Esculturas de Beatriz Milhazes

25/nov

Até o final do mês a James Cohan Gallery apresenta a individual de Beatriz Milhazes, “Marola” – a quinta da artista na galeria nova-iorquina. Com nove pinturas e duas esculturas, a exposição vem na sequencia do sucesso da retrospectiva “Jardim Botânico”, que ocupou recentemente o Perez Art Museum de Miami.

 

Inspirada, em parte, pelos carros alegóricos do carnaval carioca, Beatriz criou cortinas em cascata de flores de poliéster, hastes de aço inoxidável e esferas, incluindo algumas grandes em alumínio ricamente pintadas com seus florais coloridos típicos, além de outros elementos pintados à mão. “eu não queria que elas se tornassem móbiles; por isso ocupam todo o percurso até o chão”, explica a artista.

 

As duas esculturas representam um novo e importante desenvolvimento na trajetória consolidada de Beatriz Milhazes. Elas evoluíram a partir de um projeto de design que a artista criou para a companhia de dança moderna de sua irmã e empregam estratégias que remetem às suas pinturas, como as superfícies em camadas que revelam e ocultam padrões subjacentes, trazendo sua aclamada dialética de cor e movimento agora para a tridimensionalidade.

 

Fontes: James Cohan Gallery, Whitewall Magazine, Artnet, Touch of class.

Simon Evans na Fortes Vilaça

24/nov

A Galeria Fortes Vilaça, Vila Madalena, São Paulo, SP, apresenta “Interior Design”, a segunda exposição individual de Simon Evans no Brasil. O artista britânico exibe trabalhos inéditos que reafirmam sua linguagem única, reconhecida por elaboradas colagens com fragmentos de papel, textos e imagens. O caráter obsessivo de suas composições mescla-se com o universo doméstico, evocado pelos objetos de sua casa e pelo interesse em materiais têxteis.

 

O uso do texto, amplamente explorado em toda a obra de Evans, adquire aqui uma presença oblíqua, abrindo espaço para que o desenho e a forma ganhem destaque. Os escritos de “Selfish Prayer Rug” (Tapete de Oração Egoísta) parecem menos interessados em formar palavras e mais propensos a criar padrões abstratos que acompanhem o relevo da superfície – um tapete de yoga. Em meio à confusão das letras, o artista delineia seu próprio corpo, assim como em “Exotic Souls Usual Price” (Almas Exóticas, Preço Normal). Neste trabalho, porém, sua silhueta é ladeada pelas folhas de árvores que recolheu no Rio de Janeiro, onde passou os últimos meses produzindo a  exposição.

 

A coleta em si revela um aspecto importante do trabalho de Evans, que atribui significado aos materiais que escolhe para então rearticulá-los em livre associação. A obra “Repetition of the idea of the form. Materials that deny us Immortality” (Repetição da ideia da forma. Materiais que nos negam a Imortalidade) reflete uma busca obstinada pela boa sorte ao apresentar centenas de trevos-de-quatro-folhas organizadas em uma quase-paisagem.

 

Em “The World Beats Art” (O Mundo Bate na Arte), a maior obra da mostra, Evans recria o tapete que possui em casa com fragmentos de fotos, desenhos e objetos que emulam a estampa original. “Door” (Porta), por sua vez, elabora-se por meio de um minucioso processo de tecelagem: pequenas tiras de papel são trançadas para compor uma trama. Ao conectar o público com suas narrativas pessoais, o artista expõe seu próprio interior e oferece uma experiência autêntica.

 

 

Sobre o artista

 

Simon Evans nasceu em 1972 em Londres e atualmente vive e trabalha em Nova York. Sua prática artística é permeada pela colaboração com Sarah Lannan, com quem é casado e também é sua parceira criativa. Entre suas exposições individuais, destacam-se: Only Words Eaten By Experience, MOCA Cleveland (EUA, 2013); First We Make the Rules, Then We Break the Rules (Simon Evans & Öyvind Fahlström), Kunsthalle Düsseldorf (Alemanha, 2012) e Kunsthal Charlottenborg (Copenhague, Dinamarca, 2012); How to Be Alone When You Live with Someone, MUDAM  (Luxemburgo, 2012); How to get about, Aspen Art Museum (EUA, 2005). O artista já participou das seguintes bienais: 12ª Bienal de Istambul (Turquia, 2011); 31º Panorama da Arte Brasileira, MAM (São Paulo, 2009); 27ª Bienal de São Paulo (2006); Bienal da Califórnia, OCMA (Newport Beach, EUA, 2004). Sua obra está presente em diversas coleções importantes, como Aspen Art Museum (Aspen, EUA), CIFO (Miami, EUA), Louisiana Museum of Modern Art (Humlebaek, Dinamarca), Miami Art Museum (Miami, USA), MUDAM (Luxemburgo), Philadelphia Museum of Art (Filadélfia, USA), SFMOMA (San Francisco, USA), entre outras.

