Instalações pictóricas de Beatriz Milhazes.

25/set

Com curadoria de Lauro Cavalcanti, a exposição na Casa Roberto Marinho, Cosme Velho, marca a primeira apresentação institucional de Beatriz Milhazes no Rio de Janeiro em 12 anos. A mostra reúne pinturas de grande formato – incluindo obras recentemente exibidas na Bienal de Veneza – e esculturas. Pela primeira vez no Brasil, o público também poderá ver maquetes, estudos e reconstruções de painéis de projetos realizados em instituições e espaços públicos na Europa, Américas e Ásia – incluindo intervenções icônicas na Ópera Estatal de Viena, Tate Modern e Fondation Cartier – que evidenciam a dimensão arquitetônica de sua prática. Em exibição até 15 de março de 2026.

Pinturas Nômades

“Pinturas Nômades” reúne 17 projetos celebrando os 21 anos das instalações pictóricas de Beatriz Milhazes em arquitetura. Nas primeiras conversas com a artista veio-nos à mente o termo “mural nômade” com o qual Le Corbusier batizou as suas tapeçarias de grande escala que, no seu entender, resolveriam o aspecto de mobilidade que faltava aos painéis incorporados definitivamente às construções. O autor de “Modulor” encarava as tapeçarias como os “murais da era moderna” uma vez que, sendo componentes móveis, poderiam ser enroladas e utilizadas noutro local. Classificava-as como uma outra via entre arte e design, pintura e escultura, especialmente apta a dialogar com a arquitetura. Nas pinturas, o território no qual Beatriz tão bem transita é aquele em duas dimensões, a partir de uma tela em branco. Nas obras em arquiteturas específicas, as questões pictóricas se agregam àquelas das três dimensões, com as quais terá de, forçosamente, lidar. A lógica da organização do espaço e as questões específicas do campo arquitetural, que antes lhes pareciam tão distantes, passaram a compor o território estendido de seu trabalho. Na interação com a arquitetura, a escolha das cores possui opções mais estreitas em uma gama de tons industriais existentes nos catálogos de vinil ou, no caso das cerâmicas, a partir das tonalidades que se adéquem ao processo de queima nos fornos. A presença em arquiteturas ampliou seu público, não mais restrito aos frequentadores de galerias e museus, uma vez que os trabalhos foram executados, na sua maioria, em locais públicos das cidades. Seis deles têm caráter permanente: a instalação da Casa A em Inujima, no Japão, e nos Estados Unidos da América, as duas composições em cerâmica no Hospital Presbiteriano de Nova Iorque, o painel da Grace Farms, em Connecticut, e os dois murais das portarias de um condomínio em Miami. Ao reunir os 17 projetos e suas respectivas documentações, “Pinturas Nômades” confere merecida perenidade a todos e permite ao público o sabor de conhecê-los.

Lauro Cavalcanti

curador

Mostra de diferentes contextos históricos e sociais.

Até o dia 1º de dezembro, o CCBB Belo Horizonte, MG, recebe a exposição “Uma História da Arte Brasileira”, que reúne obras e nomes incontornáveis da Arte Moderna e Contemporânea do Brasil, com trabalhos que atravessam diferentes contextos históricos e sociais. 

A mostra apresenta mais de 50 obras do acervo do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, compondo um amplo panorama da produção artística nacional nos séculos XX e XXI. Assinada por Raquel Barreto e Pablo Lafuente, curadora-chefe e diretor artístico do MAM Rio, a exposição traz um percurso que evidencia continuidades, rupturas e experimentações que ajudaram a moldar a Arte brasileira ao longo de mais de cem anos. 

A exposição é organizada em cinco eixos temáticos, reunindo trabalhos em variados suportes e linguagens. O trajeto começa com o Modernismo das primeiras décadas do século XX, quando surgia uma estética ligada à busca por identidade nacional. Em seguida, aborda o Abstracionismo e o Concretismo dos anos 1950, avança para a Arte Crítica e Conceitual das décadas de 1960 e 1970 – marcadas pela resistência à Ditadura Militar – e alcança a explosão de cores e a revalorização da pintura na “Geração 80″. Cada núcleo propõe diferentes formas de olhar e representar o Brasil, compondo um mosaico do imaginário coletivo do país. 

A partir dos anos 2000, o recorte curatorial destaca a força de artistas mulheres, negros e negras, indígenas e LGBTQIA+, ampliando as perspectivas históricas e questionando narrativas tradicionais. Essa produção recente evidencia a vitalidade da Arte Contemporânea Brasileira e a sua capacidade de dar visibilidade a vozes antes marginalizadas. 

