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AGENDA CULTURAL

Elizabeth de Portzamparc no Rio

A arquiteta e urbanista Elizabeth de Portzamparc fala no IAB, Beco do Pinheiro, 10, Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, à 18h30, nesta quinta-feira, sobre “Nova Arquitetura, Nova Visão de Mundo”. Autora de projetos de grande porte na França e na China, a carioca radicada em Paris desde 1969 defende uma compreensão cosmológica, em que se considere as inter-relações humanas e as do homem com a natureza. Ela é membro do Comitê de Honra, e uma das porta-vozes, do 27° Congresso Internacional de Arquitetura (UIA 2020), que será realizado em julho no Rio de Janeiro.

 

Com projetos de vanguarda como uma torre-bairro de quase 300 metros de altura em Taiwan, uma Cidade da Ciência em Zhangjiang, coração do Vale do Silício chinês, e o maior centro de documentação europeu em Ciências Humanas e Sociais, na Grande Paris, ela defende novos parâmetros para a arquitetura, de modo a que se considere a cosmovisão, existente tanto nos povos indígenas como nos orientais, de que tudo está interligado, desde os seres humanos entre si como com a natureza e o universo. Ela cita Philippe Descola que sustenta a ideia de que “a separação entre o ser humano e a natureza introduzida pelo racionalismo cartesiano, justifica, há séculos, a destruição feita pelo homem”. Para ela, a arquitetura, “assim como outras áreas criativas, como artes visuais e ciências, começa a dar sinais nítidos de começar a estar afinada com a importância de se considerar o todo, todas as inter-relações”. “Já reconhecemos claramente na física quântica, na história e na antropologia esta visão de mundo, que devemos afirmar mais na arquitetura”, enfatiza.

 

A entrada é gratuita, mas está sujeita à capacidade do auditório.

 

Sobre a palestrante

 

Elizabeth de Portzamparc – Jardim Neves, em solteira – nasceu no Rio de Janeiro, de família mineira ligada a intelectuais e com forte tradição humanista. Em 1969, quando cursava o primeiro ano de sociologia na PUC Rio, foi para Paris, onde continuou seus estudos, em Economia e Sociologia, com pós-graduações em prestigiosas instituições, como seu mestrado em Antropologia e Sociologia Urbana na EHSS (École dês Hautes Étudesen Sciences Sociales – Université Paris V) e pós-graduação em urbanismo no IEDES (Institut d’Études Economiques pour Le Développement Social – Université Paris I). Nos anos 1980, Elizabeth teve enorme destaque no design e na arquitetura de interiores, com repercussão internacional. Sua escrivaninha 24 Heures (1986) foi exposta na Fundação Cartier e por toda a Europa, nos Estados Unidos e no Japão. Para a produção desta escrivaninha, ela conseguiu uma inovação da indústria na época, que produziu lâminas mais finas de MDF (Medium Density Fiberboard) do que então se fabricava. Uma década mais tarde, em 1997, ela criou uma linha de luminárias urbanas e cadeiras que foram todas bastante reconhecidas pela sua eficiência funcional, ergonomia e conforto. A maior parte dos objetos desenhados por ela foram criados dentro do contexto de seus grandes projetos de arquitetura, sendo pensados especificamente para a relação com os espaços que iriam ocupar e animar. Em 1987 ela abriu a Galeria Mostra em Paris, em que organizou exposições temáticas, convidando arquitetos, designers e artistas a criar objetos de acordo com os temas escolhidos para as exposições. Grandes nomes passaram por lá, como Bernard Venet, Arata Isosaki e Jean Nouvel, entre outros. Com os dois filhos já criados, ela passou a se dedicar fundamentalmente a projetos de grande porte, em que tem vencido importantes concursos internacionais, que têm a participação de famosos escritórios de arquitetura. Assim, ela pertence a uma elite mundial da arquitetura de grandes projetos, em que se destaca ainda por ser mulher, em um meio eminentemente masculino.

 

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