Rodrigo Matheus : Atração

27/mar

A Galeria Fortes Vilaça, Vila Madalena, São Paulo, SP, apresentar “Atração”, a nova exposição de Rodrigo Matheus, com esculturas inéditas construídas a partir da associação entre objetos domésticos e peças industriais encontrados em diversas lojas da cidade de São Paulo. Ao unir em um só corpo materiais de natureza genérica, as obras invertem a lógica industrial da produção em massa, assim como as noções primárias sobre forma e função.

 
Rodrigo Matheus ativa o espaço da galeria de diversas maneiras: com  obras se erguendo do chão, penduradas no teto, suspensas, ou correndo ao longo das paredes − o que confere à mostra um caráter “instalativo”. Um exemplo é a obra “Abraço”, onde folhas e galhos de plantas artificiais são organizados em linha reta nas paredes. Esta instalação leva ao limite as relações entre construção e natureza ao atribuir qualidades arquitetônicas a elementos supostamente orgânicos.

 
Flauta reforça a ideia de ritmo com o qual cada peça se insere no espaço. Trata-se de uma pilha de objetos que se ergue até o teto, composta por uma mesa Saarinen, um barril, uma lâmina circular, um prato de bateria, um trompete, entre outros elementos. Sua construção depende de coincidências industriais entre medidas, resistência e forma. Através dela, o artista discute o caráter distópico do design moderno − hoje amplamente copiado e vendido no mundo inteiro em lojas como Ikea ou Tok&Stok. Os objetos que compõe Terra à Vista, por sua vez, são cabos, elásticos, âncoras e roldanas fixadas no teto. Peso e tensão configuram um desenho no espaço e alteram de maneira bem humorada a personalidade das peças que compõe o arranjo.

 
Com “Brise”, o artista cria uma espécie de  monumento com pequenos módulos de vidro e plástico. Em sua função original, essas estruturas seriam usadas como mostruários para exposição de produtos em lojas, mas no trabalho de Matheus tornam-se o próprio assunto. Evidencia-se aí o interesse do artista em dar destaque a elementos que, na tradição da arte e do design, são pensados para serem apenas suportes. Na inversão da lógica presente no trabalho de Matheus, a base já é a escultura.

 
As esculturas de “Atração” reafirmam o interesse do artista por temas como a natureza da representação, design, artificialidade. O arranjo preciso entre as partes que compõe cada trabalho provoca um jogo de relações inesperadas, que levam em conta suas qualidades inerentes, o circuito social e as relações de poder presentes  em cada componente da mostra. Através dessas articulações, Rodrigo Matheus aponta para o potencial poético e estético de objetos banais que, uma vez livres de função, revelam novas possibilidades de sentido e compreensão para além do que foram concebidos.

 

 
Sobre o artista

 
Rodrigo Matheus nasceu em São Paulo em 1974 e atualmente vive e trabalha em Paris, França. Suas exposições individuais recentes incluem: Coqueiro Chorão, Ibid Projects (Londres, Reino Unido, 2014); Do Rio e para é to Rio and from, Galeria Silvia Cintra + Box 4, (Rio de Janeiro, 2014); Colisão de Sonhos Reais em Universos Paralelos, Fundação Manuel António da Mota (Porto, Portugal, 2013). Suas exposições coletivas incluem: Imagine Brazil, Instituto Tomie Ohtake (São Paulo, 2015) − mostra itinerante originalmente exibida no Astrup Fearnley Museet (Oslo, Noruega, 2013); 3ª Bienal da Bahia, MAM-Bahia (Salvador, 2014); Champs Elyseés, Palais de Tokyo (Paris, França, 2013); 32ª Panorama da Arte Brasileira, MAM-SP (São Paulo, 2011); The Spiral and the Square, Bonniers Kontshall (Estocolmo, Suécia, 2011). Sua obra está presente em importantes coleções, como: Instituto Inhotim (Brumadinho); MAM Rio de Janeiro; MAM São Paulo. Um livro sobre o trabalho de Rodrigo Matheus está previsto para ser lançado no segundo semestre deste ano.

 

 
De 06 de abril a 09 de maio.

Retratos na Galeria Bergamin

A Galeria Bergamin, Jardins, São Paulo, SP, inaugura a exposição coletiva temática “Retratos: the last headline”. A curadoria é de Ricardo Sardenberg e entre os artistas participantes encontram-se obras assinadas por Nan Goldin, Pancetti, Di Cavalcanti, Lorenzato, Monvoisin, Leonilson, Marcos Chaves, Joaquín Torres-García, Alex Katz, Portinari e Guignard. De acordo com o curador, a mostra apresenta “…aproximadamente 50 obras de mais de 40 artistas do século XIX – época do apogeu do retrato como projeção do poder (no caso, a projeção do Império de D. Pedro II) – até os dias atuais..”

