As Aventuras de Pierre Verger

09/out

O Museu Afro Brasil, instituição da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, Parque do Ibirapuera, São Paulo, SP, em parceria com a Fundação Pierre Verger, inaugurou a exposição “As Aventuras de Pierre Verger”. A mostra foi elaborada para possibilitar, inclusive ao público infanto-juvenil, a apreciação da obra do etnólogo e babalaô, reconhecido como um dos maiores nomes da história da fotografia no mundo.

 

Reunindo cerca de 270 imagens registradas por Pierre Verger em diversas partes do mundo,  destacando o cruzamento da fotografia com vídeos, tecidos artesanais de diferentes países e artes sequenciais (quadrinhos), a exposição marca a finalização do projeto Memórias de Pierre Verger, patrocinado pela Petrobrás e pela Odebrecht e que, por quatro anos, encampou a tarefa de duplicar digitalmente o valoroso acervo fotográfico da Fundação e de concluir o seu acondicionamento em condições adequadas.

 

A mostra que chega ao Museu Afro Brasil já foi exibida em Salvador, no Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA), de março a maio de 2015, com um grande sucesso de público, recebendo mais de 30.000 visitantes.

 

A curadoria e coordenação é de Alex Baradel, responsável pelo acervo da Fundação Pierre Verger, é uma das mais completas realizadas pela instituição criada pelo próprio fotógrafo francês na Bahia, local que escolheu para residir depois de viajar pelo mundo registrando as expressões culturais e o cotidiano de diversos povos.

 

O público é convidado a “embarcar” numa instigante viagem que retrata as experiências vividas por Pierre Verger (Paris, 1902 — Salvador, 1996), em um século marcado pelo desbravamento de fronteiras e guerras mundiais.

 

 

Fronteiras

 

A exposição está dividida em nove módulos: Paris, Viagens, Polinésia, Saara, China, Peru, África, Projeto e Educativo. São cerca de 220 imagens expostas ao longo do circuito e outras 50 que integram os vídeos que compõem a exposição. Onze ilustrações do artista visual baiano Bruno Marcello (Bua) também acompanham a mostra, retratando o personagem Verger em diversos episódios e contextos vividos por ele.

 

A exposição se destaca também por explorar o paralelo entre a obra de Verger e As Aventuras de Tintim, histórias em quadrinhos editadas entre 1929 e 1983, bastante populares e que se tornaram clássicas graças ao apuro estético dos traços e aos roteiros bem elaborados pelo autor belga Georges Prosper Reni, mais conhecido como Hergé.

 

 

Até 30 de dezembro.

Dias & Riedweg na Casa Daros

04/set

A Casa Daros, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ, apresenta, a videoinstalação “Nada Absolutamente Nada”, de Dias & Riedweg, feita a partir de uma série de 30 oficinas realizadas pelos artistas entre abril e agosto deste ano, com pacientes psiquiátricos do Instituto de Psiquiatria da UFRJ (IPUB), integrantes do grupo A Voz dos Usuários. Os 12 integrantes do projeto foram indicados por suas equipes clínicas e devidamente acompanhados por profissionais de saúde sob a direção do psiquiatra e professor Julio Verztman (IPUB/UFRJ).
No dia 29 de agosto, sábado, às 17h, o filósofo Peter Pelbart e os especialistas Tânia Rivera, Julio Vertzman e Octávio Serpa reúnem-se com os artistas para um bate-papo público no auditório da Casa Daros.
As oficinas dos artistas foram estruturadas a partir da leitura e da livre interpretação de uma seleção de contos do escritor suíço Robert Walser (1878-1956), que passou por diversas internações psiquiátricas entre 1929 e 1956, e cuja obra se tornou influência definitiva na literatura contemporânea de língua alemã. Os participantes escrevem suas próprias histórias e pensamentos, recriando a sua maneira o universo mágico e sedutor dos contos de Walser.
Nas oficinas realizadas em um dos espaços ainda não renovados da Casa Daros, portanto desconhecido do público, os artistas e o grupo A Voz dos Usuários recriaram roteiros e histórias a partir desses novos textos produzidos, e os materializam em vídeos “que nos revelam o cotidiano da cidade em locais e situações escolhidas e registradas pelos pacientes”, dizem Dias & Riedweg. “Assim, visitamos as casas dessas pessoas, seus caminhos diários e seus locais prediletos na cidade, bem como detalhes, ao mesmo tempo anônimos e pessoais, da enfermaria do hospício, cenário incontornável nos momentos de crise”, contam os artistas. Mais que um retrato sobre a condição psiquiátrica, o trabalho constrói um ensaio poético e filosófico que questiona a definição e o lugar da loucura na vida contemporânea. “A rua e o caminho; a casa e a clínica – o lar; a clausura e o espaço aberto; o dia e a noite; o espaço entre as orelhas e o espaço de fora, eu e o outro; o esperado e o acaso”. A Voz dos Usuários é um grupo independente e atuante de pacientes do IPUB, que surgiu e se desenvolveu sob a supervisão do Dr. Octávio Serpa, para estudar e discutir o fenômeno das “pessoas que ouvem vozes” e seus desdobramentos na vida cotidiana e no tratamento psiquiátrico.

 
Dias & Riedweg e a obra de Robert Walser
Durante todo o ano de 2015, Dias & Riedweg vêm trabalhando a partir da obra do escritor Robert Walser. Conceberam e realizaram uma performance inicialmente apresentada como intervenção na peça “Puzzle D”, de Felipe Hirsch no Teatro do Sesc Villa Mariana, em São Paulo, em março deste ano, e posteriormente no Festival de Performance “Der Längste Tag”, em Zurique, Suíça, em junho passado. Essa é a segunda incursão de Dias & Riedweg no universo psiquiátrico. A primeira ocorreu com um grupo de 50 pacientes internos do mesmo IPUB / UFRJ após uma série de cem oficinas realizadas ao longo de 2011 no próprio hospital, e que deram origem à obra “Corpo santo”. Essa videoinstalação de 2012 foi comissionada pela Coleção Prinzhorn, e apresentada naquela instituição, em Heildeberg, Alemanha. No Brasil, partes deste vídeo foram apresentadas na 30ª Bienal de São Paulo, no ano passado. A obra completa, entretanto, ainda não foi mostrada no país. Uma terceira experiência profissional dos artistas no campo da psiquiatria é o projeto “Cidades de Deus”, que aborda a “Síndrome de Jerusalém”, termo psiquiátrico designado para nomear os surtos de delírio religioso recorrentes entre turistas e peregrinos que visitam os locais sagrados dos territórios da Palestina e Israel, e que apontam, de formas diversas, para o real confronto político dessa região. Após uma primeira residência dos artistas no Jerusalem Center of Visual Arts, em 2013, o projeto se encontra em fase de produção.

