Júlio Paraty no MNBA

17/jan

Com uma representativa seleção de 40 trabalhos (em acrílico sobre tela e guache) dentre as mais de 3.000 obras produzidas em cinquenta anos de carreira, o Museu Nacional de Belas Artes/Ibram exibe – entre 21 de janeiro e 21 de março de 2020 – nas Salas Clarival Valadares e Ubi Bava, Cinelândia, Rio de Janeiro, RJ, a exposição “O mundo paradisíaco de Júlio Paraty”.

 

Dono de uma robusta carreira artística, com inúmeras individuais, e sendo um dos mais importantes artistas da histórica e colonial cidade fluminense de Paraty, o pintor popular Júlio Paraty é agora homenageado num momento muito oportuno pois recentemente sua cidade foi reconhecida como Patrimônio Mundial pela UNESCO.

 

Na exuberância de suas cores e rigor de sua composição, a obra de Júlio desde sempre teve como inspiração e temas o patrimônio cultural de sua Paraty natal: suas tradições, as festas religiosas, os modos de viver, as brincadeiras, a pesca e os barcos, os personagens, santos e bandeiras da localidade em meio a luxuriante natureza.

 

Para o curador da mostra “O mundo paradisíaco de Júlio Paraty”, o cineasta Luis Carlos Lacerda, o Bigode, “…esta retrospectiva nos permitirá acompanhar a evolução de seu percurso, dos primeiros trabalhos onde a presença de blocos compactos forma a narrativa da tela, ao povoamento riquíssimo de seus espaços por uma multidão de personagens coadjuvantes, ações paralelas ao tema principal, pequenas telas dentro daquilo que retrata, numa inquietação que habita o mundo e o atelier dos grandes artistas”.

 

Em sua longa trajetória, Júlio realizou cerca de trinta exposições individuais, a primeira em 1971, em São Paulo, no Antiquário Chafariz e ainda na capital paulista ele expôs também em 1984, no Centro Cultural São Paulo, e no Rio de Janeiro, na Funarte, em 1979 e 1981. Participou de exposições internacionais coletivas, em 1980 – Naifes Internacionais – na Galeria do Bonfim de Amsterdam e na Galeria do Bonfim de Bonn, Alemanha.

 

Conjugado à exposição haverá também a exibição permanente do filme que faz parte da série “Atelier do Artista”, com fotografia de Alisson Prodlik e direção de Luiz Carlos Lacerda, curador da exposição.

 

A mostra “O mundo paradisíaco de Júlio Paraty” conta com o apoio da Secretaria de Cultura de Paraty.

 

Floresta negra na Paulo Darzé

13/jan

A Paulo Darzé Galeria, Rua Chrysippo de Aguiar 8, Corredor da Vitória, Salvador, Bahia, abre sua programação 2020, no dia 30 de janeiro, das 19 às 22 horas, com a exposição do artista baiano Anderson Santos, tendo por título “Floresta negra”, com curadoria do professor Danillo Barata, permanecendo em temporada até o dia 19 de fevereiro.

 

Texto do curador

 

A singularidade dessa mostra está estruturada em um processo sensível de como as técnicas de pintura tradicional são renovadas no encontro com as novas mídias. Os aspectos conceituais abordados remetem à instauração de uma problemática cada vez mais constante na contemporaneidade que diz respeito ao fluxo de imagens, sua fruição e a cultura remix. É, segundo o filósofo Philippe Dubois, na incrustação – textura vazada e na espessura da imagem – que, de certa maneira, os espaços de produção da imagem são reorientados.

 

Anderson Santos se irmana a uma nova tendência de autores que ao utilizar o digital como dissolução da imagem tem como imperativo conhecê-la para finalmente desintegrá-la. Essa transição poética da pintura a óleo para o digital não passa por um aperfeiçoamento, mas sim por uma licença que permite ao artista se reautorizar como pintor, pois isola a pintura para desfigurá-la, sem hierarquia ou convenção de gosto. Desse modo, compreende uma visão mais polissêmica do que entendemos como pintura contemporânea. Cria ao modo do que preconiza Gilles Deleuze em “A lógica da sensação”, para tratar das obras de Francis Bacon, uma fuga em direção a uma forma pura, por abstração; ou em direção a um puro figural, por extração ou isolamento, obtido numa equação de tentativa e erro, própria do fazer artístico.

 

“Floresta Negra” é um divisor de águas na poética de Anderson. Nela, ele amadurece, se encontra com sua família e seus filhos nos contos e fábulas dos irmãos Grimm, envolto na dualidade, no obscuro e o sombrio. Se no passado sua pintura tentava neutralizar a narração e a figuração, nesse momento as micronarrativas invadem o seu cotidiano traçando novas visões de futuro ou de afro futurismo.

