Galeria Lume em novo endereço

27/nov

A Galeria Lume inaugura seu novo espaço no Jardim Europa, São Paulo, SP, e abre a exposição coletiva “Blow Up!”, com obras de todos os artistas por ela representados. Sob curadoria de Paulo Kassab Jr., aproximadamente 40 trabalhos, entre fotografias, esculturas objetos e pinturas, compõem a mostra, que propõe uma nova forma de pensar e analisar a arte, alheia a preconceitos ou amarras pré-estabelecidas.

 

Em um momento especial para a Galeria Lume, a inauguração de seu novo espaço, “Blow up!” desafia o espectador a decifrar as obras de uma maneira particular. Na ocasião, um recorte do portfólio da galeria perfaz a mostra coletiva: diferentes séries, conceitos, olhares e materiais se misturam para instigar distintas formas de pensar. Entre alguns dos trabalhos expostos, temos a série “Flying Houses”, do fotógrafo francês Laurent Chéhère; “Ladies Room Around the World”, da norte-americana Maxi Cohen; “The Non Conformists” e “The Last Resort”, do britânico Martin Parr; e entre os brasileiros, “Priva-Cidade”, “Publi-Cité”, de Rodrigo Kassab; “São Paulo Verticais”, de Paulo D’Alessandro, “Corpo Vago”, de Gal Oppido; a pintura realista “Cantareira”, de Kilian Glasner; além de pinturas de Paulo von Poser e esculturas de Florian Raïss.

 

Fundada em 2011, a Galeria Lume cresceu; os limites de sua antiga sede já não comportavam mais seu vasto portfólio. Com novos artistas, começou a explorar novas mídias, para as quais o espaço físico é primordial. “Além disso, há muito tempo queríamos ter a galeria com acesso mais fácil, e agora chegou o momento.”, comenta Felipe Hegg. Com uma localização privilegiada, a Lume dá um passo adiante e se estabelece como uma referência no mercado. A nova galeria abrigará não apenas exposições como também debates, saraus, cursos livres e, em breve, uma residência artística.

 

Em meio a tamanha diversidade, alguns talvez enxerguem o conjunto de obras dispostas em Blow Up! como belas paisagens, imagens históricas, esculturas e telas tecnicamente perfeitas, seguindo a exatidão de olhos apegados à realidade. Já os afeitos à imagem poética, à imaginação, “verão cheiro de infância em casas que flutuam, ouvirão contos através de indiscretas janelas e questionarão cobras que transformam-se em rios, criando nostalgias de um tempo vivido na memória.”, conclui Paulo Kassab Jr.

 

 

De 27 de novembro a 17 de fevereiro de 2015.

Recortes de uma coleção – Marcelo Cintra

25/nov

A Ricardo Camargo Galeria, Jardim Paulistano, São Paulo, SP, inaugura nova edição do projeto “Recortes de uma Coleção” trazendo uma seleção de fotografias do colecionador Marcelo Cintra, em exposição pela primeira vez no circuito cultural paulistano. Com curadoria de Ricardo Camargo e texto de Diógenes Moura, a mostra exibe 18 fotografias – p&b e cor – de dez autores renomados do circuito brasileiro e internacional, como Begoña Egurbide, Cristiano Mascaro, Mario Cravo Neto, Miguel Rio Branco, Pedro David, Pedro Motta, Pierre Verger, Robert Mapplethorpe, Sebastião Salgado e Tuca Reinés.

 

 

O recorte elaborado para a mostra é composto por imagens que, de alguma forma, por algum ângulo, em algum momento entre o olhar e a apreensão da cena pelo profissional, retrata a figura humana; no todo ou em partes, em movimento ou estático. “O conjunto de imagens escolhido na coleção de Marcelo Cintra trata dessa relação: o fotógrafo e o outro, ele mesmo.”, define Diógenes Moura.

 

 

Fases representativas dos fotógrafos com trabalhos icônicos das mesmas estarão dispostas lado a lado, formando um painel visual harmônico e ao mesmo tempo diversificado, abrangendo temas dos mais variados como crenças populares, sadomasoquismo, sensualidade, entre outras.

