalhos iniciais desta fase, que fazem parte

da série que ela chamou de “Memória”. Serão três caixas de acrílico, medindo 97cm x

33cm cada, onde a artista coloca desenhos e objetos. Em uma delas há um coração

vermelho, cheio de alfinetes, em alusão ao coração de espuma que a sua mãe usava

para colocar os alfinetes enquanto costurava. Em outra, há casulos do bicho-da-seda

e, na terceira, uma linha e uma tesoura desenhadas, como se esta cortasse o

desenho. Junto a esses trabalhos, estarão quatro obras de 1965, que nunca foram

expostas. “São desenhos da época que eu era aluna do Ivan Serpa, feitos com caneta

esferográfica em folha de papel ofício. Nunca mostrei esses desenhos, mas eles falam

muito sobre o meu trabalho”, afirma a artista.

 

Ao invés de texto crítico, o público poderá ler o poema “O último sortilégio”, de

Fernando Pessoa, que Wanda Pimentel encontrou durante o processo de produção

das obras, e considerou muito apropriado com o que estava fazendo. “O poema tem

muito a ver com esses trabalhos. Queria algo sensível, por isso escolhi esta poesia. O

português de Portugal é muito denso, muito bonito quando escrito. E meu pai gostava

muito de Fernando Pessoa”, ressalta. A poesia também estará no catálogo, que será

lançado ao longo da exposição.

 

 

Sobre a artista

 

Wanda Pimentel nasceu no Rio de Janeiro, em 1943. Estudou pintura com Ivan Serpa,

no MAM Rio, em 1965. Dentre suas principais exposições individuais estão a

exposição no MAM Rio, em 2004; no Paço Imperial, em 1999 e em 1997; no Centro

Cultural Banco do Brasil, em 1994; entre outras. Dentre suas principais exposições

coletivas estão: “Artevida Política”, no MAM Rio, em 2014; “Nova Figuração anos

1960-1970”, no MAM Rio, em 2009; “Panorama dos Panoramas”, no MAM São Paulo,

em 2008; “Arte contemporânea e patrimônio”, no Paço Imperial, em 2008; “Arte Como

Questão/Anos70”, no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, em 2007; “Manobras

Radicais”, no CCBB São Paulo, em 2006; “Um Século de Arte Brasileira – Coleção

Gilberto Chateaubriand”, no MAM Rio, na Pinacoteca do Estado de S.Paulo e no

Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, ambas em 2006; “Abrigo Poético – Diálogos com

Lígia Clark”, no MAC de Niterói, em 2006; “Arte En América Latina (Coleccion Eduardo

Constantini)”, no MALBA, em Buenos Aires, em 2001; entre outras. Participou, ainda,

do Salão da Bússola (1969), no MAM Rio; Salão de Verão (1969), no MAM Rio; V

Salão de Arte Contemporânea de Campinas (1969), no Museu de Arte

Contemporânea de Campinas; XVIII Salão Nacional de Arte Moderna, no Ministério da

Educação e Cultura- Rio de Janeiro/RJ (1969); II Salão Esso de Artistas Jovens

(1968), no MAM Rio e Representação Brasileira à Bienal de Paris (1969), no MAM Rio.

 

 

 De 09 de setembro a 17 de outubro.

ArtRio no Pier Mauá

Reconhecida como um dos principais eventos de arte no cenário

internacional, pelo quinto ano a ArtRio vai reunir, entre os dias 10 e 13

de setembro, no Píer Mauá, as mais importantes galerias do país e do

mundo, além de trazer para a cidade colecionadores, curadores,

críticos e artistas. Nesta edição, além de galerias brasileiras, estarão

representantes de 11 países – Argentina, Espanha, Estados Unidos,

França, Itália, Japão, Luxemburgo, Portugal, Reino Unido, Suíça e

Uruguai.

 

A feira está dividida em três programas: PANORAMA (Galerias

nacionais e estrangeiras com atuação estabelecida no mercado de

arte moderna e contemporânea), VISTA (programa dedicado às

galerias jovens, com projeto de curadoria experimental desenvolvido

especialmente para e evento), e o PRISMA (programa curatorial

inédito, assinado por Carolyn H. Drake e Bernardo José de Souza,

com obras de artistas brasileiros e estrangeiros).