Dentre os artistas representados estão nomes fundamentais como Adriana Varejão, Anita Malfatti, Anna Bella Geiger, Anna Maria Maiolino, Arjan Martins, Beatriz Milhazes, Candido Portinari, Carlos Zilio, Cildo Meireles, Di Cavalcanti, Heitor dos Prazeres, Judith Lauand, Leonilson, Lúcia Laguna, Luiz Zerbini, Lygia Clark, Lygia Pape, Márcia X, Maria Martins, Tomie Ohtake, Tunga, Victor Brecheret e outros que, em diferentes momentos, ajudaram a construir uma narrativa múltipla e diversa da arte no Brasil. 

 

As práticas artísticas de Lia Letícia.

23/set

O Governo do Estado de Pernambuco, a Prefeitura da Cidade do Recife, o Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, Dona Ledy Arte e Cultura e Rosa Melo Produções Artísticas apresentam Tudo dá, individual de  Lia Letícia sob curadoria de Clarissa Diniz no MAMAM, Recife, PE.

Faz quase 30 anos que Lia Letícia, nascida no Rio Grande do Sul, radicou-se em Pernambuco. Sua mudança para Olinda em 1998 possibilitou a consolidação das práticas artísticas que havia iniciado tempos antes, quando trabalhou na confecção de carros alegóricos no carnaval gaúcho. Uma vez que chegou à terra do frevo, especialmente no ateliê de Iza do Amparo e nas ações do coletivo Molusco Lama, Lia Letícia encontrou espaços, interlocutores e aliados tão instigantes quanto aguerridos para sua formação e atuação como artista. Desde então, tem desenvolvido uma obra vasta em contaminações e colaborações, hackeando e reinventando concepções elitistas de arte que, como velhas fortalezas, ainda hoje erigem muros que inocuamente tentam conter sua vocação ao múltiplo, ao outro ou ao avesso de si.

Letícia Letícia fez performance, pintura, objeto, instalação, vídeo, fotografia, intervenção, serigrafia, direção de arte, gestão de espaços independentes, ilustração, cinema, militância, cenografia, curadoria, educação. Sua prática nunca se restringiu a galerias e museus: ao contrário, esteve fundamentalmente lastreada nas ruas, sets de filmagem, comunidades, salas de aula ou mesmo em grupos de WhatsApp. Não à toa, passaram-se muitos anos até que sua obra pudesse ser apresentada em conjunto numa instituição cultural de relevo: um gesto que, sem qualquer ambição de contemplar toda a sua trajetória, tem todavia a intenção de compartilhar as forças norteadoras de sua poética com os públicos do Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães. Ocupando todos os andares do MAMAM, a exposição se organiza em quatro núcleos. Neles, aproximamos trabalhos de linguagens e períodos distintos que, todavia, transitam nas mesmas órbitas políticas. No térreo, Nesta terra, tudo dá reúne obras que denunciam o extrativismo (neo)colonial através de uma filosofia da abundância capaz de resistir aos seus projetos de escassez. No primeiro andar, o núcleo Artista desconhecida explora a debochada iconoclastia que tanto identifica a obra de Lia Letícia, enquanto Arriar a bandeira desafia o triunfalismo do poder e suas presunções de progresso. Por fim, Desculpe atrapalhar o silêncio de sua viagem que congrega obras que, a partir da experiência das cidades, insurgem-se contra as injustiças sociais do nosso tempo. Ao longo da exposição, alguns gestos e interesses revelam sua permanência na obra da artista: memórias insurgentes, posicionamentos irônicos, subversões de traços anárquicos, enfrentamentos políticos performativos, criações colaborativas, o caminhar como método, estéticas da abundância. Permeando diferentes temas e estratégias de linguagem, de forma transversal, testemunhamos a iconoclasta vocação da obra de Lia Letícia de arejar as tão estafadas concepções tradicionais de arte, aqui devidamente inscritas – e nutridas – na vida que Tudo dá.

por Clarissa Diniz

Até 09 de novembro. 

 

Exposição resgata memórias da ditadura.

17/set

Exposição do fotógrafo Gustavo Germano homenageia desaparecidos políticos e propõe reflexão sobre os impactos da violência de Estado.

