Adriana Varejão exibe “Pele do Tempo”

21/ago

Em cartaz no Espaço Cultural Airton Queiroz, UNIFOR, Fortaleza, CE, a mostra “Pele do Tempo”

reúne 32 obras de Adriana Varejão e 4 obras de artistas que a influenciaram, abrangendo 23

anos de trabalho. Uma das artistas brasileiras mais conhecidas internacionalmente, Varejão

realiza trabalhos que se baseiam na pintura e, sobre essa, que é a mais clássica das linguagens

da arte, consegue subverter e abrir inúmeros campos de questão. A curadoria traz a assinatura

de Luisa Duarte.

 

 

De 26 de agosto a 29 de novembro.

Artista holandês na SIM galeria

20/ago

A SIM galeria, Curitiba, PR, apresenta a exposição individual de Frank Ammerlaan, artista

holandês residente em Londres.

 

Nos trabalhos de Ammerlaan, a essência do múltiplo é manifesta na contínua coexistência de

suportes, materiais e processos mistos, como escultura, pintura, fotografia e vídeo

juntamente de elementos sintéticos e naturais como tinta óleo, linhas de costura, metais e

agentes químicos.

 

Na exposição “Outside the wireframe”, produzida durantes sua residência artística recente no

espaço experimental de arte PIVÔ, na cidade de São Paulo, o interesse permanente no que é

periférico, indistinguível e despercebido é amplamente contemplado.

 

As caminhadas diárias de Ammerlaan na ida e volta de seu ateliê temporário, localizado no

centro de São Paulo, se tornaram uma profunda jornada para dentro e fora do motor da

cidade movido à ansiedade e instabilidade. Ao fazer uso de objetos ready-made como

latinhas de alumínio, vidro e banner de PVC, em “Outside the wirefram”e o artista convoca

uma série de elementos tanto familiares como também invisíveis à capital brasileira. Um

conjunto de ícones que perpassa os catadores de latinhas das quais algumas esculturas são

feitas e que nos fala sobre inventivos subsistemas criados sob circunstâncias econômicas

difíceis. Como também que inclui um banner de serralheria em que o artista aponta

evidências de extrema ansiedade geral quanto à segurança. E até mesmo que destaca do

cenário urbano cotidiano, tampas de bueiro e piche como indicação de um ambiente

publicitário alternativo. E até mesmo piche e tampas de bueiros que nos separam de um

mundo sob nossos pés.

 

A série “Untitled” de imagens impressas em vidro aramado de alta segurança exibe um

material nunca antes usado em exposições do artista, de acordo com ele “Trabalhar em um

novo contexto como a residência desperta novas idéias, te faz, por exemplo, pensar de forma

diferente sobre os materiais”. Permeada por ambigüidades, a série é feita de um material

transparente de alta segurança que busca oferecer segurança enquanto não necessariamente

esconde algo. Ela inclui imagens desenhadas por linhas de armações de arame que lhes

concedem certo aspecto de pop arte, mas ao mesmo tempo uma aparência anônima, uma vez

que nos permite enxergar formas, mas não superfícies. Além disso, um objeto poderoso ainda

que pequeno, a bandeira de mesa, que não mostra nenhum emblema ou insígnia pode ainda

assim simbolizar uma idéia de proteção e defesa de um determinado território ou cultura.

Sobre a figura tridimensional humana, seu aspecto fantasmagórico é justaposto com uma

imagem impressionantemente detalhada.

 

A antítese da abordagem emocional e racional está profusamente presente nas pinturas do

artista na quais aspectos atmosféricos e nebulosos se contrastam com padrões geométricos

precisos feitos de linhas de costura e bordado. Possivelmente sob a influência de seu

treinamento primeiro, em marcenaria, assim como devido a pratica constante de desenhos

técnicos, nos trabalhos de Ammerlaan linhas são de alguma forma, privilegiadas em

detrimento de volume.

 

Em algumas das pinturas de “Outside the wireframe” os conceitos binários característicos dos

trabalhos de Ammerlaan podem ser apresentados mais sutilmente do que em outras. Ao

observar uma pintura a partir de certa distância da tela, seus aspectos atmosféricos e

nebulosos se destacam, porém, uma vez que os padrões em baixo relevo começam a ser

reconhecidos, a pintura simultaneamente exige ser observada mais de perto. Padrões e

linhas, assim, são formas de racionalizar e se apropriar do conceito de periférico com

efetividade. Simultaneamente a qualidade etérea das pinturas contribui para um

engendramento mais amplo das idéias e objetos do periférico.