 

 

A coleção de Marcelo Cintra possui como base primordial o olhar criterioso do colecionador: “somente compro as fotos que me emocionam; seja pelo tema abordado ou pela técnica utilizada” define Marcelo Cintra. A inclusão da fotografia em seu acervo pessoal ocorreu após uma visita, já há alguns anos, a semana de Fotografia em Madrid; sendo que nos dias atuais estas já respondem por 20% de suas obras de arte.

 

 

 

A palavra de Ricardo Camargo

 

 

Em 2010 criamos a exposição “Recortes de uma Coleção” com a intenção de expor obras de criteriosos colecionadores de arte. Neste momento em que a fotografia já é uma realidade de mercado por meio de galerias, feiras e leilões especializados, coloquei-me o desafio de realizar uma exposição totalmente voltada a esta arte. Conheço o Marcelo Cintra há alguns anos e constatei a qualidade de sua coleção, por isso propus a ele apresentarmos um pequeno recorte com 18 selecionadíssimas fotografias adquiridas ao longo dos anos.

 

 

 

Texto de Diógenes Moura

 

A garganta das coisas

 

 

Inventamos a fotografia por quê? Se vemos todas as coisas, por que inventamos fixá-las? Não é bastante vê-las, cada um do seu jeito? O que é uma fotografia se não podemos decifrá-la? Nada. Nenhuma fotografia é a mesma quando a olhamos duas vezes. É como um livro aberto: pode mudar a cada instante. O fenômeno da fotografia que muda a cada instante, como um livro aberto, é o mesmo que faz com que a figura humana transite, pertença, se modifique em signo e representação, apareça e desapareça diante do fotógrafo que terá como missão final de perpetuar uma imagem-persona ou fragmentá-la para sempre. Portanto, o fotógrafo diante da figura humana estará diante de si mesmo, não em um autorretrato, mas, sobretudo, na construção de uma imagem derradeira ou não. Esse o desafio.

 

 

O conjunto de imagens escolhido na coleção de Marcelo Cintra trata dessa relação: o fotógrafo e o outro, ele mesmo. Em situações variadas, em territórios diversos, interiores ou não, prontos para serem investigados como na imagem de Begoña Egurbide, que propõe um jogo de percepções, uma terceira dimensão a partir do inconsciente óptico que provoca uma mudança de cena onde a figura humana aparece e desaparece, avança e recua dependendo da forma e de onde o espectador se coloca diante da imagem, numa proposta contemporânea de busca por uma “outra coisa” que seja interpretada como fotografia.

 

 

Sempre um exercício de linguagem. Que poderá ser no Pelourinho ou em Havana. E sendo assim, unir três nomes fundamentais para a compreensão da fotografia brasileira: Mario Cravo Neto, Miguel Rio Branco e Pierre Verger, o francês Fatumbi, o homem que possuía e possui para sempre os olhos de Xangô. Havana líquida nas imagens de Rio Branco, o automóvel-símbolo, o luminoso como linha do tempo, os cantos da cidade, a silhueta de um homem que quase caminha em direção à câmera do fotógrafo que o vê como uma aparição. Presença e passagem. Como nas imagens de Cravo Neto, ele, que varou as ruas de Salvador para encontrar Legbá, o semelhante junguiano de Exú que o fez transformar Laróyè numa das séries mais importantes e definitivas da fotografia brasileira: sal e iodo sobre o corpo negro, Cristo e Iemanjá barrocos e profanos.

 

 

No universo de um o universo do outro. Exu entende Verger, um mesmo campo ancestral: no candomblé de Joãozinho da Goméia ou multiplicados, Verger no plural sendo um só: em Canudos ou na Guiné-Bissau. Tudo fluxo, natureza em festa na ponta da pedra, no Porto da Barra onde Cristiano Mascaro viu o menino pular de ponta cabeça que virado ao contrário poderá ser o mesmo dorso de Tuca Reinés, longilíneo, um Botticcelli afro, o homem desdobrado no casal que Mapplethorpe levou para o estúdio. Figuras humanas que passam a pertencer à idade do tempo, porque vão do ontem ao muito além. Algo que nos pertence tanto quanto a paisagem submersa de Pedro David e Pedro Motta, os dois corpos que flutuam (não como os corpos/árvore iluminada por feixes de luz de Sebastião Salgado) nas águas que inundaram os sete municípios no nordeste do estado de Minas Gerais, para a formação do lago da Usina Hidrelétrica de Irapé, no leito do rio Jequitinhonha. As casas demolidas, as famílias devastadas. O silêncio que a imagem guardará para sempre.

