Novo espaço na Simone Cadinelli

13/mar

Quando abriu a exposição “A vulnerabilidade da solidez”, com uma instalação inédita da artista carioca Isabela Sá Roriz, em uma edificação que estava desocupada ao lado, Simone Cadinelli Arte Contemporânea passa a ocupar mais um espaço – o terceiro – na vila situada na Rua Aníbal de Mendonça, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ.

 

Apostando na relação entre arte/arquitetura/urbanismo, e assim reverberando as discussões provocadas pela escolha da UNESCO de o Rio de Janeiro, este ano, ser a Capital Mundial da Arquitetura – por conta da realização em julho do Congresso Mundial de Arquitetura – Simone Cadinelli convidou Isabela Sá Roriz para fazer esta intervenção. Com materiais compostos por polímeros (macromoléculas) de diferentes densidades, como cera – principalmente de abelha – látex e silicone, a artista investiga estratégias de potência e intensidade dos corpos, diante das tentativas de controle das percepções.

 

“Já que nossa sociedade é uma construção disforme, e que passamos por vários processos autoritários de formatação, quis apresentar distorções de corpos, fluxos, insubordinações de materiais, o disforme enquanto potência, em contraposição e tensão, às contenções geométricas e aos processos de formatação”, explica Isabela Sá Roriz. A artista quis propor uma diferente relação do corpo e a espacialidade, “com potência e intensidade”. “A cera, com uma densidade diferente, um sólido maleável, geométrico, apresenta uma estrutura de formatação, mas ao mesmo tempo é um material que está contido, na imanência de derreter, de sair, escorrer. É, portanto, uma solidez temporária, capaz de ser transformada”, diz.

 

O trabalho parte de um questionamento da artista: “Como resistir à autoridade das formas?” Ela se interessa em discutir “a borda entre corpo e espaço e a permanente troca e produção de conhecimento entre eles”. “Portamos os espaços que habitamos no corpo, na carne, assim seus processos de formação seguem conosco”.

 

O crítico João Paulo Quintela, no texto que acompanha a exposição, afirma que “a melhor das pretensões é a instabilidade”. “A escultura não funciona aqui como categoria mas como um estado. Desimpedido, solto e escorrido. A reiteração de um estado frugal dos sólidos. O molde não serve à artista como ferramenta de compressão mas sim de transbordamento. Se por um lado o molde oferece ao material um lugar para acoplar-se, por outro a dinâmica proposta pela artista favorece a superação do espaço ofertado. A forma se dá em relação com o molde e não por determinação dele”, observa.

 

Para Simone Cadinelli, “as intervenções urbanas e a arquitetura proporcionam mudanças significativas e renovação de espaços em diversas escalas nas ruas, bairros e cidades”. Com a iniciativa, ela pretende “dar um novo sentido, experimentar algo que proporcione uma mudança positiva, assim como a arte tem o poder de se manifestar”.

 

Sobre a artista

 

Isabela Sá Roriz nasceu em 1982, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha. Artista visual, mestre em Linguagens Visuais pela UFRJ (2012), onde por quatro anos foi professora temporária no curso de Artes Visuais/Escultura da Escola de Belas Artes. Ganhou o primeiro lugar na XX Bienal de Santa Cruz de La Sierra, em 2016, e foi finalista do III Prêmio Reynaldo Roels Jr., em 2018, e selecionada para o programa de imersões artísticas, ambos na EAV Parque Lage, em 2019. Participou do Programa Incubadora Furnas Sociocultural, que abrigou e investiu em artistas plásticos emergentes. A artista participou de mostras no Brasil e no exterior em importantes espaços culturais, como: Fundação Eugênio de Almeida, em Évora, Portugal, Museu de Arte Contemporânea de Niterói, Solar dos Abacaxis, Museo de Arte Contemporáneo de Santa Cruz de La Sierra, Bolívia, e Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. A construção de alguns de seus trabalhos evoca instabilidades físicas para desestabilizações ideológicas, propõem uma ação confrontadora diante de perspectivas dominantes e resignações pessoais, construindo pequenos “ataques” subjetivos, apontamentos poéticos, entendendo também a impermanência de sua temporalidade. Assim, “a instância política é poética, e entendo o espaço como uma categoria produtiva, um acontecimento, o local das transformações sociais e não um fundo à priori homogêneo ou heterogêneo, onde as ações se estabelecem”. Ganhou as bolsas de pesquisa Formação Deformação – Qualquer Direção fora do centro, na EAV Parque Lage, 2018; Capes (Mestrado), 2011; e Iniciação Artística e Cultural, UFRJ (Graduação), 2006 e 2007.

 

A exposição fica em cartaz até o dia 04 de abril.

 

Eleonore Koch / Alfredo Volpi

A Galeria Marcelo Guarnieri, Jardim Paulista, São Paulo, SP, apresenta até 09 de abril a primeira exposição do ano, que reúne obras de Eleonore Koch e Alfredo Volpi. Pinturas produzidas por Volpi nas décadas de 1950 e 1970 dividem o espaço das duas salas da galeria com pinturas que Eleonore Koch produziu nas mesmas épocas. Além destas, um dos cadernos de desenho da artista elaborado entre as décadas de 1950 e 1980 e um farto conjunto de estudos em gravura, pintura e desenho produzidos por ela entre as décadas de 1970 e 1990 também integram a mostra. O diálogo entre Volpi e Eleonore Koch nesta exposição ressoa a importante relação de trocas que tiveram ao longo dos anos – inicialmente como professor e aluna e depois como amigos e parceiros de profissão – dando continuidade ao programa iniciado pela galeria em 2019, que apresenta de maneira simultânea obras de artistas que possuíram um diálogo durante a sua trajetória ou que podem ser lidas a partir de aproximações conceituais e poéticas.