 

“Outside the wireframe” revela que o imperceptível, o periférico e o sutil podem ser

encontrados em situações e cenários que transcendem efeitos óticos provocados por uma obra

de arte. Aponta claramente que o invisível existe, por exemplo, na rotina cotidiana dos

habitantes de metrópoles como São Paulo. Ao utilizar-se de piche e ao delinear tampas de

bueiros encontradas nas ruas que circundam seu ateliê na cidade, Ammerlaan realça padrões

gravados em tais peças de metal- alguns deles padrões de linhas cruzadas e atravessadas

também comuns a outros trabalhos do artista-, feitos, por  exemplo, por empresas de

telecomunicação para fins publicitários. Geralmente despercebidos, tais padrões e nomes de

marcas atuam como indícios de uma atividade publicitária quase imperceptível acontecendo

sob nossos pés. Um fato ainda mais interessante diante da controversa proibição de

publicidade exterior que busca minimizar a poluição visual da cidade implantada na última

década em São Paulo.

 

A exposição “Outside the wireframe” é uma oportunidade única para todos familiarizados ao

ambiente urbano de observar uma complexa cidade como São Paulo, em suas múltiplas

possibilidades periféricas, através dos cantos dos olhos argutos e precisos do artista

contemporâneo Frank Ammerlaan.

 

 

Sobre o artista

 

Frank Ammerlaan é um proeminente artista plástico nascido na Holanda e residente da cidade

de Londres cujas exposições individuais e coletivas têm sido exibidas nos últimos seis anos em

prestigiados museus e galerias pela Europa e em cidades como Copenhague, Bruxelas, Berlin e

Londres bem como em Nova York e outras grandes capitais internacionais.

 

 

De 27 de agosto até 26 de setembro.

Em memória de artistas plásticos brasileiros

18/ago

Grandes representantes da arte visual brasileira da segunda metade do século XX já partiram

deixando saudades, mas perpetuam-se na história através de suas criações. A exposição “Era

só saudade dos que partiram”, no Museu Afro Brasil, Parque do Ibirapuera, Portão 10, São

Paulo, SP, instituição da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, homenageia alguns dos

artistas que fazem parte da trajetória artística do artista plástico Emanoel Araújo, fundador e

Diretor Curador da instituição.

 

A mostra é composta por aproximadamente 40 obras, entre pinturas, gravuras, esculturas e

fotografias, que revelam a diversidade de personalidades marcantes que partiram nos últimos

anos, como Antônio Henrique Amaral, Antonio Maluf, Arcangelo Ianelli, Edival Ramosa, Gilvan

Samico, Hércules Barsotti, Ivens Machado, Odetto Guersoni, Marcelo Grassmann, Maria Lidia

Magliani, Mestre Didi, Sonia Castro, Tomie Ohtake e Otávio Araújo, recém-falecido, aos 89

anos, no último dia 25 de junho de 2015.

 

Emanoel Araújo comenta: “Esta exposição é uma homenagem à memória dos artistas plásticos

brasileiros, falecidos em diferentes momentos, deixando lembranças das suas humanidades e

de suas criações.”

 

Alguns destes artistas fazem parte do Acervo do Museu Afro Brasil, como: Maria Lidia Magliani

(1946 – 2012), artista irreverente e marcante com suas pinceladas e cores; Mestre Didi (1917 –

2013) um “sacerdote-artista”, que foi um dos fundadores de uma linguagem afro-brasileira

com sua obra escultórica; Arcangelo Ianelli (1922 – 2009) que com cores fortes e uma

particular geometria, o acompanhou por toda sua vida em suas pinturas e esculturas; Edival

Ramosa (1940 – 2015), autor de pinturas, objetos, esculturas e jóias que se manteve fiel as

suas escolhas formais e cromáticas por toda sua carreira, unindo materiais naturais e

industriais e Otávio Araújo (1926 – 2015), que produziu gravuras, desenhos e pinturas

sensuais, aglutinadoras de uma poesia de mistérios e imagens e evocadoras de uma magia

atemporal.

 

 

De 18 de agosto a 18 de outubro.

Francisco Dalcol apresenta Antônio Augusto Bueno na Galeria Mamute

12/ago

A Galeria Mamute, Centro Histórico, Porto Alegre, RS, divulga e convida para a abertura da

exposição “Antes era só o vão”, do artista Antônio Augusto Bueno. A mostra com curadoria de

Francisco Dalcol apresenta um conjunto de trabalhos abrangendo pinturas, instalação, vídeo

com participação de Bebeto Alves, Eduardo Montelli e Luís Filipe Bueno e, gravuras em metal

impressas por Marcelo Lunardi.

 

 

A palavra do curador

 

Antes era só o vão

 

Os trabalhos de Antônio Augusto Bueno parecem atravessados por algo que não lhes

pertence, mas ao mesmo tempo os constitui. Esse aparente desacerto vem de uma indisciplina

do artista, no sentido de uma postura interessada na liberdade de experimentar no trânsito

entre linguagens, sem se prender a uma ou outra, intercambiando constantemente técnicas e

procedimentos.

 

Nas obras que integram a nova série “Antes era só o vão”(1), pintura é também gravura, assim

como escultura é desenho, e gravura é pintura. Os inversos também, pois um está sempre no

outro, formando zonas de indefinição. E ao se contaminarem, trazem como recompensa a

descoberta, com todas as aberturas e possibilidades que os momentos de incerteza ensejam.

