Tauromaquia : Picasso, Dalí e Goya no MAB

21/mai

O espetáculo das touradas desde sempre inspirou artistas do mundo todo. Por conta deles, o touro ganhou lugar especial e significado em muitas das obras de grandes mestres e incontáveis artistas, que usaram a tauromaquia (combate a touros) como um instrumento para representar simbolicamente a luta contra o poder opressor. Costurando uma seleção entre a estreita relação da produção artística de Picasso, Dalí e Goya, o Museu de Arte Brasileira, MAB, da FAAP, Higienópolis, São Paulo, SP, e a Produtora Mega Cultural apresentam, pela primeira vez no Brasil, a exposição “Tauromaquia”.

 

Com curadoria de Monika Burian Jourdan e Serena Baccaglini, a mostra reúne diversas obras e séries. São cerca de 180 imagens, entre desenhos originais e gravuras  de Francisco Goya, Pablo Picasso e Salvador Dalí que evidenciaram o fascínio pelo universo da corrida de touros e desenvolveram trabalhos consistentes e relevantes em torno do tema, tão intrinsecamente ligado à cultura ibérica. Muitas das obras trazidas ao Brasil para esta exposição foram raramente vistas antes. Dentre elas está o estudo de Picasso para “Guernica”, nas mesmas dimensões do painel original.

 

“Na maioria das civilizações o touro, tema central da exposição, é um símbolo místico que significa força, coragem e fertilidade. Esta força animal que os touros mostram é retratada de forma fascinante nas obras destes artistas”, explica Monika Bourian Jourdan. “Para os artistas, a tourada não representa apenas um espetáculo. Para Goya, por exemplo, tauromaquia foi inicialmente uma ferramenta para expressar sua dissidência política. A exposição apresentará a série completa de gravuras Tauromaquia, de Goya, uma das suas séries mais famosas”.

 

Picasso foi influenciado por Goya. Baseou-se no uso do conhecimento do “chiaroscuro” (luz e sombra) de Goya para a produção de sua própria obra, utilizando-a como instrumento de protesto contra a ditadura do General Franco. Picasso e Goya utilizaram este tema para manifestar profundo sofrimento e resistência à opressão.

 

Nos anos 1966-67, Salvador Dalí transformou a famosa “Tauromaquia Suite” (1957-59), de Picasso numa extensão do diálogo artístico que os dois artistas mantiveram durante anos. Alguns desses trabalhos fazem parte das obras desta exposição.

 

Goya, por sua vez, usou a tauromaquia para expressar sua dissidência política contra os nobres, opressores do povo. Suas obras retrataram a tourada como uma arena mística, em que algo está sempre acontecendo. Esta exposição apresentará uma de suas mais famosas séries sobre este tema. Vista como um confronto entre a liberdade e a força bruta, a tauromaquia pode também ser interpretada neste conjunto de obras como uma metáfora do poder opressor ou da capacidade para autoafirmação e emancipação. Em muitas civilizações, o touro, figura central desta mostra, tem o significado de força, bravura e fertilidade.

 

 

Até 22 de Junho.

Cursos livres: joalheria e artes decorativas

O Museu de Arte Sacra de São Paulo- MAS/SP, Luz, São Paulo, SP, dando continuidade à sua grade de cursos livres, promove duas novas ações educativas: “Entre o Cotidiano e o Aparato: Artes Decorativas em Portugal e no Brasil” e “Do Amor à Vaidade, do Luxo ao Poder: A Joalharia no Mundo Através dos Milênios”, ambos ministrados pelo Prof. Dr. Gonçalo de Vasconcelos e Sousa.

 

Ambos com carga horária de 10h e duração de 5 aulas, os cursos são direcionados a profissionais das respectivas áreas, interessados, estudantes e estudiosos em cultura de maneira ampla, bem como técnicos em restauração e conservação de patrimônio, museólogos, membros da Igreja responsáveis por patrimônio histórico, técnicos e gestores de museus e memoriais, além de colecionadores de arte.