 

A exposição pelo artista

 

Tenho dois filhos, um de um ano e outro de quatro, quase cinco anos. Quando do preparo para esta exposição e tendo o costume de contar histórias para eles dormirem, um dia me dei conta que quase todas as histórias infantis se passam em florestas, selvas, ou lugares com uma densa vegetação. Comecei então a relacionar esta descoberta, do protagonismo da floresta como lugar onde surgem as histórias, com o momento de agora, dessa era antropocênica que vivemos e do obscurantismo político mundial, e em particular, com o cenário local.

 

Quando voltei da Itália no início de 2019, encontrei Salvador em luto, parecia pra mim que uma noite negra tinha encoberto a cidade, os amigos ansiosos, com muito medo do que estava por vir, e, para culminar, no fim de abril perdi minha irmã. Como sou um otimista e tenho dois filhos pra brincar, descobri com eles que de dentro do escuro podem surgir monstros, lobos ferozes, mas também tapetes mágicos, cavalos alados e outras histórias. E que é por isso que a floresta é negra, não ousamos conhecê-la de verdade e nem podemos, porque ela é território da nossa imaginação…

 

E se hoje muitos ouvidos se voltam para as vozes que vem de dentro do escuro das florestas do mundo, tentando criar novos tipos de relação com os saberes dos povos que de alguma maneira ao longo dos séculos cultivaram um modo de viver diverso do modelo em que vivemos, é porque parece que o modelo vigente está afundando, como a cidade de Veneza.

 

Muitos acreditam que a cura para todo o mal dessa era, milagrosamente surgirá de dentro do escuro da floresta, ou dos laboratórios do vale do Silício, o grande problema que se apresenta é que “não tem pra trás”. Nós não existiremos para toda a eternidade, mas o planeta continuará sem nós, apesar do nosso rastro. Se não dá pra voltar e consertar o que fizemos, o que nos resta é imaginar Wakandas dentro do escuro da floresta, lá onde o Google Earth não alcança, e onde utopicamente as novas tecnologias e os saberes tradicionais se encontram e produzem maravilhas.

 

Esta exposição integra meu mestrado na Escola de Belas Artes da UFBa, e trata do encontro da pintura a óleo com o digital. Entendo que o uso por pintores de tablets e smartphones para a prática da pintura digital está transformando a maneira como a pintura de cavalete é pensada e realizada. O meu objetivo com essa exposição é criar um espaço de encontro onde a pintura, a realidade aumentada e o vídeo convivam sem atritos, nem choques. E que pessoas de todas as idades se divirtam olhando através dos seus smartphones as coisas estranhas que encontrei na floresta que imagino. Para isso construí junto com a startup Ripensarte, um aplicativo para que as pessoas possam acessar ao conteúdo em realidade aumentada contido em várias imagens ao longo da mostra. O app se chama Eosliber e já está disponível gratuitamente para quem quiser baixar nas lojas IOS e Android, mas a experiência de visualização só se dará, estando diante das obras que serão expostas.

 

Sobre o artista

 

Anderson Santos nasceu em Salvador, Bahia, 1973, É pintor, trabalhando principalmente com o óleo sobre tela, cartão, madeira, e desenhista, utilizando o grafite ou o carvão sobre papel, e destes dois caminhos desenvolvendo pintura e desenho digital no iPad, adaptando a técnica tradicional para esta nova realidade digital, com isto realizando experimentos em vídeo, cartazes e storyboards para cinema. Graduado em Artes Plásticas pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), expôs nas principais capitais brasileiras. Participou na Itália da Expoarte em Milão, em ocasião da Expo 2015 e da Esposizione Triennale delle Arti Visive em Roma. Possui obras em coleções particulares e fundações no Brasil, na Europa e nos Estados Unidos. Entre suas atuações se destaca a de professor, ministrando oficinas de pintura digital com tablet é voltada àqueles que desejam aprender a desenhar e pintar com os novos aplicativos que simulam a pintura tradicional para IPad e tabletes, com foco no aplicativo artrage disponível para os sistemas operacionais iOS e Android. Anderson foi um dos membros do coletivo internacional responsável pela publicação da revista online Boardilla, na qual se ocupava da editoração gráfica e curadoria, além de produzir e dirigir artisticamente as exposições de artes visuais da revista. Atualmente é Diretor Artístico de Ripensarte e um dos responsáveis pela publicação da revista online Magazzino. Divide seu atelier entre Salvador e Milão.

 

 

Duo na Kogan Amaro

08/jan

A galeria Kogan Amaro, Jardim Paulista, São Paulo, SP, exibe de 13 de janeiro a 08 de fevereiro a exposição “Tangerina Bruno: Estados Cotidianos, dos irmãos gêmeos Cirillo e Leticia Tangerina Bruno.

