Conceito de limite da resistência.

28/mar

Mecânica dos meios contínuos, individual de Marcius Galan, na Galeria Luisa Strina, Jardins, São Paulo, SP, apresenta um conjunto de obras, a maioria inéditas, que explora o conceito de limite da resistência. São objetos e instalações que, aparentando estar à beira do colapso, continuam a cumprir seus movimentos e funções específicas. O título refere-se a uma área da física dedicada à formulação matemática dos fenômenos relacionados ao movimento e à deformação dos corpos sob a ação de agentes externos.

Como programa público, uma conversa entre o artista, a curadora e pesquisadora Heloisa Espada, que assina o texto da exposição, e o colecionador e pesquisador Fábio Faisal acontecerá no encerramento da mostra, em 10 de maio, às 11h.

A extensa e diversa produção de Marcius Galan assimila conceitos e linguagens do cotidiano para reelaborar o espaço, tema central de sua obra. Seus trabalhos integram as coleções de MAM-SP, MAM-RJ, MASP, Pinacoteca de São Paulo, MAC-USP, Museum of Fine Arts Houston, Phoenix Art Museum e Inhotim. Participou de exposições em instituições como Palais de Tokyo, Wexner Center, Guggenheim Bilbao, Museu Serralves, Americas Society, Bienal de São Paulo, Bienal do Mercosul e Bienal das Américas. Foi vencedor do Prêmio PIPA em 2012 e fez residência na Gasworks Londres; e do prêmio Iberê Camargo em 2004, com residência na School of the Art Institute of Chicago.

Quanto mais escura é a noite, mais vigorosa é a luz dos vaga-lumes

A primeira obra da mostra é Cinema (2025), que ocupa a sala principal da galeria, completamente às escuras. Um sistema de luz suspenso do teto simula o voo de dois vaga-lumes. Esses pequenos focos luminosos emitem sinais em um código de comunicação que só pode existir na ausência de luz. Além de explorar a percepção cinética, na qual o cérebro humano interpreta as piscadas de luz como movimento, Cinema presta homenagem a Pier Paolo Pasolini (1922-1975). O cineasta italiano, em carta a um amigo, comparou o desaparecimento dos vaga-lumes à extinção da resistência ao fascismo na Itália. Segundo ele, a luz da propaganda fascista era tão intensa e uniforme que apagava nuances, a poesia e a própria resistência política.

Anti-horário (2025) foi filmado no deserto e registra um pequeno galho seco que, movido pelo vento, desenha um círculo perfeito na areia. A direção do vento muda constantemente, alterando o sentido do desenho. O som desempenha um papel essencial na obra: cada mudança de direção é pontuada por um ruído, reforçando a percepção da instabilidade do movimento.

Infinito (1999), único trabalho pertencente a uma produção anterior do artista, é um tubo de vidro moldado na forma do símbolo do infinito, cujo ciclo contínuo é interrompido por um volume de cera que obstrui sua passagem, rompendo a ideia de continuidade.

A resistência dos materiais

Na Sala 2, os trabalhos lidam com a materialidade de maneira distinta. São obras feitas com pedras, carvão e ferro, nas quais há a intenção de confrontar o peso e a resistência destes materiais.

Memória geológica (2025) consiste em duas pedras cortadas por uma linha de aço que se atraem para um ponto comum. A interação entre os vértices das linhas sugere uma força magnética que parece cortar as rochas, que, por sua vez, resistem ao movimento, criando uma tensão entre atração e oposição. Apesar da aparente dinâmica, a obra permanece estática.

De forma semelhante, Força resultante (2025) apresenta uma haste de madeira em uma posição aparentemente impossível, desafiando a gravidade. Uma linha de ferro sugere a manutenção desse equilíbrio ao se aproximar de um prego na parede, sem tocá-lo. A obra captura o instante de instabilidade entre a iminência da queda e um ponto de segurança.

Baixa resolução (2025) é uma grande composição de parede feita com cubos de madeira e carvão. As áreas chamuscadas evocam tanto a vista aérea de uma região devastada por queimadas quanto explosões pixeladas de videogames antigos, congelando um momento de destruição em linguagem básica que remete aos primórdios da representação virtual.

