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AGENDA CULTURAL

Obras têxteis e esculturas

31/mai

 

 

A Galeria Luisa Strina, Cerqueira Cesra, São Paulo, SP, apresenta “Desconhecido para o mundo”, de Tonico Lemos Auad, sua quarta individual na galeria. Reunindo um conjunto de obras têxteis de parede e esculturas produzidas com madeira de demolição e dormentes de trem reutilizados, a exposição explora as relações desses materiais com a arquitetura e a paisagem. É central, ainda, na obra de Tonico a noção de “reparo”, abordada tanto por meio dos métodos que emprega na execução das obras em tecido (cerzir, amarrar, desfiar) quanto na escolha da madeira de reuso como matéria-prima das esculturas. Outro importante foco de interesse do artista são as práticas e técnicas artesanais passadas através de gerações, como o bordado e o entalhe em madeira ou pedra; muitas delas à beira da extinção no âmbito da economia global.

 

Entre os trabalhos apresentados está “Desconhecido para o mundo” – escultura que empresta o título à exposição -, formada por quatro vigas de reuso com alturas variadas e posicionadas verticalmente. As peças retêm as marcas do desgaste acumulado em sua vida pregressa e, em algumas delas, o artista adicionou pedaços de linho em tons quentes cuja materialidade contrasta com a solidez da madeira. Além disso, o entalhe sutil realizado pelo artista faz com que esses tocos ora adquiram feições antropomórficas, ora pareçam absolutamente abstratos.  Na última década, o trabalho com a matéria têxtil tornou-se um dos principais eixos da obra de Tonico. O artista trabalha com uma variedade de técnicas e métodos – incluindo tear manual, tricô, crochê, bordado, entre outros -, misturando pontos feitos à mão e à máquina para criar superfícies híbridas onde se mesclam diferentes tradições e saberes ancestrais. Embora o resgate das práticas artesanais tenha uma importância fundamental em sua pesquisa, a subversão das regras do “bom artesanato” é a essência de seu trabalho. A trama e a urdidura do tecido, com sua organização rígida e ortogonal, são desfeitas e desorganizadas por meio da remoção dos fios e subsequentemente reorganizadas por meio do bordado a fim de criar imagens ou padrões integrados ao tecido original.

 

As obras têxteis de parede apresentadas na exposição são em sua maioria executadas em ponto tunisiano, uma forma híbrida entre o tricô e o crochê, e incluem uma variedade de tipos de lãs e linhas que se mesclam nas composições. Nesses trabalhos, Tonico explora uma extensa gama de variações tonais que se tornam visíveis apenas quando os diferentes tipos de linha são colocados lado a lado em imagens semi-abstratas que evocam paisagens noturnas. Além disso, as molduras dessas obras, feitas em madeira roxinho, se tornam parte integral da composição, adicionando mais uma camada de contraste e enquadramento. Reforçam, ainda, que o papel da madeira na prática de Tonico não é nunca de neutralidade. A matéria têxtil aparece também nas cordas confeccionadas pelo artista, utilizadas como material escultórico em sistemas de amarração baseados no shibari, técnica milenar de amarração japonesa originalmente desenvolvida para imobilizar prisioneiros e mais tarde incorporada à cultura do bondage.

 

Em “Desconhecido para o mundo”, Tonico Lemos Auad dá continuidade a uma pesquisa longa e consistente com o tecido e a madeira, produzindo obras nas quais predominam ideias relativas aos saberes artesanais em contrapartida à produção massificada de bens de consumo e ao elogio do reuso e do reparo em oposição à noção de obsolescência programada. Em última instância, são trabalhos que propõem uma temporalidade estendida que vai contra o modelo econômico do capitalismo avançado, apontando, ao contrário, para as dimensões ambientais e psíquicas da cura através do restauro e do reaproveitamento de recursos que encontramos à nossa volta.