 

 

Retratos: the last headline
Texto de Ricardo Sardenberg

 

Não estamos vivendo a extinção das espécies, mas a extinção da espécie humana. A extinção da história, do prazer, do amor e do tempo. O fim de tudo o que somos por dentro: o ser humano vive um processo de extinção interior, antes mesmo de sua extinção no mundo. Também por isso, esse processo é irrefreável. A partir de agora, devemos prestar homenagens a uma era em que se acreditava que o mundo seria eternamente melhor. Não será.

 

O retrato, hoje, é o mausoléu de si. O museu das coisas mortas e passadas. Parece que estamos esperando o último retrato, a última pose, o último olhar antes da extinção. Nossa transitoriedade torna-se evidente quando olhamos qualquer retrato. Já não existe mais o personagem do retratado, aquele que projeta o que acredita ser por meio do olhar, da pose, da indumentária. Assim como o personagem do retratista, tantas vezes afirmado como quem coloca tudo de si em uma obra, também se tornou, no fluxo de tempo, aquele que busca apenas o prazer instantâneo no registro de uma humanidade que, simplesmente, foi esvaziada pela obsessão do consumo. Hoje, ao observarmos um retrato, notamos que ele pode apenas estar despertando a nostalgia de um tempo em que se acreditava na existência de uma cultura. Cultura, no sentido de permanência das experiências em sociedade. Hoje, sabemos que as pessoas se vão. Outrora, guardávamos imagens para nos recordarmos das pessoas; atualmente, por outro lado, o retrato pode revelar uma autoafirmação, confirmando nossa existência vazia, como um corpo extinto por dentro.

 

Retratos: the last headline não é um exposição milenarista em busca do apocalipse. Mas sim uma homenagem em forma de instalação ao instituto do retrato, que cada vez mais passa a ter um sentido de presente fugaz. A instalação consiste na exposição de aproximadamente 50 obras de mais de 40 artistas do século XIX – época do apogeu do retrato como projeção do poder (no caso, a projeção do Império de D. Pedro II) – até os dias atuais, quando sua existência é irônica e efêmera. Nesse processo de passagem do tempo, percebemos senão um rastro das imagens passadas, das tradições dos álbuns fotográficos, e uma certa projeção de nostalgia por aquilo que as próximas gerações deixarão de reconhecer. O retrato é como um repositório da memória de pessoas e momentos especiais no fluxo da vida.

 

Talvez estejamos entronando a abstração conceitual, provando a vitória dos conceitos diante dos sentimentos. Trata-se de um mundo desromantizado no qual até aqueles que amamos são transformados em representações do presente, ou seja, estão ausentes de imagens passadas que devem ser recordadas. Os arquivos digitais de imagens de nossas pessoas mais queridas logo se transformam em arquivos descomunais compostos por milhares de fotos similares. Tais arquivos assemelham-se ao depósito de fotos policiais provindas dos porões de uma ditadura ou dos desaparecidos na guerra.

 

Guardamos uma vaga lembrança do momento em que registramos essas fotos, mas, ao mesmo tempo, são dezenas de imagens cuja pose é a mesma: uma pequena variação da direção do olhar ou um borrão na imagem, resultado da pressa em registrar o instante que depois ficaria esquecido nos porões de um HD externo. O HD externo, e aqui também acho que a “nuvem” é a sua realização em escala global, é o monumento ao esquecimento. E espero que a montagem dessa exposição faça jus ao que está esquecido dentro da caixinha digital, ou pelo menos torne-o visível. Nesse sentido, o retrato deixou de ser um memento.

 

 
Até 30 de abril.

Rubens Mano na Millan

25/mar

Em sua nova individual na Galeria Millan, Pinheiros, São Paulo, SP,  denominada “contrato social”, o artista Rubens Mano expõe 17 trabalhos inéditos – entre fotografias, instalações, vídeo e objetos – que informam como certas tensões culturais, políticas e sociais materializam-se no espaço e “naturalizam” determinados processos de fixação territorial.

