Amanda Saladini e duas paixões

19/abr

Entre os dias 20 e 23 de abril, Amanda Saladini, jovem artista plástica que tem como inspiração a escultora Margarida Barroso, abre sua primeira mostra individual “Voando a galope”, no Rio de Janeiro. Conhecida por retratar a força lúdica do cavalo,companheiro do homem desde os tempos que se perdem na história, Amanda foi convidada pela Sociedade Hípica Brasileira, Lagoa, Rio de Janeiro, RJ, a apresentar suas obras durante a Primeira Etapa Seletiva Sul-Americano.

 

Serão apresentados na mostra “Voando a Galope” trabalhos inéditos dez telas em acrílica sobre tela, além de três esculturas em madeira, que retratam as duas paixões da artista: o cavalo e a arte. Na mostra o público poderá sentir a imersão da pesquisa de Amanda no mundo dos cavalos, texturas, diversas épocas, silhuetas, recortes, coloridos e nacionalidades, trazendo novidades em seu processo de criação. A artista também costuma propagar formas da cidade do Rio de Janeiro, apresentando através de seus traços os diferentes e inusitados formatos entre montanhas e nuvens.

 

A artista, que é formada em Comunicação visual pela PUC/RJ, sempre teve a atenção voltada para as artes e focou em cursos de cerâmica, pintura, na Escola de Artes Visuais (EAV), além de ter passado um período de seis meses em Nova York (para onde até hoje, uma vez ao ano, volta para fazer cursos) estudando arte através de aulas no Metropolitam Museum, School Of Visual Art (SVA) e International Center of photography (ICP). Entre as exposições que participou estão duas coletivas (sendo que uma delas com Margarida Barroso) na Galeria Spazio Surreale, em SP, além ter apresentado seus trabalhos no Espaço Expo Arts do Fashion Mall, Casa Ipanema, entre outras ocasiões. Metade das vendas será doada ao Grupo Garra Animal, que resgata animais, incluindo cavalos, em situações precárias.

 

Amanda Saladini, 26, desde criança convive com cavalos. Montava no Haras Lórien (Itaipava), e quem estava à frente era a uruguaia Ivonn Argimon, que é apaixonada por cavalos e sempre incentivou a artista, que também praticou e deu aulas de equitação. Foi quando surgiu o interesse no Enduro Equestre, que, segundo ela, permite uma relação intensa e de muito vínculo com o animal, que para ela, se tornou além de uma paixão: “Uma extensão do meu corpo, um material de estudo”, define.

Lena Bergstein/Cartas de Odessa

17/abr

Quatro anos após expor no MAM-Rio, Lena Bergstein retorna à cidade para mostrar sua série inédita de trabalhos com fotografia no Midrash Centro Cultural, Leblon, Rio de Janeiro, RJ. Esta é a primeira neste suporte desde que iniciou sua trajetória, em 1980. Em “Cartas de Odessa”, Lena Bergstein visita a história e as origens de sua família na Ucrânia, em que transforma antigos registros em “uma biografia/autobiografia inscrita em fotos impressas em papel e em metal”. Além de recuperar fotos feitas na longínqua Odessa, mostra fotografias que fez de sua casa, em São Paulo, onde reside há alguns anos.

 

“É um trabalho de fotografia feito em camadas, superposições, estratos que se somam, camadas que se justapõem, tempos distintos que se superpõem”, conta Lena Bergstein. Ela comenta que trabalhou as fotografias como um diário, onde as percepções da cidade, de sua vida e de seus sentimentos são mostradas em cenas que compartilha com o público. Fragmentos de cartas, cartas escritas pela artista, cartas recebidas por ela. “Apenas fragmentos, nada muito explícito, escritos na confluência do real e do imaginário”, explica.

 

Para a artista, foi um processo natural “suplementar essas fotos com textos e frases criando sequências narrativas”, como se quisesse “aprisionar/fixar um momento, um sentimento”. Com os grafismos, ela deseja acrescentar um toque de humor para a seriedade de certas fotos. “Experimentar uma alegria ingênua na superposição de desenhos de estrelas, pontos luminosos, luas, nas intervenções de riscos e traços. Uma grafia de vida através de imagens, palavras, textos poéticos e líricos, uma história de amor”, destaca.

