Siron Franco na Marcelo Guarnieri SP

04/set

A Galeria Marcelo Guarnieri, Jardins, São Paulo, SP, apresenta “Em nome de Deus”, primeira exposição individual de Siron Franco na galeria. A exposição reúne 13 obras que evocam a questão das disputas religiosas e das simbologias elaboradas a partir delas. Siron Franco explora a representação do corpo humano em imagens estilhaçadas ou espectrais que nos dão acesso à relação paradoxal entre sacralidade e violência. A educação religiosa que teve quando criança permitiu a Franco ver de dentro e refletir sobre tais questões durante toda sua produção artística, mas a vandalização de algumas de suas obras públicas nos últimos anos o fizeram pensar sobre elas a partir de outra perspectiva.

 

Para esta exposição, o artista preparou um ensaio que é composto não só por pinturas, mas também por objetos, caso de “Esqueleto do Bezerro de Ouro” – o bezerro, um dos muitos bichos que já habitaram suas telas, agora aparece no espaço tridimensional. A obra faz referência ao mito do Bezerro de Ouro, ídolo confeccionado por Aarão a fim de suprir a ausência de seu irmão Moisés que havia subido o monte Sinai para receber os mandamentos de Deus. À pedido do povo, ansioso por uma liderança que os guiasse, Aarão produziu tal escultura com as jóias das mulheres, contrariando os princípios bíblicos que condenavam a idolatria. As jóias simbolizariam o ego, o pedido do povo foi interpretado como um “culto a si mesmo”. Na linguagem corrente, a expressão “bezerro de ouro” tornou-se sinônimo de um falso ídolo, ou de um falso “deus” por exemplo, simbolicamente, o dinheiro. Coberto por folhas de ouro, a representação do Bezerro na obra de Siron agora é dada por seu esqueleto e ainda que seja associado à morte ou infortúnio, ganha ares de sacralidade e beleza.

 

As relações ambíguas entre forma e conteúdo se estendem, alcançando também suas pinturas. A imagem do corpo humano é uma frequente, embora nunca revelado em sua totalidade. Fazendo uso de sobreposições de camadas de tinta, de formas e de pinceladas variadas, Franco nos permite acessar apenas fragmentos, corpos desmembrados ou sufocados, visíveis somente por frestas. Silhuetas, sombras e múmias compõem um universo que nos remete à culturas antigas, já o uso do spray e de certos grafismos nos trazem de volta ao tempo presente, remetendo às pichações. Do aglomerado de tinta de algumas telas, brotam rostos – ora perturbados, ora inexpressivos -, traços vigorosos que lembram arranhões ou cordas para amarrar. A representação do corpo vai além da figuração e pode ser observada também nos gestos que o próprio artista emprega em sua prática, evidentes na superfície pastosa da pintura. Nem tudo pode ser visto a olho nu ou nem mesmo nos é permitido ser visto: máximas do discurso sacro que na obra de Siron Franco adquirem um sentido filosófico. O jogo de revelar e ocultar associado ao vocabulário utilizado por Siron Franco nos leva a refletir sobre a poderosa relação que a humanidade construiu com o sagrado e com a adoração, nem totalmente divina e nem totalmente infernal, complexa e enigmática.

 

 

Sobre o artista

 

Siron Franco nasceu em 1947 na cidade de Goiás Velho, no estado de Goiás. Atualmente vive e trabalha na cidade de Goiânia. Sua produção é reconhecida desde a década de 1970, tendo participado ao longo de sua carreira de exposições em importantes museus nacionais e internacionais como MASP, MAM-RJ, MAM-SP, Pinacoteca do Estado de São Paulo, The Bronx Museum of the Arts nos Estados Unidos e Nagoya City Art Museum no Japão. Participou da 2ª Bienal de Havana, de diversas edições do Panorama da Arte Brasileira do MAM-SP e da Bienal Internacional de São Paulo, sendo premiado na 13ª edição. Seus trabalhos resultam de uma relação intensa com a matéria, facilmente observável nas generosas camadas de tinta a óleo que utiliza em suas pinturas, ou na diversidade de materiais brutos que escolhe para compor suas esculturas ou instalações, tal qual o concreto, aço, chumbo, mármore e resina. Essa intensidade ganha ares dramáticos nos corpos ou fragmentos de corpos que retrata com frequência, sejam corpos de bichos, de gente, de santos, mortos ou vivos. O ar soturno do universo que criou ao longo de seus cinquenta anos de atividade incorpora a sátira e o absurdo para abordar questões políticas e sociais, como a relação violenta e desequilibrada que o homem possui com a natureza e com a sua própria humanidade. Suas obras integram coleções de museus nacionais e internacionais, como Metropolitan Museum of Art, Nova York, Estados Unidos; Essex Collection of Art from Latin America, Colchester, Grã Bretanha; Museu Salvador Allende, Santiago do Chile, Chile; Monterey Museum of Contemporary Art – MARCO, Monterrey, México; Museu Nacional de Belas Artes – MNBA, Rio de Janeiro, Brasil; Museu de Arte de São Paulo – MASP, São Paulo, Brasil; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – MAM/RJ, Rio de Janeiro, Brasil; Museu de Arte Moderna de São Paulo – MAM/SP, São Paulo, Brasil; Museu de Arte Moderna da Bahia – MAM/BA, Salvador, Brasil. Este ano, Siron Franco participa da 33ª Bienal de São Paulo. No ano passado participou das exposições Siron Franco em 38 obras: 1974-2017, na Biblioteca Mário de Andrade, Attenzione Fragile, na Embaixada do Brasil em Roma e Caution Fragile, na Embaixada do Brasil em Londres.

