Olá, visitante

AGENDA CULTURAL

Hugo França, galeria em Trancoso

13/jul

 

 

Criada para receber exposições contemporâneas e de design, Galeria Hugo França, Trancoso, Bahia, será inaugurada no dia 15 de julho com mostra de obras inéditas do artista.

 

 

Ocupando 300 metros quadrados, em meio à Mata Atlântica, para viver, respirar e inspirar arte.  Hugo França abre suas portas recebendo a exposição “A escultura e o mobiliário na produção de Hugo França”, onde dezenas de obras, com muitos pontos que as diferem, dialogam e refletem pontos divergentes e convergentes, sempre com a natureza viva como ponto de união.

 

 

O projeto é grandioso, como as obras do artista, e tem planos ainda maiores para o futuro. A Galeria Hugo França começou a sair do papel no último ano, quando a usual ponte aérea São Paulo-Trancoso deixou de ser parte da rotina e levou o artista a fazer do destino baiano sua morada. Quase como uma atividade terapêutica, a calmaria dos dias ensolarados ganhou agito com a idealização, detalhamentos e construção do espaço.

 

 

Instalado a 10 km do Quadrado, conhecido ponto da região, em uma área de 50 mil metros quadrados, dos quais 20 mil são de pura Mata Atlântica, a localização faz da visita à galeria um verdadeiro circuito turístico, já que fica situada exatamente entre Trancoso, Caraíva e Porto Seguro.

 

 

O projeto, concebido por Hugo França, foi pensado com estética brutalista e formas geométricas para estabelecer um pano de fundo, tanto para a área externa que é cercada por uma vegetação exuberante, como para garantir a neutralidade da área interna. Com pé direito de 9 metros, o local traz grandes vãos abertos, onde luz, ventilação e natureza interagem. Mas os planos vão ainda mais longe. Além de um formato independente de parcerias com outras galerias para receber mostras e artistas, futuramente, serão construídos chalés que servirão de abrigo para residências artísticas, tornando a Galeria Hugo França um hub de criação, arte e autoconhecimento. Algumas fronteiras separam. Outras funcionam como um diálogo que provoca uma reflexão sobre os dois lados. Em muitos casos, elas despertam o interesse pela busca por um ponto em comum e acabam evidenciando diferenças e similaridades que transformam muros em linhas tênues. Em meio às formas, utilidades claras e inutilidades propositais, a mostra é um convite ao diálogo.

 

 

A palavra do artista

 

 

Mais do que um local de exposição, idealizei a galeria como um convite para uma experiência de arte. De um lado, as obras, de outro, a natureza que tanto me inspira. Também é possível fazer uma visita ao meu atelier e acompanhar parte do processo de criação, além de conhecer o local onde ficam as madeiras com as quais trabalho, verdadeiras relíquias que resgatamos com muito respeito e cuidado. Essa exposição é uma oportunidade de colocar as pessoas frente a frente com esses dois universos criativos que estão muito presentes nas minhas obras. A funcionalidade de uma peça a torna um mobiliário, mas não a impede de protagonizar um ambiente com seu apelo escultórico. Uma escultura, aparentemente, não tem função, mas seria muita injustiça fazer essa afirmação, já que faz total diferença em uma ambientação.

 

 

Sobre o artista

 

 

Hugo França nasceu em Porto Alegre, RS, em 1954. Em busca de uma vida mais próxima da natureza, mudou-se para Trancoso, na Bahia, no início da década de 1980, onde viveu por 15 anos. Lá, percebeu o grau de desperdício na extração e uso da madeira, vivência que pautou seu trabalho. Artista muito requisitado, suas esculturas constam no acervo de grandes museus nacionais e internacionais.

 

 

Sobre a Exposição “A escultura e o mobiliário na produção de Hugo França”

 

 

A inauguração da Galeria Hugo França e a visitação à exposição “A escultura e o mobiliário na produção de Hugo França” respeitarão as normas sanitárias e poderão ser feitas de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h. Em julho, mês inaugural, as visitas também poderão ser conduzidas pelo próprio Hugo França, mediante agendamento.