 

O conteúdo programático elaborado pelo professor Gonçalo de Vasconcelos e Souza, o qual vem de Portugal especialmente para a ocasião, engloba, no curso “Entre o Cotidiano e o Aparato: Artes Decorativas em Portuga”: conceitos, transversalidade e classificação das Artes Decorativas, perspectiva socioartística na análise das Artes Decorativas e fontes para estudo dessas artes em Portugal e no Brasil, Artes Decorativas e sociabilidade à mesa nos séculos XVIII a XX, além de mobiliário em Portugal e no Brasil nos séculos XVIII e XIX; E em “Do Amor à Vaidade, do Luxo ao Poder: A Joalharia no Mundo Através dos Milênios”: conceitos introdutórios, formas e materiais de base a partir da antiguidade, a simplicidade e a raridade da joalharia medieval, jóias e retratos do Renascimento ao Barroco e Rococó, joalharia espanhola dos séculos XVI a XIX, simplicidade, complexidade e erudição na joalharia do século XIX, os desafios da joalharia Arte Nova, grandes casas da joalharia mundial no século XX, joalharia étnica – exemplos de várias partes do mundo, e simbólica do poder e as jóias das famílias reais nos séculos XIX e XX (das principais casas reinantes às menos conhecidas).

 

 

 

Curso: Entre o Cotidiano e o Aparato: Artes Decorativas em Portugal

Duração: 26 a 30 de maio de 2014

Carga horária: 10 horas

Horários: das 11h às 13h

Custo: R$ 300,00 (parcela única)

 

 

Curso: Do Amor à Vaidade, do Luxo ao Poder: A Joalharia no Mundo Através dos Milênios

Duração: 26 a 30 de maio de 2014

Carga horária: 10 horas

Horários: das 19h30 às 21h30

Custo: R$ 300,00 (parcela única)

 

 

 

Local: Museu de Arte Sacra de São Paulo

Av. Tiradentes, 676 – Luz. Metrô Tiradentes

Estacionamento gratuito na Rua Jorge Miranda, 43

Número de vagas: 40 por curso

Inscrição: Fátima Paulino – mfatima@museuartesacra.org.br / (11) 5627-5393

Instituto Tomie Ohtake apresenta Yayoi Kusama

19/mai

A exposição “Obsessão infinita”, de Yayoi Kusama, chega a São Paulo, depois de passar pelo Rio e Brasília, acrescida de duas obras especialmente trazidas para a exposição no Instituto Tomie Ohtake, Pinheiros. São grandes esculturas das séries “Accumulations”: “Sem título”, 1962-1963 e “Desire for Death”- “Desejo de Morte”, 1975-1976. “Sem título” – que foi destaque na retrospectiva de Kusama na Tate Modern, em 2011/12 – é composta por dez pares de sapatos femininos, de salto alto, repletos de formas fálicas feitas de tecido estofado, que fizeram sua primeira aparição na série de esculturas “Sex Obsession” da década de 1960. Já em “Desejo de Morte”, agrupamentos de apêndices, que nada mais são que formas excêntricas em tecido pintadas de prateado, emergem de panelas comuns e conchas de cozinha. Em ambas, objetos do cotidiano tornam-se palco para a projeção de obsessões particulares da artista, à medida que a repetição compulsiva do elemento tecido assume a aparência de um crescimento incontrolável, similar ao dos vegetais.

 

A exposição é a primeira apresentada no País que expressa uma pesquisa profunda do trabalho de uma das artistas mais originais e inventivas do pós-guerra. Produzida, em sua edição brasileira e latino-america, pelo Instituto Tomie Ohtake, em colaboração com o estúdio da artista, a mostra tem curadoria de Philip Larratt-Smith e de Frances Morris (curadora da retrospectiva da Kusama na Tate Modern de Londres). “Obsessão Infinita” oferece um panorama do trabalho da artista japonesa viva mais proeminente, por meio de aproximadamente 100 obras que cobrem o período de 1949 a 2012, entre as quais pinturas, trabalhos em papel, esculturas, vídeos, apresentação de slides e instalações, entre elas a famosa “Dots Obsession”.

