Setembro: 33ª Bienal de São Paulo

29/mai

Intitulada “Afinidades afetivas”, mostra com curadoria de Gabriel Pérez-Barreiro busca modelo alternativo ao uso de temáticas, privilegiando o olhar dos artistas sobre seus próprios contextos criativos

 

De 07 de setembro a 09 de dezembro, a 33ª Bienal de São Paulo – Afinidades afetivas vai privilegiar a experiência individual do espectador na apreciação das obras, em detrimento de um tema que favoreceria uma compreensão pré-estabelecida. O título escolhido pelo curador Gabriel Pérez-Barreiro – apontado pela Fundação Bienal de São Paulo para conceber a mostra – remete ao romance de Johann Wolfgang von Goethe Afinidades eletivas (1809) e à tese “Da natureza afetiva da forma na obra de arte” (1949), de Mário Pedrosa.

 

O título não tem o intuito de dar direcionamento temático à exposição, mas caracteriza a forma de organizar a exposição a partir de vínculos, afinidades artísticas e culturais entre os artistas envolvidos. Como no texto de Pedrosa, há uma proposta de investigação das formas pelas quais a arte cria um ambiente de relação e comunicação, passando do artista para o objeto e para o observador. Presença, atenção e influência do meio são as premissas que norteiam a curadoria desta edição, numa reação a um mundo de verdades prontas, no qual a fragmentação da informação e a dificuldade de concentração levam à alienação e à passividade.

 

O curador crê no aspecto positivo de uma mudança radical do sistema operacional da Bienal. Para esta edição, ao lado dos doze projetos individuais eleitos por Pérez-Barreiro, os sete artistas-curadores escolhidos por ele já definiram suas propostas expositivas, com total liberdade na escolha dos artistas e seleção das obras – a única limitação imposta a eles foi que incluíssem em suas exposições trabalhos de sua própria autoria.

 

 

Proposições curatoriais concebidas pelos artistas-curadores

 

A partir de seu interesse em questões como repetição, narrativa e tradução, Alejandro Cesarco (Montevidéu, Uruguai, 1975) realiza uma curadoria de obras de artistas que compartilham de suas inquietações conceituais e estéticas. Intitulada Aos nossos pais, “a mostra propõe questionamentos acerca de como o passado (a história) ao mesmo tempo possibilita e frustra potencialidades e de como ele pode ser reescrito pelo trabalho do artista, gerador de diferenças a partir de repetições”, explica. Além de Cesarco, participam da mostra artistas de três diferentes gerações, entre os quais Sturtevant (EUA, 1924 – França, 2014), Louise Lawler (EUA, 1947) e Cameron Rowland (EUA, 1988). “Dedicar esta exposição a uma relação primária (biológica ou adotiva, literal ou metafórica) é construir uma genealogia e uma tentativa de aproximação da fonte central de nossas interpretações, métodos, inibições, possibilidades e expectativas”.

 

Antonio Ballester Moreno(Madri, Espanha, 1977) aborda sua curadoria na 33ª Bienal como forma de contextualizar um universo baseado na relação íntima entre biologia e cultura, com referências à história da abstração e sua interação com natureza, pedagogia e espiritualidade. Para tanto, ele relaciona a produção de filósofos, cientistas e artistas: “somos todos criadores de nosso próprio mundo, mas entendo que tamanha variedade de linguagens nos separou da noção do que nos é comum, então esta proposta salienta o estudo de nossas origens, sejam elas relacionadas a aspectos naturais, sociais ou subjetivos — os três eixos que organizam a exposição”, afirma. Intitulada sentido/comum, a mostra abarca desde brinquedos educativos das vanguardas históricas e obras da Escuela de Vallecas à presença de artistas contemporâneos. Dentre os participantes, encontram-se o filósofo e pedagogo Friedrich Fröbel (Alemanha, 1782-1852); Andrea Büttner (Alemanha, 1972); Mark Dion (EUA, 1961); e Rafael Sánchez-Mateos Paniagua (Espanha, 1979), que contribuiu também com a publicação educativa Convite à atenção.