 

Tangerina Bruno: Estados cotidianos

 

Na obra mais traduzida de Sigmund Freud, Sobre a Psicopatologia da Vida Cotidiana, o psicanalista debate como o inconsciente se expressa na nossa rotina por meio de sentimentos comuns, como medo, desconforto, surpresa e atenção. Seu desejo é demonstrar que a psicanálise não se limita ao estudo da anormalidade, mas se dedica a descrever e compreender a mente humana e a transformação que vivenciamos fisicamente mesmo por meio daquilo que apenas sentimos. Nas pinturas do duo Tangerina Bruno, situações rotineiras, enquadradas de forma precisa como frames de uma produção cinematográfica, evidenciam esses sentimentos vulgares, mas que nem por isso são menos relevantes no entendimento da psique humana.

 

A captura desses instantes pelos irmãos gêmeos Cirillo e Leticia Tangerina Bruno, de 26 anos, retratam o momento de ação da figura que habita a tela. Estão congeladas, sim, mas também em movimento. Passam roupa, gritam em cima de uma cadeira, tomam banho, costuram. É possível receber as vibrações dos gestos dos personagens não só pelo que a cena nos induz, mas também ao nos debruçarmos nas micronarrativas que acontecem em detalhes da tela, pintadas em uma colcha de cama desarrumada ou num móvel que compõem a sala. As situações realistas retratadas em cores vibrantes nos remetem diretamente às pinturas de David Hockney, Alex Katz, Alfred Leslie ou até Edward Hopper. Tais cenas ganham seus epílogos em títulos certeiros, que brincam com provérbios populares, insinuando certo humor e ironia ao reconhecermos (e também desdenharmos) as emoções expostas ali.

 

Cada obra recebe meses ou até ano das mentes e punhos da dupla nascida em Porto Ferreira, interior de São Paulo. Debruçados ora simultaneamente ora alternados na tela, fortalecem sua própria história em uma mistura inebriante de funções e talentos. Se Leticia traz nas mãos a precisão do hiperrealismo em retratos e autorretratos dos próprios irmãos, Cirillo trabalha a estamparia da produção, que reverberam e atestam as ideias centrais das obras. A empreitada exige as quatro mãos e as duas mentes dos artistas que se transformam em um terceiro elemento, vivo, dono de novas ideias, que produz, pinta e reconta as experiências vividas pela dupla.

 

Ana Carolina Ralston

Curadora

 

 

 

 

Antonio Bandeira no MAM/SP

06/jan

Com visitação até 01 de março de 2020, o Museu de Arte Moderna de São Paulo, Parque Ibirapuera, Portões 1 e 3, exibe retrospectiva de Antonio Bandeira com curadoria assinada por Regina Teixeira de Barros e Giancarlo Hannud.

 

Sobre a mostra e o artista

 

Nascido em Fortaleza no dia 26 de maio de 1922, Antonio Bandeira logrou trilhar um caminho incomum no âmbito da arte brasileira. Artista independente em meio às influências locais de seu tempo – mesmo que extremamente ativo em seu ambiente social – não foi em busca dos regionalismos estilísticos e geográficos que por vezes alimentaram artistas de sua geração. Permaneceu à margem de escolas e estilos, jamais emprestando seu nome às declarações de fé estética tão em voga naquele momento.

 

Exigente e metódico, definido por seus pares como artista sério, lacônico e de uma “casmurrice monacal”, trabalhou diligentemente durante toda a vida, legando-nos uma produção surpreendente não só pela qualidade e sensibilidade, mas também pelo volume. Para além disso, dedicou especial atenção à sua própria persona, ao alimentar mitos e narrativas acerca de sua biografia e cultivar sua imagem, criando assim um personagem que muitas vezes suscitou tanto interesse quanto sua obra.

 

Traços, cores, tramas, manchas e respingos aparentemente abstratos efetivamente estampam, nas palavras do artista, “paisagens, marinhas, árvores, portos marítimos, cidades, enfim, apontamentos de viagem. Parto do realismo e, depois, vou aparando a ramaria até chegar ao ponto que minha sensibilidade exige. […] A natureza foi e será, sempre, o meu celeiro”. Esse compromisso alegre com a vida pautou sua aproximação e assimilação da linguagem internacional da arte abstrata. Como resumiria Ferreira Gullar, Bandeira “valeu-se das possibilidades da nova linguagem para expressar sua relação amorosa com a realidade que vivia e a realidade que vivera”.

 

A presente mostra reúne um conjunto de cerca de 70 obras – telas, guaches e aquarelas -, abarcando diferentes momentos de sua produção artística, das primeiras pinturas figurativas às grandes telas de densas tramas e gotejamentos dos últimos anos, e tem sua gênese na mostra “Antonio Bandeira: um abstracionista amigo da vida”, realizada no Espaço Cultural Unifor, Fortaleza, de agosto a dezembro de 2017.

