Leda Catunda em Fortaleza

15/set

Leda Catunda realiza curso e exposição individual com curadoria de Jacopo Crivelli Visconti. A mostra “Leda Catunda Seleção de obras de 1985 a 2015”, entra em exibição no Centro Cultural Banco do Nordeste, Fortaleza, CE. A mostra consiste na exposição de várias obras de grandes formatos realizadas nos últimos dez anos, algumas inclusive que se estendem para o piso numa mistura de pintura-objeto com instalação.

 

 

O curso de “Pintura Contemporânea” será realizado entre os dias 16, 17, 18 e 19 e tem como objetivo introduzir e discutir conceitos da história da arte moderna e contemporânea através de exercícios de pintura. Serão propostos diversos procedimentos de pintura, procurando-se com isso colocar em discussão as diferentes atitudes presentes na arte contemporânea com relação a essa técnica. O workshop está dividido em 4 dias para a realização de exercícios que serão propostos aos alunos, um exercício por aula e no último dia serão discutidos os trabalhos individuais de cada participante. Na introdução de cada exercício serão apresentados os conceitos relacionados com cada tema proposto e serão rapidamente analisadas as obras de artistas que inauguraram procedimentos, introduzindo assim, novas questões no universo da pintura. Abordando manifestações desde o início da modernidade no século XIX até artistas que vem trabalhando e reformulando ações na pintura, sob ponto de vista semelhante nos dias de hoje. Inscrições: pelo e-mail cultura@bnb.gov.br ou na recepção do CCBNB. Vagas: 20 vagas.

 

 

A exposição estende-se até 24 de outubro.

Iberê no MAM-Rio

14/set

A mostra “Iberê Camargo: um trágico nos trópicos” abriu as homenagens ao centenário do artista no CCBB/SP em maio de 2014 e, no final do ano, foi reconhecida como melhor exposição retrospectiva pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), em sua 59ª edição. A sua reedição no MAM Rio é um marco de encerramento desse ano comemorativo, justamente na cidade onde Iberê morou, de 1942 a 1982, consolidou sua formação artística e consagrou-se como um dos mais importantes artistas modernos brasileiros. As 134 obras que compõem a exposição foram especialmente selecionadas pelo curador, professor e crítico de arte, Luiz Camillo Osorio e incluem pinturas, desenhos, gravuras e matrizes.
Na versão carioca da exposição, o público poderá apreciar desde obras da década de 50 – período em que Iberê retornou da Europa para o Rio após ter estudado com mestres como Carlos Alberto Petrucci, De Chirico e André Lhote – até as grandes e trágicas telas de sua última fase, nos anos 90, que incluem as séries: “Ciclistas”, “As Idiotas” e “Tudo Te é Fácil e Inútil”.

 

“O núcleo da exposição é o processo de amadurecimento da trajetória de Iberê, dos Carretéis até as telas dos anos 1980, quando a figura humana começa a reaparecer. E como não poderia deixar de ser, haverá uma pequena mostra complementar do Iberê gráfico, apresentada como uma exposição de câmara, intimista, em que muitos dos seus temas e obsessões são trabalhados no corte preciso da linha e das várias experimentações realizadas como gravador”, afirma o curador.
Em 1994 foi realizada no CCBB do Rio de Janeiro uma grande exposição retrospectiva de Iberê Camargo. Para o catálogo desta exposição, o curador Ronaldo Brito escreveu um ensaio a que deu o título de “Um Trágico Moderno”. Ao longo da exposição, já doente, o artista veio a falecer. Foi ali que vi pela primeira vez o conjunto de grandes pinturas figurativas de sua última fase, iniciada em 1990. Beirando os oitenta anos Iberê daria naquelas últimas telas um salto trágico, radicalizando a experiência do corpo e da finitude. Tudo ali ganhava uma gravidade exacerbada. As fisionomias são abrutalhadas como na fase negra do Goya, os corpos ganham uma carnalidade aderida à superfície encrespada da tela, a atmosfera, atravessada por uma luminosidade fria, é pós-apocalíptica. Deparar-me com estas telas foi desconcertante. Continua sendo. Quanta força e quanto desencanto.
Esta exposição retrospectiva aqui no MAM, encerrando as comemorações do centenário do artista, tem como premissa uma relação direta entre a presença viva da matéria pictórica e a potência trágica da sua pintura. Não há uma narrativa cronológica, mas um esforço de perceber o modo como ao longo de sua trajetória, ao menos desde o momento em que conquista sua maioridade pictórica com os carretéis, há uma mesma tensão entre pintar um motivo e o próprio motivo da pintura. Uma viva tensão entre algo percebido e a densidade do gesto e das camadas de tinta. Demos ênfase, ao fazer as escolhas curatoriais, à fase madura do artista, mostrando-a como coroamento de sua trajetória, em que a recuperação da figura foi menos um retorno a algo que havia sido abandonado e mais uma explicitação da corporeidade – do homem e da pintura – e sua inscrição como visualidade encarnada.