 

Sobre o artista

 

Tonico Lemos Auad nasceu em Belém e vive e trabalha em Londres. Seu trabalho explora o significado cultural e pessoal atribuído aos objetos cotidianos. Muitas vezes incorporando noções de paisagem e arquitetura, o trabalho de Tonico subverte as técnicas tradicionais associadas às artes aplicadas. Entre suas exposições individuais recentes encontram-se Unknown to the World (Cample Line, Nithsdale, 2021); Tonico Lemos Auad (De La Warr Pavilion, Bexhill, 2016) e O que não tem conserto (Pivô, São Paulo, 2016). Exposições coletivas recentes incluem a Biennale Gherdëina (Ortisei, Itália, 2020); Sharjah Biennial 13 (Sharjah, 2017); Folkestone Triennial (Folkestone, 2011). Em 2019, foi vencedor do Frieze Stand Prize na Frieze Londres. Seu trabalho está representado em importantes coleções insternacionais incluindo Herbert F. Johnson Museum of Art, Nova York, EUA; Pizzuti Collection, Ohio, EUA; San Diego Museum of Art, California, EUA; West Collection, Pennsylvania, EUA; FLAG Art Foundation, New York, EUA; Santa Barbara Museum of Art, California, EUA; Zabludowicz Collection, Londres, UK; Tate, Londres, UK; Museum of Contemporary Art, Vigo, Espanha; British Friends of the Art Museums of Israel, Israel Museum, Jerusalem, Israel; Pinacoteca de São Paulo, São Paulo, Brasil; e Instituto Inhotim, Brumadinho, Minas Gerais, Brasil.

 

Até 25 de junho.

 

 

Oficina de Colagem Criativa

 

 

Uma oficina de colagem para exercitar o olhar e a criatividade, orientada a partir dos fundamentos do Design. É o que oferece o Instituto Ling, Porto Alegre, RS, em curso ministrado por Renata Rubim. Um encontro para estimular nossa percepção estética para novos ângulos e composições, partindo de técnicas básicas do design de superfícies. Explorando diferentes referências, a designer Renata Rubim parte da discussão sobre como a arte e o design se relacionam e como ambos estão inseridos em nossas vidas, para desenvolver os exercícios que serão realizados em aula. Conforme o interesse de cada um, a produção poderá render diferentes projetos, como pequenos quadros, cartões postais personalizados, capas para um diário ou sketchbook. Os materiais da oficina estão inclusos no valor da inscrição, mas o aluno poderá levar publicações ou revistas antigas que gostaria de usar em suas produções. Uma tarde de experimentação e muita criatividade!

 

Sobre a professora

 

Renata Rubim é designer de superfícies. Suas especialidades são projetos para superfícies de qualquer natureza e a consultoria de cores para indústrias ou construção civil. Autora de “Desenhando a Superfície”, Ed. Rosari – SP (publicação disponível na loja Pra Presente), Renata colabora com a difusão do design em projetos industriais e educativos. Seus projetos a frente do escritório Renata Rubim Design & Cores já receberam diversos prêmios nacionais e internacionais, como o IF Award 2014, premiação alemã entre as mais prestigiadas da área, com o produto cobogó Atoll, e a Stgo. Diseño Bienal Creativa Latino Americana Chile 2011, com a série super popular das necessárias para a marca Coza. Atualmente está envolvida no projeto da rua interna do complexo hospitalar Santa Casa e da praça de acesso ao novo hospital.

 

 

 

 

Ocupação fotográfica

 

Curiosidade, indiscrição ou procura de comunicação? Objeto de uma pesquisa realizada aos longo de 18 meses, “Janelas Indiscretas, eu vejo o que você vê?”, individual de Marilou Winograd, teve início no isolamento decorrente da pandemia. Recolhida, com o universo visual reduzido, a geometria das janelas e a nova geometria dançante que se estabelecia ao anoitecer, com os pequenos pontos de luz piscando na escuridão, aguçaram o olhar da artista. Sob curadoria de Alexandre Murucci, a ocupação fotográfica é produzida por Carlos Bertão e Alê Teixeira e será aberta no dia 11 de junho, sábado, no Centro Cultural Correios RJ.

