Claudia Andujar e Yanomanis em NY

13/fev

 

A Fondation Cartier pour l’art contemporain e The Shed inauguraram a exposição “The Yanomami Struggle”, uma mostra abrangente dedicada à colaboração e amizade entre a artista e ativista Claudia Andujar e o povo Yanomami. Em exibição até 16 de abril no The Shed em Nova York, a exposição tem curadoria de Thyago Nogueira, diretor de Fotografia Contemporânea do Instituto Moreira Salles de São Paulo, e é organizada pelo IMS, Fundação Cartier e The Shed em parceria com as ONGs brasileiras Hutukara Associação Yanomami e Instituto Socioambiental.

Após apresentações aclamadas no IMS São Paulo, na Fondation Cartier e no Barbican Center (Londres), entre outros locais, a exposição foi ampliada no The Shed para incluir mais de 80 desenhos e pinturas dos artistas Yanomami André Taniki, Ehuana Yaira, Joseca Mokahesi, Orlando Nakɨ uxima, Poraco Hɨko, Sheroanawe Hakihiiwe e Vital Warasi.

Os visitantes também conhecerão novos trabalhos em vídeo dos cineastas Yanomami contemporâneos Aida Harika, Edmar Tokorino, Morzaniel Ɨramari e Roseane Yariana. Essas obras aparecem ao lado de mais de 200 fotografias de Claudia Andujar que traçam os encontros da artista com os Yanomami e continuam a dar visibilidade à sua luta pela proteção de sua terra, povo e cultura. O diálogo estabelecido entre o trabalho de artistas Yanomami contemporâneos e as fotografias de Andujar oferece uma visão inédita da cultura, sociedade e arte visual Yanomami. As obras contemporâneas Yanomami serão exibidas pela primeira vez em Nova York, construindo a maior apresentação da arte Yanomami nos Estados Unidos até hoje.

Como parte da abertura da exposição “The Yanomami Struggle” no The Shed (NY), a Universidade de Princeton recebeu o líder xamã Davi Kopenawa, os artistas Yanomami apresentados na exposição e a fotógrafa Claudia Andujar para uma conferência que ocorreu no dia 31 de janeiro.

Povos originários brasileiros

07/fev

 

A partir do dia 09 de fevereiro, às 14h30, o Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro, RJ,  abre ao público sua nova exposição de longa duração: “Îandé – aqui estávamos, aqui estamos”, que traz um novo olhar sobre a trajetória dos povos originários brasileiros desde antes da chegada dos portugueses até os dias atuais. A exposição, que tem o patrocínio do Instituto Cultural Vale através da Lei Federal de Incentivo à Cultura, será inaugurada com a roda de conversa “Memórias e museus indígenas”, com representantes dos povos Kanindé (CE) e Yawanawá (AC), seguida de apresentação cultural. Na ocasião será realizada, ainda, uma feira de arte indígena no pátio de Minerva (térreo).

Dividida em dois eixos temáticos – “Arqueologia” e “Povos originários” -, a exposição apresenta importantes objetos etnográficos – desde o tacape (arma de madeira), que pertenceu ao líder indígena Tibiriçá, no século XVI, até um colar usado em rituais contemporâneos dos Yawanawá. Obras recentes de artistas indígenas, como Denilson Baniwa, Diakara Desana, Mayra Karvalho e Tapixi Guajajara, completam a mostra, que faz uma reformulação conceitual e expográfica, após 16 anos, da exposição de longa duração sobre os povos originários brasileiros, alinhada ao tema do centenário do MHN – “Escuta, conexões e outras histórias” – e às perspectivas atuais dos povos originários.

“O discurso do museu sobre a História do Brasil tem sido alvo de uma reflexão crítica, especialmente neste momento em que celebramos 100 anos de existência”, diz Pedro Colares Heringer, diretor substituto do Museu Histórico Nacional. “Isso tem gerado uma revisão conceitual de nossas perspectivas. Îandé é fruto desse esforço e da necessidade de dar protagonismo às histórias que durante muito tempo foram invisibilizadas”.

Realizada por representantes dos núcleos técnicos do museu, consultores e curadores externos, a exposição convida à reflexão sobre a nossa própria história sem deixar de lembrar que, a todo tempo, muitas outras estão sendo escritas. Somos um conjunto de experiências diversas que percorre tempos e espaços, conectados por uma teia, muitas vezes invisível, que liga ideias e sentimentos e gera conceitos e tradições. “Îandé”, em tupi, significa “nós e vocês”.

 

Eixos temáticos

A exposição será dividida em dois grandes eixos. O primeiro, “Arqueologia”, traz parte dos vestígios e do legado dos povos originários no Brasil. Com a colaboração de especialistas da arqueologia brasileira, o MHN se propõe a reescrever a história, iluminando e evidenciando os indígenas, suas perspectivas e discursos, por muito tempo ausentes e à margem da história oficial.