 

 

 

Até 01 de novembro.

Paternosto na Dan galeria

11/set

A Dan Galeria, Jardim América, São Paulo, SP, exibe a exposição individual do artista argentino César Paternosto.  A mostra reúne 16 obras e duas esculturas, criadas especialmente para esta ocasião. César Paternosto iniciou a carreira artística como pintor abstrato geométrico no início dos anos 1960, após uma trajetória como pintor figurativo e informalista, escola europeia iniciada durante a Segunda Guerra, em paralelo ao abstracionismo americano. Em 1967, ao mudar-se para Nova York, já com uma carreira consolidada, Paternosto expande as fronteiras formais e teóricas da pintura, convertendo suas criações em objetos, deixando de lado a apreciação frontal da obra.

 

 

Até 12 de outubro.

Artistas cubanos na Casa Daros

04/set

Na próxima terça-feira, 08 de setembro, às 11h, será realizada uma coletiva de imprensa na Casa Daros, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ, sobre a exposição “Cuba – Ficción y fantasia”, que será inaugurada em 12 de setembro. A curadoria é de Hans-Michael Herzog e Katrin Steffen. Serão apresentados 130 trabalhos de 15 destacados artistas cubanos: Ana Mendieta, Belkis Ayón, Ivan Capote, Javier Castro, José Bedia, Juan Carlos Alom, Lázaro Saavedra, Los Carpinteros, Manuel Piña, Marta María Pérez Bravo, René Francisco, Santiago Rodríguez Olazábal, Tania Bruguera, Tonel e Yoan Capote. Está será a última exposição da Casa Daros.  Estarão presentes na coletiva os curadores da mostra, o diretor-geral da Casa Daros, Dominik Casanova, e alguns artistas com trabalhos da exposição.

Multiverso de Raimundo Rodriguez

31/ago

A Sergio Gonçalves Galeria, Centro, Rio de Janeiro, RJ, inaugura, no dia 05 de setembro,

sábado, às 14h, a exposição “Multiverso: nada que você já não tenha visto antes”, do artista

plástico Raimundo Rodriguez. A mostra vai apresentar as incontáveis dimensões categóricas

em que a obra de Rodriguez transita, abusando de cores vívidas, do jogo geométrico das

formas e de palavras. Por meio de um apanhado de obras, que formam pequenos universos

díspares, pequenos multiversos povoados, sobretudo, por “quadro-objetos”, serão resgatados

e ressignificados. O trevo da sorte, os latifúndios de papel, a fórmica e o tecido, os lactofúndios

de caixas de leite, a série “diapositivos”, entre outros.

 

A metáfora que tangencia a mecânica quântica, quando transferida poeticamente para o

campo das artes visuais, mais precisamente, para a produção multifacetada do artista plástico

Raimundo Rodriguez, traduz com excelência a capacidade criativa – traço pós-moderno, com

que o artista produz suas obras, desenvolvendo inúmeras linguagens, muitas vezes, em

suportes alternativos como pinturas, desenhos, objetos, “não-objetos”, assemblages/colagens,

esculturas, entre outros. O trabalho do artista conecta-se com a arte popular brasileira, o

neodadaísmo, o dadaísmo, o neorrealismo e a pop art.

 

Em diversos veículos, tais como teatro, carnaval, centros culturais, vídeos e televisão, as

criações de Raimundo Rodriguez ultrapassam limites e preenchem lacunas de expressão. O

artista, acompanhado por sua equipe, foi o responsável pela estética final  das construções da

novela “Meu Pedacinho de Chão”, dirigida por Luiz Fernando Carvalho. A partir de

“Latifúndios”, Raimundo Rodriguez fez pedacinhos de chão remendados onde se desenvolveu

todo o enredo na novela.  A obra  foi incorporada à arquitetura de toda a fictícia “Vila de Santa

Fé”,  onde casas, portas, paredes, janelas, altares, molduras, cimalhas e inúmeros detalhes

foram criados a partir de latas de tinta descartadas e,  em suas mãos, ganharam um novo

significado. Raimundo Rodriguez é representado pela Sergio Gonçalves Galeria de Arte pela

qual participou das quatro últimas edições da SP-Arte e também da Feira Pinta, de Nova York e

Miami.

 

 

Até 10 de outubro.