 

A fotografia é assim, como um livro aberto: poderá mudar a cada instante.

 

 

 

De 25 de novembro a 17 de dezembro.

Raquel Arnaud apresenta Carla Chaim e Ding Musa

A galeria Raquel Arnaud, Vila Madalena, São Paulo, SP, apresenta duas exposições simultâneas: Carla Chaim e Ding Musa.

 

 

Carla Chaim

 

Composta por diferentes suportes como desenho, fotografia e escultura, as obras recentes de Carla Chaim na mostra “Pesar o Peso” ocupam o térreo da galeria. Em todas essas mídias, a artista estabelece um diálogo entre o corpo e formas básicas geométricas. As obras evidenciam a dicotomia existente entre o corpo, orgânico em movimento, e as formas duras e estáticas dos desenhos e de peças que parecem ora flutuar, ora pesar no espaço.

 

Nesta exposição, segundo Chaim, o corpo se mostra como agente do trabalho de arte, surgindo como personagem que se transforma em esculturas e volumes. Já os desenhos insinuam o corpo como agente inicial e, no processo de feitura, aparece como agente primordial. Alguns são construídos com grafite em pó sobre papel, matéria primeira de desenhos, rascunhos e anotações. Eles falam do próprio processo de construção de planos, e quase se transformam em esculturas, ou desenhos tridimensionais, pela sutil dobra do papel.

 

Para o crítico Cauê Alves, que assina o texto expositivo, “a discussão da noção de corporeidade fica mais explícita nas fotografias em que a superfície do corpo da artista, em escala real, surge parcialmente coberta pelo mesmo papel japonês de outros trabalhos. Mas nele as dobras retas claramente não se adaptam ao corpo em movimento da artista e, aos poucos, dão lugar aos amassados. A impossibilidade de encontrar uma sincronia completa, um encaixe perfeito entre o corpo e as dobras do papel, resultam em imagens em que os movimentos dos braços e pernas são limitados pela geometria. Mas ao se aproximar da dança, é como se a artista elevasse ao grau máximo a expressividade que uma folha retangular desenrolada pode adquirir. O conflito entre o corpo humano e o corpo do papel se resolve na constatação da origem orgânica em comum compartilhada por ambos”, afirma.

 

Na série “Queda”, o conceito de desenho e de escultura se fundem tanto nos materiais quanto nos diálogos que a artista cria entre as obras e entre a arquitetura da galeria. O plano bidimensional e o  tridimensional se confundem entre o processo inicial e o resultado final da obra. Eles coexistem do início ao fim do processo, se transformando em “desenhos tridimensionais” e “esculturas bidimensionais”.

 

 

Ding Musa

 

No segundo andar, em sua exposição de estreia na galeria Raquel Arnaud, Ding Musa reúne em “Equações” uma série de trabalhos que lida ao mesmo tempo com o conceito de infinito de limite. “A idéia de infinito como experiência sensorial fracassada, ou como uma tentativa humana de experimentá-la através da estética aliada à matemática e a representação e seus limites”, ressalta o artista.

 

Esses trabalhos recentes de Musa, fotografias, objetos de metal, parede de azulejos, e instalação com espelhos, fotografia – singulares ou em duplas, com paralelismos ou espelhamentos, segundo o crítico Paulo Miyada faz pensar em fórmulas químicas, proporções algébricas, equivalências geométricas e equilíbrios de forças. “São notações fundamentais para toda a educação porque nos deixam expressar, quantificar e calcular relações entre grandezas mais ou menos abstratas”, afirma.

 

Segundo Miyada, ainda, muitas das obras da exposição de Ding Musa, principalmente quando há duas ou mais partes similares, convidam o espectador a perscrutar possíveis diferenças entre elas. “Perceber as relações de equivalência aparente e a infinita desigualdade que a realidade traz. É prática que faria bem também para duvidar da pecha de “exatas” que a educação aplica aos campos de conhecimento mais afins às fórmulas e equações”, completa.

 

 

De 26 de novembro a 20 de dezembro.