 

“Obsessão infinita” traça a trajetória de Yayoi Kusama do privado ao público, da pintura à performance, do ateliê às ruas. A artista nasceu na cidade de Matsumoto, Japão, em 1929. Começou a realizar seus trabalhos poéticos e semi-abstratos em papel nos anos 1940, antes de iniciar sua celebrada  série “Infinity Net” (Rede Infinita), no final dos anos 1950 e no início dos 1960. Essas pinturas originais são caracterizadas pela repetição obsessiva de pequenos arcos pintados, aglutinados em padrões rítmicos maiores. Sua mudança para New York, em 1957, foi um divisor de águas para a artista. Foi nessa época que entrou em contato com Donald Judd, Andy Warhol, Claes Oldenberg e Joseph Cornell. Sua prática de pintura abriu caminho para esculturas delicadas, conhecidas como “Accumulations” (Acumulações) e, em seguida, para performances e happenings que se tornaram selos da subcultura marginal e renderam, para a artista, notoriedade e a atenção das principais correntes críticas de então.

 

Em 1973 Kusama retornou ao Japão e, desde 1977, vive voluntariamente em uma instituição psiquiátrica. O caráter psicológico singular e pronunciado de seu trabalho sempre foi combinado com uma generosa dose de reinvenção e inovação formal, o que lhe permite dividir sua visão única com um público mais amplo, através do espaço infinitamente espelhado e da repetição obsessiva de pontos que caracteriza sua obra. Em seus trabalhos mais recentes, a artista renovou o contato com seus instintos mais radicais em instalações imersivas e colaborativas – peças que fizeram dela, com justiça, a artista viva mais celebrada do Japão.

 

 

Até 27 de julho.

Mercado de Arte

15/mai

A Ricardo Camargo Galeria, Jardim Paulistano, São Paulo, SP, inaugura a 14a edição de sua mostra coletiva “Mercado de Arte”, com 44 trabalhos – distribuídos entre pinturas, desenhos e esculturas – com a categorizada assinatura de de 26 artistas. Seguindo um conceito já estabelecido nas edições anteriores, a maioria das obras é inédita ou está fora de circulação há no mínimo 20 anos, reunindo expoentes da arte moderna e vanguarda brasileiras e artistas internacionais. A exposição também presta uma homenagem aos 120 anos de nascimento do escultor ítalo-brasileiro Victor Brecheret, e conta com 5 peças inéditas de sua autoria.

 

Sob a curadoria de Ricardo Camargo, expografia de Attilio Baschera e Gregorio Kramer e texto crítico sobre Brecheret assinado pela historiadora e crítica de arte Daisy Peccinini, os artistas participantes comungam do espaço expositivo da galeria, criando um panorama visual com raras possibilidades de ser duplicado. Dentro do modernismo brasileiro, destacam-se “Paisagem com Lago”, de Anita Malfatti, além de duas telas exclusivas feitas por Vicente do Rego Monteiro – “Descida da Cruz” e “Le Couple”. A eles se juntam a tela “Vaso de Flores”, de Pancetti, e o guache “Composição Abstrata”, de Antonio Bandeira. A força da vanguarda nacional surge nesta mostra com a tela “Oban”, de Antonio Henrique Amaral, seguida por “O Homem que Mora no Sol”, de Baravelli, e a escultura em bronze de Edgard de Souza, apontando para o individualismo dos anos 90.

 

A Ricardo Camargo Galeria ainda realizou uma seleção de 12 obras assinadas por seis artistas internacionais, a maioria delas inéditas no país. Neste grupo, encontram-se o nanquim “Ossie Clark”, de David Hockney, dois desenhos do construtivista Torres García – “Constructivo con Corazón”, e “Constructivo Con Sol Y Luna”. Rivera se impõe com a força telúrica de sua “Cabeça de Camponês”, enquanto Botero transparece sua abundância de formas no grafite “Mulher Sentada” e na aquarela “Cesta de Uvas”. Destacam-se ainda o par de pinturas de Figari, “Indecision” e Candombes”, além da tela “Estudio de Sol”, de Pettoruti.

 

Por fim, o conjunto das cinco obras de Victor Brecheret selecionadas para esta exposição coletiva compreende as esculturas “Casal de Pombos”, “Condessa Renata Crespi da Silva Prado”, “Torso Masculino”, “Cabeça de Juranda” e “Cristo com Anjos”, percorrendo quatro décadas do itinerário de sua carreira de sucesso.

 

“Esta diversificada edição do Mercado de Arte, com trabalhos vigorosos e delicados, marcam a atualidade atemporal das obras de arte de qualidade.”, conclui o marchand Ricardo Camargo.

 

 

De 22 de Maio a 21 de Junho.