 

Regina Teixeira de Barros e Giancarlo Hannud
Curadores

 

Na Anita Schwartz

19/dez

Termina no próximo dia 06 de janeiro de 2020 a exposição “Sobre como as coisas caem”, com mais de 20 obras inéditas da artista Daisy Xavier, que ocupam todos os espaços expositivos da Anita Schwartz Galeria de Arte, Gávea, Rio de Janeiro, RJ. Com curadoria de Ulisses Carrilho, as obras que integram esta que é a maior individual da artista na galeria são pinturas em grande formato, em pó de ferrugem, folha e fios de latão, ácido, petróleo e ecoline sobre tela, desenhos com diversos materiais (muitas vezes os mesmos usados nas pinturas), monotipias, e 100 esculturas em metal, articuladas, que junto com uma casa de vespa formam uma grande instalação que leva o nome da exposição.

 

Galeria do Lago, no Museu da República

13/dez

No dia 14 de dezembro, a Galeria do Lago, no Museu da República, Catete, Rio de Janeiro, RJ, inaugura a exposição “Jardim do Éden”, da artista Patrizia D’Angello, com curadoria de Isabel Portella. A exposição apresenta 25 pinturas recentes e inéditas e o conceito foi pensado a partir dos muitos banquetes realizados no Palácio do Catete, sede do Governo Federal entre 1896 e 1960 e que hoje abriga o Museu da República

 

“Numa narrativa bem humorada, mas repleta de sutis paralelos, a artista se debruça sobre os grandes temas da pintura figurativa, o retrato, a paisagem e a natureza morta. Em seus trabalhos, Patrizia procura discutir os limites do real, da mímesis e as implicações no mundo contemporâneo”, afirma a curadora Isabel Portella.

 

Para realizar a exposição, a artista mergulhou no acervo do Museu, em documentos relacionados ao tema, como uma bela coleção de convites e menus das muitas recepções ocorridas ali, bem como fotos, vasos, pratarias, sancas e mobiliário pertencentes ao Palácio do Catete, que aparecem nas obras mesclados a seu repertório poético.

 

De família italiana, Patrizia D’Angello cresceu rodeada por encontros em volta da mesa, com comida farta. Para ela, “comer junto é uma maneira de se compartilhar afeto”. Desta forma, seu trabalho sempre esteve atravessado pela comida, que, em suas naturezas mortas, ganham outras camadas de sentido. Movida por um humor dionisíaco e tendo como norte a Pop Art e a Tropicália, os trabalhos de Patrizia D’Angello estão sempre reverberando questões do feminino/feminismo. Em uma operação ambivalente de afirmação e crítica, a artista desloca sentidos e, com humor, joga luz sobre a pretensa “normalidade” do patriarcado e suas práticas predatórias. “A abordagem desse espaço tão representativo do poder, do patriarcado, da ordem vigente, se dá através do campo relegado desde sempre ao domínio das mulheres, a cozinha, a mesa, a decoração, o enfeite, o bordado, o doce, o belo… Um universo, segundo essa lógica dominante, menor, secundário, fútil e frívolo, por isso mesmo entregue de bom grado às mãos que vieram pra servir”, ressalta a artista.

 

A grande pintura “Jardim do Éden”, que dá nome à exposição, retrata um piquenique realizado sobre uma canga com a imagem da famosa pintura do renascimento, “O nascimento da Vênus”, de Sandro Botticelli (Itália, 1445 – 1510). “Também queria falar da área externa do museu, do lindo parque e dos convescotes que ali aconteceram no passado de forma reservada e que seguem acontecendo hoje com o espaço convertido em museu, de forma pública e democrática”, explica a artista, que em suas pesquisas encontrou imagens da família de Pereira Passos (1836-1913), prefeito do então Distrito Federal entre 1902 e 1906, nos jardins do Palácio do Catete.

 

A imagem da Vênus de Botticelli, uma das tantas idealizações da mulher presentes na História da Arte, serve de leito para um piquenique, onde, junto ao seu peito, repousa uma faca e sobre seu corpo é servida a comida. O trabalho se chama “Jardim do Éden” e, a um só tempo, a artista relaciona a idealização, a objetificação, a exploração e toda uma narrativa milenar escrita por homens sobre o que foi e qual deve ser o papel da mulher.

