Na Galeria Fortes Vilaça

17/nov

Paralelamente à exposição “Interior Design” de Simon Evans – que inaugura amanhã, 18/nov às 19h, na Galeria Fortes Vilaça, Vila Madalena, São paulo, SP, será apresentado o curta-metragem “Cutaways” da artista polonesa Agnieszka Kurant no segundo andar da galeria. Assim como a exposição de Evans, o filme será exibido até o dia 22/dezembro.

 

 

Realizado em parceria com o premiado editor de cinema Walter Murch de “Apocalypse Now” e “O Poderoso Chefão”, o trabalho de Kurant traz à tela o universo invisível de personagens que, apesar de concebidos e filmados para certas produções cinematográficas, foram completamente excluídos na edição final. Em seu filme, a artista escolhe três desses coadjuvantes omitidos para lhes dar sobrevida, extraídos de obras cultuadas de Kubrick, Tarantino e Sarafian. Entre os atores que aceitaram reprisar seus papéis, está a atriz Charlotte Rampling.

 

 

“Cutaways” retrata o encontro de personagens de produções distintas, como se tivessem ganhado vida autônoma e passassem a compartilhar o mesmo limbo narrativo. O enredo toma como base os roteiros originais de cada filme, aproveitando inclusive algumas das falas. Três atores aceitaram reprisar seus papéis depois de anos da trama original: Charlotte Rampling como a caronista de Vanishing Point (de Richard C. Sarafian, 1971, lançado no Brasil como Corrida contra o Destino); Abe Vigoda como o advogado e melhor amigo do protagonista em The Conversation (de Francis Ford Coppola, 1974, lançado no Brasil como A Conversação); e Dick Miller como o dono do ferro-velho de Pulp Fiction (de Quentin Tarantino, 1994).

 

 

Uma sequência de nomes hollywoodianos encerra a projeção, informando que vários outros atores também interpretaram personagens fantasmas em suas carreiras. A tipografia de cada nome é baseada naquela usada nos cartazes de seus respectivos filmes, como se a artista propusesse um jogo de descobrir de quais títulos eles foram excluídos.

 

 

 

Sobre Agnieszka Kurant

 

 

Agnieszka Kurant nasceu em 1978 em Lodz, na Polônia, e atualmente vive e trabalha em Nova York. Dentre suas exposições individuais, destacam-se: exformation, Sculpture Center (Nova York, 2013) e Stroom den Haag (Haia, Holanda, 2013); 88.2 MHz, Objectif Exhibitions (Antuérpia, Bélgica, 2012), Theory of Everything, Museum of Modern Art (Varsóvia, Polônia, 2012). Já participou da diversas mostras importantes como a Bienal Performa de Nova York (2013 e 2009), Bienal de Arquitetura de Veneza (2010), Bienal de Bucareste (2008), Bienal de Moscou (2007), além de diversas outras coletivas em instituições como Guggenheim (Nova York, 2015), MoMA PS1 (Long Island, 2013), Witte de With (Roterdã, 2011), Tate Modern (Londres, 2006), Palais de Tokyo (Paris, 2004), entre outros.

 

 

 

Até 22 de dezembro.

Livro de Inos Corradin

16/nov

O crítico de arte Jacob Klintowitz comunica que o pintor Inos Corradin homenageará a sua cidade de eleição, Jundiaí, São Paulo, SP, com uma exposição de pinturas na bela sede do SESC. Também na programação, o lançamento do livro de sua autoria sobre o trabalho do artista, denominado “O ilusionista na estrada”. O conhecido crítico afirma ainda que terá “….a alegria de dar uma palestra sobre o extraordinário percurso de sua pintura e o diálogo que ela mantém com a Commedia dell’arte e com a nossa época”.

 

 

A palavra do autor e crítico de arte

 

A seguir, um recorte mínimo do que Jacob Klintowitz já escreveu sobre o artista e cuja síntese emocional é: “…ao fim e ao cabo, em Inos Corradin todo mar é lua e toda lua é sonho”.
“A alma manifesta do trabalho de Inos Corradin, aquele que o acompanha desde sempre, o Ilusionista, o mágico, este artista da transformação e das aparências…”.

 

“Talvez Inos Corradin seja só um pintor poeta, esteja entre aqueles cuja obra pretenda traçar um mapa do labirinto incompreensível e indecifrável que é a nossa vida neste universo feito de formas que englobam formas e de presenças que não vemos”.

 

“O cotidiano, para os paisagistas, adquire uma notável identidade. De certa maneira, ao imaginar ou colher um fragmento, o paisagista inventa a paisagem: ele acorda a memória do Paraíso.”

 

 

A partir de 24 de novembro.

O hobby em Fernando Ribeiro

10/nov

A Galeria Mônica Filgueiras, Jardins, São Paulo, SP, expõe “Meu Hobby na Arte”, do artista plástico Fernando Ribeiro, com curadoria de Marcello Hirsch e Felipe Giaffone. Autointitulado um “piloto frustrado”, o artista recria nas telas alguns modelos de carros que gostaria de ter pilotado, utilizando a mesma técnica de outros trabalhos para buscar resultados inéditos.