 

A montagem da exposição na Mamute busca tirar força desses rebatimentos, do ir e vir que se

estabelece entre as obras e as diferentes modalidades artísticas que as compõem, propondo

ao espectador, a partir da disposição dos trabalhos, algumas relações visuais; umas mais

imediatas, outras menos explicitadas.

 

A instalação na entrada da galeria ocupa o pequeno espaço vago ao lado da escada. Se antes

era só um vão, há agora ali a tentativa de transformar esse não lugar em uma situação.

Realizado especialmente para esta mostra, o trabalho é composto por gravetos que Antônio

Augusto recolhe e estrutura em forma de armações, filiando-se a uma série de outras obras de

viés escultórico que tem realizado ao longo de sua produção. É como se ele desenhasse o

objeto no espaço, vendo nos galhos as linhas do desenho, mas também as manchas, quando

reunidos como espécie de grandes maços e ramalhetes.

 

As salas expositivas do andar de cima apresentam as novas pinturas e gravuras da série “Antes

era só o vão”. Nas telas em grande formato, as manchas carregam um aspecto de vestígios

ancestrais, como marcas de um tempo passado. Também lembram os troncos das árvores do

quintal do Jabutipê, o ateliê na antiga casa que Antônio Augusto mantém em uma rua ainda

silenciosa no Centro Histórico de Porto Alegre. Remetem ainda às paredes rachadas,

descascadas e fraturadas que permanecem em pé no casarão em ruínas próximo ao Jabutipê

onde foi gravado o vídeo do qual vem o título desta exposição.* De algum modo, essa

visualidade do entorno cotidiano do artista está impregnada nessas pinturas.

 

Mas nada seria assim sem a bem-vinda intromissão da gravura. Nessas pinturas, está plasmado

um processo alongado e pausado, fruto de um procedimento experimental. Sobre a massa de

pigmentos e tinta acrílica, o artista sobrepõe betume em algumas áreas. Esse material, muitas

vezes usado nos processos de gravura, vira tinta também, compondo novas manchas. As

camadas acumuladas são frequentemente raspadas, em um gesto de adição e subtração de

matéria, e também cavoucadas, como nos procedimentos de incisão da gravura. É um

processo não imediato, que leva dias, como o tempo de espera que muitas vezes a gravura

demanda. E nesse transcorrer, que permite um olhar mais vagaroso e, por isso, reflexivo, as

dúvidas advindas sempre dão a ver possibilidades a serem testadas e encaminhadas.

 

Pode-se pensar nesse sentido as gravuras da série. Pela primeira vez, Antônio Augusto

apresenta em público um conjunto representativo de trabalhos gráficos, essa modalidade

artística de tanta tradição e relevância histórica na arte gaúcha. Novamente, interessa ao

artista a margem experimental, aqui oferecida pela gravura em metal e pelo tempo próprio a

seu processo. Isso começa nos modos com que explora o desenho sobre as matrizes, passa

pela alquimia de ácidos e outros materiais aplicados nas placas como se ele as estivesse

pintando, e chega à etapa de impressão, cujas primeiras provas sempre levam o artista a

refazer o percurso do processo em busca de novos efeitos. Assim, a imagem final fixada sobre

o papel é antecedida por uma série de testes e experimentos. O que se obtém são resultados

sobrepostos e acumulados. Ao fim, continua sendo gravura, mas também desenho e pintura. E

ainda escultura. Se na instalação os gravetos se articulam como linhas no espaço, na gravura se

dá o oposto, com as linhas do desenho se tramando como se fossem elas os gravetos.

 

Em um olhar atento, é possível perceber que, ao longo da série “Antes era só o vão”,

evidencia-se um aspecto central que perpassa a totalidade da obra de Antônio Augusto de um

modo tão pessoal: o gosto pela artesania e pelo vagar que lhe é inerente, opções que, ao

serem assumidas pelo artista, ganham certo caráter político em tempos tão apressados e

automatizados como os nossos. Tempos esses dos quais apartar-se conscientemente significa

não só um ato de resistência, mas um gesto autêntico e singular de se colocar no mundo.

 

Francisco Dalcol

(1) “Antes era só o vão” é um trecho do texto de Luís Filipe Bueno que integra o vídeo

apresentado na exposição.

 

 

Sobre o artista

 

Antônio Augusto Bueno é Bacharel em Desenho (2004) e Escultura (2008), pelo Instituto de

Artes da UFRGS. Desde 1998 vem realizando exposições individuais, dentre elas “Cabeças –

armadilhas para um significado” no Museu do Trabalho / POA; “Anotador de Faces” Galeria

Municipal de Arte em Florianópolis, “Uma Maneira de Pensar” no MALG, Pelotas/RS, “As

desórbitas do avesso” na Arte&Fato galeria, POA/RS, “Gravetos Armados” no MAC RS,  Galeria

Iberê Camargo,  Porão do Paço Municipal, POA/RS, “Desenhos” no Estudio Dezenove, Rio de

Janeiro/RJ, “Um outro outono” MARGS.  Desde 1996 participa de exposições coletivas como

