Figuras Centrais da Op Art e da Arte Cinética

23/mai

A Nara Roesler New York apresenta até 16 de julho a exposição Parallel Inventions: Julio Le Parc e Heinz Mack, que reúne cerca de 25 obras históricas e recentes de ambos artistas, figuras centrais da Op Art e da Arte Cinética, que exploram a luz e o movimento em suas práticas artísticas. A exposição inclui trabalhos icônicos dos artistas. 

Com trajetórias iniciadas na década de 1950, os Heinz Mack e Julio Le Parc direcionaram suas poéticas para a compreensão e o estudo de fenômenos visuais de forma pura, tanto através da interação dos mesmos quanto por meio da experiência sensorial que estes causam no espectador. Dessa forma, acabaram tanto rompendo com suportes e materiais artísticos tradicionais, utilizando em seus trabalhos materiais como areia, espelhos, motores e aço, quanto promovendo uma crescente participação do espectador nos trabalhos. 

Ao longo de sua trajetória, Heinz Mack (n.1931, Lollar, Alemanha) desenvolveu uma produção artística pioneira marcada por investigações com a luz, a cor, a temporalidade e o movimento. Mack iniciou sua carreira na década de 1950, ao fundar o Grupo ZERO (1957-1966) ao lado de Otto Piene em 1957, ao qual viria a se juntar Gunther Uecker, em 1961. O objetivo do coletivo estava em criar um espaço desprovido de estruturas prévias, um lugar silencioso no qual poderiam se originar novas possibilidades. “O objetivo é alcançar a clareza pura, grandiosa e objetiva, livre da expressão romântica e arbitrariamente individual. Em meu trabalho eu exploro e busco fenômenos estruturais, cuja lógica estrita eu interrompo ou amplio por meio de intervenções aleatórias, ou seja, de eventos fortuitos.” Em consonância com esse pensamento, a prática de Mack passou a se apoiar em três pilares principais – luz, movimento e cor -, que ele explorou por meio de uma produção variada que vai desde esculturas cinéticas, estruturas em metal ou espelho, até projetos de land art, assim como pinturas compostas por modulações cromáticas. 

Julio Le Parc (n.1928, Mendoza, Argentina), por sua vez, também é reconhecido internacionalmente como um dos principais nomes da arte óptica e cinética e foi co-fundador do Groupe de Recherche d’Art Visuel (1960-68), um coletivo de artistas que se propunha a incentivar a interação do público com a obra, a fim de aprimorar suas capacidades de percepção e ação. De acordo com essas premissas, somadas à aspiração bastante disseminada na época de uma arte desmaterializada, indiferente às demandas do mercado, o grupo se apresentava em locais alternativos e até na rua. As obras e instalações de Julio Le Parc, feitas com nada além da interação entre luz e sombra, são resultado direto desse contexto, no qual a produção de uma arte fugaz e não vendável assumia claro tom sociopolítico. Ao longo de seis décadas, Le Parc realizou experiências inovadoras com luz, movimento e cor, buscando promover novas  relações entre arte e sociedade a partir de uma perspectiva utópica. Suas telas, esculturas e instalações abordam questões relativas aos limites da pintura a partir de procedimentos que se aproximam da tradição pictórica na história da arte, como o uso de acrílico sobre tela, ao mesmo tempo que investigam potencialidades cinéticas em assemblages, instalações e aparelhos que exploram o movimento real e a atuação da luz no espaço.

 

 

Padrões geométricos e cinéticos

12/mai

 

O artista pernambucano José Patrício, que é conhecido no circuito de arte, tanto no Brasil como no exterior, usa materiais simples do cotidiano, principalmente botões – que ele compra em armarinhos, liquidações – para criar padrões geométricos e cinéticos. Ele vai mostrar na exposição “José Patrício – Infinitos outros”, trabalhos inéditos, com botões costurados em tela sobre suporte de madeira, e também um conjunto de “Conexões cromáticas”, em que usa selos postais da Inglaterra sobre impressão em papel, na Nara Roesler, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, a partir de 20 de maio, às 15h. Em seguida, às 16h, José Patrício fará uma visita guiada à exposição. Em cartaz até 22 de julho.