 

 

 

Até 20 de outubro.

Unidos pela cor.

30/ago

Assim podemos colocar a relação dos artistas Ana Luiza Rego, Bruno Schmidt e Roberto Barciela. Com linguagens e poéticas completamente díspares, eles se juntaram na exposição “Margens e Confluências”, que abre no dia 1º de setembro, na galeria principal do Parque das Ruínas, Santa Teresa, Rio de Janeiro, RJ. Com curadoria de Isabel Sanson Portella, a exposição será composta por cerca de 15 obras e uma instalação e poderá ser visitada até 30 de setembro.

 

“A arte contemporânea legitima a cor despojando-a das técnicas tradicionais da pintura e transgride plataformas ao pensar em novas modalidades da imagem: coloca o espectador e o espaço como elementos centrais da experiência cromática”, analisa Isabel Portella.

 

Nos trabalhos de Ana Luiza Rego, representações bem humoradas de objetos que se tornaram ícones de consumo, ascensão social e luxo compõem um cenário para a história de personagens inspiradas na figura bíblica de Salomé, independentes, poderosas e atemporais, que transitam por diferentes épocas. Entre estes elementos, representações masculinas inspiradas em João Batista apresentam um tipo de homem descartável, que já não cabe mais no mundo feminino contemporâneo da mulher independente. A técnica utilizada, óleo sobre tela, resulta em uma pintura matérica, rítmica, onde o olhar circula pela obra acompanhando as pinceladas e os pontos de cor.

 

Com desdobramento da série “Extrativista Urbano”, Bruno Schmidt utiliza fragmentos de revestimentos sintéticos resgatados de escombros, buscando nas ruas o suporte físico para seus trabalhos e invertendo o olhar para o chão, tirando dos abandonos e entulhos a base para o projeto intransitável. Pisos desgastados e descartados formam um grande mosaico com as intervenções geométricas. Invertidos em sua concepção, mostra o improvável como protagonista, a indigência resgatada da forma, reposicionando para as paredes do Parque das Ruínas.

 

Na série “Réguas”, Roberto Barciela proporciona uma alternância ao intensificar o colorismo industrial com a descoberta da imagem no plano, fazendo emergir a tridimensionalidade que leva o espectador a exercer um jogo entre imagem e impacto cromático. O artista utiliza materiais e suportes diversos como acrílico, isopor, espuma, madeira e ferro, levando a ideia de pintura ao espaço. Além disso, o artista levará ao espaço uma instalação inédita que pertence à Cena Poética, da série “Maquetes”, um projeto de instalação construído em espaços específicos. Como base, o chão será forrado de fragmentos de espelho e areia lavada e, sobre esses espelhos, colunas de ferro, elementos vazados, gerando verticalidade, preenchendo o espaço com um pequeno núcleo de grama esmeralda na qual será plantado um bonsai, colocado quase ao centro da obra.

 

 

 

Sobre Ana Luiza Rego

 

 

Ana Luiza Rego tem a vida dividida entre Rio e Nova York, além de frequentes idas à Europa, onde mantém laços familiares, foram anos de pesquisas visitando exposições e museus pelo Brasil e exterior. Entre as exposições mais marcantes, destacam-se “Geraçōes” – Ana Luiza Rego e Rubens Gerchman – Museu da República – Rio; “Rio” – Galeria Patricia Costa; “Brasilialaniche Knust auf Papier” – MOYA – Museum of Young Art – Vienna; “Arte Brasileira Sobre Papel” – Fundação Medeiros e Almeida – Lisboa; “Arte Brazilleña sobre papel” – Palacio Maldonado – Madrid.

 

 

 

Sobre Bruno Schmidt

 

 

Bruno Schmidt é artista plástico, carioca e nascido em 1967. Estudou na Faculdade de Comunicação Hélio Alonso e na Escola de Artes Visuais do Parque Laje EAV. Participou de residência na França, onde expôs três vezes.