 

A ArtRio faz parte do calendário oficial de eventos da cidade do Rio de

Janeiro. Realizada pelos sócios Brenda Valansi, Elisangela Valadares,

Luiz Calainho e Alexandre Accioly, a ArtRio pode ser considerada uma

grande plataforma de arte contemplando, além da feira internacional,

ações diferenciadas e diversificadas com foco em difundir o conceito

de arte no país, solidificar o mercado, estimular e possibilitar o

crescimento de um novo público oferecendo acesso à cultura.

 

“Entre nossos objetivos para este ano está ser a melhor feira para a

realização de negócios, unindo no mesmo ambiente os mais

relevantes players do mercado – galeristas, colecionadores e

curadores, e artistas. Nosso foco está em fomentar o mercado, dando

grande visibilidade para a arte brasileira e também trazendo para o

país os grandes destaques do cenário mundial.”, conta Brenda

Valansi.

 

Pelo quarto ano consecutivo, o Bradesco é o patrocinador máster da

ArtRio, através da Lei de Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura.

A feira de arte tem também patrocínio da Secretaria de Cultura,

através da Lei de Incentivo à Cultura da Cidade do Rio de Janeiro, e

do Rock in Rio, apoio da Heineken, Sky, Minalba, Nescafé Dolce

Gusto e Pirelli, apoio institucional da Klabin, Body Tech e Estácio e

apoio cultural da H. Stern.

Celina Portella na Galeria Inox

Celina Portella abre a exposição “Puxa”, apresentando trabalhos inéditos na Galeria Inox, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ. A artista carioca, que também estará com suas obras expostas na Art Rio, no stand da Galeria Inox, mostra instalações fotográficas, onde aparece em situações de tensão com cordas que se prolongam para fora do quadro. Criando sistemas de peso e contra-peso entre seu corpo na foto e objetos reais no espaço, ela joga com as proporções e cria uma ilusão de que os tamanhos são diferentes do que realmente são. “Trata-se de um ensaio para futuras esculturas”, afirma.

 

 

Sobre a artista

 

Celina Portella investiga questões sobre a representação do corpo a partir do vídeo e fotografia. Recentemente foi contemplada com o I Programa de Fomento a Cultura Carioca, com a Bolsa de Apoio a Criação da Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro e indicada para o prêmio Pipa 2013. Ultimamente participou das residências Récollets em Paris na França, LABMIS, no Museu da imagem e do Som, em São Paulo, na Galeria Kiosko em Santa Cruz de La Sierra, Bolívia e no Núcleo de Arte e Tecnologia da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro. Foi contemplada no II Concurso de Videoarte  da  Fundaj  em  Recife.  Participou  da  III  Mostra  Do Programa de Exposições do Centro Cultural São Paulo, da Mostra SESC de Artes, em São Paulo, entre outras exposições. Estudou design na Puc-RJ e se formou em artes plásticas na Université Paris VIII em 2001.

 

 

 

A partir de 12 de setembro.

Galeria Ipanema : 50 anos

27/ago

A Galeria de Arte Ipanema, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, comemora 50 anos de atividades, e irá

celebrar a data com as exposições “50 anos de arte: Parte I” e “50 anos de arte: Parte II”. Para

a exposição “50 anos de arte: Parte I”, a galeria irá homenagear os artistas Tomie Ohtake e

Hélio Oiticica, com uma seleção de dez obras de cada um, feitas nas décadas de 1950 e 1960,

pertencentes a acervos particulares e ao Projeto Hélio Oiticica. Os dois artistas, de grande

importância na história da arte brasileira, integraram exposições ao longo da trajetória da

Galeria.

O estande da Galeria Ipanemana ArtRio também comemorará os 50 anos de atividade,e  terá

trabalhos do venezuelano Carlos Cruz-Diez, um dos grandes nomes da arte cinética, artista

representado pela Galeria, além de obras de Jesús Rafael Soto, Victor Vasarely, Sérgio

Camargo, Lygia Pape, Maria Leontina, Milton Dacosta, Portinari,  José Panceti e Tomie Ohtake.