 

Em uma tentativa de unir a arte que domina com uma paixão pessoal, Fernando Ribeiro apresenta sua nova série de pinturas, as quais abordam o universo automobilístico. Pintados em tinta acrílica sobre papel algodão, alguns modelos icônicos de carros são reproduzidos nas obras inéditas do artista. “Busquei colocar minha visão nas tonalidades, mas mantive a base das cores, ressalvando o critério iconográfico de cada modelo de carro”, comenta. Neste sentido, citando alguns dos trabalhos que perfazem a mostra, Fernando recria a famosa McLaren de Ayrton Senna, que tinha como patrocinadora uma grande marca de cigarros; o Porsche esportivo que carregava a logomarca do famoso vermute italiano; o lendário modelo de corridas Elf-Tyrrell, entre muitos outros.

 

Em “Meu Hobby na Arte”, Fernando Ribeiro constrói uma relação cronológica e histórica com o automobilismo, por meio de suas pinturas realistas, e fala sobre uma paixão que nunca havia sido abordada em sua obra. Imagens tradicionais, familiares principalmente aos aficionados pelo tema, porém impressas com a visão do artista, “(…) em ângulos distorcidos, grandes oculares de minha ótica”, como define o próprio.

 

 

De 12 a 28 de novembro.

Mauricio Nahas no Museu Afro Brasil

O Museu Afro Brasil, Parque do Ibirapuera, acesso pelo porão 3, instituição da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, recebe a exposição “D​o Pó da Terra”,​ com 50 imagens em preto e branco feitas pelo fotógrafo Mauricio Nahas no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais. A mostra, que tem curadoria de Diógenes Moura, faz parte de um projeto que envolve o lançamento de um livro de fotografias e de um longa documentário, todos produzidos com um mesmo objetivo: revelar quem são e como vivem os artistas da região, em sua maioria mulheres.

 

O projeto “D​o Pó́ da Terra”,​ idealizado pelo produtor e agente fotográfico Fernando Machado, tem como objetivo lançar um novo olhar – mais verdadeiro e sensível – sobre a produção artística em cerâmica e argila dos moradores da região conhecida por sua realidade miserável. Desemprego, seca, altas taxas de mortalidade, alcoolismo, violência e o solo condenado pela monocultura do eucalipto fizeram com que o Vale do Jequitinhonha recebesse o apelido de Vale da Miséria.

 

No ano que o Museu Afro Brasil comemora 11 anos de história, seu Diretor Curador, Emanoel Araujo comenta: “Por certo a sensibilidade de Mauricio Nahas foi tocada pelas paisagens do magnífico rio Jequitinhonha e por sua gente – rostos, mãos de barro batido, sofrimento, muito sol e nuvens cortando a dureza desse mesmo sol que anuncia um céu estrelado para amenizar a noite desse lugar sagrado e profético, o palco da criação desses magníficos artistas” e complementa: “São homens e mulheres, doces criaturas do sertão, livres nas suas imaginações como o pó da terra. Vive toda essa gente a criar outras gentes, outras formas, outras cenas que muitas vezes se tornam realidade, que transcendem a realidade da própria vida, uma espécie de sonho que se realiza das mãos cheias de barro fazendo nascer as fantasias idealizadas.”

 

Em 2013, Fernando Machado e Mauricio Nahas decidiram percorrer o Vale para documentar em um filme a vida em comum entre a figura humana e a natureza das coisas. “O Vale é como uma joia rara, valiosa, que precisava ser vista, preservada e entendida como tal”, conta Fernando Machado. Foram 3.300 quilômetros rodados em sete cidades: Santana do Araçuaí́, Caraí, Minas Novas, Itinga, Coqueiro do Campo, Itaobim e Ladainha. Lá encontraram mulheres fortes, chefes de família, que convivem com alcoolismo, pobreza, falta de perspectiva e abandono dos companheiros que muitas vezes migram por conta do desemprego. Mulheres que através do trabalho artesanal encontraram a chance de sustento para a família. É o caso de dona Zezinha (Maria José Gomes da Silva), uma das artesãs mais prestigiadas da região, que já́ teve seus trabalhos expostos na sede da ONU, em Nova York, em 2013. Outra personagem marcante – e uma das pioneiras entre as artistas do Vale – é dona Izabel (Izabel Mendes da Cunha), criadora das famosas noivas de cerâmica que hoje caracterizam a arte local. Ela começou o trabalho com a argila quando criança, incentivada pelo desejo de ter uma boneca e por ver sua mãe e sua avó fazerem panelas e potes.

 

“Os artesãos do Vale do Jequitinhonha (também naïfs) se apropriam de um instante para em seguida imortalizá-lo em suas obras: o barro, a química da água, a percepção de tudo o que está entre as mãos, a vida/corpo como um filtro. Uma espécie de espelho íntimo onde estão representados os desejos e as esperanças de ir do ontem e do hoje ao muito além. Trata-se de um ato de perpetuação. Da construção de um mundo que surge do interior profundo” explica o curador, Diógenes Moura.