Por fim, Orbital (2025) é uma grande composição de placas pintadas com tinta automotiva preta sobre as quais são dispostas pedras minerais. Esses elementos determinam as órbitas de objetos cortantes que riscam a superfície industrial dos módulos. O atrito entre os materiais desenha padrões geométricos similares aos traços de um compasso, criando um contraste entre a delicadeza das linhas e a agressividade do movimento que as inscreve na superfície.

Ao longo da exposição, cada obra aborda o conceito de resistência, explorando a instabilidade dos materiais, a tensão entre equilíbrio e colapso, e a dinâmica entre permanência e efemeridade. Assim como na mecânica dos meios contínuos, os trabalhos investigam a relação entre forças externas e suas consequências sobre corpos físicos, levantando questões sobre fragilidade, persistência e transformação.

Ilusão e Inclusão.

27/mar

 

Exposição destaca a participação ativa do espectador e a evolução da Op-Art para a Arte Cinética.

A Galeria Espaço Arte MM, Jardim Paulista, São Paulo, SP, inaugura a exposição Op-Art – Ilusão e Inclusão, sob curadoria de Denise Mattar, no dia 29 de março. A mostra reúne artistas pioneiros e contemporâneos que exploram a relação entre forma, cor e movimento, proporcionando ao público uma experiência sensorial que ultrapassa a contemplação passiva.

A Op-Art surgiu na Europa na década de 1950 como herdeira do Concretismo, mas rompeu com sua rigidez estática ao propor uma nova forma de interação entre arte e espectador. Caracterizada pela repetição de formas geométricas simples, contrastes de cor e ambiguidades entre fundo e figura, essa vertente cria ilusões de movimento e profundidade, desafiando a percepção visual.

A exposição apresenta obras que dialogam com essa tradição e sua evolução para a Arte Cinética, na qual o movimento virtual torna-se real, seja por meio de mecanismos ou pela interação direta do público. Reunindo nomes fundamentais da Op-Art e da Arte Cinética, como Julio Le Parc, Jesús Rafael Soto, Carlos Cruz-Diez, Victor Vasarely, Yaacov Agam, Dario Perez-Flores e Abraham Palatnik, além de artistas que continuam expandindo essa linguagem, como Yutaka Toyota, Yuli Geszti e José Margulis, a mostra evidencia a força e a atualidade desse movimento artístico.

A Op-Art consolidou-se internacionalmente por meio de exposições como Le Mouvement (Galeria Denise René, 1955), The Responsive Eye (MoMA, 1965) e pela atuação do GRAV (Groupe de Recherche d’Art Visuel), que buscava integrar arte e público. Op-Art – Ilusão e Inclusão reafirma essa trajetória e destaca sua influência contínua em diversas áreas, como Design, Moda e Arquitetura. Com essa exposição, a Galeria Espaço Arte MM reafirma seu compromisso com a promoção da arte contemporânea e convida o público a vivenciar a arte de maneira ativa e imersiva.

Em cartaz até 26 de abril.

Galatea na SP-Arte 2025.

25/mar

A Galatea anuncia sua participação na SP-Arte 2025, que acontecerá no Pavilhão da Bienal, no Parque Ibirapuera, entre os dias 02 e 06 de abril, de quarta-feira a domingo. A galeria apresentará um conjunto de obras que refletem o seu programa, reunindo artistas que representa, como Allan Weber, Bruno Novelli, Gabriela Melzer e Marília Kranz, além de nomes fundamentais da cena moderna e contemporânea como Anna Maria Maiolino, Ascânio MMM, Francis Alÿs, Ione Saldanha, Lygia Clark, Lygia Pape, Mira Schendel, Rubem Valentim, Ubi Bava, Waltercio Caldas e Wanda Pimentel.

Concebido como a simulação de um apartamento, nosso estande estabelecerá um diálogo entre as obras expostas e mobiliários assinados, em um projeto de expografia desenvolvido por Lucas Jimeno. A ideia é explorar a relação entre Arte e Arquitetura, investigando como a experiência estética se desdobra no ambiente doméstico. Mais do que um simples suporte expositivo, a estrutura do estande propõe uma vivência onde Arte, Design e Arquitetura se entrelaçam, aproximando as obras do cotidiano e sugerindo novas formas de interação.