O segundo eixo, “Povos originários”, apresenta um panorama dos povos indígenas, mostrando sua diversidade, sua cultura material e objetos, como vivem hoje, os museus dedicados à causa, além de um espaço para as vozes e as lutas indígenas e a arte contemporânea.

Nesse eixo, destacam-se alguns núcleos. “Os povos originários hoje” reflete sobre a diversidade de identidades, sistemas sociais e culturais, modos de viver e visões de mundo que marcam a vida contemporânea destes povos – cada vez mais protagonistas nos mais variados âmbitos da sociedade brasileira.

Nessa perspectiva, “Waapówa: nosso caminho, nossa história” faz uma introdução à produção artística indígena atual, com curadoria do artista e curador indígena Denilson Baniwa. “Neste pequeno recorte vemos uma perspectiva de povos do norte-nordeste sobre sua própria trajetória. Ambos os trabalhos, a partir da visão de seus povos, afirmam uma única história: este lugar que pisamos sempre foi terra indígena”, explica.

A diversidade dos povos originários no Brasil está presente também em objetos que compõem o acervo do Museu Histórico Nacional, evidenciando usos, costumes e hábitos integrados ao cotidiano brasileiro, e questionando sobre o que estes itens dizem sobre a contemporaneidade e a história dos mais de 250 povos que vivem hoje no país.

Outra novidade é o “Espaço da meia-lua”, pensado para ser um local de promoção das vozes e das lutas indígenas, que contará com mini exposições temporárias. A primeira delas, com peças do próprio MHN, homenageia o povo Ianomâmi.

Os museus indígenas também têm lugar em Îandé. Em um espécie de “museu dentro do museu”, Alexandre Gomes, Antônia Kanindé e Suzenalson Kanindé apresentam a história do Museu Kanindé, do Ceará, e as memórias de lutas, resistências, afirmação e valorização da identidade e das suas práticas culturais.

 

 

Texturas, entrelaçamentos e urdiduras

01/fev

 

A primeira coletiva de 2023 da Simões de Assis em São Paulo reflete sobre as possibilidades têxteis dentro da produção visual latino-americana.

“Tramas e Tecituras” reúne diversos artistas que, em suportes distintos e a partir de processos variados, exploram os caminhos da costura, do bordado, da apropriação, sobreposição e colagem têxtil, e de todas as histórias contadas a partir de fios, lenços, telas, panos, texturas, entrelaçamentos e urdiduras.

A mostra traz obras inéditas e recentes de André Azevedo, Elizabeth Jobim, Ernesto Neto, Mariana Palma, Martin Soto Climent, Mestre Didi, Yuli Yamagata, além de artefatos criados pelos artesãos haitianos Georges Valris e James Recule, que exploram a natureza narrativa das bandeiras e tapeçarias historicamente desvalorizadas pela produção contemporânea.

Exibição da coleção de Vera e Miguel Chaia

30/jan

 

A Arte 132 Galeria, Moema, São Paulo, SP, exibe exposição “Tridimensional: Entre o sagrado e o estético”, um recorte da coleção particular de Vera e Miguel Chaia, que reúne um conjunto de 46 obras. Entre telas, objetos e esculturas de 35 diferentes artistas brasileiros. A mostra apresenta desde nomes consagrados a jovens talentos do cenário artístico brasileiro. A curadoria é assinada por Miguel Chaia, Laura Rago e Gustavo Herz.

Dividida em dois pilares, o sagrado e o estético, Tridimensional mescla de forma não-linear os temas centrais. Supõe-se que cada artista ou obra se aproxima ora mais ora menos do sagrado ou do estético; em algumas obras, o sagrado pode ser mais explícito e, em outras, menos. O conceito de sagrado é aqui entendido no seu significado amplo de religioso, venerável, ritualístico, mítico, alquímico e metafísico – centrado nas questões do corpo e da sociabilidade, e aparece representado por cinco elementos – sangue, vinho, água, fogo e alimento. O estético é compreendido como a linguagem que, no desenvolvimento histórico da arte, em um processo autônomo e profano, opera revoluções nas formas de expressão, rompendo claramente vínculos com áreas externas à própria arte. O tridimensional aparece em restrito relacionado à forma das telas, objetos e esculturas – todas as obras apresentam três dimensões e/ou perspectivas de relevo.

 

Sobre o processo curatorial

Três questões nortearam as reflexões abordadas pelo conjunto de obras expostas: Será possível perceber na arte contemporânea vestígios do sagrado? O que pode haver em comum entre a arte e o sagrado? E, ainda, a arte contemporânea, ao ganhar autonomia, fortalecendo seu significado estritamente estético, abandona o mítico, a religiosidade e a religião na busca da revolução da linguagem?

Entre os destaques da exposição, aparecem Artur Lescher, Carmela Gross, José Resende, José Leonilson, Leda Catunda, Marcelo Cidade e Tunga.