Até 08 de outubro, o Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHM), Bom Retiro, exibe a exposição Ausências Brasil, do fotógrafo argentino Gustavo Germano. A mostra, realizada em parceria com o Núcleo de Preservação da Memória Política (NM), traz um olhar sensível e contundente sobre os desaparecidos políticos durante a ditadura civil-militar brasileira (1964–1985). A proposta é confrontar o público com a ausência transformada em imagem. As fotografias de Gustavo Germano recriam retratos familiares, justapondo cenas do passado a registros atuais marcados pelo vazio da pessoa que foi retirada pela violência do regime. O projeto nasceu na Argentina, a partir da história pessoal do autor: seu irmão, Eduardo Raúl Germano, foi sequestrado e desaparecido em 1976. Anos mais tarde, expandiu-se para outros países atingidos pela Operação Condor, até chegar ao Brasil, onde a versão atual reúne 12 histórias de desaparecidos políticos, de diferentes regiões do país.

Além das imagens, a exposição contará com visitas mediadas, rodas de conversa com ex-presos políticos e a exibição do documentário O Dia que Durou 21 Anos, de Camilo Tavares. Para a museóloga Kátia Felipini, diretora técnica do Núcleo Memória, a iniciativa é também um ato de reparação: “Cada vez que a gente apresenta essa exposição, é uma forma de reparar essas famílias”. O educador e historiador César Novelli ressalta em comunicado a atualidade da discussão: “A história do Brasil é pautada na violência. Os vínculos entre os crimes da ditadura e os desaparecimentos de hoje são sinais da impunidade permitida após a redemocratização”. A entrada é gratuita, e a programação completa inclui debates, formações para educadores e atividades culturais, sempre voltadas para fortalecer a memória democrática e refletir sobre as marcas da repressão no presente.

Por Felipe Sales Gomes.

Exposição do artista português José Pedro Croft.

15/set

O Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro inaugura, no dia 24 de setembro, a grande exposição “José Pedro Croft: reflexos, enclaves, desvios”, com cerca de 170 obras. Com curadoria de Luiz Camillo Osorio, a mostra, que ocupará todo o primeiro andar e a rotunda do CCBB RJ, será composta, principalmente, por gravuras e desenhos, apresentando também esculturas e instalações, que ampliarão o entendimento sobre o conjunto da obra do artista e sobre os temas que vem trabalhando ao longo de sua trajetória, como o corpo, a escala e a arquitetura. Esta será uma oportunidade de o público ter contato com a obra do artista, que já realizou exposições individuais em importantes instituições, como no Pavilhão Português na 57ª Bienal de Veneza, Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra, Capela do Morumbi, São Paulo, Paço Imperial e MAM Rio, entre muitas outras.

“José Pedro Croft é um dos principais artistas portugueses da geração que se formou logo após a Revolução dos Cravos (1974). Ou seja, teve sua trajetória artística toda vinculada aos ideais de liberdade, cosmopolitismo e experimentação. Trata-se de uma poética visual que se afirma no enfrentamento da própria materialidade das linguagens plásticas: a linha, o plano, a cor, o espaço. Sempre levando em conta sua expansão junto à arquitetura e ao corpo (inerente aos gestos do artista e à percepção do espectador)”, conta o curador Luiz Camillo Osorio.

A exposição é composta a partir da potência plástica das gravuras e dos desenhos que se articulam com a vertigem espacial das esculturas, com seus vazios e espelhos. As gravuras, suporte com o qual o artista trabalha desde a década de 1990, ocuparão a maior parte da exposição, incluindo obras em grandes escalas. “A gravura é um trabalho de grande ciência física e artesanal, com muito rigor e entrega. Não é algo secundário. Para mim, é uma âncora do meu trabalho. Há coisas que fiz em gravura, que vão me dar soluções para o meu trabalho em escultura”, afirma José Pedro Croft. Diversas séries, de anos distintos, sendo muitas feitas sobre a mesma chapa de metal, aguçarão a percepção do público. “Ver não é reconhecer. As muitas variações no interior das séries gráficas conduzem o olhar para dentro do processo em que repetição e diferença se potencializam. A atenção para o detalhe é uma convocação política em uma época de dispersão interessada”, diz o curador.

A gravura é tão importante na obra do artista que muitos desenhos que serão apresentados na mostra foram feitos sobre as provas das gravuras. “Eu as uso como uma memória e desenho por cima com linhas de nanquim super finas, com 0,25 milímetros cada, criando volumes. Faço os desenhos à mão, trazendo esse mundo de imagens de pixels para a nossa realidade, que é física ainda. É uma maneira de resistir a velocidade de estarmos sempre ligados a um excesso de estímulos”, ressalta José Pedro Croft.