 

As imagens do documentário, que será́ lançado no primeiro semestre de 2016 e que tem produção da Notorious Films e direção de Mauricio Nahas, f​oram captadas em 2013. Já as fotografias que estão no livro e na exposição foram produzidas no começo de 2015 em uma segunda viagem ao Vale, com o objetivo de fotografar as paisagens e personagens mais marcantes. O livro “D​o Pó da Terra” (Edições Notorious Films/208 páginas) tem imagens de Mauricio Nahas e textos de Diógenes Moura, Emanoel Araújo e Fernando Machado, e será́ lançado no mesmo dia da abertura da mostra.

 

 

De 12 de novembro a 03 de janeiro de 2016.

 

Coletiva sobre o Tempo

04/nov

Situada na Vila Mariana, São Paulo, SP, a  Fauna Galeria, em parceria com a Kamara Kó, exibe “Para Ver Se o Tempo Volta”, exibição coletiva dos artistas Alberto Bitar, Ionaldo Rodrigues,Keyla Sobral e Octavio Cardoso, com curadoria de Mariano Klautau Filho. Não obstante a conterraneidade dos artistas – todos de Belém do Pará -, o elemento que reúne os 20 trabalhos desta mostra é a convergência de suas poéticas em torno do tempo, não no sentido de cultivar nostalgias, mas de exercer certo domínio sobre ele.

 

Ao misturar suportes, estabelecendo diálogos entre a fotografia com outros materiais, a proposta de Mariano Klautau Filho é exaltar a experiência com o tempo na construção da imagem fotográfica como exercício de ficção. Em todos os trabalhos expostos, pode ser observado o domínio sobre o tempo e suas “velocidades”, sendo este o fio condutor para abordar a temática e outras questões levantadas em “Para Ver Se o Tempo Passa”. Mariano Klautau Filho, curador, ainda destaca a constatação da irreversibilidade do tempo e seu efeito devastador em experiências pessoais, “Algo com o qual não se pode combater, mas se pode jogar, iludir, negacear”, comenta.

 

Neste sentido, Octavio Cardoso apresenta 3 imagens de sua produção mais recente, nas quais desfia a trama entre tempo e espaço, dissimulando a quietude de uma natureza obscura. O tempo parece imobilizado, seja no conforto uterino de uma cama ou no rigor frontal da árvore à contraluz.Ionaldo Rodrigues, por sua vez, trabalha com diversas câmeras de pequeno formato, celulares e imagens precárias. Nas 3 fotografias que exibe, perfaz um recorte sofisticado de sua produção em cor, somado ao conjunto de imagens realizadas em Cianótipo e Papel Salgado.

Alberto Bitar cria uma velocidade do tempo alterada, num misto de aceleração e recuo construídos a partir da experiência espaço-tempo. Em 5 fotografias e 1 vídeo, o artista desvenda sua obra essencialmente urbana, se valendo de recortes da memória pessoal, de casas onde habitou e de resquícios de experiência familiar. Funcionando como uma espécie de arremate da exposição, Keyla Sobral apresenta seus desenhos, palavras, objetos e imagens escondidas, em um universo bastante pessoal, sutil e aparentemente frágil. Tal delicadeza, entretanto, oculta um leve amargor em alguns momentos, e em outros uma ironia pontual diante das perdas.

 

Extraído de um neon de Keyla Sobral – “Ando de costas para ver se o tempo volta” -, o título da mostra reitera um pouco da dimensão e da intenção desta pequena reunião de trabalhos, como define Mariano Klautau Filho: “superar o imponderável; recuar, se for necessário, e saber matar o tempo”.

 

 

 

De 05 de novembro a 19 de dezembro.

MASP exibe Moda

26/out

O MASP, Avenida Paulista, São Paulo, SP, inaugurou a exposição “Arte na moda: Coleção MASP Rhodia”, na qual apresenta o conjunto completo da Coleção MASP Rhodia, doada em 1972, e composta por 78 peças produzidas nos anos 1960. Assinam a curadoria da mostra o diretor artístico Adriano Pedrosa, a curadora adjunta Patrícia Carta e o curador Tomás Toledo.

 

A coleção foi doada pela empresa química francesa Rhodia, que lançava seus fios sintéticos no Brasil, e utilizava desfiles e coleções de moda como forma de divulgação de seus produtos. Essa estratégia foi concebida por Lívio Rangan, então gerente publicitário da Rhodia, responsável por coordenar a criação das coleções e organizar os desfiles onde as roupas eram divulgadas. Estes se aproximavam mais de um espetáculo que de uma divulgação comercial, reunindo profissionais do teatro, dança, música e das artes para sua realização.

 

O vestuário exposto tem estampas criadas por artistas brasileiros como Willys de Castro, Aldemir Martins,Hércules Barsotti, Carybé, Ivan Serpa, Nelson Leirner, Manabu Mabe, Alfredo Volpi, Lula Cardoso Ayres e Antonio Maluf, entre outros. As escolhas dos artistas revelavam o interesse em dialogar com a arte contemporânea do momento e refletiam as principais tendências estéticas e programas artísticos do período.