“Do Atelier ao cubo branco”, “A bela morte” e “O Cânone Pobre” no MARGS, POA/ RS, “Idades

Contemporâneas”, ”Entre A-Z” e “Da matéria sensível” no MAC-RS em POA/RS, “Desvenda” no

Museu da República, Brasília/DF, ArtLive 2011 na CATM Chelsea, Nova York/EUA. Participou de

salões, dentre eles o Salão do Jovem Artista no MARGS, POA/RS, Salão da Câmara, POA/RS e o

Salão Nacional de Cerâmica no Museu Alfredo Andersen, Curitiba/PR. Em 2015 lançou o livro

Jabutipê, em 2012  o livro “O último homem na lua” com exposição no MAC-RS e Ilustrou o

livro “Arame falado” editado pela editora 7 letras do Rio de Janeiro/RJ . Em 2007 recebeu o

Prêmio Açorianos na categoria Melhor Exposição Coletiva com o Grupo Passos Perdidos e em

2008, o Prêmio Açorianos na Categoria Cerâmica com o Bando do Barro, além de ser indicado

na categoria Artista Revelação. No ano de 2009 foi indicado na categoria Desenho, pela

exposição “Tempo sobre Papel”, em 2012 foi indicado na categoria Escultura pela exposição

“Gravetos Armados” e em 2013 foi indicado em cinco diferentes categorias. Em 2013 recebeu

menção honrosa no 2° `Prêmio IEAVi pela exposição “Circulando linhas”. Tem trabalhos em

acervos do MARGS, MACRS, UFRGS, Fundação Franklin Cascaes e Fundação Kingler Filho.

Participou em 2000, da criação do Atelier João Alfredo 512, onde trabalhou até 2007. Em 2007

e 2008 integrou o grupo do Atelier Subterrânea. Desde 2008 realiza seus trabalhos, ministra

aulas e coordena o espaço expositivo do Jabutipê, situado no centro histórico de Porto Alegre.

É artista representado pela galeria Mamute.

 

 

Sobre o curador

 

Francisco Dalcol é doutorando em História, Teoria e Crítica pelo Programa de Pós-Graduação

em Artes Visuais (PPGAV) do Instituto de Artes da UFRGS. Mestre pelo Programa de Pós-

Graduação em Artes Visuais (PPGART), da UFSM, na linha de pesquisa Arte e Cultura, com

ênfase em história, teoria e crítica (2013). Graduado em Comunicação Social, com habilitação

em Jornalismo, pela Universidade Federal de Santa Maria (2003), com especialização em

Comunicação e Projetos de Mídia, ênfase em arte, cultura, internet e cibercultura, pelo Centro

Universitário Franciscano – Unifra (2008). Também trabalha como jornalista (repórter e editor)

no jornal Zero Hora – Grupo RBS, sendo setorista de artes visuais. Tem experiência na área de

Comunicação, com ênfase em Jornalismo, Editoração, Jornalismo Cultural e Jornalismo Digital,

e também na de Artes e Cultura, atuando principalmente nos seguintes temas: história, crítica

e discursos sobre a arte e a produção cultural.

 

 

Até 09 de outubro.

Julião Sarmento no Galpão Fortes Vilaça

Denomina-se “Easy, Fractals & Star Map”, a nova exposição do artista português Julião

Sarmento, em sua primeira no Galpão Fortes Vilaça, Barra Funda, São Paulo, SP. A mostra é

composta por pinturas e esculturas recentes e estabelece uma relação ficcional entre Edgar

Degas e Marcel Duchamp – “gigantes da história da arte”, nas palavras do artista. Ao criar um

diálogo entre os dois mestres, Julião reafirma temas frequentes de sua própria obra: o hiato

entre ficção e realidade, mecanismos de representação e erotismo.

 

O arquétipo feminino – elemento central na prática de Julião Sarmento – reaparece em “Fifth

Easy Piece”, tomando como inspiração a icônica obra de Degas, “La Petite Danseuse de

Quatorze Ans” (c. 1881). Na reinterpretação do artista, a dançarina adolescente é

transformada em uma mulher madura, moldada através de um moderno processo de

impressão 3D. Em “Alma”, os moldes de gesso são arranjados em uma armação de ferro,

expondo o avesso da escultura e aludindo dessa vez a Duchamp – algo ainda mais explícito na

obra “O Grande Vidro”, feita especialmente para a mostra.

 

A referência aos dois mestres espalha-se ainda nas pinturas da exposição, seja por citações

gráficas, seja por alusões obscuras. Nesse conjunto de obras, Sarmento emprega diferentes

pigmentos, solventes e técnicas, criando formas triangulares que se multiplicam como fractais.

A quase completa ausência de cor, outro traço marcante do artista, reafirma o forte diálogo

que sua pintura mantém com o desenho. Os títulos referem-se a nomes de estrelas e, uma vez

espalhadas na parede, parecem formar constelações. Em “Piscis Austrinus”, um díptico de

cinco metros de largura, manchas orgânicas se contrapõe às formas geométricas e criam uma

elegante composição. Os volumes prateados de “Sirrah”, por sua vez, evocam a superfície

lunar.