 

Márcio Seligmann-Silva, ensaísta e professor de Teoria Literária na Unicamp, observa que na série “Cartas de Odessa”, Lena Bergstein “substitui o azul-horizonte pela paisagem que captou de sua varanda com um iPad. Sobre essa paisagem (indefinida, mas que inscreve o presente de Lena em sua obra), ela sobrepõe em camadas, cartas de amor, fotografias de álbuns de família (com parentes de Odessa) e intervenções gráficas (arquidesescrituras)”. “Do arquitraço fundador da cultura ao traço fotográfico, nessas topografias anímicas, Lena comemora seu presente em um arquivo múltiplo que nos lança no trabalho feliz da leitura infinita”, afirma.

 

 

A Arte e a Escrita, um relato do contemporâneo

 

Durante a exposição, Lena Bergstein dará um curso de três aulas, às quartas-feiras, às 20hs, nos dias 26 de abril, 3 e 10 de maio, em que fará uma reflexão sobre a relação entre a arte e a escrita pelo viés das cinco civilizações escriturais da Antiguidade: Mesopotâmia, Egito, China, Islamismo e Judaísmo.  Nesses encontros, será demonstrado como a relação entre a arte e a escrita não-fonética dessas culturas orientais influencia e marca os movimentos artísticos dos séculos 20 e 21.  O preço de cada aula é de R$20,00.

 

 

Sobre a artista

 

Lena Bergstein é artista plástica e professora de arte. Trabalha com telas, livros de artista e fotografias. Uma obra cuja poética é centrada nas questões da pintura e da escrita.  Nasceu no Rio de Janeiro em 1946. Cursou a Escola de Artes Visuais e o atelier de Gravura do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Participou de importantes bienais de gravura nacionais e internacionais, como em Ljubliana, Miami, Curitiba, Fredrikstad, Bradford e Taiwan. Atualmente mora em São Paulo, onde trabalha, expõe e dá aulas. Em 1989, passou a pesquisar os textos do filósofo francês Jacques Derrida, fazendo leituras poéticas e plásticas de seu pensamento, conferências e seminários em Paris.  Essa relação ficou evidente na “Tenda”, instalação montada no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, em 1992. Em 1998, ambos editaram um livro em parceria. O filósofo lhe ofereceu o texto “Forcener le Subjectile”, que deu origem à publicação “Enlouquecer o Subjétil”, livro vencedor do Prêmio Jabuti em 1999. Junto com o lançamento do livro Enlouquecer o Súbjétil, inaugurou a exposição “Toiles Récentes”, na Galerie Debret, Paris, e no Paço Imperial, Rio, em 1998.

 

Recentemente, Lena Bergstein participou, em 2015 e 2016, da SP Foto/Arte, com a Galeria ArtE Edições. Em 2015, expôs “Narrações”, no Museu Brasileiro de Escultura de São Paulo. Em 2013, fez uma individual no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Em 2012, fez a exposição “Livros”, no Centro Cultural Midrash. Dentre outras mostras individuais da artista estão“Relatos”, no Largo das Artes, no Rio de Janeiro, em 2009; “Marcas da Memória”, no Paço Imperial, no Rio de Janeiro, em 2007; “A Escrita do Silêncio”, no Solar Grandjean de Montigny, na PUC-RJ; no Instituto Ítalo Latino-Americano, em Roma, na Itália, e na Scuola Internazionale di Grafica, em Veneza, na Itália, ambas em 2004; “Amarelo Cromo”, no Museu da Chácara do Céu, no Rio de Janeiro, em 2003; “Telas e Gravuras”, no Centro Internazionale di Grafica, em Veneza, na Itália, e “Gravuras, Monotipias”, no Centro Internazionale di Grafica, em Roma, na Itália, em 1990. Dentre as principais exposições coletivas estão: “Gravure Extreme”, na Europalia, na Bélgica“, em 2011; Manobras Radicais”, no Centro Cultural Banco do Brasil, em São Paulo, em 2006; “Quatro artistas brasileiros”, em Veneza, na Itália, em 1988; “Velha Mania, Desenho Brasileiro”, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, em 1985; “Do Moderno ao Contemporâneo, Coleção Gilberto Chateaubriand”, no MAM Rio, em 1982; “Panorama Atual da Arte Brasileira, Gravura e Desenho MAM, em São Paulo, em 1981, entre outras.

