Jesper Dyrehauge no Brasil

22/jun

O artista dinamarquês Jesper Dyrehauge que ao realizar sua primeira individual no Brasil, onde apresenta obras inéditas  na Anita Schwartz Galeria de Arte, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, devido ao sucesso alcançado, ganhou alguns dias a mais para visitação até o próximo dia 25. A curadoria é da também dinamarquesa Aukje Lepoutre Ravn. A exposição terá 22 obras inéditas, das quais 12 pinturas produzidas no Rio de Janeiro em residência de mais de um mês do artista, e dez fotografias.

 

Em um trabalho singular, Jesper Dyrehauge usa cenouras como pincel, que aponta em formas geométricas – círculos, triângulos, quadrados – e usa como carimbos na tela de linho cru. “É um método para escapar das hierarquias e narrativas da pintura tradicional, e que permite imprevistos e sutis padrões que emergem do trabalho”, explica o artista.

 

As pinturas encontram-se no grande espaço térreo da galeria e serão penduradas com espaçamento assimétrico entre si. “O alinhamento será de acordo com o seu centro, criando assim uma topografia rítmica por toda a sala, uma vez que os olhos seguem as linhas horizontais que dividem cada trabalho. As oscilações de cor e intensidade contribuem para esse ritmo”, diz Jesper Dyrehauge. “Eu quero enfatizar os pequenos detalhes e variações dos trabalhos. Todas as telas têm um tamanho diferente, algumas com apenas alguns centímetros de diferença. As obras variam, claro, na composição das cores e na proporção, mas, muitas vezes, essa variação é bem pequena e direciona a atenção para um ritmo talvez mais lento de percepção”, ressalta o artista.

 

O artista vem utilizando cenouras como pincel nos últimos dez anos. Ele iniciou o processo pintando com batatas, mas percebeu que as cenouras davam o efeito que ele queria. “Eu não chamo meus trabalhos de pintura. Prefiro chamar de telas ou trabalhos, pois carimbar com uma cenoura é, de alguma forma, uma maneira de não pintar uma pintura”, afirma.

 

 

 

Esculturas fotográficas

 

No terceiro andar da galeria estará uma série de dez fotografias, medindo 45cm x 60cm cada, produzidas este ano. “As fotos pertencem a uma série contínua de esculturas fotográficas, em que utilizo pedras que encontro em caminhadas por diferentes praias na Dinamarca”, explica. Cada pedra tem um furo natural, formado pelo tempo, único na forma, com tamanhos que chegam a dez centímetros de diâmetro. “Para a foto, cada pedra é posicionada no topo de uma pequena elevação de plástico colorido, sobre uma folha de papelão, em frente a uma outra folha de mesma cor.  Desta forma, a imagem cria um espaço de primeiro plano e plano de fundo, com a pedra no centro. O furo em cada pedra  – quando visto na frente do papelão colorido – aparece como um ponto de cor. A série de fotos torna-se, assim, uma linha de pontos coloridos, mais uma vez evocando uma topografia rítmica, uma vez que o olho segue os pontos, e uma linha horizontal que aparentemente divide cada imagem”, explica o artista.

 

Jesper Dyrehauge esteve no país por seis semanas em 2013 em uma pesquisa com a curadora Lotte Moeller, que dirigia com ele o espaço alternativo Die Raum, em Berlim, a que esteve ligado até meados do ano passado, em uma viagem apoiada pelo Conselho de Arte da Dinamarca. “Desde então quis expor no Brasil…”, conta, “…e a oportunidade surgiu quando conheci o artista Otavio Schipper, que fez a ponte com Anita Schwartz”.

 

O título da exposição é o símbolo “~”, do latim, “que se refere a algo ‘ser similar’ ou ‘de mesma magnitude’ e, em inglês, lê-se como ‘proximidade’, explica a curadora. “Dyrehauge direciona nossa atenção para o poder transformador do ato de repetição”, afirma.

 

 

 

Até 25 de maio.

 

SIM galeria, mostra e livro

13/jun

A SIM Galeria, Curitiba, PR, convida para o bate papo de lançamento do livro de Paolo Ridolfi com a presença do artista e do curador da mostra Agnaldo Farias. HOJE, segunda-feira, 13 de junho de 2016, às 19h30. Ao mesmo tempo a galeria apresenta a exposição “Chafariz” na qual o artista apresenta seus mais recentes trabalhos em pinturas e objetos.