 

Para sua exposição intitulada O pássaro lento,Claudia Fontes(Buenos Aires, Argentina, 1964) parte de uma metanarrativa: um livro fictício homônimo cujo conteúdo é desconhecido, salvo por alguns fragmentos e por seus vestígios materiais. Fontes e os artistas convidados apresentam trabalhos que ativam as aproximações entre artes visuais, literatura e tradução através de experiências que propõem uma temporalidade expandida. “A experiência de velocidade e lentidão são experiências políticas enraizadas no corpo. Ambas influenciam nossos entendimentos de espaço, distância e possibilidade”, afirma Fontes. Em um processo curatorial horizontal e colaborativo, todos os participantes, à exceção de Roderick Hietbrink (Holanda, 1975), desenvolvem obras comissionadas para a ocasião: Ben Rivers (UK, 1972), Daniel Bozhkov (Bulgária, 1959), Elba Bairon (Bolívia, 1947), Katrín Sigurdardóttir (Islândia/EUA, 1967), Pablo Martín Ruiz (Argentina, 1964), Paola Sferco (Argentina, 1974), Sebastián Castagna (Argentina, 1965) e Žilvinas Landzbergas (Lituânia, 1979).

 

Para sua exposição, Stargazer II [Mira-estrela II], Mamma Andersson(Luleå, Suécia, 1962) reúne um grupo de artistas que têm inspirado e nutrido sua produção como pintora. A seleção inclui uma ampla gama de referências, como ícones russos do século 15, os “outsiders” Henry Darger (EUA, 1892-1973) e Dick Bengtsson (Suécia, 1936­-1989); e artistas contemporâneos como a cineasta Gunvor Nelson (Suécia, 1931) e o piloto de caça e artista sonoro Åke Hodell (Suécia, 1919-2000), entre outros. Em comum, todos os participantes compartilham o interesse pela figuração expressiva e pelo corpo humano. “Estou interessada em artistas que trabalham com a melancolia e a introspecção como um modo de vida e uma forma de sobrevivência”, afirma Andersson. A exposição inclui também uma quantidade significativa de pinturas de Andersson, estabelecendo um diálogo vibrante entre sua obra e suas inspirações artísticas.

 

A curadoria de Sofia Borges (Ribeirão Preto, Brasil, 1984), A infinita história das coisas ou o fim da tragédia do um, parte de interpretações filosóficas sobre a tragédia grega para mergulhar em uma colagem de referências mitológicas e investigar os limites da representação e da impossibilidade da linguagem enquanto instrumento de mediação do real. “Eu passei anos procurando, através da imagem, desvendar o estado de representação das coisas, até que entendi se tratar de uma questão sem solução, visto que ela é na verdade o problema do significado. A linguagem é em si trágica, porque ambígua, e não se pode usar uma matéria para falar de outra”, explica. Seu projeto expositivo se constrói a partir de um modelo curatorial misto em que a seleção de peças específicas é acompanhada por trabalhos comissionados. Uma das particularidades da proposta — que inclui obras de Jennifer Tee (Holanda, 1973), Leda Catunda (Brasil, 1961), Sarah Lucas (UK, 1962) e Tal Isaac Hadad (França, 1976), entre outros — é sua ativação por um programa de experimentações ao longo da duração da Bienal.

 

Waltercio Caldas (Rio de Janeiro, Brasil, 1946), que sempre considerou a história da arte como material de trabalho, projeta um espaço em que obras de diversos artistas são confrontadas com trabalhos de sua autoria. “Visto que a produção de um artista trata de inúmeras questões que variam ao longo do tempo, escolhi obras que desviam do que mais se conhece de cada um deles e se destacam por seu valor e especificidade. O resultado da relação entre as peças escolhidas passou a ser o principal interesse desta seleção”, explica. Caldas propõe uma reflexão sobre a poética, a natureza das formas e das ideias e suas implicações na atividade artística desde o final do século 19. “Procurei, através da tensão entre obras muito diversas, as surpresas esclarecedoras que resultam destes confrontos”, comenta. A partir de uma visão desafiadora do artista sobre sua própria obra e dos enfrentamentos muitas vezes inusitados — como entre trabalhos de Feliciano Centurión, que deixou seu país natal, o Paraguai, para radicar-se na Argentina, onde se tornou expoente da chamada geração “Rojas” (primeiros artistas a expor na galeria do Centro Cultural Rector Ricardo Rojas, da Universidad de Buenos Aires (Líbano, 1974) para criar, assim como ela, novos trabalhos em um processo curatorial colaborativo e horizontal. A produção dessas seis artistas “concilia aspectos íntimos (como corpo, memória e gesto) a épicos (arquitetura, história, nação)”, explica Ogunji. “Em diálogo aberto e contínuo, nossos projetos individuais abarcam práticas e linguagens distintas, que convergem em ideias e questões cruciais para a experimentação, a liberdade e o processo criativo”. O trabalho dessas artistas é afetado por suas histórias individuais e pelas complexas relações que mantêm com suas terras, nações e territórios. “Suas obras quebram as narrativas hegemônicas e abraçam interrupções como aberturas necessárias”, complementa a artista-curadora.