 
Até 13 de dezembro.

Lucio Salvatore exposição e instalações

03/set

O artista plástico ítalo brasileiro Lucio Salvatore apresenta ao público carioca a exposição “Fragmento #2015_1″, com curadoria de Fernando Cocchiarale. A mostra reúne instalações, fotos e vídeos que serão apresentadas em dois módulos, o primeiro no Centro Cultural dos Correios, Centro, Rio de Janeiro, RJ, de 04 de setembro a 03 de outubro de 2015, e o segundo conjunto de obras instaladas em algumas ruas e estabelecimentos comerciais do centro do Rio de Janeiro, de 3 a 11 de setembro.

 

“A exposição é feita de rupturas e pedaços deslocados de uma unidade que nunca existiu, recompostos segundo novas constituições que as obras impõem”, explica Salvatore. A mostra inicia um ciclo de projetos que já foram pensados em forma de fragmento, são discursos incompletos, abertos, a serem manipulados pelo público, pelo tempo.

 

Italiano radicado no Rio de Janeiro, Lucio Salvatore já apresentou dois projetos por aqui. O primeiro, “One Blood/Fenomenologia da memoria”,  em 2010/2011 (no Centro Cultural Correios, no Rio de Janeiro, com mais de 15.000 visitantes, e no museu MuBE, em São Paulo),que impressionou a todos, onde o artista utilizou o sangue dos próprios retratados. E a segunda, “Projeto de Redução Espacial” com o tema da relaçao entre ‘capital e natureza’, em 2014 (Centro Cultural Correios, no Rio de Janeiro), onde o artista apresentou uma série de monotipias realizada com um método de frotagens representando a memória topográfica de mina de escavação e lavoração de pedras.

 

A exposição Fragmento #2015_1 é dividida em dois módulos : o primeiro, apresentado no Centro Cultural Correios, é um conjunto de obras cuja questão dominante são Os jogos de Significados que acontecem ao longo da vida da obra de arte, desde a sua criação e relação com o público até a posse pelo colecionador. As obras levantam uma questão de poder entre as pessoas que participam delas. A dialética entre unidade e multiplicidade é muito presente nas obras de Salvatore.

 

 

1º Piso/Instalações

 

O JOGO DA FORMA #7, 2015 – Instalação – Estojo com 6 pedras, espelho, placa com as regras do jogo, 48 fotos das esculturas realizadas pelo público.

 

1400 MANIPULAÇÕES E UMA REGRA, 2015 – Instalação – 1400 quadrados pretos, papel de algodão, regra de colagem, ação de colagem realizada pelo público. A obra trata da relação de poder entre o artista que cria um campo de significados e os utilizadores da obra que a manipulam

 

MARGEM INDIFERENTE, 2015 – A palavra marginal escrita pelo artista na entrada dos Giardini foi cancelada pela passagem do público convidado para estreia da 56a Bienal de Arte de Veneza, em maio de 2015, durante 12 horas, o tempo da ação coletiva. Registro da obra: #2 fotos, um livro com uma seleção de 512 imagens da passagem do público.

 

QUADRADO PRETO | 100 MANIPULAÇÕES, 2015 – 100 quadrados pretos, papel de algodão, regra de colagem, ação de colagem realizada por um artista reconhecido usado como mão de obra.

 

POST-AR, 2015 – #4 caixas, cada uma contendo 9.936 cm3 de ar enviadas pelo correio da Itália até o Rio de Janeiro. O sistema logístico utilizado para o deslocamento de ar é a matéria prima da obra: embalagem, selos, sistema de pagamento, trabalho de funcionários de empresas envolvidas, acionistas das empresa, alfândega, impostos etc.

 

 

2º Piso/Sala vídeo

 

O FIM DO QUADRADO PRETO #1, 2015 – Vídeo – Parte de um projeto realizado na Itália nos meses de junho e julho de 2015 e representa também uma conexão com a próxima exposição que Salvatore está preparando para 2016 Fragmento #2016_1. O artista desenhou nas paredes de uma pedreira um quadrado preto em homenagem aos 100 anos da criação da pintura de Malevich e logo em seguida quebrou esta parede com máquinas para escavação reduzindo-a em mil fragmentos de rochas que carregam as marcas pretas do quadrado.

 

LAVRA (RASTRO), PATERNIDADE, INDÍCIO, 2015 – Vídeo – Também é parte de um projeto realizado na Itália nos meses de junho e julho de 2015 e representa igualmente uma conexão com a próxima exposição que Salvatore está preparando para 2016. O artista tem tem se apropriado do processo de escavação dentro de uma pedreira a procura de uma forma de escultura expandida, simbólica da forma primordial do homem deixar sinal (rastro, marca) da sua passagem, da criação do mundo a partir da terra herdada. Salvatore que até agora nunca tinha assinado as obras criadas, resolve pela primeira vez usar sua assinatura para questionar o valor dela junto ao significado da obra.

 

O segundo conjunto de obras cria um circuito externo ao Centro Cultural Correios composto por obras instaladas em algumas ruas e estabelecimentos comerciais do centro do Rio de Janeiro. Estas obras tratam da questão legal e política do espaço, de situações de ocupações, de posse e propriedade legal ou real da terra e do ambiente urbano.

 

 

Circuito externo/Urbano da exposição/Instalações

 

UN METRO QUADRATO DI TERRA #1, 2014 – Instalação com dimensões variáveis. Processo de Venda Imobiliária. Contrato de compra e venda de um lote de terra, fotos da propriedade de terra expostas numa agência imobiliária do Rio de Janeiro. Essa obra é um contrato de compra e venda de uma porção (1/100) de metro quadrado de terra de propriedade do artista na Itália, identificado por uma escultura de mármore. Questão da obra de arte como investimento, até objeto de especulação.

