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AGENDA CULTURAL

Esperança

 

O Museu de Arte Sacra de São Paulo – MAS/SP, instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, exibe até 22 de agosto, “Esperança”, mostra coletiva sob curadoria de Simon Watson, composta por trabalhos dos artistas contemporâneos Ana Júlia Vilela, Andrey Rossi, Desali, Enivo, João Trevisan, Leandro Júnior, Lidia Lisbôa, Mag Magrela, Moisés Patrício, Paulo Nazareth, Thiago Rocha Pitta, Yasmin Guimarães, onde cada obra é acompanhada de um texto crítico assinado por curadores convidados Thierry Freitas, Márcio Harum, Fernando Mota, Carlo McCormick, André Vechi, Jackson Gleize, Mirella Maria, Gabriela Longman, Guilherme Teixeira, Janaina Barros,  Ulisses Carrilho e Carollina Lauriano.

 

O segundo evento do Projeto LUZ Contemporânea, Esperança, traz a sensação de acolhimento, do olhar para frente, do ser bem-vindo. “Vista pelas lentes de diversas práticas artísticas contemporâneas, Esperança é uma observação curatorial caleidoscópica buscando resposta aos 18 meses de pandemia. Para muitos de nós, o ano passado pareceu se arrastar, de forma lenta e dolorosa. Foi um tempo de espera e esperança, um tempo de autorreflexão. Um período que despertou consciências, tanto pessoais como coletivas, em resposta a uma crise global de saúde; como cada um de nós se relaciona com o outro e como compartilhamos nossa saúde coletiva”, explica o curador Simon Watson. Como mote para exposição, um dos conceitos que interligam os trabalhos são as múltiplas formas pelas quais as mãos e corpos dos artistas se fazem presentes na criação dessas obras de arte. “Ao reafirmar sua presença, esses artistas confirmam nossa existência como humanos e, com a presença de sua mão somos lembrados de nossa impermanência, da fragilidade de nossas vidas. E por serem obras de arte, possuem uma permanência no registro de nosso tempo. Na presença da mão do artista, encontramos sinais pessoais de propósito, determinação e esperança”, conclui o curador.

 

 

Como um presente adicional ao público, Simon Watson convidou críticos e curadores do circuito cultural para escreverem sobre as obras exibidas por cada um dos artistas participantes: “como um estrangeiro engajado e apaixonado pela cena cultural brasileira contemporânea, estou muito impressionado com a nova onda de curadores e críticos de arte brasileiros que, por conta própria, estão forjando uma nova versão da história da arte, vista por meio de perspectivas novas e variadas. Fazendo perguntas provocativas sobre quem está faltando e porque, sua investigação enérgica está provocando e apoiando artistas e diversas práticas artísticas. Meu interesse por esta nova onda levou-me a convidar profissionais das artes para fazerem ensaios para cada um dos 12 artistas de Esperança”.

 

 

Os 54 trabalhos – bidimensionais, tridimensionais, tecnológicos – de Esperança, que abrangem técnicas diversas como aquarelas, pinturas, grafitti, esculturas, fotografias e vídeo performances, estão dispostos na sala de exposições temporárias do MAS/SP bem como em seu jardim interno – Jardim do Claustro – como um brinde de formas, cores e convite a estar perto.

 

 

Os trabalhos de Andrey Rossi sugerem uma meditação tranquila em uma enfermaria de hospital fictício. Os desenhos são altamente detalhados e formam a base de um ciclo contínuo de pinturas que, por mais que pareça um assunto sombrio, são estranhamente sedutoras e transmite uma mensagem poderosa e agem como meditação e celebração do impulso humano para superar a tragédia e descobrir a vida no mais improvável dos lugares. Desdobrando materiais primordiais está Leandro Júnior cujas pinturas figurativas de argila líquida se inspiram na cultura do vale do Jequitinhonha onde cresceu e no material com que pinta. Seus retratos invocam pungência e tristeza, bem como sentimentos de empoderamento, pois as figuras parecem estar contemplando a luz de um dia de céu azul.

 

 

Muito parecido com um oratório contemporâneo, Desali faz acrílicos em escala íntima pintados em pedaços de madeira de descarte. São atos de meditação pessoal, um reflexo do sofrimento cotidiano, frequentemente impregnado pela presença de luz natural e céus radiantes. Temas do cosmos podem ser claramente sentidos nas pinturas terrestres e paisagísticas de Yasmin Guimarães. Em pequena escala, examinando detalhes aparentemente microscópicos ou em telas maiores e robustas, ela é um mundo de magia e maravilhas no mundo natural. Moisés Patrício se apresenta com uma pintura em grandes dimensões que retrata uma mulher negra vestida de branco em um ritual performativo de nascimento e renascimento. Um momento comovente e comemorativo.

 

 

Esperança apresenta três murais site specific nas paredes do museu. Dois dos murais estão nas extremidades da sala expositiva. De um lado, uma figura feminina pintada por Mag Magrela e do outro, uma figura xamã masculina pintada por Enivo. Mag Magrela se inspira no tumulto das imagens urbanas e na mistura das culturas brasileiras. A imagem retrata um mundo de gigantes gentis, mulheres que são poderosas e dominadoras, mas ainda mantêm uma intimidade vulnerável em seus olhos, bem como em sua postura. Enivo está presente na cena mural de rua de São Paulo, e se tornou conhecido por suas pinturas de prática de estúdio “alienígenas futuristas”, que nesta exposição vê a união dos dois, uma enorme pintura mural de uma figura futurista semelhante a um xamã de otimismo e esperança instalada com um agrupamento de pinturas de resina.

 

 

Ana Júlia Vilela cria um terceiro mural no centro da sala expositiva onde combina intervenção direta na parede e um aglomerado de telas. Ela brinca com o espectador, revelando apenas alguns fios de investigação pictórica, todos interrompidos por fragmentos de texto que lembram um tweet ou a troca casual de uma breve conversa.

 

 

O tema do fogo e da ressurreição ígnea tem sido um elemento recorrente na ampla prática de Thiago Rocha Pitta. Suas aquarelas sugerem um mundo mítico e ardente equilibrado entre o apocalíptico e o alucinógeno. Igualmente alucinógena é uma performance de Lidia Lisbôa. Suas esculturas do Casulo são uma versão suave de sua mediação ao longo da vida sobre o tema dos formigueiros encontrados em todo o Brasil. A exposição inclui a vídeo-performance Alvorecer.

 

 

O tema abrangente da exposição é retratado de forma mais vívida no vídeo performático “Cuando tengo comida en mis manos” de Paulo Nazareth. Situado contra um céu azul claro, ele lembra São Francisco como a ação de mãos erguidas com comida e pássaros se precipitando e se alimentando parece tão generoso, tão frágil e tão importante.

 

 

Esperança finaliza no pátio interno com uma escultura em madeira de sete partes de dormentes criada por João Trevisan. A obra convida o espectador a sentar-se e, ao fazer isso, você se torna primeiro consciente da arquitetura e, então, totalmente ciente da existência do céu.

 

 

Sobre o curador

 

 

Simon Watson – Nascido no Canadá e criado entre Inglaterra e Estados Unidos, Simon Watson é curador independente e especialista em eventos culturais baseado em Nova York e São Paulo. Um veterano com trinta e cinco anos de experiência na cena cultural de três continentes, Watson concebeu e assinou a curadoria de mais de 250 exposições de arte para galerias e museus, e coordenou programas de consultoria em colecionismo de arte para inúmeros clientes institucionais e particulares.

 

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