ARTEFUTEBOLARTE

13/mai

Uma viagem pela história do futebol é a proposta da exposição “ARTEFUTEBOLARTE”, que o Instituto Tomie Ohtake, Pinheiros, São Paulo, SP, apresenta no período quase concomitante ao que o Brasil abriga o rito supremo desse esporte, a Copa do Mundo. Com curadoria de Hélio Campos Mello, fotógrafo e diretor editorial da Brasileiros Editora, a mostra exalta o nosso país como o inventor do “Futebol Arte”, a qualidade da produção fotográfica dedicada ao esporte e traça um paralelo, histórico e contemporâneo, com as artes plásticas.

 

Com expografia assinada por Martin Corullon, da Metro Arquitetos, “Artefutebolarte” dividi-se em três núcleos. No primeiro, que ocupa o grande hall do Instituto, criou-se um espaço retangular que remete a arquibancadas de estádio, onde são apresentadas obras dos premiados fotógrafos Jorge Araújo (Folha de S. Paulo), Ricardo Stuckert e Paulo Pinto (Agência Fotos Públicas). A excelência dos trabalhos, que revelam momentos em campo de jogadores como Neymar, Ronaldo e Ronaldinho, deixa claro que além de craques da bola, o Brasil também é celeiro de grandes fotógrafos.

 

O segundo núcleo trata da relação entre a arte e o futebol no Brasil. Uma seleção de fotografias – que mostra desde os primórdios do futebol no final do século XIX até os dias de hoje – é intercalada por imagens de obras de arte correspondentes aos períodos ilustrados pelos feitos do esporte. Pinturas de Almeida Junior, Tarsila do Amaral, Alfredo Volpi, Rubens Gerchman, Aguillar, Cildo Meirelles e expoentes do cenário artístico atual são exibidas  ao lado de fotografias de Pelé, Garrincha, Tostão, Zico, Romário, Ronaldo, entre outros, com destaque para os anos de 1958, 62, 70, 94 e 2002.

 

Para completar a exposição, uma sala recebe obras do artista plástico Lula Wanderley, em uma espécie de reinvenção do futebol. Jogadas antológicas de Maradona, Pelé, Zidane e Romário são retrabalhadas em três vídeos que registram estes ícones em seus momentos sublimes, mas sem a bola – retirada pela arte de Wanderley.

 

 

De 15 a 25 de junho.

Olhar das mulheres

O Centro Cultural São Paulo, Paraíso, São Paulo, SP, abre a exposição “As Donas da Bola”, com curadoria de Diógenes Moura, reunindo 11 dos mais representativos nomes da fotografia brasileira: Ana Araújo, Ana Carolina Fernandes, Bel Pedrosa, Eliária Andrade, Evelyn Ruman, Luciana Whitaker, Luludi Melo, Marcia Zoet, Marlene Bergamo, Mônica Zarattini e Nair Benedicto. A exposição tem um conjunto com 121 imagens, cor/preto e branco, as quais retratam a presença da mulher e suas relações com a cultura do futebol, esporte tão característico do universo masculino.

 

“As Donas da Bola” reúne fotógrafas profissionais com grande experiência no fotojornalismo, seja em trabalhos autorais ou em ensaios, e mostra o lado delas acerca desta tradição, por meio de um modo de ver especial, sensível, de um ponto de vista interior – sem a pretensão de considerá-lo material de consumo. “Essa iniciativa pretende preencher uma lacuna importante ao aplicar a percepção e a consciência social sobre a importância da mulher no futebol enquanto esporte, dentro de uma cultura nacional ainda em formação.”, comenta Diógenes Moura.

 

Neste sentido, o material produzido e apresentado nesta mostra resulta em um documento fundamental para o entendimento e a compreensão da fotografia, a partir de um olhar feminino sobre o maior fenômeno cultural do Brasil.

 

 

De 17 de maio a 13 de julho.

