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AGENDA CULTURAL

Galatea apresenta Allan Weber na ArtRio

 

 

A apresentação solo de Allan Weber na ArtRio, Marina da Glória, Rio de Janeiro, RJ, entre os dias 14-18 de setembro, vai mostrar um grande conjunto de trabalhos da série “Traficando arte”, na qual o artista traduz e transpõe para objetos, instalações e fotografias, elementos, imagens, situações e narrativas do contexto em que nasceu e vive, a comunidade das 5 Bocas, na Zona Norte do Rio de Janeiro.

 

A realidade das comunidades no Rio de Janeiro é marcada pelo abismo da desigualdade social, pela violência policial e pelas lutas entre facções. Todas essas situações, porém, não devem ser tomadas como definidoras desses locais, mas sim como fatores constituintes. A produção cultural, artística, musical, literária e as manifestações estéticas da moda são potenciais que emergem dessas localidades e também as definem.

 

O tema principal da produção de Allan Weber é justamente essa complexidade, contraditória e em disputa – tanto material como simbólica – das comunidades cariocas e, segundo o artista, seus trabalhos são fotografias, objetos e ações que questionam e tensionam sua relação com elementos de uma classe social marginalizada e discriminada por sua cultura e comportamento.

 

Partindo desses pressupostos, o título da série “Traficando arte” propõe uma subversão da ideia negativa de tráfico de drogas para uma proposição positiva de tráfico de arte, pensada a partir da noção de troca, negócio e diálogo. Ou, nas palavras do artista: “Minha obra fala sobre a geopolítica carioca e a produzo desconstruindo objetos e códigos usados pelo tráfico de forma subjetiva para a criação de novos conceitos.”

 

Nesse sentido, diversos elementos desse cotidiano cercado pelo tráfico, como armas e embalagens para drogas, são transformados e ressignificados por Weber, tanto na série fotográfica “Traficando arte” como na série de armas construídas com câmeras fotográficas usadas ou na série “Endola”, em que a técnica e material utilizado para fazer pacotes com cargas de maconha se tornam objetos geométricos e conceituais.

 

Elementos da cultura visual e musical da favela também são articuladas em trabalhos pelo artista, como a estética dos cortes de cabelo, os chamados “cortes na régua” ou “cabelinho na régua”, que estão presentes de forma simbólica na série “Régua”, onde as lâminas utilizadas para esses cortes são organizadas de forma geometrizada e coladas em telas, criando composições que dialogam diretamente com a tradição construtiva da arte brasileira. Esse diálogo também é explorado por Weber em uma série de trabalhos feitos com colagens de retalhos das lonas utilizadas nas estruturas de coberturas dos bailes funk, normalmente coloridas e geometrizadas.

 

Também serão apresentados esboços do projeto “Dia de baile”, que surgiu a partir do incômodo do artista em sempre ver os bailes funk sendo retratados de forma marginalizada, como locais de violência, ignorando todo o conhecimento ali produzido, bem como a sua função social e cultural nas comunidades onde são realizados. A primeira edição do projeto aconteceu na exposição “Rebu”, em 2021, na piscina do Parque Lage, e levou para o interior de um palacete em estilo eclético do começo do século 20 uma lona típica dos bailes de favela junto com um paredão de caixas de som que foram ativados numa festa. Criou-se, assim, uma fricção estética e social com o ambiente elitista da zona sul carioca, ao mesmo tempo que se buscou apresentar e convidar o público a conhecer essa manifestação musical e cultural que é o baile funk.

 

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