Encontro de outono no Instituto Brando Barbosa.

15/mai

Os artistas Anna Bella Geiger, Carlos Vergara, Jeane Terra, Heberth Sobral, Marcos Corrêa, Diana Gondim, Márcia Martins, Dani Justus, Volnei Malaquias, Hélio Vianna, Fessal, Carolina Kasting, Beto Gatti, Coletivo MUDA e SAFE Art será o time de peso presente na exposição “Encontro de outono”, com curadoria de Elis Valadares, que celebra a terceira edição da versão PopUp da Casa70Rio de 19 a 23 de maio, das 10h às 16h.

O evento conta também com participações especiais de Tatiana Bertrand, Vintage Brasil com curadoria da arquiteta Giulia Borborema, ensaio de moda de Dani Lacerda, Sabrina Cuiligotti e Victor Niskier. Este ano, a Casa70Rio – projeto criado por Elis Valadares no Rio e que cruzou o oceano por cinco anos, até Lisboa – volta à cidade na versão PopUp, realizado em parceria com galerias nacionais e internacionais (nesta edição com as galeristas Anita Schwartz e Gaby Índio da Costa).

Brasil-França 2025.

12/mai

Do Brasil a Paris: onde arte, sensibilidade e arquitetura convergem, no coração da icônica Villa La Roche de Le Corbusier, o tempo se dobra sobre si mesmo para revelar um encontro raro: a arte brasileira adentra as linhas limpas do modernismo europeu com cor, ritmo e emoção.

De Lygia Clark a Sonia Gomes, de Burle Marx a Beatriz Milhazes, a exposição ABERTO 4 Paris, transforma cada ambiente em uma experiência viva e pulsante. Uma jornada pela memória, forma e sentimento.

Sobre o evento, Marta Fadel Martins Lobão, advogada e especialista em arte, afirmou: “A exposição ABERTO 4 é uma oportunidade imperdível para que a arte brasileira mostre sua riqueza e diversidade ao público europeu. A Maison La Roche, com seu design inovador, proporciona um cenário ideal para essa troca entre culturas, onde o Brasil se apresenta com força, emoção e relevância no cenário global.”

A exposição ABERTO 4, com arte brasileira, ocorre em Paris na Maison La Roche, um ícone da arquitetura modernista de Le Corbusier, de 12 de maio a 08 de junho. É parte das comemorações do Ano Cultural Brasil-França 2025.

Gabriel de la Mora no MON.

08/mai

A exposição “Veemente”, do artista mexicano Gabriel de la Mora, é a mais nova realização do Museu Oscar Niemeyer (MON), Curitiba, PR. A mostra, em cartaz na Sala 1 a partir do dia 08 de maio, tem curadoria de Marcello Dantas. São 77 obras, entre instalações, telas com técnicas mistas e esculturas, a maioria produzida entre 2000 e 2025. O conjunto apresenta não só a estética do artista e sua evolução, mas também a diversidade e peculiaridade dos materiais utilizados, que vão além dos suportes e pigmentos tradicionais. No processo de criação, ele transforma objetos encontrados em matéria-prima para singulares obras de arte, evocando o conceito ready-made.

A diretora-presidente do MON, Juliana Vosnika, comenta que o artista desafia nosso olhar e percepção com suas pinturas, instalações e esculturas feitas a partir de itens inusitados, descartados. “Nada em seu intenso e extenso trabalho é óbvio. Tudo é resultante de um perspicaz olhar sobre a natureza humana, seus sentimentos e sensações”, diz.

O curador Marcello Dantas explica que a prática de Gabriel de la Mora envolve uma investigação sobre materiais, explorando os limites físicos e conceituais de um processo de coleta e reconstrução. “À primeira vista, suas obras podem parecer abstratas, com caráter escultórico ou até minimalista. No entanto, um olhar mais atento revela que nada é o que parece ser”, diz o curador: “Suas obras são compostas por elementos inesperados: fios de cabelo, fragmentos de espelhos, cascas de ovos, solas de sapato, asas de borboleta e outros vestígios da vida cotidiana. Sua técnica denota um processo quase obsessivo, que transforma a matéria-prima em novas formas, padrões e texturas. A repetição contínua do gesto artesanal – ora restaurador, ora destrutivo – revela um método que desafia a experiência visual e sensorial do espectador”, comenta.