 

A obra pictórica de Paolo Ridolfi, em janelas, ora mais, ora menos figurativas, promove com a exposição “Chafariz”, sobretudo, uma série de encontros fortuitos entre cores incisivas, linhas vigorosas e superfícies diversas. Conservando o que é informal e comunitário, próprios do espaço que ocupa o chafariz, o título da exposição articula a integração em suas obras entre marcas de memórias individuais do artista- como traços de um rabiscar aprendidos na infância- e coletivas – como os índices tipográficos de cartazes urbanos que o cercam.

 

Paolo Ridolfi revela em “Chafariz” um momento de abertura em sua criação para a intervenção do acidental e do acaso revelados tanto na alteridade do seu inconsciente como na cidade ao redor. O movimento que primordialmente ordena e coordena toda a produção aqui cede lugar a graciosas surpresas que escorrem sobre suas telas, cobrem os tridimensionais rígidos, que espontaneamente evocam elementos recorrentes ao mesmo tempo em que convidam a presença de formas inéditas.

 

A data de abertura da exposição marca também o lançamento do livro intitulado “Paolo Ridolfi” com organização da SIM Galeria e curadoria de Agnaldo Farias, assim fazendo da exposição “Chafariz” um marco de dupla importância na trajetória de Paolo Ridolfi e na trajetória da arte contemporânea brasileira.

 

Brennand por Emanoel Araújo

07/jun

A exposição “Francisco Brennand – Senhor da Várzea, da Argila e do Fogo”, no Santander Cultural, Centro Histórico, Porto Alegre, com curadoria de Emanoel Araújo, nas palavras de Sérgio Rial, presidente da entidade,  servirá de “…motivo de dupla comemoração para o Santander por reunir e trazer para Porto Alegre dois nomes consagrados nos meios cultural e artístico brasileiro. O olhar apurado do curador evidencia a grandiosidade das obras do artista pernambucano e enfrenta com maestria o desafio de colocar um trabalho tão cheio de significados e mitologia, em um espaço com arquitetura eclética e rico em detalhes como o Santander Cultural. Os visitantes poderão viver por alguns momentos o universo mágico criado por Francisco Brennand, a partir de 1971, data em que transforma em ateliê as antigas ruínas da abandonada Cerâmica São João, de propriedade do seu pai. Num terreno de 14 mil metros quadrados, duas mil esculturas se espalham por jardins, pátios e lagos deixando o lugar “prenhe de uma atmosfera profana e ao mesmo tempo quase sagrada”, na sensível visão de Emanoel Araujo. Pela busca de recriar, ou pelo menos se aproximar, desse ambiente tão rico de sentimentos, histórias e mistérios, a exposição foi dividida em quatro vertentes: o teatro das representações mitológicas; o corpo em transmutação interior; os frutos da terra e as vítimas históricas”. Em exibição, esculturas, pinturas e vídeos distribuídos pelas galerias do Santander Cultural. Paralela à mostra, serão apresentados na sala de cinema quatro filmes com o artista como tema central.

 

 

De 07 de junho a 04 de setembro.

Rio, Cidade-Sede

01/jun

Mais de 10 pintores brasileiros mostram os encantos da cidade carioca sob a ótica naif aos visitantes do Museu Internacional de Arte Naïf, Cosme Velho, Rio de Janeiro, RJ, na exposição “Rio, Cidade-Sede Maravilhosa”. Patrocinada pela Secretaria Municipal de Cultura, a mostra abre no dia 02 de junho, e conta com cerca de 25 telas – muitas inéditas – retratando as praias, contornos e relevo da natureza exuberante do Rio de Janeiro através das pinceladas de artistas como Lia Mittarakis, Bebeth, Dalvan, Fabio Sombra, Ozias, Sergio Murillo, Roberto de Carvalho, Helena Coelho, Cezino e Tomzé.

 

Jacqueline Finkelstein, museóloga e diretora do MIAN, que assina a curadoria, destaca alguns quadros, como “Pichadores II” e “Piscinão de Ramos”, de Dalvan, além de um em especial, feito por Helena Coelho e doado pela artista para o fundador do MIAN, Lucien Finkelstein, quando ele comemorou seus 70 anos, “Homenagem aos 70 anos de Lucien”. A curadora dividiu a exposição em dois espaços: Galeria Sensorial, no térreo, e Sala de Atividades Educativas, no subsolo. Um gigantesco painel interativo localizado nos jardins do museu irá reproduzir a tela “Jardim Botânico” da artista Bebeth, possibilitando que os visitantes tirem fotos com os rostos posicionados nos locais indicados. A produção é assinada pela Arte Cultura, dirigida pela gestora cultural Patrícia Castro.