 

O Círculo e seus Significados

09/jul

 

 

Ecila Huste apresenta nova exposição, a partir de 15 de julho, na Sala Redonda do terceiro andar do Centro Cultural Correios, Centro, Rio de Janeiro, RJ. Ao receber o convite para expor nesta sala, a artista, que é representada pela Duetto Arts New York, resolveu criar um site specific, um painel feito de tiras de tecido de várias cores, previamente grafitadas e trançadas, formando uma pintura com relevo que vai abraçar o diâmetro do espaço e tem cerca de vinte metros de comprimento.

 

 

“É muito instigante criar uma obra para uma sala circular”, diz Ecila, “pois o círculo é uma forma geométrica muito bonita e, além de representar a unidade, é também símbolo de perfeição, inteireza, completude, a totalidade, o infinito.  Essa forma sempre existiu na natureza e está presente no miolo de uma flor, nos ninhos dos pássaros, em algumas espécies de frutos, na concha de um caracol, na íris dos olhos e também em cada movimento cíclico, como as estações do ano e o movimento do sol e da lua”.

 

 

Ecila Huste vem desenvolvendo há vários anos um trabalho de pintura que ela chama de entrelaçamento – de cores, de formas, de fios, de gestos e de percursos.  Dentro deste conceito da não separação, que é milenar, tudo no universo está interligado, formando uma unidade.

 

 

A palavra do curador Ruy Sampaio

 

 

Sabem todos que, nas culturas orientais, as mandalas apontam para a perfeição, seja na tese do Eterno Retorno, do Vedanta, seja na diluição dos pares de opostos, que levaria ao sartori, dos budistas. Portanto, não é somente a bem achada maneira de vencer o desafio de um espaço circular pré-existente que leva Ecila Huste a conformar a ele esses relevos que agora o preenchem – a opção pelo círculo aqui diz mais. Ela o faz sob uma exigência estética irretocável, mas atenta a um rico feixe de significados que, histórica e antropologicamente, perpassam aquela metáfora milenar. E aqui transparece a Ecila também psicóloga de profissão. Ao vir da pintura plana para o universo tridimensional do relevo a artista guarda todos os valores de um desenho limpo e refinado que um dos seus mestres – ninguém menos que Aluisio Carvão – um dia chamou de precioso. Por entre suas tramas as cores amorosamente se enlaçam como aquelas do poema de Drummond, na continuidade fluente de um cromatismo único que já dantes nos seduzia em suas telas.  Deliberadamente os fios que enfeixam os diversos momentos dessa pintura tão integradamente objetual permanecem aparentes como se a artista os quisesse um testemunho da elaborada manualidade de sua artesania.

 

 

O processo de criação 

 

 

A princípio, Ecila Huste começou trabalhando com guache. Depois veio a aquarela, mais tarde a tinta acrílica, técnica mais explorada ultimamente. Ecila sempre foi atraída pelos grandes espaços, o que acabou influenciando o tamanho das telas, que foi pouco a pouco aumentando, até chegar a uma obra de dez metros de comprimento por um metro e sessenta de largura. Em sua pintura as cores e formas se entrelaçam o tempo todo, como uma teia, por toda a extensão de suas obras. O trabalho final é quase sempre exuberante em cor e tem um grau de movimentação incessante.

 

 

Sobre a artista

 

 

Artista visual carioca, Ecila Huste atua no campo das artes plásticas desde 1981. Sua formação artística passa pela Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV), Museu de Arte Moderna (MAM) e Centro de Arte Contemporânea, no Rio de Janeiro, Brasil. Participou de inúmeras exposições no Brasil e no exterior, com destaque para individuais realizadas no Centro Cultural Correios (2018), Casa de Cultura Laura Alvim (RJ-2003), Museu Nacional de Belas Artes (RJ-1997), Centro Cultural Candido Mendes (RJ-1994), Centro Cultural CEMIG (MG-1994), Universidade Federal de Viçosa (MG-1994), Museu do Telefone (RJ-1993), Palácio Barriga Verde (SC-1993), Sala Miguel Bakun (PR-1992) e Espaço Cultural Petrobrás (RJ-1985). Ecila Huste é artista da Duetto Arts New York e faz parte do coletivo Zagut no Rio de Janeiro. Trabalha com pintura, fotos, objetos e gravura digital. A artista trabalha e reside no Rio de Janeiro.