Pinturas de Wanda Pimentel

Anita Schwartz Galeria de Arte, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, apresenta, a exposição

“Geometria/ Flor”, com cerca de 35 obras inéditas da artista carioca Wanda Pimentel.

 

Com uma importante e reconhecida trajetória artística de quase 50 anos, Wanda

Pimentel expõe no grande salão térreo da galeria pinturas da série “Geometria/Flor”,

iniciadas há dois anos. Cada uma das pinturas tem uma moldura diferente, que integra

o trabalho. Apesar de ser uma série totalmente nova, ela carrega elementos que

sempre estiveram presentes em seu trabalho, como as formas geométricas e as

famosas escadas. “É como se fosse uma celebração de todas as séries que fiz desde

a década de 1960”, conta a artista, ressaltando que sempre trabalha com séries.

“Quando termino uma, quero criar algo novo, totalmente diferente, mas uma série

sempre carrega elementos das outras”.

 

Anita Schwartz destaca que este é “um momento de homenagem ao trabalho e à

trajetória da Wanda Pimentel”, que em outubro participará da Frieze Masters, no

Regent’s Park, em Londres, feira que reúne mestres da história da arte

contemporânea, onde mostrará nove pinturas produzidas nos anos 1960.

 

As obras que estarão na exposição na Anita Schwartz Galeria têm a ver com um

processo iniciado pelo artista em 2011, de rever o passado. “Esses trabalhos tem um

tom dramático, têm a ver com as minhas memórias, mas, ao mesmo tempo, é uma

saudação à vida, rompendo com tudo que já fiz. Vou dissecando lembranças e

construindo novas memórias”, afirma a artista. Neste processo, ela partiu em busca de

lembranças do pai, açoriano, de natureza muito reservada, que faleceu quando ela

tinha 12 anos. Ela atribuiu a esta procura por sua origem o fato de ter incluído o

dourado em seus trabalhos. “O manuseio com o dourado é muito difícil. A condução

da cor deve seguir uma trajetória do não efeito fácil. O dourado da série relaciono com

Portugal, pois é uma cor presente no Barroco, lembrando a celebração da vida”, diz.

“Introduzi nos trabalhos atuais um novo elemento: flores, em tons de branco, vermelho

e dourado. Ao olhar o trabalho, você percebe que há um embate entre geometria e

natureza, por mais paradoxal que seja”, afirma.

 

No terceiro andar da galeria estarão os trabalhos iniciais desta fase, que fazem parte

da série que ela chamou de “Memória”. Serão três caixas de acrílico, medindo 97cm x

33cm cada, onde a artista coloca desenhos e objetos. Em uma delas há um coração

vermelho, cheio de alfinetes, em alusão ao coração de espuma que a sua mãe usava

para colocar os alfinetes enquanto costurava. Em outra, há casulos do bicho-da-seda

e, na terceira, uma linha e uma tesoura desenhadas, como se esta cortasse o

desenho. Junto a esses trabalhos, estarão quatro obras de 1965, que nunca foram

expostas. “São desenhos da época que eu era aluna do Ivan Serpa, feitos com caneta

esferográfica em folha de papel ofício. Nunca mostrei esses desenhos, mas eles falam

muito sobre o meu trabalho”, afirma a artista.

 

Ao invés de texto crítico, o público poderá ler o poema “O último sortilégio”, de

Fernando Pessoa, que Wanda Pimentel encontrou durante o processo de produção

das obras, e considerou muito apropriado com o que estava fazendo. “O poema tem

muito a ver com esses trabalhos. Queria algo sensível, por isso escolhi esta poesia. O

português de Portugal é muito denso, muito bonito quando escrito. E meu pai gostava

muito de Fernando Pessoa”, ressalta. A poesia também estará no catálogo, que será

lançado ao longo da exposição.

 

 

Sobre a artista

 

Wanda Pimentel nasceu no Rio de Janeiro, em 1943. Estudou pintura com Ivan Serpa,

no MAM Rio, em 1965. Dentre suas principais exposições individuais estão a

exposição no MAM Rio, em 2004; no Paço Imperial, em 1999 e em 1997; no Centro

Cultural Banco do Brasil, em 1994; entre outras. Dentre suas principais exposições

coletivas estão: “Artevida Política”, no MAM Rio, em 2014; “Nova Figuração anos

1960-1970”, no MAM Rio, em 2009; “Panorama dos Panoramas”, no MAM São Paulo,

em 2008; “Arte contemporânea e patrimônio”, no Paço Imperial, em 2008; “Arte Como

Questão/Anos70”, no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, em 2007; “Manobras