 

 

Até 22 de dezembro.

Duas mostras individuais

19/nov

A Galeria Lume, Jardim Europa, São Paulo, SP, exibe, simultaneamente, as individuais “Areia Movediça”, de Talita Hoffmann, e “Eu Não Estou Aqui”, de ZNort, ambas com curadoria de Paulo Kassab Jr. Em “Areia Movediça”, Talita Hoffmann apresenta uma série com pinturas relacionadas a espaços em obra, construções, áreas abandonadas ou em constante transformação, mesclando desenhos arquitetônicos, cores e estruturas com elementos do design gráfico urbano. Por sua vez, ZNort utiliza técnicas e suportes variados, em trabalhos que abordam temas inerentes ao ser humano e ao “ser artista”, levantando questões como ser ou não ser algo, pertencer ou não a algum lugar, ter ou não ter valores – como status e reconhecimento.

 

Em sua individual, Talita Hoffmann estabelece uma relação entre a constante mudança dos espaços urbanos – de terrenos baldios a novas construções, além de áreas abandonadas – com o imaginário da areia movediça que, em sua opinião, tem sempre um aspecto cômico e fantasioso, elementos presentes em sua obra. Com influências que passam pelas cores e traços da arte naïf, até o design gráfico e a fotografia urbana, a artista se utiliza de estilo e técnica recorrentes em seu portfólio, porém, desta vez, não se nota a presença de personagens, focando exclusivamente nos detalhes arquitetônicos. Nas pinturas da exposição, podem ser observadas referências às técnicas de colagem e desenho, as quais fazem parte do processo criativo de Talita: “Geralmente parto de fotografias de espaços urbanos (…). A elas, junto outras imagens de catálogos, pedaços de publicidade, ou desenhos que vou coletando. Para esta série em especial, utilizei várias fotos do Google Maps, inclusive com as falhas em glitch’”.

 

Com inspiração filosófica, ZNort propõe uma reflexão aprofundada sobre devaneios existenciais. Em sua própria definição: “‘Eu Não Estou Aqui’ é uma forma de brincar com o aspecto místico que o artista exerce sobre o espectador. E quando digo “eu não estou aqui”, nego minha própria presença na obra. Eu não sou, eu não estou, eu não valho…”. Neste sentido, ZNort exibe obras em que busca utilizar materiais que dialoguem com cada conceito, em técnicas já dominadas pelo artista – como esculturas em madeira e parafina, e bordados -, bem como novos experimentos, a exemplo da substituição de bronze por concreto. Em algumas peças, ZNort pinta o concreto em cor de bronze, ressignificando um material considerado barato, ao lhe conferir uma aparência nobre. Citando uma peça da mostra, “Eu Valho um Milhão de Dólares” nos remete ao trabalho de Damien Hirst com borboletas reais, mas, aqui, utilizando borboletas de plástico, no intuito de apontar um contraponto ao preciosismo de sua referência.

 

Com estas exibições individuais de Talita Hoffmann e ZNort, a Galeria Lume marca o encerramento de seu calendário de exposições em 2015. A coordenação é de  Felipe Hegg e Victoria Zuffo

 

 

De 26 de novembro a 20 de janeiro de 2016.

Livro de Inos Corradin

16/nov

O crítico de arte Jacob Klintowitz comunica que o pintor Inos Corradin homenageará a sua cidade de eleição, Jundiaí, São Paulo, SP, com uma exposição de pinturas na bela sede do SESC. Também na programação, o lançamento do livro de sua autoria sobre o trabalho do artista, denominado “O ilusionista na estrada”. O conhecido crítico afirma ainda que terá “….a alegria de dar uma palestra sobre o extraordinário percurso de sua pintura e o diálogo que ela mantém com a Commedia dell’arte e com a nossa época”.

 

 

A palavra do autor e crítico de arte

 

A seguir, um recorte mínimo do que Jacob Klintowitz já escreveu sobre o artista e cuja síntese emocional é: “…ao fim e ao cabo, em Inos Corradin todo mar é lua e toda lua é sonho”.
“A alma manifesta do trabalho de Inos Corradin, aquele que o acompanha desde sempre, o Ilusionista, o mágico, este artista da transformação e das aparências…”.