 

AQUI TAMBÉM TEM ESPAÇO PARA ARTE – Instalação com dimensões variáveis. Esta obra é parte de um projeto iniciado por Salvatore em 2014, um projeto que questiona a natureza da utilização do espaço público para fins públicos ou privados. O projeto consiste em ocupações realizadas com diferentes objetos e sistemas usados cotidianamente por pessoas e empresas para delimitar e utilizar espaços públicos. Para fragmento #2015_1 o artista ocupará um espaço do centro da cidade, um lugar que não será revelado explicitamente para que a obra possa levantar o questionamento e a dúvida do público frente a cada espaço, cuja ocupação seja questionável. O artista desta maneira quer utilizar o questionamento e a dúvida do público como matéria prima da obra.

 

BANCA NEUTRAL – O Poder da Escrita Menos o Poder da Imagem – Instalação com dimensões variáveis. Esta obra é parte de um projeto do artista iniciado em 2014. Ele adquiriu em bancas de jornais do Rio de Janeiro revistas que tratam explicitamente de politica, substituiu as capas e contracapas destas revistas reproduzidas com os textos originais sem formatação e sem imagens e recolocou as revistas novamente em circulação nas bancas. Para exposição Fragmento #2015_1 Salvatore instala nas vitrines de uma banca do centro do Rio de Janeiro uma série de revistas manipuladas.

 

Lucio também estará participando do circuito de exposições para convidados da ArtRio 2015, onde vai receber o público que fizer reservas antecipadas para uma visita guiada a sua exposição.

 

Em ocasião da exposição Fragmento #2015_1 Salvatore apresentará pela primeira vez ao público da cidade o projeto do museu que esta desenvolvendo MAC Rio de Janeiro – Museu de Arte Contemporânea do Rio de Janeiro

 

 

 

Sobre o artista

 

Artista plástico ítalo brasileiro, vive e trabalha no Rio de Janeiro. Formado em economia na Universidade Bocconi de Milão, estudou filosofia e arte na EAV Parque Lage. Suas obras tratam das ‘relações de poder e manipulação’ dentro de uma comunidade a partir de questões linguísticas, políticas, econômicas e tecnológicas. Exposições individuais selecionadas: Superstudio, Milão (2008), Grant Gallery, New York (2007, 2009), Potsdamer Platz, Berlin (2007). No Brasil: Museu Brasileiro de Escultura MuBE em São Paulo (2011) e no Centro Cultural Correios no Rio de Janeiro (2010 e 2014).

 

 

 Sobre o curador Fernando Cocchiarale

 

Crítico de arte, curador e professor de filosofia da arte do Departamento de Filosofia da PUC-RJ, é também professor da Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Autor de artigos, textos e resenhas publicados em livros, catálogos, jornais e revistas de arte do Brasil e do exterior. Foi curador e coordenador do programa Rumos Itaú Cultural Artes Visuais, Coordenador de Artes Visuais da Funarte, e curador do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAMRJ), além de membro de inúmeros júris e comissões de seleção de mostras e salões no Brasil. É curador independente, sendoresponsável por exposições no MAM-RJ, Itaú Cultural (SP), Santander Cultural (RS), Oi Futuro, (RJ), Paço Imperial (RJ), Casa França-Brasil (RJ), Museu Nacional do Centro Cultural da República (DF). É doutor em Tecnologias da Comunicação e Estética pela Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

 

 

De 03 de setembro a 03 de outubro.

 

Circuito Externo: De 03 a 11 de setembro.

Celina Portella na Galeria Inox

31/ago

Celina Portella abre a exposição “Puxa”, apresentando trabalhos inéditos na Galeria Inox, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ. A artista carioca, que também estará com suas obras expostas na Art Rio, no stand da Galeria Inox, mostra instalações fotográficas, onde aparece em situações de tensão com cordas que se prolongam para fora do quadro. Criando sistemas de peso e contra-peso entre seu corpo na foto e objetos reais no espaço, ela joga com as proporções e cria uma ilusão de que os tamanhos são diferentes do que realmente são. “Trata-se de um ensaio para futuras esculturas”, afirma.

 

 

Sobre a artista

 

Celina Portella investiga questões sobre a representação do corpo a partir do vídeo e fotografia. Recentemente foi contemplada com o I Programa de Fomento a Cultura Carioca, com a Bolsa de Apoio a Criação da Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro e indicada para o prêmio Pipa 2013. Ultimamente participou das residências Récollets em Paris na França, LABMIS, no Museu da imagem e do Som, em São Paulo, na Galeria Kiosko em Santa Cruz de La Sierra, Bolívia e no Núcleo de Arte e Tecnologia da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro. Foi contemplada no II Concurso de Videoarte  da  Fundaj  em  Recife.  Participou  da  III  Mostra  Do Programa de Exposições do Centro Cultural São Paulo, da Mostra SESC de Artes, em São Paulo, entre outras exposições. Estudou design na Puc-RJ e se formou em artes plásticas na Université Paris VIII em 2001.

 

 

 

A partir de 12 de setembro.

Exposição na Fundação Vera Chaves Barcellos

21/ago

A Fundação Vera Chaves Barcellos, Viamão, RS, apresenta a mostra “Destino dos Objetos | O

artista como colecionador” e as coleções da FVCB. Impressões, desenhos, fotografias,

gravuras, fotocópias, objetos, esculturas, colagens e vídeos integram a mostra que reúne um

diverso grupo de 50 artistas de várias nacionalidades. Com curadoria de Eduardo Veras,

“Destino dos Objetos” examina como, por diferentes caminhos, os artistas se fazem

colecionadores, ou, pelo menos, como seus trabalhos podem replicar algo do furor

colecionista.

 

Há aqueles que tratam de isolar, recolher e sacralizar peças específicas, peças que

imediatamente perdem sua função original, mesmo que não renunciem às memórias que

carregam. Há também aqueles em que, mais do que a escolha, despontam as noções de

acúmulo, ordenamento e classificação. Entre uns e outros, o artista emerge como o sujeito dos

desejos e das decisões, oferecendo ou adivinhando um destino para os objetos.

 

A exposição remonta ao gérmen da própria Fundação Vera Chaves Barcellos, cuja origem

encontra-se nas coleções de arte formadas pelos artistas Vera Chaves Barcellos e Patricio

Farías ao longo dos anos, antes mesmo da formalização desse importante centro de divulgação

de arte contemporânea.