 

A abstração concreta está presente nas peças de Hércules Barsotti, Willys de Castro e Antonio Maluf. Já a abstração informal aparece nos vestidos de Manabu Mabe e Antonio Bandeira, e as referências ao pop, nas peças de Carlos Vergara, e Nelson Leirner.

 

Outra preocupação era trazer para a coleção a temática da cultura popular brasileira, parte importante da história do museu, além de assunto frequente nas pesquisas de Lina Bo Bardi. As estampas criadas por Aldemir Martins, Carybé, Francisco Brennand, Genaro de Carvalho, Lula Cardoso Ayres, Manezinho Araújo, Gilvan Samico e Carmélio Cruz refletem o tema.

 

A moda esteve presente no MASP em eventos e exposições realizadas no passado, como o desfile de vestidos de Christian Dior, em 1951; o desfile de moda brasileira, em 1952; e o Festival de Moda – I Exposição Retrospectiva da Moda Brasileira, de 1971, no qual foram exibidas algumas das peças que estão presentes nesta mostra. A expografia desenvolvida para a exposição é uma combinação monocromática de dois elementos: bases horizontais elevadas do chão para os manequins e cortinas que criam planos verticais de fundo para as peças. Distribuídos pelo espaço expositivo do segundo subsolo, criam um percurso de visitação: se vistos de cima, uma composição gráfica de curvas e retas. A opção pela predominância da cor preta nos elementos expográficos permite destacar as cores vibrantes das peças e, ao mesmo tempo, controlar melhor a intensidade da iluminação, para preservar as peças têxteis, bastante sensíveis.

 

No contexto da exposição, será vendido um catálogo inédito com reprodução das 78 peças. Além do texto curatorial, o catálogo contará com comentário crítico da especialista Patrícia Sant’Anna, cuja tese de doutorado realizado na Universidade Estadual de Campinas, Unicamp, abordou a coleção MASP-Rhodia.

 

Estarão contemplados na publicação e na exposição os artistas Aldemir Martins, Alfredo Volpi, Antonio Bandeira, Antonio Maluf, Carlos Vergara, Carmélio Cruz, Carybé, Danilo Di Prete, Fernando Lemos, Fernando Martins, Francisco Brennand, Genaro de Carvalho, Gilvan Samico, Glauco Rodrigues, Hércules Barsotti, Hermelindo Fiaminghi, Isabel Pons, Ivan Serpa, João Suzuki, José Carlos Marques, Kenishi Kaneko, Licínio de Almeida, Lívio Abramo, Luigi Zanotto, Lula Cardoso Ayres, Manabu Mabe, Manezinho Araújo, Moacyr Rocha, Nelson Leirner, Tikashi Fukushima, Tomoshigue Kusuno, Waldemar Cordeiro e Willys de Castro.

 

 

O conceito da curadora adjunta

 

Para Patrícia Carta, o acervo único reúne a riqueza de um momento histórico marcado pela ascensão do prêt-à-porter e pela crescente industrialização do país. “A importância desta exposição, além de trazer a estética e a plasticidade da época, é aproximar a arte de outras áreas, como moda e design, e é um bom exemplo de dessacralização do espaço museológico.”

 

 

Sobre Patrícia Carta

 

É curadora adjunta de vestuário e moda do MASP, diretora da Carta Editorial, que publica Harper’s Bazaar e a revista Iguatemi, entre outros títulos. Foi diretora das publicações da Condé Nast, como a Revista Vogue, de 2003 a 2010. Na Folha de S.Paulo, foi editora de moda de 1992 a 1997.

 

 

Curso Arte, Moda e Museu

 

O Museu de Arte de São Paulo – MASP oferece, por meio do MASP Escola, uma grade abrangente se cursos livres voltados para interessados em artes — temas como fotografia, história da arte e moda são destaques. Desde o dia 21 de outubro, o museu oferece o curso “Arte, Moda e Museu”, ministrado por Lorenzo Merlino, que se propõe a localizar e relacionar características cruciais da história da moda, iniciando pela pré-história e as primeiras vestimentas, passando pela diferenciação por gênero da Idade Média, e chegando ao contexto recente da globalização expressa pelo Ready-to-Wear e o Fast Fashion. Os movimentos de vestuário serão apresentados de maneira cronológica com viés crítico e inter-relacional ao longo de oito aulas.

 

Lorenzo Merlino tem 20 anos de experiência no mundo da moda, professor titular da cadeira de Estilo no curso de moda da Fundação Armando Álvares Penteado – FAAP desde 2010 e Pós-Graduado com nota máxima em História da Arte pela mesma instituição em 2013. Professor colaborador na Escola São Paulo, na Casa do Saber, no Senac e nas Faculdades Rio Branco. Desde abril é o novo figurinista-residente do Theatro Municipal de São Paulo.

 

 

Até 14 de fevereiro de 2016.