 

 

A fundação da galeria Ipanema

 

Fundada por Luiz Sève, a mais longeva galeria brasileira iniciou sua bem-sucedida trajetória em

novembro de 1965, em um espaço do Hotel Copacabana Palace, com uma exposição com

obras de Tomie Ohtake e Manabu Mabe, entre outros. Até chegar à casa da Rua Aníbal de

Mendonça, em Ipanema, passou ainda por outros endereços, como o Hotel Leme Palace, no

Leme, e a Rua Farme de Amoedo, já em Ipanema. Paralelamente a sua ação no Rio, manteve

entre 1972 e 1987 um espaço na Rua Oscar Freire, em São Paulo, projetado por Ruy Ohtake. A

Galeria Ipanema foi uma das precursoras a dar visibilidade ao modernismo, e representou por

muitos anos, com uma estreita relação, os artistas Volpi e Di Cavalcanti, e realizou as primeiras

exposições de Paulo Roberto Leal e Raymundo Colares.

 

 

Arte Moderna e Contemporânea

 

Sua história se mistura à da arte moderna e sua passagem para a arte contemporânea, e um

dos mais importantes artistas cinéticos, o venezuelano Cruz-Diez, é representado pela galeria,

que mantém um precioso acervo, fruto de seu conhecimento privilegiado de grandes nomes

como Hélio Oiticica, Ivan Serpa, Lygia Clark, Sérgio Camargo, Jesús Soto, Mira Schendel,

Guignard, Pancetti, Portinari, Di Cavalcanti, Cícero Dias, Iberê Camargo, Tomie Ohtake, Lygia

Pape, Amelia Toledo, Milton Dacosta, Maria Leontina, Dionísio del Santo, Antônio Bandeira,

Heitor dos Prazeres, Vasarely, Rubens Gerchmann, Nelson Leirner, Waltercio Caldas, Franz

Weissmann, Ângelo de Aquino, Geraldo de Barros,  Heitor dos Prazeres, Joaquim Tenreiro e

Frans Krajcberg. Dos artistas trabalhados pela galeria, apenas Portinari e Guignard já haviam

falecido antes de sua inauguração.

 

 

A palavra do fundador: Fonte de prazer

 

Nascido em uma família amante da arte, Luiz Sève aos 24 anos, cursando o último ano de

engenharia na PUC, decidiu em 1965 se associar à tia Maria Luiza (Marilu) de Paula Ribeiro na

criação de uma galeria de arte. Outro tio, o pneumologista Aloysio de Paula (1907-1990),

médico de Guignard, havia sido diretor do MAM, no final da década de 1950. Com a ajuda de

Luiz Eduardo Guinle e de sua mãe, dona Mariazinha, a Galeria de Arte Ipanema instalou-se em

1965 em um dos salões do Hotel Copacabana Palace, passando depois para o térreo, na

Avenida Atlântica, onde permaneceu até 1973. Ainda jovem, passou a trabalhar no mercado

financeiro, mas é na galeria que encontra sua “fonte de prazer”. Uma característica de sua

atuação no espaço de arte é “jamais ter discriminado ou julgado ninguém pela aparência”. São

várias as histórias de pessoas que pedem para entrar e apreciar o acervo, e estão vestidos de

maneira simples ou até desleixadas, e acabam “comprando muita coisa”. “Há o componente

sorte também”, ele ressalta, dizendo que já teve acesso a obras preciosas por puro acaso.

Dentre seus clientes, passaram pela galeria também figuras poderosas como o banqueiro e

mecenas da arte David Rockefeller, e Robert McNamara, secretário de defesa do governo

Kennedy.

 

Atualmente Luiz Sève dirige a galeria ao lado de sua filha Luciana, no número 173 da Rua

Aníbal de Mendonça, até finalizar a construção do espaço que tem projeto arquitetônico

assinado por Miguel Pinto Guimarães, previsto para 2016, no endereço original que ocupou

desde 1972, na quadra da praia da mesma rua.

 

Abertura: 02 de setembro, às 19h

Exposição: 03 de setembro a 17 de outubro.

Na ArtRio

 

 

De 09 a 13 de setembro.