Os trabalhos com botões, que se tornaram emblemáticos na trajetória de José Patrício, começaram em 2005, derivados das obras feitas com dominós, que chamou a atenção do circuito de arte para o artista, quando em 1999 criou uma instalação para o convento de São Francisco, em João Pessoa, usando as peças do jogo.

“Nesta exposição na Nara Roesler, no Rio, houve uma tentativa de dar uma unidade a partir dos elementos e do tratamento que foi dado a eles, no caso o botão. Por outro lado, este aspecto cinético que existe nas obras também traz esta unidade”, conta o artista. “Progressão cinética XI” (2022), com 161 x 159 cm, “comenta um pouco o trabalho que considero importante, que é uma série de instalações com dominós montados no chão, chamada “Ars combinatoria”, que se compõe por quadrados realizados por três jogos de dominó, e, em cada ação, o resultado é diferente”, diz José Patrício. “Esta obra é também uma arte combinatória que utiliza os botões”.

As obras com botões têm 3.600 quadrados cada, e apenas um espaço central permanece vazio. O artista usa uma grade com 80 espaços em um lado e 80 no outro, “que são preenchidos com os botões”. “A forma de preencher são muitas, infinitas, não só a partir dos elementos à disposição, mas também das seqüências que serão criadas ali na estrutura”.

As exceções são “Espirais cinéticas II” (2022) e “Espirais cinéticas III” (2022), dois dípticos medindo respectivamente 115,5 x 222 cm e 114 x 224 cm, com um viés cinético, e que utilizam a estrutura de 112 dominós, objeto recorrente no trabalho do artista.

“Eu não existiria sem minhas repetições”, Nelson Rodrigues (1912-1980), é uma frase que o artista diz que pode também ser atribuída a ele. “A chave-mestra do meu trabalho talvez seja essa da repetição, que a cada concretização de uma obra consegue ser diferente. Eu repito sempre, mas também sempre tenho resultados diferentes. É algo que me move. Fazer este exercício de conseguir resultados novos a partir de uma estrutura dada”, explica.

 

Vinte e cinco anos de atividades

09/mai

Anita Schwartz Galeria de Arte, convida, a partir do dia 10 de maio, às 19h, para a exposição “Anita Schwartz XXV”, que celebra seus 25 anos de atividades profissionais – e há 15 no espaço da Gávea, em que lançou um novo paradigma para os espaços arquitetônicos de uma galeria de arte no Rio de Janeiro -, com trabalhos históricos e emblemáticos e outros novos e inéditos, produzidos especialmente para a mostra de 27 artistas que participaram desta trajetória. A curadoria é de Bianca Bernardo, gerente artística da Galeria.

A exposição apresenta obras de artistas que fizeram parte desta história, como Abraham Palatnik (1928-2020), Angelo Venosa (1954-2022), Ivens Machado (1942-2015), Rochelle Costi (1961-2022) e Wanda Pimentel (1943-2019), em homenagem especial ao seu legado e memória; Antonio Manuel, Artur Lescher, Carlos Zílio, Daniel Feingold, David Cury, Gonçalo Ivo; e Ana Holck, Andreas Albrectsen, Carla Guagliardi, Claudia Melli, Cristina Salgado, Gabriela Machado, Jeane Terra, Lenora de Barros, Maritza Caneca, Marjô Mizumoto, Nuno Ramos, Otavio Schipper, Paulo Vivacqua, Renato Bezerra de Mello, Rodrigo Braga e Waltercio Caldas, representados pela Galeria. As obras vieram dos acervos dos artistas, cedidas especialmente para este momento de comemoração, e algumas do próprio acervo de Anita Schwartz.

Ao longo do período da exposição será lançado um livro com texto de Paulo Sérgio Duarte, sobre a história de Anita Schwartz Galeria de Arte, e com registros de imagens da mostra.