 

 

 

Sobre Roberto Barciela

 

 

Roberto Barciela é artista plástico, nasceu no Rio de Janeiro, onde mora e vive atualmente. Suas obras fazem parte de coleções particulares. Participou de exposições e salões de arte no Brasil e no exterior, onde recebeu prêmios e menções honrosas: Premiado no Novíssimos IBEU 2008; Prêmio SESC de Fotografia Marc Ferrez – edição 2009; Prêmio Aquisição no 7o. Salão de Acubá – Cuiabá MT, 2011. Participa pelo quarto ano consecutivo de exposições no exterior. Fez residência artística na França, Provence, Saint Véran, no ano de 2016. Roberto atua como Artista Visual desde os anos 1980, formado pela Escola de Artes Visuais EAV. Roberto Barciela atualmente trabalha no ateliê do Vale das Videiras, Petrópolis, Rio de Janeiro / RJ.

MAM 70: MAM e MAC USP

27/ago

O Museu de Arte Moderna de São Paulo, Parque do Ibirapuera, São Paulo, SP, exibirá “MAM 70: MAM e MAC USP”, uma exposição comemorativa. A exibição é uma colaboração entre o Museu de Arte Moderna de São Paulo e o Museu de Arte Contemporânea da USP, com destaque para mostras emblemáticas da primeira fase do MAM, nas décadas de 1940 e 1950, antes da doação de sua coleção para o MAC. A mostra visa identificar os elementos em comum entre as instituições. Serão apresentadas exposições importantes na narrativa da história da arte brasileira, como a primeira Bienal de São Paulo, realizada pelo MAM em 1951, e a mostra do Grupo Ruptura, em 1952. Além das mostras periódicas Jovem Arte Contemporânea, criada pelo MAC em 1967, e o Panorama da Arte Brasileira, criado pelo MAM em 1969. Estas mostras, juntamente com a Bienal, ocuparam papel fundamental no calendário artístico brasileiro, consagrando-o no circuito internacional. Serão expostas obras integrantes das mostras originais do MAM e de mostras posteriores do MAM e do MAC, construindo uma genealogia de exposições a partir de uma raiz museológica comum. A curadoria é de Ana Magalhães, Helouise Costa e Felipe Chaimovich.

 

 

De 04 de setembro (abertura) até 16 de dezembro

 

Estratégias Conceituais na Galeria Bergamin & Gomide

24/ago

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A Galeria Bergamin & Gomide, Jardins, São Paulo, SP, reúne obras produzidas entre 1960 e 1980, período marcado por ditaduras militares na América Latina, e traz artistas como Hélio Oiticica, León Ferrari, Lygia Pape e Cildo Meireles. A produção artística na América Latina entre as décadas de 1960 e 1980 é tema de “Estratégias Conceituais”, em cartaz do dia 25 de agosto até 20 de outubro. A exposição apresenta obras de 42 artistas, com curadoria de Ricardo Sardenberg, e reflete um período histórico marcado por intensa repressão política em todo continente.

 

A mostra lança luz sobre um momento histórico muito semelhante ao atual, marcado pelo acirramento das disputas políticas, recrudescimento de iniciativas que incitam a censura, desmantelamento dos espaços de convívio e quebra da comunicação. Assim como ações coletivas e individuais de resistência por parte dos artistas, atuando por vezes à margem do sistema das artes visuais estabelecidas até então.

 

Entre os artistas selecionados estão nomes como Victor Grippo, León Ferrari, Hélio Oiticica, Lygia Pape, Cildo Meireles, Antonio Manuel, Anna Bella Geiger, Luis Camnitzer, Clemente Padín, Anna Maria Maiolino, Antonio Caro, Beatriz Gonzalez, entre outros.

 

“Estratégias Conceituais” quer dar visibilidade à criação da arte latina durante esses anos de transformação socioeconômica. Nesse contexto, são apresentadas diversas obras que foram utilizadas numa estratégia para contestar o regime vigente, muitas vezes burlando a censura, e estimular a conscientização da realidade, criando no processo novas formas de produção, apresentação e distribuição da arte.

 

“Calcados em seus contextos locais – principalmente com a ideia de meios de produção no espaço do subdesenvolvimento -, buscavam não apenas difundir o conhecimento, mas também propor novas formas de gerar conhecimento, sem se formalizarem em um movimento específico. Foram então reconhecidos como “artistas conceituais”. Porém, amplamente conscientes das estratégias formais de “desmaterialização” e das teorias da informação e da comunicação, os aqui apresentados introduzem conteúdos como ação e estratégia de intervenção política, poética,pedagógica e comunicativa. De diversas matizes ideológicas, as estratégias conceituais daquela época se baseiam em primeira instância no contexto local(geralmente político e de confronto), depois no contexto do subdesenvolvimento na América Latina e, por fim, numa “estratégia de inserção global”, explica Sardenberg.