 
A exposição desdobra uma pesquisa iniciada em outras duas individuais do artista: let’s play (Galeria Casa Triângulo, 2008) e incessante – incurável (Galeria Millan, 2011). Enquanto na primeira a abordagem recaiu sobre implicações decorrentes da inscrição do artista e da obra de arte no espaço expositivo, na segunda, Rubens Mano se debruçou sobre distintos aspectos definidores da superfície visível do universo artístico. Agora, o artista expande a investigação para os processos de apropriação de territórios e suas implicações e expressões na constituição de espaços. Como ele próprio diz: “É no território do instável que se moldam as formas do aparentemente estável”.

 
A individual ocupa todo o espaço da Galeria Millan. No andar térreo, além de fotografias (como as da série natureza privada) e objetos, o artista exibe uma instalação na área externa, que recebe o mesmo título da exposição. O andar superior será ocupado por fotografias e também um vídeo, intitulado análise de sistemas.

 
Em contrato social, Rubens Mano explora certas complexidades constitutivas do espaço e como estas se desdobram em múltiplas dimensões da vida privada e pública, individual e coletiva, natural e cultural.

 

 
Até 17 de abril.

Catálogo de Sidney Amaral

18/mar

Em cartaz no Museu Afro Brasil, Instituição da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, Parque do Ibirapuera, São Paulo, SP, o artista plástico Sidney Amaral lança catálogo da exposição “O Banzo, o Amor, e a Cozinha de Casa” e participa do projeto “Encontro com Artista”, no próximo dia 21 de março, a partir das 14h.

 

Ao longo do encontro com o público, Sidney Amaral falará sobre sua trajetória, concepção de arte, obra e processo de trabalho, o diálogo ocorrerá no Teatro Ruth de Souza. “Quero falar um pouco sobre minha presença no mundo, como homem negro e cidadão brasileiro, mas também como busco no meu trabalho, através dos afetos, falar de amor, de frustrações e de reencontros possíveis”, afirma o artista plástico.

 

“O projeto Encontro com Artista promove uma interlocução entre os visitantes e o convidado, com o objetivo de ampliar as possibilidades de apreciação estética do participante, a partir do contato com a obra e com a história do artista”, explica Neide de Almeida, coordenadora do Núcleo de Educação do Museu Afro Brasil.

 

Logo após, Sidney Amaral lança o livro-catálogo da exposição “O Banzo, o Amor, e a Cozinha de Casa”., em cartaz no Museu Afro Brasil, da qual fazem parte cinquenta pinturas, desenhos e esculturas. O livro tem prefácio do diretor curatorial Emanoel Araújo e texto crítico do professor e artista plástico Claudinei Roberto.

 

“A grande exposição de Sidney Amaral no Museu Afro Brasil traz surpreendentes apelos “no bom sentido da palavra”, por conta dos muitos caminhos propostos por ele”, afirma Emanoel Araujo.

 

“O livro é resultado de 15 anos de meu trabalho em escultura, pintura e desenho e foi realizado com patrocínio do Prêmio Funarte de Arte Negra 2012, do qual eu fui vencedor”, explica Sidney Amaral.

 

 

A exposição permanecerá em cartaz até 26 de abril.

Registro

17/mar

O dia 16 de março constituiu-se num dia muito importante para a Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, SP:  foi assinado o contrato de comodato de 178 trabalhos da coleção Roger Wright, conhecida pela qualidade de obras dos anos 1960 e 1970.

 

“É para mim uma grande homenagem à memória de meu irmão e de seus filhos, entregar a coleção à Pinacoteca do Estado de São Paulo”, disse Christopher Mouravieff-Apostol, irmão do colecionador Roger Wright. A primeira exposição do conjunto está prevista para maio de 2016.

 

A foto é de Rômulo Fialdini.

Lançamento de Claudia Jaguaribe

A Casa Nova, Jardim Paulista, São Paulo, SP, – em parceria com a Editora Madalena, lança dia 22 de março a edição exclusiva (com tiragem de 60 unidades) do “box São Paulo” da artista Claudia Jaguaribe. O box contém os ultimos dois livros da artista, “SobreSãoPaulo” e o recente “Entre Vistas” juntamente com um print especial assinado pela artista. Durante o dia do evento serão exibidas obras da mesma série produzida pela artista nos últimos anos. A instalação de caixas de luz, “Céu”, recentemente exposta no Itau Cultural, ocupará o espaço central da Casa. Nas outras salas estarão expostas esculturas  e  imagens que utilizam a fotografia num processo de documentação e na criação de visões poéticas sobre a cidade.