 

 

Até 28 de agosto.

 

Despedida (Farewell)

Depois de quase uma década como diretora da Bergamin & Gomide, anuncio que a partir de agosto não farei mais parte do quadro de sócios da galeria.

 

 

Foram anos de muita dedicação, trabalho e realizações dos quais me orgulho muito. Desde a concepção até a galeria tornar-se o que é hoje, organizamos inúmeras exposições, feiras e projetos, nacionais e internacionais, tudo com o intuito de contribuir e ajudar a desenvolver o nosso panorama cultural.

 

 

A Bergamin & Gomide é uma história que deu muito certo e que agora viverá um novo capítulo. As mudanças são parte da nossa trajetória, e a minha jornada na galeria foi excepcional, me trouxe até aqui, onde hoje fecho um ciclo para começar uma nova etapa.

 

Nada disso seria possível sem a colaboração de tantas pessoas, e por isso, quero agradecer: primeiramente a minha equipe, dos mais novos contratados aos que estão conosco desde o começo. Tive a sorte de sempre poder contar com pessoas mais do que competentes, que vestem a camisa e tanto acrescentam. O convívio diário com vocês me fez crescer e aprender muito com as nossas trocas. A todos que fazem e fizeram parte da história da galeria até aqui, o meu muito obrigada. E aos parceiros e clientes, sem os quais não teríamos chegado onde estamos hoje, meu reconhecimento. Serei sempre grata por todos esses momentos compartilhados com tanta gente querida.

 

 

Não poderia deixar de agradecer ao meu parceiro, Thiago. Sem o vigor que ele traz todos os dias, a galeria não teria chegado onde está. Hoje confio esse projeto de vida à custódia dele, com a segurança de que a galeria continuará inovando e apresentando projetos que têm a nossa cara. Mesmo de longe, continuo torcendo muito pelo seu sucesso.

 

 

Continuaremos próximos e estarei sempre disponível. Meu e-mail pessoal é aobergamin@gmail.com e meu celular +55 (11) 99269-6374. Me assegurei de que todos os assuntos em andamento estejam finalizados antes do meu desligamento completo.

 

 

Me disseram uma vez que “o que a vida precisa da gente é coragem”, e é com ela que pretendo encarar o futuro, cheia de projetos dos quais darei mais notícias em breve.

 

 

Obrigada, obrigada, obrigada!

 

 

Antonia

 
 

After nearly a decade as the director of Bergamin & Gomide, I announce that, as from August, I will no longer be part of the gallery’s board.

 

 

I am very proud of this years of dedication, work and achievements we accomplished together. From the gallery’s conception to what it has grown into, we have trailed a long path – organizing numerous exhibitions, fairs and national and international projects, all of which contributed and helped to foster Brazilian culture.

 

 

Bergamin & Gomide is a film with a happy ending that now enters a spinoff. Changes are part of our trajectory and my journey in the gallery was exceptional – it brought me here and today I close a cycle to start a new phase.

 

 

None of this would ever be possible without the collaboration of so many people and for all of them I am grateful: firstly to my team; from the newest members to those who have been with us since the beginning. I was lucky to always be able to count on competent people, who had so much to add. Our daily routine made me grow and I have learned a lot from our exchanges. To all who are and have been part of the gallery’s history, my appreciation. And to all of our colleagues and customers, without whom we would not be where we are, my acknowledgment. I will always cherish these moments shared with so many dear people.

 

 

I couldn’t, obviously, not mention my partner, Thiago. Without his day-in-day-out vigor the gallery would not have become what and where it is now. Today, I entrust this life project to his custody, with the certainty that the gallery will continue to innovate and present projects that have both our essence. From afar, I will continue to root for his success and the gallery’s.