 

 

Construções tridimensionais de Carlos Fajardo

08/mai

A Galeria Marcelo Guarnieri, Jardins, São Paulo, SP, apresentará, entre 20 de maio e 24 de junho, “Forse che sì, forse che no / Talvez sim, talvez não”, segunda exposição individual do artista Carlos Fajardo na sede da galeria. A mostra reúne um conjunto de 12 construções tridimensionais compostas por sobreposições de vidros laminados coloridos e transparentes que, circunscritos ao formato de uma caixa retangular, distribuem-se ritmicamente pelas paredes da galeria. Em “Forse che sì, forse che no / Talvez sim, talvez não”, Fajardo dá continuidade à investigação que desenvolve há mais de cinco décadas sobre as relações espaciais entre o corpo, o objeto e a arquitetura, realizada nesta ocasião através do trabalho com materiais reflexivos, transparentes e luminosos que põem em dúvida o sentido da visão. A exposição conta com texto de apresentação do crítico e curador Diego Matos.

Embora se construam a partir de ângulos retos, as obras de Carlos Fajardo não pretendem convocar leituras fechadas. Os quadrados, os espelhos e as repetições podem ser, em um primeiro momento, identificados como recursos de uma linguagem assertiva, mas dentro da investigação do artista, eles são utilizados como ferramentas que abrem espaço para a ambiguidade. As peças apresentadas na exposição são formadas por sobreposições de superfícies de vidro dispostas em um determinado ângulo cuja inclinação produz um efeito de multiplicação de cores e planos, permitindo ao espectador acessar uma terceira dimensão. As doze caixas que ocupam a extensão das duas paredes opostas que configuram o espaço expositivo, ressoam e multiplicam o formato retangular da arquitetura da galeria, formando um corredor de espelhos coloridos e reflexos imprecisos. Cada caixa é composta por dois quadrados de cor, mas essas cores também não são fixas, variam a depender da incidência da luz e do movimento do olho de quem vê. Um retângulo, outro retângulo, e mais outro: repetem-se como a mesma nota musical inscrita numa partitura. Um mantra desconcertante. E é nos deslocamentos dos corpos e nas inclinações dos eixos que os espelhos vibram – talvez sim, talvez não.

 

Sobre o artista

Carlos Fajardo nasceu em 1941 em São Paulo, onde vive e trabalha. Sua obra possui grande relevância no panorama da arte brasileira assim como sua atuação de mais de 40 anos como professor. Ao longo de sua carreira, participou de diversas exposições importantes no Brasil e no exterior, dentre as quais Jovem Arte Contemporânea, no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP), em 1967, organizada por Walter Zanini. Participou da 9ª, 16ª, 19ª, 25ª e 29ª edição da Bienal de São Paulo, respectivamente em 1967, 1981, 1987, 2002 e 2010. Representou o Brasil na Bienal de Veneza em 1978 e em 1993. Participou da 1ª e da 4ª edição da Bienal do Mercosul, em Porto Alegre. Com Nelson Leirner, José Resende, Geraldo de Barros, Wesley Duke Lee e Frederico Nasser integrou, de 1966 a 1967, o Grupo Rex. O grupo questionava as instituições e o modus operandi do sistema de arte por meio de intervenções, publicações, palestras, projeções ou encontros. Em 1970 fundou junto a José Resende, Luiz Paulo Baravelli e Frederico Nasser a Escola Brasil, um “centro de experimentação artística dedicado a desenvolver a capacidade criativa do indivíduo” que foi importante não só na formação de muitos artistas brasileiros, mas também no amadurecimento das discussões sobre ensino e aprendizado de arte no país.

 

 

Contaminações e convergências espontâneas

05/mai

NONADA ZN, abriga a mostra coletiva “fragmento I: vento pórtico”, com os artistas Iah Bahia, Loren Minzú, Siwaju Lima, sob curadoria de Clarissa Diniz, com aproximadamente 32 trabalhos entre esculturas, instalações, gravuras, vídeos e objetos, muitos inéditos, uma rara exposição de processo, a partir do dia 06 de maio e permanecrá em cartaz até 11 de junho. O projeto idealizado pela curadora, dividido em duas etapas, surge do desejo de reavivar um centro de produção na Penha, Rio de Janeiro, RJ, e reativar sua vocação criadora que, no passado, era preenchido por muitos saberes, memórias e trabalho.