 

 

Os projetos individuais selecionados por Gabriel Pérez-Barreiro

 

Entre os doze projetos individuais escolhidos pelo curador, três deles são de artistas homenageados: Aníbal López (Cidade da Guatemala, Guatemala, 1964-2014), Feliciano Centurión (San Ignacio, Paraguai, 1962 – Buenos Aires, Argentina, 1996) e Lucia Nogueira (Goiânia, Brasil, 1950 – Londres, Reino Unido, 1998). “Eu queria artistas que fossem históricos, mas ao mesmo tempo não consagrados, ou seja, que esses núcleos não fossem apenas a reiteração de nomes que já conhecemos. Os artistas homenageados são pouco conhecidos na América Latina, mas são expoentes de sua geração, então trazê-los à Bienal é uma forma de resgatá-los do desaparecimento da história da arte e mostrá-los para as novas gerações”, diz Pérez-Barreiro. Para o curador, a realização dessas exposições também significa uma contribuição expressiva da Fundação Bienal na pesquisa, catalogação e recuperação desses acervos.

 

Aníbal López, também conhecido por A-153167, o número de sua cédula de identidade, foi um dos precursores da performance em seu país. Sua obra, que inclui vídeo, performance, live acte intervenções urbanas, entre outras formas de expressão, tem forte caráter político e se volta para questões de disputas entre fronteiras nacionais, culturas indígenas, abusos militares e até do mercado de arte. Registros em vídeo e fotografias de ações efêmeras, realizadas como forma de protesto à objetificação e fetichização da arte, compõem a mostra.

 

O universo queeré abordado com delicadeza por Feliciano Centurión, que deixou seu país natal, o Paraguai, para radicar-se na Argentina, onde se tornou expoente da chamada geração “Rojas” (primeiros artistas a expor na galeria do Centro Cultural Rector Ricardo Rojas, da Universidad de Buenos Aires) até ser vitimado por complicações decorrentes da AIDS, aos 34 anos. Centurión trabalhava primordialmente com tecidos e bordados, incorporando peças como lenços e crochês comprados em feirinhas portenhas. Descendente de uma família de bordadeiras, ele se apropria de práticas artesanais como linguagem artística para expressar elementos de sua história pessoal a partir de uma tradição familiar comum na cultura paraguaia.

 

Ainda pouco conhecida no Brasil, a goiana Lucia Nogueiraé uma figura essencial para compreender a arte britânica do período e desenvolveu uma carreira internacionalmente reconhecida. Suas esculturas e instalações, foco da individual incluída na 33ª Bienal, subvertem o utilitarismo de objetos com um humor sutil, tanto pela associação inusitada entre elementos quanto pelo jogo semântico constantemente presente em seus títulos, criando uma atmosfera de estranheza e poesia.

 

Projetos individuais de outros nove artistas, dos quais oito foram especialmente comissionados, completam a seleção de Pérez-Barreiro. Do grupo, o único a exibir um trabalho histórico é Siron Franco (Goiás Velho, Brasil, 1950), com a série de pinturas Césio/Rua 57.Nela, Franco eterniza a impressão de horror e isolamento causada pelo acidente radioativo acontecido em 1987 no Bairro Popular, em Goiânia, com o elemento Césio 137. Nascido e criado naquele bairro, o artista retornou à sua cidade natal logo após o acidente, na contramão da população local, deixando definitivamente o eixo Rio-São Paulo. Seus registros da catástrofe ambiental marcaram uma guinada em sua carreira, antes de temática irônica, para o uso de alegorias com elementos simbólicos.

 

Os oito artistas com projetos comissionados têm em comum o desenvolvimento de trabalhos que não se encaixam numa estrutura temática. “São pesquisas complexas que funcionam individualmente e não precisam de um contexto adicional para que o espectador se relacione com os trabalhos”, explica Pérez-Barreiro.