 

O pensamento crítico aparece sempre de forma sutil, quando a sobreposição do título à imagem produz um ruído desconsertante. “O título dos trabalhos é parte indissociável da obra, pois é através do deslocamento de sentido engendradado nessa operação de nomear que desenvolvo a narrativa que me interessa explorar”, conta Patrizia D’Angello. Muitas vezes, os nomes das obras remetem a questões que não estão retratadas diretamente na pintura. Um exemplo disso é a obra “Canavial”, com a imagem de um açucareiro de prata. A figura bonita, que remete à riqueza, é quebrada com a lembrança do título, que imediatamente remete à exploração e à escravidão. No entanto, tudo é feito de forma leve, quase imperceptível e, a um primeiro olhar, o que se vê são belas e sedutoras imagens. “Se o feminismo, a sensualidade erótico-sensorial, o patriarcado, a exploração são questões que interessam à artista explorar, ela o faz com humor, numa crítica que expõe engrenagens perversas e desnuda atitudes machistas, sem perder a doçura”, afirma a curadora Isabel Portella.

 

“Retrato mulheres insurgentes e empoderadas a debochar desse mundo constituído sob valores alheios e desfavoráveis, piqueniques, mesas, comidas, doces, vasos e ornamentos onde tudo parece estar onde deveria estar exceto pelo fato de que essa afirmação resvala numa bem humorada crítica”, diz a artista.

 

Sobre a artista

 

Patrizia D’Angello nasceu em São Paulo, mas vive e trabalha no Rio de Janeiro. Formada em Artes Cênicas pela Uni-Rio e em Moda pela Candido Mendes, a partir de 2008, cessou todas as atividades em outras áreas pra se dedicar exclusivamente à arte. Desde então, desenvolve uma poética que, através de artifícios da narrativa do cotidiano, incorpora e comenta a vida em suas grandezas e pequenesas, em seus potenciais de estranhamento e em suas banalidades, espelhando e refletindo aquilo que diz respeito à vida. Transita pela produção de objetos, performance, fotografia, video e, mais assiduamente, pela pintura. Frequentou a Escola de Artes Visuais no Parque Lage, onde realizou diversos cursos. De setembro de 2014 a Março de 2015 esteve no programa de bolsa residência-intercâmbio com a École Nationale Superieure des Beaux Arts de Paris. Foi indicada ao prêmio PIPA em 2012. Dentre suas principais exposições individuais estão: “Lush” (2018), no Centro Cultural Municipal Sergio Porto, no Rio de Janeiro; “Assim é se lhe parece – Casa, Comida e Roupa Lavada” (2016), no Centro Cultural da Justiça Federal, no Rio de Janeiro; “Kitinete” (2016), no Ateliê da Imagem, no Rio de Janeiro; “No Embalo das Minhas Paixões”, na Galeria de Arte IBEU, no Rio de Janeiro, entre outras. Dentre suas últimas exposições coletivas estão: “Primeiro salão de Arte Degenerada”, no Ateliê Sanitário, “Rios do Rio”, no Museu Histórico Nacional, “Passeata”, na Galeria Simone Cadinelli, “My Way”, na Casa França-Brasil, todas este ano, no Rio de Janeiro; “Futebol Meta Linguagem” (2018), no Centro de Artes Calouste Gulbenkian, no Rio de Janeiro; “Poesia do Dia a Dia” (2017), no Centro Cultural Sergio Porto, no Rio de Janeiro; “Quero que Você me Aqueça nesse Inverno” (2016), no Centro Cultural Elefente, em Brasília; “Attentif Ensemble” (2015), no Jour et Nuit Culture, em Paris; “Portage” (2014), no ENSBA, em Paris; “Como Se Não Houvesse Espera” (2014), no Centro Cultural da Justiça Federal, no Rio de Janeiro, entre outras.

 

Sobre a Galeria do Lago

 

A Galeria do Lago apresenta programas contínuos de exposições de arte contemporânea, que visam a discutir aspectos da produção da arte atual, com obras que de alguma maneira se relacionem com o Museu da República.

 

De 14 de dezembro de 2019 a 15 de março de 2020.

 

Arte e som nas coleções MAM Rio

O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Parque do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, apresenta de 1º de dezembro de 2019 a 1º de março de 2020 a exposição “Canção Enigmática: relações entre arte e som nas coleções MAM Rio”. Com curadoria de Chico Dub, a exposição se insere no programa Curador Convidado, criado em 2018 pelo Museu, e se relaciona com a 9ª edição do Festival Novas Frequências.

 

A exposição reúne obras de Hélio Oiticica, Carlos Vergara, Waltercio Caldas, Daniela Dalcorso, Claudio Tozzi, Carlos Scliar, José Damasceno, Chelpa Ferro, Cildo Meireles, Cinthia Marcelle, Manata Laudares, MarciusGalan, Paulo Nenflidio, Paulo Vivacqua, entre outros. São pinturas, fotografias, desenhos, vídeo, objetos sonoros, instrumentos musicais, partituras gráficas, esculturas, instalações e discos de artista presentes na coleção do Museu. Estão programadas ações performáticas para janeiro de 2020.