Artistas da TRIO Bienal


A TRIO Bienal, exposição que integra as comemorações do aniversário de 450 anos da cidade do Rio de Janeiro, é uma mostra internacional de arte contemporânea em torno de obras tridimensionais, com 170 artistas de 47 países.  A curadoria, a cargo de Marcus de Lontra Costa, sob o tema “Quem foi que disse que não existe amanhã?”  – frase de uma letra do rapper Marcelo D2 – pretende discutir o momento de incerteza e de crise, tanto no Brasil quanto no mundo, e resume a persistência na procura de uma determinada arquitetura no caráter utópico da arte, recarregando fortemente a fé modernista em um mundo mais perfeito, a partir da falta de distinção entre arte e vida.

 
No módulo Utopias, que acontece no Memorial Getúlio Vargas, Glória, Rio de Janeiro, RJ, participam neste módulo os artistas Afonso Tostes – BR, Ai WeiWei – CN, Alex Flemming – BR, Ana Miguel – BR, Anna Bella Geiger – BR, Cildo Meirelles – BR, Fábio Carvalho, BR, Felipe Barbosa – BR, José Rufino – BR, Laerte Ramos – BR, Los Carpinteros – CU, Lourival Cuquinha – BR, Mauricio Ruiz – BR, Nelson Félix – BR, Tom Dale – US, entre muitos outros.

 
Destaque para Fábio Carvalho (fotos) que será representado por um total de cinco obras. Da série “Delicado Desejo” serão apresentadas quatro peças ­ armas de fogo compostas por um patchwork de rendas diversas, com as quais o artista faz uma reflexão da mistura de fascínio e repulsa que muitos têm por armas de fogo, em especial no continente americano. Além das quatro peças da série “Delicado Desejo”, também será apresentado o trabalho “Eros & Psiquê” ­ um fuzil de brinquedo de plástico, dentro de uma vitrine de madeira escura, similar às vitrines onde se exibem armas de fogo reais em coleções, sendo que o fuzil está cercado de borboletas monarcas de plástico, como se estas usassem o fuzil como pouso e abrigo.

 

 
De 05 de setembro a 26 de novembro.

Antônio Dias na Nara Roesler/Rio

25/ago

Antonio Dias ganhou uma revisão de uma parcela singular de sua produção multifacetada: os

papéis do Nepal, exibidos pela primeira vez no Brasil. A mostra “Papéis do Nepal 1977-1986”

está em cartaz até 26 de setembro  Galeria Nara Roesler, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, que traz

nessa iniciativa um aprofundamento no universo do consagrado artista.

 

Pela pluralidade temática e processual, Dias evidencia sua recusa em adotar um único ponto

de vista da produção artística e, com isso, não deixa que o espectador se acomode na

facilidade de um significado pronto da obra. Nas palavras do historiador da arte italiano

Sandro Sprocatti, o trabalho de Dias projeta “uma situação antiperspectiva por excelência,

uma vez que nega a exclusividade de um ponto de vista não só devido à instabilidade

representacional (ambiguidade substancial do signo e do espaço) mas, acima de tudo, porque

implica a pluralidade das condições de fruição, ou seja, as condições existenciais que o

observador tem em relação ao próximo”.

 

Os papéis que figuram na exposição foram produzidos durante uma viagem de Dias ao Nepal

em 1977, com a finalidade de aprender a manufatura de papéis artesanais. A fase do Nepal é

uma ruptura na trajetória pregressa do artista, calcada fortemente no conceitualismo, na

utilização de mídias então incipientes, como o vídeo, e na criação de um léxico visual que

englobava elementos pop, planos geométricos definidos por cor e palavras.

 

Esse repertório, repetido sistematicamente e embaralhado entre si, questionava o caráter da

convenção social e da instituição artística como produtora de significados codificados e

estanques, validados por um sistema de inserção e representatividade internacional, a que o

regional deveria se submeter – o que se tornava evidente pelos títulos em inglês das obras,

como a famosa série “The Illustration of Art”.

 

 

Até 26 de setembro.

Valéria Costa Pinto na Marsiaj Tempo Galeria

21/ago

A artista Valéria Costa Pinto, ocupa todo o espaço expositivo da Marsiaj Tempo Galeria,

Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, com a exposição “Do plano ao espaço”. A mostra apresenta obras

bidimensionais e tridimensionais, além de um site specific idealizado para o anexo da galeria.

 

Seu trabalho mais recente volta-se para a pesquisa da intercessão entre o interior e o exterior,

que se confundem nos diversos suportes da mostra: papel, cartão, madeira. A cor, usada

pontualmente pela artista ao longo de sua carreira, serve de ligação entre esses diversos

formatos. Vemos o uso do branco, preto e cinza, mesclados ao vermelho e gradações de rosa.