 

 

Artistas de “Estratégias Conceituais”

 

3NÓS3

Adolfo Bernal

Anna Bella Geiger

Anna Maria Maiolino

Antonio Caro

Antonio Dias

Antonio Manuel

Artur Barrio

Beatriz González

Carlos Zilio

Cildo Meireles

Clemente Padín

Décio Noviello

Edgardo Antonio Vigo

Eugenio Dittborn

Felipe Ehrenberg

Graciela Carnevale

Guillermo Deisler

Grupo CAYC

Hélio Oiticica

Hudinilson Jr.

Ivens Machado

Jac Leirner

Jorge Caraballo

Julio Plaza

Lenora de Barros

León Ferrari

Letícia Parente

Liliana Porter

Luis Camnitzer

Luiz Alphonsus

Lygia Pape

Marcelo Brodsky

Montez Magno

Paulo Bruscky

Regina Silveira

Regina Vater

Roberto Jacoby

Umberto Costa Barros

Victor Gerhard

Victor Grippo

Waltercio Caldas

 

 

Sobre a Bergamin & Gomide

 

Criada em 2000 em São Paulo, por Jones Bergamin, a galeria Bergamin ficava numa casa da década de 1950 do arquiteto Vilanova Artigas nos Jardins. Apresentou importantes projetos, dentre eles, uma retrospectiva de Iberê Camargo,  exposições de Mira Schendel, Lygia Pape, Tunga e Miguel Rio Branco e projetos especiais como, por exemplo, “Através” em que a curadora Lisette Lagnado trouxe a público “Tteia”, obra icônica de Lygia Pape (hoje em exposição permanente em Inhotim). Em 2013, Antonia Bergamin, filha de Jones Bergamin, assumiu a direção da galeria com Thiago Gomide. Com foco em vendas privadas de artistas brasileiros e estrangeiros do período Pós-Guerra, a Bergamin & Gomide inaugurou seu novo espaço na rua Oscar Freire, em agosto do mesmo ano. Sem uma lista fixa e com flexibilidade para trabalhar um amplo número de artistas e exposições de diferentes temas, períodos e movimentos, o  programa da galeria conta com quatro exposições por ano, entre individuais e coletivas. Além disso a Bergamin & Gomide participa de feiras nacionais e internacionais como Art Basel, TEFAF NY Spring, Art Basel Miami Beach, Semana de Arte e SP-Arte e desenvolve parcerias com importantes galerias estrangeiras.

Arte latino-americana na Pinacoteca

A Pinacoteca de São Paulo, apresenta a grande exposição coletiva “Mulheres radicais: arte latino-americana, 1960-1985”. A mostra tem curadoria da historiadora de arte e curadora venezuelana britânica Cecilia Fajardo-Hill e da pesquisadora ítaloargentina Andrea Giunta e é a primeira na história a levar ao público um significativo mapeamento das práticas artísticas experimentais realizadas por artistas latinas e a sua influência na produção internacional. Quinze países estarão representados por cerca de 120 artistas, reunindo mais de 280 trabalhos em fotografia, vídeo, pintura e outros suportes. A apresentação na capital paulista encerra a itinerância e conta com a colaboração de Valéria Piccoli, curadora-chefe da Pinacoteca.

 

 

Mulheres radicais aborda uma lacuna na história da arte ao dar visibilidade à surpreendente produção, realizada entre 1960 e 1985, dessas mulheres residentes em países da América Latina, além de latinas e chicanas nascidas nos Estados Unidos. Entre elas, constam na mostra algumas das artistas mais influentes do século XX – como Lygia Pape, Cecilia Vicuña, Ana Mendieta, Anna Maria Maiolino, Beatriz Gonzalez e Marta Minujín – ao lado de nomes menos conhecidos – como a artista mexicana Maria Eugenia Chellet, a escultora colombiana Feliza Bursztyn e as brasileiras Leticia Parente, uma das pioneiras da vídeoarte, e Teresinha Soares, escultora e pintora mineira que vem recebendo atenção internacional recentemente.

 

 

O recorte cronológico da coletiva é tido como decisivo tanto na história da América Latina, como na construção da arte contemporânea e nas transformações acerca da representação simbólica e figurativa do corpo feminino. Durante esse período, as artistas pioneiras partiram da noção do corpo como um campo político e embarcaram em investigações radicais e poéticas para desafiar as classificações dominantes e os cânones da arte estabelecida. “Essa nova abordagem instituiu uma pesquisa sobre o corpo como redescoberta do sujeito, algo que, mais tarde, viríamos a entender como uma mudança radical na iconografia do corpo”, contam as curadoras. Essas pesquisas, segundo elas, acabaram por favorecer o surgimento de novas veredas nos campos da fotografia, da pintura, da performance, do vídeo e da arte conceitual.