 

Ao cruzar diferentes tempos históricos e planos físicos, “Easy, Fractals & Star Map” instaura

uma narrativa fictícia, possível apenas no campo da arte. As associações livres propostas por

Sarmento apontam para o desconhecido, como um convite para mapear os astros.

 

 

Sobre o artista

 

Julião Sarmento nasceu em Lisboa, em 1948, e atualmente vive e trabalha em Estoril, também

em Portugal. Considerado um dos mais renomados artistas portugueses, ele esteve em duas

edições da Documenta de Kassel (1987 e 1982) e em duas Bienais de Veneza (2001 e 1997),

além de muitas outras mostras. Entre suas exposições individuais recentes, destacam-se: Una

forma extrema de privacidad, Museo de Arte Carrillo Gil (Cidade do México, 2013); Noites

Brancas, Museu Serralves (Porto, 2012); Artist Room, Tate Modern (Londres, 2010); Grace

under Pressure, Estação Pinacoteca (São Paulo, 2009). Sua obra está presente em diversas

coleções públicas, entre as quais: Guggenheim (Nova York), Tate Modern (Londres), SFMOMA

(San Francisco), Moderna Museet (Estocolmo), Centre Pompidou (Paris), CaixaForum

(Barcelona).

 

 

De 15 de agosto a 26 de setembro.

Na Marcelo Guarnieri/Jardim Paulista

03/ago

Residente em Londres e São Paulo, a artista brasileira Mariannita Luzzati apresenta, na Galeria

Marcelo Guarnieri, Jardim Paulista, São Paulo, SP, individual de sua recente produção. Com

pinturas e desenhos figurativos, Mariannita Luzzati mostra paisagens naturais do Brasil, com

destaque a apuração das cores, a preocupação com as formas e com os volumes.

 

“As paisagens de Luzzati, embora tomando por base lugares específicos, são suficientemente

abstratas para remeter a inúmeras referências e memórias. Como espectadores, temos a

sensação de “já termos estado ali”, de conhecermos os lugares e, sendo assim, dada a sua falta

de especificidade, eles falam às nossas experiências individuais, nossas lembranças pessoais e,

portanto, nossa constituição psicológica.” Afirma Gabriel Pérez-Barreiro in: Mariannita Luzzati

e a Pintura de Paisagem em Geral.

 

Após a fase de exercício na pintura abstrata e do uso intenso das cores, a artista Mariannita

Luzzati apresenta série inédita de telas e pequenos desenhos. Quatro anos fotografando e

pesquisando as paisagens naturais do Brasil, fizeram com que a artista, nascida e criada em

São Paulo, se reaproximasse dos cenários que compõem a imaginação e a memória do país,

como os balneários litorâneos e as montanhas de lugares como Minas Gerais, Rio de Janeiro e

Espírito Santo. Naquilo que Luzzati intitula de “alerta do olhar”, a visão externa e distanciada

das coisas, – dividir seu tempo entre Londres e SP desde 1994 – fez com que o seu trabalho de

pesquisa na pintura se aproximasse, cada vez mais, do exercício do figurativo, do interesse

pelas formas e pelos volumes, em consonância com a apuração das cores.

 

Intitulando-se como pintora, a artista pertencente à geração dos anos 90, Mariannita Luzzati

busca a aproximação com a dimensão das formas das geologias brasileiras – especialmente a

volumetria das montanhas de estados como o Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo –

na tentativa de retirá-las do estado de deturpação, seja pelo olhar ou pelo Tempo, para

restaurar estas paisagens na pintura e no desenho.

 

Em um processo que integra fotografia, pintura e desenho, com suas técnicas e linguagens

próprias, o trabalho começou a quatro anos fotografando estes espaços; das lentes das

câmeras, as paisagens ganham contornos figurativos, e reaparecem, num outro sentido, em

telas horizontais, verticais e quadradas de dimensões que fogem dos padrões de tamanhos

habituais. Neste momento, o interesse é a captação da dimensão espacial, o apuro do uso de

cores, transitando numa cartela primária e sóbria com brancos, cinzas, esverdeados e pretos.

Não convencionais para uma paisagem e espírito brasileiros, a justificativa na escolha destes

tons, encontra-se na percepção da artista da intensidade da luz no Brasil, em oposição, por

exemplo, à luz de Londres, que revela, no primeiro caso, uma sutileza de tonalidade das cores.

Destaca-se, então, a necessidade pela pintura, que cria universos que adquirem personalidade

e transformam a natureza num espaço monumental.

 

Como exercício da geografia e do espacial nas artes, a etapa seguinte é transformar o olhar das

paisagens, depois da pintura feita, em desenhos de pequenos tamanhos. “Para mim, o

desenho é uma depuração da pintura”, afirma a artista, que, após um hiato de muitos anos

sem desenhar, volta a aproximar o traço do desenho feito com lápis duro como se fosse a

ponta seca da gravura em metal, sem perder o brilho da maior preocupação do seu trabalho: o

rigor e a beleza das formas.