Em seu primeiro movimento – “fragmento I: vento pórtico” – a curadora ocupou os espaços desde o mês de março, com os artistas em atividades criativas desenvolvendo seus experimentos e poéticas, “realizando investigações site specific e partilhando seus saberes e desejos num processo coletivo de criação, crítica e interlocução”, como relata Clarissa Diniz. As pesquisas in loco, focadas em torno dos imaginários, políticas e formas do vento, do movimento, do vazio, do oco e do avesso. Nesse primeiro instante, tem-se uma singular ocasião de acesso de obras geradas a partir dessa imersão mas também ser apresentado a resultados que Iah Bahia, Loren Minzú e Siwaju Lima produziram através as contaminações e convergências espontâneas advindas da convivência entre si e com o espaço e suas histórias e a forma como foram compartilhadas.

A costura de artistas ímpares em uma mesma pesquisa apresentou-se como uma promessa onde os resultados impossibilitaram qualquer antevisão. Iah Bahia desenvolve obras com variadas formas e materialidades em artes experimentais, processuais e abstracionais. Possui sua prática-pesquisa a partir de observações e experimentações interdisciplinares conjunta a matéria-tecido, matéria-lixo e de outros elementos substanciais coletados no território urbano. Destaca as tensões do espaço habitado, e convoca o rearranjo dos efeitos do ecocídio em uma nova visualidade no mundo, como o conhecemos. Loren Minzú, em sua prática, investiga a produção de imagens ligadas a noções temporais, espaciais e corporais, com base em ficções acerca dos sistemas perceptivos e comunicativos em relações interespecíficas. Interessado nos processos fenomenológicos que compõem o mundo visível e sensível, o artista observa e joga com a luminosidade e a escuridão que emanam de corpos terráqueos e cósmicos, para compor cenas audiovisuais, instalações e esculturas com vegetais, minerais, elementos matéricos e artefatos. Por outro lado, Siwaju Lima investiga a relação do tempo com diferentes ecologias por meio do reaproveitamento de peças de ferro doadas ou encontradas. Seus trabalhos estabelecem uma relação íntima e direta com a escultura fundida, e as possíveis relações entre a matéria e os símbolos que incorpora, entre o objeto e seu entorno, entre corpo escultórico e o espaço, e entre a obra e nossos corpos, sempre numa dimensão temporal em espiral e em expansão.

Em um segundo momento, “Fragmentos II”, tem como fio condutor as ideias de armadilha, defesa, feitiço, armadura. Aglutinadas em “Fragmentos I e II”, as pesquisas de Siwaju, Iah e Loren harmonizam um estimulante cenário da produção recente da arte brasileira que atua com materiais como o papel, o ferro, a madeira e a cerâmica.

 

A palavra da curadoria

“Não estamos diante de projetos estéticos extrativistas no seio dos quais as matérias são instrumentalizadas como recursos a serem apropriados por mãos e gestos autoritários. Ao contrário, Vento Pórtico desdobra-se em exercícios poéticos cuja ética implica em dobrar, acariciar, oxidar ou tocar materialidades como a corpos cúmplices com os quais compartilhamos segredos, saberes, desejos e pragas”.

 

Sobre os artistas

Iah Bahia (1993 São Gonçalo, RJ) – Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Iniciou sua formação em cursos livres na Escola de Artes Spectaculu e na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (RJ). É formada no curso técnico em Design de Moda e, recentemente, ingressou em Artes Visuais-Escultura na Escola de Belas Artes da UFRJ (RJ). Em 2020, participou do programa de residência do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e em 2022 participou da residência formativa Elã, no Galpão Bela Maré (RJ).