Sobre o curador.

Marcello Dantas é um premiado curador com ampla atividade no Brasil e no exterior. Trabalha na fronteira entre a arte e a tecnologia, produzindo exposições e múltiplos projetos que proporcionam experiências de imersão por meio dos sentidos e da percepção. Nos últimos anos, atuou na concepção de diversos museus, como o Museu da Língua Portuguesa, Japan House (SP), Museu da Natureza (PI), Museu da Cidade de Manaus, Museu da Gente Sergipana (Aracaju, SE), Museu do Caribe e o Museu do Carnaval (Barranquilla, Colômbia). Realizou exposições individuais de alguns dos mais importantes nomes da arte contemporânea mundial como Ai Weiwei, Anish Kapoor, Laurie Anderson, Michelangelo Pistoletto, Rebecca Horn e Tunga. Foi também diretor artístico do Pavilhão do Brasil na Expo Shanghai 2010, do Pavilhão do Brasil na Rio+20, da Estação Pelé, em Berlim, na Copa do Mundo de 2006.

Sobre o artista.

Nascido em 1968, na Cidade do México, onde vive e trabalha, Gabriel de La Mora é formado em Arquitetura pela Universidade Anáhuac del Norte e possui mestrado em Pintura pelo Pratt Institute, de Nova York. Concentra sua prática artística no uso e reaproveitamento de objetos descartados ou obsoletos, que parecem ter completado sua vida útil. Mais interessado na desconstrução e fragmentação de um objeto ou material ao longo do tempo, ele aposta na reconstrução a partir de práticas baseadas na passagem do tempo.

Uma coleção visita o Instituto Tomie Ohtake.

07/mai

O Instituto Tomie Ohtake, Pinheiros, São Paulo, SP, exibe até 25 de maio a “Coleção Vilma Eid – Em cada canto”, exposição que se dedica a examinar o histórico acervo de Vilma Eid, que nos últimos quarenta anos construiu uma coleção singular, reunindo trabalhos de mais de 100 artistas entre os ditos populares, modernos e contemporâneos. A mostra integra o programa de exposições Instituto Tomie Ohtake visita, que busca criar conexões com colecionadores e agentes do circuito da arte, proporcionando acesso a coleções que, em parte, são pouco exibidas ao grande público.

Com uma atuação fundamental na valorização da arte popular no Brasil, Vilma Eid construiu uma coleção onde obras de artistas populares, modernos e contemporâneos convivem e dialogam, abrangendo diversos contextos e épocas do país. Em sua casa, a galerista dispõe as obras de tal forma a criar conexões inesperadas. Trabalhos de artistas modernos e contemporâneos como Geraldo de Barros, Mira Schendel, Paulo Pasta ou Tunga convivem com os ditos populares, como José Antonio da Silva, Isabel Mendes da Cunha, Itamar Julião ou Veio. As duas salas que compõem a mostra trazem conexões entre artistas e obras encontradas na casa da colecionadora e outras propostas pela curadoria. Estão lá representadas questões recorrentes na História da Arte: a relação entre tradição e inovação; temporalidade e espaço; cor e forma ou figuração e abstração.

Instituto Tomie Ohtake visita Coleção Vilma Eid – Em cada canto é uma realização da Casa Fiat de Cultura e Instituto Tomie Ohtake  via Lei Federal de Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura, e conta com o patrocínio da Stellantis, sob a chancela Apresenta; do Itaú Unibanco, sob a chancela Platina; do Redecard sob a chancela Prata; BMA Advogados, sob a chancela Bronze e Galeria Estação, sob a chancela Apoio.