MASP expõe Léon Ferrari

O MASP, Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, Avenida Paulista, São Paulo, SP, expõe “León Ferrari: entre ditaduras”, um recorte do conjunto de obras doadas ao museu, pelo próprio artista, em 1991. A maioria dos trabalhos foi produzida em São Paulo, onde Ferrari viveu exilado por quinze anos. O artista chegou à capital paulista em 1976, após ter fugido de Buenos Aires no auge da “guerra sucia” (guerra suja), que devastou a Argentina e causou consequências fatais a Ferrari, cujo filho foi assassinado durante o período.  A mostra reúne, assim, mais de noventa obras que fazem referência aos regimes ditatoriais da América do Sul e questionam a forma repressiva com que exerciam o controle sobre a população, regulando estritamente todos os aspectos da vida cotidiana.

 

As obras da coleção do MASP incluem um conjunto de impressões em Xerox, gravuras e desenhos, bem como duas pinturas, uma escultura e um objeto, a maior parte delas produzidas durante sua estadia no Brasil, exceto dois trabalhos iniciais da década de 1960. As impressões em Xerox, foco da exposição, são bastante reveladores do contexto em que Ferrari estava trabalhando tanto na Argentina quanto no Brasil. O artista participou da rede de arte postal, que surgiu durante a década de 1960 e prosperou na década de 1970 em toda a América Latina. Em São Paulo, Ferrari esteve próximo de artistas que exploravam o potencial da mobilidade e a alta distribuição da mídia impressa e das artes gráficas em tempos de coerção política e econômica, e que, por isso, trabalhavam com diferentes técnicas gráficas, como heliografia, fotocópia, microfilme, letraset e videotexto. Destacam-se, nesse grupo, os artistas Carmela Gross, Hudinilson Jr., Regina Silveira e Julio Plaza, pioneiro no uso de videotexto no país e organizador de exposição de trabalhos feitos com essa tecnologia na Bienal de São Paulo de 1983, curada por Walter Zanini.

 

A primeira série de impressões, que se relaciona com a série Heliografias e com “Homens e Imagens” – livros de artista produzidos posteriormente por Ferrari –, utiliza-se da linguagem e da representação do desenho técnico e arquitetônico para transmitir os sistemas de controle da população e a regulamentação do cotidiano instrumentalizado pelos diversos aparatos ideológicos do Estado. A segunda série está relacionada com os livros de artista “Parahereges” e “Releitura”, e aborda especificamente aspectos religiosos e da Igreja Católica, criticando seu conservadorismo em relação à sexualidade e aos costumes sociais.

 

Pela primeira vez, reproduções das obras expostas e outras de Ferrari que integram o acervo do museu serão compiladas em um catálogo elaborado especialmente para a exposição. Assinam a curadoria da mostra o diretor artístico Adriano Pedrosa, a curadora-adjunta Julieta González e o curador Tomás Toledo.

 

 

Sobre o artista

 

León Ferrari nasceu em 1920 em Buenos Aires, Argentina, onde faleceu em 2013. Pintor, gravador, escultor e artista multimídia.  Considerado o maior artista plástico da Argentina, León Ferrari foi um crítico contundente da Igreja Católica e da ditadura militar em seu país, o que é evidente em grande parte de sua produção. Sem nunca ter cursado escola formal de artes, iniciou seu trabalho como escultor na Itália, onde residiu por três anos. Em 1955, realizou uma exposição individual na Galeria Cariola, em Milão. Em 1960, começou a fazer esculturas de arame e aço inoxidável, e, dois anos depois, produziu desenhos caligráficos e colagens. Em 1965, engajou-se no movimento cultural e político do Instituto Di Tella de Buenos Aires e abandonou a produção abstrata. Entre 1968 e 1969, participou dos eventos “Tucumán Arde” e “Malvenido Rockefeller”, em Buenos Aires. Em 1976, durante a ditadura militar na Argentina, exilou-se na cidade de São Paulo, época em que retomou a produção de esculturas em metal e intensificou a produção de trabalhos em fotocópia. Em 1977, passou a fazer esculturas sonoras em barras metálicas e interessou-se por novos meios expressivos, incentivado pela convivência com Regina Silveira e Julio Plaza (1938-2003).

 

 

Sobre Julieta González

 

Atua como curadora-adjunta de Arte Moderna e Contemporânea do MASP, e curadora chefe e diretora interina do Museo Jumex, na Cidade do México. Recentemente ocupou os cargos de curadora sênior do Museo Rufino Tamayo, na Cidade do México, e curadora-adjunta do Bronx Museum, em Nova York. De 2009 a 2012, foi curadora associada de arte latino-americana da Tate Modern, de Londres; de 1999 a 2001, curadora do Museo Alejandro Otero, de Caracas; e de 1994 a 1997 e 2001 a 2003, curadora do Museo de Bellas Artes de Caracas. Assinou a cocuradoria da 2ª Trienal Poligráfica de San Juan, Latinoamérica y el Caribe, com Jens Hofmann e também com o diretor artístico do MASP Adriano Pedrosa e a curadora convidada Beatriz Santiago. González curou mais de trinta exposições, tais como Juan Downey: A Communications Utopia (2013), Rita McBride: Public Transaction (2013) e Tomorrow Was Already Here (2012), todos no Museu Tamayo, na Cidade do México; Ways of Working: The Incidental Object, Fondazione Merz,
Turin (2013); Parque Industrial, Galeria Luisa Strina, São Paulo (2012); Juan Downey: El ojo pensante, Fundación Telefónica, Santiago, Chile (2010); Farsites at Insite, San Diego/Tijuana (curadora-adjunta com diretor artístico Adriano Pedrosa, 2005); Etnografía modo de empleo, Museo de Bellas Artes de Caracas, Venezuela (2003); e Demonstration Room: Ideal House (com Jesús Fuenmayor, 2000-2002), Museo Alejandro Otero, Caracas, Venezuela. É mestre em Cultural Studies pela Goldsmiths University, de Londres, tendo participado do programa de estudos de curadoria do Whitney Museum (1997-1998). Estudou arquitetura na Universidad Simón Bolívar, em Caracas, Venezuela, e na École d’Architecture Paris-Villemin, em Paris. Editou diversos livros de artistas e contribuiu com inúmeros ensaios para catálogos e publicações internacionais.