 

Loren Minzú (1999, São Gonçalo, RJ) – Vive e trabalha entre São Gonçalo e Rio de Janeiro. Graduando em Artes pela Universidade Federal Fluminense, passou por instituições como Casa do Povo, (SP) e Parque Lage, (RJ) – onde compôs a turma de Formação e Deformação (2021). Em 2022, foi residente no programa Elã, do Galpão Bela Maré, (RJ). Nas exposições, destacam-se Rebu, no Parque Lage, (RJ), em 2021, Raio a Raio, organizada pelo Solar dos Abacaxis no pilotis do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (2022), De montanhas submarinas o fogo faz ilhas, na Pivô (SP) em colaboração com a Kadist (2022) e In the Skeleton of The Stars, no Institut für Auslandsbeziehungen, (Stuttgart, Alemanha), em 2023. Também participou de mostras audiovisuais no Cine Bijou, (SP), Centro Petrobras de Cinema, (Niteroi, RJ) e na Cinemateca Nacional Dominicana (Santo Domingo).

 

Siwaju Lima (1997 São Paulo, SP) – Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Graduanda em Artes Visuais na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), é artista do ateliê de escultura da EAV Parque Lage (RJ), do Programa Formação e Deformação, e da Escola Livre de Artes do Galpão Bela Maré (RJ). Entre as exposições coletivas que participou em 2022, destacam-se Arte como trabalho, no Museu da História e da Cultura Negra, Idolatrada salve! Salve! (RJ), na Fábrica Bhering, Olha geral, no Instituto de artes da UERJ (RJ), e Ecologias do bem-viver, no Galpão Bela Maré (RJ).

 

 

Lourival cuquinha: brasil futuro

 

Exposição coletiva

A exposição “Brasil futuro: as formas da democracia” tem entre os trabalhos expostos o de Lourival Cuquinha, artista representado pela Central Galeria. Inaugurada no dia 1º de janeiro, no Museu Nacional da República, em Brasília, DF, a exposição iniciou uma intinerância pelo país, tendo como primeira parada o Espaço Cultural Casa das Onze Janelas, em Belém do Pará, até 18 de junho.

 

Jarbas Lopes e curadoria de Catherine Bompuis

04/mai

 

A Gentil Carioca, Centro, Rio de Janeiro, RJ, apresenta “Lua/Luta”, próxima exposição individual de Jarbas Lopes, com curadoria de Catherine Bompuis. A abertura acontece no próximo sábado, 06 de maio, das 17h às 22h.

 

A palavra da curadora

“O projeto Lua versus Luta abre um espaço de experimentação, jogo e risco que não impõe limites. Arte e vida aqui estão entrelaçadas e tudo parece ser construído caminhando, conversando, brincando, respirando: um processo de criação contínua. A pulsão de vida dirige as ações que se desenvolvem numa constante improvisação, ramificação e recusa de qualquer determinação que possa congelar a obra numa única direção. Performance, maquetes, esculturas, pinturas elásticas, projetos utópicos e desenhos parecem ser concebidos em um mesmo movimento onde o corpo ocupa o lugar central. Mais do que cada objeto tomado separadamente, são as relações tecidas entre os objetos e as ações, entre o individual e o social, que dão sentido à obra. Um ato de desafio que reafirma o direito à vida e a força do ato artístico. […] A vontade de transcender os limites clama por um outro mundo possível. […] Trata-se, portanto, de reinscrever simbolicamente o desejo e a consciência no corpo: Lua/Luta”

 

Conversa com Anna Braga no Paço Imperial

No dia 12 de maio, às 15h, a artista multimídia Anna Braga fará uma conversa com o público na exposição “Submersões”, em cartaz no Paço Imperial,  até o dia 21 deste mês. Há 20 anos sem fazer uma exposição individual em uma instituição no Rio de Janeiro, a artista falará sobre os trabalhos que apresenta na mostra panorâmica, que tem curadoria de Fernando Cocchiarale.

Na exposição são apresentadas 36 obras, entre instalações, pinturas, desenhos, fotografias, vídeos e objetos inéditos, que trazem temas como temas centrais a ecologia, a violência e questões de gênero. Os trabalhos, que ocupam três salões do Paço Imperial, em uma área total de mais de 300 m², pertencem a três séries distintas: “Ternas Peles”, “Memória Submersa” e “Puro Álibi”.