VISITA GUIADA da exposição CASA 7

24/nov

O curador Tiago Mesquita selecionou 20 obras produzidas entre os anos 1990 e 2000, do grupo de artistas que, no início dos anos 1980, se reunia, com finalidades estéticas comuns, em uma casa de número 7 numa pequena vila na cidade de São Paulo.

 

A Galeria Bergamin, Jardins, São Paulo, SP, está com a Exposição Casa 7 em cartaz até 13 de dezembro de 2014.

A mostra “Casa Sete”, composta por uma seleção de 20 obras de Rodrigo Andrade, Carlito Carvalhosa, Fábio Miguez, Paulo Monteiro e Nuno Ramos, artistas de inegável importância na cena atual das artes visuais, que, por um curto período, de 1982 a 1985, trabalharam juntos em um ateliê na casa número sete de uma vila na cidade de São Paulo. Lá, além de compartilharem o espaço, dividiram algumas inquietações estéticas.

 

Quase 30 anos após o fim desse estúdio coletivo, o curador Tiago Mesquita buscou trabalhos que revelam as semelhanças e a diversidade no trabalho dos cinco artistas. “A ideia é mostrar obras que definiram a trajetória individual de cada membro do grupo e estabelecer as linhas de diálogo que permaneceram”, explica o curador. “Os trabalhos tomaram caminhos muito distintos, porém a indefinição, a recusa em tornar objetos e espaços evidentes na descrição visual parece persistir no trabalho de cada um desses artistas”, escreve Tiago Mesquita em seu texto crítico.

 

No período em que se reuniam no ateliê, tinham como marca trabalhos de grandes dimensões, cujos materiais largamente utilizados eram a tinta industrial e o papel kraft, por seu baixo custo. Foram eles, segundo o crítico Lorenzo Mammi, que experimentaram o neoexpressionismo no Brasil, corrente que já se apresentava na Europa.

 

Entre eles, Rodrigo Andrade é hoje o mais ligado às questões propriamente pictóricas, que, por vezes, o reaproximam do neoexpressionismo. Nuno Ramos ramifica seu trabalho entre pintura, escultura e literatura. Paulo Monteiro transitou entre a pintura e a escultura, utilizando para esse suporte trabalhos em ferro e chumbo fundidos. Fábio Miguez e Carlito Carvalhosa, já nos anos 80, trabalham com a encáustica. Carvalhosa passa depois a trabalhar com cera em suas telas, e mais adiante utiliza a escultura e a performance, enquanto Miguez explora a tridimensionalidade em relevos e a indefinição do espaço com o uso do branco.

 

 

 

 

Local:

Rua Oscar Freire, 379, Lj 01 – Jardins – São Paulo

 

Data:

Dia 25 de novembro das 19 as 20:30 horas.

Recortes de uma coleção na Ricardo Camargo Galeria

18/nov

 

A Ricardo Camargo Galeria, Jardim Paulistano, São Paulo, SP, inaugura nova edição do projeto “Recortes de uma Coleção” trazendo uma seleção de fotografias do colecionador Marcelo Cintra, em exposição pela primeira vez no circuito cultural paulistano. Com curadoria de Ricardo Camargo e texto de Diógenes Moura, a mostra exibe 18 fotografias – p&b e cor – de dez autores renomados do circuito brasileiro e internacional, como Begoña Egurbide, Cristiano Mascaro, Mario Cravo Neto, Miguel Rio Branco, Pedro David, Pedro Motta, Pierre Verger, Robert Mapplethorpe, Sebastião Salgado e Tuca Reinés.

 

O recorte elaborado para a mostra é composto por imagens que, de alguma forma, ângulo, ou em algum momento entre o olhar e a apreensão da cena pelo profissional, retrata a figura humana; no todo ou em partes, em movimento ou estático. “O conjunto de imagens escolhido na coleção de Marcelo Cintra trata dessa relação: o fotógrafo e o outro, ele mesmo.”, define Diógenes Moura.

 

Fases representativas dos fotógrafos com trabalhos icônicos das mesmas estarão dispostas lado a lado, formando um painel visual harmônico e ao mesmo tempo diversificado, abrangendo temas dos mais variados como crenças populares, sadomasoquismo e sensualidade, entre outras.