 

Participam da mostra artistas brasileiros, latino-americanos e europeus: 3NÓS3, Albert

Casamada, Almandrade, Amanda Teixeira, Anna Bella Geiger, Antoni Muntadas, Boris Kossoy,

Brígida Baltar, Cao Guimarães, Carlos Asp, Carmela Gross, Christo, Daniel Santiago, Elcio

Rossini, Ester Grinspum, Evandro Salles, Feggo, Gisela Waetge, Gretta Sarfatty, Hannah Collins,

Heloísa Schneiders da Silva, Hudinilson Jr., Jailton Moreira, Jesus R.G. Escobar, Joan Rabascall,

Joaquim Branco, Joelson Bugila, Julio Plaza, Klaus Groh, León Ferrari, Lia Menna Barreto, Mara

Alvares, Marcel-li Antunez, Marcelo Moscheta, Marco Antônio Filho, Marcos Fioravante, Maria

Lúcia Cattani, Mariana Silva da Silva, Marlies Ritter, Mario Ramiro, Mário Röhnelt, Michael

Chapman, Nicole Gravier, Nina Moraes, Patricio Farías, Rogério Nazari, Téti Waldraff, Ulises

Carrión, Vera Chaves Barcellos e Waltércio Caldas.

 

A exposição contará com uma programação paralela com palestras, conversas com artistas,

além das visitas mediadas e da promoção do Curso de Formação Continuada em Artes – ações

permanentes do Programa Educativo da FVCB, que segue oportunizando vivas experiências

com a arte e estimulando a formação de novos públicos.

 

 

De 22 de agosto a 12 de dezembro.

Artista holandês na SIM galeria

20/ago

A SIM galeria, Curitiba, PR, apresenta a exposição individual de Frank Ammerlaan, artista

holandês residente em Londres.

 

Nos trabalhos de Ammerlaan, a essência do múltiplo é manifesta na contínua coexistência de

suportes, materiais e processos mistos, como escultura, pintura, fotografia e vídeo

juntamente de elementos sintéticos e naturais como tinta óleo, linhas de costura, metais e

agentes químicos.

 

Na exposição “Outside the wireframe”, produzida durantes sua residência artística recente no

espaço experimental de arte PIVÔ, na cidade de São Paulo, o interesse permanente no que é

periférico, indistinguível e despercebido é amplamente contemplado.

 

As caminhadas diárias de Ammerlaan na ida e volta de seu ateliê temporário, localizado no

centro de São Paulo, se tornaram uma profunda jornada para dentro e fora do motor da

cidade movido à ansiedade e instabilidade. Ao fazer uso de objetos ready-made como

latinhas de alumínio, vidro e banner de PVC, em “Outside the wirefram”e o artista convoca

uma série de elementos tanto familiares como também invisíveis à capital brasileira. Um

conjunto de ícones que perpassa os catadores de latinhas das quais algumas esculturas são

feitas e que nos fala sobre inventivos subsistemas criados sob circunstâncias econômicas

difíceis. Como também que inclui um banner de serralheria em que o artista aponta

evidências de extrema ansiedade geral quanto à segurança. E até mesmo que destaca do

cenário urbano cotidiano, tampas de bueiro e piche como indicação de um ambiente

publicitário alternativo. E até mesmo piche e tampas de bueiros que nos separam de um

mundo sob nossos pés.

 

A série “Untitled” de imagens impressas em vidro aramado de alta segurança exibe um

material nunca antes usado em exposições do artista, de acordo com ele “Trabalhar em um

novo contexto como a residência desperta novas idéias, te faz, por exemplo, pensar de forma

diferente sobre os materiais”. Permeada por ambigüidades, a série é feita de um material

transparente de alta segurança que busca oferecer segurança enquanto não necessariamente

esconde algo. Ela inclui imagens desenhadas por linhas de armações de arame que lhes

concedem certo aspecto de pop arte, mas ao mesmo tempo uma aparência anônima, uma vez

que nos permite enxergar formas, mas não superfícies. Além disso, um objeto poderoso ainda

que pequeno, a bandeira de mesa, que não mostra nenhum emblema ou insígnia pode ainda

assim simbolizar uma idéia de proteção e defesa de um determinado território ou cultura.

Sobre a figura tridimensional humana, seu aspecto fantasmagórico é justaposto com uma

imagem impressionantemente detalhada.

 

A antítese da abordagem emocional e racional está profusamente presente nas pinturas do

artista na quais aspectos atmosféricos e nebulosos se contrastam com padrões geométricos

precisos feitos de linhas de costura e bordado. Possivelmente sob a influência de seu

treinamento primeiro, em marcenaria, assim como devido a pratica constante de desenhos

técnicos, nos trabalhos de Ammerlaan linhas são de alguma forma, privilegiadas em

detrimento de volume.

 

Em algumas das pinturas de “Outside the wireframe” os conceitos binários característicos dos

trabalhos de Ammerlaan podem ser apresentados mais sutilmente do que em outras. Ao

observar uma pintura a partir de certa distância da tela, seus aspectos atmosféricos e

nebulosos se destacam, porém, uma vez que os padrões em baixo relevo começam a ser

reconhecidos, a pintura simultaneamente exige ser observada mais de perto. Padrões e

linhas, assim, são formas de racionalizar e se apropriar do conceito de periférico com

efetividade. Simultaneamente a qualidade etérea das pinturas contribui para um

engendramento mais amplo das idéias e objetos do periférico.

 

“Outside the wireframe” revela que o imperceptível, o periférico e o sutil podem ser

encontrados em situações e cenários que transcendem efeitos óticos provocados por uma obra

de arte. Aponta claramente que o invisível existe, por exemplo, na rotina cotidiana dos

habitantes de metrópoles como São Paulo. Ao utilizar-se de piche e ao delinear tampas de

bueiros encontradas nas ruas que circundam seu ateliê na cidade, Ammerlaan realça padrões

gravados em tais peças de metal- alguns deles padrões de linhas cruzadas e atravessadas

também comuns a outros trabalhos do artista-, feitos, por  exemplo, por empresas de

telecomunicação para fins publicitários. Geralmente despercebidos, tais padrões e nomes de

marcas atuam como indícios de uma atividade publicitária quase imperceptível acontecendo

sob nossos pés. Um fato ainda mais interessante diante da controversa proibição de

publicidade exterior que busca minimizar a poluição visual da cidade implantada na última

década em São Paulo.

 

A exposição “Outside the wireframe” é uma oportunidade única para todos familiarizados ao

ambiente urbano de observar uma complexa cidade como São Paulo, em suas múltiplas

possibilidades periféricas, através dos cantos dos olhos argutos e precisos do artista

contemporâneo Frank Ammerlaan.