A história da coleção de Vera e Miguel Chaia se confunde com a própria história da arte contemporânea brasileira. O casal começou a colecionar há 45 anos e, durante esse período, reuniu um acervo ímpar. Eles se conheceram em 1969, quando cursavam a Faculdade de Ciências Sociais da PUC-SP, e logo descobriram o amor em comum pelas artes, passando a visitar, juntos, exposições. Começaram adquirindo gravuras e nunca mais pararam. Assim surgia uma das mais importantes coleções de arte contemporânea brasileira. “Tridimensional – Entre o sagrado e o estético” será uma oportunidade para que os espectadores conheçam um recorte desse acervo.

Evento de encerramento: Recital de piano, em 11 de março, sábado, às 11h30.

Até 11 de março.

 

No Museu de Arte Sacra de São Paulo

25/jan

 

Museu de Arte Sacra de São Paulo – MAS / SP, instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, em parceria com Metrô | Companhia do Metropolitano de São Paulo, exibe até 11 de março, a exposição “Amar-Te EnTramas”, da artista visual Almira Reuter com 15 trabalhos tridimensionais cujos temas estão diretamente vinculados a construções afetivas, conflituosas, imaginárias ou lúdicas, arquitetadas em tramas. A curadoria é de Daisy Estrá.

Almira Reuter mantém-se fiel à sua “caligrafia” criativa produzindo obras onde leva ao limite a exploração das técnicas e materiais disponíveis, “dando vida e forma ao instante vivido ou àquele que possa ser trazido novamente à vida”, explica a curadora. Suas narrativas são complexas construindo e solidificando vínculos emocionais entre pessoas e sua própria história, sugerindo novas permanências.

A mostra exibe obras construídas com fios coloridos, tecidos pintados e, também, outros elementos têxteis, trabalhados de forma a criarem paisagens abstratas onde figuras e pontos tradicionais de bordado despontam como fragmentos de memória. Em “Amar-Te EnTramas”, a série a artista explora o tempo buscando a espessura histórica nos fios, tecidos e outros materiais que compõem seus trabalhos; transpondo limites e reinventando a lógica de referenciais consagradas, oferecendo um universo multicolorido, com aspectos lúdicos e delicados, ou mesmo dramáticos, criando abstrações que permitem um olhar que busca a figuração.

“Amar-Te EnTramas”, orienta-se por diálogos propostos pelas próprias obras, rompendo com a coerência formal, onde almeja ampliar e incitar o olhar do público para novos e sucessivos arranjos, fidedignos a esse aspecto.

Gustavo Speridião no CCJF

16/jan

 

Um dos mais destacados e engajados artistas brasileiros da atualidade, Gustavo Speridião apresenta um panorama de sua obra recente na mostra “Gustavo Speridião -Manifestação contra a viagem no tempo”, no Centro Cultural Justiça Federal, Centro, Rio de Janeiro, RJ. Com curadoria de Evandro Salles, são apresentadas cerca de 150 obras, entre pinturas, desenhos, colagens, fotografias, filmes, objetos e faixa-poema, produzidos entre 2006 e 2022, no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Paris. Desde 2016 o artista não realiza uma exposição institucional no Rio de Janeiro.

“É uma mostra antológica, que revela um artista denso e profícuo, que se inscreve fortemente nas raízes construtivas da arte”, afirma o curador Evandro Salles.

A mostra tem patrocínio do Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, através do Edital Retomada Cultural RJ2. Tendo todo o seu trabalho perpassado pela palavra e pelo poema, Speridião apresenta obras impactantes, sejam pelo seu tamanho, por suas formas ou por suas frases-poemas, em trabalhos que mostram o amplo campo de linguagens exploradas pelo artista.

Cerca de 50 pinturas em grandes dimensões, com tamanhos que chegam a 6 metros de comprimento, estão na exposição ao lado de mais de 80 desenhos de menor formato e pequenos objetos em gesso. Faixas-poemas, que participaram de manifestações nas ruas do Rio de Janeiro, fotografias e dois filmes produzidos pelo artista – um curta e um média-metragem – completam a exposição.

Os trabalhos trazem em sua temática questões políticas, existenciais, filosóficas e em defesa da liberdade de expressão, mas sempre dentro de uma narrativa poética. Trazendo o universo das ruas, muitas obras incorporam durante o processo de trabalho manchas, respingos, eventuais rasgos e sujeiras e que acabam se integrando à obra. “O pincel ou o lápis agem como uma faca. Cortando a superfície do plano em gravações definitivas, irretocadas. Suas referências históricas são explicitadas. Suas apropriações reveladas. Suas palavras são ditas (e escritas). Seus erros são incorporados ao lado de seus acertos. Nada há a esconder. Revela-se o aparecimento das verdades cruas, das ilusões vãs ou das realidades cruéis”, diz o curador.