 

Foi a artista convidada para participar do colóquio internacional, “Jacques Derrida, Pensar a Desconstrução”, em 2004, no Rio de Janeiro. Ministrou uma série de conferências, “Imagem e Texto na História da Arte”, na Escola de Magistratura do Rio de Janeiro, EMERJ, em 2007, e, em 2015, no Departamento de Artes da Unicamp, Campinas. Escreveu para a revista TRIEB, para a revista do IPHAM, Patrimônio Histórico, e para os Cadernos da Memória do Museu da República.

 

De 19 de abril  a 29 de maio.

Conversa aberta

11/abr

Na próxima segunda-feira, dia 17 de abril, às 18hs, Anita Schwartz Galeria de Arte, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, realiza em meio à exposição “Estofo” uma conversa aberta e gratuita com a artista Luiza Baldan e Ana Kiffer, professora no curso Cadernos do Corpo do Departamento de Letras, da PUC-Rio. A exposição reúne trabalhos inéditos de Luiza Baldan, resultantes de intensa pesquisa de quase um ano navegando na Baía de Guanabara, onde observou seu cotidiano e suas paisagens. Estão na exposição fotogravuras e suas matrizes, uma videoinstalação e um texto da artista.

 

“Estofo”, que na linguagem náutica significa intervalo de tempo onde não há corrente de maré, é o desdobramento do projeto “Derivadores”, em parceria com o artista Jonas Arrabal, publicado pela Automática Edições em 2016, dentro da bolsa “Viva a Arte!” (Secretaria Municipal de Cultura), com o apoio da empresa Prooceano e do Projeto Grael. A artista teve Ana Kiffer como professora no curso Cadernos do Corpo (Departamento de Letras, PUC-Rio), quando desenvolveu o projeto. Para “Estofo”, Luiza Baldan reeditou o texto, que está instalado com grandes dimensões em uma das paredes do espaço expositivo.

Prêmio Bradesco ArtRio

As inscrições para a quinta edição do “Prêmio FOCO Bradesco ArtRio” têm início dia 13 de abril, no portal da ArtRio. Com foco em fomentar e difundir a produção artística contemporânea do país, o Prêmio é destinado a artistas brasileiros, com até 15 anos de carreira, com trabalhos desenvolvidos em qualquer tipo de plataforma de artes visuais.

 

Os selecionados terão a oportunidade de participar de residência em importantes instituições culturais, além de terem suas peças expostas na ArtRio 2017, que acontece entre 13 a 17 de setembro, na Marina da Glória, Rio de Janeiro, RJ.

 
As residências do Prêmio FOCO Bradesco ArtRio em 2017 são:

 
– Rio de Janeiro – Residência Saracura – Responsável: Paula Borghi

 
– Minas Gerais – Residência Ecovila Terra Una – Responsável: Nadam Guerra

 
– Piauí (Teresina e São Raimundo Nonato) – Residência Instituto CAMPO + Fundação Museu do Homem Americano – Responsáveis: Marcelo Evelin e Niéde Guidon

 
Os três premiados receberão bolsas para se dedicarem exclusivamente a suas pesquisas durante o período de residência.

 
Análise das inscrições e definição dos vencedores será feita por um Comitê Curatorial independente, com a direção do curador do Prêmio, Bernardo Mosqueira. Participam do Comitê representantes de cada uma das instituições parceiras: Paula Borghi (Saracura), Nadam Guerra (Ecovila Terra Una); Marcelo Veloso e Niéde Guidon (Instituto CAMPO + Fundação Museu do Homem Americano).

 
As inscrições para a seleção do 5º Prêmio FOCO Bradesco ArtRio são gratuitas e vão até 31 de maio de 2017 no portal da ArtRio www.artrio.art.br, onde também está disponível o edital.

 
Dúvidas serão esclarecidas através do email: premiofoco@artrio.art.br. O resultado final do Prêmio será comunicado aos selecionados até o dia 30 de julho de 2017.

 

 
Sobre a ArtRio

 
A ArtRio 2017, que acontece entre os dias 13 e 17 de setembro, tem novo endereço: a Marina da Glória. O espaço, totalmente renovado e com vista para icônicos cartões postais da cidade – a Baía de Guanabara e o Pão de Açúcar – irá receber pela primeira vez as mais importantes galerias brasileiras e internacionais.

 
A ArtRio pode ser considerada uma grande plataforma de arte contemplando, além da feira internacional, ações diferenciadas e diversificadas com foco em difundir o conceito de arte no país, solidificar o mercado, estimular e possibilitar o crescimento de um novo público oferecendo acesso à cultura.