 

“Numa Copacabana desértica, silenciosa e triste, o apelo do surgir de cada farol aceso aquecia minha solidão à procura de alguma vida pulsando, nas sombras e silhuetas sugeridas. Comecei a fotografar todas as noites em diversos horários estes espaços iluminados, isolados, pequenos universos de calor e energia. Quantas historias e vidas em suspenso, juntas, mas separadas…”, relembra Marilou Winograd.

 

Poltrona, mesinha e dois bancos altos, um em cada janela, farão parte da sala redonda Proa. Serão usadas ao todo 20 ampliações grandes, medindo 100cm x 150cm, além de cerca de 150 fotos menores (30cm x 40cm), que serão sobrepostas. Haverá um ação performática no dia do vernissage.

 

“Em sua crônica de um tempo difícil, Marilou parte de fotos de ambiência hooperniana, onde ausências se transformam em personagens, até chegar em imagens difusas, experimentais, comodamente situadas na tradição fotográfica brasileira, de artistas como José Oiticica Filho e Geraldo de Barros. Quase abstratas, são, não apenas sua abordagem pictórica, mas também seu testemunho existencial, uma potência que reverbera intensamente em sua janela não-discreta. Uma janela que bradou por vida, enquanto a vida ficou suspensa, transmutando-se em arte pelo seu olhar.  Olhar este que nos indaga, humanamente ‘Eu vejo o que você vê?’”, analisa o curador Alexandre Murucci.

 

A palavra do curador

 

A obra de Marilou Winograd sempre foi pautada por atmosferas e memórias. Mesmo quando a subjetividade de sua composição formal se impõe, há um claro “psicologismo” sobre nossa recepção da realidade que propõe. Trabalhando com fotografias e a expansão de suas faturas em objetos e instalações em grande parte do corpo de sua produção, a artista mantém um rigoroso vocabulário plástico, ao mesmo tempo, suave e vigoroso. Na mostra que agora apresenta, Marilou nos traz um compêndio visual que mapeou sentimentos comuns à maioria das pessoas, neste período incomum do que foi a vida durante o período da grande pandemia da era contemporânea – a suspensão de nossas possibilidades de interação social e toda a angústia que isto provocou – globalmente. Neste trabalho, a artista instaura, a partir de sua própria sobrevivência emocional, uma geografia relacional com seu âmbito doméstico – aquilo que seu espaço lhe permitia apreender do mundo exterior, através de sua janela e de seu olhar como opção de comunicação restante, num momento que ficamos aprisionados em nossas circunstâncias.   Na exclusão física imposta, não bastou à artista as ferramentas que o admirável mundo novo nos proporciona.  Sua vontade de estar com o outro, expandiu-se pela procura de gestos, de vivências, de acenos possíveis, vistos da janela de seu apartamento, pairando por sobre uma Copacabana desértica, seu único canal de resiliência. De respiro! Num clássico da cinematografia universal “Janela Indiscreta”, de meados do século XX, o personagem principal, vivido por Jimmy Stewart, seguia na observação solitária, preso na incomunicabilidade de sua vida, refletindo a ansiedade e desconexão de nossos tempos, que já se estruturava no horizonte, com a difusão da TV e que hoje, potencializada pela vida digital, tornou-se o padrão de nossas relações. Aquilo que o sociólogo David Riesman chamou apropriadamente de “a multidão solitária”, pois já em seu livro de 1950, deferiu que a sociedade contemporânea tinha sido atomizada e cada vez mais seria caracterizada por pessoas vivendo entre si, mas à parte umas das outras. Porém, diferente da observação fria da trama policialesca do filme, o olhar da artista é empático, solidário… Foi, através do registro poético, sua forma de manter seu lugar no mundo.  E naquilo que sua sensibilidade transformou em urgência de expressão, nos brinda com uma abordagem documental desta experiência humana conjunta, que ainda será visitada muitas vezes, à luz da história. Neste percurso primordial, de procura pela vida que transbordava por frestas, luzes, sombras, salas, varandas e silêncios, Marilou vai desenvolvendo um tratado plástico, interagindo em nossa percepção, até que as imagens, à priori presas à realidade emoldurada por geometrias sensíveis, se diluam ao explodirem em movimentos de cores e formas de um repertório expressionista. Fauvista, poderíamos dizer. Isto, que de outra forma, se apresentaria como um desenvolvimento de autoralidade sobre o trabalho, é ainda mais tocante, por confidenciar que sua percepção atual do mundo, passa por um processo de acomodação sensorial, após algumas intervenções oftalmo-cirúrgicas que sofreu.   Ao nos trazer, em algumas imagens, aquilo que por vezes é seu limite de apreensão visual do mundo, ela nos dá oportunidade de um exemplo mais amplo de empatia, nos proporcionando o lugar do outro – a alteridade do “Em-si (en-soi)”/”Para-si (pour-soi)”, como colocou Sartre, em contraponto com os limites descarteanos da existência solitária do homem.