 

 

Em Entre Vistas

 

Fotografando no Jaguaré, no Morumbi, passando pelo Brás, Água Funda e Jardins, entre outros bairros da metrópole, a fotógrafa visitou a casa de mais de 70 moradores de São Paulo para produzir esta série. “É a continuação do trabalho que começou com “Sobre São Paulo”, só que agora fotografei a cidade, com seus contrastes, de dentro das casas, além de mostrar os próprios ambientes e os moradores”, conta Claudia. “Em ‘Entrevistas’, temos uma espécie de inversão da visão que se tem no primeiro livro, contrapondo a colossal massa construída da cidade observada de longe, das fotos aéreas e de coberturas, a uma dimensão mais íntima, observada de dentro das casas, daí o título”.

 

 

Sobre a editora

 

Fundada em 2002, a Editora Madalena é uma produtora cultural que tem a criação e a difusão fotográfica como temas centrais de trabalho. “Trabalhar com fotografias é trabalhar para a sociedade. Acreditamos nelas como forma de entender a realidade, como maneira de compreender o próprio mundo através das imagens.”

 

 

Endereço e hora: Domingo, das 15:30 as 19:00, Rua Chabad, 61. Jardim Paulista 

Lançamento: Líris #1

16/mar

O “Mundo Líris”, plataforma de desenvolvimento artístico e desdobramento de projetos, promoveu o lançamento da publicação impressa Líris #1. Formado por 10 fotógrafos – Beatriz Pontes, Bernardo Dorf, Daniele Queiroz, Flávia Tojal, Helena Rios, Luciana Mendonça, Marcelo Guarnieri, Márcio Távora, Marina Piedade e Renata Angerami -, além de Marcelo Greco, que atua no projeto também como orientador, o grupo propõe a Identidade como tema para esta primeira edição, que traz, além do trabalho individual de cada participante, textos, artigos e entrevistas.

 

Em 2004, Marcelo Greco uniu-se a outros artistas para semanalmente discutir e pensar a fotografia como forma de expressão. Nascia assim o “Mundo Líris”, um grupo de estudos que, ao longo de 10 anos, cresceu e transformou-se em realizador de publicações eletrônicas, exposições coletivas e individuais, imersões fotográficas, ações educativas, intercâmbios internacionais etc. Agora, o momento é de lançar outro projeto de longo prazo, com um novo tema a cada edição, sobre o qual os participantes realizam ensaios fotográficos, preparam textos e entrevistas. Identidade é o mote da Líris #1, onde encontramos trabalhos diversificados como o de Flavia Tojal, que, além de seu ensaio, faz uma entrevista com o fotógrafo holandês Leo Divendal; Bernardo Dorf, cujo autorretrato é repetido em vários cliques, mostrando alterações físicas em sua aparência, como barba, bigode, cavanhaque, cabelos, uso ou não de óculos; Renata Angerami, que, por sua vez, apresenta fotografias coloridas e desfocadas, feitas num ambiente de praia e mar; entre vários outros.

 

A publicação Líris foi concretizada por meio de um financiamento coletivo, como os chamados crownd fundings, e não possui periodicidade fixa, já que os projetos do “Mundo Líris” são sempre desenvolvidos de modo livre, autônomo e independente. Acerca disso, Marcelo Greco comenta: “Não temos patrocínio, e nenhum outro tipo de demanda que imponha uma periodicidade às nossas criações. Somos comprometidos com a qualidade dos projetos, nos empenhamos em aprofundar as questões escolhidas para discussão e a partir delas geramos, no nosso tempo, no tempo da obra, um resultado artístico a ser compartilhado”.

 

Ao longo de duas semanas, o público poderá visitar o Estúdio Távora, Rua Valois de Castro, 50, Vila Nova Conceição, São Paulo, SP, onde uma parte dos trabalhos da Líris #1 será exposta, juntamente com uma mostra individual com fotografias de Márcio Távora.

 

 

Exposição: de 16 a 27 de março.

Mostra de Christian Cravo

06/mar

Uma África plástica. Uma África inventiva. Uma África anti-clichê. O fotógrafo Christian Cravo revela sua visão do continente africano na exposição “Luz & Sombra” no Museu Afro Brasil, Portão 10, Parque do Ibirapuera, São Paulo, SP, uma instituição da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo. A curadoria é de Emanoel Araújo, diretor curatorial do Museu Afro Brasil. A mostra é composta por 40 fotografias em preto-e-branco, resultado de várias incursões de Christian Cravo por seis países africanos: Namíbia, Botsuana, Zâmbia, Quênia, Uganda e Tanzânia.