 

Fotos de Andréa Bernardelli

“Estado Misto”, exposição da fotógrafa Andréa Bernardelli, na Galeria do Ateliê, Avenida Pasteur, 453, Urca, Rio de Janeiro, RJ, é o resultado de uma parceria com o Ateliê Fotô de SP. A curadoria de Eder Chiodetto. A série é composta de 57 fotografias redondas e uma retangular com um círculo cortado, que a artista chamou de “OCO” como espécie de ser em potencial – todas, com a intenção de tangenciar a própria ideia de foco e margem e de aparição e desaparição no mundo do visível, as imagens-átomos de Andréa Bernardelli.

 
Nietzsche formulou o conceito do eterno retorno como um desafio para o pensamento: e se tivéssemos que “viver mais uma vez e por incontáveis vezes”? Um conceito para pensar a potência do presente, os ciclos. Como um trânsito de gestos que orbitam as existências. A artista investiga como a vida se organiza a partir do entrelaçamento entre o visível e o invisível. Utilizando-se da metáfora de um átomo, Andréa trabalha com a produção de fotografias redondas – um formato completamente atípico para o mundo retangular das imagens ocidentais.

 

O título do trabalho nasce da metáfora deste estado do visível que habitamos – e que é, também, o da vida das imagens – é um “Estado Misto” entre o aparecer e o desaparecer. “O visível abarca a presença e a ausência e nos instiga à percepção. E é a imagem quem revida o nosso olhar”, diz a fotógrafa.
Como dar conta de todas as imagens que nos habitam e que habitamos? Como entender a dimensão interior e sua aparição no mundo exterior? Entre o claro e o escuro, o que pode uma imagem, repetidas vezes nos dar a ver? Da imagem vazada, qual é a potência do olhar?

 

 

Sobre a artista

 

Andréa Bernardelli participou de diversos cursos no Internacional Center of Photography de Nova York, MAN-SP, Estúdio Madalena e, atualmente, integra o grupo de estudo e criação em fotografia no Ateliê Fotô com Eder Chiodetto e Fabiana Bruno. Em sua jornada utiliza a fotografia como instrumento de investigação de transitoriedade, da perplexidade existencial, dos intervalos de sentido. Foi vencedora do Prêmio Porto Seguro Brasil 2009, com a série “Maré de rio”.

 

 

Até de 10 de junho.

Escultura Contemporânea

Livro de autoria do professor e curador carioca Marcelo Campos – resultado de três anos de pesquisa – mapeia a produção escultórica brasileira a partir dos anos 1950 sob dez critérios temáticos e terá lançamento no dia 11 no Rio (Casa França-Brasil) e dia 19 de abril em Salvador (Palacete das Artes). Trata-se de um espaço rarefeito na bibliografia da arte brasileira que será ocupado com o lançamento da edição bilíngue de “Escultura Contemporânea no Brasil – Reflexões em dez percursos”, pela Caramurê Publicações.

 

Convidado pela editora baiana para destacar, a princípio, um pequeno grupo de escultores, Campos contrapropôs um contorno conceitual mais abrangente. O editor Fernando Oberlaender aceitou o desafio que resultou em uma obra de fôlego, com suas 420 páginas e 300 ilustrações. O patrocínio é da Global Participações em Energia S.A. (GPE), através da Lei de Incentivo à Cultura do MinC.

 

– Decidi fazer uma pesquisa mais extensa, olhando para artistas e obras canônicas, trabalhos que estabeleceram ou consolidaram mudanças de paradigma. Percebi, nesse levantamento, vertentes conceituais que me chamaram a atenção e optei por essa configuração, explica o autor.

 

Dos 200 artistas listados num primeiro apanhado, Campos selecionou 91 escultores (relacionados abaixo), cujo trabalho se desenvolveu a partir dos anos 1950. Eles estão distribuídos em dez capítulos-conceito, a partir do que o autor chama de “sintoma”: a reunião de “parentescos, células, lugares de encontro, onde a junção das poéticas as torna firmemente históricas”, ele define na introdução do livro.

 

A organização, portanto, não faz o caminho histórico-evolutivo, de alinhamento meramente temporal; também não segue o critério que reúne artistas e obras em movimentos ou grupos. Campos buscou a ampliação do raio de busca para além dos eixos geográficos tradicionais da produção artística brasileira.