 

Sobre a artista

 

Nascida no Cairo, Egito, Marilou Winograd chega ao Brasil, no Rio de Janeiro, em 1960. Formada em Artes no CEAC (Centro de Arte Contemporânea), IBA (Instituto de Belas Artes) e EAV (Escola de Artes Visuais) do Parque Lage, no Rio de Janeiro, Brasil. Participou de exposições individuais e coletivas, congressos e seminários no Brasil e no exterior (1971/2022). É uma das curadoras do projeto Zona Oculta – entre o público e o privado, com 350 artistas mulheres (2004/2014), do projeto Acesso Arte Contemporânea, com 179 artistas visuais (2011/2022) e de várias coletivas, ocupações e convocatórias. Em 2004, publicou o livro “O Silêncio do Branco”, relato visual de sua viagem à Antártica, num contraponto com a sua obra. Entre os países onde já expôs, além do Brasil, estão: França (Paris), Alemanha (Berlim e Colônia), Argentina (Buenos Aires), Itália (Roma) e Portugal (Lisboa).

 

Visitação: de 14 de junho a 23 de julho.

 

 

Mostra inédita para o Museu Judaico

30/mai

 

 

O Museu Judaico de São Paulo apresenta “Botannica Tirannica”, mostra inédita concebida pela artista e pesquisadora Giselle Beiguelman onde ela investiga a genealogia e a estética do preconceito embutidos em nomes populares e científicos dados a plantas. Por exemplo, Giselle Beiguelman observa a lógica em que palavras como virginica, virginicum e virgianiana são comumente utilizadas para designar flores brancas.

 

A pesquisa realizada durante um ano e meio permitiu reunir centenas de plantas cujos nomes Giselle Beiguelman organizou em cinco grupos: antissemitas, machistas, racistas, e discriminatórios com relação a indígenas e ciganos (uma palavra contestada por associar grupos como roma e sinti a trapaça e roubo). Em conjunto com seu “Jardim da resiliência”, que ocupa as áreas externa e interna do Museu e onde são cultivadas espécies dotadas de nomes ofensivos e preconceituosos, na série “Flora mutandis” a artista cria com a inteligência artificial seres híbridos, plantas reais e inventadas, em um jardim pós-natural.

 

A mostra também conta com obras do artista convidado Ricardo Van Steen, que produziu sete aquarelas inéditas, de estética naturalista e científica, em que retrata jardins imaginários a partir de cada um dos grupos de pesquisa.

 

Até 18 de setembro.

Fonte: artebrasileiros

 

A diversidade artística africana hoje

 

 

O curso inaugural da Escola do MAB apresenta um panorama contemporâneo do trabalho de oito artistas mulheres, originárias de distintas regiões do continente africano – Magdalena Odundo (Quênia), Julie Mehretu (Etiópia), Sue Williamson (África do Sul), Jane Alexander (África do Sul), Ghada Amer (Egito), Toyin Ojih Odutola (Nigéria), Colette Omogbai (Nigéria) e Peju Laiywola (Nigéria).