 

O portenho Alejandro Corujeira(Buenos Aires, Argentina, 1961) possui uma concepção formal leve e fluida, que parece querer captar o movimento da natureza. Ele terá esculturas e pinturas apresentadas na mostra.Denise Milan (São Paulo, Brasil, 1954) cria esculturas e instalações com grandes pedras e cristais. Na 33ª Bienal, a artista exibirá novos trabalhos nesses formatos.

 

O cotidiano serve de inspiração às obras de Maria Laet(Rio de Janeiro, Brasil, 1982), que exibirá um novo vídeo na 33a Bienal, e de Vânia Mignone(Campinas, Brasil, 1967), que trará pinturas inéditas. Nelson Felix (Rio de Janeiro, Brasil, 1954), que em seu “trabalho formal parece materializar uma consciência planetária”, nas palavras de Pérez-Barreiro, mostrará uma nova instalação escultórica.

 

As pesquisas de Bruno Moreschi(Maringá, Brasil, 1982) e Luiza Crosman(Rio de Janeiro, Brasil, 1987) se relacionam com a corrente da crítica institucional e fogem de suportes artísticos tradicionais. “Com esses artistas teremos, dentro da exposição, um olhar crítico sobre como a arte funciona, é exibida e justificada”, afirma Pérez-Barreiro. Partindo de uma abordagem pessoal e poética, Tamar Guimarães (Viçosa, Brasil, 1967), que une uma abordagem crítica sobre as instituições a preocupações poéticas e narrativas, apresentará um novo vídeo.

Palestra sobre Portinari

25/mai

Luiz Fernando Dannemann, curador da exposição “Portinari – A Construção de uma Obra”, e o artista plástico Sergio Campos, responsável pelas esculturas expostas na mostra, realizam palestra dia 29 de maio, às 18h, na CAIXA Cultural Rio de Janeiro, sobre Cândido Portinari, seu processo criativo e a transformação das obras do artista em esculturas feitas por Campos, bem como técnicas utilizadas. A entrada é gratuita e a inscrição é feita pelo e-mail portinarinacaixa@gmail.com.

 

Exposição inédita, “Portinari – A construção de uma obra”, permanecerá em cartaz até 1º de julho de 2018, na Galeria 4, da CAIXA Cultural Rio de Janeiro, Centro. O projeto tem patrocínio da Caixa Econômica Federal e do Governo Federal. A mostra reúne cerca de 71estudos, pinturas e obras do pintor, muralista e desenhista, que conquistou reconhecimento internacional retratando o cotidiano do país e a desigualdade social, com atualidade surpreendente. Também fazem parte da montagem 18 esculturas criadas pelo artista plástico Sérgio Campos, que reproduzem personagens de importantes obras de Portinari.

 

Na foto, Luiz Fernando Dannemann, João Cândido Portinari e Sérgio Campos na abertura da exposição.

Toz na Caixa Cultural

24/mai

A Caixa Cultural, Centro, Rio, de Janeiro, RJ, apresenta a exposição individual de Toz que obedece ao título geral de “Toz/Cultura Insônia” a partir do dia 29 de maio.

 

Texto crítico por Felipe Moraes

 

Em 2010, Toz conheceu Insonia. Poderíamos dizer que fora criado, mas suas implicações na obra do artista são tão profundas que parecem ultrapassar aquele que o revelou, levando-nos a crer em uma possível existência mitológica a priori dessa criatura, com vontades, ambições e humor próprios.

 

Insonia, que cresceu e aos poucos foi mostrando seu povo e sua cultura. Gradativamente expressando-se na pluralidade de suas aparições, é um personagem análogo ao imaginário de diversas tradições. É possível pensa-lo sob o arquétipo do trickster, uma entidade ambígua e brincalhona, podendo-se encontrar paralelos com Hermes, Mercúrio, o Coringa, e nos contextos brasileiro e africano, como uma deidade tão controversa quanto querida: Exu.

 

Insonia é tanto o malandro da Lapa, Seu Zé Pelintra, quanto o arruaceiro Saci-Pererê. Assim como este, que só se torna visível quando se cai na modorra – estado suspenso entre o sono e a vigília em que é difícil discernir o onírico do plausível – a criatura começou a revelar-se para o artista nas suas noites em claro. Foi nessas fronteiras borradas entre delírio e a linearidade, entre indivíduo e a coletividade que se deram sua existência e seu fenômeno. É uma manifestação dessa mitologia universal no universo particular do artista.