 

Com texto do crítico Paulo Sergio Duarte, a exposição é composta por seis prints (pigmento

mineral sobre papel de algodão), um relevo em papel e cinco em madeira, além de três

pequenas esculturas. No anexo da galeria, a pesquisa se adensa, radicalizando a ocupação do

espaço através de paredes avolumadas por formas geométricas e cores.

 

 

A palavra da artista

 

Valéria Costa Pinto traz para sua vasta e diversificada obra novas abordagens para as mesmas

questões, aquelas da Bauhaus e do construtivismo russo. “A obra não deve ser muda. É através

do movimento que faço essa interação, procurando sempre a relação entre espectador/obra.

Ora manipulando o objeto, ora fazendo com que o espectador se desloque no espaço ao

redor, ora transformando uma forma definida em outra diferente como se o objeto tivesse

vida. Um objeto dinâmico e não estável. Ressalto o valor afetivo e intuitivo com a obra.”

 

 

Até 12 de setembro.

Lidia Lisboa na Galeria Pretos Novos

20/ago

A Galeria Pretos Novos, Gamboa, Rio de Janeiro, RJ, inaugurou a exposição “Casulo”, da artista

visual Lidia Lisboa, com a curadoria de Marco Antonio Teobaldo. São vinte e uma obras em

dimensões variadas, realizadas em crochê, que lembram de imediato os formatos de casulos e

marsúpios, em que as tramas são formadas a partir de retalhos de tecidos rasgados e

reagrupados. A memória da infância da artista estabelece uma forte conexão com  sua recente

produção, na qual utiliza tecidos que possibilite criar tramas, construindo volumes e invólucros

vindos de uma espécie de viagem no tempo, em que algumas passagens de sua vida eram

envoltas por fantasias e sonhos de menina.

 

A partir da obra “Casulo” (que também serve de suporte para a sua performance de

mesmo nome), a artista apresenta um repertório muito peculiar que trata do recolhimento e

transformação, assim como pode ser observado na Natureza. Talvez por isso a escolha do

silêncio para executar a sua performance, que sugere o movimento feito pela lagarta antes de

adormecer coberta pelos seus fios e depois se libertar, já em outro corpo. Compete à artista,

confeccionar texturas e se desfazer delas quando não fica satisfeita com o resultado. Ela

persegue a forma desejada até alcançá-la.

 

Criada em uma família numerosa em que predominam as mulheres, Lidia Lisboa

encontrou-se com a maternidade aos treze anos de idade. Esta experiência marcante e

incrivelmente positiva (de acordo com as próprias palavras da artista), reaparece na poética de

sua série “Ventre”. Em formatos de úteros e marsúpios, seus trançados evocam a vida que está

por vir e reiteram a feminilidade tão presente em suas obras. Este ciclo criador surge em

outros trabalhos, semelhantes às ovas de animais em um estado letárgico como se ali dentro

existissem embriões germinando e prestes a eclodir.

 

Mesmo flertando com a moda e o design, a artista segue com o impulso de  formular

um pensamento sobre a criação da vida. Alguns de seus colares são feitos a partir da

justaposição de contas de cerâmicas moldadas a mão por ela mesma, formando um conjunto

que pode ser associado ao sagrado, tanto pela matéria de que é feito, quanto pelo formato.

Uma outra série de colares é feita a partir do desmembramento de bonecas de borracha e

plástico, reagrupadas com outros itens, de modo que formem um cordão de ordem aleatória,

mas que carrega em si uma forte carga dramática. Grande parte destas bonecas foram

encontradas pela artista, nas ruas de diferentes cidades por onde passou.

 

Não há como dissociar as experiências pessoais de Lidia Lisboa da sua inquietação

artística, revelando-nos uma produção biográfica, repleta de simbolismos e coberta de lirismo.

 

 

Até 17 de outubro.