Em cartaz até 17 de novembro.

Reabertura da Galeria de Moldagens 2.

12/set

 

As inúmeras variações contidas entre o oculto e o visível envolvem a temática da primeira individual do premiado fotógrafo Vicente de Mello no Museu Nacional de Belas Artes/Ibram, até 16 de jabeiro de 2026. O evento marca a reabertura da Galeria de Moldagens 2 ao público (somente este espaço, e em horário de visitação reduzido).

Na exposição Breu, o público vai ter contato com fotografias capturadas na icônica Galeria do Museu e que ficarão ao lado de moldagens recém-restauradas, propiciando um diálogo entre as obras. Estas imagens foram editadas ou passaram por tratamento digital, resultando no curioso aspecto final de “imagem em negativo”. O artista apresenta 8 fotografias e se inspira na ideia da velatura de monumentos e estatutárias, que são um “efeito ótico” recorrente na história da arte, como uma ação desestruturante das formas originais.

Partindo desta premissa, as imagens produzidas pelo artista convidam à imaginação: o envelopamento das moldagens confere “uma nova percepção e aparência ao objeto, envolvendo efeito fantasmático e sedutor, de certa aparência etérea e irreal”, como aponta o curador da mostra, Aldones Nino.

A simbologia das esculturas e a interferência efêmera provocada por Vicente de Mello oferecem ressignificações desses elementos, como ideia de desaparecimento e invisibilidade. Em outra leitura, os registros feitos pelo artista das esculturas veladas da Galeria de Moldagens 2 por tecidos protetores, antes da reabertura da Galeria de Moldagens,  ampliam o sentido do primoroso trabalho de restauração de obras icônicas da galeria à arte e também o da representação.

Com a exposição de Vicente de Mello, o MNBA passa a abrir parcialmente ao público, porém em horários reduzidos, lembrando que a Instituição estava fechada para obras de requalificação de seus espaços desde março de 2020.  A exibição faz parte da série de eventos intitulados “Um olhar pela fechadura”, visando preparar o terreno para a devolução total do Museu ao público, no final de 2026. A mostra “Breu” conta com patrocínio do banco Itaú através da Lei de Incentivo à Cultura.

Sobre o artista.

Vicente de Mello Vicente de Mello, nasceu em 1967, é uma voz central na fotografia brasileira contemporânea, contando com reconhecimento internacional. Desde 1992, ele constrói um universo visual lúdico que desmonta e reconfigura, transitando da topografia imaginada para a metafísica da luz. Apresentou em 2006 a mostra moiré.galáctica.bestiário/ Vicente de Mello – Photographies 1995-2006, no Oi Futuro, RJ e na MEP-Maison Européenne de la Photographie, Paris, França. Em sua vasta trajetória destacam-se as séries: Topografia Imaginária, Moiré, Vermelhos Telúricos, Galáctica, Lapidus, Silent City, Brasília utopia lírica, Monolux e Limite Oblíquo. As exposições individuais recentes foram: Encanto, curadoria Aldones Nino e Yago Toscano (Casa del Concejo/ Mirador del Adaja, Arévalo, Espanha, Monolux, curadoria de Eucanãa Ferraz (MAM RJ, SESC Niterói, e Toda Noite, panorama de 30 anos de sua obra, com curadoria de Marilia Panitz e Aldones Nino (Farol Santander, Porto Alegre, CCJF, RJ. Na Pinacoteca do Estado de São Paulo, em 2007, foi laureado com o prêmio APCA – Associação Paulista de Críticos de Arte – de Melhor Exposição de Fotografia do Ano. Com a instalação Ultramarino foi laureado com o Prêmio Centro Cultural Banco do Brasil Contemporâneo, em 2015. Sua obra ganhou livros como Áspera Imagem, editado pela Aeroplano e Parallaxis, da Editora Cosac Naify. Trabalhos de Vicente de Mello integram acervos de instituições como: Coleção Gilberto Chateaubriand – MAM/RJ; Coleção Joaquim Paiva, RJ; Fondation Cartier pour l´art contemporain, Paris; Itaú Cultural/SP; Maison Européenne de la Photographie, Paris; MASP/SP – Coleção Pirelli; MAR/RJ; MAM/Brasília, Pinacoteca do Estado de São Paulo, SESC 24 de Maio/SP; The Museum of Fine Arts, Houston, entre outros.