 

 

Esculturas táteis

 

Segundo Tatiana Levy, coordenadora sócio-educativa do MIAN, as seis esculturas táteis agregam um aspecto tridimensional às pinturas, uma vez que apresentam interpretações das obras, criadas pelas arte-educadoras Maria Matina e Licia Gomes, feitas a partir de materiais reutilizados. “As esculturas ficarão próximas de suas obras “mãe”, permitindo que através do toque o público sinta-se transportado para os Arcos da Lapa, Morro do Corcovado, Pão de Açúcar, Maracanã, Jardim Botânico e as praias. A ideia é brincar e imaginar-se parte da cidade, passeando através do olhar e do toque por atrativos culturais e naturais do Rio”, explica Tatiana.

 

 

Sobre o MIAN

 

Com 20 anos de existência, o MIAN é o maior museu de arte naïf da América Latina. Localizado no Cosme Velho, em um casarão do século XIX, próximo ao Trem do Corcovado, o museu conta com um acervo de 6 mil obras de artistas de todos os estados brasileiros e de mais de 100 países. As telas abrangem um período extenso desde o século XV até os dias atuais, oferecendo um panorama diversificado da arte naïf.

 

 

Até 31 de outubro.

Cristina Ataíde & Felipe Góes

31/mai

As salas da Galeria Virgílio, Pinheiros, São Paulo, SP, exibirão uma dupla de exposições paralelas com um ponto em comum: ambas são compostas por paisagens. A diferença entre elas está nas plataformas utilizadas e na fonte de inspiração das peças. Enquanto “Ocaso”, a individual do jovem artista brasileiro Felipe Góes, exibe telas com paisagens imaginárias, “Até o abraço”, da artista portuguesa Cristina Ataíde reúne esculturas e desenhos criados a partir dos cenários que ela observou em sua viagem pela Serra do Mar, no litoral do Brasil.

 

“Ocaso”, por Felipe Góes

 

A exposição tem curadoria de Douglas de Freitas da mais recente produção  de trabalhos de Felipe Góes, talento que ganha um destaque cada vez maior no cenário artístico nacional. Todas as obras são realizadas a partir de uma intenção inicial que se dissolve ao longo do processo da pintura: áreas alagadas podem se tornar planícies e nuvens se transformam em manchas indefinidas de cor, por exemplo. É desse processo que vem o nome “ocaso”, uma alusão ao momento em que algo termina ou chega ao seu limite. Tinta acrílica e guache, figuração e abstração, clareza de significado e ambiguidade são as técnicas e palavras-chave que definem os quadros de Felipe. O objetivo do artista é desconstruir os processos tradicionais das pinturas de paisagens, que remetem a lugares existentes, e ativar outras maneiras do público se relacionar com as imagens, traçando relações entre a obra e o repertório de lembranças e experiências de cada um.

 

“Até ao abraço”, por Cristina Ataíde

 

Em outra sala da galeria estarão reunidas as obras de Cristina Ataíde. Como grande parte de sua produção, as pequenas esculturas e desenhos foram produzidas durante uma viagem. “Os trabalhos refletem o afeto e a proximidade que experimento ao atravessar o Oceano e me sentir enleada com as pessoas e paisagens que toco e percorro, que tento compreender, viver e incorporar. Estas peças vão conviver e abraçar o espaço e fazer reviver as emoções que senti”, explica. Em 2012, depois de percorrer a Serra do Mar, totalmente imersa na Mata Atlântica, ela criou obras que revelam montanhas, rios e cidades. O nome da exposição “Até o abraço”, é um trecho de uma frase escrita pelo poeta alemão Novalis.