 

CASULO

 

artista: Lidia Lisboa

curador: Marco Antonio Teobaldo

inauguração 19 de agosto – 18h

visitação 20 de agosto a 17 de outubro

terça a sexta – 12h > 18h

sábado – 10h > 13h

Galeria Pretos Novos

Rua Pedro Ernesto, 34 – Gamboa

fone 2516-7089

pretosnovos@pretosnovos.com.br

 

Um corpo e duas cabeças

Animais e plantas de cimento, pães calcinados; autorretratos, orelhas de ouro e prata aplicadas sobre conchas de caramujos, um divã carregado de simbologias. Em sentido literal e figurado, quase tudo o que Beatriz Carneiro e Ricardo Becker apresentam na exposição “Um corpo, Duas cabeças”, a partir do dia 29 de agosto, no Espaço Movimento Contemporâneo Brasileiro, EMCB, Horto, Rio de Janeiro, RJ, foi retirado “do fundo do baú” – seja de suas memórias ou de seus arquivos pessoais.

 

Dois nomes da cena contemporânea, eles vão apresentar suas reflexões, singularidades e experiências de arte em laboratórios espalhados pelo casarão do Horto, um imóvel tombado do início do século XIX. Duas instalações fluidas e livres vão ocupar salas, corredores, um pátio, e o segundo andar com obras reunidas pela curadora Cristina Burlamaqui.

 

 

Autorretrato com um mergulho em Brancusi, Magritte, Giacometti…

 

Ricardo Becker apresenta uma coletânea de trabalhos em que aborda questões autobiográficas, carregada de símbolos e autorretratos, além de fotos de partes de seu corpo. No trabalho de baralhos, o artista utiliza fotos de quando era criança.  Em outros reverencia artistas como Beyus, Brancusi e Giacometti. O ponto alto da instalação de Ricardo Becker é um  velho divã em couro utilizado na psicanálise, apoiado em quatro caramujos, no pátio, e faz composição com outros trabalhos do artista, feitos com galhos e fotos.

 

 

A palavra da curadora

 

“A visão consistente de Beatriz Carneiro, que transita entre escultura, instalação, pintura e videoarte, desponta como um antipoema dos anos 60, embeleza o processo do fazer e, mesmo quando usa materiais do cotidiano, foge da escultura tradicional, pois as obras se amontoam e vão invadindo os espaços”, analisa a Cristina.

 

“Becker apresenta sua produção desde os anos 80, com autorretratos, questões envolvendo sons e barulhos, como ‘orelhas de ouro e prata encravadas em grandes caramujos’. Ele mescla referências concretas com brincadeiras poéticas”, conclui Cristina Burlamaqui.

 

 

Um embate entre o Luxo e a Pobreza, a Natureza e a Civilização

 

Como base do laboratório de Beatriz Carneiro, elementos que poderiam ter sido resgatados de algum lugar da infância, como latas velhas amealhadas por aí, onde crescem plantas de cimento. Pães feitos de troncos calcinados e pés de javalis e tatus, reproduzidos em formas acimentadas, revelam o lado dark do seu trabalho, que tem forte conotação de arte povera, resgatando materiais simples e encontrados pelas suas andanças.

 

 

Sobre os artistas

 

Beatriz Carneiro é artista visual formada pela Escola Superior de Arte e Design de Genebra (Haute Ecole d’Art et Design Geneve – HEAD). A artista utiliza materiais orgânicos e industriais em pinturas, esculturas e vídeos. Dentre as exposições de Beatriz, destacam-se “Novas Aquisições 2012/2014 – Coleção Gilberto Chateaubriand” no MAM Rio e na Mercedes Viegas Arte Contemporânea. Nesta mesma galeria, ela ainda apresentou “Coletiva 12”, 2012-2013, “Construções para lugar nenhum”, 2012-2014 e “Cortes”.

 

Ricardo Becker é artista plástico e professor da Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Nos anos 80, ele começou a participar de exposições e teve destaque em mostras individuais, como “Desfazer Imagem” nas galerias Eduardo Fernandes, 2010 e Novembro, 2007, onde também esteve com o “Projeto Belvedere”, 2005. Dentre as exposições coletivas, Becker participou do V Salão da Bahia no MAM, 1998, no qual ganhou o prêmio Aquisição. Ele também fez parte do “Novas aquisições – Coleção Gilberto Chateaubriand” no MAM-Rio, 2004 e 2001. Em 20012, levou para a Casa de Cultura Laura Alvim o seu “Projeto Cisco”, com grande sucesso.

 

 

De 29 de agosto a 15 de outubro.