 

A coleção de Marcelo Cintra possui como base primordial o olhar criterioso do colecionador: “…somente compro as fotos que me emocionam; seja pelo tema abordado ou pela técnica utilizada” define Marcelo Cintra. A inclusão da fotografia em seu acervo pessoal ocorreu após uma visita, já há alguns anos, a semana de Fotografia em Madrid; sendo que nos dias atuais estas já respondem por 20% de suas obras de arte.

 

 

De 25 de novembro a 17 de dezembro.

Carlos Huffmann na SIM galeria

14/nov

A SIM galeria, Curitiba, Paraná, apresenta série de pinturas e impressão digital sobre tela do artista plástico Carlos Huffmann. Os quadros são um ponto de chegada por um caminho que vai em paralelo à certos desenvolvimentos da história da arte mais recente, que são resolvidos inteiramente à sua maneira sem a maioria dos temperamentos locais.

 

Os enormes caminhões, centralizados, que protagonizam os quadros são vistos gigantescos e absurdos, mas também extremamente eloquentes e reais como num sonho. São personagens cuja identidade foi criada a partir de uma superposição temporal, e nos falam da resistência insana da cultura marcial dos homens, do desejo de poder e de certa euforia indefinível.

 

As obras expressam a tensão entre a reprodutibilidade direta, a atualidade da fotografia e a intervenção surrealista da pintura. Assistem de maneira alerta e documental à monstruosidade das imagens do presente e a exacerbação por meio da ficção. Apontando sobre esse presente mas recorrendo a um arquivo de imagens e chaves excêntricas entre a fascinação e o horror.

 

O interesse pela overdose de estímulos, a estática cotidiana, a velocidade, o ritmo narrativo vertiginoso das novas formas culturais se mesclam com suas referências de videogames, televisão, desenhos animados, mitologia, psicologia e filosofia. Para Carlos Huffmann o ponto cego mais forte enfrentado ao tentar encontrar sentido no mundo é em relação ao mainstream, que é imprescindível culturalmente. Os conteúdos desta enxurrada de imagens e conceitos determinam em grande parte a forma de compreensão do mundo. O ordinário manda. O sentido comum tem uma face oculta.

 

 

Sobre o artista

 

Nascido em Buenos Aires, 1980, durante a ditadura militar, Carlos Huffmann formou-se em Economia e em 2003 entrou para o Instituto de Artes da Califórnia, o Cal Arts. Suas obras fazem parte da coleção Jorge M. Pérez, Miami, EUA e Tiroche de Leon, Tel Aviv, Israel.

 

 

De 18 de novembro a 20 de dezembro.

Damien Hirts exibe Black Scalpel Cityscapes

12/nov

Detentor do Turner Prize (maior prêmio das artes visuais do Reino Unido) e um dos artistas mais valorizados e polêmicos da atualidade, Damien Hirst recebeu, pela primeira vez , uma mostra individual no Brasil. Autor de obras que surpreenderam o mundo das artes a partir do final dos anos 80 – como o famoso tubarão mergulhado em um tanque de formol (The Physical Impossibility of Death in the Mind of Someone Living) e a caveira humana cravejada de diamantes (For the Love of God) –, o artista inglês inaugurou na White Cube São Paulo, Vila Mariana, São Paulo, SP, a exposição “Black Scalpel Cityscapes”, composta por 17 trabalhos inéditos.

 

Descritas pelo artista como “retratos de cidades vivas”, as obras apresentam uma variada seleção de instrumentos cirúrgicos que são agrupados para criar visões aéreas de espaços urbanizados ao redor do mundo. Nelas, Damien Hirst investiga tópicos relacionados a realidades muitas vezes inquietantes do mundo moderno, como vigilância, crescimento urbano, globalização e a natureza virtual do conflito, assim como elementos que se relacionam à condição humana universal, tais quais nossas inabilidades para frear a deterioração física.