 

 

Até 21 de fevereiro de 2016.

Ozi, primeira individual

23/out

Comemorando os 30 anos de atuação na cena cultural, o artista plástico Ozi inaugura sua primeira exposição individual, “Ozi Pop Up Show”, na galeria A7MA, Vila Madalena, São Paulo, SP. A curadoria é de Marco Antonio Teobaldo. O artista exibe um recorte dessa longa trajetória, através de uma combinação de 47 trabalhos nos quais utiliza, prioritariamente, a técnica do stencil.

 

Para a “festa”, Ozi expõe 17 remixagens do ícone pop Mickey Mouse, de quem é um fãn de longa data, e que também está presente em algumas séries de trabalhos: latas de spray costumizadas – “OZICANS 30 latas”. As “OZICANS” foram produzidas em comemoração aos 30 anos de arte e graffiti, e representam um pequeno recorte da produção com trabalhos antigos, atuais e algumas releituras divertidas de ícones de consumo.

 

Na inédita “MixMickey”, Ozi apresenta uma mixagem do Mickey Mouse com vários personagens de HQ, criando os “Mickeys híbridos”. Já em “Arte Ordinária”, os trabalhos são uma crítica bem humorada ao modo como uma cultura nos é imposta, sem que pensemos antecipadamente nas consequências que isso trará para nossa vida diária.Para o artista, sério e responsável em seu compromisso criativo e educacional, é importante não perder o viés da diversão. Sempre atento, sua inspiração vem do cotidiano.

 

Ozi atua nas ruas desde 1985, imprimindo suas ideias nos muros e paredes da cidade de São Paulo. Com seus trabalhos de stencil bem humorados, por vezes irônicos, questiona o capitalismo, a sociedade de consumo e religião, de forma divertida e descompromissada, sempre com um tom de crítica às mazelas humanas.

 

 

O conceito do artista

 

– “Notícias dos meios de comunicação, alguma frase ou algo que vejo pelas ruas. Alguns assuntos que me incomodam também tem minha atenção. Uso ícones bem conhecidos e de fácil aceitação pelo público, que coloco em situações incomuns. A ideia sempre é causar algum estranhamento para que as pessoas parem para refletir.”.

 

 

Sobre o artista

 

Ozi, artista plástico paulistano, iniciou suas atividades no graffiti em 1985, por incentivo e apoio de dois importantes artistas paulistas: Alex Vallauri (precursor do graffiti em São Paulo) e Maurício Villaça. Desde então, vem ocupando os muros da cidade com seu trabalho, tornando-se parte da primeira geração de artistas envolvidos com o graffiti. Tem participado ativamente da cena street art de São Paulo e de várias exposições no Brasil e exterior, sejam elas em galerias, museus, instituições culturais ou espaços ao ar livre.

 

 

Sobre a galeria

 

A7MA criada em 2012, por Enivo, Jerry Batista, Tché Ruggi, Cristiano Kana e Alexandre Enokawa. Do indivíduo ao coletivo, muito além de um nome – athima (alma em hindu), a ‘A7MA’ é a representação da união de duas casas artísticas: o ‘Coletivo 132’ e a ‘Fullhouse’. Com mais de 100 m² de arte, o repertório cultural da galeria possui mais de 30 exposições em seu catálogo e um acervo variado obras sendo considerada um dos principais espaços na cidade, interessado exclusivamente pela arte de rua.

 

Composta por pessoas cultivadas pelos anos de produção artística e outra dos passantes da Vila Madalena, uma coisa é rápido sacar sobre esse espaço. Ele é amigável e nada opressor – parece uma extensão da rua. A7MA representa a arte que nasceu nas ruas e permanece ganhando visibilidade e reconhecimento no mercado. A cada dia, a cada nova exposição, é como se renovassem na união e no propósito de aproximar a arte de quem quiser ser envolvido por ela.

 

 

De 29 de outubro a 14 de novembro.

Duas na Emma Thomas

22/out

A Galeria Emma Thomas, Jardins, São Paulo, SP, exibe, simultaneamente, a exposição “De tudo aquilo que não nos representa”, individual da artista Érica Ferrari, e “No lugar do ar”, ocupação da artista Carolina Martinez que integra a 3ª edição do Work.in.Process – projeto no qual um artista convidado expõe parte de seu processo criativo no segundo andar da galeria.