Bauhaus total no Rio

O Instituto Goethe, o Consulado Geral da Alemanha e o Oi Futuro Ipanema promovem no Rio de Janeiro a mostra bauhaus.foto.filme, exposição de fotos e filmes produzidos por professores da Bauhaus, escola superior de design alemã fundada por Walter Gropius, em 1919. A mostra reúne 50 fotos e 20 filmes dos dois acervos mais importantes da Bauhaus: o Arquivo Bauhaus/Museu de Design em Berlim e a Fundação Bauhaus Dessau. Idealizada por Alfons Hug, diretor do Instituto Goethe no Rio de Janeiro, bauhaus.foto.filme tem curadoria de  Christian Hiller, Philipp Oswalt e Thomas Tode (da Fundação Bauhaus Dessau) e de Anja Guttenberger (do Arquivo Bauhaus / Museu de Design em Berlim).

 

Para muitas pessoas, Bauhaus é sinônimo de arquitetura e de design, mas a fotografia e o filme tiveram um papel igualmente importante na famosa escola de design e artes alemã, que teve entre seus professores Mies Van Der Rohe, Marcel Breuer, Paul Klee e Wassily Kandinsky. Depois da Primeira Guerra Mundial, essas novas mídias refletiam perfeitamente o espírito da época. A capacidade de captar em imagem a aceleração da vida sob diferentes pontos de vista aguçou a curiosidade de muitos estudantes e docentes da Bauhaus, que passaram a explorar as possibilidades da fotografia e do filme. Apesar de a fotografia ter sido incluída nos currículos somente em 1929, o uso de câmeras fotográficas e as experimentações em audiovisual já faziam parte do cotidiano da escola antes disso.

 

O Arquivo Bauhaus / Museu de Design, em Berlim, possui o maior acervo de imagens da Escola no mundo, com mais de 40 mil registros fotográficos. Na mostra, a instituição apresenta uma seleção com as 50 obras mais representativas da coleção, que inclui fotografias clássicas de Lucia Moholy, László Moholy-Nagy e T.Lux Feininger, entre outros. Os registros variam de instantâneos a documentos históricos e ilustram o manuseio experimental e profissional da mídia fotográfica na Bauhaus. As fotos produzidas na época compõem uma imagem que até hoje é dominante na vida de uma das escolas de arte mais importantes do século XX.

 

A Fundação Bauhaus Dessau, por sua vez, contribui com uma ampla instalação, com projeções de filmes originais raros em grande formato. Os vídeos possibilitam um contato próximo e sensível com a produção histórica da Bauhaus, evidenciando práticas e conceitos que faziam parte do que Walter Gropius chamava de “ciência do olhar”. O filme, na qualidade de mídia técnica por excelência, foi um elemento fundamental desse programa.

 

bauhaus.foto.filme oferece uma visão abrangente do conjunto de atividades praticadas na Bauhaus e ilustra a influência recíproca entre diversas disciplinas aplicadas na instituição. A instalação exibe, no prólogo, a mesma programação de filmes exibida por Walter Gropius na cerimônia de inauguração do novo prédio da Bauhaus, em Dessau, em 4 de dezembro de 1926. Filmes produzidos por “bauhausianos” e outros contemporâneos compartilham o espaço com entrevistas e adaptações posteriores, em filme, de projetos mais antigos de Werner Graeff, Kurt Schwerdtfeger e Kurt Kranz, de modo a compor um panorama geral do repertório cinematográfico da escola alemã.

 

 

O Arquivo Bauhaus/Museu de Design em Berlim

 

O Arquivo Bauhaus/Museu de Design em Berlim se dedica à pesquisa e à apresentação da história e do impacto da Bauhaus (1919-1933) no desenvolvimento das artes, do design e da arquitetura, o que a transformou numa das mais importantes escolas do século XX. No prédio projetado por seu fundador, Walter Gropius, a instituição guarda a maior coleção do mundo sobre a história da Escola e os diversos aspectos de seu trabalho. Além dos temas relacionados ao seu entorno, o arquivo Bauhaus também se dedica a questões atuais sobre arquitetura e design contemporâneos, posicionando-se como Museu de Design no panorama berlinense de museus.

 

 

A Fundação Bauhaus Dessau

 

A Fundação Bauhaus Dessau, instalada em 1994 dentro do prédio da Bauhaus situado em Dessau-Rosslau, por iniciativa dos governos federal, estadual e municipal, dedica-se à preservação desse rico legado, além de contribuir para compor o atual universo de museus sobre a Bauhaus. Com 26.000 objetos, é a segunda maior coleção da Bauhaus em todo o mundo. Em espaços como as casas dos mestres e o gabinete de trabalho de Walter Gropius, o celeiro de Carl Fieger, as casas com arcadas de Hannes Meyer ou a casa de aço de Georg Muche e Richard Paulick, em Dessau-Rosslau podem ser apreciadas obras marcantes da arquitetura internacional da modernidade.