 

 

We will remain in contact and I am always available. My personal email is aobergamin@gmail.com and my cell phone +55 (11) 99269-6374. We will make sure that all ongoing matters are finalized before I leave.

 

 

I was once told that “life requires courage” and I intend to face the future with it in mind – that and many projects, about which you will know more soon.

 

 

Long live Bergamin & Gomide!

 

 

Antonia

 

 Na Japan House

07/jul

 

A nova exposição da Japan House, Avenida Paulista, São Paulo, SP, apresenta as janelas como elementos fundamentais da   sociedade japonesa, além de ser ponto focal da representação da coletividade em tempos de Pandemia.

 

 

Depois de ser exibida na Japan House Los Angeles, a exposição inédita “WINDOWOLOGY: Estudo de janelas no Japão”, fica em cartaz até 22 de agosto com entrada gratuita. Tendo como ponto de partida o papel das janelas no design, na construção das relações sociais, nas artes, na arquitetura e na literatura, a exposição foi concebida pelo Window Research Institute, instituição japonesa que realiza pesquisas em torno deste elemento que, à primeira vista pode parecer ter um papel simples no cotidiano, mas que se torna imprescindível, principalmente em momentos de reclusão social como o que o mundo vive atualmente. Por meio de nove categorias, a exposição propõe diversas leituras sobre a representação da janela nos processos artesanais, em produções audiovisuais, na construção das casas de chás, na arquitetura contemporânea, nos mangás, nas suas diferentes aplicações nos diversos ambientes japoneses e seus múltiplos formatos, que foram se refinando e se adaptando às necessidades das diferentes culturas ao longo da história.

 

Em cartaz no segundo andar da instituição, a “WINDOWOLOGY: Estudo de janelas no Japão” explora a janela por meio de desenhos técnicos, maquetes, fotos, vídeos, mangás e obras literárias, que buscam mostrar aos visitantes as janelas como um dos componentes mais fascinantes da arquitetura e do dia a dia de todos. Para isso, apresenta seus diferentes tipos e movimentos, sua posição de destaque em ambientes e histórias, assim como revela sua potência, capaz de conectar o externo e o interno, permitir entrada de luz e ar nos ambientes, proteger do frio e da chuva e fazer com que seja possível observar o outro, a natureza e o movimento das cidades e das pessoas.

 

Falando sob o viés arquitetônico, no contexto japonês elas são, em sua maioria, feitas em madeira e compostas por colunas e vigas. Os vãos possuem características peculiares: quando se move um tategu (portas e janelas), o espaço transforma-se em um ambiente inteiramente ventilado. Um exemplo que reflete esse uso são as salas de chá japonesas (chashitsu), um programa arquitetônico especial que reúne diferentes tipos de janelas num espaço pequeno, em especial, o Yōsuitei, denominado também de Jûsansōnoseki (sala de 13 janelas), casa de chá que possui o maior número de janelas e que, nesta mostra, será exibida como uma réplica em tamanho real (escala 1:1) feita de papel artesanal japonês (washi).

 

Outra perspectiva apresentada na exposição é a relação das janelas com os locais de trabalhos manuais no Japão. Nesses ambientes, elas possuem lugar de destaque, inserindo ou expulsando elementos como a luz, o vento, o calor, a fumaça e o vapor, por exemplo, que alteram características de materiais como argila, madeira, tecido e papel. “As janelas são repletas de simbologias e atribuições poéticas e valorizar algo que está ao nosso lado nem sempre é uma percepção imediata. Mas basta pensar nas consequências da sua ausência, especialmente em tempos de confinamento e isolamento, para entendermos o porquê de elas merecerem tanta deferência”, afirma Natasha Barzaghi Geenen, diretora cultural da Japan House São Paulo.