 

Em “De tudo aquilo que não nos representa”, Érica Ferrari parte de uma pesquisa sobre a funcionalidade do monumento na cidade e o uso do espaço de seu entorno. “Em recente período de residência em Berlim, fiz um estudo de observação dos monumentos daquela cidade. Por ser um lugar com uma história de conflitos e governos díspares, possui os mais variados tipos de monumentos e memoriais, que por vezes são resignificados e alterados com o passar do tempo”, ela conta. Voltando a São Paulo, a partir dessa experiência, a artista direcionou sua atenção aos monumentos da cidade, especialmente em relação aos seus significados como construções simbólicas e de uso.
Na mostra, Érica apresenta uma instalação com cerca de 3 metros de comprimento, feita com cimento, gesso, entulho e outros materiais de descarte. Nesta obra, a artista funde o espaço público que constitui o entorno de um monumento em escala real. Para tanto, foi escolhido como ponto de partida o Obelisco da Memória, o mais antigo monumento de São Paulo, situado no Largo da Memória, no centro da cidade. “Após pesquisar, decidi escolher esse obelisco pois ele funciona quase como um marco vazio, prestando homenagem a sua própria existência. No entanto, o uso publico do espaço em que se encontra é bastante significativo”, diz.

 

Para a artista, trata-se de uma tentativa de pensar sobre um espaço que deveria ser representativo em um sentido – como símbolo cívico – mas funciona de outras formas, como por exemplo ponto turístico, local de permanência de moradores de rua ou mesmo apenas como local de passagem.

 

Em “De tudo aquilo que não nos representa” também são apresentadas três obras de parede, produzidas com madeira, entulho e formica. Em uma delas, diversos obeliscos estão dispostos como em uma reunião ao redor de um espaço retangular vazio. Em outro trabalho, duas bandeiras permanecem hasteadas do lado de fora de uma sala deserta. Também será exibida uma projeção de um vídeo gravado nas cidades de Berlim e São Paulo, na qual a artista mostra a dinâmica que turistas, transeuntes e moradores mantêm com esses símbolos e com os espaços públicos que os circundam.

 

Já em “No lugar do ar”, 3ª edição do Work.in.Process, a artista Carolina Martinez abre ao público seu processo criativo e apresenta obras finalizadas, estudos e trabalhos ainda processo. O segundo andar da galeria será ocupado pelas pesquisas “Perímetros” e uma série de instalações nas quais a artista reflete sobre o vazio. “São pesquisas que sintetizam dois campos que venho explorando desde o início da minha produção: a pintura e a instalação”, conta Carolina.

 

“Perímetros” é uma série iniciada em 2014 em seu ateliê na antiga fábrica Behring. São placas de madeira com pinturas de cantos e ‘quinas’ onde surge o elemento tridimensional das ripas de madeira, representando um rodapé. As ripas ultrapassam o limite das placas pintadas sugerindo um perímetro imaginário e, de certa forma, completando o vazio da pintura. Nesta série, Carolina apresenta ripas não só com o seu significado simbólico, o canto, mas como traços que transformam a obra em objeto, trazendo volume e sombra. A obsessão por espaços vazios e perspectivas incomuns apresentados nesta série são recorrentes no embate estético e conceitual do desenvolvimento da artista, que tem arquitetura como formação.

 

A ocupação “No lugar do ar” também é composta por uma série de instalações que a artista desenvolve desde 2013 e que parte de um estudo realizado em uma residência artística em Nova York. Aqui, o ponto de partida é o site-specific, as características arquitetônicas do ambiente expositivo e seus potenciais apropriados. “A intenção é que através do deslocamento de um elemento ordinário arquitetura local, seja possível uma distorção na perspectiva e consequentemente, na percepção do espaço”, conta.

 

No início de 2015 esta série se desdobrou em “Rodapés Mutantes”, instalação com sessões de rodapés instaladas em cantos e parede numa dimensão escultórica, a partir das características do espaço e que desenha e sugere um movimento contínuo. “Essa é uma obra aberta onde os imprevistos e as falhas avançarão de forma inesperada, só vivenciada no ateliê até hoje, portanto inédita ao público.”

 

 

Sobre Érica Ferrari

 

Nascida em 1981, em São Paulo, é formada em Artes Visuais pela USP. Participou de exposições com o grupo Hóspede e individualmente. Ganhou Prêmios Aquisições em importantes salões de arte do Brasil e recebeu prêmios públicos de incentivo à produção. Nos últimos anos produz instalações e painéis a partir de pesquisa em torno das relações entre a arquitetura, a paisagem e a história. Isso inclui estudos sobre a densidade histórica e simbólica das construções arquitetônicas, as diferentes representações da ideia de paisagem e dos elementos que compõem visualmente nossa compreensão do que é construído e do que é natural. As peças são apresentadas como objetos ou painéis, geralmente construídos com materiais comumente usados em casas e móveis como madeira, gesso e fórmica. Erica apresentou exposições individuais na Galeria Emma Thomas, no Palácio das Artes (Minas Gerais), no Museu de Arte de Ribeirão Preto (São Paulo), na 32° ARCO em Madrid e no Prêmio Festival Cultura Inglesa. Foi artista residente na Casa Tomada (São Paulo), no Sculpture Space em Utica (Nova York) e na Rampa (Madrid). No ano passado, apresentou exposições individuais no Pivô e no Paço das Artes, ambos em São Paulo. De abril a julho desde ano esteve em residência no GlogauAIR, em Berlim, produzindo um novo corpo de trabalhos.