Em trabalho inédito, seis grandes telas são dispostas em hastes fincadas em blocos de concreto urbano, semelhantes aos que encontramos nas ruas, feitos com britas. Formam um círculo por onde o público poderá caminhar e imergir, vendo a tela e seu avesso. “Sempre trabalhei com arte urbana. Os blocos de concreto me interessam como objeto e fazem a tela se tornar mais espacial, caminhando mais para a escultura. É uma fórmula que me interessa”, afirma o artista. Mesmo sendo uma quase escultura ou instalação, Speridião diz que “…tudo é parte da pintura, de um plano pictórico que está em várias dimensões”. Esses mesmos blocos de concreto aparecem em outras obras, com madeiras e pequenas faixas com textos como “A arte da revolução” ou “Tudo insuportável”.

Se elementos das ruas, como os blocos de concreto, são utilizados nas obras, o contrário também acontece e obras criadas no ateliê do artista na Gamboa, na zona portuária do Rio de Janeiro, vão para as ruas, como a faixa-poema, em grandes dimensões, medindo 2,5m X 4,5m, realizada em colaboração com Leandro Barboza, que participou de manifestações no Rio de Janeiro, e na exposição estará presa por cabos de madeira, apoiadas em blocos de concreto.

Para mostrar a ampla produção do artista, que transita por diversas linguagens, também são apresentadas fotografias, que mostram construções de imagens, e dois filmes: o média-metragem “Estudos Superficiais” (2013), ganhador do prêmio Funarte de Arte Contemporânea, em 2014, que registra lugares, imagens urbanas, momentos e pessoas, que cruzaram o caminho do artista, e curta-metragem “Time Color” (2020), que fala sobre a existência da humanidade, superação da natureza, geometria e formação da gravidade.

O título da exposição foi retirado de uma colagem de 2009 na qual, sobre uma imagem de manifestação publicada em um jornal, o artista escreve com tinta a frase que dá nome à mostra: “Manifestação contra a viagem no tempo”, em uma referência a situações recentes da nossa história. “Para enfrentar a desmemória de um falso passado, propõe e nos remete em poema ao real do aqui e agora. Imagem e palavra se articulam na construção de um terceiro sistema: POEMA”, afirma o curador.

 

Sobre o artista

Gustavo Speridião trabalha em uma grande variedade de mídias, incluindo fotografia, filmes, colagens e desenhos. De simples piadas visuais a esboços que convidam a interpretações complexas. Em sua obra, Gustavo Speridião não tem medo de parafrasear e citar coisas que o cercam, desde os discursos de trabalhadores até assuntos políticos globais ou filmes de vanguarda modernistas à história da arte. Há uma espécie de energia crítica que consegue mostrar uma atitude em relação ao que ele considera que deve ser discutido, reavaliado e recriado. O mundo inteiro pode ser o tema de seu trabalho. Tudo o que existe no mundo contemporâneo constitui sua gramática visual. O artista assimila a velocidade do mundo contemporâneo, mas recusa todos os discursos oficiais que tentam nos convencer de que a luta de classes já está completamente perdida. Speridião examina os problemas universais enfrentados pelo homem e os transforma em arte visual. Com sua criação e interpretação de imagens e a forma de editá-las, sua poesia reivindica o direito de ter voz contra o capitalismo.

 

Sobre o curador

Artista e curador. Notório Saber em Arte reconhecido pela Universidade de Brasília – UnB. Mestre em Arte e Tecnologia pelo Instituto de Artes da Universidade de Brasília – UnB. Profissionalmente, atuou dirigindo diversas instituições culturais: criador e diretor Executivo da Fundação Athos Bulcão – Brasília; Secretário Adjunto de Cultura do Distrito Federal (1997-1998); Diretor Cultural do Museu de Arte do Rio – MAR (2016-2019). Um dos fundadores no Rio de Janeiro do Instituto CASA – Convergências da Arte, Sociedade e Arquitetura. Diretor da empresa cultural Lumen Argo Arte e Projeto. Idealizou e realizou nos últimos anos inúmeras exposições de artes visuais em museus e centros culturais, das quais destacam-se: O Rio do Samba – Resistência e Reinvenção – Museu de Arte do Rio-MAR, 2018; Tunga, o rigor da distração, 2017, Museu de Arte do Rio-MAR; Claudio Paiva – O colecionador de Linhas, MAR, 2018; O Poema Infinito de Wlademir Dias-Pino – Museu de Arte do Rio-MAR, 2016; Casa • Cidade • Mundo – sobre arte e arquitetura – Centro Cultural Hélio Oiticica. Rio de Janeiro. 2015.; A Experiência da Arte – com obras de Cildo Meireles, Eduardo Coimbra, Ernesto Neto, Paula Trope, Vik Muniz, Waltercio Caldas e Wlademir Dias Pino – CCBB-Brasília – 2014, SESC Santo André – São Paulo 2015; Amilcar de Castro – Repetição e Síntese – panorama da obra do artista mineiro – CCBB-Belo Horizonte 2014; Arte para Crianças – Museu da Vale, Vila Velha – ES; Museu de Arte Moderna do RJ; Casa das Onze Janelas, Belém; CCBB Brasília; SESC Pompéia, São Paulo; Itinerância de 2006 a 2010; Curador Geral do Espaço Brasil no Carreau du Temple, Paris – Ano do Brasil na França; 2005.