 

 

– Pesou também minha identificação crítica com o trabalho. Não incluí os coletivos, mesmo que produzam objetos. E não enveredei pela instalação, privilegiando a tridimensionalidade; a manufatura, que me interessou bastante no livro, de certa forma, se apresenta como um contraponto à teatralidade da instalação. Campos reafirma que não houve intenção de esgotamento da pesquisa ou do olhar enciclopédico.

 

Os temas propostos pelo autor são: 1 – Herança construtiva, geometria revisada; 2 – Corpo, organicidade ; 3 – Atlas, mapas, localizações; 4 – Apropriação conceitual, imagéticas populares; 5 – Eu-objeto, relicários, espólios; 6 – Paisagem, casa e jardim; 7 – Tecnologia, mídias, comunicação; 8 – Ritual, totemismo, ídolos; 9 – A infância, o brinquedo; 10 – Hibridação, rotinas, alquimias.

 

 

Escultura Contemporânea no Brasil – Reflexões em dez percursos: Artistas

 

Abraham Palatnik (RN) | Afonso Tostes (MG) | Agnaldo dos Santos (BA), Alexandre da Cunha (RJ) | Almandrade (BA) | Amílcar de Castro (MG), Ana Linmemann (RJ) | Ana Maria  Tavares (MG) | Ana Miguel (RJ), Angelo Venosa (SP) | Anna Bella Geiger (RJ) | Anna Maria Maiolino (ITA), Artur Bispo do Rosário (SE) | Ascânio MMM (POR-RJ) | Ayrson Heráclito (BA), Bel Borba (BA) | Brennand (PE) | Brígida Balltar (RJ) | Camille Kachani (LIB), Carmela Gross (SP) | Celeida Tostes (RJ) | Cildo Meireles (RJ), Cristina Salgado (RJ) | David Cury (PI) | Edgard de Souza (SP), Edson da Luz (BA) | Eduardo Coimbra (RJ) | Eduardo Frota (CE), Emanuel Araujo (BA) | Efrain Almeida (CE) | Erika Verzutti (SP), Ernesto Neto (RJ) | Felícia Leirner (POL) | Fernanda Gomes (RJ), Flávio Cerqueira (SP) | Franz Weissman (AUT) | Hélio Oiticica (RJ), Iole de Freitas (MG) | Iran do Espírito Santo (SP) |Ivens Machado (SC), Jac Leirner (SP) | Jarbas Lopes (RJ) | Jorge Barrão  (RJ), José Bechara (RJ) | José Bento (BA) | José Damasceno (RJ), José Rufino (PB) | José Tarcisio (CE) |Juarez Paraíso (BA), Juraci Dórea (BA) | Laerte Ramos (SP) | Laís Myrrha (MG), Leonilson (CE) | Lia Menna Barreto (RJ) | Livia Flores (RJ), Luiz Hermano (CE) | Lygia Clark  (MG) | Lygia Pape (RJ), Márcia X (RJ) | Marcius Galan (EUA) | Marcone Moreira (MA), Marepe (BA) | Maria Martins (MG) | Milton Machado (RJ), Nelson Felix (RJ) | Nuno Ramos (SP) | Otavio Schipper (RJ), Paulo Nenflídio (SP) | Paulo Paes (PA) | Paulo Vivacqua (ES), Ramiro Bernabó (AR) | Raul Mourão (RJ) | Renata Lucas (SP), Renato Bezerra de Mello (PE) | Ricardo Ventura (RJ) | Ricardo Basbaum (RJ), Rodrigo Sassi (SP) | Rogério Degaki (SP) | Ronald Duarte (RJ), Rubem Valentin (BA) | Sandra Cinto (SP) | Sergio Camargo (RJ), Tatiana Blass (SP) | Tiago Carneiro da Cunha (SP) | Tonico Lemos Auad (PA), Tunga (PE) | Vanderlei Lopes (PR) | Vinicius S.A (BA), Wagner Malta Tavares (SP) | Waltercio Caldas (RJ) | Zélia Salgado (SP).