 

 

Sobre o artista

 

Frank Ammerlaan é um proeminente artista plástico nascido na Holanda e residente da cidade

de Londres cujas exposições individuais e coletivas têm sido exibidas nos últimos seis anos em

prestigiados museus e galerias pela Europa e em cidades como Copenhague, Bruxelas, Berlin e

Londres bem como em Nova York e outras grandes capitais internacionais.

 

 

De 27 de agosto até 26 de setembro.

Smithsonian em SP

10/ago

O Museu Afro Brasil, Parque do Ibirapuera, Portão 10, São Paulo, SP, instituição da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, e a Embaixada dos Estados Unidos no Brasil anunciam a abertura da exposição “Gullah, Bahia, África”.

 

A mostra apresentará ao público a vida e a pesquisa pioneira desenvolvida pelo primeiro linguista afro-americano, Lorenzo Dow Turner. Expoente acadêmico da comunidade negra americana nos anos 1930, Turner identificou a fala da comunidade gullah, do sul dos EUA, e rastreou seus registros na África e no Brasil, ligando, dessa forma, comunidades da diáspora africana através da linguagem. Originalmente criada e exibida em 2010 pelo Anacostia Community Museum, integrante da Smithsonian Institution, de Washington DC (EUA), a exposição tem curadoria da brasileira Alcione Meira Amos.

 

Fazem parte da mostra fotografias que registram o trabalho de campo do professor Turner; um painel comparando palavras usadas no gullah, inglês e português do candomblé, com as suas origens nas línguas da África; um raro registro da fala gullah e cinco vídeos, incluindo “Raízes da África: ligações entre as palavras”, mostrando falantes de línguas africanas, um americano, um gullah e um brasileiro, que repetem as mesmas palavras em cada uma das línguas, demonstrando suas raízes africanas.

 

 

Sobre a exposição

 

“Gullah, Bahia, África” conta três histórias em uma: a trajetória acadêmica de Lorenzo Dow Turner; sua jornada para desvendar um código linguístico e suas descobertas, que atravessaram continentes. Já nos anos 1930, a pesquisa pioneira de Turner demonstrou que, apesar da escravidão, os africanos trazidos aos EUA transmitiam sua identidade cultural a seus descendentes por meio de palavras, músicas e histórias.  Estudioso de várias línguas africanas, como twi, ewe, iorubá, bambara e wolof, além do árabe, Turner utilizou seu conhecimento para se dedicar à pesquisa da fala da comunidade gullah/geechee, da Carolina do Sul e da Geórgia, no sul dos EUA, até então desprezada como um “inglês mal falado”.  Os estudos de Turner confirmaram que, pelo contrário, o povo Gullah falava uma língua crioula, com elementos linguísticos próprios e da cultura de seus ancestrais africanos.

 

As explorações linguísticas pela diáspora africana levaram Turner até a Bahia, onde ele novamente validou sua descoberta a respeito das continuidades africanas.  Uma das seções da exposição é dedicada à pesquisa do Professor Turner sobre cultura afro-brasileira na Bahia, juntamente com algumas das mesmas línguas que influenciaram o gullah. Na Bahia, a sobrevivência da cultura africana pode ser percebida por Lorenzo Dow Turner particularmente no candomblé, quando integrantes dos terreiros reconheciam palavras em gravações que ele havia feito em outras partes do mundo.  Os muitos escritos de Turner incluem o livro “Africanismos do Dialeto Gullah” (Africanisms in the Gullah Dialect), publicado em 1949, que permanece como uma das principais referências para a pesquisa das línguas crioulas.

 

Encontro com a curadora da exposição Alcione Meira Amos: ”A Coleção Fotográfica de Lorenzo Dow Turner: Gullah Bahia África e os Retornados Afro-Brasileiros”(com visita à exposição)

 

Local: Museu Afro Brasil (Av. Pedro Álvares Cabral, s/n, Parque Ibirapuera, Portão 10, São Paulo, tel.: 11 3320-8900): 20/08, às 15h.

 

 

Sobre o Museu Afro Brasil

 

Inaugurado em 2004, a partir da coleção particular do diretor curador Emanoel Araujo, o Museu Afro Brasil construiu, ao longo de seus mais de 10 anos, uma trajetória de contribuições decisivas para a valorização do universo cultural brasileiro ao revelar a inventividade e ousadia de artistas brasileiros e internacionais, desde o século XVIII até a contemporaneidade.

 

O Museu Afro Brasil é uma instituição pública, subordinada à Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo e administrado pela Associação Museu Afro Brasil- Organização Social de Cultura. Ele conserva, em 11 mil m2 um acervo com mais de 6 mil obras, entre pinturas, esculturas, gravuras, fotografias, documentos e peças etnológicas, de autores brasileiros e estrangeiros, produzidos entre o século XVIII e os dias de hoje. O acervo abarca diversos aspectos dos universos culturais africanos e afro-brasileiros, abordando temas como a religião, o trabalho, a arte, a escravidão, entre outros temas ao registrar a trajetória histórica e as influências africanas na construção da sociedade brasileira.

 

O Museu exibe parte do seu Acervo na Exposição de Longa Duração, realiza Exposições Temporárias e dispõe de um Auditório e de uma Biblioteca especializada que complementam sua Programação Cultural ao longo do ano.

 

 

Sobre o Anacostia CommunityMuseum

 

Museu integrante da Smithsonian Institution, o Anacostia está localizado em Washington DC (EUA) e abriu suas portas em 1967, como o primeiro museu comunitário do país financiado com recursos federais.  O nome atual foi adotado em 2006, quando o museu ampliou seu foco, originalmente com uma ênfase afro-americana, para examinar o impacto de questões sociais contemporâneas em comunidades urbanas.

 

 

Até 18 de outubro.

Álbum de família

27/jul


O Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, Centro, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a exposição

“Álbum de família”, com cerca de quarenta trabalhos emblemáticos de mais de vinte artistas

brasileiros e estrangeiros, como Adriana Varejão, Anna Bella Geiger, Bill Viola, Candice Breitz,

Charif Benhelima, Fábio Morais, Gillian Wearing, Jonathas de Andrade, Michel Journiac,

Ricardo Basbaum, Rosângela Rennó, Santu Mofokeng, Tracey Rose, Victor Burgin e Zanele

Muholi, que ocuparão todas as salas expositivas da instituição. “Álbum de família” terá

pinturas, objetos, fotografias, desenhos, videoinstalações, instalações sonoras e filmes. A

mostra será acompanhada de um seminário transdisciplinar, nos dias 25, 26 e 27 de agosto.