 

 

De 15 de agosto a 15 de setembro.

Com Sergio Gonçalves

27/jul

A Sergio Gonçalves Galeria, Centro, Rio de Janeiro, RJ, inaugurou a exposição individual “Sobre Águas”, do artista plástico Newman Schutze. Nessa mostra, o artista paulista apresenta 16 obras inéditas incluindo 6 telas e 10 desenhos sobre papel. As obras de Schutze são afeitas às longas durações. O tempo sempre comparece como elemento constitutivo do trabalho, mesmo quando a ideia é desafiá-lo, como nos desenhos quase instantâneos feitos a nanquim. O artista é conhecido por esses desenhos em que utiliza aguadas para obter um efeito bem diluído da tinta sobre o papel.

 

Depois de três anos de atuação no Centro Histórico do Rio de Janeiro, a Sergio Gonçalves Galeria inaugurou novo espaço no CasaShopping, na Barra da Tijuca. O lugar passa a ser mais uma opção para os amantes da Arte Contemporânea no Rio de Janeiro.

 

 

 Até 29 de agosto.

Bate papo na TATO

17/jul

A Galeria TATO, Vila Madalena, São Paulo, SP, convida para um bate papo no dia 18/07/15, sábado, às 16:00h, com os artistas Aloysio Pavan, Diego Castro, Luiz 83, Monica Tinoco e Victor Lema Riqué e a curadora Juliana Monachesi sobre a exposição “A abstração como imagem – Parte 1″.

 

 

A mostra reúne trabalhos recentes de 8 artistas que incorporam de alguma forma o pensamento sobre “abstração” em suas obras: Aloysio Pavan, Diego Castro, Evandro Soares, Fernando Velázquez, Luiz 83, Monica Tinoco, Paulo Pasta e Victor Lema Riqué.

 
Aloysio Pavan trabalha predominantemente com desenho, muitas vezes usando a superfície do papel como se fosse uma tela. Quatro desenhos que realizou neste ano, cada um flertando com um tipo diferente de abstração.Monica Tinoco é fotógrafa de formação, mas utiliza-se de diferentes suportes e linguagens em sua pesquisa. Após trabalhar em pinturas que citavam os abstracionistas brasileiros, a artista desenvolve uma série de abstrações têxteis. Paulo Pasta pode ser considerado um mestre para diversos dos artistas presentes na exposição; o pintor participa como convidado especial, apresentando pinturas sobre papel e tela.

Exposição “Caro, Cara”.

14/jul

O MARGS, Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli, Centro Histórico, Porto Alegre,

RS, apresenta como exposição complementar e em paralelo à mostra individual do artista

Alessando Del Pero, a coletiva temática “CARO, CARA”. Composta de retratos e autorretratos ,

o acervo exibe peças raras como “Retrato de Walmir Ayala”, de Inimá de Paula, “Retrato de

Maria Helena Lopes”, de Glauco Rodrigues A curadoria do evento é de André Venzon.

 

“CARO, CARA”:

 

Artistas participantes: Ado Malagoli, Aldo Locatelli, Alessandro Del Pero,

Alessandro Ruaro, Alexandre Pinto Garcia, Amália Cassullo, Ana Nunes, Arthur

Timótheo da Costa, Bea Balen Susin, Britto Velho, Bruno Goulart Barreto , Carla

Magalhães, Carlos Petrucci, Carlos Scliar, Cláudio Tozzi, Djalma do Alegrete, Edgar

Koetz Eduardo Cruz, Edy Carollo, Elaine Tedesco, Elle de Bernardini, Ernesto

Frederico Scheffel, Ernst Zeuner, Felipe Alonso, Flávio de Carvalho, Flavya Mutran,

Francisco Brilhante, Franz Von Lenbach, Gastão Hofstetter, Gilberto Perin, Gilda

Vogt, Glauco Rodrigues, Guignard, Heloisa Schneiders, Henrique Bernardelli,

Henrique Cavalleiro, Henrique Fuhro, Iberê Camargo, Inimá de Paula, J.C. Reiff

Jacintho Moraes, Jesus Escobar, João Bastista Mottini, João Fahrion, João Faria

Viana, João Otto Klepzig, Jorge Meditsch, José Carlos Moura, José de Souza Pinto,

Juan Uruzzola, Julio Gavronski, Julio Ghiorzi, Kira Luá, Leandro Selister, Leda Flores,

Leo Santana, Lepoldo Gotuzzo, Letícia Remião, Luiz Antônio Felkl, Luiz Carlos

Felizardo, Luiz Zerbini, Magliani, Marcelo Chardosim, Marcos Noronha, Maria

Leontina, Maria Tomaselli, Mariana Riera, Marilice Corona, Mario Agostinelli, Mario

Palermo, Mariza Carpes, Martin Heuser, Miriam Tolpolar, Neca Sparta, Nelson

Wilbert, Patrício Farias, Patrick Rigon Regina Ohlweiler, Ricky Bols, Roberto

Magalhães, Roberto Ploeg, Rochele Zandavali, Rodrigo Plentz, Roosevelt Nina,

Roseli Pretto, Sandra Rey, Sergio Meyer, Silvia Motosi, Sioma Breitmann, Sotero

Cosme, Telmo Lanes, Téti Waldraff, Theo Felizzola, Tiago Coelho, Trindade Leal,

Ubiratã Braga, Vasco Prado, Vitória Cuervo, Walter Karwatzki, Xico Stockinger, ZIP.