 

Da cerâmica à pintura, da performance à instalação, da fotografia ao vídeo, suas obras abarcam múltiplas linguagens e revelam a diversidade da produção artística africana hoje. Ao longo de oito aulas, iremos comentar os trabalhos dessas artistas, sempre amparadas pelos seus contextos histórico e sociais de produção.

 

Será emitido certificado.

Ministrantes

Emi Koide, Sabrina Moura e Sandra Salles.

Coordenação: Sabrina Moura.

Investimento

Curso completo: R$ 240,00

Descontos: estudantes, professores e maiores de 60 anos têm 10% de desconto.

Período

De 30/05 a 18/07 das 19h às 21h.

Duração de cada aula: 2h

Duração total do curso: 12h

​Modalidade: online – Plataforma Zoom

 

Novidades no Inhotim

27/mai

 

 

O Instituto Inhotim, em Brumadinho, MG, vai inaugurar obras e exposições temporárias. O próximo dia 28 marca a abertura da temporada, que traz Isaac Julien, importante nome nos campos da instalação e do cinema, que foi convidado a expor um de seus trabalhos mais emblemáticos na Galeria Praça. O Acervo em Movimento, programa criado para compartilhar com o público as obras recém-integradas à coleção, inaugura com trabalhos dos artistas brasileiros Arjan Martins e Laura Belém, ambos instalados em áreas externas do instituto. Jaime Lauriano também integra a lista dos artistas participantes da programação, e abre o projeto  Inhotim Biblioteca, que vai convidar, anualmente, artistas e pesquisadores que estabeleçam diálogos com a biblioteca do instituto. A instalação do artista mantém relação direta com o Segundo Ato do projeto Abdias Nascimento e o Museu de Arte Negra (MAN), ao propor a curadoria de uma nova bibliografia que contempla autores negros para integrar o acervo da biblioteca do Inhotim.

 

Instalado na Galeria Mata, o Segundo Ato do projeto, realizado, assim como o Primeiro Ato, em curadoria conjunta entre Inhotim e Ipeaafro, aborda o Teatro Experimental do Negro, movimento encabeçado por Abdias Nascimento, e que está nas origens do Museu de Arte Negra. As inaugurações são parte do Território Específico, eixo de pesquisa que norteia a programação do Instituto Inhotim no biênio de 2021 e 2022, pensada para debater e refletir a função da arte nos territórios a níveis local e global, e também a relação das instituições com seu entorno, mirando os desdobramentos de um museu e jardim botânico como o Inhotim.

 

Em um trabalho que une poesia e imagem, Isaac Julien parte de uma exploração lírica sobre o mundo privado do poeta, ativista social, romancista, dramaturgo e colunista afro-americano Langston Hughes (1902 – 1967) e seus colegas artistas e escritores negros que formaram o Renascimento do Harlem – movimento cultural baseado nas expressões culturais afro-americanas que ocorreu ao longo da década de 1920.

 

A obra foi dirigida por Julien na época em que era membro da Sankofa Film and Video Collective, e contou com assistência do crítico de cinema e curador Mark Nash, que trabalhou no arquivo original e pesquisa cinematográfica.  A investigação sobre personalidades proeminentes do século 20, como Langston, é uma constante na obra de Isaac Julien. O artista se debruça sobre a vida destas figuras a fim de revisitar as narrativas históricas oficiais.

 

Nome seminal da arte contemporânea, Julien nasceu em 1960 em Londres, onde vive e trabalha, e utiliza em sua obra elementos provenientes de disciplinas e práticas variadas, como o cinema, a fotografia, a dança, a música, o teatro, a pintura e a escultura, integrando-os em instalações audiovisuais, obras fotográficas e documentários. São latentes nas obras de Arjan Martins conceitos sobre migrações e outros deslocamentos de corpos e presenças entre espaços de luta e poder, e ainda as diásporas e os movimentos coloniais que se deram em territórios afro-atlânticos.  Na instalação de “Birutas” (2021) – apresentada no caminho entre a obra “Piscina” (2009), de Jorge Macchi e “A origem da obra de arte” (2002), de Marilá Dardot – Arjan expõe aparelhos destinados a indicar a direção dos ventos, que se fundem às bandeiras marítimas e seus códigos internacionais para transmitir mensagens entre embarcações e portos.  “Na fusão desses dois elementos, birutas e bandeiras náuticas, Arjan trata do trânsito de corpos através dos oceanos, do tráfico de pessoas escravizadas e das diásporas causadas pelos movimentos coloniais”, explica Douglas de Freitas, curador do Inhotim.