A terra e o tempo.

20/mar

“Terra viva” é a primeira exibição individual de Almir Lemos, artista baiano que se destaca com sua obra por ter uma técnica de criação passando do processo tradicional de cura e de métodos antigos que não dependiam do torno, uma ferramenta que preserva as formas uniformes, mantendo as características autênticas do barro, refletindo uma relação de criação com a terra e uma conexão com o tempo.

A mostra “Terra viva” estará em cartaz e ficará disponível para visitação até o dia 22 de abril, na Paulo Darzé Galeria, Salvador, Bahia.

Elaborações metafóricas e poéticas do amor.

18/mar

A Galatea anuncia a exposição Carvões acesos, coletiva com mais de 50 artistas nacionais e internacionais, que estará aberta ao público na unidade da galeria na rua Oscar Freire, em São Paulo, a partir do dia 27 de março.

Idealizada por Tomás Toledo, curador e sócio-fundador da Galatea, a mostra gira em torno de temas como amor, desejo e paixão em uma proposta transgeracional, transterritorial e transmídia – conta com pinturas, instalações, livros, esculturas, objetos e vídeo de artistas que investigam as tensões afetivas e suas metáforas. Estão presentes nomes que conectam gerações e territórios da arte brasileira e também internacional, como Amélia Toledo, Antonio Dias, Allan Weber, Chico Tabibuia, Cildo Meirelles, Gabriella Marinho, Jonathas de Andrade, Leonilson, Louise Bourgeois, Mayara Ferrão, Retratistas do Morro, Pablo Accinelli e Tunga.

Três núcleos compõem a exposição: Enlaces, Metáforas do amor e Metáforas do sexo. As obras apresentadas exploram a proximidade entre os corpos, o tesão do erotismo, o magnetismo do desejo e múltiplas representações de casais. São abordadas, ainda, elaborações metafóricas e poéticas do amor, bem como expressões ora mais cifradas ora mais explicitas do sexo.

Até 24 de maio.

Sustentabilidade e consciência ambiental.

 

Idealizado por Susi Cantarino da Galeria Metara, Gamboa, Rio de Janeiro, RJ, em 2023, “Do Lixo ao Luxo” terá nova edição este ano, com coquetel em 27 de março passando a se chamar “Do Lixo ao Luxo Reciclando”. Além de exposição dos artistas Osvaldo Gaia e Susi Cantarino, serão apresentadas pinturas produzidas pelos alunos da Fundação Darcy Vargas em oficinas de reciclagem, que receberão molduras reutilizadas e serão vendidas no dia da inauguração. Na abertura, haverá projeção de vídeo e fotos com registros dos alunos nas oficinas e exibição de laser com frases relacionadas ao tema proposto nas paredes do vizinho Moinho Fluminense (localizado ao lado da Metara). “Do Lixo ao Luxo Reciclando” conta com patrocínio da Integra Rio e é realizado pela empresa de produção Ayssiu, de Susi Cantarino.

“O projeto Do Lixo ao Luxo nasceu da necessidade premente de conscientizar que o descarte responsável do lixo não apenas preserva o ambiente, mas também fortalece a cultura do cuidado coletivo, concretizando-se na construção de lixeiras durante as oficinas. A cada ano viremos com novas ideias e desafios e em 2025 não será diferente. Como idealizadora e produtora, sinto uma profunda alegria ao concretizar esta segunda edição do projeto, contemplado pelo Edital Integra Rio. Temos certeza de que muitas outras edições virão, ampliando nosso impacto e propósito”, afirma Susi Cantarino. “Tudo aquilo que realizamos com convicção, paixão e potência não apenas floresce no presente, mas se expande como alicerce para os projetos que estão por vir”, conclui.

Em comum entre Susi Cantarino e Osvaldo Gaia, além de seus “objet trouvé” – feitas a partir de material de descarte – que serão expostas, está o fato de ambos terem sido premiados na Bienal de Florença: Susi Cantarino em 2005, quando recebeu o prêmio pelas mãos de ninguém menos do que o artista búlgaro Christo e Osvaldo Gaia, no IV Prêmio (ano de 2007).

Sobre as oficinas.