 

O título da exposição é retirado do nome da obra de José Damasceno (Rio de Janeiro, 1968), feita em 1997. Ao lado de cada obra haverá um QR Code, que permitirá ao público acessar pelo seu celular mais informações sobre o artista no site do MAM Rio.

 

“Canção Enigmática” irá ocupar dois espaços no terceiro andar do Museu, destinado a mostras do acervo, e tem uma complementação com mais duas obras no Foyer dos artistas suíços Martina Lussie e Luigi Archetti, pertencentes aos próprios artistas.

 

A exposição procura inserir o MAM Rio na chamada “virada sônica”(“sonicturn”), termo cunhado para designar a mudança gradual de foco do visual para o auditivo, que vem ocorrendo nas práticas artísticas e nos estudos acadêmicos nos últimos anos, graças a implementos tecnológicos. “E também pela busca em estabelecer novos parâmetros artísticos, o som passou a ser reconhecido e exibido como uma forma de arte em si mesmo”, explica o curador Chico Dub. “Ainda que não seja uma mostra exclusiva de arte sonora – prática surgida na obscura zona entre música composta, instalação, performance e arte conceitual, e que tem o áudio como componente principal ou que silenciosamente reflete sobre o som -, abraça todo o acervo dessa disciplina artística no museu, reunindo trabalhos de Chelpa Ferro, Cildo Meireles, Cinthia Marcelle, Manata Laudares, Marcius Galan, Paulo Nenflidio, Paulo Vivacqua e Siri”.

 

Chico Dub diz que “as obras reunidas mostram basicamente cenas musicais tiradas do cotidiano, como nas pinturas modernistas de Di Cavalcanti e Djanira, manifestações folclóricas nas quais a música possui caráter essencial, como nas fotografias de Bárbara Wagner inspiradas no maracatu, rituais religiosos afro-brasileiros tal qual em Pierre Verger e no candomblé, e associações diretas com gêneros musicais, como nos retratos de Daniela Dacorso em bailes funk, na influência do samba nos “Parangolés” de Hélio Oiticica e nas fotografias de Carlos Vergara no desfile do Cacique de Ramos, ou em ícones do porte de Tom Jobim (Cabelo e Márcia X) e Beethoven (Waltercio Caldas). Trabalhos realizados durante a ditadura militar no Brasil, como os de Cláudio Tozzi e Waltercio Caldas, gritam contra a situação opressiva que se instalava naquele momento no país e, infelizmente, soam mais atuais do que nunca”. Ele complementa dizendo que “há ainda um destaque especial para as chamadas partituras gráficas, trabalhos com origem no contexto da música e apreciados por artistas visuais em função de sua característica libertária que vai além da notação musical convencional. Paulo Garcez, Carlos Scliar, Chiara Banfi e, de certa forma, José Damasceno possuem trabalhos nesse contexto”.

 

Está programado para os domingos de janeiro de 2020 uma série de ações performáticas que buscam se relacionar com procedimentos da música experimental, da arte sonora e de outras linguagens, como as artes visuais, a dança e performance. Essa programação complementar reafirma a ideia da ocupação do espaço público como ato estético e político, questão presente nos encontros realizados por Frederico Morais no início dos anos 1970, quando a área externa do MAM e o Aterro do Flamengo foram incorporados como extensão natural do Museu.

 

“É notório pensar hoje em dia que 4’33” não é simplesmente uma ‘peça silenciosa’, mas, sim, uma obra cujo objetivo é a escuta do mundo. Em outras palavras, o trabalho mais famoso de John Cage, ao emoldurar sons ambientes e não intencionais, nos revela através de uma escuta profunda que a música está em todos os lugares; que todos os sons são música”, observa Chico Dub.

 

“Partindo de Cage, os sons que ecoam pelo MAM são música. Uma canção enigmática formada por todos os sons ao redor combinados, dentre outros, com batidas do coração, berimbaus high tech, gadgets eletrônicos, sons artificiais, bandas fora de ritmo, orquestras tocando músicas diferentes ao mesmo tempo, o som da chuva e uma ordem em italiano para se fazer um café”.

 

Até 1º de março de 2020.

 

O livro: 7 X ARTISTAS

10/dez

Lançamentos: 10 /12 no Museu Oscar Niemeyer (Curitiba) e 12 de dezembro no Paço Imperial (Rio) Textos de Marcelo Campos, Cesar Kiraly, Efrain Almeida e Wilson Lazaro.