 

 

Publicação de Waltercio Caldas

29/nov

 

Material impresso faz parte da exposição “Livro Espelhos Consequências” em cartaz na galeria do Leblon até 02 de dezembro. Além de fotos dos trabalhos, a publicação inédita traz anotações do artista, surgidas no decorrer do processo de criação. Lançado pela Mul.ti.plo Espaço Arte, no Leblon, o material impresso faz parte da mostra “Livros Espelhos Consequências”. Além de fotos das 14 obras inéditas, a publicação traz anotações de Waltercio Caldas, retiradas de sua caderneta de trabalho. A publicação é gratuita e está disponível para todos que visitarem a exposição.

A exposição na Mul.ti.plo traz a assinatura poética do artista, de relacionar objetos que à sua visão pertencem à mesma família, entre eles os livros e os espelhos. As consequências ficam por conta da reverberação da mostra em outras atitudes, como na publicação, por exemplo. É a terceira vez que o artista expõe na galeria carioca – a primeira foi em 2012, com múltiplos; e a outra em 2017, com desenhos.

Waltercio Caldas trabalha a partir do conhecimento poético dos objetos e das coisas. Na mostra, ele chega a formas extremamente rigorosas e precisas, carregadas de sugestões impossíveis de serem traduzidas em outras linguagens. “A obra de arte entra em nossa vida de forma transversa, como algo que não conhecemos, inaugurando sua própria presença. Me interessa esse aparecimento, essa perplexidade inicial”, diz ele, que prioriza em sua prática artística a tridimensionalidade. “Por enfatizar novos aspectos da gravidade, do peso e das matérias, as obras surgem pondo entre parêntesis sua inserção no mundo”, afirma.

O reconhecimento da obra de Waltercio Caldas não encontra fronteiras. Sua arte é tanto poética quanto precisa. Segundo texto do crítico e professor Paulo Sérgio Duarte, “não existe arte contemporânea que não seja experimental. Sabemos disso desde Adorno e sua Teoria Estética. Mas existe algo em Waltercio Caldas além do experimentalismo: um ascetismo que não se confunde com aquele da Minimal Art. Trata-se de uma economia que não é avessa ao campo semântico, à polissemia dos significados. Isso estimula a experiência da obra”.

 

 

 

Exposição Haverá consequências

17/nov

17

 

No sábado, 26 de novembro, às 11h, a Fundação Vera Chaves Barcellos, Viamão, Rio Grande do Sul, inaugura a mostra coletiva “Haverá consequências”, que reúne mais de 60 obras de 57 artistas na Sala dos Pomares da Fundação Vera Chaves Barcellos.

 

Inscrições para Transporte Gratuito

Saída no sábado, 26/11, às 10h30, em frente ao Theatro São Pedro (Praça Mal. Deodoro, s/nº – Centro Histórico de Porto Alegre). Inscreva-se pelo e-mail educativo.fvcb@gmail.com ou pelo telefone (51) 98229-3031.

 

Sobre a exposição

Trata-se da primeira mostra com curadoria da professora e pesquisadora Bruna Fetter à frente da Direção Cultural da FVCB, função assumida em abril deste ano. Realizada integralmente a partir do Acervo da instituição, “Haverá consequências” representa um exercício de encontros e aproximações que se materializam por meio de rastros e vestígios da memória, reverberando no presente e nos desdobramentos futuros. As obras presentes na mostra – seja em termos temáticos, materiais ou mesmo formais – são compreendidas simultaneamente como imagem-índice-percurso, o que possibilita diferentes leituras, relações e caminhos. Fazem parte da seleção apresentada trabalhos em fotografia, vídeo, gravura, pintura, objeto, arte postal, serigrafia e livro de artista.

Nas palavras da curadora, Bruna Fetter: “Ao partir da noção de rastro e vestígio, Haverá consequências busca tecer fios que atravessam nossas compreensões de passado-presente-futuro, causa e consequência. Na mostra encontraremos imagens e objetos que são resíduos de pensamentos e ações ocorridas no passado, mas que pela sua condição de obra de arte tornam-se testemunhos perenes a nos acessar em diferentes contextos e tempos. Reunindo um grupo de obras da coleção da FVCB, a exposição resulta de uma imersão minha neste Acervo, e também de um trabalho muito próximo a todas as equipes da instituição, inaugurando meu trabalho como diretora cultural da Fundação.”