 

Fonte: Diário do Comércio

 

 

Pinacoteca SP e Coleção Ivani e Jorge Yunes

 

 

A Pinacoteca de São Paulo, museu da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, apresenta, de 04 de junho a 04 de julho, um conjunto de cinco obras inéditas dos participantes do programa de comissionamento artístico “Atos Modernos”. A mostra é um dos resultados do projeto homônimo realizado com a Coleção Ivani e Jorge Yunes. Em vigor desde 2021, a parceria tem se voltado a fomentar a pesquisa e o diálogo artístico entre as duas instituições, ampliando as pontes para projetos de curadoria. Em um modelo inédito no país, o museu passou a receber um aporte financeiro da Coleção Ivani e Jorge Yunes para a contratação de um curador, Horrana de Kássia Santoz, que trabalhando na Pinacoteca, pode desenvolver uma produtiva pesquisa e contribuir com a programação no museu, como a exposição “Atos Modernos”, que estimula e incentiva a produção de jovens artistas do Brasil.

 

“A Pinacoteca conta com uma grande experiência em convidar artistas a desenvolver obras especificamente para os espaços da Pina. Com este projeto, ampliamos esta prática de comissionamento para novos campos da produção e pesquisa artística contemporânea”, afirma Jochen Volz, diretor geral do museu. A seleção de artistas feita pela Curadora de Pesquisa e Ação Transdisciplinar Coleção Ivani e Jorge Yunes, Horrana de Kássia Santoz, conta com Castiel Vitorino Brasileiro, Mitsy Queiroz, Luciara Ribeiro, Olinda Wanderley Tupinambá e Charlene Bicalho.

 

Sobre a exposição

 

A exposição “Atos Modernos” estará organizada entre o edifício da Pinacoteca Luz, que receberá quatro trabalhos, e o da Pinacoteca Estação. Segundo Horrana, as obras procuraram discutir aspectos da modernidade na produção e no pensamento contemporâneo. “Em um ano de marcos importantes, como as eleições, o centenário da semana de 22 e o bicentenário da independência, tratar das contradições e das memórias que nos constituem torna-se urgente”, completa. O grupo de artistas já trabalhava com pesquisas sobre memórias e acervos, temporalidades e ancestralidades. Com duração de um ano, o programa comissionou esses trabalhos inéditos e cada um dos selecionados ganha espaço na programação pública da Pinacoteca para realização de produções presenciais ou transmitidas nas plataformas digitais do museu.

 

Fonte: RG Uol

 

Finissage da mostra de Victor Arruda

26/mai

 

 

 

A Belizário Galeria, Pinheiros, São Paulo, SP, por ocasião do finissage da mostra “Babado e Confusão”, recebe neste sábado, 28 de maio, das 16h às 18h, para uma conversa o artista Victor Arruda, o curador da exposição Marcus Lontra e, como convidados, o artista visual Francisco Hurtz e a historiadora, crítica e curadora Daniela Bousso. Nesse encontro, vão falar da arrojada e longa trajetória de 50 anos do artista e sua coragem e ousadia em destacar assuntos importantes, mas incômodos, para a sociedade.

 

Ao contrário do que podem sugerir os temas escolhidos pelo artista, para essa exposição, os trabalhos não são agressivos nem com caráter sombrio. Suas telas são compostas de uma profusão de cores e figuras, traços incomuns mas que trazem mensagens fortes e necessárias. “O mundo contemporâneo explode nas telas de Victor Arruda”, define o curador. A pintura permite que o artista critique conscientemente suas angústias através dos registros de seu inconsciente. “Ela dialoga com as vertentes marginais do modernismo; abraça despudoradamente a arte popular, o grafite, a linguagem visual urbana anônima, e introduz soluções estéticas de extrema sofisticação” explica Marcus Lontra.