 

Nas novas pinturas – todas em fundo preto –, Damien Hirst agrupa bisturis, lâminas, ganchos, limalhas de ferro e alfinetes de segurança para retratar elementos urbanos naturais e artificiais, como estradas, rios e prédios. Cada obra é inspirada em uma cidade diferente, incluindo zonas de conflito recentes, centros de relevância econômica, político ou religiosa e locais relacionados à própria trajetória do artista. A seleção traz, entre outras, São Paulo, Rio de Janeiro, Washington DC, Roma e o Vaticano, Leeds (onde o artista foi criado), Pequim, Moscou, Nova York e Londres. A história particular das cidades está escrita dentro de sua amplitude geográfica, mostrando como cresceram gradualmente e se desenvolveram ao longo dos anos. Técnicas de padronização, repetição sistemática e uso de grades, marcas registradas vistas em séries anteriores, como “Spot Paintings”, “Colour Charts”, “Entomology Cabinets” e “Kaleidoscope Paintings”, também estão presentes nas novas pinturas. Esta metodologia é essencialmente um exercício em que Damien Hirst aplica ordem ao caos, enquanto reconhece que a ordem ou o controle frequentemente são conceitos que permanecem remotos.

 

A série “Black Scalpel Cityscapes” (em tradução livre, Negras Paisagens Urbanas de Bisturis) faz referência ao procedimento militar conhecido como “ataque cirúrgico” comumente usado em guerras modernas, visando a limitar danos colaterais ao definir áreas precisas para a destruição. A sugestão de um conflito digital, remoto, inevitavelmente camufla as realidades trágicas e devastadoras da guerra. As obras evocam a imagética usada nos curtas “Powers of Tem”, 1968, 1977, de Charles e Ray Eames, bem como as sequências em câmera lenta e em time-lapse de cidades norte-americanas no longa-metragem cult “Koyaanisqatsi” de 1982, de Godfrey Reggio – ambos referências fundamentais no que diz respeito a concepção moderna de vida urbana. As pinturas de Damien Hirst, portanto, fazem alusão inevitável ao “olho que tudo vê”, tais quais ferramentas de vigilância como o Google Earth – usadas hoje por cerca de meio bilhão de pessoas –, cuja origem está em um aplicativo de mapeamento em 3D usado pelo exército americano durante a guerra do Iraque.

 

Damien Hirst  tem descrito os bisturis de aço, objetos recorrentes em sua obra desde o início dos anos 90, metaforicamente como “escuros mas ao mesmo tempo claros”, em referência ao apelo visual da ferramenta de precisão altamente reflexível e também ao temor universal à faca cirúrgica. Ao brincar com o jogo de palavras “surgical strikes” (ataques cirúrgicos), o artista disseca não apenas a preocupação particular com a mortalidade, mas a ansiedade enraizada da sociedade com relação a vigilância, digitalização da guerra e uma remota ordem orwelliana e sua imposição em nossas individualidades.

 

 

Até 31 de janeiro de 2015.

Daniel Melim na OMA

06/nov

Telas, fotografias, gravuras, assemblages, seu Black Book e genialidade reconhecida internacionalmente. É isso tudo que o público pode esperar da exposição “Quintal de Fábrica”, de Daniel Melim, na OMA| Galeria, São Bernardo do Campo, São Paulo, SP.

 

O artista, representado também pela galeria paulistana Choque Cultural, realiza sua primeira mostra individual no ABC após 10 anos de jejum (participou de coletivas nesse período). De lá para cá, o são-bernardense de 35 anos ganhou o mundo ao expor em Londres, em Valência e em museus importantes do Brasil, como MASP, e tornou-se uma referência na stencil art. “Quando recebi o convite percebi que essa era uma oportunidade de fazer um verdadeiro resgate de minha história e aceitei na hora. Sou daqui, meus primeiros passos na arte foram dados nos bairros próximos às indústrias da região, que, em meados dos anos 90, foram embora. Então, a cidade como um todo sempre foi o meu quintal, minha inspiração, de certa forma, e estou grato por poder dividir isso com o público”, conta o artista.

 

Com curadoria assinada por Ananda Carvalho, que integra o Núcleo de Críticos do Paço das Artes, a mostra conta com 11 obras inéditas e foge um pouco do estilo pop art, mais reconhecido pelos admiradores de Melim, ao contar com um ar politizado nos temas das obras. “Essa presença política localiza-se entre a denúncia e a ironia, à medida em que o artista mantém os elementos cotidianos representados em suas cores vibrantes. Eu também destacaria as aproximações entre o estêncil e a pintura na produção do Melim. Em todos os trabalhos da exposição é possível observar questões recorrentes da pintura, como o gesto e a composição temática elaborada com diversos elementos, assim como aspectos da estética por meio da utilização da sobreposição de camadas nas mais diversas materialidades. Aliás, acredito que a exposição também possibilita a experiência de observar esta produção tão complexa com calma e encontrar suas reverberações na vida cotidiana, seja o público da região do ABC ou não”, explica.