 

 

Para Igarashi Taro, curador da mostra, além de seu valor histórico e arquitetônico, as janelas desempenham papel sem igual durante uma crise, por permitirem que as pessoas possam compartilhar esperança e gratidão de forma única. “As janelas sempre evocaram comportamentos específicos em pessoas de diferentes regiões e culturas – e essa diversidade pode ser reconhecida ainda hoje, em meio à pandemia”, afirma dando exemplos como “Ir até a varanda cantar ópera para os vizinhos, mandar mensagens de agradecimento aos profissionais de saúde e passar objetos pela janela para garantir o distanciamento social”. Taro é Doutor em engenharia, historiador, crítico de arquitetura e leciona na Universidade de Tohoku, em Sendai, no Japão. Foi curador do Pavilhão japonês na Bienal de Veneza, em 2008 e atuou como diretor artístico da Trienal de Aichi, em 2013.

 

 

“WINDOWOLOGY: Estudo de janelas no Japão” chega como uma leitura sobre o papel das janelas no mundo, como objetos culturais que relatam as diferentes visões e perspectivas sobre o que se vive hoje. A exposição conta com programação paralela online e conteúdos compartilhados por meio das redes sociais da Japan House São Paulo e, depois de passar por São Paulo, segue ainda este ano para a Japan House Londres.

 

 

Sobre o Window Research Institute

 

O projeto de pesquisa WINDOWOLOGY faz parte das atividades do Window Research Institute (Instituto de Pesquisas sobre Janelas) e se baseia na crença de que as janelas refletem a civilização e a cultura ao longo do tempo. Esse instituto dedica-se a contribuir para o desenvolvimento da cultura arquitetônica mediante a coleta e disseminação de uma vasta gama de ideias e conhecimentos sobre janelas e arquitetura, por meio do apoio e organização de iniciativas de pesquisa e projetos culturais. Nos últimos 10 anos, além de diferentes frentes de estudo, o Instituto também vem desenvolvendo projetos internacionais que englobam temas relacionados a arquitetura, cultura e artes, com a colaboração de diferentes instituições de pesquisa, museus e órgãos privados, entre outros.

 

 

Fonte: ARTSOUL

 

 

Série “Brujas” no Galpão

 

A Fortes D’Aloia & Gabriel apresenta no Galpão, São Paulo, SP, “Brujas”, a nova exposição individual de Nuno Ramos. “Brujas” toma um único gesto repetido infinitas vezes como elemento central em trabalhos que mesclam conceitualmente desenho e monotipia. São 25 obras feitas com carvão, pigmento, grafite e tinta óleo sobre papel, que ocupam sequencialmente o espaço, como em uma galeria de retratos.

 

 Composições cromáticas, luminosidade e uma cadência na intensidade do gesto definem a identidade individual de cada trabalho e também sua filiação em subgrupos. As passagens gradativas fazem da instalação das 25 obras um conjunto cuidadosamente orquestrado. A prática da monotipia está no cerne da fatura, mas Ramos desenha no avesso do papel. A superfície é atravessada pela ponta que desenha e a matéria que se acumula. O pó interage e negocia seu espaço com os poros do papel determinando o resultado final, sem o total controle do artista. “A superfície do País está totalmente tomada pela discursividade fátua, maluca, louca, mentirosa, violenta, e parece que temos que atravessar essa camada e encontrar uma porosidade que permita pegar uma coisa mais verdadeira, mais amorosa, mais interessante”, diz o próprio.

 

 

 Bruxas – aqui em espanhol “Brujas” – faz referência ao pintor espanhol Francisco de Goya, que usou imagens de bruxas como uma crítica social contemporânea.  Em pinturas e gravuras, do final do século XVIII, os seus trabalhos ligados ao tema viam a bruxaria – a partir da Inquisição – como uma lembrança perene dos perigos e males da religiosidade extrema. Nas palavras de Nuno Ramos: “é uma evocação e um chamado de uma potência que não é dispensável agora. É como se a gente precisasse de forças para reagir e lutar de volta contra o que está acontecendo”. As obras que integram a mostra lidam com incertezas e uma necessidade incontestável de mudança.

 

 

 A exposição é acompanhada de um texto crítico do pesquisador, professor e curador Diego Matos.