 

“A exposição vem em um momento em que o conceito de família é revisto, em que se

elaboram novas leis relativas a relações homoafetivas e à adoção, em que aumentam as

denúncias de violência sexual doméstica, em que surgem mais asilos particulares e,

consequentemente, mais idosos são privados do convívio familiar, e em que, paralelamente,

grupos conservadores procuram manter intacto a imagem e o modelo tradicional de família”,

observa a curadora Daniella Géo. Ela conta que ao longo da história da arte “o retrato sempre

ocupou lugar privilegiado na produção artística, e o retrato de família, para além de sua

qualidade plástica, serviu, com freqüência, à afirmação do status social, da linhagem, da

coesão familiar, da hierarquia patriarcal, entre outros valores que, ao mesmo tempo, refletiam

e reforçavam o ideário da família-pilar da sociedade”.

 

A mostra reflete sobre a família e suas questões, como um tema permanente da produção

artística. “Em sua abordagem contemporânea, as obras vêm abarcar perspectivas mais amplas

e íntimas, nas quais a família é pensada e representada em relação a questões de ordens

diversas, sejam elas sociais, políticas, econômicas, psicológicas, afetivas, religiosas, morais

etc”, observa a curadora. Desde diferentes configurações ao ideário matrimonial, passando

pelo abuso de poder e violência doméstica, até a família como construção política, a exposição

aborda ainda laços familiares, amor e noção de coesão à ausência, perda e solidão; espaço

íntimo e dimensão pública; mito e estereótipos, e de como a sociedade afeta e é afetada pelas

famílias.

 

Estão na exposição obras de nove artistas brasileiros – Adriana Varejão, Anna Bella Geiger,

Dias & Riedweg, Fabio Morais, Jonathas de Andrade, Leonora Weissmann, Julian Germain,

Murilo Godoy, Patricia Azevedo e jovens que vivem nas ruas de Belo Horizonte, Ricardo

Basbaum, Rosana Palazian e Rosângela Rennó, e trabalhos dos artistas Bill Viola, Daniel W.

Coburn, Candice Breitz, Charif Benhelima, Gillian Wearing, Michel Journiac, Richard Billingham,

Santu Mofokeng, Sue Williamson, Tracey Rose,  Victor Burgin, Zanele Muholi.

 

 

SOBRE AS OBRAS

 

De Adriana Varejão estarão três pinturas: a pouco conhecida “Em Segredo” (2003), que evoca

amor, gestação, aborto, tabu, perda;e “Filho Bastardo (estudo)”, de 1991, que trata da

construção colonialista da “família brasileira” ou da nação por atos de violência sexual. Anna

Bella Geiger participa com o díptico “Brasil Nativo – Brasil Alienígena” (1977), que coloca em

questão a noção de origem e identidade nacional, e evoca noções de domesticidade e o lugar

da mulher na família; e com o livro de artista “Encontros” (1974), uma espécie de diário sobre

encontros marcantes em sua vida, reais e imaginários, em que aparece com membros de sua

família direta ou com artistas de referência. O emocionante vídeo de Bill Viola, “The Passing”

(1991, 56’), um dos marcos da narrativa visual do século 20, trata da existência, do ciclo de

vida e morte, e inclui imagens do filho recém-nascido, e da mãe, em suas últimas horas de

vida. A videoinstalação “Mother” (2005, 13’30), de Candice Breitz, em seis canais, é composta

de imagens apropriadas de filmes hollywoodianos, e põe em questão estereótipos. De Charif

Benhelima estarão quatro fotografias e seis pequenos textos da série “Welcome to Belgium”

(1990-1999), e o livro de artista “Semites: The Album” (2003-2005), que evocam sua posição

social de órfão de mãe belga e pai de origem marroquina sefardita, em uma sociedade em que

a discriminação é institucionalizada. Em “Semites, ele combina fotografias de álbuns de família

(sua e de outros), fotografias de arquivo e de documentos de identidade, de pessoas de

origem semita – tanto judeus quanto árabes – fazendo alusão não somente a sua própria

origem, como a noções de identidade cultural, e de memória ou esquecimento. Daniel W.

Coburn mostra nove fotografias de 2014 encenadas por membros de sua família, como forma

de representar os altos e baixos da convivência afetiva. Na videoinstalação “Os Raimundos, os

Severinos e os Franciscos” (1998, 4’, e fotografia colorida), Dias & Riedweg abordam o universo

dos porteiros que trabalham em edifícios da cidade de São Paulo, e tratam da noção de família

em sua relação com a identidade cultural, regional, e a imigração. Fábio Morais, em seu livro

de artista “Foto… Bio… Grafia…” (2002), traz uma imagem fotográfica de uma criança, junto a

um homem que talvez seja seu pai, escavada livro adentro, sendo esvaziada de sua história e

evocando a noção de ausência e perda. Em seu vídeo “Trauma” (2000, 30’), Gillian Wearing –

vencedora do Turner Prize de 1997, e detentora da Ordem do Império Britânico (OBE) – traz

depoimentos sobre abuso acontecido dentro do núcleo familiar, gravado em uma microssala,

que faz alusão a um confessionário. A fotoinstalação “amor e felicidade no casamento” (2007),

de Jonathas de Andrade, põe em questão a noção conservadora de casamento e sua

representação de amor e felicidade. As pinturas “Eu, Theo e a Gruta” (2012) e “Gruta para

mamãe” /”Série Florestas Encantadas” (2010) de Leonora Weissmann mostram sua mãe junto

a uma gruta e um autorretrato com seu filho, então bebê, também junto a uma gruta, em

alusão à nossa gênese, à existência, ao que nos é primitivo. Michel Journiac, referência da arte

corporal e performática francesa, discute as relações afetivas e suas disfunções na série de

fotoperformances “L’inceste (O Incesto”)/”Mère-amante Fils-garçon-amant Fils-voyeur” (Mãe-

amante Filho-menino-amante Filho-voyeur), de 1975, de 1972. O coletivo No olho da rua 1995

> 2015 (Julian Germain, Murilo Godoy, Patricia Azevedo e jovens que vivem nas ruas de Belo