 

Artistas Participantes

Begoña Egurbide | Bill Viola | Brígida Baltar | Cao Guimarães | Carla Borba | Carlos Krauz | Christian Cravo | Cinthia Marcelle | Claudia Hamerski | Claudio Goulart | Clovis Dariano | Darío Villalba | Dennis Oppenheim | Dirnei Prates | Elaine Tedesco | Elcio Rossini | Eliane Prolik | Ethiene Nachtigall | Fabiano Rodrigues | Fernanda Gomes | Frantz | Geraldo de Barros | Guilherme Dable | Heloisa Schneiders da Silva | Hudinilson Jr. | Ío (Laura Cattani e Munir Klamt) | Jaume Plensa | Joan Fontcuberta | João Castilho | Lluís Capçada | Luanda | Lucia Koch | Mara Alvares | Marco Antonio Filho | Margarita Andreu | Mariana Silva da Silva | Mario Ramiro | Marlies Ritter | Michael Chapman | Nelson Wiegert | Nick Rands | Patricio Farías | Paulo Nazareth | Perejaume | Regina Vater | Rosângela Rennó | Roselane Pessoa | Sarah Bliss | Sascha Weidner | Sol Casal | Susy Gómez | Telmo Lanes | Tuane Eggers | Vera Chaves Barcellos | Wanda Pimentel | Yuri Firmeza

 

Sobre a curadora

Bruna Fetter. Professora e pesquisadora do Instituto de Artes da UFRGS, Bruna Fetter é Doutora em História, Teoria e Crítica de Arte pelo PPGAV/UFRGS, Programa de Pós-Graduação no qual hoje atua como docente. Vice-coordenadora do curso de especialização em Práticas Curatoriais da UFRGS, foi pesquisadora visitante na New York University (2014/2015), possibilitado por bolsa Fulbright. Atualmente é diretora cultural da Fundação Vera Chaves Barcellos. Curadora das mostras Do abismo e outras distâncias (Mamute Galeria, Porto Alegre/2017), Expedições pela Paragem das Conchas (Espaço de Artes da UFCSPA, Porto Alegre/2016), Da matéria sensível: afeto e forma no acervo do MAC/RS (Porto Alegre/2014), O sétimo continente (Zipper Galeria, São Paulo/2014) e Qualquer lugar (Casa Triângulo, São Paulo/2013). Também realizou a curadoria da mostra Mutatis mutandis, com Bernardo de Souza (Largo das Artes, Rio de Janeiro/2013); e dividiu a curadoria da mostra Cuidadosamente, através com Angélica de Moraes (São Paulo/2012). Entre 2006 e 2007 coordenou a equipe de produção executiva da 6a Bienal do Mercosul. É membro da ANPAP, da ABCA e da AICA. Coautora do livro As novas regras do jogo: sistema da arte no Brasil (Editora Zouk, 2014), colaborou nas publicações Artes visuais – ensaios brasileiros contemporâneos (org. Fernando Cocchiarale, André Severo e Marília Panitz, FUNARTE, 2017), Práticas contemporâneas do mover-se (org. Michelle Sommer, Circuito, 2015) e A palavra está com elas: diálogos sobre a inserção da mulher nas artes visuais (org. Lilian Maus, Panorama Crítico, 2014).

 

 

Panorama da obra de Gustavo Speridião

13/nov

 

Um dos mais destacados e engajados artistas brasileiros da atualidade, o carioca Gustavo Speridião apresentará um panorama de sua obra recente a partir do dia 19 de novembro na mostra “Gustavo Speridião – Manifestação contra a viagem no tempo”, no Centro Cultural Justiça Federal. Com curadoria de Evandro Salles, serão apresentadas cerca de 150 obras, entre pinturas, desenhos, colagens, fotografias, filmes, objetos e faixa-poema, produzidos entre 2006 e 2022, no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Paris. Desde 2016 o artista não realiza uma exposição institucional no Rio de Janeiro.

“É uma mostra antológica, que revela um artista denso e profícuo, que se inscreve fortemente nas raízes construtivas da arte”, afirma o curador Evandro Salles. No dia da abertura, será realizada uma visita-guiada com o artista e o curador. A mostra tem patrocínio do Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, através do Edital Retomada Cultural RJ2.

Tendo todo o seu trabalho perpassado pela palavra e pelo poema, Gustavo Speridião apresentará obras impactantes, sejam pelo seu tamanho, por suas formas ou por suas frases-poemas, em trabalhos que mostram o amplo campo de linguagens exploradas pelo artista. Cerca de 50 pinturas em grandes dimensões, com tamanhos que chegam a 6 metros de comprimento, estarão na exposição ao lado de mais de 80 desenhos de menor formato e pequenos objetos em gesso. Faixas-poemas, que participaram de manifestações nas ruas do Rio de Janeiro, fotografias e dois filmes produzidos pelo artista – um curta e um média-metragem – completam a exposição.

Os trabalhos trazem em sua temática questões políticas, existenciais, filosóficas e em defesa da liberdade de expressão, mas sempre dentro de uma narrativa poética.