 

“Talvez Inos Corradin seja só um pintor poeta, esteja entre aqueles cuja obra pretenda traçar um mapa do labirinto incompreensível e indecifrável que é a nossa vida neste universo feito de formas que englobam formas e de presenças que não vemos”.

 

“O cotidiano, para os paisagistas, adquire uma notável identidade. De certa maneira, ao imaginar ou colher um fragmento, o paisagista inventa a paisagem: ele acorda a memória do Paraíso.”

 

 

A partir de 24 de novembro.

“TRANS” mostra de Victor Arruda

10/nov

Na exposição “TRANS”, individual de Victor Arruda na Artur Fidalgo galeria, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, serão exibidas onze pinturas realizadas entre 2014 e 2015. Victor Arruda retrabalha algumas das imagens mais recorrentes em sua produção desde a década de 70, motivado por seu interesse pela psicanálise.

 

Segundo o artista: “Escolhi o título “TRANS” porque tem tudo a ver com minha ATITUDE e com palavras e/ou CONCEITOS que muito me interessam no momento: TRANSVALORAÇÃO, TRANSVIAR. TRANSVERSAL, TRANSPOR, TRANSPARÊNCIA, TRANSMISSÃO, e – last but not least – TRANSVANGUARDA & TRANSGÊNERO…”.

 

 

A palavra do artista

 

Venho há algum tempo refletindo a respeito das imagens recorrentes em meu trabalho. Objetos, (revólver, chave, buraco de fechadura, cigarro, faca, sapatos, maços de dinheiro, etc) partes de corpos que surgem, muitas vezes desconectados, decepados (olho, seio, pênis, cabeça, mão, braço, o coração “anatômico”…), situações envolvendo sexo e abuso de poder financeiro (como nas pinturas “Salário Mais Justo”, “Dr. Jorginho”, “As Vítimas (que se fodam)” ou atitudes hipócritas (tanto nas questões pessoais “O Anjo de Irajá”, “O homófobo Ingênuo”, como sociais ” Cena Carioca”). Sem falar dos “abismos”, série em que as repetições reafirmam o sentido das obras. Tenho pensado muito a respeito de como e por que razão volto aos mesmos signos, às mesmas cenas, situações… Seriam fixações neurótica e/ou tentativas – inconscientes – de escapar delas?   Há uma teoria – freudiana – sobre sonhos recorrentes em pessoas que sofreram grandes traumas. Talvez algo semelhante ocorra na arte (pelo menos no caso de alguns artistas, como eu…). Mesmo que em situações muito menos graves – mas sérias o suficiente para causar perturbações.

 

Sou um artista contemporâneo e minha produção está ligada não apenas ao conhecimento da história da arte, que é o meu principal interesse intelectual, mas também à psicanálise. Faço análise psicanalítica há muitos, muitos anos, e também leio bastante a respeito. Tenho assistido, como ouvinte, a muitos cursos e palestras, e alguns psicanalistas têm escrito textos sobre minhas pinturas, etc.

 

Essa PERMEABILIDADE tem sido importante e fértil para mim, e é nela que me apoio para aprofundar minha curiosidade a respeito das repetições obsessivas que percebo em meu trabalho. É por acreditar profundamente que esse constante retorno tem influenciado no meu processo de amadurecimento e de transformação que resolvi criar esta nova série de pinturas, onde as imagens se repetem, mais uma e outra vez, iguais ou como se vistas em seu próprio espelho. No meu próprio espelho (de Alice, obviamente). E, espero, se reflitam no espelho próprio de cada um que as olhe.

 

 

De 11 de novembro a 11 de dezembro.

O hobby em Fernando Ribeiro

A Galeria Mônica Filgueiras, Jardins, São Paulo, SP, expõe “Meu Hobby na Arte”, do artista plástico Fernando Ribeiro, com curadoria de Marcello Hirsch e Felipe Giaffone. Autointitulado um “piloto frustrado”, o artista recria nas telas alguns modelos de carros que gostaria de ter pilotado, utilizando a mesma técnica de outros trabalhos para buscar resultados inéditos.