 

Com sua maestria no domínio das técnicas artísticas, Victor Arruda mostra, desde os anos de 1970, exemplos de racismo, homofobia e segregação social. Enquanto o artista, Marcus Lontra e Daniela Bousso conversam sobre os anos vividos, Francisco Hurtz oferece a visão atual, presente, da reação pública à arte engajada. O mestre Victor Arruda é enfático em suas denúncias sem nunca esquecer de embalá-las em ironia e cor.

 

***transmissão simultânea pelo Instagram @belizariogaleria

 

 

A obra impactante de Berna Reale

25/mai

 

 

A Nara Roesler São Paulo, SP, apresenta “Agora: Right Now”, individual de Berna Reale com curadoria de Claudia Calirman. A mostra abre ao público dia 28 de maio e permanece em exibição até 23 de julho. Berna Reale é conhecida por sua prática performática de contundente discurso político. Nesta exposição apresenta um novo corpo de trabalho, entre fotografias, instalações e, pela primeira vez, pinturas.

 

Agora é uma palavra que comunica a urgência, convocando nossa atenção para os acontecimentos do presente, assim, a escolha do título da terceira individual de Reale na Nara Roesler visa ressaltar a ideia de atualidade. Para isso, Berna Reale busca na linguagem da moda, em suas cores e abordagens publicitárias, as formas para comunicar o modo como a mídia contemporânea lida com a violência. Assim como as passarelas e revistas ditam tendências que serão superadas instantes depois, os veículos de comunicação passam de um crime a outro, sempre com imagens impactantes a serem consumidas pelo público. Por outro lado, a mostra nos lembra que o tempo da violência é também o tempo presente, tendo em vista que, a cada instante, em algum lugar do mundo, alguém é vítima de alguma forma de agressão. Observando isso, Reale criou uma série de fotografias que poderiam facilmente estar em publicações de moda e outdoors, se não fosse a estranheza dos acessórios que elas parecem anunciar, tais como algemas, em Cabeças raspadas (2022), e tornozeleiras eletrônicas, em Ligadas (2022) e Acorda Alice (2022). Apesar de serem imagens construídas pela artista, Reale não visa celebrar ou estetizar ações abomináveis, justamente por compreender os riscos da banalização da violência. Na realidade, para revelar seus efeitos, apontar os algozes e evidenciar os modos como a violência é fetichizada e espetacularizada na cultura, a artista recorre muitas vezes à alegoria como estratégia, construindo imagens cuja força reside justamente na abertura de sentidos possíveis e na abrangência com que lida com o tema da violência. Em uma das salas da galeria, revestida – das paredes ao chão – de prateado, encontram-se seis pinturas à óleo sobre chapas de metal, portando representações de corpos violentados. Essas pinturas de Reale são, nas palavras da artista, “sobre a realidade, sem serem realistas”. A artista não está preocupada em representar a violência tal como ela a encara em seu trabalho como perita criminal no Centro de Perícias Científicas Renato Chaves, em Belém, mas de recriá-la de modo a evidenciar a ambiguidade de nossa relação com essas imagens. Como os títulos dos trabalhos apontam – Olhe para mim, Ela disse não, e Desistir, para citar alguns – essas pinturas instauram o fascínio e o horror, o desejo e a abjeção. Reale também apresenta, uma instalação que, assim como O tema da festa (2015), joga com a ambiguidade entre a celebração e a violência. A artista constrói uma mesa, sobre a qual estão dispostas diversas formas de bolo de metal, em diferentes tamanhos e formatos. A superfície imaculada do metal, contudo, é marcada por perfurações que criam representações de armas brancas, criando riscos e reentrâncias que são rastros de gestos agressivos capazes de modificar, de modo incontornável, o material. Em especial, Reale se debruça sobre temas que lhe são caros: a violência contra identidades subalternizadas em nossa sociedade, como o feminicídio e a lgbtfobia, sem, contudo, se restringir à elas. O que interessa à artista é, por fim, nos retirar do estado de indiferença disseminado pela banalização da mídia. Suas imagens provocadoras têm o poder de nos perturbar e nos acompanhar, mostrando a urgência de lidar com as políticas da violência do presente. Como sintetiza a curadora Claudia Calirman “Ao disparar contra diversas formas de injustiças sociais, o trabalho de Berna Reale tem uma mira certeira. Criando situações limite, sua obra é lúdica ao mesmo tempo em que beira o absurdo causando espanto e desconcerto. O tempo retratado por Reale na exposição Agora: Right Now é o presente impregnado da violência que está em todo lugar, profanando e devastando o aqui e agora.”