Trazendo o universo das ruas, muitas obras incorporam durante o processo de trabalho manchas, respingos, eventuais rasgos e sujeiras e que acabam se integrando à obra. “O pincel ou o lápis agem como uma faca. Cortando a superfície do plano em gravações definitivas, irretocadas. Suas referências históricas são explicitadas. Suas apropriações reveladas. Suas palavras são ditas (e escritas). Seus erros são incorporados ao lado de seus acertos. Nada há a esconder. Revela-se o aparecimento das verdades cruas, das ilusões vãs ou das realidades cruéis”, diz o curador.

Em trabalho inédito, seis grandes telas são dispostas em hastes fincadas em blocos de concreto urbano, semelhantes aos que encontramos nas ruas, feitos com britas.

Formam um círculo por onde o público poderá caminhar e imergir, vendo a tela e seu avesso. “Sempre trabalhei com arte urbana. Os blocos de concreto me interessam como objeto e fazem a tela se tornar mais espacial, caminhando mais para a escultura. É uma fórmula que me interessa”, afirma o artista. Mesmo sendo uma quase escultura ou instalação, Gustavo Speridião diz que “tudo é parte da pintura, de um plano pictórico que está em várias dimensões”. Esses mesmos blocos de concreto aparecem em outras obras, com madeiras e pequenas faixas com textos como “A arte da revolução” ou “Tudo insuportável”.

Se elementos das ruas, como os blocos de concreto, são utilizados nas obras, o contrário também acontece e obras criadas no ateliê do artista na Gamboa, na zona portuária do Rio de Janeiro, vão para as ruas, como a faixa-poema, em grandes dimensões, medindo 2,5m X 4,5m, realizada em colaboração com Leandro Barboza, que participou de manifestações no Rio de Janeiro, e na exposição estará presa por cabos de madeira, apoiadas em blocos de concreto.

Para mostrar a ampla produção do artista, que transita por diversas linguagens, também serão apresentadas fotografias, que mostram construções de imagens, e dois filmes: o média-metragem Estudos Superficiais; (2013), ganhador do prêmio Funarte de Arte Contemporânea, em 2014, que registra lugares, imagens urbanas, momentos e pessoas, que cruzaram o caminho do artista, e curta-metragem “Time Color” (2020), que fala sobre a existência da humanidade, superação da natureza, geometria e formação da gravidade. O título da exposição foi retirado de uma colagem de 2009 na qual, sobre uma imagem de manifestação publicada em um jornal, o artista escreve com tinta a frase que dá nome à mostra: “Manifestação contra a viagem no tempo”, em uma referência a situações recentes da nossa história. “Para enfrentar a desmemória de um falso passado, propõe e nos remete em poema ao real do aqui e agora. Imagem e palava se articulam na construção de um terceiro sistema: POEMA, afirma o curador. Ao longo do período da exposição está prevista uma palestra com o artista e o lançamento do e-book bilíngue da mostra.

 

Sobre o artista

Gustavo Speridião trabalha em uma grande variedade de mídias, incluindo fotografia, filmes, colagens e desenhos. De simples piadas visuais a esboços que convidam a interpretações complexas. Em sua obra, Gustavo Speridião não tem medo de parafrasear e citar coisas que o cercam, desde os discursos de trabalhadores até assuntos políticos globais ou filmes de vanguarda modernistas à história da arte. Há uma espécie de energia crítica que consegue mostrar uma atitude em relação ao que ele considera que deve ser discutido, reavaliado e recriado. O mundo inteiro pode ser o tema de seu trabalho. Tudo o que existe no mundo contemporâneo constitui sua gramática visual. O artista assimila a velocidade do mundo contemporâneo, mas recusa todos os discursos oficiais que tentam nos convencer de que a luta de classes já está completamente perdida. Speridião examina os problemas universais enfrentados pelo homem e os transforma em arte visual. Com sua criação e interpretação de imagens e a forma de editá-las, sua poesia reivindica o direito de ter voz contra o capitalismo.

 

Sobre o curador

Artista e curador. Notório Saber em Arte reconhecido pela Universidade de Brasília – UnB; Mestre em Arte e Tecnologia pelo Instituto de Artes da Universidade de Brasília – UnB. Profissionalmente, atuou dirigindo diversas instituições culturais: criador e diretor executivo da Fundação Athos Bulcão – Brasília; Secretário Adjunto de Cultura do Distrito Federal (1997-1998); Diretor Cultural do Museu de Arte do Rio – MAR (2016-2019). Um dos fundadores no Rio de Janeiro do Instituto CASA – Convergências da Arte, Sociedade e Arquitetura. Diretor da empresa cultural Lumen Argo Arte e Projeto. Idealizou e realizou nos últimos anos inúmeras exposições de artes visuais em museus e centros culturais, das quais destacam-se: O Rio do Samba – Resistência e Reinvenção – Museu de Arte do Rio-MAR, 2018; Tunga, o rigor da distração, 2017, Museu de Arte do Rio-MAR; Claudio Paiva – O colecionador de Linhas, MAR, 2018; O Poema Infinito de Wlademir Dias-Pino – Museu de Arte do Rio-MAR, 2016; Casa • Cidade • Mundo – sobre arte e arquitetura – Centro Cultural Hélio Oiticica. Rio de Janeiro. 2015; A Experiência da Arte – com obras de Cildo Meireles, Eduardo Coimbra, Ernesto Neto, Paula Trope, Vik Muniz, Waltercio Caldas e Wlademir Dias Pino – CCBB-Brasília – 2014. SESC Santo André – São Paulo 2015; Amilcar de Castro – Repetição e Síntese – panorama da obra do artista mineiro – CCBB-Belo Horizonte 2014; Arte para Crianças –  Museu da Vale, Vila Velha – ES; Museu de Arte Moderna do RJ; Casa das Onze Janelas, Belém; CCBB Brasília; SESC Pompéia, São Paulo; Itinerância de 2006 a 2010; Curador Geral do Espaço Brasil no Carreau du Temple, Paris – Ano do Brasil na França; 2005.