Artistas como Luiz Badia estarão entre os monitores das oficinas que serão ministradas no dia 21 de março, na Fundação Darcy Vargas, das 12h30 às 16h. Eles também produzirão, como na primeira edição do evento, “lixeiras-artsy” que depois levarão para suas casas, estimulando a consciência ambiental em cada família. Todo o processo de confecção será registrado in loco, bem como as aulas de reciclagem de tampinhas de metal que serão transformadas em ímãs de geladeira. Alfredo Borret ensinará aos adolescentes como produzir “ecotampas”.

A poética de Tunga.

17/fev

Segue em cartaz até 08 de março no Instituto Ling, Bairro Três Figueiras, a exposição “A poética de Tunga – uma introdução”.

Com curadoria de Paulo Sergio Duarte, a mostra apresenta uma seleção de mais de 60 obras bidimensionais e esculturas de diferentes fases, grande parte delas inéditas, expondo temas e conceitos que atravessam toda a poética do artista.

Esta é a primeira exposição individual de Tunga na cidade de Porto Alegre, considerado uma das figuras mais emblemáticas da cena artística nacional.

 

Interações e tensões plásticas.

04/fev

 

A Nara Roesler São Paulo convida para abertura, em 06 de fevereiro, da exposição “A Cor entre Linhas”, que investiga a relação dinâmica entre cor e linha, suas mútuas interações e tensões plásticas, presentes nas obras de grandes artistas, de diferentes linguagens: Abraham Palatnik, Amelia Toledo, Antonio Dias, Artur Lescher, Carlito Carvalhosa, Fabio Miguez, Jose Dávila, Milton Machado, Mira Schendel, Sérgio Sister, Tomie Ohtake.

A mostra tem como ponto de partida a instalação inédita “Entrelinhas”, em latão e linhas de multifilamento, medindo 5 metros de altura, por 5,90 metros de largura e 8,40 metros de comprimento, criada especialmente por Artur Lescher para o projeto, idealizado pelo Núcleo Curatorial da Nara Roesler.

Abraham Palatnik, nome fundador da arte cinética, explorou esses elementos plásticos visando à obtenção de dinamismo e jogos óticos, que terminavam por engajar o espectador na composição, que assim passa a ter uma relação mais ativa com a obra. Nas pinturas de Tomie Ohtake, por seu turno, a relação entre linha e cor se dá de modo tácito, meditativo, com amplas áreas cromáticas, compostas de discretos tonalismos, entrecortadas por linhas absolutas e sinuosas. Já Amelia Toledo enxerga essa relação principalmente através da linha do horizonte, que explora por meio de paisagens nas quais retém apenas os elementos essenciais, trabalhando dessa forma no limite entre figuração e abstração.

No trabalho de Mira Schendel, a linha se apresenta de maneira caligráfica, em especial em suas monotipias, realizadas a partir da década de 1960, e feitas sobre papel de arroz. Essas obras apresentam traços, linhas e grafismos que parecem flutuar ante o fundo branco do suporte, servindo, ao mesmo tempo, como material precípuo da comunicação escrita e signo visual independente. Dentre os artistas que participaram do processo de retomada da pintura em uma chave contemporânea a partir da década de 1980, integram a mostra Sérgio Sister, Fabio Miguez e Carlito Carvalhosa. No trabalho do primeiro, a relação entre linha e cor extrapola o plano pictórico, se detendo também na tridimensionalidade, de modo que sua poética termina por contribuir para a ideia de pintura expandida. Carlito Carvalhosa, por seu turno, utiliza como suporte chapas de alumínio espelhadas ou mesmo espelhos, sob os quais aplica matéria pictórica, por vezes através de grandes áreas de cor, e seu gestual acaba por se fazer presente em linhas que imprime sobre a matéria, destacando o que está “por baixo” da cor. Em Fabio Miguez, na sua produção mais recente, a relação entre linha e cor caminha na projeção de espacialidades e arquiteturas, em que o artista faz releituras de pinturas de grandes mestres do Renascimento italiano, porém removendo das cenas os personagens e conservando apenas as situações espaciais.