 

Como uma faceta desse arquétipo, é possível pensar a própria figura do grafiteiro. Ao observá-lo pela ótica da história da arte, percebemos esse ator curioso e indefinível que vem das ruas, passa à galeria, elude o cubo branco, retorna ao urbano em uma monumentalidade inédita, não nos revelando seu lugar de (des)pertencimento. Talvez porque não tenha e não queira ter. Sua pertinência está exatamente no esgarçamento dos limites e de sua eterna inadequação.

 

 

O grafiteiro, tal qual Insonia, tal qual Exu, quando acreditamos ser possível compreendê-los, nos eludem e assumem uma nova forma, um novo discurso em uma excêntrica e irreverente pantomina caleidoscópica que distorce nossas noções de linearidade, território e identidade.

 

Até 26 de agosto.

Liliane Dardot em Ondina, Salvador – BA

A premiada artista mineira Liliane Dardot será responsável pela próxima exposição da Roberto Alban Galeria, em Ondina, Salvador – BA.  A partir do dia 06 de junho, ela apresenta a mostra “No Oco das Horas”, na qual investiga, através da pintura, o universo da vegetação do Cerrado, lugar que muito a encanta “…pela resistência, pela capacidade de se desenvolver nas situações mais adversas”.

 

 

A palavra da artista

 

“Nós somos seres da natureza. Assim como as plantas se transformam e se adaptam ao meio, regulam seus ciclos ao clima, buscam a água nas profundezas, se orientam para a luz, encontram as formas mais diversas para se propagar, nós também dependemos de uma sintonia para sobreviver. A vida contemporânea nos afasta de um contato direto com o meio ambiente em todos os seus aspectos. A consciência ecológica é muito importante”,

 

 

Sobre a artista

 

Liliane Dardot nasceu em Belo Horizonte, 1946, cidade onde vive e trabalha. Graduou-se pela EBA UFMG, onde foi professora de desenho (1969/77). Residiu em Olinda, PE (1978/89), tendo participado da criação da Oficina Guaianases de Gravura. Retornando a Minas Gerais, lecionou litografia na Escola Guignard (1990/97). Desde 1968 participa em mostras coletivas e em salões em vários estados brasileiros entre os quais: 1979 Salão Nacional de BH, Figuração Referencial, MAP, BH; 1980 Salão Nacional de BH, MAP, BH; Panorama 80, MAC, SP e 3º Salão Nacional, RJ; 1983 14° Salão Nacional de Arte, MAP, BH; XXVI Salão de Artes (premiação), Centro de Convenções, Recife; 36° Salão Paranaense (premiação), e 23ª Mostra do Desenho Brasileiro (premiação), Curitiba; 1986 Jovem Arte Contemporânea, MAC, SP. Bienais Internacionais: 1980, 1986 e 1996 Ciudad de Mexico; 1981 Cali, Colômbia; 1981 e 1983 San Juan, Porto Rico; 1984 Bradford, Inglaterra e Habana, Cuba; 1990 Berlim, Alemanha. Liliane Dardot, participou recentemente da prestigiosa mostra “Radical Women: Latin American Art”, no Brookling Museum, New York, EUA.

 

 

De 06 de junho a 07 de julho.

Mostra de Gilberto Salvador

23/mai

Entre os dias 30 de maio e 14 de julho, a Emmathomas Galeria, Jardim Paulista, São Paulo, SP, abre suas portas para a primeira exposição individual de 2018: “Duas SpherogrÁfias”, de Gilberto Salvador, com curadoria de Ricardo Resende. A mostra reúne 17 obras elaboradas por meio de técnicas que refletem o pensamento poético do artista, reconhecido pela diversidade de suportes e dimensões em projetos bidimensionais e tridimensionais, que propõem ao público múltiplas interpretações.

 

Inspiradas nos poemas do grande poeta espanhol Federico Garcia Lorca, doze das obras que compõem a exposição são painéis com fragmentos retirados dos poemas do escritor. Com efeitos causados pelo lançamento de esferas cobertas por tinta preta, esse recorte inédito faz um mergulho entre duas linguagens artísticas: o corpo humano e a literatura.

 

 

“O artista de uma obra só.” 