 

Sobre o Centro Cultural Justiça Federal

Espaço reconhecido por incentivar e garantir o acesso da população às diversas formas de expressão cultural, abriga exposições, peças teatrais, espetáculos de dança e de música, mostras de cinema, cursos, seminários, palestras, dentre outras. Vinculado à Presidência do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, ocupa a antiga sede do Supremo Tribunal Federal na cidade do Rio de Janeiro. A construção do prédio teve início em 1905, como parte integrante do projeto de reformulação urbanística da cidade, então Capital Federal. Projetado pelo arquiteto Adolpho Morales de Los Rios, o edifício é um dos mais importantes testemunhos daarquitetura eclética do país. O STF ocupou o prédio até 1960, quando da transferência da Capital Federal para Brasília. Desde então, a  edificação abrigou o Superior Tribunal Eleitoral, o Tribunal de Alçada e varas da Justiça Federal de 1ª Instancia. Após sete anos de obras de restauração, o prédio foi aberto ao público em 4 de abril de 2001, já como Centro Cultural.

 

 

Ateliê em aberto

18/out

 

No mês de outubro, o Ateliê André Venzon, Rua Leopoldo Froes, 126, Bairro Floresta, 4º Distrito, Porto Alegre, RS, comemora 25 anos de atuação com a exposição pop up “Eu me deixo ser”, que integra a agenda do projeto “Portas para a Arte” – 13ª Bienal do Mercosul. O espaço apresenta centenas de obras de arte contemporânea autorais e uma coleção pessoal de arte, exposta de forma inusitada. Criado junto a oficina mecânica da família, o local também é pensado pelo artista como uma obra de arte instalativa, interessante para quem busca conhecer uma casa/ateliê/acervo e arejar seus conceitos de como viver com arte por todos os lados, dos pés à cabeça, literalmente.

Segundo o amigo e curador Nicolas Beidacki, basta caminhar pelo seu ateliê, olhar os primeiros trabalhos, identificar a estante com presentes de amigos, reparar no acúmulo de potência que alimenta o artista nesse ambiente, para chegarmos a uma conclusão: “tudo que falta no mundo lhe preenche. As obras de arte, os livros, o acervo pessoal, os papéis de cada evento, as anotações, o apreço pela lembrança, por vivenciar a experiência de tentar nunca mais esquecer. Tudo aquilo que se apaga, que desaparece atrás dos tapumes na cidade, que se torna invisível para determinadas camadas sociais e que se desprende do afeto recebe acolhimento e devoção do artista. Sua prática é assim: uma vontade de conseguir desejar tudo; e uma força para reconhecer a dimensão das coisas que foram perdidas. Não permitir a destruição, não deixar avançar o horror e não ceder ao sentimento de incompreensão da vida.”

Seja revestindo completamente a si mesmo ou transformando as cabeças dos outros – colocando um cubo rosa para cobrir o rosto – a obra de Venzon busca nos inserir numa visão interna e até mesmo solitária sobre a vida. O jogo entre se abrir para o mundo ao nosso redor, mas não abandonar o olhar para um interior colorido reverbera uma multiplicidade de conflitos que transformam o sujeito e o colocam em confronto com a sua subjetividade. Ao perceber aquilo que fecha, reveste, protege e camufla, André pontua as necessidades de pessoas e lugares num mundo marcado por inúmeros projetos de destruição. A falência de bairros, a precarização da vida, a violência de um sistema econômico, o abuso e venda do próprio corpo e o esquecimento são parte fundamental de uma reflexão sobre a cidade, as pessoas e a arte que dialoga com o tema “Trauma, sonho e fuga” da Bienal. Reflexão essa que não se desprende daqueles que fazem de sua própria obra um conjunto de força. É a mescla entre o peso do mundo e a beleza rosa dos sujeitos comprometidos com a manifestação da singularidade, potência e dualidade do seu ambiente de origem.

A exposição “Eu me deixo ser”, com visitação gratuita, também é um convite para comemorar a esperança de que toda arte é portadora, desejando sempre a liberdade de expressão e do próprio ser.