 

 

De 17 de maio a 20 de julho.

José Damasceno na Fortes Vilaça

A Galeria Fortes Vilaça, Vila Madalena, São Paulo, SP, apresenta a exposição “Sobre o Objeto de 8º Grau”, individual de José Damasceno. O artista apresenta sua mais recente instalação, homônima ao título da mostra, além de um conjunto de serigrafias e uma pintura na parede do espaço expositivo. Sobre o “Objeto de 8º Grau” é um conjunto de pequenas esculturas de obsidiana distribuídas sobre duas mantas retangulares de feltro no chão, como recentes descobertas de um sítio arqueológico. Damasceno, que frequentemente emprega em suas esculturas diversos tipos de rochas, dessa vez elegeu a obsidiana que lhe despertou interesse durante suas viagens a Guadalajara. Trata-se de uma espécie de vidro vulcânico, criada a partir da rápida solidificação do magma; amplamente difundida na Mesoamérica pré-colombiana, era usada como espelho e também como ferramenta bélica, e frequentemente associada ao ocultismo e a rituais astecas.

 

Contrastando com a opacidade do feltro, a superfície negra e reflexiva de cada peça de obsidiana reflete em si a imagem de cada uma das outras peças da exposição, criando um jogo de espelhos que, por sua vez, evoca o pequeno texto “La imagen de séptimo grado”, do escritor argentino Macedonio Fernández. Nele, o autor descreve a viagem de uma imagem através de diferentes reflexos (a memória e a representação pictórica entre eles) e defende que em cada qual a imagem deixa sua própria inscrição.

 

De maneira semelhante se colocam os “Estudos Paragráficos II”, um conjunto de doze serigrafias dispostas linearmente na parede contígua à instalação. Nesses trabalhos, a palavra paragráfico revela uma mediação entre a inscrição gráfica e suas possibilidades de materialização, salientando a tensão entre as dimensões bi e tridimensional, o virtual e o real. A obra de Damasceno coloca-se na zona limítrofe onde o imaginário multiplica-se nos diversos reflexos da linguagem, e a experiência do real se dilui nesses reflexos. A proposta de Damasceno não é, portanto, apresentar um objeto de oitavo grau, mas um convite a procurá-lo.

 

 

Sobre o artista

 

José Damasceno nasceu no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha. Entre suas exposições individuais, destacam-se Coordenadas y Apariciones, Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, Madrid, Espanha (2008); Espace Topographie de l’Art, 37 Festival d’ Automne à Paris, France, 2008; Viagem à Lua, 52. Biennale di Venezia, Pavilhão Brasileiro, Venice, Italy, 2007; Observation Plan, Museum of Contemporary Art, Chicago, USA, 2004. Em exposições coletivas, destacam-se: Cruzamentos: Contemporary Art in Brazil, Wexner Center for the Arts, Ohio, USA, 2014; Biennale of Sydney, Australia, 2006; XXV Bienal de São Paulo, Brasil, 2002. Sua obra está presente em diversas coleções públicas, entre as quais: Cisneros Fontanals Art Foundation – CIFO, Miami, USA; Colección Jumex, DF, Mexico; Daros-Latinamerica AG, Zurich, Switzerland; Inhotim Centro de Arte Contemporânea, Brumadinho, Brasil; MACBA – Museu d´Art Contemporania de Barcelona, Barcelona, Spain; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Brasil; Museu de Arte Moderna de São Paulo, Brasil; MoMA, New York, USA.

 

 

De 17 de maio a 14 de junho.

Arquivo vivo

O IAC – Instituto de Arte Contemporânea, Vila Mariana, São Paulo, SP, apresenta a exposição “O arquivo Vivo de Sérvulo Esmeraldo”, primeira mostra que a instituição realiza após receber em comodato parte do arquivo documental e acervo deste artista cearense com uma das trajetórias mais originais da arte brasileira. Com curadoria do crítico Ricardo Resende, a exposição conta com cerca de 150 itens, entre estudos, gravuras, desenhos, relevos, matrizes, maquetes etc. A seleção reúne um panorama da produção deste artista que flertou com quase todas as formas de representação artística ao longo de mais de quatro décadas e que se encontra em plena atividade.