 

 

A abordagem das artistas latino-americanas foi uma forma de enfrentar a densa atmosfera política e social de um período fortemente marcado pelo poder patriarcal (nos Estados Unidos) e pelas atrocidades das ditaduras apoiadas por aquele país (na América Central e do Sul), que reprimiram esses corpos, sobretudo os das mulheres, resultando em trabalhos que denunciavam a violência social, cultural e política da época. “As vidas e as obras dessas artistas estão imbricadas com as experiências da ditadura, do aprisionamento, do exílio, tortura, violência, censura e repressão, mas também com a emergência de uma nova sensibilidade”, conta Fajardo-Hill.

 

 

Para Giunta, tópicos como o poético e o político são explorados, na exposição, “em autorretratos, na relação entre corpo e paisagem, no mapeamento do corpo e suas inscrições sociais, nas referências ao erotismo, ao poder das palavras e ao corpo performático, a resistência à dominação; feminismos e lugares sociais”. E complementa: “Estes temas atravessaram fronteiras, surgindo em obras de artistas que vinham trabalhando em condições culturais muito diferentes”. Não à toa, a mostra é estruturada no espaço expositivo em torno de temas em vez de categorias geográficas.

 

 

A curadora da Pinacoteca, Valéria Piccoli, destaca a importância da representatividade das brasileiras dentro da mostra: “além dos nomes que participaram das exposições no Hammer e no Brooklyn Museum, também vamos incluir obras de Wilma Martins, Yolanda Freyre, Maria do Carmo Secco e Nelly Gutmacher na apresentação em São Paulo”, revela.

 

 

A América Latina conserva uma forte história de militância feminista que – com exceção do México e alguns casos isolados em outros países nas décadas de 1970 e 1980 – não foi amplamente refletida nas artes. Mulheres radicais propõe consolidar, internacionalmente, esse patrimônio estético criado por mulheres que partiram do próprio corpo para aludir – de maneira indireta, encoberta ou explícita – as distintas dimensões da existência feminina. Para tanto, as curadoras vêm realizando uma intensa pesquisa, desde 2010, que inclui viagens, entrevistas, análise de publicações nas bibliotecas da Getty Foundation, da University of Texas entre diversas outras.

 

 

O argumento central da exposição mostra que, embora boa parte dessas artistas tenham sido figuras decisivas para a expansão e diversificação da expressão artística em nosso continente, ainda assim não haviam recebido o devido reconhecimento. “A exposição surgiu de nossa convicção comum de que o vasto conjunto de obras produzidas por artistas latino-americanas e latinas tem sido marginalizado e abafado por uma história da arte dominante, canônica e patriarcal”, definem as curadoras.

 

 

Segundo o diretor da Pinacoteca, Jochen Volz, “foram, principalmente, artistas mulheres as pioneiras que experimentaram novas formas de expressão, como performance e vídeo, entre outras. Assim, a itinerância da mostra Mulheres radicais para o Brasil é de grande relevância para a pesquisa contemporânea artística e acadêmica e o público em pauta ampla e ao mesmo tempo urgente. Entretanto, ainda há muito geral”. Esse rico conjunto de trabalhos, bem como os arquivos de pesquisa, coletados para a concepção da exposição, chegam finalmente ao público paulista, contribuindo para abrir novos caminhos investigativos e entendimentos acerca da história latino-americana. ”O tópico agora faz parte de uma trabalho a ser feito e temos plena consciência de que este é apenas o começo”, finalizam as curadoras.

 

 

Mulheres radicais: arte latino-americana, 1960-1985 é organizada pelo Hammer Museum, Los Angeles, como parte da Pacific Standard Time: LA/LA, uma iniciativa da Getty em parceria com outras instituições do Sul da Califórnia e teve curadoria das convidadas Cecilia Fajardo-Hill e Andrea Giunta. Mulheres radicais será complementada com um catálogo que inclui as biografias das mais de 120 artistas e mais de 200 imagens de obras da mostra além de outras de referência documental, ampliando o panorama deste mapeamento para além da exposição. A publicação original é a primeira a reunir uma extensa pesquisa sobre o tema e sua versão portuguesa editada pela Pinacoteca de São Paulo é a primeira a tornar este conteúdo acessível aos leitores da América Latina. Diferentemente da mostra, o catálogo é organizado por países acompanhados de ensaios de Fajardo-Hill e Giunta, assim como outros dez autores, como a curadora-chefe do Hammer Museum, Connie Butler, e a guatemalteca Rosina Cazali.

 

 

 

Até 19 de novembro.

Legendas: Josely Carvalho

                  Lenora de Barros

                  Marie Orensanz

                  Sandra Eleta   

Novo espaço no Jardim Botânico

20/ago

Uma galeria de arte contemporânea que, através de ideias e formatos inovadores, contribui para uma nova forma de fazer e pensar arte e para estabelecer um novo conceito de coleções. Hoje representante de jovens artistas que integram em seus currículos exposições nacionais e internacionais, residência artística em renomadas instituições e obras em importantes coleções no Brasil e no mundo. Essa é a C. galeria, de múltiplas linguagens, que surgiu com discrição no Rio em meados do ano de 2016 e que no próximo dia 25 de agosto abre as portas de seu novo espaço na cidade. Em uma charmosa casa da década de 50 no bairro do Jardim Botânico, mais precisamente na Rua Visconde de Carandaí, a C.galeria será palco para pinturas, fotografias, esculturas e desenhos, que poderão serão vistos em “Primeiro Ato”, mostra coletiva que reunirá 15 obras inéditas em diferentes suportes dos 8 artistas representados.