Artistas participantes

Agnaldo Manuel dos Santos, Agostinho Batista de Freitas, Alcides Pereira dos Santos, Aldo Bonadei, Alex Cerveny, Alexander Calder, Amadeo Luciano Lorenzato, Amilcar de Castro, André Ricardo, Anna Maria Maiolino, Antonio Ballester Moreno, Antônio de Dedé (Antônio Alves do Santos), Antônio Poteiro (Antônio Batista de Souza), Arnaldo Ferrari, Arthur Luiz Piza, Artur Pereira, Aurelino dos Santos, Cardosinho (José Bernardo Cardoso Júnior), Carlos Fajardo, Carmela Gross, Célia Euvaldo, Chico da Silva (Francisco Domingos da Silva), Chico Tabibuia (Francisco Moraes da Silva), Cícero Dias, Clovis Aparecido dos Santos, Conceição dos Bugres (Conceição Freitas da Silva), Eduardo Berliner, Eleonore Koch, Elza de Oliveira Souza, Emmanuel Nassar, Erika Verzutti, Ernesto Neto, Fabrício Lopez, Geraldo de Barros, Germana Monte-Mór, G.T.O. (Geraldo Teles de Oliveira), Heitor dos Prazeres, Iole de Freitas, Itamar Julião (Itamar de Pádua Lisboa), Ivan Serpa, Izabel Mendes da Cunha, Jadir João Egídio, Jandyra Waters, João Pereira de Andrade, Jorge Guinle, José Antonio da Silva, José Bernnô, José Bezerra, José Resende, Judith Lauand, Judith Scott, Julia Isidrez, Júlio Martins da Silva, Julio Villani, Lafaiete Rocha, Leda Catunda, Leonilson (José Leonilson Bezerra Dias), Lia Chaia, Liuba Wolf, Lúcia Suanê, Luiz Paulo Baravelli, Madalena Santos Reinbolt, Marepe, Maria Auxiliadora, Mario Rubinski, Mestre Vitalino (Vitalino Pereira dos Santos), Mira Schendel, Mirian Inêz da Silva, Nelson Felix, Neves Torres, Nhô Caboclo (Manoel Fontoura), Nino (João Cosmo Felix), Noemisa Batista dos Santos, Nuca de Tracunhaém (Manoel Borges da Silva), Paulo Monteiro, Paulo Pasta, Paulo Pedro Leal, Pedro Figari, Placedina Fernandes do Nascimento, Ranchinho (Sebastião Theodoro Paulino da Silva), Rodrigo Andrade, Rubem Valentim, Santídio Pereira, Sergio Camargo, Sonia Delaunay, Thiago Honório, Tunga, Ulisses Pereira Chaves, Vânia Mignone, Véio (Cícero Alves dos Santos), Victor Vasarely, Waltercio Caldas, Zé do Chalé (José Cândido dos Santos), Zica Bérgami (Maria Elisa Campiotti Bérgami).

As múltiplas dimensões da temporalidade.

“Em busca do tempo roubado” é o atual cartaz da Galeria de Arte Flexa, Leblon, Rio de Janeiro, RJ, com curadoria de Luisa Duarte, tendo Daniela Avellar e Lucas Alberto como curadores assistentes. A mostra reúne cerca de 80 obras que buscam abordar as múltiplas dimensões da temporalidade. Os três núcleos que compõem a coletiva se apresentam como capítulos de uma espécie de pedagogia do tempo: “O herói como garrafa”, “Frequência dos hábitos” e “A pele do tempo”.

Em busca do tempo roubado

Secularmente, a passagem do dia foi medida pelo lento deslocamento dos astros. Hoje, a interface do mundo clareia e anoitece regida pela modulação do brilho das telas, simbolizada por um pequeno sol nos aparelhos de celular. Em um estranho paradoxo, temos o dia disposto na palma da mão, enquanto a experiência do seu desdobrar escorre entre os dedos.

Em busca do tempo roubado se dedica a abordar distintas formas de temporalidade em contraposição ao mundo 24/7 – aquele no qual nos distanciamos da realidade sensível à medida que habitamos, grande parte das horas, zonas digitais cujas telas, sempre lisas e limpas, simulam uma temporalidade para a qual as marcas do tempo nunca chegam. Ou ainda: aquele que se descortina a partir de dinâmicas ininterruptas de estímulos, que acabam por nos fazer reféns de uma constante atenção distraída.