Horizonte) apresenta, em forma de jornal, parte do projeto que desenvolve há vinte anos, com

pessoas em situação de rua, resultando em uma outra noção de família e suas relações

afetivas. Na instalação sonora inédita, feita especialmente para a mostra, Ricardo Basbaum

coordena uma oficina em que o grupo de participantes discute o familiar e o estrangeiro. Em

sua segunda apresentação pública, e a primeira fora da Inglaterra, o filme “RAY” (2015), feito

originalmente em 16mm e transposto para digital HD, Richard Billingham – artista finalista do

Turner Prize de 2001 – usa atores para revisitar a vida cotidiana de seu pai alcoólatra e sua

mãe violenta. Rosana Palazyan apresenta a série de desenhos “… uma história que você nunca

mais esqueceu?” (2000/2002), compostos a partir de relatos de menores internos em

instituição penal no Rio de Janeiro, que abordam suas famílias e situações de violência

doméstica e urbana.   Rosângela Rennó apresenta uma seleção de trabalhos da série “Corpo da

Alma. O Estado do Mundo” (2003), compostos de fotografias apropriadas da imprensa, com

intervenções suas, que mostram pessoas que perderam entes queridos em atos de violência

urbana, além de retratos das próprias vítimas. Santu Mofokeng faz a projeção da série de

fotografias “The Black Photo Album – Look at me”, apropriadas de álbuns de famílias negras

prósperas na África do Sul, no final do XIX e início do XX. Sue Williamson registra no

videorretrato “Better lives” (2003, 3’05), feito inicialmente em 35mm e transferido depois para

DVD, imagens posadas de imigrantes que buscaram uma vida melhor na África do Sul e

deixaram suas famílias para trás.Tracey Rose realiza o vídeo “Just What Is It That Makes

Today’s Children So Different, So Appealing?” (2005/2007), em que crianças encenam, como

em uma brincadeira, situações familiares que lhes são comuns, mas que tratam de violência

doméstica, abuso, assistência social, entre outros temas. Victor Burgin, em seu livro de artista

de 1977, trata de como o modelo capitalista afetou e transformou a família através das novas

relações de trabalho. Zanele Muholi documenta casais de mulheres negras na África do Sul, na

série “Being”, de 2007.

 

 

SOBRE A CURADORA

 

Daniella Géo é curadora independente e crítica residente entre Antuérpia, Bélgica, e Rio de

Janeiro. Doutora e mestre em Estudos cinematográficos e audiovisuais pela Sorbonne

Nouvelle-Paris III. Atualmente, é co-curadora da 4e Biennale de Lubumbashi, RDCongo (2015).

Foi co-curadora da 5e Biennale internationale de la Photographie et des Arts visuels de Liège.

Curadorias recentes incluem as retrospectivas Roger Ballen: Transfigurações, fotografias 1968-

2012, MAC-USP (até 27 de setembro de 2015),  MON, Curitiba (2013-2014), MAM-Rio (2012);

Charif Benhelima: Polaroid 1998-2012, Museu Oscar Niemeyer, Curitiba (de 05 de dezembro

de 2015 a 20 de março de 2016), MAC de Niterói (2013). É professora da Escola de Artes

Visuais do Parque Lage, Rio de Janeiro, e conferencista convidada do Hoger Instituut voor

Schone Kunsten, Gent, Bélgica. É curadora associada do Artist Pension Trust, NY.

 

 

SEMINÁRIO

 

O seminário, que terá a presença de, propõe gerar um debate sobre as diversas questões

evocadas pelas obras em exposição, sem se limitar às perspectivas do campo das artes visuais.

“Busca, ao contrário, proporcionar um diálogo entre diferentes campos de saber e, assim,

promover um debate amplo sobre problemáticas atuais relativas à família e relacionar

profundamente arte e vida”, explica Daniella Géo.

 

 

De 01 de agosto a 19 de setembro.

Conversa com a artista

08/jul

A Galeria de Arte Mamute, Centro Histórico, Porto Alegre, RS, convida para a “Conversa com a Artista Patrícia Francisco”, dia 15 de julho, quarta-feira, às 19h. A conversa terá como ponto de partida o processo de criação de “Slide”, sua atual exposição na galeria. Com curadoria de Elaine Tedesco, a mostra apresenta um conjunto de trabalhos que privilegia o uso do vídeo e da fotografia para desenvolver versões do real.

 

 

Sobre a artista

 

Mestrado em Artes – ECA/USP, 2008. Orientação Artística com Carlos Fajardo, São Paulo (2005-2007). Graduada em Artes – IA/ UFRGS. Representada pela Galeria Mamute em Porto Alegre-BR. Artista residente “Programa Internacional de Residências Artísticas”, Fundación ‘ACE, Buenos Aires-AR (2014)  Programa”Obras em Construção”, Casa das Caldeiras, São Paulo-BR (2011). Obras em Coleções: Museu de Arte Contemporânea–MAC (Porto Alegre-BR) Fundação Vera Chaves Barcellos – FVB (Porto Alegre–BR); Videothèque Joaquim Pedro de Andrade – Maison du Brésil – Cité Internationale Universitaire (Paris–FR). Principais Exposições Slide (individual), Galeria Mamute, Porto Alegre/ RS. (junho/2015) De Longe, de Perto, curadoria Angélica de Moraes, Galeria Mamute, Porto Alegre/ RS; Sul-Sur 2014, Espacio de Arte Contemporáneo – EAC, Montevideo, Uruguay ; X Muestra Monográfica de Media Art – Festival Internacional de La Imagen, Manizales, Colombia., 4o Prêmio Belvedere Paraty de Arte Contemporânea (Artista Finalista), Casa de Cultura, Paraty/ RJ;10o Salão de Arte Contemporânea, Marília/ SP; (Prêmio Prata Banco Bradesco); A Inventariante, VIDEOAKT 03 –Bienal Internacional de Vídeo Arte, Barcelona/ES; Entre, curadoria Ana Zavadil, MAC RS, Porto Alegre/RS.

 

 

Quando: 15 de julho – 19h – Rua Caldas Júnior, 377, 3º and.