 

Sobre Cristina Ataíde

 

Nasceu em Viseu, Portugal. Vive e trabalha em Lisboa. A sua obra é feita muitas vezes em viagens, sempre transitando entre a escultura e o desenho, passando pela fotografia e vídeo. Licenciada em Escultura pela ESBAL em Lisboa, frequentou o Curso de Design de Equipamento da mesma escola. Foi diretora de produção de Escultura e Design da Madein, Alenquer, de 1987 a 1996, onde trabalhou com vários artistas como Anish Kapoor, Michelangelo Pistolleto, Keit Sonnier e Sergio Camargo. Também foi professora convidada da Universidade Lusofona em Lisboa de 1997 a 2012 e bolsista da Fundação Calouste Gulbenkian, F.L.A.D, Fundação Oriente e SEC. Fez algumas residências artísticas e diversas exposições internacionais.

 

 

De 08 de junho a 23 de julho.

Nova plataforma

25/mai

Com o objetivo de aproximar e conectar, através da tecnologia, artistas do público que se interessam pela arte contemporânea, as empresárias Manuela Seve e Renata Thomé, da Alpha´a, lançam aplicativo Alpha´a, é gratuito para ios e Android free onde artistas podem enviar obras, compartilhar a localização de seus estúdios receber visitas, e participar de votações. Após o resultado os ganhadores  tem retorno imediato de seus trabalhos através das votações, além de terem suas obras produzidas em edições tais como impressões de excelente qualidade, em papel e canvas. Trata-se de uma nova plataforma de artes. Atualmente são cerca de 1.000 artistas cadastrados.

 

Três na Artur Fidalgo

19/mai

A Artur Fidalgo galeria, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, apresenta Fernando de La Rocque, Julia Debasse e Victor Arruda. Os artistas se reúnem para apresentar seus mais recentes trabalhos. Com caneta, aquarela e nanquim uma série de desenhos nos surpreende e nos afeta de várias formas. O desenhar obsessivo de Victor Arruda, os corpos flutuantes de Fernando de La Rocque e, através das aquarelas de Julia Debasse, temos expostas nossas fauna e flora interiores. Apesar das diferenças entre esses três artistas, as situações que envolvem o corpo, acabam se tornando uma conexão entre esses universos.

 

 

De 20 de maio a 10 de junho.

Novas pinturas de Gonçalo Ivo

18/mai

Gustavo Rebello Arte, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a exposição “Aurora”, exposição individual do pintor Gonçalo Ivo. A mostra reúne parte das 35 pinturas que ilustram a edição brasileira do livro “Aurora”, do pai do artista, o escritor e poeta alagoano Lêdo Ivo (1924-2012), publicado postumamente na Espanha, em 2013, e que será lançado na abertura da mostra.

 

“É hora da partida/ parto sem levar nada/ no fim da madrugada, na aurora amanhecida”, são os versos que encerram o livro “Aurora”, de Lêdo Ivo, que conta com reproduções de pinturas de Gonçalo feitas especialmente para a edição brasileira do livro, em atenção a um desejo do poeta. Essas pinturas não apenas condensam e deslocam a recente investigação pictórica de Gonçalo Ivo, como servem para iluminar as 15 obras presentes na mostra, entre as quais duas pinturas feitas sobre fórmica, um suporte inédito em sua produção e apresentado pela primeira vez ao público.

 

Numa dessas telas, “Poema noturno”homenagem a Lêdo Ivo, de 2014, sobre fórmica negra, cruzes e linhas, recorrentes em suas últimas obras, estabelecem uma misteriosa constelação, cujas cores e movimento, carregam consigo a claridade que, no dizer de seu pai sobre a aurora, “… permite ver/ a matéria do mundo.”. Como sugerem os versos que, desta vez, abrem o livro preparado por Lêdo Ivo, “Ao romper da aurora/ tudo é epifania…”, e a pintura de Gonçalo, como se nota no conjunto agora exposto, continua a celebrar, em sua própria religiosidade, aparições que, “… vindo da sombra/ do mistério da noite…”, devolvem ao olhar a capacidade de surpreender-se e reanimar-se com coisas terrestres.

 

Sob a iniciativa da Gustavo Rebello Arte e com o apoio da Contra Capa Editora, a exposição, “Aurora”, conjuga, assim, duas linhas de força da trajetória de Gonçalo Ivo: a incessante investigação cromática, cotidianamente invocada em seu ateliê, e o diálogo com outras manifestações da arte e do espírito, não raro estabelecido na forma de livros.