 

Sobre a artista

 

Berna Reale é uma das artistas mais importantes no cenário brasileiro atual, sendo reconhecida como uma das principais expoentes da prática de performance no país. Reale iniciou sua carreira artística no começo da década de 1990. Seu primeiro trabalho de grande impacto, Cerne (25º Salão Arte Pará, 2006), intervenção fotográfica realizada no Mercado de Carne do Complexo do Ver-o-Peso, conduziu a artista ao Centro de Perícias Renato Chaves, onde passou a trabalhar como perita a partir de 2010. Desde então, Reale tem explorado seu próprio corpo como elemento central da produção de suas performances, fotografias e vídeos. Seus trabalhos, marcados pela abordagem crítica aos aspectos materiais e simbólicos da violência e aos processos de silenciamento presentes nas mais diversas instâncias da sociedade, investigam a importância das imagens na manutenção de imaginários e ações brutais. A potência de sua produção reside na contraposição entre o desejo de aproximação e o sentimento de repulsa, ressaltando a ironia que resulta da combinação entre o fascínio e a aversão da sociedade pela violência. A fotografia, nesse contexto, desempenha um papel fundamental. Ela não é apenas o meio de registro de suas ações, capaz de perpetuá-las, mas um desdobramento de seu processo de criação.

 

Francisco Sobrino na Dan Galeria

 

 

A Dan Galeria, Jardins, São Paulo, SP, anuncia a representação do artista Francisco Sobrino (1932 – 2014). Para celebrar este momento, promove a abertura da exposição “Francisco Sobrino, Estrutura Modular e Luz”, primeira individual do artista no Brasil. Com curadoria de Franck James Marlot, a mostra contará com esculturas, pinturas e serigrafias que datam do final dos anos 1950. Será lançado nesta ocasião, o livro “Francisco Sobrino”, uma co-edição da Dan Galeria que conta com textos de Matthieu Poirier, Marjolaine Lévy e Alfonso de la Torre. A Dan Galeria, gradece à Celia, Delia e Daniel Sobrino, filhos do artista, pela possibilidade de realização dessa parceria, um projeto que foi desejado ansiosamente para dividir com o público apreciador de arte.

 

Sobre o artista

 

Nascido em Guadalajara, Espanha, participou do grupo GRAV (Paris, 1961), que desenvolveu a pesquisa estética ligada a arte ótica, cinética e interativa. Entre os artistas pertencentes ao movimento estavam Julio Le Parc, Horacio Garcia Rossi, François Morellet, Joël Stein e Yvaral Vasarely. Francisco Sobrino participou de diversas exposições importantes como a 36ª Bienal de Veneza de 1972, a 3ª Documenta Kassel, de 1964, e a mostra “Responsive Eye”, no MoMA, em 1965. Além de ter obras pertencentes a acervos institucionais como Beacon Collection (Boston, United States), Fondazione Peggy Guggenheim (Venezia, Italia), Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía (Madrid, España), Musée national d’art moderne – Centre Georges Pompidou (Paris, France), Museo de Arte Contemporáneo (Madrid, España), Musée Tamayo (Ciudad de México, México), Tate Modern entre outros. Em 2015 foi inaugurado o Museo Francisco Sobrino em sua cidade natal (Guadalajara, Espanha), que abriga obras representativas da trajetória do artista.

 

Até 30 de julho.

 

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