 

Logo em seguida, a galeria inaugura sua primeira individual no espaço. Curada por Raphael Fonseca, a mostra será da artista carioca Eloá Carvalho que apresentará pinturas, desenhos e uma obra sonora. Eloá Carvalho recentemente realizou uma individual no MAM Rio e essa será sua primeira mostra depois da apresentada no Museu. Ainda para o ano de 2018, a C. exibe a individual doartista Paulo Setúbal , indicado ao prêmio PIPA e que participa da residência PIVÔ em São Paulo, onde na SPArte de 2018 participou do setor de perfomances a convite de Paula Garcia, curadora do Instituto Marina Abramovic.

 

Dirigida pela carioca Camila Tomé – uma das galeristas fundadoras da extinta Muv Gallery, aberta em 2012, dedicada à arte contemporânea -, a C.galeria, que até então tinha sede em Ipanema desde que foi inaugurada em 2016, com toda experiência e trajetória no mercado da arte, vem contando com um programa de exposições que ocupa atualmente o circuito das Artes Visuais no Rio de Janeiro, fomentando cultura e incrementando novas e tradicionais coleções de arte com mostras de artistas representados e convidados.

 

 

Até 06 de setembro.

Cícero Dias: Décadas de 1920 – 1960

A Galeria Simões de Assis, Curitiba, Paraná, apresenta uma seleta de obras de Cícero Dias abrangendo as décadas de 1920 a 1960.

 

Cícero Dias

 

Uma Trajetória Pautada na Liberdade

 

Cícero Dias, um ícone da arte moderna brasileira, nasceu em Pernambuco em 1907 e viveu o século XX em sua plenitude. Falecido em 2003, seu corpo mortal repousa em Paris, no lendário cemitério de Montparnasse, junto às glórias da França, mas, sua obra imortal paira, eternizada, além do oceano, sobre a grandeza do Brasil.

 

Cícero Dias é protagonista de uma das mais ricas e extensas trajetórias da história da nossa arte, pontuada pelo pioneirismo e idéias vanguardistas.

 

Revelado na antológica exposição de suas aquarelas em 1928, no Rio de Janeiro, Cícero Dias foi de imediato acolhido pelos modernistas e aclamado como o novo valor da arte brasileira. Aproximou-se dos pintores Ismael Nery, Tarsila do Amaral, Lasar Segall e Di Cavalcanti, pilares da Semana de Arte Moderna de 1922, além dos poetas e escritores Graça Aranha, Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Murilo Mendes, Manuel Bandeira e Gilberto Freyre.

 

Em 1937 Cícero Dias partiu para viver em Paris incentivado por Di Cavalcanti que lá estava, deixando para trás uma legião de modernistas, mas não tardou a se envolver com a vanguarda francesa, ligando-se a expoentes da pintura e da literatura, entre eles Picasso e Paul Élouard. No pós-guerra integrado à École de Paris, ao Groupe Espace e ao elenco da recém criada Galerie Denise Renée, inscreveu-se na história da arte moderna mundial.

 

Precursor, Cícero Dias é autor dos primeiros murais de arte abstrata da América Latina, realizados no Recife em 1948. Produziu grande parte da sua obra na Europa nas seis décadas em que lá viveu, sem jamais abdicar dos valores mais profundos da nossa cultura.

 

A trajetória de Cícero Dias foi pautada na liberdade, tanto na expressão de sua arte quanto na conduta de sua vida. Alguns episódios de sua história pessoal confundem-se com acontecimentos políticos da maior relevância no século XX, como as suas relações conflituosas com a ditadura Vargas no Brasil e sua participação na resistência ao nazi-fascismo na Europa.

 

A obra de Cícero Dias, uma das mais intrigantes e inexplicáveis da arte brasileira, tem sido cada vez mais objeto de estudos em simpósios e teses em universidades brasileiras e do exterior. Tanto o período de sua fase modernista quanto o período abstrato da época de sua participação na École de Paris já foram objetos de amplos estudos acadêmicos e teóricos, que lhes rendeu incontestável reconhecimento no âmbito nacional e internacional.
Waldir Simões de Assis Filho

 

 

 

Até 29 de outubro.