 

 

     A palavra do curador

 

O retrato daquele que fica. Dos notáveis e dos anônimos. O

retrato de pompa, da classe dominante, da burguesia.

O retrato do oprimido. O retrato imponente e o impotente. A

rebeldia do retrato. O retrato de família. O nu retratado. O retrato

do ídolo e da criança. O autorretrato.

O retrato imaginário, o anti-retrato.

O retrato como obsessão.

 

 

Caro, Cara…

Retratos correspondentes no acervo MARGS e artistas convidados

 

O retrato enfoca o humano no que possui de mais marcante: o rosto. Seja de perfil, voltado a

três quartos, de corpo inteiro, da cintura ou dos ombros para cima, equestre, de nobres,

militares, políticos ou religiosos; de artistas, personalidades ou marginais, de mulheres e

crianças. O retrato pintado, esculpido em carrara e encarnado − ou cuspido e escarrado como

no popular − desenhado, gravado, fotografado, em preto e branco, colorido, lambe-lambe,

3×4, polaróide, still, grafitado, no Facebook, a selfie…

 

A intensidade e qualidade das obras em retratos e autorretratos do artista italiano Alessandro

Del Pero, serviram de ensejo para a presente exposição Caro, cara, que busca valorizar na

correspondência entre obras do acervo do MARGS e artistas convidados, o que identificam a si

mesmo e ao outro por meio do olhar. Portanto esta é uma curadoria endereçada mais aos

artistas do que às obras, pois seus retratos representam o lugar mais próximo que podemos

estar deles, aonde o Museu também quer estar: ao lado dos artistas.

 

São diversos os exemplos de quanto este tema fascina os artistas. A começar pela literatura,

podemos citar o polêmico “O retrato de Dorian Gray” (1890), de Oscar Wilde, que faz uma

crítica social e cultural da sociedade britânica à sua época; o autobiográfico “O retrato do

artista quando jovem” (1916), de James Joyce, em que recorre a fases da sua vida para

construir o personagem alter ego do autor; o épico “O retrato” (1951), da trilogia “O Tempo e

o Vento”, de Érico Verissimo, cuja atmosfera histórica evoca na passagem do tempo as

gerações que se sucedem; até o romance “O pintor de retratos” (2001), de Luiz Antônio de

Assis Brasil, que expõe os questionamentos e contradições de um pintor frente à sedução da

fotografia.

 

No cinema, no filme de Giuseppe Tornatore, Stanno tutti bene (1990), Marcello Mastroianni

interpreta um pai que ao sair em viagem para rever os filhos exibe vaidoso pelo caminho uma

foto das suas crianças, fantasiadas como atores de ópera. O diretor ao introduzir esta imagem

do retrato como objeto de construção da sua narrativa visual, além de fazer uma rica menção

ao teatro, coloca-nos no lugar do personagem, que ao sentir saudade recorre ao álbum para

lembrar-se do outro.

 

É claro que nas artes plásticas também são inúmeras as criações que têm o retrato como

assunto central, a começar pelo quadro mais célebre da história da arte a enigmática Mona

Lisa (1503-1517), de Leonardo da Vinci. Ainda, entre as 12 obras de arte mais famosas de

todos os tempos, figuram nove retratos, como o revelador “Retrato do artista sem barba”

(1889) de Vincent van Gogh e o zeloso “O retrato do Dr. Gachet” (1890) do mesmo artista,

além das pinturas “Garota com brinco de pérola” (1665), de Veermer, que revela a intimidade

de uma modelo anônima; a familiar cena “Mulher com sombrinha” (1875), de Monet, cujo

enquadramento mais casual já é uma influência direta da fotografia; assim como o

descontraído “O almoço dos remadores” (1881), de Renoir; ou o angustiante “O grito” (1893),

de Munch; em contraste ao apaixonado “O beijo” (1909), de Klimt; até a inspiradora “Dora

Maar com gato” (1941), musa e amante, do cubista Picasso.

 

Segundo o filósofo francês Merleau-Ponty (1908-1961) “o retrato celebra o enigma da

visibilidade”, pois cada um tem sua própria história e devaneios. Por isto mesmo, o interesse

em revelar o retrato do contemporâneo, a partir do retrospecto deste gênero artístico no

acervo do MARGS, foi desde o início o principal objetivo deste projeto curatorial, que mostra a

diversidade da face do artista e seus pares, ao longo de obras da coleção que recuam há um

século e meio, até chegar à contemporaneidade que faz do retrato, enquanto disfarce sua

faceta mais interessante da liberdade de expressão do nosso tempo.