Os três núcleos que compõem a exposição se apresentam como capítulos de uma espécie de pedagogia do tempo. O herói como garrafa propõe um deslocamento da centralidade do imaginário heroico ao privilegiar o ordinário. Em A teoria da bolsa de ficção, Ursula K. Le Guin (1929-2018) faz menção a um glossário inventado por Virginia Woolf (1882-1941) no qual a palavra “herói” é substituída pelo termo “garrafa”. Tal operação encena um gesto crítico à reincidência da tônica heroica nos modos de contar histórias. Assim, a atenção ao ordinário recolhe, no tecido dos dias, as narrativas mínimas e as possíveis surpresas que habitam as malhas do comum.

Em Frequência dos hábitos recordamos que, na repetição dos gestos mais banais – escovar os dentes, riscar um fósforo, cortar uma fruta – podem habitar desvios inauditos. Assim, a repetição surge como recurso poético que aponta para o cotidiano como campo de invenção e subversão.

Já em A pele do tempo, o tempo se revela por sua densidade, menos como medida homogênea cronometrada e antes como matéria sensível. E se a pedra fosse uma metáfora para o relógio? Como mediríamos as horas? Tal pergunta parece sugerir a existência de fusos horários próprios a cada matéria, desobedientes às cronologias já catalogadas.

Luisa Duarte – curadora

Daniela Avellar – curadora assistente

Lucas Alberto – curador assistente

Livro para Hélio Oiticica e Waldemar Cordeiro.

A Pinakotheke São Paulo, Rua Ministro Nelson Hungria, 200, Morumbi, realiza o lançamento do livro “Encontro/Confronto – Hélio Oiticica e Waldemar Cordeiro”, seguido de conversa com Analivia Cordeiro, Max Perlingeiro e Paulo Venancio Filho, no dia 10 de março, às 11h, último dia da exposição.

O livro, que acompanha a exposição, é publicado pelas Edições Pinakotheke, formato de 21 x 27cm, com imagens das obras expostas, fac-símiles de documentos e textos históricos, e de correspondências endereçadas a Hélio Oiticica, textos de Max Perlingeiro, Luciano Figueiredo, Paulo Venancio Filho, Analivia Cordeiro, e da única fotografia conhecida de Hélio e Waldemar juntos, sentados lado a lado em um almoço no MAM Rio.

A mostra reúne 37 obras dos dois artistas que participaram ativamente dos movimentos neoconcreto e concreto, respectivamente, que defendiam diferentes caminhos da arte nos anos 1950 e 1960. Idealizada por Max Perlingeiro, que divide a curadoria com o artista Luciano Figueiredo, um dos grandes especialistas na obra de Hélio Oiticica, e Paulo Venancio Filho, pesquisador dos dois movimentos, a exposição propõe uma reflexão, já distanciada pelo tempo, dos encontros e dos confrontos entre esses dois artistas. A exposição celebra ainda o centenário de nascimento de Waldemar Cordeiro.

 

Questões do feminino e da natureza.

30/abr

Os caminhos trilhados por Sandra Felzen perpassam as questões femininas, as causas ambientais e suas várias vivências culturais. Seus instrumentos são a arte, a natureza, o estudo da língua hebraica, tudo imerso no contexto da cultura brasileira.

Em “O Tempo, O Feminino, A Palavra”, que abre no dia 08 de maio, na Galeria do Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto, Humaitá, Rio de Janeiro, RJ, a artista constrói artesanalmente um caderno, um útero e inúmeros potes, feitos a partir de tiras de vários tecidos afetivos que coletou ao longo da vida.  O conteúdo do caderno mostra os desdobramentos de sua trajetória artística, suas reflexões sobre a passagem do tempo, sobre o feminino e sua conexão com a Natureza, representada pela árvore. Ela ressalta a importância da palavra como geradora de conteúdos e de sentidos.

Para a artista, a árvore possui uma grande ligação com o feminino. Além da palavra ser feminina em português, ela simboliza o equilíbrio. Ela é o elo entre a terra e o céu. Enraizada, com uma potencialidade de crescimento, doa flores e gera frutos. É a Árvore da Vida.  Árvore da Vida é um conceito na cultura judaica que significa tanto sabedoria como a integralidade do Ser e todas as suas manifestações. As obras de Sandra Felzen contam histórias dos saberes ancestrais e revelam uma visão integrada da experiência humana. Reforçam a ideia de que arte, memória e natureza estão entrelaçadas em um diálogo contínuo com a vida. Esses temas se estendem do caderno, do útero e dos potes até às paredes da galeria, onde suas pinturas se apresentam. Nas telas, a artista se aprofunda nas nuances da cor, da composição e das texturas.