A Hora e a Vez de Ranchinho

17/ago

Uma exposição há muito aguardada, acontece de 21 de agosto a 21 de setembro na Ricardo Camargo Galeria, Jardim Paulistano, São Paulo, SP, reunindo 28 obras (realizadas entre 1976 e 1994) do artista Ranchinho, falecido em 2003, pouco antes de completar 80 anos.

 

Nascido na região de Assis, SP, filho de lavradores muito pobres, e batizado Sebastião Theodoro Paulino da Silva, o artista era oligofrênico e manifestava também problemas de exibicionismo. Criado nas ruas, após o falecimento de sua mãe, era analfabeto e viveu boa parte de sua existência catando materiais descartáveis e morando em ranchos abandonados, daí seu apelido. Mas Ranchinho possuía grande habilidade para o desenho. Nunca teve uma lição de arte, não conhecia artistas, nem museus ou galerias, mas criava cenas com os precários materiais de que dispunha e os presenteava aos conhecidos. No final dos anos 1960 o pesquisador local José Nazareno Mimessi, que tinha contatos na Capital com pintores populares, forneceu a Ranchinho um estojo de guache, papéis adequados e lhe ensinou o manejo. Foi o que bastou para prontamente ser iniciada uma produção grandiosa e constante, depois estendida à pintura, que durou até seu desaparecimento. Apesar dos infortúnios que pontuaram sua comovente biografia, apesar do isolamento e da precariedade dos meios de que dispunha, a obra de Ranchinho evoca uma grande exaltação da vida. Seu inesgotável repertório de imagens e assuntos surpreende pela acuidade e poesia. É um mestre da composição e do colorido. Um caso único na arte brasileira. Frequentemente os que têm contato com sua obra conectam a força de suas múltiplas imagens ao legado de Van Gogh, apesar das diferenças de contexto e a dimensão de ambos. Os trabalhos expostos, inéditos e de grande qualidade, provêm de uma seleção, realizada durante mais de 40 anos, agora disponibilizada. É possível avaliar a conduta de um profissional do mercado por sua capacidade de reconhecer a importância de um artista, mesmo que este não faça parte do que habitualmente é o seu território de ação. Ao firmar com a Ricardo Camargo Galeria parceria para a realização da mostra de Ranchinho o ecletismo lúcido que tem caracterizado sua atuação acabou por ser decisivo. (Roberto Rugiero).

Tobinaga em roupagem pop

16/ago

A vida é bem mais feliz no Instagram e Facebook e todos sabem disso. Partindo dessa cultura de exposição em redes sociais, o artista Claudio Tobinaga apresenta sua primeira individual “Colapsos”, na galeria Simone Cadinelli Arte Contemporânea, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ. Com curadoria de Cezar Bartholomeu, a exposição reúne cerca de 30 pinturas em pequenos e grandes formatos, inspiradas em fotografias coletadas da internet e pautadas no subúrbio carioca. Neste cenário, as fotos se transformam em uma mise-en-scène, explorando uma narrativa quase cinematográfica. A atmosfera do ordinário toma contornos de um existencialismo barato, com uma superfície que seduz e ao mesmo tempo engana. As imagens ganham um novo significado aberto a diversas interpretações, com uma roupagem bastante pop.

 

“Gosto de olhar a relação midiática existente nesse contexto. As pessoas passaram a produzir suas próprias fotos como uma capa de revista, como se fossem celebridades. É uma exposição ‘fake’, uma relação de construção de mito, de imagem”, analisa Tobinaga.

 

O artista utiliza signos que colocam o espectador nas situações retratadas nas telas, cheias de iconografias de lugar e elementos pop. A intenção é “colapsar” estes elementos presentes nas obras com a relação que o espectador tem com a imagem, eliminando estereótipos. “As imagens se deformam porque quero tangenciar esse lugar que é, ao mesmo tempo, muito próximo e muito distante. A pintura tenta olhar para a imagem que vai se desfazendo enquanto forma e cor”, explica.

 

Segundo o curador Cezar Bartholomeu, o título da exposição se refere a uma tentativa de desarticular o que Tobinaga entende como uma sucessão de imagens. Para o artista, as imagens digitais e analógicas configuram um espaço e uma velocidade. Assim, há um colapso no sentido estrutural e, também, temporal.

 

“Quando as imagens se encontram sem que possam se encontrar, até certo ponto, entram em um colapso que permite que a pintura aconteça. É o que sustenta a pintura. Na obra ‘Encruzilhada’ por exemplo, o colapso da estrutura das imagens faz parte de um sacrifício de fé para que a pintura passe a existir”, avalia Bartholomeu.

 

“Há uma parte da arte que acredita que o fato de tematizar mídias digitais é o suficiente para que a obra de arte seja contemporânea. O contemporâneo em arte é mais complexo que isso. Diria que é mais do que simplesmente se apropriar do contemporâneo nas mídias digitais como uma imagem. É preciso lidar, de fato, com essa imagem”, completa o curador, que conheceu o trabalho do artista na Escola de Belas Artes da UFRJ.