 

Há que destacar, porém, que o contínuo processo histórico ao longo do século passado de

transformação do sujeito retratado − apesar de representar uma revolução visual, entretanto,

passou por períodos de exceção em que o retrato do indivíduo ficou marcado pela

deformação. Foi desfeito, para não dizer destruído, durante os períodos de guerra e regimes

totalitários, causando a perda da identidade, da voz e da imagem, como representação visual

da humanidade. A ponto de, a multidão prevalecer quase totalmente sobre o indivíduo, que

esteve sem nome, sem título, tornando-se precário, excluído, invisível, não sendo mais capaz

nem de ser associado ao rosto que lhe carrega. Uma verdadeira castração psicológica que

transformou o humano em coisa.

 

Contudo, o modo de lidar com a sociedade de hoje não é ignorando-a. Os novos valores

estabelecidos, as mudanças e a rebeldia atual, nos ensinam cotidianamente ver com olhos

mais perspicazes e críticos este mundo de imagens em que estamos imersos.

 

Então, o que a arte e uma exposição de retratos podem nos levar a pensar e imaginar sobre

nós mesmos e o outro?

 

No mundo super contemporâneo, todos carregamos um pedaço de plástico com uma tela de

vidro na mão o dia inteiro… É quase uma extensão do nosso corpo a produzir imagens mobile

compartilhadas via redes sociais. Este tipo de comportamento − se de forma alienada − investe

contra a imaginação e a potência da visualidade. Na contramão deste movimento, a criação

artística assegura a permanência dos signos visuais e ao suscitar múltiplas possibilidades

perceptivas faz da imagem uma força de resistência contra o arbítrio da padronização.

 

Todavia, no campo da arte os retratos e autorretratos permanecem a ser construções de

exposição absoluta do indivíduo, nas quais os artistas se valem do próprio corpo ou do outro

como objeto de representação e veículo expressivo, pelo qual revelam sutis e sensíveis

verdades. Evidenciando, ao final, que a única coisa que podemos salvar é o olhar do outro, e o

retrato − ou o autorretrato, é a imagem pela qual verdadeiramente nos vemos.

 

 

Até 26 de julho.

Vergara no Instituto Ling

11/jul

Com curadoria de Luisa Duarte, a exposição “Carlos Vergara – Sudários”, em cartaz na Galeria

Instituto Ling, Porto Alegre, RS, traz obras representativas do percurso de experimentação do

artista que, desde os anos 80, investiga o campo expandido da pintura, utilizando novas

técnicas, materiais e pensamentos que resultam em obras caracterizadas pela inovação. A

exposição é composta de quatro telas – monotipias sobre lonas, realizadas entre 1999 e 2005

–, nas quais Vergara emprega pigmentos naturais e minérios para transferir texturas para a

tela, explorando, assim, o contato direto com o meio natural.

 

 

Uma grande instalação inédita, intitulada “Sudários”, apresenta 250 monotipias realizadas em

lenços de bolso, resultados de viagens para diversas regiões do mundo, como São Miguel das

Missões, Capadócia, Pompéia e Cazaquistão. Completam a exposição dezenas de fotografias

em pequeno formato com os registros das ações que originam os “Sudários”, sublinhando

assim a importância do processo para a obra como um todo. A exposição tem patrocínio da

Fitesa e financiamento do Governo RS / Sistema Pró-Cultura / Lei de Incentivo à Cultura.

 

 

 

Sobre o artista

 

 

Carlos Vergara possui uma obra extensa e consistente, que vem produzindo desde os anos

sessenta e que lhe conferiu posição de destaque na arte contemporânea brasileira. Nascido na

cidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, em 1941, Vergara iniciou sua trajetória nos anos

60, quando a resistência à ditadura militar foi incorporada ao trabalho de jovens artistas. Em

1965, participou da mostra Opinião 65, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, um

marco na história da arte brasileira, ao evidenciar essa postura crítica dos novos artistas diante

da realidade social e política da época. A partir dessa exposição formou-se a Nova Figuração

Brasileira, movimento que Vergara integrou junto com outros artistas, como Antônio Dias,

Rubens Gerchmann e Roberto Magalhães, que produziram obras de forte conteúdo político.

 

 

Nos anos 70, seu trabalho passou por grandes transformações e começou a conquistar espaço

próprio na história da arte brasileira, principalmente com fotografias e instalações. Desde os

anos 80, pinturas e monotipias tem sido o cerne de um percurso de experimentação. Novas

técnicas, materiais e pensamentos resultam em obras contemporâneas, caracterizadas pela

inovação, mas sem perder a identidade e a certeza de que o campo da pintura pode ser

expandido. Em sua trajetória, Vergara realizou mais de 200 exposições individuais e coletivas

de seu trabalho, dentre elas a Bienal de Medelin 1970, Bienal de Veneza de 1980, Bienal de

São Paulo edições de 1963, 1967, 1985, 1989 e 2010, Bienal do Mercosul edições 1997 e 2011.

 

 

 

Até 23 de agosto.