A palavra da artista.

“Meus temas principais, o Feminino e a Árvore, estão entrelaçados e dialogam entre si. Na verdade, são um grande tema único. Ao longo da minha carreira, pintei Umbuzeiros, Umburanas, Bacuris, Bambus, Monjolos, Carnaúbas, Veredas. As árvores representam nossas raízes, que nos dão sustentação. Elas nos fincam na história, em nossas ancestralidades. Ao mesmo tempo, nos dão o sentido de direção e nos remetem às alturas”.

Outros dois temas recorrentes em seu trabalho, inter-relacionados com o todo de sua obra e retratados nas páginas do caderno são os receptáculos (o útero, inclusive) e as janelas/espelhos, que são, segundo a artista, “Portais no Tempo e no Espaço”.

 Sobre a artista. Sandra Felzen

Carioca, Sandra Felzen graduou-se em Química com Mestrado em Ciências Ambientais. Iniciou seus estudos de pintura e desenho durante os anos 1980 em Nova York. Participou de vários cursos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage e MAM, no Rio, entre o final dos anos 1980 e início dos anos 1990. Realizou várias exposições individuais e coletivas no Brasil e no exterior ao longo dos 40 anos dedicados à arte.

Até 29 de junho.

Contradições da contemporaneidade.

24/abr

A Galatea Salvador apresenta Ininteligibilidade, primeira exposição a itinerar de São Paulo para a capital baiana. Nessa exibição individual Isay Weinfeld apresenta obras elaboradas a partir de objetos garimpados em diferentes contextos, como em feirinhas e mercados ao redor do mundo. Em Salvador, a mostra traz seis obras diferentes daquelas que compõem a seleção original, incluindo três inéditas.

Pequenos objetos como bonecos de porcelana, flores e molduras, que à primeira vista transmitem delicadeza, conduzem o público em uma experiência estética em que o artista utiliza do humor e da ironia para evidenciar contradições da contemporaneidade, utilizando signos e símbolos até então tidos como rotineiros e convencionais. Ao exercitar sua faceta artística, Isay Weinfeld não busca criar discursos, mas desmontá-los com chiste.

Na ocasião da abertura, Isay Weinfeld lançará os catálogos Isay Weinfeld Works – Rizzoli New York e ISAY W – WEINFELD, ISAY, anteriormente lançados em São Paulo, e que apresentam de forma aprofundada a sua produção na Arquitetura e na Fotografia.

Até 31 de maio.

Renato Dib na Galeria Contempo.

23/abr

O universo têxtil – costuras, bordados, tramas e camadas de tecidos – é o aspecto mais recorrente da exposição individual que Renato Dib apresenta até 17 de maio na Galeria Contempo, Jardim América, São Paulo, SP. Em “Labirinto interior” o artista se lança a uma investigação profunda sobre a interioridade e o corpo, tanto em suas dimensões visuais quanto simbólicas. Com organização do próprio artista e texto crítico de Agnaldo Farias, a mostra marca o início da parceria de Renato Dib com a galeria que, assim pode oferecer um recorte abrangente de mais de duas décadas de sua produção, pretendendo funcionar como um panorama generoso de sua poética.

Reunindo obras emblemáticas e outras inéditas, a exposição propõe um mergulho no universo de Renato Dib. “Labirinto Interior” percorre as transformações e permanências que acompanharam a trajetória do artista, destacando como a matéria utilizada se converte em linguagem e, sobretudo, como o corpo – tanto físico quanto o social e psíquico – é o ponto de partida para uma longa especulação. Vibrando entre o íntimo e o coletivo, seu trabalho convoca que se repense ao mesmo tempo a matéria que mobiliza, em especial o campo têxtil, e as analogias possíveis que junto dela se pode experimentar. Gênero, sexualidade, desejo e repulsa são termos correntes de seu extenso léxico. Tornando assim os tecidos, outrora utilizados para proteger e cobrir, suportes de um desvelamento do interior – enquanto aquilo que se oculta – e da interioridade.