 

O arquivo agora no IAC ficou guardado intacto por cerca de 40 anos no ateliê do artista e amigo argentino Júlio Le Parc, em Paris, cidade onde Sérvulo viveu e trabalhou por mais de vinte anos, depois de sair do Brasil em 1957. Nessa fase em solo europeu Esmeraldo esteve junto de artistas como Vicente do Rego Monteiro, Lygia Clark, Sérgio Camargo, Franz Krajcberg, Arthur Luiz Piza, Flávio Shiró e Rossini Perez. O convívio com seus pares foi de enorme importância para definir sua formação intelectual e artística.

 

Destaque na exposição para as diversas matrizes de gravuras em chapa de metal que formam a base de estudos do artista no campo da arte geométrica e também abstracionista. Para o curador, “os recortes dessas placas de metal despertam interesse especial, pois é possível lhes conferir uma autonomia escultórica depois de terem transportado as imagens para o papel”. Alguns projetos de livro objeto realizados no início da década de 70 e que formam os estudos para os célebres livros objetos do artista também estão na mostra. Segundo o curador, esse conjunto de estudos inéditos agora apresentados ao público, “mostra-nos o seu caminho, que parte da observação de uma folha, de uma planta, de uma semente ou de um pé de milho, para chegar a formas geométricas puras”.

 

 

 

Sobre o artista

 

Cearense do Crato, Sérvulo Esmeraldo nasceu em 1929. O escultor, gravador, ilustrador e pintor, a partir de 1947, frequenta a Sociedade Cearense de Artes Plásticas – SCAP e mantém contato com Antonio Bandeira e Aldemir Martins. Em 1951 vem para São Paulo, trabalha na montagem da 1ª Bienal Internacional e no Correio Paulistano, como ilustrador e gravador.

 

Sua primeira individual na capital paulista acontece em 1957, no MAM/SP. Após a mostra, viaja para a Europa com bolsa do governo francês, onde estuda técnicas da gravura em metal e litografia. Nos anos 60, ainda na França, integra o movimento da arte cinética, quando realiza a série dos “Excitáveis”. Retorna ao Brasil em 1978, trabalhando em projetos de arte pública, principalmente esculturas de grande porte que ornamentam a paisagem urbana de Fortaleza, cidade onde vive e trabalha desde 1980.

 

Sérvulo Esmeraldo participou de diversas exposições, entre elas: 6º Salão Paulista de Arte Moderna (1957), 5ª, 6ª, 7ª e 19ª edições da Bienal Internacional de São Paulo (1959, 1961, 1963, 1987), 14ª Trienal de Milão, 1967 – Itália, Exposição Internacional de Gravura 1970 – Cracóvia – Polônia, Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP, 1974, São Paulo – SP, Um Século de Escultura no Brasil, no Masp, 1982 – São Paulo – SP, Brasil + 500 Anos: Mostra do Redescobrimento, na Fundação Bienal, 2000 – São Paulo – SP, além da grande retrospectiva realizada pela Pinacoteca de São Paulo, em 2011. Sua obra está representada nos principais museus do País e em outras coleções públicas e privadas do Brasil e exterior.

 

 

De 17 de maio até 23 de agosto.

Arte no caos

Trabalhos com pinceladas carregadas de tintas metálicas em fundo preto e prata sobre tela desenvolvem agitados movimentos nas obras de Alex Flemming. Esta é a técnica de pintura que o artista plástico Alex Flemming utiliza na série “Caos“, exibida em exposição pela primeira vez na Galeria Paralelo, Pinheiros, São Paulo, SP. O artista que mora e trabalha em Berlim, Alemanha, desde 1991, surge nesta exposição individual com apresentação assinada por Tereza de Arruda.

 

De acordo com o artista, a utilização das tintas metálicas na composição faz com que as telas reflitam a luz de maneira diferente de manhã, à tarde e à noite, transmutando-as conforme a mudança das horas. As obras de Alex Flemming busca refletir o caos de onde o ser humano veio e se encontra e segue os caminhos para onde ele vai um dia. O artista fixa a transitoriedade da vida. Uma exposição para se pensar.

 

 

Até 12 de julho.