 

Em uma tentativa de unir a arte que domina com uma paixão pessoal, Fernando Ribeiro apresenta sua nova série de pinturas, as quais abordam o universo automobilístico. Pintados em tinta acrílica sobre papel algodão, alguns modelos icônicos de carros são reproduzidos nas obras inéditas do artista. “Busquei colocar minha visão nas tonalidades, mas mantive a base das cores, ressalvando o critério iconográfico de cada modelo de carro”, comenta. Neste sentido, citando alguns dos trabalhos que perfazem a mostra, Fernando recria a famosa McLaren de Ayrton Senna, que tinha como patrocinadora uma grande marca de cigarros; o Porsche esportivo que carregava a logomarca do famoso vermute italiano; o lendário modelo de corridas Elf-Tyrrell, entre muitos outros.

 

Em “Meu Hobby na Arte”, Fernando Ribeiro constrói uma relação cronológica e histórica com o automobilismo, por meio de suas pinturas realistas, e fala sobre uma paixão que nunca havia sido abordada em sua obra. Imagens tradicionais, familiares principalmente aos aficionados pelo tema, porém impressas com a visão do artista, “(…) em ângulos distorcidos, grandes oculares de minha ótica”, como define o próprio.

 

 

De 12 a 28 de novembro.

A História da Imagem

04/nov

Os artistas Ana Elisa Egreja, Bruno Dunley, Mirian Alfonso, Pedro Caetano, Ricardo Alcaide, Tiago Tebet e Tony Camargo integram o grupo de expositores da mostra “A História da Imagem”, uma produção da SIM Galeria, Curitiba, Paraná. A curadoria traz a assinatura da artista plástica Leda Catunda.

 

 

A palavra da curadora

A História da Imagem

 

A exposição foi pensada para evidenciar a completa guinada que artistas de todas as partes puderam dar, e agora desfrutar, sobre a natureza da criação em pintura. Dizer que, no retorno da pintura nos anos 80, depois de sua suposta morte nos anos 70, todas as vertentes modernas foram pulverizadas em suas certezas e seus “ismos” já não é suficiente para compreender a complexidade das modificações, bem como a ampliação da possibilidade de alcance de novos sentidos, que vem sendo possível verificar nesse campo hoje.

 

Criar é extrair do nada, algo que não existia antes. Interessa a criação em si. Seja ela resultado de um poder inerente da espécie, ou ainda, resultado de um poder especial, autoatribuído pelo sujeito denominado artista. Em cada caso, poderá envolver tanto sonho como pesadelo, desejo, devaneio, lembrança, sublimação, redenção, purificação, resgate ou mesmo salvação, dependendo do histórico psíquico ou emocional gerador da necessidade de criar. De toda forma, não importa o motivo, sempre caberá ao artista a tarefa de realizar síntese, concentrar conteúdo e transformar, alterando, assim, as noções comuns para além dos valores padronizados.

 

Uma vez soltas das paredes do ateliê, inicia-se a etapa final, que é a da comunicação. As pinturas saem para o mundo, onde serão relacionadas, possivelmente contextualizadas, encontrando maior ou menor grau de aderência. Passando, desse modo, a pertencer ao imaginário das pessoas e a fazer parte do singular universo das coisas inventadas.  Leda Catunda, São Paulo, 2015.

 

 

De 10 de novembro a 23 de dezembro.

Antropofagia no Santander

30/out

Com o título “Mensagens de Uma Nova América” a 10ª Bienal do Mercosul retoma sua vocação histórica ao priorizar novamente a arte produzida nos países da América Latina. No Santander Cultural, Grande Hall e Galerias superiores, Centro Histórico, Porto Alegre, RS, está a mostra “Antropofagia Neobarroca”.

 

Esta exposição se estrutura a partir do conceito de antropofagia de Oswald de Andrade em conjunção com o neobarroco. Por meio desta mostra a 10ª Bienal do Mercosul buscará explorar como estratégias que remontam a formas de caráter indígena que confrontaram e modificaram sistemas europeus de colonização cultural em uma espécie de antropofagia cultural que se mostra atual ainda hoje.

 

 

Até 06 de dezembro.

Brasil Naïf no MIAN

27/out

“Brasil Naïf, Uma aventura na Alma Brasileira” é um convite do curador, Jacques Ardies, franco-belga radicado no Brasil há 40 anos (35 deles dedicados à arte naïf), a uma incursão pela alma de cada artista. Ele apresenta, no Museu Internacional de Arte Naïf (MIAN), Cosme Velho, 561, Cosme Velho, Rio de Janeiro, RJ, obras de alguns dos pintores mais representativos do estilo, trazidas do acervo que mantém na galeria em São Paulo, que leva seu nome. São ao todo 60 telas de mais de 50 artistas, entre eles nomes históricos que participaram do movimento naïf nacional, pintores atuantes até hoje. Na ocasião da abertura da mostra, o curador, Jacques Ardies, lança seu livro “Arte Naif no Brasil II”.