Ocupação Ailton Krenak.

11/set

O Itaú Cultural, Avenida Paulista, São Paulo, SP, abriu a mostra Men am-ním Ailton Krenak, primeira da série Ocupação dedicada a uma pessoa indígena. Traduzido da língua Borum, do grupo lingüístico Macro-Jê, falada pelos Krenak, o conjunto de palavras que antecede o nome do homenageado significa “Ocupação”. Com esta, o Itaú Cultural soma 70 mostras da série, criada em 2009 para aproximar a obra de personalidades culturais e artísticas brasileiras das novas gerações. A exposição é dedicada ao escritor, ambientalista, pensador, poeta e uma das principais vozes representantes dos saberes e das causas indígena.

Trajetória pautada pela humanidade e a natureza, a espiritualidade e o futuro. Com voz potente e ativa, há mais de 40 anos Ailton Krenak atua para fortalecer a presença dos povos originários no país. O seu caminho, no Brasil e no exterior, inspira a compreender o mundo pela ótica indígena em ações que vão do icônico discurso que ele fez na Assembleia Constituinte, em 1987, com o rosto pintado com jenipapo, a reflexões registradas em livros, como Futuro ancestral.

Perfil

Nascido no povo Krenak de Minas Gerais, Ailton luta mundialmente pelos povos originários. Escritor, filósofo, poeta e conferencista, Ailton Krenak tem atuação reconhecida no Brasil  e no exterior em defesa dos direitos dos povos indígenas. Sua trajetória profissional e de ativismo reúne diferentes formações acadêmicas, farta produção literária, participações  em palestras e conferências, prêmios, condecorações e títulos.

Lidiane Krenak

Makiãm Ailton Krenak transmite saberes das nações indígenas  e mostra como elas cuidam e enxergam a vida. Com o título Rerré, Makiãm Krenak: a voz viva da terra, o texto escrito com exclusividade para o Itaú Cultural por Lidiane Damasceno Krenak, liderança indígena da etnia Krenak/Kaingang e cacica da Aldeia Vanuíre, em São Paulo, onde nasceu. Ele integra a publicação da Ocupação Ailton Krenak e fala sobre a origem e a luta de seu povo por um caminho no qual se encontra Ailton.

Até 23 de novembro.

A figura humana em evidência.

08/set

Recorte do acervo que reúne cerca de 1.500 peças, construído ao longo de 30 anos, pode ser visitado no Museu de Arte de Blumenau (MAB) na Sala Pedro Dantas. A mostra “A figura humana”, um recorte na Coleção Dalacorte, traz obras selecionadas pelo Instituto Dalacorte, sediado em Getúlio Vargas (RS). A seleção de peças apresentadas em primeira mão é a abertura da quarta temporada de exposições do ano. Em exibição obras de Henrique Fuhro, Roth, Magliani, Glauco Rodrigues, Marcelo Grasmann, Fernando Duval, Ruth Schneider, Saint Clair Cemin, Rubem Grillo, dentre outros.

A exposição propõe um olhar sobre a representação da figura humana ao longo da história da arte, evidenciando diferentes estilos, técnicas e épocas. Como ressalta o curador e dicionarista Renato Rosa, “…colecionar é um ato de preservação e generosidade, e trazer obras de coleções particulares ao espaço público é sempre motivo de celebração. O público terá a oportunidade de conhecer trabalhos que, antes guardados, agora dialogam com novos olhares”.

O Instituto Dalacorte é reconhecido por sua atuação na preservação e difusão da arte, abrigando um acervo de relevância nacional. Sua missão inclui promover o acesso e o diálogo entre artistas, obras e comunidade.

A exposição fica em cartaz até 26 de outubro.

Os caminhos da construção do racismo.

Exposição em cartaz no Paço Imperial, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a obra de Voluspa Jarpa. Em sete anos de pesquisas, a artista chilena reconstrói, a partir das exibições de zoológicos humanos, os caminhos da construção do racismo por meio de dispositivos coloniais e dominação cultural.

“Cartografia Incógnita” nos defronta com os zoológicos humanos que exibiram, entre 1858 e 1958, exemplares humanos de povos ditos “exóticos” em várias exposições, realizadas em capitais europeias e também em outras cidades do continente.

As célebres Exposições Internacionais tinham, por objetivo, anunciar o progresso da indústria de cada país. Em contraponto, ofereciam ao público o espetáculo dos chamados “zoológicos humanos”: pessoas de distintas origens e de pele escura ou amarela, que eram apresentadas em cenários compostos com animais e plantas nativas, de modo a emular o que era considerado “a vida selvagem”.