 

São as palavras do próprio artista ao olhar para o que produziu ao longo de mais de 50 anos de carreira. “Criou sem amarras, exercendo coerentemente a liberdade de sonhar, pensar e visualizar movimento, cores e formas. O seu imaginário plástico é inspirado na natureza, nas formas orgânicas que compõem o mundo. O seu processo criativo não muda. Não importa se é na pintura, se é na escultura, se é na gravura. Em todas as linguagens, se dá da mesma maneira. Nem escultor nem pintor. O híbrido é o artista”, conta o curador Ricardo Resende.

 

Nesses mais de 50 anos de trajetória, Gilberto Salvador sempre trabalhou com formas esféricas. Ora apresentadas de forma mística, também revelam certo simbolismo e aspectos lúdicos – temas abordados frequentemente nas obras do artista, que nessa produção utilizou bolas de tênis como instrumento de pintura.

 

Com extenso repertório tridimensional, principalmente no que diz respeitos às obras em espaços públicos, Gilberto Salvador insere uma grande esfera vermelha no centro da galeria. De forma invasora e incômoda, a escultura permite a interação do público – que irá cercá-la para contemplar os seus três metros de diâmetro.

 

Segundo o artista, em “Duas SpherogrÁfias”, a esfera transmite uma visão romântica. “Dividi a exposição por segmentos: no recorte inédito e bidimensional, a esfera é utilizada de forma quase que instrumental; no segundo, o uso da esfera se dá como agente interativo e questionador ao público, representando seu significado da forma mais evidente. Por fim, objetos que rodam na parede mudam as esferas de posição e provocam sons. Essa movimentação cria atividade e passividade, ou seja, a androginia da esfera”, explica.

Mesa redonda no MAM-Rio

22/mai

O MAM Rio, Parque do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, realiza no próximo dia 26 de maio, às 14h, mesa-redonda sobre a trajetória de Victor Arruda com o artista Paulo Bruscky, a crítica de arte Marisa Flórido César, e Adolfo Montejo Navas, curador da retrospectiva do artista em cartaz no Museu. Na ocasião, será exibido o documentário “Esta pintura dispensa flores” (2010), de Luiz Carlos Lacerda, sobre a obra de Victor Arruda, e será lançada a publicação “You are still alive”, sobre a série homônima do artista, com texto de Adolfo Montejo (2018, Limiar Edições), port/ing, 44 páginas e 24 imagens-trabalhos, 500 exemplares, numerados e assinados. Na Cinemateca do MAM, com entrada gratuita.

 

Diz Adofo Montejo Navas que ” sãopoucos os trabalhos artísticos que se posicionam em territórios fronteiriços da vida, no meio-fio entre a vida e a morte, sem cair no reduto da enfermidade ou da clínica, ou então nos paraísos artificiais, cada vez mais numerosos e vulgarizados. You are still alive, obra em curso de Victor Arruda desde 2015 até hoje, já provoca desde seu aqui e agora outro tempo e destino, extrapolando o local inicial da ação. Transfere seu alvo estético para além do campo previsível, inclusive como imagética associada à pintura (algo, diga-se de passagem, que o artista tem provocado várias vezes, o curso de alguns limites com a pintura para ser pisada ou até dançada, comida ou utilizada como pintura-performace de obra-anúncio).”

Visita guiada no Paço Imperial

17/mai

Neste sábado, dia 19 de maio, às 15h, a artista plástica Suzana Queiroga e o curador Raphael Fonseca farão uma visita-guiada pela exposição “Miradouro”, no Paço Imperial, Centro, Rio de Janeiro, RJ, com entrada franca. A mostra, que pode ser vista até o dia 27 de maio, traz obras recentes e inéditas da artista, dentre pinturas, esculturas, instalações e vídeos, que mostram a pesquisa sobre o tempo, a paisagem e a cartografia.

Obra inédita de Angelo Venosa 

Novos horizontes de investigação e pesquisas estéticas do escultor Angelo Venosa serão exibidos ao público pela primeira vez, a partir de 23 de maio no Museu Vale, Antiga Estação Pedro Nolasco, Argolas, Vila Velha, ES. Na exposição (e lançamento do catálogo), que comemora os 20 anos da instituição, o artista apresentará esculturas incorporadas às próprias sombras, conferindo um instigante universo poético ao espaço. Seis das esculturas foram criadas especialmente para a mostra. Madeira, alumínio, acrílico, parafina, vidro, aço, ossos são alguns dos materiais que compõem as esculturas de Venosa e a singularidade de seu fazer artístico, desenvolvido a partir de sua experiência vinda de trabalhos artesanais (herdou do pai o conhecimento do trato com o design e a madeira). De natureza expansiva, desenvolveu atalhos históricos e tornou-se um dos maiores expoentes do cenário cultural contemporâneo. Sintonizado com novas tecnologias, passou a trabalhar também com impressões em 3D, trazendo para suas esculturas infinitas possibilidades combinatórias.