 
A exposição já passou por Nova York, no ano de 2012, e por Salvador, onde ficou em cartaz entre setembro e novembro do ano passado, no Palacete das Artes.

 

 
A palavra do curador

 
“Há muito tempo apreciada em São Paulo, a fotografia de Christian Cravo é marcada pelo tratamento cuidadoso da luz e pela afro-brasilidade de uma Bahia, que ele soube celebrar, até mesmo pela influência de seu pai, Mário Cravo Neto.”

 
“Da Bahia vem este espírito solar em contraponto à sua cerebral ascendência nórdica.”

 
“As fotos nos revelam, em ângulos inesperados, animais e paisagem, de maneira insólita, importante e luminosa. Uma África que ele retrata com estes dois espíritos amalgamados, o baiano e o nórdico. Luz e sombra em contrastes, pretos, brancos e cinzas.”

 

 
A palavra do artista

 
“A minha proposta é mostrar uma África diversa daquela que estamos acostumados a ver. A África não é apenas o continente negro, berço da cultura baiana, mas também é o solo que deu origem à vida.”

 

 
Sobre o artista

 
Nascido em 1974, Christian Cravo foi criado num ambiente artístico, em Salvador, BA. Ele é filho do artista Mario Cravo Neto (1947-2009) e da dinamarquesa Eva Christensen; e neto do renomado artista Mario Cravo Jr. Christian Cravo começou suas experiências com a técnica fotográfica aos onze anos, na Dinamarca, onde passou grande parte da sua adolescência. Com vinte e dois anos, voltou ao Brasil e se dedicou ao aprendizado da arte fotográfica. Nos últimos 18 anos, Christian recebeu diversos prêmios, dentre eles a bolsa Mother Jones International Fund for Documentary Photography, a bolsa de pesquisa da Fundação Vitae e a mais importante premiação de arte do mundo, o John Simon Guggenheim Fellowship para sua pesquisa sobre a fé. É autor dos livros: “Irredentos” (Aires editora, 2000); “Roma Noire, Ville Métisse” (Editora Autrement, 2005); “Nos Jardins do Éden” (TFA, 2010); e “Christian Cravo” (Cosac Naify, 2014).

 

 
De 07 de março a 10 de maio.

Nara Roesler exibe Fabio Miguez

05/mar

A Galeria Nara Roesler, Jardim Europa, São Paulo, SP, abriu seu calendário de exposições de 2015 em SP trazendo a mostra “Horizonte, Deserto, Tecido, Cimento”, que engloba a nova produção de Fabio Miguez, nome consagrado da geração dos anos 1980. Um dos integrantes do antológico ateliê Casa 7 ao lado de Nuno Ramos, Rodrigo Andrade, Carlito Carvalhosa e Paulo Monteiro, Miguez traz à galeria o resultado produzido nos últimos dois anos de uma pesquisa que remonta a 2009.

 
A partir dessa época, o artista desenvolveu uma imagética concisa, unindo uma iconografia geométrica própria a palavras extraídas, num primeiro momento, de poesias de João Cabral de Melo Neto, entre outras fontes. “Busquei João Cabral porque suas poesias são secas, limpas, de característica substantiva. Quando as palavras são muito bonitas, podem dar um ar de mau gosto”, afirma Miguez.

 

Na definição de Tiago Mesquita, que escreveu o texto de apresentação da mostra, “Não é por acaso que Miguez, para compor essas imagens, se valha de figuras e temas retirados das pinturas de Piero della Francesca e Henri Matisse. Da mesma forma que toma emprestadas palavras dos textos de João Cabral de Melo e Samuel Beckett. O artista elenca um repertório de fragmentos apropriados ou inventados que são sintéticos, diretos. Eles nos sugerem essa beleza que tem algo de vaga, algo de uma memória que se esvai rapidamente. É um telhado, que será um trapézio, uma diagonal, um cinza, um horizonte de partida”.

 

De fato, o que se constata em suas telas atuais é uma destreza límpida na composição com elementos geométricos e de escrita. As formas criadas não ferem a superficialidade da pintura, que, mesmo ao oferecer perspectiva, não se insinua para além da bidimensionalidade. A aparente crueza do traço disfarça a exímia qualidade pictórica, que nesse conjunto é constituída pela sobreposição de camadas finas, parecendo esgarçar-se e permitindo o vislumbre da camada anterior.