 

Segundo Jacqueline Finkelstein, diretora, do MIAN, é uma honra receber esta exposição: “Conhecendo o trabalho da Galeria Jacques Ardies com os artistas naïfs há mais de 30 anos, o MIAN acredita que ao realizar esta exposição estará somando forças em prol da divulgação e valorização da arte naïf brasileira”.

 

A estrutura da exposição segue a ordem cronológica do desenvolvimento da arte naïf no Brasil. Iniciando nos anos 40, quando os primeiros artistas são acolhidos em salões oficiais tais como a carioca Silvia Chalreo e o mundo fantástico de Chico da Silva. Seguida por José Antonio da Silva, apontado como o maior e mais autêntico artista naif brasileiro, cuja carreira foi intensa e polêmica. No começo dos anos 60, descobre-se um grupo de artistas que desperta atenção pela excepcional capacidade de se expressar de forma diferenciada. Aparecem então as primeiras obras da piauiense Elisa Martins da Silveira, os cenários narrativos do ator de teatro José de Freitas, a pintura intimista de Rosina Becker do Valle, com seu colorido quente e aconchegante. E assim vão surgindo as cenas paulistanas de Agostinho Batista de Freitas, o esplendor nordestino descrito com maestria por Ivonaldo Veloso de Melo, as histórias picantes do rio-grandense Iaponí Araújo, as pinturas encantadoras em madeira da goiana Mirian e a incrível mineira Maria Auxiliadora, com sua técnica em relevo e suas cenas tão brasileiras, as delicadas cenas de namoro de Julio Martins da Silva. O trabalho rude no Campo de Miranda, as festas folclóricas de Goiás de Antonio Poteiro,  o frevo e o samba da festeira Alba Cavalcanti, as evocações divinas com o degradé sofisticado de Crisaldo Morais, a delicada postura das moças de Elza O.S, os personagens universais e expressivos de Gerson, o mundo imaginário e encantado de Grauben e de Iracema, as baianas em trajes a rigor de Ivan Moraes, o legado iconográfico saboroso da cidade do Rio de Janeiro de Lia Mittarakis, a visão do Brasil pelo olhar do grande nome da tapeçaria brasileira Madeleine Colaço,  a arte sincera da alogoana Mirian e os casamento em carro de boi de Neuton de Andrade.

 

O grupo dos artistas atuantes é constituído de 27 nomes, alguns são cariocas, como Helena Coelho e Bebeth, outros são da cidade de São Paulo, como Rodolpho Tamanini Netto e Cristiano Sidoti ou do interior do Estado como Edivaldo, Malu Delibo, Edna de Araraquara, Luiz Cassemiro, Constância Nery, Ana Maria Dias, Edgar Calhado; diversos artistas de origem mineira como Isabel de Jesus, Lucia Buccini, Maria Guadalupe, Vanice Ayres, Ernani Pavaneli e Francisco Severino. Do sul, temos a riograndense Mara Toledo e os catarinenses Doval e Sônia Furtado. A Bahia está representada pelo casal Waldomiro de Deus e Lourdes de Deus e também pelo jovem Raimundo Bida. Participam duas artistas de origem polonesa que se transformaram em artistas brasileiras como Barbara Rochltiz e Magdalena Zawadzka e Dila, do Maranhão.

 

 

A palavra do curador

 

“Acompanho estes artistas há anos e posso afirmar que são dotados de um talento indiscutível. Constroem suas carreiras de maneira lenta, séria e consistente. Cada qual, imbuído de sua própria missão estética, transborda comumente a esperança por uma convivência mais harmoniosa das raças e crenças. Convencido de que sua arte está a serviço de um mundo melhor, cada artista nos convida para uma viagem na sua alma”.