 

Sobre a artista

Nascida em Campos dos Goytacazes, RJ, Anna Braga é formada em Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com mestrado em Sociologia pela UFRJ e extensão em Filosofia e Arte Contemporânea pela PUC-Rio. Frequentou o ateliê da artista Anna Bella Geiger e os ateliês de Elena Molinari, Maria Freire e Hilda Lopes em Montevidéu, no Uruguai. Fez curso de Arte e Filosofia e Arte Crítica na EAV Parque Lage entre 2000 e 2001 e especialização em Arte e Filosofia na PUC Rio em 2008. Possui obras em importantes acervos, como Museo de Arte Contemporanea de Uruguai; Centro Cultural da Caixa Econômica Federal, Brasília, DF; Centro Cultural dos Correios e Telégrafos, Museu Postal, Rio de Janeiro e Museo Nacional da República (MUN), em Brasília.

 

Espaços domésticos por Ana Hortides

 

A exposição “Dona”, de Ana Hortides, amplia pesquisa em torno da potência política e poética dos espaços domésticos, na Arte Fasam Galeria & Galpão Cru, Barra Funda, São Paulo. Esta é a primeira mostra individual da artista Ana Hortides na cidade e aborda de forma poética a questão da propriedade como afirmação pessoal e política. Com conceitos que vão do même à playlist, “Dona” ainda convida o público para uma conversa e visita guiada.

A Arte Fasam Galeria e o Galpão Cru realizam uma conversa e visita guiada à exposição “Dona”, de Ana Hortides, com a presença da artista e da curadora, Ludimilla Fonseca, na quinta-feira, 11 de maio, às 19h, no espaço expositivo, onde será discutido o processo artístico que resultou na mostra. Nascida e criada no bairro de Vila Valqueire, Zona Oeste do Rio de Janeiro, Ana Hortides desenvolve uma ampla pesquisa em torno da potência política e poética dos espaços domésticos, que se expande a partir de uma prática focada nos materiais como meios de explorações formais. A mostra seguirá em cartaz até o dia 13 de maio.

A artista exibe pela primeira vez séries de trabalhos desenvolvidas exclusivamente para a mostra, discutindo e refletindo sobre os conceitos contemporâneos de “dona”, “proprietária”, “a patroa tá on” e “ela faz o corre dela”, expressões que podemos dizer que nos dias de hoje, vão além dos memes, sendo, acima de tudo,  afirmações pessoais e políticas. Além disso, foi elaborada uma playlist com hits que vão dos anos 1970 aos 2000 e que emplacaram nas paradas de sucesso nas rádios da época, e, que, decerto modo, abordam questões implicadas no processo artístico e curatorial que culminou em “Dona”.

A mostra traz o conjunto de esculturas “O Coro”, da série “Outsiders”, desenvolvidas com concreto e azulejos: peças únicas e numeradas que a artista garimpa e adquire em armazéns e fábricas antigas do Rio de Janeiro: “Como esses pisos estavam nas casas de tantas pessoas, a artista considera que eles ressoam como um grande coro inaudível, entoando um mesmo murmurinho nostálgico que conta e canta o passado”, conta a curadora.

A artista também mostra uma série de telas inéditas, produzidas com cortinas sobre chassi. Ao mesmo tempo em que jogam com a noção histórica das “pinturas como janelas para o mundo”, essas obras nos lembram das cortinas como “esconderijos”. Ao ficar atrás delas, nossos corpos infantis perdiam seus relevos humanos, adquirindo os  contornos do tecido. E, assim como o verso das pinturas, nos tornávamos invisíveis.

Além de uma obra instalativa, o projeto exibe o vídeo inédito “Cômodo”, para o qual Hortides desenvolveu um maquinário mecânico específico, cujo objetivo era despertar a casa. As máquinas simulam as batidas de coração e o movimento da respiração, evidenciando a existência autônoma dos objetos caseiros. “Nas casas onde crescemos, também havia um cantarolar baixinho, mas onipresente. Era a trilha sonora das mães e avós responsáveis pelas tarefas domésticas: enquanto passavam roupas e lavavam as louças, elas cantarolavam para si mesmas. Os cômodos eram suas plateias silenciosas, mas sempre presentes” – conta a artista.