 

“7 X ARTISTAS – As Novas Pinceladas” apresenta a produção de sete pintores da arte contemporânea brasileira. O livro, que é organizado por Wilson Lazaro e conta com a direção de arte de Felipe Taborda, mostra a vivência dos artistas no atelier e seus processos de produção e as obras que credenciam sua produção na última década.
Os artistas que terão suas obras destrinchadas são: Alvaro Seixas, Daniel Lannes, Elvis Almeida, Felipe Fernandes, Gilson Rodrigues, Livia Moura e Maria Fernanda Lucena.

 

Alvaro Seixas foi indicado para o prêmio Pipa 2018, e desenvolve, ao longo de sua carreira, trabalhos que exploram a abstração na pintura e como essa linguagem se relaciona com o panorama artístico-cultural atual.

 

Lívia Moura é uma artista que vem desenvolvendo um trabalho de pesquisa das questões femininas atuais, participando atualmente uma residência na ilha de Chipre, com uma pintura desenhada que é totalmente feminina.

 

Gilson Rodrigues é artista mineiro, promove intensa pesquisa sobre o próprio fazer pictórico e é recorrente sua investigação sobre questões ligadas ao tempo, à memória e à paisagem.

 

Felipe Fernandes vem ocupando um lugar entre a figuração e a abstração, a pintura que desenvolve é fusionada a delicadas pétalas de papel, pedaços de fita crepe e imprevistas camadas de cola conferidoras de brilho à tinta.

 

A pintura de Daniel Lannes tem cenas documentais ou imaginadas, históricas ou banais que são mescladas sem hierarquia – personagens (heróicos ou não, reais ou não) do século passado convivem na mesma cena contemporâneas, em que tempos diferentes coexistem e as composições surreais são uma constante. Foi um dos vencedores da 6ª edição do Prêmio Marcantonio Vilaça para as Artes Plásticas 2017/2018.

 

Elvis Almeida, com uma pintura bem conhecida por sua paleta de cores elétricas e vocabulário visual bem definido, usa formas orgânicas em uma figuração que apenas se insinua, ao mesmo tempo em que faz referência ao imaginário popular dos grandes centros urbanos.

Maria Fernanda Lucena, é carioca, no currículo várias exposições individuais com Paisagens emocionais na C. Galeria – Rio de Janeiro em 2016; A Intimidade é uma escolha na Galeria do IBEU – Rio de Janeiro em 2017; Melancolia da Paisagem na Galeria Sem Título – Fortaleza entre outras.

 

“Sete estilos, sete registros de um pouco da trajetória da pintura contemporânea, focando os artistas, seus processos e obras. Mais do que nunca, em tempos de efemeridade de redes sociais, parece ser necessário fixar a história em um produto que possa refletir a produção de artistas que estão construindo a arte brasileira do século XXI” diz Wilson Lazaro, organizador do livro.

 

Ficha Tecnica:
Organizador – Wilson Lazaro
Artistas – Alvaro Seixas, Daniel Lannes, Elvis Almeida, Felipe Fernandes, Gilson Rodrigues, Lívia Moura e Maria Fernanda Lucena
Coordenadora executiva – Bia Gross
Coordenador financeiro – Rafael Bezerra
Direção de arte – Felipe Taborda
Design – Augusto Erthal
Registro fotográfico de atelier – Carla Bordin
Fotos das obras – Rafal Adorján
Revisão – A Portuguesa
Tradução – Regina Alfarano
Assessoria de imprensa – Flávia Tenório
CTP e Impressão -Walprint Gráfica e Editora
Agradecimentos – Claudia Saldanha, Juliana Vellozo Almeida Vosnika, Maria Helena Bahmed, Leila Gontijo, Luciano Augusto, Marcio Felipe, Isaque Furtunato, Ricardo Kugelmas, Fátima Lazaro, Pedro Saturnino Braga e Waldéres Gross
Agradecimentos especiais – Carla Bordin e Rodrigo Pinheiro
Patrocínio- Banco Bari

 

Lançamento: 7 X ARTISTAS – As Novas Pinceladas – 10 de dezembro, 19h30
Museu Oscar Niemeyer – Curitiba
Rua Mal. Hermes, 999 – Centro Cívico, Curitiba – PR – (41) 3350-4400

 

12 de dezembro, 18h
Paço Imperial no Rio

ArtRio 2020

Estão abertas as inscrições para a ArtRio 2020. A ArtRio completará sua 10ª edição em 2020 e reforça seu foco na arte brasileira e latino-americana. O evento acontecerá de 09 a 13 de setembro de 2020 na Marina da Glória.

As inscrições são para os programas PANORAMA, VISTA e BRASIL CONTEMPORÂNEO.

Os programas SOLO, PALAVRA e MIRA terão seus participantes selecionados pelos respectivos curadores.