 

 

Sobre o artista

 

Nuno Ramos nasceu em São Paulo em 1960, onde vive e trabalha. Suas exposições individuais recentes incluem: A extinção é para sempre, Sesc São Paulo (São Paulo, 2021); Sol a pino, Fortes D’Aloia & Gabriel | Galeria (São Paulo, 2019); O Direito à Preguiça, CCBB (Belo Horizonte, 2016); O Globo da Morte de Tudo, em parceria com Eduardo Climachauska, SESC Pompéia (São Paulo, 2016); HOUYHNHNMS, Estação Pinacoteca (São Paulo, 2015); Ensaio Sobre a Dádiva, Fundação Iberê Camargo (Porto Alegre, 2014); Anjo e Boneco, Museu Oscar Niemeyer (Curitiba, 2013); Fruto Estranho, MAM Rio (Rio de Janeiro, 2010). Destacam-se ainda suas participações na Bienal de São Paulo (2010, 1994, 1989 e 1985) e na Bienal de Veneza (1995). Em 2019, a editora Todavia publicou “Verifique se o mesmo”, uma nova compilação que agrupa textos escritos entre 2008 e 2017, alguns já publicados em jornais e revistas, outros inéditos. Seu livro, “Junco”, lançado em 2011 pela editora Iluminuras, ganhou o Prêmio Portugal Telecom de Literatura na categoria Poesia. Em 2008, ganhou o Prêmio Portugal Telecom de melhor livro do ano com “Ó”, também publicado pela Iluminuras.

 

A arte urbana de Daniel Melim

05/jul

 

 

A Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS, anuncia para o dia 07 de agosto, a exibição de “Reconstrução”, mostra do artista Daniel Melim. Com curadoria de Miguel Chaia e co-curadoria de Baixo Ribeiro e Laura Rago, a mostra apresentará doze trabalhos de sua mais recente produção, aliando obras de grandes formatos com outras menores, que tem como foco principal a pintura, oriunda da arte urbana, com o frescor de novas técnicas para uma linguagem artística tão consagrada.

 

 

“As obras buscam reorganizar o espaço pictórico através das diversas “fatias” colocadas lado a lado, compondo um campo dos mais variados contrastes, tendo como técnica principal o stencil (molde vazado), muito utilizado na arte urbana e tendo como principal expoente o artista Alex Vallauri”, diz o artista.

 

 

Daniel Melim é considerado um dos nomes mais importantes no cenário da street art. Um dos seus trabalhos, a grande pintura da moça loira que ocupa a lateral de um prédio perto da Pinacoteca de São Paulo, na avenida Prestes Maia, foi eleito, em 2013, como o mural representativo da cidade.

 

 

Dos quadrinhos para o mundo

 

 

Nascido e criado em São Bernardo do Campo, filho de pai metalúrgico da Volkswagen e de mãe professora primária, desde muito cedo, Daniel Melim teve acesso aos livros, e foram as ilustrações que sempre lhe chamaram a atenção. Aos 13 anos, começou a frequentar a primeira pista de skate da cidade, que tinha visual estético marcado pelo pixo e pelo grafite. Foi ali que conheceu o estêncil, técnica da arte de rua que predominava naquele espaço. As intervenções eram feitas por nomes que ficaram muito conhecidos na cena urbana do ABC, como Jorge Tavares, Job Leocadio, Marcio Fidelis e Vado do Cachimbo.

 

 

Fascinado por aqueles desenhos que valorizavam a repetição e a ilustração, ele começou a tentar reproduzir por conta própria. Resgatou traços da linguagem de quadrinhos para ilustrar sua primeira personagem, uma figura de uma mulher chorando. Na sequência, fez um homem gritando.

 

 

No ano 2000, conheceu Rodrigo Souto, também chamado de Maionese, e, ao lado dos grafiteiros Ignore, Sapo e Tomate, criou a Crew Ducontra. “A gente tinha de ser  “du contra”: se o lance era fazer letra, íamos e fazíamos algo diferente”, lembra. Ali surgia a técnica da tinta escorrida, um olhar mais aprofundado para as texturas, que ele leva até hoje para seu trabalho.