Patrícia Francisco na Mamute

22/jun

A Galeria de Arte Mamute, Centro Histórico, Porto Alegre, RS, inaugura a exposição “Slide”, da artista Patrícia Francisco. A mostra com curadoria de Elaine Tedesco apresenta um conjunto de trabalhos que privilegia o uso do vídeo e da fotografia para desenvolver versões do real. Patrícia Francisco busca no plano das memórias roteiro para suas criações e explora fotomontagens e fotoperformances para criar séries contaminadas pelo cinema, sobre o futuro decadente da humanidade ou questionamentos sobre os problemas ecológicos na atualidade.

 

 

 

Uma só fotografia não basta

 

 

Patrícia Francisco vem privilegiando em sua produção artística o uso do vídeo para desenvolver versões do real. Há alguns anos cria filmes, documentários autorais nos quais o roteiro é delineado a partir do encontro com o plano das memórias. São filmes que abordam histórias de cegos, lembranças de sua avó, histórias de algumas mulheres ou um diário de sua percepção sobre casas abandonadas na cidade de São Paulo. Em 2012 passou a explorar a fotografia em fotomontagens e fotoperformances para  criar séries contaminadas pelo cinema apresentadas em instalações, como nos trabalhos Eu Como Um Canto; Leonardo; Vetores; Dominó; Antes/ Depois e Sinal Vermelho. Essas séries são o pano de fundo para a exposição na Galeria Mamute, nela expõe conjuntos de fotografias que tematizam a paisagem urbana de duas cidades – Rio de Janeiro e São Paulo. A série Leonardo, exposta na primeira sala, tem como referência um filme de outro autor A Vida de Leonardo da Vinci, de Renato Castelani(1). Tais trabalhos são montados a partir de slides diapositivos. Neles as molduras (dos slides) agem como quadros que contém múltiplos fragmentos do repertório de Leonardo da Vinci – plantas, textos, uma escultura com sua imagem em Milão – misturados a apropriação de imagens e fotografias feitas pela artista em diferentes cidades. Nessas fotomontagens, indo da primeira à terceira, a presença das molduras de slides é mobilizadora da abstração que ganha corpo na medida em que avança do fundo ao primeiro plano. Na mesma sala, em contraponto a esse trabalho, está Antes/ Depois – uma sequencia de diferentes obtenções fotográficas do mesmo objeto, feita ao longo de um mês na praia de Botafogo, RJ., associada a um diálogo ficcional sobre o futuro decadente da humanidade. O assunto do diálogo escrito sobre a imagem narra possíveis transformações que o homem pode vir a ter: – Seremos homúnculos? Pergunta a artista. Já a série Sinal Vermelho, exposta na segunda sala, tem como motivo seus questionamentos sobre os problemas ecológicos na atualidade, nela os opostos beleza e poluição são tratados em um acordo gráfico. Cenas do cartão postal carioca justapostas com imagens em close do lixo que orbita aquela paisagem. A palheta de cores, quase um tom sobre tom (marfim, verde e preto), faz referência a quadros de natureza morta e ao filme O Catador e a Catadora, de Agnés Varda(2). Esse conjunto de obras nos dá a ver tempos e enquadramentos condensados constituindo o material para criação de cenas urbanas e sugerem repensar o futuro.

 

 

Elaine Tedesco

(1) La Vita di Leonardo da Vinci , 1972/ Renato Castellani

(2) Les Glaneurs et la Glaneuse, 2000/Agnes Varda.

 

 

 

 

Sobre a artista

 

 

Mestrado em Artes – ECA/USP, 2008. Orientação Artística com Carlos Fajardo, São Paulo (2005-2007). Graduada em Artes – IA/ UFRGS. Representada pela Galeria Mamute em Porto Alegre-BR. Artista residente “Programa Internacional de Residências Artísticas”, Fundación ‘ACE, Buenos Aires-AR (2014)  Programa”Obras em Construção”, Casa das Caldeiras, São Paulo-BR (2011). Obras em Coleções: Museu de Arte Contemporânea–MAC (Porto Alegre-BR) Fundação Vera Chaves Barcellos – FVB (Porto Alegre–BR); Videothèque Joaquim Pedro de Andrade – Maison du Brésil – Cité Internationale Universitaire (Paris–FR). Principais Exposições Slide (individual), Galeria Mamute, Porto Alegre/ RS. (junho/2015) De Longe, de Perto, curadoria Angélica de Moraes, Galeria Mamute, Porto Alegre/ RS; Sul-Sur 2014, Espacio de Arte Contemporáneo – EAC, Montevideo, Uruguay ; X Muestra Monográfica de Media Art – Festival Internacional de La Imagen, Manizales, Colombia., 4o Prêmio Belvedere Paraty de Arte Contemporânea (Artista Finalista), Casa de Cultura, Paraty/ RJ;10o Salão de Arte Contemporânea, Marília/ SP; (Prêmio Prata Banco Bradesco); A Inventariante, VIDEOAKT 03 –Bienal Internacional de Vídeo Arte, Barcelona/ES; Entre, curadoria Ana Zavadil, MAC RS, Porto Alegre/RS.

 

 

 

Sobre a curadora

 

 

Doutora em Poéticas Visuais pela UFRGS. Participou da 52ª Bienal de Veneza, 2007 e  2ª e 5ª edições da Bienal de Artes Visuais do Mercosul, 1999 e 2005. Projetos individuais 2014. Wispering, mostra de vídeos no Directors Lounge, durante Residência artística em Berlim a convite do Instituto Goethe Porto Alegre. Curadoria: 2014. Neblina: a fotografia no acervo do MAC RS. Coordena a mostra de vídeos Audiovisual sem Destino, Porto Alegre, RS. Coletivas: 2014. Branco de Forma. Pinacoteca do Instituto de Artes, Porto Alegre. Manifesto, desejo poder e intervenção,  Museu de Arte do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS. 2013. Ninhos e o arquivo agora, Porão do Paço Municipal, Porto Alegre, RS. Fazer e desfazer a Paisagem, Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul. 2012 – Transição, Galeria Leme, São Paulo. 2011- Do atelier ao Cubo Branco, MARGS. Museu Sensível, MARGS, Porto Alegre. 2010 – Residência SAM Art Projects, e exposição Parcours Saint-Germain, Paris, França. Coleções Públicas MARGS RS. MAC RS. MAC Paraná. MAM Bahia. Museu de Arte de Brasília. Museo de Arte Latino Americano de Buenos Aires (MALBA). Casa das 11 Janelas. Fundação Vera Chaves Barcelos.

 

 

 

De 26 de junho a 07 de agosto.