 

 

 A opinião do escritor Valter Hugo Mãe

 

“A pintura de Gonçalo Ivo é mais do que um estudo da cor, é uma escola para a cor. Ali, ela aprende. Amadurece, como animal efetivamente caçado, que não pode mais deixar de assumir sua evidência no mundo. Cada tela é uma classe, feita de superior maestria, onde a luz incide para se adorar já não enquanto acaso, mas enquanto inteligência. É esta a diferença entre a cor por consciência e a casual. O trabalho de Gonçalo Ivo, cientista desta arte, é um modo de revelação, não enquanto delirante tentativa mas exatamente enquanto pronúncia de sábio que chega cada vez mais perto do que não se podia ver.”

 

 

Sobre o artista:

 

Gonçalo Ivo nasceu no Rio de Janeiro, 1958, pintor, ilustrador e professor. Filho do escritor Lêdo Ivo, estudou pintura no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, em 1975, orientado por Aluísio Carvão e Sérgio Campos Melo. Formado em Arquitetura pela Universidade Federal Fluminense, foi professor do Departamento de Atividades Educativas do MAM/RJ, entre 1984 e 1986. Deu aulas como visitante na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro – EBA/UFRJ, também em 1986. Trabalhou como ilustrador e programador visual para as editoras Global, Record e Pine Press. Faz exposições individuais e coletivas no Brasil e no exterior. Em 2000, assinou o cenário do programa “Metrópolis” da TV Cultura, SP, nesse mesmo ano, montou ateliê em Paris.

 

 

De 24 de maio a 24 de junho.

Múltiplos expositores

17/mai

A Galeria Espaço IAB, Galeria de Arte do Instituto de Arquitetos do Brasil, Ponto de Cultura Solar do IAB, Centro Histórico, Porto Alegre, RS, apresenta em seus espaços, diversas exposições de sua programação para 2016. O destaque fica por conta da Sala do Arco com a exibição de “Entrelaçados”, obra conjunta realizada em módulos por Magna Sperb e Débora Lacroix.

 

Os módulos “Recortes” fazem parte da série “Entrelaçados”, construídos a partir de um estudo sobre as tramas de tecidos, redes e telas, transpostos para a linguagem plástica através de recortes eletrônicos sobre chapas (coloridas) em metal oxidado. Para esta exposição dos “Recortes”, 21 peças compõem uma instalação, na qual os módulos são apresentados em composições que constroem caminhos como desenhos num campo expandido. O diálogo entre as tramas e o espaço, se enredam num mix de linguagens entre Arte, Arquitetura e Design.

 

As demais exposições distribuem-se da seguinte forma:

 
Na Sala Negra, “Cruzamentos Cromáticos”, “…experiências e reflexões sobre a pintura e a cor são apresentadas através de trabalhos com fitas de cetim de Angela Zaffari, e alguns trabalhos ainda permanecem no suporte tradicional da tela, mas apontando para o rompimento de algumas amarras no que diz respeito a autonomia da matéria, embora mantendo o foco na sua produção, na repetição sem perder de vista a poética do seu fazer artístico”;

 

Na Sala Anexa, “Vulto”, apresentação dos artistas Anderson Luiz de Souza, Diane Sbardelotto, Paola Zordan, Rafael de Souza e Simone Fogazzi, onde “..o que se mostra são corpos e rostos indefinidos, em fases e localizações distintas, mas todos movimentam-se entre estender, circular, envolver, se contorcem em estágios de ser, deixar de ser para vir a ser outra coisa.  As cinco produções tratam dos problemas da representação, do gesto e da criação de faces, pensando anatomias, superfícies e abstrações. Poéticas visuais próprias, envolvidas numa só pesquisa filosófica sobre o corpo, apresentam inscrições figurativas fugidias, todas expressas pelo conceito de vulto, em desenvolvimento junto a estudos deleuzianos e esquizoanalíticos sobre a dobra e os estratos de subjetivação”;

 

Nas Áreas externas, “IABrasil/IABeabá – 2 St. Arte Urbana: Leonardo Pereira e Paulo Funari”, “…é o resultado do esforço de pesquisa e interesse recente dos artistas pela pintura abstrata, cuja influência pode ser buscada principalmente nos pintores americanos das décadas de 40, 50 e 60 do século XX. A influência da Street Art, graffitis e pichações encontrados em espaços urbanos também é percebida na utilização de grafismos de letras, números e sinais – os cartazes e placas informativos feitos a mão e de origem popular que estão espalhados pela cidade também contribuíram na construção estética deste trabalho”.

 

Até 24 de junho.