 

 

Foi aí que Daniel Melim resolveu se apropriar da técnica do estêncil tornando-a sistematicamente a linguagem principal do seu trabalho e gerando, assim, o DNA de sua obra. Além da arte de rua, sua pintura já foi apresentada em galerias e museus no Brasil, Alemanha, França, Suíça, Espanha, Inglaterra e Austrália.

 

Emanoel Araújo em Curitiba

01/jul

 

 

 “Construção Simbólica” é a primeira grande mostra de Emanoel Araújo na Simões de Assis em Curitiba, PR. A exposição tem início ainda do lado de fora, na fachada da galeria – é impossível não arrebatar-se com a escultura sem título que abre a mostra como uma espécie de ponte entre a rua e o espaço expositivo, revelando a dimensão pública e monumental da obra do artista. Essa monumentalidade, aliás, se reitera de imediato na primeira sala: ao adentrá-la, deparamo-nos com trabalhos que residem numa escala mais imponente – ainda que, de maneira muito singular e paradoxal, também relacionem-se com nossa escala de corpo, afirma Julia Lima.

 

 

Até 28 de agosto.

 

Individual de Victor Arruda

 

 

A exposição “TEMPORAL” exibição individual de pinturas e desenhos de Victor Arruda é o próximo cartaz do Paço Imperial, Centro, Rio de Janeiro, RJ. A curadoria é assinada por Adolfo Montejo Navas, autor de livro já editado sobre o artista.

 

 

De 08 de julho a 26 de setembro. 2021.

 

Catálogo de obras do MACRS

30/jun

 

 

Ficou pronto e já foi lançado o Catálogo Geral de Obras do Acervo do Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MACRS). O projeto Arte Contemporânea RS, responsável por esta ação fundamental no campo das artes visuais, direcionou seu olhar para a catalogação do acervo do MACRS, resultando em uma publicação em formato impresso e digital. O cuidadoso trabalho desenvolvido pela equipe de pesquisa, coordenado pela gestora e produtora cultural Vera Pellin, e orientado pela pesquisadora e curadora do projeto Maria Amélia Bulhões, catalogou 1813 obras de 921 artistas.

Em edição trilíngue (português, espanhol e inglês), o catálogo também é apresentado em versão online gratuita para download no site www.acervomacrs.com.  A versão impressa é composta de 304 páginas e tem tiragem de 1.200 exemplares, a distribuição será administrada pela Associação de Amigos do MACRS (AAMACRS).

 

 

O processo de trabalho, realizado pelo conjunto de profissionais e colaboradores, incluiu as etapas de pesquisa, documentação, digitalização, edição e impressão, demandando intensa dedicação, atenção e aprendizado. Entre os possíveis desdobramentos do projeto está a difusão e divulgação em diferentes mídias deste acervo de arte contemporânea que vem se constituindo ao longo de quase três décadas. Diferentes visões de mundo e expressões a respeito do nosso tempo disponíveis a partir de agora em condição permanente. A partir do olhar desta geração de artistas se manifesta a história da arte contemporânea no Rio Grande do Sul, sendo o MACRS o principal Museu do estado focado nas atividades de preservação e conservação desta memória para as gerações futuras.

 

 

“A edição do Catálogo do Acervo do MACRS, com 1813 obras de 921 artistas, tem caráter inédito e viabilizará à comunidade artística a promoção, difusão, preservação e acesso à informação deste valioso patrimônio cultural, além de fonte de pesquisa ao público especializado e interessado. Sua edição impressa e digital possibilitará a emersão de novos processos de leitura e significação da arte ao conhecer, de forma ampliada, todas as obras que compõem este valioso acervo, suas linguagens, diversidade de técnicas e práticas artísticas”, afirma Vera Pellin.

 

 

Para o diretor do MACRS, André Venzon, a publicação é um forte indício da consistência desse caminho do Museu, de resgate da biografia desses artistas, doadores, gestores, servidores, estagiários e colaboradores que apontaram essa história, do seu início até hoje, para as novas gerações. “Trata-se de uma publicação indispensável para todos que desejam conhecer mais sobre arte contemporânea, com toda a força e pluralidade que a sua produção representa.”