 

Inquietas e interrogativas, as obras de Angelo Venosa problematizam a visão do espectador – diz Vanda Klabin, ao revelar que o artista irá explorar no Museu Vale a equivalência entre as áreas cheias e vazias, através da projeção de sombras nas superfícies arquitetônicas da instituição. “- Na medida em que esses trabalhos são desenvolvidos, as formas emergem e adquirem uma plasticidade inesperada. Toda uma noção de movimento se faz presente nessas sombras movediças, onde brotam as formas mais variadas e ambíguas e essas zonas de indeterminação adquirem uma presença plástica que se constrói e se experimenta no próprio espaço – conclui a curadora.

 

A mostra de Angelo Venosa nas comemorações dos 20 anos do Museu Vale reitera o compromisso da instituição de promover a arte e a cultura como fenômeno de transformação e de formação dos jovens, diz Ronaldo Barbosa, diretor do Museu: “…Venosa é um artista que caminha em paralelo com o seu tempo, sempre dedicado ao experimento de novos materiais, tecnologias e seus desdobramentos no seu processo criativo. No Museu Vale, o escultor irá surpreender ao exibir uma nova possibilidade de se perceber os seus trabalhos”.

 

Após o período de exposição no Museu Vale, “Penumbra” segue para o Memorial Minas Gerais Vale, em Belo Horizonte, como parte do Programa de Itinerância Cultural. O programa prevê a troca de conteúdo artístico e cultural entre os quatro espaços culturais patrocinados pela Vale, localizados em quatro das cinco regiões brasileiras, além de ações de valorização da identidade cultural em munícipios pelo interior do país.

 

 

Sobre o artista

 

Angelo Venosa (São Paulo, 1954. Vive e trabalha no Rio de Janeiro) surgiu na cena artística brasileira na década de 1980, tornando-se um dos expoentes dessa geração. Desde esse período, Venosa lançou as bases de uma trajetória que se consolidou no circuito nacional e internacional, incluindo passagens pela Bienal de Veneza (1993), Bienal de São Paulo (1987) e Bienal do Mercosul (2005). Hoje, o artista tem esculturas públicas instaladas no Museu de Arte Moderna de São Paulo (Jardim do Ibirapuera); na Pinacoteca de São Paulo (Jardim da Luz); na praia de Copacabana / Leme, no Rio de Janeiro; em Santana do Livramento, Rio Grande do Sul e no Parque José Ermírio de Moraes, em Curitiba. Possui trabalhos em importantes coleções brasileiras e estrangeiras, além de um livro panorâmico da obra, publicado pela Cosac Naify, em 2008.

 

 

Sobre o Museu Vale

 

Desde a sua inauguração, em outubro de 1998, o Museu Vale se tornou um dos principais polos de arte contemporânea e de formação cultural do Estado do Espírito Santo e do país. Instalado na Antiga Estação Ferroviária Pedro Nolasco, às margens da baía de Vitória, em uma área tipicamente industrial e portuária no município de Vila Velha, o Museu Vale preserva também a memória da construção da Estrada de Ferro Vitória a Minas. Ao longo de 20 anos sediou 46 exposições de arte contemporânea de 194 artistas. Em 2005, criou o Programa Aprendiz, que beneficia jovens das comunidades carentes do seu entorno, capacitando-os em funções relacionadas a montagem de exposições, bem como aproveitando sua mão de obra durante a montagem das mostras que realiza anualmente. Até o momento 120 jovens foram beneficiados através desse projeto.

 

 

De 24 de maio a 09 de setembro.

Na Bergamin & Gomide

15/mai

A exposição individual “Mira Schendel: Sarrafos e Pretos e Brancos”, da artista suíça, naturalizada brasileira, Mira Schendel, próximo cartaz da Galeria Bergamin & Gomide, Jardins, São Paulo, SP, apresentará cerca de 20 obras cuidadosamente selecionadas, produzidas entre as décadas de 1960 e 1980, circulando entre suas diversas fases criativas.