Baralhando também os papéis de gênero consagrados, Renato Dib se aventura no universo da delicadeza: recolhe, coleciona e dá nova vida a tecidos finos e raros. Entre o plano e o escultórico, o artista busca compreender como aquilo que outrora servia para vestir e identificar pode ser reutilizado para recriar o dentro – tanto o biológico (feito de vísceras e entranhas), quanto aquele psicológico e sentimental.

O artista lançará um livro que explora seu longo trabalho de colagens-pinturas. “Labirinto de gabinetes”, título da publicação com o selo da Editora Afluente, desenvolvido a partir de um catálogo intitulado “Interior Design Motifs of the 19th Century”, no qual Renato Dib traz a público uma outra investida em direção ao dentro: o universo dos interiores arquitetônicos se desdobra em entranhas e interioridades.

 A palavra do artista.

Há bastante tempo eu quero mostrar meu trabalho de uma maneira mais ampla, apresentando várias técnicas e algumas pesquisas paralelas entre os materiais (o material para mim é sempre muito presente). Então a exposição vai contar com vários tipos de materialidade desde o tecido até o papel, metal e madeira. Fui explorando aí combinações. Como em meu trabalho cada peça já tem dentro dela um pensamento de colagem de aglutinar universos, texturas, cores, formas para criar uma terceira imagem. Dentre todas as técnicas eu me considero uma pessoa que faz colagem, independente do material. Nesta exposição eu pretendo mostrar essa diversidade de exploração de materiais cotidianos, com carga afetiva; manipulando todos esses materiais transformo em objetos, esculturas, painéis, tapeçarias. A ideia de reunir peças antigas com outras inéditas foi levar um pouco do que se vê no meu ateliê – essa mistura essa diversidade”.

Sobre o artista.

Renato Dib é formado em Artes Plásticas pela Faculdade Santa Marcelina (1995). O artista constrói sua obra a partir de um repertório que atravessa a pintura, a colagem e as técnicas manuais associadas ao têxtil. Seu trabalho evoca, de modo literal e metafórico, a noção biológica de tecido: suas obras remetem a entranhas, órgãos e sistemas orgânicos, revelando uma anatomia sensível. Ao longo de sua trajetória, Renato Dib apresentou seu trabalho em espaços como a Galeria Mola (Portugal), Phosphorus (São Paulo), o Museu A Casa (SP) e a Rijswijk Textile Biennial (Holanda), entre outros.

Obra em contínua reinvenção.

17/abr

Uma trajetória artística marcada por transformações, em que se misturam ironia, política, crítica de arte e memória, é tema de uma exposição no Itaú Cultural (IC), em São Paulo. A mostra Carlos Zilio: uma retrospectiva de 60 anos de criação – A querela do Brasil oferece uma visão panorâmica do artista visual e professor Carlos Zilio. A exposição segue até 06 de julho.

Com curadoria de Paulo Miyada, são apresentadas cerca de cem obras, entre pinturas, objetos e instalações, criadas entre 1966 e 2023, abrangendo todas as fases do trabalho do artista: sua militância contra a ditadura civil-militar de 1964, que o levaria à prisão; sua tese de doutorado, intitulada A querela do Brasil – a questão da identidade da arte brasileira, feita no exílio; seu retorno ao Brasil, quando passa a se dedicar ao ensino; e sua experimentação com a forma e a geometria, a abstração e a subjetividade.

Como disse Pualo Miyada ao Itaú Cultural, é “uma trajetória de muitas vidas”. Carlos Zilio estudou pintura com Iberê Camargo, no começo da década de 1960, período em que integrou mostras importantes como Opinião 66 e Nova Objetividade Brasileira. Em 1975, após produzir obras com o objetivo de promover agitação política e conscientização social e ter se envolvido com a luta armada, é preso. No cárcere, com recursos limitados, cria desenhos. Pouco depois de ser solto, exila-se. De volta ao Brasil, também se dedica ao ensino.