A mostra faz parte da BIENALSUR. As exposições abordam os temas mais urgentes do nosso tempo: meio ambiente, memória, direitos humanos, migrações, inteligência artificial e futuros possíveis. A Bienal renova, assim, seu compromisso com o desenvolvimento de um humanismo contemporâneo. É por isto mesmo que a realização da BIENALSUR 2025 tem o apoio oficial da UNESCO.

Até 16 de novembro.

Niki de Saint Phalle na Casa Fiat de Cultura.

05/set

Mostra é destaque na Temporada França Brasil 2025 e apresenta, ao  público brasileiro, obras originais e provocativas de uma das primeiras  mulheres a integrar a vanguarda artística do século XX.

Visionária, provocadora e profundamente engajada, Niki de Saint Phalle marcou a arte do século XX com obras que desafiam preconceitos, rompem silêncios e celebram a liberdade das mulheres. Até 02 de novembro, a Casa Fiat de Cultura, Belo Horizonte, MG, apresentará os trabalhos dessa artista franco-americana numa exposição inédita no Brasil, que revela a potência transformadora de sua criação. A mostra “Niki de Saint Phalle. Sonhos de Liberdade” reúne 67 obras, sendo 66 do acervo do MAMAC(Museu de Arte Moderna e Arte Contemporânea de Nice), na França, e uma obra da Pinacoteca do Estado de São Paulo, que sai pela primeira vez do museu desde que foi adquirida, em 1997. O público poderá apreciar suas esculturas, assemblages e as icônicas “Nanas”, a maioria delas nunca exibidas no Brasil. A mostra conta com a parceria da Prefeitura de Nice e do MAMAC, e com a colaboração da Niki Charitable Art Foundation e do grupo 24 Ore Cultura, de Milão.

Com curadoria de Olivier Bergesi e Hélène Guenin, a exposição propõe um encontro com a narrativa poética de Niki de Saint Phalle (1930-2002). Sua produção potente e imaginativa continua a inspirar novas gerações, não apenas por sua estética ousada, mas pela capacidade de transformar sofrimento em beleza, denúncia em esperança, exclusão em potência. Suas obras são um hino à liberdade, à alegria e à diversidade, e, por isso, seguem tão atuais. “Ela aborda temas sociopolíticos “antigos”, como a violência sexual, a opressão das mulheres, a guerra e as relações de poder – assuntos ainda extremamente atuais”, como afirma o curador Olivier Bergesi, do MAMAC.

Em “Niki de Saint Phalle. Sonhos de Liberdade na Casa Fiat de Cultura”, o público é convidado a percorrer diferentes momentos da vida e da obra da artista, desde seus primeiros experimentos artísticos até suas esculturas de grande porte, passando por fases marcadas por dor, experimentação, cura, celebração e engajamento social. A mostra combina obras históricas, registros audiovisuais e ambientações, que dialogam com a vibrante linguagem visual da artista.

A exposição “Niki de Saint Phalle. Sonhos de Liberdade” é uma realização da Casa Fiat de Cultura e do Ministério da Cultura, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Conta com o patrocínio da Stellantis, Fiat, copatrocínio da Stellantis Financiamentos, Banco Stellantis, Banco Safra e da Sada. A mostra  tem apoio institucional do Circuito Liberdade, além do apoio do Governo de Minas e do Programa Amigos da Casa.  Tem parceria internacional com o MAMAC (Museu de Arte Moderna e Contemporânea de Nice) e a Prefeitura de Nice, e com colaboração da 24 Ore Cultura (Milão) e da Niki Charitable Art Foundation.

Visita temática “Niki de Saint Phalle” | Das rosas, espinhos com amor.

20 e 21 de setembro, às 16h, na Casa Fiat de Cultura.

Entre cores intensas, formas monumentais e símbolos carregados de significado, a obra “Trilogia dos Obeliscos”, de Niki de Saint Phalle, surge como gesto de alerta, indignação e afeto. Criadas em um contexto marcado pela pandemia de HIV/Aids, as esculturas transformam dor, estigma e sofrimento em expressão artística, afirmando a força do cuidado e da solidariedade. Ao se aproximar das obras, o público será convidado a refletir sobre a fragilidade humana e perceber como cada detalhe traduz a importância da empatia e do afeto. Vagas limitadas, com inscrições na recepção da Casa Fiat de Cultura.