 

 

“Compartilho de uma emoção coletiva ao finalizar o projeto Arte Contemporânea RS, destinado à catalogação do acervo do MACRS, que foi um grande desafio para todos os colaboradores e uma realização pessoal e institucional”, afirma a curadora Maria Amélia Bulhões. Para a professora e pesquisadora da UFRGS, “agora é possível olhar a totalidade do trabalho desenvolvido e perceber a amplitude e diversidade desse acervo, ondem se destacam obras em fotografia (469) e gravura (422), seguidas de pintura (236), desenho (167) e escultura (126), além de categorias mais recentes como vídeo (82) e livros de artistas (30), entre outras”.

 

 

A leitura da publicação, assim como da exposição, propõe um exercício experimental de compreensão, que amplia significados sem criar categorias ou estereótipos, destacando obras que marcam significativamente mudanças de perspectiva na produção artística da contemporaneidade, por suas estratégias, seus recursos materiais, formais ou de conteúdo. “Certas obras investigam os universos não hegemônicos, como o feminino, o negro, o indígena ou o marginal, procurando instaurar no sistema da arte a crítica e os debates de gênero, etnias e relações sociais conflitantes. O corpo é forte presença, colocando em pauta aspectos reprimidos da sexualidade. A relação com todas essas problemáticas tem espaço no conjunto da coleção”, complementa a curadora.

 

 

O projeto ainda contempla uma significativa exposição do acervo no MACRS, que pode ser conferida até 22 de agosto, com curadoria de Maria Amélia Bulhões, nas galerias Sotero Cosme e Xico Stockinger, além do espaço Vasco Prado, no 6º andar da Casa de Cultura Mário Quintana. De forma presencial e também virtual, o público pode conferir mais de setenta obras em diferentes suportes, marcando a multiplicidade e representatividade desse acervo.

 

Mostra individual de Arthur Scovino

O Paço Imperial, Centro, Rio de Janeiro, RJ, em parceria com o projeto de extensão Arte & Curadoria, vinculado ao Instituto de Artes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), apresenta “Lágrimas de Nossa Senhora”, sétima exposição individual de Arthur Scovino, artista licenciado em Desenho e Plásticas pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) que investiga símbolos atravessadores do afeto subjetivo e da memória cultural, a partir da presença pulsante do seu corpo.

 

 

Presente em coleções do Museu de Arte Moderna da Bahia, com participação marcada na 3ª Bienal da Bahia e na 31ª Bienal de São Paulo, o artista já indicado três vezes ao Prêmio Pipa agora apresenta parte da sua produção no Paço Imperial, lugar onde iniciou seu contato com as exposições cariocas e conheceu A Imagem do Som, uma série de exibições que propunham interpretações de canções brasileiras por artistas contemporâneos. Esse encontro instigou a relação do artista com a música popular brasileira e as capas de discos, desdobrando-se inclusive na realização da mostra individual, inspirada na música “Um Índio”, de Caetano Veloso. A partir dessa canção, Arthur Scovino, na busca do “ponto equidistante entre o Atlântico e o Pacífico”, propõe uma relação com pontos do Brasil e suas paisagens, como a capital do Estado do Mato Grosso.

 

 

Com curadoria de Marcelo Campos e assistência dos colaboradores do Arte & Curadoria, projeto universitário de sua coordenação, a individual apresenta alguns trabalhos inéditos e a instalação “Lágrimas de Nossa Senhora”, uma referência às sementes presentes nas contas de rosário, utilizadas em cultos católicos e afro-brasileiros, que são fiadas pelo artista junto a meditações durante suas ativações performáticas. A exposição homônima propõe um encontro entre o simbólico e o terreno, apresentando articulações de ícones religiosos da cultura brasileira, e suas potências visuais múltiplas, estabelecendo um pensamento mágico que, como um sismógrafo de epifanias, busca captar em cada gesto e, em cada movimento, os sinais que a terra pode nos apresentar.

 

 

Em exibição de 08 de julho a 26 de setembro.

 

 

Sua mensagem foi enviada com sucesso!