 

 

Sobre o autor

 

Marcelo Campos nasceu, vive e trabalha no Rio de Janeiro. É diretor da Casa França-Brasil, desde 2016, professor Adjunto do Departamento de Teoria e História da Arte do Instituto de Artes da UERJ e professor da Escola de Artes Visuais do Parque Lage. É doutor em Artes Visuais pelo PPGAV da Escola de Belas Artes/ UFRJ. Desenvolveu tese de doutorado sobre o conceito de brasilidade na arte contemporânea. É autor de “Um canto, dois sertões: Bispo do Rosário e os 90 anos da Colônia Juliano Moreira” (MBrac/Azougue Editorial, Rio de Janeiro, 2016) e  “Emmanuel Nassar: engenharia cabocla” (Museu de Arte Contemporânea de Niterói/MAC, Niterói, 2010). Foi curador das exposições: “Viragens: arte brasileira em outros diálogos na coleção da Fundação Edson Queiroz”, Casa França-Brasil, 2017; “Orixás”, Casa França-Brasil, 2016; “A cor do Brasil”, cocuradoria com Paulo Herkenhoff, MAR (Museu de Arte do Rio), 2015; “Tarsila e Mulheres Modernas”, cocuradoria com Paulo Herkenhoff, Hecilda Fadel e Nataraj Trinta, 2014, MAR (Museu de Arte do Rio); “Guignard e o Oriente”, junto com Priscila Freire e Paulo Herkenhoff, 2014, MAR (Museu de Arte do Rio).

Amilcar de Castro na Silvia Cintra + Box 4

07/abr

Para celebrar os 30 anos de representação no Rio de Janeiro da obra do escultor mineiro Amilcar de Castro (1920/2002), a galeria Silvia Cintra + Box 4, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, – a ser inaugurada no dia 19 de abril – preparou uma exposição com alguns trabalhos inéditos e curiosidades do processo criativo deste grande artista brasileiro. Faz parte da mostra uma série de 10 desenhos em papel com esboços das esculturas feitas por Amilcar ao longo da década de 80.

 

Nos desenhos é possível ver anotados cálculos, prováveis títulos das peças e até o telefone de fornecedores. Outros dois desenhos maiores e uma maquete, chamada carinhosamente por ele de “peteca”, mostram os testes do artista para a famosa “escultura de vidro” criada da década de 80 e que também está na exposição.

 

Outro destaque da seleção é o tampo de uma mesa de madeira usada por Amilcar como apoio para fazer as telas. Depois que esse tampo ficava bem “sujo” de tinta, o artista então fazia de fato uma pintura sobre essa memória de camadas. Ao longo de sua carreira foram feitos 15 tampos que eram consideradas por Amilcar suas únicas pinturas, já que suas telas eram chamadas por ele de desenhos.

 

No campo das esculturas, a surpresa fica por conta de uma grande obra em aço corten dos anos 50, uma das primeiras feitas em grande formato, e uma pequena escultura em granito, a única nesse material em toda sua trajetória. Completa a exposição três desenhos sobre tela da série de linhas, realizadas na década de 90.

 

A exposição de Amilcar de Castro no Rio de Janeiro acontece junto a outra homenagem ao artista. Durante a feira Frieze NY, a galeria irá apresentar um grande estande apenas com obras do escultor feitas entre as décadas de 1970 e 1980.

 

 

De 19 de abril a 27 de maio.

Livro de Rosângela Rennó

06/abr

Na próxima terça, dia 11, será o lançamento do livro da exposição “O Espírito de Tudo”, de Rosângela Rennó, no Oi Futuro Flamengo, Rio de Janeiro, RJ. A edição bilíngue conta com textos da curadora Evangelina Seiler, da própria artista e com citações de autores consagrados como Walter Benjamin, Marcel Proust e Ítalo Calvino.

 
Rosângela manteve no livro o caminho percorrido na exposição, obedecendo a uma lógica sensorial. “É importante ressaltar que eu não lanço um catálogo, mas um livro em que as obras ganham um tratamento especial por estarem em outro meio. O que na exposição era vídeo, por exemplo, agora apresenta imagens gráficas. É um prolongamento do trabalho”, explica a artista.

 

 

 
Lançamento:

11 de abril- Rio de Janeiro –
Horário: 18h30 no Oi Futuro Flamengo, Rua Dois de Dezembro, 63 – Flamengo.
Rio de Janeiro
168 páginas, edição de 2017.

Preço de capa: R$ 90,00.