Em Milton Machado, o conjunto de telas “Terras”, que parecem evocar as cores e formas de tijolos, é composto de um fundo marrom e grids que vão de tons do vermelho ao preto. A matéria-prima empregada é pó de tijolo macerado, e o trabalho faz portanto menção ao material que pretende evocar. Jose Dávila, cujo principal interesse poético consiste em explorar tensões e equilíbrios resultantes da relação de materiais díspares, revisita a história da arte construtiva buscando composições formadas por linhas, planos e cores. Ao inserir, lado a lado, trechos desses trabalhos referenciais, acaba enfatizando a sensação de incompletude gerada por essa composição. Artur Lescher traz a exploração da relação entre linha e cor para o âmbito escultórico, objeto primordial de sua poética, levando em conta sobretudo a relação com o espaço.

Em cartaz até 15 de março.

Cosmos – Outras Cartografias.

03/fev

 

A Nara Roesler São Paulo convida para a abertura, em 06 de fevereiro, da exposição coletiva “Cosmos – Outras Cartografias”, com curadoria da artista Laura Vinci em parceria com o núcleo curatorial Nara Roesler. A ideia de mapas é discutida em 32 obras de 20 artistas de diferentes gerações e origens: Brígida Baltar, Paulo Bruscky, Jonathas de Andrade, Carlos Bunga, Jaime Lauriano, Ana Linnemann, André Vargas, Alfredo Jaar, Marina Camargo, Rivane Neuenschwander, Talles Lopes, Vanderlei Lopes, Arjan Martins, Carlos Motta, Nelson Leirner, Nelson Felix, Paulo Nazareth, Anna Bella Geiger, Runo Lagomarsino e Laura Vinci.

No dia da abertura Laura Vinci fará uma visita guiada à exposição às 19h.

Laura Vinci diz que “das várias crises que o nosso planeta enfrenta atualmente – sejam elas políticas, migratórias ou ambientais – o objetivo desta exposição é inspirar a reflexão sobre essas questões urgentes”. “Alguns trabalhos podem ter uma perspectiva mais política ou geopolítica, enquanto outros podem enfatizar preocupações ambientais. Juntas, as obras incentivarão um diálogo mais amplo sobre o mundo em que vivemos”, afirma a curadora.

Em cartaz até 15 de março.

Pensamentos Materializados.

O Duo Atthiê, formado pelas artistas Alegria Patricia e Annemie Wilcke, apresenta a exposição “Pensamentos”, com abertura marcada para o dia 11 de fevereiro, na Galeria Berenice Arvani, Jardim Paulista, São Paulo, SP. Sob a curadoria de Adriana Rede, a mostra propõe um diálogo entre arte, matéria e a abstração do pensamento humano, explorando os processos criativos a partir de uma perspectiva sensorial e interativa.

Com cerca de 60 obras produzidas em cerâmica e outros materiais como ferro, aço e acrílico, as artistas utilizam a maleabilidade da argila para abordar o caráter fluido, desordenado e único dos pensamentos. As peças variam entre criações individuais e agrupamentos, refletindo as interações e sobreposições das ideias que permeiam a mente humana. A construção da narrativa curatorial se baseia nos objetos relacionais. Cada obra leva o visitante a interagir e explorar questões de identidade, como nos vemos, pensamos o mundo.

A exposição também convida o público a interagir diretamente com algumas peças, que respondem ao toque ou apresentam elementos móveis, instigando uma reflexão sobre como as ideias evoluem e se moldam de acordo com os estímulos externos. Essas interações reforçam o caráter imersivo da mostra, transformando o espectador em parte integrante do processo artístico e proporcionando uma experiência única de coautoria. O conceito do Duo Atthiê reflete sua própria essência colaborativa. O nome escolhido pela dupla, inspirado pelas características associadas ao termo “Atthiê” – curiosidade, persistência e abertura para novas ideias – traduz o compromisso das artistas em transformar suas diferenças em uma unidade criativa que materializa o invisível e o subjetivo. Em um mercado de arte contemporânea cada vez mais atento às questões ambientais, o trabalho do Duo Atthiê destaca a relevância de integrar sustentabilidade e criatividade, estabelecendo um novo paradigma para os artistas emergentes e consolidados. A expografia, concebida pela arquiteta Teresa Vicini Lodi, contribui para a experiência imersiva da exposição.

Até 14 de março.