 

 

Interesses similares

 

Segundo Thomaz Pacheco, galerista da OMA| Galeria, a aproximação com o artista e o convite para a realização da exposição deram-se por diversas razões, entre elas as afinidades ideológicas do espaço e do artista. “Nossa aproximação com o Melim pode ser considerada natural, já que ele não nega as raízes e tem um trabalho artístico-social relevante na região ao mesmo tempo que trabalha para ter suas obras conhecidas pelo mundo. A OMA tem essa missão também. Queremos ampliar cada vez mais nossas atividades que fomentam a arte, queremos resgatar o valor cultural do ABC e ampliar cada vez mais nossa atuação”, afirma.

 

 

Sobre a OMA | Galeria

 

Primeira galeria de Artes Visuais no ABC, também conta com espaço cultural para a realização de encontros, workshops e debates. Localizada no centro de São Bernardo do Campo, uma das principais cidades da Grande São Paulo, a OMA | Galeria, que está sob os cuidados dos galeristas Thomaz Pacheco (artista e executivo) e Gisele Pacheco (premiada arquiteta e designer), se destaca pelo foco no trabalho de arquitetos, designers de interiores e decoradores, oferecendo obras de arte exclusivas para aqueles que buscam agregar valor aos projetos desenvolvidos, e vem se consolidando como referência em artes visuais na região.

 

 

De 14 de novembro a 20 de dezembro.

EXPOSIÇÃO DESDOBRAS

 

A exposição “desdobras” reúne trabalhos recentes de sete artistas que participam, desde o início do ano, do projeto de residência artística da Casa do Cactus, Alto de Pinheiros, São Paulo, SP. Inaugurada em novembro de 2013 com o propósito de contribuir com o panorama de produção e divulgação de cultura na cidade de São Paulo, a Casa do Cactus é um laboratório onde são desenvolvidas pesquisas e atividades sobre as mais diversas áreas, entre elas música, dança, cinema e artes plásticas.

 

“desdobras”, segunda mostra coletiva realizada na Casa, conta com obras de Janina McQuoid, Manuela Costa Lima, Marília Del Vecchio, Paula Marujo, Taygoara Schiavinoto, Thiago R. e Viviane Vallades, com curadoria de Lara Rivetti. Os trabalhos apresentados, quase todos inéditos, foram desenvolvidos em paralelo a uma série de encontros entre artistas, curadores e equipe de produção, de modo que os diálogos estabelecidos durante esse processo foram decisivos para a conformação final da coletiva.

 

Na abertura de “desdobras”, serão vendidos múltiplos criados pelos artistas que participam da exposição em um evento gratuito e aberto ao público.

 

 

De 13 de novembro a 04 de dezembro.

Em São Paulo e Ribeirão Preto

Desde que inaugurou a unidade de São Paulo em março deste ano – a Galeria Marcelo Guarnieri encerra a programação de 2014 com a coletiva “Contínuo”, unindo, simultaneamente, uma  exposição nas duas unidades, em São Paulo e Ribeirão Preto. A partir do dia 08 de novembro (sábado), no espaço da Alameda Lorena, o público pode conferir as recentes pesquisas de 27 artistas da geração contemporânea, em diversas linguagens como vídeo, instalação, pintura, fotografia e escultura. Destaques para a instalação de Amélia Toledo, para o ensaio sobre a Amazônia do fotógrafo Edu Simões, e para as obras de artistas como Deborah Paiva, Ana Paula Oliveira, Pedro Urpia, Marcus Vinicius, Luiz Paulo Baravelli, Flávia Ribeiro, Gabriela Machado e Rogério Degaki.

 

Dando continuidade em suas pesquisas acerca da pintura tridimensional, Amélia Toledo apresenta a instalação “Sem Título”, como um dos destaques inéditos da exposição. Cordas que pendem do teto ao chão, pintadas na cor azul, verbalizam um convite à relação entre o espaço, a obra e a percepção do público. “Horizonte”, instiga pelo inusitado uso de acrílico com o linho em grande dimensão.