 

Décio Vieira, homenageado

04/abr

Da abstração ao neoconcretismo: uma homenagem a Décio Vieira. Esta exposição é um dos frutos da profícua parceria firmada em 2016 entre o Sistema Fecomércio RJ, por meio do Sesc, e o Museu de Arte do Rio – MAR. Focada no projeto Partiu MAR!, programa de formação continuada de professores e visitas educativas ao museu, a parceria estende-se também ao programa curatorial, permitindo que sejam realizadas exposições de forma conjunta, de modo a ampliar o alcance deste programa para além da capital carioca.

 

Esta é a primeira vez que o MAR apresenta uma mostra fora de sua sede, na Praça Mauá, além de ser uma das mais ricas parcerias curatoriais que desenvolvemos até então. Foi por conta da vontade de pensar coletivamente que surgiu este projeto, nascido de um olhar prospectivo sobre a complexidade da história do Palácio Quitandinha, onde hoje funciona a unidade de Petrópolis do Sesc. Esta é, portanto, uma preciosa oportunidade de expansão das perspectivas e das ações do Museu de Arte do Rio.

 

 

Museu de Arte do Rio – MAR

 

A mostra parte de um marco fundamental para a história da arte brasileira, a 1ª Exposição nacional de arte abstrata, realizada aqui, no Palácio Quitandinha, em 1953. Sob a organização geral de Edmundo Jorge e Décio Vieira – e por meio de articulações que envolveram também a Associação Petropolitana de Belas Artes e o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro –, a exposição foi um dos momentos inaugurais de afirmação social de uma arte não figurativa no Brasil.

 

Pouco programática em termos de escolhas estéticas e políticas dentro do campo da abstração, e diferentemente de iniciativas posteriores, a 1ª Exposição nacional de arte abstrata não buscava afirmar um paradigma construtivo único, mas abrir espaço para as liberdades de investigação então em efervescência. “Da abstração ao neoconcretismo: uma homenagem a Décio Vieira” apresenta, por um lado, uma contextualização histórica do campo da arte do Rio de Janeiro entre as décadas de 1940 e 1950 e, por outro, a trajetória pessoal de Décio, articulando o indivíduo à coletividade como forma de dar a ver a instauração de um ambiente moderno no país. Além de organizador da mostra, ele foi também o artista premiado pelo júri formado por Mário Pedrosa, Niomar Muniz Sodré e Flávio de Aquino.

 

Não apenas sua importância para a exposição e o ambiente de consolidação de uma arte não figurativa no país, mas também a contribuição e permanente revolução de Décio Vieira para a arte são evidenciadas nesta mostra. Integrante do Grupo Frente – responsável pela afirmação de uma agenda de arte concreta no Brasil -, logo depois ele passou a desenvolver sua obra em chave neoconcreta, evidenciando uma produtiva inquietação. Sua trajetória da “abstração ao neoconcreto” fala da singularidade da obra de Décio e nos adverte do inquestionável lugar de importância do estado do Rio de Janeiro diante da cultura brasileira.

 

 

Até 09 de julho.

Nelson Felix no MAM-Rio

O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Parque do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, inaugura no próximo dia 08 de abril a exposição “Trilha para 2 lugares e trilha para 2 lugares”, com trabalho homônimo inédito de Nelson Felix – a quarta e última parte da série “O Método Poético para Descontrole de Localidade”, iniciada em 1984. A obra reúne a vivência do artista em dois locais distintos: Citera, uma ilha na Grécia, e a cidade de Santa Rosa, no pampa argentino.  A palavra trilha, repetida duas vezes no título da exposição, tem duplo significado: o percurso percorrido pelo artista e a presença sonora. Um cabo de aço atravessará o espaço do MAM, em tensão máxima, a ponto de emitir um som que será captado e amplificado. Com um total de 270 metros – 35 metros estirados a 60 centímetros do chão e o restante tensionado em volta de pilastras do Museu – o cabo de aço aponta para duas direções: Citera e Santa Rosa.  

 

Em uma pequena sala fechada e toda forrada por espuma, haverá três monitores onde serão exibidos vídeos que registram a vivência do artista em cada um dos locais. As imagens foram feitas por Guilherme Begué e Cristiano Burlan, este último  há quatro anos se dedica a fazer um filme sobre o artista. Caixas de som irão reproduzir o som emitido pela tensão do cabo de aço, que se somará ao som ambiente dos vídeos, constituindo assim, a sua trilha sonora. A estrutura de edição das imagens, que ora se duplicam ora se alternam nos monitores, se assemelha a uma composição musical para três instrumentos.