Radicais”, no CCBB São Paulo, em 2006; “Um Século de Arte Brasileira – Coleção

Gilberto Chateaubriand”, no MAM Rio, na Pinacoteca do Estado de S.Paulo e no

Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, ambas em 2006; “Abrigo Poético – Diálogos com

Lígia Clark”, no MAC de Niterói, em 2006; “Arte En América Latina (Coleccion Eduardo

Constantini)”, no MALBA, em Buenos Aires, em 2001; entre outras. Participou, ainda,

do Salão da Bússola (1969), no MAM Rio; Salão de Verão (1969), no MAM Rio; V

Salão de Arte Contemporânea de Campinas (1969), no Museu de Arte

Contemporânea de Campinas; XVIII Salão Nacional de Arte Moderna, no Ministério da

Educação e Cultura- Rio de Janeiro/RJ (1969); II Salão Esso de Artistas Jovens

(1968), no MAM Rio e Representação Brasileira à Bienal de Paris (1969), no MAM Rio.

 

 

 De 09 de setembro a 17 de outubro.

Antônio Dias na Nara Roesler/Rio

25/ago

Antonio Dias ganhou uma revisão de uma parcela singular de sua produção multifacetada: os

papéis do Nepal, exibidos pela primeira vez no Brasil. A mostra “Papéis do Nepal 1977-1986”

está em cartaz até 26 de setembro  Galeria Nara Roesler, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, que traz

nessa iniciativa um aprofundamento no universo do consagrado artista.

 

Pela pluralidade temática e processual, Dias evidencia sua recusa em adotar um único ponto

de vista da produção artística e, com isso, não deixa que o espectador se acomode na

facilidade de um significado pronto da obra. Nas palavras do historiador da arte italiano

Sandro Sprocatti, o trabalho de Dias projeta “uma situação antiperspectiva por excelência,

uma vez que nega a exclusividade de um ponto de vista não só devido à instabilidade

representacional (ambiguidade substancial do signo e do espaço) mas, acima de tudo, porque

implica a pluralidade das condições de fruição, ou seja, as condições existenciais que o

observador tem em relação ao próximo”.

 

Os papéis que figuram na exposição foram produzidos durante uma viagem de Dias ao Nepal

em 1977, com a finalidade de aprender a manufatura de papéis artesanais. A fase do Nepal é

uma ruptura na trajetória pregressa do artista, calcada fortemente no conceitualismo, na

utilização de mídias então incipientes, como o vídeo, e na criação de um léxico visual que

englobava elementos pop, planos geométricos definidos por cor e palavras.

 

Esse repertório, repetido sistematicamente e embaralhado entre si, questionava o caráter da

convenção social e da instituição artística como produtora de significados codificados e

estanques, validados por um sistema de inserção e representatividade internacional, a que o

regional deveria se submeter – o que se tornava evidente pelos títulos em inglês das obras,

como a famosa série “The Illustration of Art”.

 

 

Até 26 de setembro.

Marcello Nitsche, registro de uma trajetória

21/ago

A exposição retrospectiva do artista Marcello Nitsche abarca sua extensa trajetória, desde a

década de 1960 até dias atuais. Sua carreira artística é marcada pelo diálogo estreito com a

cultura pop, pela leitura ativa da paisagem e dos signos urbanos, pela exploração de diversas

linguagens – como pintura, desenho, intervenções no espaço urbano e a realização de filmes

em super-8 mm. Destaca-se, igualmente, sua atuação nos debates e projetos obre arte-

educação e no cenário político da redemocratização do país, nos anos 1980, sobretudo pela

realização da identidade visual da campanha Diretas Já. A mostra reúne mais de cem do artista

nas últimas cinco décadas.

 

“LIG DES” leva à área de convivência da unidade Sesc Pompeia, Água Branca – Oeste, São

Paulo, SP,  grandes esculturas infláveis denominadas bolhas, esculturas de pequeno porte,

obras de suportes e características variadas, maquetes de obras para locais abertos, desenhos,

pinturas, registros em fotografia e em filmes em 8mm, documentando acontecimentos em

torno de sua obra.

 

O diálogo entre o espaço do Sesc Pompeia e a mostra é um destaque a parte, em que se revela

um fator potencializador para a exposição. Segundo a curadora, Ana Maria de Moraes

Belluzzo, “LIG DES” dialoga com as características do espaço, que já foi uma fábrica,

transformado em ambiente nada convencional de cultura e convívio por Lina Bo Bardi”.

 

 
Texto da curadora

 

A nova visão da natureza moderna impõe-se pela paisagem urbana aos jovens artistas

brasileiros atuantes em meados dos anos 1960. Fábrica e cidade constituem a moderna

paisagem e marcam, de modo peculiar, a experiência artística de Marcello Nitsche entrelaçada

à vida de São Paulo.