 

 

Sobre Carolina Martinez

 

Artista carioca que através de pintura, fotos Polaroid ou instalações site-specific, estuda o espaço, a arquitetura e o vazio. Procura por conexões que existem entre espaços urbanos invisíveis, arquitetura e cenas da vida cotidiana que muitas vezes passam despercebidas. Em suas obras site-specific busca deslocar algo padrão na arquitetura e de alguma forma procura elevar um elemento ordinário da arquitetura ao status de Escultura. Como no caso dos rodapés na Galeria Laura Marsiaj (Rio de Janeiro, 2013) e do roda-teto na Residency Unlimited (Nova York,2015), ao desafiar noções convencionais de arquitetura, distorço a percepção que o espectador tem do espaço. Através de fotos Polaroid procura vazios urbanos e lugares geralmente negligenciados na rotina contemporânea. Assim, a ideia das suas fotografias é mostrar textura e poesia em cenas comuns das grandes cidades, olhando para trás, para a cidade, o espaço real, que é palpável e moldável. Suas pinturas são constantemente apresentadas como um corpo integrado de trabalho que estabelece associações em busca de aspectos (e perspectivas) dos espaços urbanos invisíveis, arquitetura e rotina contemporânea.

 

 

Até 14 de novembro.

A mostra das Musas

21/out

Tassi Espaço Cultural, Pacaembu, São Paulo, SP, abre a mostra coletiva “Musas”, com curadoria de Elizabeth Tenani e obras de Edu Cardoso, Fabrini Crisci, Flammarion Vieira, Piero Figura e Sonia Menna Barreto. O conceito curatorial busca reunir artistas em torno de um tema comum, propondo que cada um crie novas peças para homenagear suas respectivas musas.

 

Para a exposição a Tassi, convidou cinco artistas para que revelem ao público suas musas, mulheres renomadas, que os influenciam ou inspiram de alguma forma. Neste sentido, Edu Cardoso elege Dona Beja para a homenagem, personalidade influente na região de Araxá, Minas Gerais, durante o século XIX. Esta escolha não se deu apenas pelo fato da mitológica beleza de Dona Beja, mas também por sua vida e história estarem repletas de mistérios. “(…) me remete a uma plasticidade com uma certa aura surreal e que tem tudo a ver com a identidade do meu trabalho”, comenta o artista, que apresenta, na mostra, uma tela, pintada com tinta acrílica, tinta óleo e alguns detalhes de tinta spray dourada. Fabrini Crisci, por sua vez, exalta a figura de Marlene Dietrich, atriz e cantora alemã, por quem sempre foi fascinado. “Já pintei várias vezes Marlene e sempre fico hipnotizado com o olhar penetrante sedutor e fatal dela. Morei alguns anos na Alemanha, trabalhando em cabarets, em um destes espetáculos uma atriz, representando Marlene Dietrich, se apaixonava por um autômato, o qual eu representava. Maravilhoso quando o artista ‘encontra’ sua Musa”, relembra Fabrini.

 

Flammarion Vieira participa da mostra celebrando Frida Kahlo, por se identificar com a artista na estética, no modo como viveu amores, dores e paixões. Flammarion já trabalha com este tema há anos, e utiliza colagem e assamblage, inspirado também por Farnese de Andrade e Jean Dubufet. Já Piero Figura resgata o modo alegre e contagiante de Carmen Miranda, escolha que se deu em razão da estética e pela forma lúdica que a artista apresentava o Brasil, sempre cantando e cheia de vida. “Imagino a personagem sempre como se ela estivesse fazendo algo exclusivamente para mim, congelo este instante e reproduzo, utilizando a técnica acrílica sobre canvas”, comenta. Por fim, Sonia Menna Barreto homenageia Catarina de Bragança, Rainha Consorte da Inglaterra, Escócia e Irlanda, entre 1662 e 1685. Após realizar várias pesquisas para um determinado trabalho, Sonia descobriu que foi Catarina, quando na ocasião do casamento com o rei inglês Charles II, quem levou para lá o hábito do chá com bolinhos das 5h; hábito seguido e cultuado pelos ingleses até hoje. “Também introduziu na Corte Inglesa o hábito de servir as refeições em pratos de porcelana, e também inventou o garfo! Foi uma mulher admirável”, diz a artista.

 

Com esta mostra inédita, a Tassi Espaço Cultural confirma sua inserção no circuito cultural paulistano, com proposito de contribuir para a formação artística da população local. De uma forma descontraída, a mostra “Musas” oferece ao público a oportunidade de entrar em contato com a história de personalidades importantes, que inspiram a criatividade em diversas pessoas.

 

 

De 05 de novembro a 22 de dezembro.