 

Mira Schendel, uma das artistas brasileiras mais significativas do século XX, desenvolveu um corpo de trabalho extremamente complexo e único. “Sarrafos” (1987), última série completa produzida da artista, conta com 12 obras e quatro delas estarão em exposição na galeria. Produzidos sobre uma base totalmente branca, na qual uma haste de madeira preta se sobressai, nos Sarrafos “o caráter tridimensional do elemento acaba por transformar efetivamente o jogo, ao materializar aquilo que, por princípio, deveria ser virtual e ilusionista. E exatamente a relação íntima entre o elemento e a superfície da qual se desprega, vem a gerar um campo plástico vivo e indecidível. Ao se anunciar pintura, o trabalho35 se revela quase escultura”, escreveu o crítico de arte Ronaldo Brito em 1988.

 

A série de obras faz referência ao momento de incerteza política vivida no país: “nasceu de um momento de falta de decisão, de desordem, que o Brasil viveu em março, quando parecia que estávamos morando em uma Weimar tropical. Naquele momento, como todos, eu também sentia necessidade de ter uma direção, um rumo. Essas obras são uma reação ao marasmo daquele momento”, comentou Mira em 1987.

 

Desenvolvida entre 1985 e 1987, a série “Pretos e Brancos”, que precede “Sarrafos”, é “lírica”, uma vez que sua ênfase está no movimento e no espaço. São pinturas de têmpera e gesso que, à distância, remetem a painéis planos pontuados por arcos e linhas. Porém, depois de uma inspeção mais minuciosa, revelam pequenas variações de textura que projetam sombras e formam sutis relevos esculturais.

 

Pinturas e outras obras produzidas sobre papéis de arroz japonês são caracterizadas por motivos geométricos minimalistas, linhas delicadas ou letras compostas que investigam noções de temporalidade e transitoriedade. Experimentando materiais efêmeros, Schendel tornou-se cada vez mais interessada em transformar letras e elementos linguísticos em objetos gráficos – uma abordagem mais comumente associada à poesia concreta. Nessas obras, as letras são liberadas e desconstruídas, levantando questões sobre linguagem, escrita, desenho e imagem.

 

As primeiras obras geométricas abstratas de Mira, feitas com uma palheta terrosa, foram a público em exposições individuais em 1950 e 1952. Ela participou da primeira Bienal Internacional de São Paulo de 1951; recebeu prêmios nos Salões da Bahia e do Rio Grande do Sul entre 1951 e 1953; e, em outubro de 1954, realizou sua primeira grande exposição no Museu de Arte Moderna de São Paulo, exibindo pinturas das séries “Geladeiras ou Fachadas”.

 

A individual da artista, em parceria com a Hauser & Wirth e colaboração de Olivier Renaud-Clément, fica em exposição entre os dias 22 de maio e 23 de junho, na Galeria Bergamin & Gomide.

Desver a Arte

14/mai

A palavra de ordem é diversificar. É com este espírito que a Emmathomas Galeria, Jardins, São Paulo, SP, exibe “Desver a Arte”.  Sob a gestão do artista, colecionador e empresário Marcos Amaro e direção artística do curador Ricardo Resende, a galeria voltou ao mercado de arte com uma proposta mais ousada e inovadora, rompendo amarras e apresentando ao público um corpo de artistas diverso.

 

A exposição “Desver a Arte” marca essa reabertura da Emma, com os 16 artistas representados: ao lado do já consolidado pintor e escultor Gilberto Salvador, por exemplo, Mundano, um dos grafiteiros mais atuantes da cidade de São Paulo. Às delicadas esculturas e cerâmicas da japonesa Kimi Nii, somam-se os objetos imbuídos de narrativa surrealista do paulistano Hugo Curti. Os ambientes e as pinturas realistas em três dimensões de Alan Fontes, contrapõe-se às telas de atmosfera fantástica de Sani Guerra.

 

“De gerações diferentes, de diversas linhagens, vertentes e suportes, são artistas com interesses também incomuns. A galeria ousa mostrar essas diferenças experimentais plásticas e poéticas de cada um dessa família artística, características que se faz visível na diversidade do que é visto na arte contemporânea”, afirma o curador Ricardo Resende.

 

Além dos artistas já citados, comparecem Alex Flemming, Armando Prado, Carl Emanuel Wolff, Carlos Mélo, Francisco Klinger Carvalho, Isabelle Borges, Jens Hausmann, Katia Salvany, Marcia Grostein e Paula Klien.

 

 

Última semana, até 19 de maio.