Segundo a curadora Ludmilla Fonseca – “Neste espaço expositivo, não houve tentativa de forjar um ambiente de galeria. As características arquitetônicas, com destaque para o vidro e o cimento, são absorvidas, criando a ficção de um espaço em que nada funciona, exceto pela luz natural que entra através das janelas. Hortides se apropria desse contexto desenvolvendo um trabalho site-specific. Construído com azulejos, esculturas de caquinhos e uma samambaia, “Daydreamer” explicita que qualquer uso dado a qualquer lugar é sempre temporário. Passado e futuro ficam justapostos nesta instalação que também vai desaparecer.”

A mostra “Dona” sugere que a gente se retire das nossas lembranças e imagine os espaços afetivos do passado sem a nossa presença. Temos a tendência de achar que nada  acontece sem a interferência humana. No entanto, as coisas que nos cercam têm vida  própria: elas também envelhecem e, ao serem abandonadas ou descartadas, descobrem  como viver sozinhas.

 

Sobre a artista

Ana Hortides tem formação em Artes pela Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Rio de Janeiro. Participou da Residência Pivô Arte Pesquisa, São Paulo, 2022. Artista indicada ao Prêmio PIPA, 2021. Finalista do Concurso Garimpo da Revista DASartes, 2018. Recebeu o prêmio aquisição do 36º Salão de  Artes  Plásticas  de  Jacarezinho, Paraná, 2021, e do 1º Salão de Artes em Pequenos Formatos do Museu de Arte de Britânia, Goiás, 2019. O seu trabalho integra a coleção do Museu de Arte do Rio e de coleções particulares.

 

 

O Museu Afro Brasil Emanoel Araujo anuncia

28/abr

 

Em exposição e encontro com o artista, Andrey Guaianá  Zignnatto que fará revisão sobre os  movimentos da história da arte brasileira, reafirmando elementos das  culturas indígenas, reapropriados, no dia 29 de abril, a partir das 13h. O Museu Afro Brasil Emanoel Araujo, Parque do Ibirapuera, Portâo 10, São Paulo, SP, instituição da Secretaria da Cultura  e Economia Criativa do Estado de São Paulo, inaugura no próximo dia 29 de  abril, a exposição individual “Alicerce” do artista indígena Andrey Guaianá  Zignnatto, que apresentará ao público um total de 10 trabalhos produzidos  em diversas plataformas e técnicas (vídeo, objeto, instalação, serigrafia,  pintura). A mostra conta com a curadoria do próprio artista e tem como  destaque a instalação de mesmo nome, “Alicerce”, a maior já produzida por  Zignnatto – uma casa pré-moldada de concreto, apoiada sobre um conjunto  de dezenas de grandes vasos cerâmicos indígenas. O texto curatorial traz a assinatura de Sandra Ará Rete Benites.

O conjunto de trabalhos expostos propõe uma revisão sobre o processo de  desenvolvimento dos movimentos modernistas e contemporâneos da História  da Arte Brasileira, no qual Zignnatto identifica uma constante apropriação de  elementos das culturas indígenas por parte dos artistas na produção de seus  trabalhos, que dele excluíram, no entanto, os povos indígenas, o que  Zignnatto chama de “processo de grilagem cultural”.

Outro trabalho de destaque da mostra é o conjunto de 5 pinturas denominado “Espelho dos Juruás”. Nele, o artista retrata, em cada tela, sua boca, num gesto  que apresenta sua arcada dentária, semelhante à forma por meio da qual  escravos negros e indígenas eram avaliados por seus colonizadores. Abaixo  das imagens, encontram-se algumas das muitas frases de preconceito  dirigidas constantemente ao artista.

No dia da abertura, será realizada uma conversa entre o artista e Luiz Canê  Mingué, o Kenké (chefe) do povo Dofurêm Guaianá, povo originário da cidade  de São Paulo. A conversa será aberta ao público interessado e gratuita.