 

O trabalho de Nelson Felix torna assim o museu dúbio instrumento: musical e uma espécie de bússola, formalizada na direção que indica o cabo de aço no espaço expositivo, a mesma percorrida pelo artista no globo terrestre.

 

A série “O Método Poético para Descontrole de Localidade” sempre teve na poesia seu ponto de partida. No trabalho apresentado no MAM Rio, foi a obra do poeta francês Mallarmé, principalmente seu poema “Um lance de dado jamais abolirá o acaso”, que determinou o início do processo. Nelson Felix lançou sobre um mapa-múndi um dado com o número seis em todas as faces, em data e hora estabelecidas, e em local incidental do curso de uma estrada. Daí surgiram os dois locais-eixo do trabalho: Citera e Santa Rosa (pampa argentino).  Em Citera, lançou o dado ao mar, em Santa Rosa, o enterrou. Nesses lugares, o artista desenhou compulsivamente, durante várias horas, impregnado do ambiente e ao mesmo tempo deixando sua marca nele, como se fundisse à paisagem.

 

Depois de estar em Citera, Nelson Felix observou que “vários artistas realizaram obras sobre a peregrinação a esta ilha: Watteau, Gerard de Nerval, Verlaine, Victor Hugo, Debussy, mais recentemente Theo Angelopoulos, e principalmente Baudelaire, grande influência de Mallarmé”. E descobriu ainda outro fato curioso em comum a esses artistas: com exceção de Watteau, todos haviam frequentado o café-restaurante Closerie des Lilas, em Paris, fundado em 1847. Nelson Felix se sentiu impelido a ir, ele mesmo ao local, e de lá acrescenta algumas imagens aos vídeos da exposição.

 

 

A palavra da curadoria

 

 

Trilha para 2 lugares e trilha para 2 lugares, de Nelson Felix, inscreve-se com destaque na programação do MAM de 2017. Tal destaque, entretanto, não se restringe ao reconhecimento da importância inegável de sua obra para a produção contemporânea brasileira. Ao acolher esse projeto da série Método poético para descontrole de localidade (iniciada com o projeto 4 cantos feito pelo artista, a convite da Fundação Serralves, em 2007, na cidade do Porto, em Portugal, o museu também reitera sua vocação experimental e vincula, uma vez mais, seu nome a outras mostras emblemáticas de artistas e movimentos artísticos brasileiros aqui realizadas. Finalmente, Trilha para 2 lugares e trilha para 2 lugares soma-se ao nosso programa de exposições temporárias, cuja dinâmica é complementar àquela das mostras do acervo – ou seja, revelar outros pontos de vista da produção de artistas que fazem parte de nossa coleção.

 

De acordo com Felix os trabalhos dessa série “visam traduzir uma ideia de espaço simultâneo, de construção poética que amalgamam locais por meio do desenho […]. Nesse sentido, esculturas, desenhos, ações, fotografias, vídeos e deslocamentos ilustram um texto formando uma noção de lugar que se submete a um desenho no globo terrestre.” A confluência desses espaços diversos, fundamentados experiencialmente, só pode fazer sentido e ser produzida com base num “método poético para descontrole de localidade” marco que separa a ambiguidade poética característica da arte da experimentação cientificamente regulada.

Fernando Cocchiarale e Fernanda Lopes

 

 

Sobre o artista

 

Nascido no Rio de Janeiro, em 1954, Nelson Felix ocupa lugar de destaque na cena contemporânea desde 1978, quando integrou a exposição “Artistas Cariocas”, na Fundação Bienal de São Paulo, até a recente mostra individual “O Oco” (2015), na Pinacoteca do Estado de São Paulo. Com diversos prêmios, residências e exposições no Brasil e no exterior, o artista participou ainda de várias bienais, como a III Trienal de Desenho (1986), no Germanishes National museum, em Nuremberg, Alemanha; XXIII Bienal Internacional de São Paulo (1996); Bienal do Barro (1998), no Centro Cultural de Maracaibo, Venezuela; II Bienal do Mercosul (1999), em Porto Alegre; Brasil + 500 anos, Mostra do Redescobrimento, Bienal de São Paulo (2000); V Bienal do Mercosul (2005), em Porto Alegre; Bienal no Instituto Tomie Ohtake (2010), em São Paulo; Bienal do Vento Sul (2011), em Curitiba.

 

 

 

De 08 de abril a 04 de junho.