 

A ArtRio chegará nesta 10ª edição com uma importante história de valorização da arte brasileira e latino-americana. Mais do que uma feira de arte de reconhecimento internacional, a ArtRio é uma plataforma com um calendário ativo ao logo de todo o ano, realizando diferentes programas sempre com o intuito de aproximar artistas e galerias de seu público, estimular o conhecimento e valorizar a produção de novos artistas, incentivar a criação de novo público para a arte e disseminar o conhecimento da arte em projetos de acessibilidade e educação.

 

A feira, é um importante momento do calendário artístico profissional, com a reunião das mais importantes galerias do país e também de outros países da América Latina.

 

As inscrições serão avaliadas pelo Comitê de Seleção da ArtRio, que analisa diversos pontos como proposta expositiva para o evento, relevância em seu mercado de atuação, artistas representados – com exclusividade ou não -, número de exposições realizadas ao ano e participação em eventos e/ou feiras.

 

O Comitê 2020 é formado pelos galeristas:

 

Alexandre Roesler (Galeria Nara Roesler) – Rio de Janeiro, São Paulo, Nova Iorque – Antonia Bergamin (Bergamin & Gomide) – São Paulo – Filipe Masini e Eduardo Masini (Galeria Athena) -Rio de Janeiro – Gustavo Rebello (Gustavo Rebello Arte) – Rio de Janeiro – Juliana Cintra (Silvia Cintra + Box 4) – Rio de Janeiro

Nos últimos anos, atraídos pela expressiva presença de arte brasileira na ArtRio, tanto com obras de artistas consagrados como as jovens descobertas, importantes colecionadores e curadores internacionais vieram para o Rio de Janeiro, incluindo curadores e membros de conselhos de aquisições de importantes museus e fundações como Solomon R. Guggenheim, Tate Modern, Dia Art Foundation e SAM Art Projects, entre outros.

 

Programas

 

PANORAMA Programa destinado às galerias já estabelecidas no mercado de arte, tanto em esfera nacional quanto internacional.

 

VISTA Programa destinado às galerias com até dez anos de existência, que apresentam projetos com foco curatorial mais experimental.

 

BRASIL CONTEMPORÂNEO Pelo terceiro ano consecutivo, o programa reunirá projetos individuais de artistas e galerias baseados nas regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sul.

 

SOLO Programa destinado a projetos expositivos com foco em importantes coleções de arte. O programa contará com projetos que apresentem uma visão mais aprofundada sobre a obra de um único artista.

 

MIRA O programa MIRA convidará o público a explorar narrativas visuais de artistas consagrados e novos nomes que usam a vídeo arte como plataforma.

 

PALAVRA O programa propõe a palavra como peça fundamental na arte, promovendo conversas, leituras e performances de poetas e artistas que trabalham com a temática.

 

A seleção dos três últimos programas, SOLO, MIRA e PALAVRA será definida pelos respectivos curadores nos próximos meses.

Artistas GLC

03/dez

Luciana Caravello Arte Contemporânea, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, apresenta, a partir do dia 02 de dezembro, a exposição “Artistas GLC”, que reúne cerca de 50 obras, recentes e inéditas, dos 29 artistas representados pela galeria: Adrianna Eu, Afonso Tostes, Alan Fontes, Alexandre Mazza, Alexandre Serqueira, Almandrade, Armando Queiroz, Bruno Miguel, Daniel Escobar, Daniel Lannes, Delson Uchôa, Eduardo Kac, Élle de Bernardini, Fernando Lindote, Gê Orthof, Gisele Camargo, Güler Ates, Igor Vidor, Ivan Grilo, JeaneteMusatti, João Louro, Lucas Simões, Marcelo Macedo, Marcelo Solá, Marina Camargo, Nazareno, Pedro Varela, Ricardo Villa e Sergio Allevato.

 

Em exibição trabalhos em diversos suportes, como pintura, colagem, desenho, fotografia, vídeo, escultura e instalação. Muitas obras nesta mostra são inéditas, como é o caso da pintura “Sundae Ilusões”, de Daniel Lannes, que, de acordo com o artista, mostra que “…o amor colado às costas da musa garante ou não a ilusão da promessa afetiva”.

 

Outras obras de igual ineditismo são “Todos os nossos desejos”, de Daniel Escobar, série de colagens onde confetes recortados de cartazes publicitários proporcionam uma paisagem pictórica de ilusórios fogos de artificio, e uma nova obra da série “Pseudônimo”, de Bruno Miguel, pintura onde o artista questiona os dogmas da linguagem a partir da substituição dos elementos tradicionais e históricos da pintura por processos, materiais e ferramentas de um mundo pós-industrializado, globalizado e conectado.

 

Recesso entre 21 de dezembro de 2018 e 05 de janeiro de 2020.

Até 01 de fevereiro de 2020.