 

 

Sobre o artista

 

Formado na Escola de Música Villa Lobos (UFRJ), frequentou diversos cursos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage e foi monitor de modelo vivo (EBA-UFRJ) e desenho de observação (Parque Lage – EAV) junto ao professor Frederico Carvalho. Desde 2012 é assistente no Ateliê da artista Lucia Laguna. Atualmente tem se dedicado a livre docência em pintura e desenho. Participou das exposições coletivas “Visão de emergência” na Luhda Gallery (Rio de janeiro, 2014) e “Territórios” no Centro de Arte Hélio Oiticica (Rio de Janeiro, 2013) e do Kassel Documentary Film and Video Festival (Kassel, 2011).

 

 

Sobre o curador

 

Vive e trabalha no Rio de Janeiro. É artista plástico e doutor em linguagens visuais pela UFRJ (Rio de Janeiro) / EHESS (Paris) nas áreas de Teoria e História da Fotografia. Trabalha prioritariamente as relações entre fotografia e arte, em particular fotografia contemporânea e conceitualismo. É professor do Departamento de História da Arte da Escola de Belas Artes da UFRJ (Rio de Janeiro), na área de Teoria da Imagem.

 

 

Até 03 de outubro.

A Caixa Preta na FIC

15/ago

Entre os dias 18 de agosto a 14 de outubro, a Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS, apresenta a exposição “Caixa Preta”. Com curadoria de Bernardo José de Souza, Eduardo Sterzi, Fernanda Brenner e Verônica Stigger, a coletiva traz obras de 40 artistas – entre fotógrafos, poetas, arquitetos, cineastas e artistas visuais – como Augusto de Campos, Júlio Plaza, Carlos Fajardo, Eliseu Visconti, Chelpa Ferro, Iberê Camargo, Manabu Mabe, Mauro Restiffe, Nuno Ramos, Oscar Niemayer e Waltercio Caldas. Usando como metáfora a caixa-preta dos aviões – que registram importantes informações que antecedem um momento crítico, ao mesmo tempo em que guardam outras informações banais -, a exposição reflete sobre a relação entre arte e mundo, entre algumas obras de arte e o atual momento político do país e do mundo, mas também entre essas obras e o sistema das artes. Dessa forma, a exposição reúne “caixas-pretas” muito singulares, a serem localizadas, abertas, interpretadas e reinterpretadas. Os curadores pesquisaram e investigaram diversas coleções e acervos, públicos, privados e pessoais, na busca por elementos sem visibilidade, de interesse relativo ou simplesmente esquecidos, no intuito de aprofundar questões presentes nas muitas “caixas-pretas” com as quais convivemos, sejam elas de teor histórico, acadêmico ou artístico.

 

A exposição vai contar com uma série de atividades paralelas, como Seminário Sobre acidentes e caixas pretas do passado, do presente e do futuro, em que em que historiadores, engenheiros, filósofos e outros especialistas analisam as relações entre arte, política, ciência e história.

 

 

Artistas

 

Alfi Vivern | Augusto de Campos e Julio Plaza | Caio Fernando Abreu | Carlos Augusto Lima | Carlos Fajardo | Carlos Zilio | Chelpa Ferro | Daniel Jacoby | Dirnei Prates | Eliseu Visconti | Fabiana Faleiros | Fernando Corona | Eva e Franco Mattes | Frederico Filippi | Gabriela Greeb e Mario Ramiro | Gilberto Perin | Guilherme Peters e Roberto Winter | Iberê Camargo | Jac Leirner | Jeronimus Van Diest | Jordi Burch | José Marchand Assumpção | Kevin Simón Mancera | Letícia Lopes | Manabu Mabe | Marília Garcia | Mauro Restiffe | Nuno Ramos | Oscar Niemeyer | Pedro Motta | Pedro Victor Brandão | Rafael Borges Amaral | Regina Parra | Rodrigo Matheus | Runo Lagomarsino | Telmo Lanes e Rogério Nazari | Waltercio Caldas | Wilfredo Prieto.

 

 

Curadores: Bernardo José de Souza, Eduardo Sterzi, Fernanda Brenner e Veronica Stigger.

 

 

Sobre Iberê Camargo

 

Restinga Seca, 1914 – Porto Alegre, 1994 – Iberê Camargo é um dos grandes nomes da arte brasileira do século 20. Autor de uma extensa obra, que inclui pinturas, desenhos, guaches e gravuras, Iberê nunca se filiou a correntes ou movimentos, mas exerceu forte liderança no meio artístico e intelectual brasileiro. Dentre as diferentes facetas de sua vasta produção, o artista desenvolveu as conhecidas séries “Carretéis”, “Ciclistas” e “As Idiotas”, que marcaram sua trajetória. Grande parte de sua produção, estimada em mais de sete mil obras, compõe hoje o acervo da Fundação Iberê Camargo.