 

A presença dessas obras no espaço da fábrica do Sesc Pompeia é um estimulante ponto de

partida. O local, transformado pela imaginação da arquiteta Lina Bo Bardi em espaço não

convencional de convívio e cultura, atualiza sua vocação ao mostrar essa obra aberta à

existência no espaço urbano.

 

A experiência de Marcello Nitsche se desdobra num momento em que se agitam convenções

artísticas e o país é assaltado por profundas transformações políticas e culturais, momento em

que artistas alargam o campo perceptive e lançam mão da apropriação estética de coisas que

povoam o entorno imediato dos habitantes da cidade.

 

A contribuição precoce de Marcello brota no interior de movimentos de renovação cultural no

país, em diálogo com coletivos internacionais da época pop, em meio ao debate sobre o novo

realismo e o retorno à figura. É parte dos avanços da nova objetividade brasileira. Em âmbito

paulista, as experimentações acolhidas pelo grupo REX contam com o substrato trazido ao

debate por mestres da Faap, afinados com a pauta arquitetônica.

 

Em diálogo com diferentes interlocutores, sua obra irrompe no vigor das concepções, sob

diferentes mídias. No teor experimental dos anos 1960, 1970, 1980, apuram-se aberturas para

contemporaneidade.

 

A apreciação retrospectiva do repertório do artista deve-se à cordialidade das coleções

públicas e privadas e à presença de versões fac-similares de peças desaparecidas, construídas

pelo Sesc para a ocasião.

 

Que o caráter inaugural dessa obra chegue às novas gerações, reproduzindo a surpresa vivida

por seus pares com o aparecimento de cada novo trabalho de Marcello.

Ana Maria de Moraes Belluzzo

 

 

Sobre o artista

 

Marcello Nitsche é paulistano, e seu trabalho se apresenta nos anos 1960, em meio ao cenário

de uma São Paulo que tem sua paisagem transformada pelo crescimento urbano industrial.

 

 

Até 30 de agosto.

Valéria Costa Pinto na Marsiaj Tempo Galeria

A artista Valéria Costa Pinto, ocupa todo o espaço expositivo da Marsiaj Tempo Galeria,

Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, com a exposição “Do plano ao espaço”. A mostra apresenta obras

bidimensionais e tridimensionais, além de um site specific idealizado para o anexo da galeria.

 

Seu trabalho mais recente volta-se para a pesquisa da intercessão entre o interior e o exterior,

que se confundem nos diversos suportes da mostra: papel, cartão, madeira. A cor, usada

pontualmente pela artista ao longo de sua carreira, serve de ligação entre esses diversos

formatos. Vemos o uso do branco, preto e cinza, mesclados ao vermelho e gradações de rosa.

 

Com texto do crítico Paulo Sergio Duarte, a exposição é composta por seis prints (pigmento

mineral sobre papel de algodão), um relevo em papel e cinco em madeira, além de três

pequenas esculturas. No anexo da galeria, a pesquisa se adensa, radicalizando a ocupação do

espaço através de paredes avolumadas por formas geométricas e cores.

 

 

A palavra da artista

 

Valéria Costa Pinto traz para sua vasta e diversificada obra novas abordagens para as mesmas

questões, aquelas da Bauhaus e do construtivismo russo. “A obra não deve ser muda. É através

do movimento que faço essa interação, procurando sempre a relação entre espectador/obra.

Ora manipulando o objeto, ora fazendo com que o espectador se desloque no espaço ao

redor, ora transformando uma forma definida em outra diferente como se o objeto tivesse

vida. Um objeto dinâmico e não estável. Ressalto o valor afetivo e intuitivo com a obra.”

 

 

Até 12 de setembro.

Arquitetura da Luz

Em sua segunda exposição individual na Galeria Oscar Cruz, Itaim, São Paulo, SP, Hildebrando

de Castro apresenta uma série inédita de pinturas e relevos que comprovam seu domínio

refinado da técnica da pintura, mantendo sempre presente a sua constante preocupação com

a luz.

 

Nessa nova série de obras, ainda relacionadas com a arquitetura, percebe-se que mesmo

sendo uma pintura realista, o artista sempre deixa margem para a imaginação do observador,

na medida em que as composições retratadas flertam constantemente com a abstração

geométrica, a op-art, arte cinética e o construtivismo, porém sem nunca abandonar o terreno

da representação figurativa, é justamente aí que reside todo o mistério e encanto de sua

proposta.

 

 

De 03 de setembro a 24 de outubro.