 

É que nesses trabalhos, mais do que na maestria do que está visível, o sentido surge além, fora do plano. No encontro entre figuras rudimentares e a escrita substantiva e despida de floreios, o artista situa a tensão entre o que se pode visualizar e os sentidos inerentes aos signos impressos. Os elementos gráficos são reincidentes, como se o artista criasse seu próprio universo, seu léxico particular.

Mesquita define: “É como alguém que, ao te contar de um dia feliz, enumera algumas lembranças dispersas: o clima estava quente, o céu era azul, estava deitado diante de uma parede inclinada. Alguma experiência desse sujeito é contada, mas o que chega a nós são os resíduos: fragmentos soltos com pouca relação entre eles. Não temos uma dimensão íntegra do espaço recriado. Ele parece sem amarração. Como se estivesse a se dissipar e dar lugar ao deserto”.

 

Assim, o espectador é surpreendido pelo hiato que subverte a visão viciada e cotidiana. Nas palavras do crítico Lorenzo Mammi, Fabio Miguez não vai “aderir a um sistema geral de comunicação, em que todo traço é signo de alguma coisa, e sim, ao contrário, fazer com que cada signo se torne traço, ou seja, participa de uma configuração da qual não faria sentido separá-lo, e que modifica ao mesmo tempo em que é modificado por ela.”

 

 

Coleção Figueiredo Ferraz

 

 

Paralelamente à exposição composta de pinturas inéditas, será apresentada no espaço anexo uma mostra com seis obras compostas de óleo e cera sobre diferentes suportes – madeira, vidro, tela, papel – além de uma fotografia. Todos os trabalhos fazem parte da coleção Figueiredo Ferraz, um dos principais acervos do país, pertencente aos colecionadores Dulce e João Carlos Figueiredo Ferraz e localizado na cidade de Ribeirão Preto, São Paulo.

 

Aberto para visitas individuais ou em grupos, o acervo conta com cerca de mil obras e fica parcialmente aberto para visitação do público no IFF (Instituto Figueiredo Ferraz), espaço localizado no bairro Alto da Boa Vista, aberto em 2011 e concebido para difusão de arte e cultura na cidade.

 

O colecionador tinha um contato muito próximo com os artistas da Casa 7 desde o início do ateliê, fundado em 1982. Foi de artistas como Miguez os primeiros exemplares de sua coleção, iniciada na década de 1980, período em que Ferraz já visitava ateliês e residências de artistas. Entre as obras apresentadas na mostra paralela estão trabalhos representativos de diversas décadas da produção do artista.

 

 

Até 28 de março.

Matías Duville na Luisa Strina/SP

Galeria Luisa Strina, Cerqueira Cesar, São Paulo, SP, apresenta “Escenario, proyectil”, a segunda exposição individual do artista argentino Matías Duville, cinco anos após sua primeira exposição na galeria. Seu trabalho se encontra exposto atualmente no CCSP- Centro Cultural São Paulo na exposição coletiva “Beleza?”. Durante o mês de março, o artista inaugura exposição individual no MAM-Rio.

 

O trabalho de Matías Duville gira em torno de temas como espaço e volume, elementos orgânicos e inorgânicos, os quais muitas vezes tomam a forma de grandes instalações no espaço expositivo. Para a exposição na Galeria Luisa Strina, Matías Duville desenvolveu desenhos em grande escala, um video, uma instalação central e peças montadas no chão da galeria, explorando a relação entre civilização e natureza.

 

 

Sobre o artista

 

Nascido em Buenos Aires, em 1974, participou de uma série de residências na Colômbia (FLORA, Honda, 2014); França (SAM Art Projects, Paris, 2013); EUA (John Simon Guggenheim Memorial Foundation Fellowship, New York, 2011 e Skowhegan Residency Scholarship, 2011); Itália, Brasil e Peru. Participou também de exposições coletivas no Petit Palais, Paris (2013); MUSAC – Museo de Arte Contemporáneo de Castilla y León (2010); MALBA-– Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires (2009); CIFO – Cisneros Fontanals Art Foundation, Miami (2008). Também realizou um projeto conjunto no Drawing Center de Nova Iorque , em 2009, que resultou em livro publicado em 2013. Seu trabalho faz parte das coleções do MOMA – Museum of Modern Art, New York; MALI – Museo de Arte de Lima, Peru; MACRO – Museo de Arte Contemporaneo de Rosario, Argentina; MAMBA – Museo de Arte Moderno de Buenos Aires; Patricia Cisneros Collection, New York, EUA; ARCO Foundation, Madrid, Espanha.

 

 

Até 28 de março.