As obras da produção artística de Andrey Guaianá Zignnatto são consideradas  pelo próprio artista uma forma de buscar o equilíbrio entre as muitas e  diferentes forças dos universos urbanos e dos povos originários, de sua vida  em ambientes urbanos, inclusive de sua experiência na juventude como  pedreiro, com a ancestralidade indígena de sua família.

O projeto, contemplado no Edital Proac Expresso Direto nº 038/2021, conta  com o apoio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São  Paulo. Conta igualmente com o apoio da Alphaz Concept, cerâmica Gresca e Desaya  revestimentos.

 

Encontro com o artista Andrey Guaianá Zignnatto

O encontro será em torno da exposição “Alicerce” e contará com a presença  de Luiz Canê Minguê Guaianá, Chefe e líder espiritual do povo Indígena  Dofurêm Guaianá de São Paulo, para dialogar com Andrey que irá abordar na  conversa aspectos da montagem da mostra, de modo a que o público  participante conheça os bastidores do processo e tenha um encontro  privilegiado com o artista no dia da abertura.

 

Sobre o artista

Autodidata, professor de artes visuais e ativista de projetos sociais.  Trabalhou como ajudante de pedreiro dos 10 aos 14 anos de idade. Indígena  das etnias Dofurêm Guaianá e Guarani M’bya. Estas memórias afetivas e  ancestrais são a base para o desenvolvimento conceitual e dos métodos  usados na sua produção artística. Participou de exposições, entre individuais e coletivas, em museus, centros  culturais e galerias de arte no Brasil, Estados Unidos, Emirados Árabes,  França, Colômbia, Inglaterra, Itália, Peru e Argentina. Contemplado com 2  prêmios do Ministério da Cultura, sendo 1 pela Funarte e 1 pelo IPHAN (2014  e 2015); 5 prêmios da Secretaria de Estado da Cultura de SP pelo PROAC  (2014, 2015, 2017, 2021, e 2022); prêmio do 18º Festival Cultura Inglesa,  e indicado para o prêmio Jameel Art Prize do Victória & Albert Museum da  Inglaterra (2017). Possui obras em acervos importantes de instituições  públicas e privadas, como Perez Art Museum Miami – EUA, Bunker Artspace – EUA, Museu de Arte do Rio – Brasil, coleção Diane Solomon – EUA, coleção  Alfredo Setúbal (CEO Itaúsa) – Brasil, coleção família Marsano – Peru, coleção família Marinho -Brasil, entre outras. Desde 2002, realiza oficinas de arte para projetos humanitários que apoiam  pessoas que vivem em situação de vulnerabilidade social, para refugiados da  guerra civil na Síria e Líbano, refugiados da Venezuela, crianças órfãs do  Abrigo Nossa Casa, Casa da Fonte, Centro de Referência do Idoso, Centro de  Referência da Assistência Social, Centro de Apoio Psicossocial adulto e  infantil, moradores da Rua Helvetia (região da Cracolândia SP), prostitutas  e ex-prostitutas atendidas pela Associação Magdala, Centro de Detenção  Provisória Bandeirantes entre outros.

 

Sobre o Museu Afro Brasil Emanoel Araujo

O Museu Afro Brasil Emanoel Araujo é uma instituição da Secretaria de  Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo administrada pela  Associação Museu Afro Brasil – Organização Social de Cultura. Inaugurado em  2004, a partir da coleção particular do seu diretor curador, Emanoel Araujo,  o museu é um espaço de história, memória e arte. Localizado no Pavilhão Padre Manoel da Nóbrega, dentro do mais famoso  parque de São Paulo, o Parque Ibirapuera, o Museu Afro Brasil Emanoel  Araujo conserva, em cerca de 12 mil m2, um acervo museológico com mais  de 8 mil obras, apresentando diversos aspectos dos universos culturais  africanos e afro-brasileiro e abordando temas como religiosidade, arte e  história, a partir das contribuições da população negra para a construção da  sociedade brasileira e da cultura nacional. O museu exibe parte deste acervo  na exposição de longa duração e realiza exposições temporárias, atividades  educativas, além de uma ampla programação