Quatro décadas de arte

11/mai

O Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli, Centro Histórico, Porto Alegre, RS, exibe a exposição “Ivan Pinheiro Machado: Retrospectiva”, na Pinacoteca do MARGS. A mostra traz cerca de 90 obras que representam um passeio em quatro décadas de produção artística, desde os anos 1970 até os dias de hoje. São trabalhos que tratam, em sua maioria, da temática urbana. Obras extremamente realistas, que procuram captar aspectos inusitados do cotidiano das grandes cidades. O crítico Jacob Klintowitz assim definiu a pintura de Ivan Pinheiro Machado: “…o que no primeiro momento lembra a fotografia documental de uma cena urbana tem a capacidade de nos capturar para uma nova intuição, o peso subjetivo, o olhar do artista e a poética desta construção inteiramente ficcional.”

 

Desde uma mesa de bar, até um sinal de trânsito, a arte de Ivan Pinheiro Machado transita em torno do cotidiano, transformando em arte a banalidade das ruas, da cidade grande com ruas semidesertas, onde a figura humana é uma “presença ausente” conforme definição do crítico Paulo Perdigão. Nas pinturas selecionadas para esta retrospectiva destaca-se a técnica apurada e o empenho constante na busca para aproximar o desenho à fotografia, em um diálogo constante com a realidade. Assim, sua série sobre automóveis em um desmanche, sobressai-se, podendo até causar certo desconforto pela força do excesso e da descartabilidade da sociedade de consumo.

 

Sobre o artista

 

Natural de Porto Alegre, Ivan Pinheiro Machado formou-se em Arquitetura na década de 1970, posteriormente trabalhou como jornalista e fotógrafo em diversos veículos de comunicação no país. Atualmente é editor da L&PM Editores e teve rápida passagem pelo Instituo de Artes da UFRGS. Em 1977 começou sua carreira profissional como pintor ao receber o primeiro prêmio no Salão do Jovem Artista no MASP em São Paulo. Fez dezenas de exposições individuais e coletivas no Brasil e no Exterior.

 

A palavra da crítica

 

“Nova York. O Ivan, como o Paulo Francis, se apaixonou pela cidade.(…) Cada pincelada sua é parte dessa confissão. A confissão do sentimento de amor e solidão que essa gigantesca Babel causa nas pessoas. É essa cidade vazia, para todo o sempre vazia – na linha dramática que Edward Hopper foi, até hoje, quem levou mais alto e/ou mais fundo – que Ivan nos apresenta. Olha, Vermeer, o rapaz é muito bom, no conteúdo e na forma. Um dia ainda vão falsificar ele, você vai ver.” (Millôr Fernandes, Carta ao Passado, revista Isto é, 1996).

 

“Se o contemplador não apreciar tais metamorfoses de fotografias, sugiro-lhe que fale em Hiper-realismo, ou em outros ismos, mas desista de compreender a sutileza da produção pictórica de Ivan. Em resumo: quando Ivan Pinheiro Machado apanha o pincel, ele desinteressa-se de tudo, menos de poesia.” (Armindo Trevisan, 2011).

 

“Ivan Pinheiro Machado demonstra um domínio técnico singular, com um grafismo muito próprio, uma verdadeira Identidade. São pedaços do cotidiano que geralmente não são pintados e que o Ivan descobriu e deu vida, transportando para telas.. É uma pintura que apaixona pela beleza, pela limpeza e pelo contexto importante de simplicidade.” (Walmir Ayala, Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 1992).

 

“Hiperrealista de sete costados, as pinturas de Pinheiro Machado teriam feito Salvador Dali vibrar de prazer. Para Dali, o grande lance da arte contemporânea era o Hiperrealismo.” (Carlos von Shmidt, O Estado de São Paulo, 1991).

 

“É tão forte o verismo das cenas urbanas de Ivan Pinheiro Machado que podemos não sentir que se trata de ficção. A sua pintura tem a particularidade de uma delicada luz que a percorre e é quase despercebida. É deste diálogo entre o desenho e o diáfano que ela é feita (…) Ivan Pinheiro Machado é dotado deste subterrâneo poder do pintor.(…) As imagens parecem que são iguais às coisas, entretanto elas são idênticas ao olhar do artista. (Jacob Klintowitz, apresentação da exposição “O mundo como ele não é”, Espaço Cultural Citi, São Paulo, 2014).

 

De 17 de maio a 19 de junho.