 

 

Sobre o curador

 

O Brasil desperta paixões inexplicáveis em certas pessoas que vêm nos visitar e acabam ficando. Este é o caso de Jacques Ardies, há 35 anos no Brasil. Ardies, quando acabou seu curso de Administração em Bruxelas, teve vontade de conhecer o mundo, descobrir novas formas de cultura, abrir seus horizontes. Chegando a São Paulo conseguiu um estágio numa empresa e, consequentemente, seu visto permanente. O ano de 1979 foi um marco na sua vida. Jacques, sem emprego, estava em uma encruzilhada: ou arranjava outro emprego na administração ou partia para um negócio próprio. Ele escolheu a segunda opção, mas não na área de administração, seu novo negócio agora era a arte. Mais precisamente a arte Naif. Nascia, em agosto de 79, a Galeria Cravo Canela. Hoje, com 36 anos de trabalho dedicados à arte, Jacques é um respeitado especialista em arte naif, com um acervo de mais de 1.000 obras.

 

 

 

A arte naïf na visão de Jacques Ardies

 

Arte naïf define a produção de um grupo de pintores que expressa livremente suas memórias e emoções. Sem qualquer educação artística formal, conseguem superar suas dificuldades técnicas e criam uma linguagem inédita e pessoal, singular. A palavra francesa naif significa ingênuo e foi associada ao estilo apresentado por Henri Rousseau que se juntou aos revolucionários da arte moderna. Rousseau era uma pessoa sensível que vivia um pouco fora do seu tempo. Ele tinha o seu lado realmente ingênuo e sua pintura espontânea encantava pelo talento criativo e inédito.

 

 

De 29 de outubro a 24 de janeiro de 2016.

Cotidiano Radical CaixaRio

A Caixa Cultural, Galeria 4, Centro, Rio de Janeiro, RJ, apresenta, a exposição inédita “Cotidiano radical”, do artista mineiro Marco Paulo Rolla. Com curadoria de Cristiana Tejo, a mostra reúne múltiplas linguagens artísticas, que buscam radicalizar a percepção do público sobre a relação com objetos e rotinas. Na abertura, o artista fará a performance “Café da manhã”.

 

“Cotidiano radical” revela um amplo espectro do trabalho de Marco Paulo Rolla. São objetos, pinturas e instalações que desafiam o público. Ambientes e situações familiares ao espectador surgem de maneira surpreendente, subvertendo ordens e questionando a dependência moderna de ferramentas, dispositivos, equipamentos e tecnologia.

 

Além da performance da abertura, serão apresentadas mais duas em vídeo durante toda a mostra: “Confortável” e “Canibal”. Nelas, o artista utiliza os limites do corpo para fazer uma constante provocação, buscando quebrar noções cristalizadas daquilo que é vivenciado no dia a dia.

 

Destaques ainda para a obra “Picnic”, de 2000, pertencente ao acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo, e já foi exposta na Bienal do Barro, em Caracas, e na Feira Arco, em Madri, e para a série de pinturas “Eletrodomésticos”, produzidas entre 1990 e 1992.

 

 

A palavra da curadora

 

“Toda a ambiência da obra de Marco Paulo Rolla é inspirada no barroco: cores quentes, dramaticidade e luz”, explica Cristiana Tejo. “E neste contexto, que remete ao clássico, ao erudito, é evidenciada a relação contemporânea do homem com os objetos, o desejo de possuí-los, a expectativa de felicidade contida neles. É ao mesmo tempo uma ironia e uma crítica ao fetiche capitalista do consumo”, finaliza a curadora.

 

 

Sobre a curadora

 

Cristiana Tejo fez a curadoria e cocuradoria de vários projetos no Brasil e no exterior, entre eles o Made in mirrors, que envolveu intercâmbio entre artistas brasileiros e estrangeiros. Autora de Paulo Bruscky – a Arte em todos os sentidos (2009) e Panorama do pensamento emergente (2011), hoje vive e trabalha entre Recife e Lisboa.

 

 

Sobre o artista

 

Marco Paulo Rolla é natural de São Domingos do Prata, MG, 1967. Vive e trabalha em Belo Horizonte, é criador, coordenador e editor do CEIA (Centro de Experimentação e Informação de Arte). Realizou exposições individuais e coletivas no Brasil, Alemanha, Argentina, Holanda, Finlândia e Itália. Mestre em Artes pela Escola de Belas Artes da UFMG em 2006, é professor da escola Guignard UEMG desde 2009, onde criou e implementou a disciplina de Performance. Seus trabalhos encontram-se em coleções no Museu de Arte Moderna de São Paulo, no Instituto Itaú Cultural de São Paulo, no Museu de Arte da Pampulha, de Belo Horizonte, no Centro Cultural Inhotim, em Brumadinho, MG, e na Funarte, no Rio de Janeiro.

 

 

Até 20 de dezembro.