 

Integrante do novo elenco que a galeria exibiu na edição da SP-Arte/Foto deste ano, Edu Simões propõe a série dos anos 80 com 12 imagens intituladas “Amazônia”. Na poética visual do artista, salta aos olhos o uso da linguagem P&B, como contraponto ao imaginário recorrente quando se aborda uma das regiões mais ricas em natureza do país. Há espaço nas fotografias para os nativos e trabalhadores, como para a vegetação e a paisagem com as suas texturas, dobras que criam outras figuras e refletem o papel que o jogo de luzes possui em sua fotografia autoral.

 

Na pintura, o trabalho de Deborah Paiva sugere temas do cotidiano, as relações sociais pensadas a partir das distâncias espaciais e temporais, a impossibilidade dialógica na solidão, como inevitáveis da condição humana. Suas imagens trabalham estes temas, contrapondo-os com o uso da técnica de guache sobre papel. Utilizando uma técnica diversa, a de óleo sobre papel, a artista possibilita outro olhar de seu trabalho em obras como “Dança”, “Sem Título”, “Sem Título” e “Vernissage”, todas de 2014, nas quais os tons de preto e branco prevalecem. Por seu turno, Marcus Vinicius, mostra um desdobramento de sua individual realizada na unidade de São Paulo neste ano.  Em seu universo de pesquisa, manifesta-se sua investigação a partir da materialidade das obras, de um elemento central desenvolvido em quinze anos de carreira, a Estrutura Quadro. O conceito deve ser compreendido como uma estrutura com dimensões pré-estabelecidas, que ligada à parede preserva seus caracteres bidimensionais, cujos elementos podem ser estudados separadamente e repropostos segundo uma ordem estabelecida pelo artista.

 

Ana Paula Oliveira repensa as dimensões das obras na sua pesquisa em “Harbour View”,  ao propor esculturas em pequeno formato. Criando uma espécie de sobreposições de telas de vidros transparentes colocadas assimetricamente lado a lado, os objetos sugerem espaços e perspectivas de olhares em relação com o ambiente. Pedro Urpia mostra o seu “Arquivo à deriva”, um objeto em formato de arquivo, no qual mini portas laterais guardam seis pinturas diferentes. Apresentadas na década de 80 no MAM-SP as icônicas estruturas de metal de Luiz Paulo Baravelli integram-se à exposição com mais uma série de pinturas inéditas. As esculturas vazadas podem ser compreendidas, a partir de suas interações com pontos de apoios, como a parede. Ainda nesta linguagem, duas esculturas de parede em preto e dourado de Flávia Ribeiro. Conhecido pelo seu universo com forte apelo do imaginário lúdico, Rogério Degaki – artista falecido em 2013 – terá duas peças esculturas apresentadas.

 

Num total de mais de 70 obras, o conceito curatorial de “Contínuo”, além da aproximação de diversas linguagens e artistas de vários períodos, insere a possibilidade de conhecer desdobramentos das recentes pesquisas dos 27 nomes que integram a coletiva. “Trata-se de um panorama dos artistas representados pela Galeria”, explica Marcelo Guarnieri. Em março, durante a ocasião de abertura da unidade de São Paulo, o galerista afirmou, ainda, o desejo em propor um intercâmbio entre as duas unidades.

 

“Contínuo” encerra o ano de 2014 na esteira desta proposta, trazendo a mais recente produção artística contemporânea, com nomes como Alice Shintani, Amelia Toledo, Ana Paula Oliveira, Ana Sario, Cristiano Mascaro, Deborah Paiva, Edu Simões, Flávia Ribeiro, Gabriela Machado, Gerty Saruê, Guilherme Ginane, Guto Lacaz, Ivan Serpa, João Paulo Farkas, José Carlos Machado, Liuba, Luciana Ohira e Sergio Bonilha, Luiz Paulo Baravelli, Marcello Grassmann, Marcus Vinicius, Mariannita Luzzati, Masao Yamamoto, Paola Junqueira, Pedro Hurpia, Renata Siqueira Bueno, Rogerio Degaki e Silvia Velludo.

 

 

Abertura em São Paulo: 08 de novembro (sábado), das 10 as 19 horas.

 

Abertura em Ribeirão Preto: 28 de novembro (Sexta-feira), das 19 as 22 horas.