 

Naturezas-mortas, jardins ingleses, ambientes domésticos, marinhas e desertos. Ao longo de sua produção, Eleonore Koch (Berlim – Alemanha, 1926) explorou, através destes temas, o manejo de cores e formas que materiais como a têmpera, o pastel, o óleo, o grafite e o carvão lhe permitiam. Os campos de cores que preenchem os elementos de suas composições evidenciam sua estrutura através das pinceladas ou dos traços em paralelo que os compõem, transparência de um fazer que se traduz também no uso da perspectiva – quando a representação de alguns objetos mostra-se fiel a um ponto de fuga ao mesmo tempo em que a de outros ignora-o completamente, reduzindo-os a formas geométricas planificadas. Koch permite aos seus jarros de flores que flutuem no espaço e que o chão e o teto se distingam apenas pela cor. Seus estudos em grafite nos mostram que sua preocupação não centrava-se somente na cor, mas também no arranjo das geometrias – das linhas e superfícies – e no balanceamento de tons que o lápis lhe permitia explorar através das intensidades do traçado.

 

Frequentemente mencionada como discípula de Volpi, Eleonore Koch possuiu uma formação bastante diversa, através de professores artistas como Yolanda Mohalyi, Samson Flexor, Bruno Giorgi, Elisabeth Nobiling e Arpad Szenes e também de suas temporadas de estudo e trabalho fora do Brasil, em Paris entre 1949 e 1951 e em Londres entre 1968 e 1989. A maioria dos estudos e pinturas que integram a exposição foram produzidas justamente durante os vinte anos que viveu na Inglaterra, onde admitiu ter sofrido grande influência da pop art britânica, através do trabalho de artistas como David Hockney. Estão reunidos na mostra alguns conjuntos de estudos que permitem ao público observar o desenvolvimento de uma pintura ou de um pastel a partir de pequenas variações dos elementos que as compõem – como a composição de uma mesa e cadeira que em uma das versões se apresenta somente em traços esquemáticos e em outra já se soma outra cadeira à frente de um fundo negro em carvão, variando em mais três versões. O trabalho com texturas, presente no emprego da têmpera e do carvão, se completa no uso da colagem de papel cartão e papel jornal que dão forma e cor aos vasos, árvores, pétalas e até mesmo aos degraus das escadas dos seus jardins. Recortes do que parecem ser listas telefônicas dos residentes da cidade de Londres dão profundidade e ritmo às frondosas copas das árvores através dos grafismos dos números e das letras que os compõem.

 

Pertencente a uma geração anterior de imigrantes europeus que fixaram residência no Brasil, Alfredo Volpi (Lucca – Itália, 1896) estabelece-se em São Paulo ainda mais jovem que Eleonore, com apenas um ano de idade. O encontro com Koch se daria dali a 56 anos, em 1953, em seu ateliê no bairro do Cambuci, por intermediação do colecionador, crítico e psicanalista Theon Spanudis. Naquele mesmo ano, Volpi receberia o prêmio de Melhor Pintor Nacional conferido pela Bienal de São Paulo, onde havia apresentado suas “Casas”, representações de fachadas de casas populares sintetizadas em formas geométricas. A década de 1950 marcava um momento de maturação da pesquisa de Volpi sobre a simplificação formal de suas composições. Já distanciada de um certo figurativismo que havia guiado sua produção até então, empenhava-se na construção de um vocabulário de formas elementares que surgiam das portas, janelas, arcos e bandeirinhas que faziam parte de seu cotidiano e que lhe serviram para explorar as possibilidades da técnica e da composição.

 

Volpi inicia seu contato com a pintura em 1911, trabalhando como pintor decorativo de paredes, ofício que mantém até pelo menos a década de 1940. Sua expertise artesanal também lhe deu suporte quando trocou a tinta a óleo pela têmpera, indo na contramão do imaginário industrial da década de 1950. Foi com Volpi que Eleonore Koch aprendeu as técnicas de uso e preparo da têmpera e de pigmentos feitos a partir de terras naturais, e foi também a partir dali que passou a adotá-las frequentemente em suas pinturas, definindo seu estilo. Os debates figuração vs. abstração, formalismo vs. informalismo eram bastante intensos naqueles anos que Koch passou com Volpi em seu ateliê, entre os anos de 1953 e 1956.

 

Em 1953 o MAM/RJ organiza em Petrópolis a 1ª Exposição Nacional de Arte Abstrata, reunindo diversas tendências do abstracionismo no Brasil, do lírico ao geométrico, e em 1956 o grupo Ruptura organiza a I exposição Nacional de Arte Concreta no MAM/SP, que já explicitava divergências dentro do próprio movimento concreto. Apesar de ter sido um dos participantes desta última mostra – que também ocorreu no Rio de Janeiro no ano seguinte -, Volpi preferia abdicar da associação a grupos ou movimentos, optando pela liberdade de poder incorporar em suas obras elementos plásticos de variadas ordens. Tal posicionamento pode ser explicitado não somente pelos afrescos que produziu na capela de Nossa Senhora de Fátima em Brasília, mas também pela pintura da década de 1950 apresentada nesta exposição, na qual figura um anjo humanóide sobre um fundo de losangos verdes e azuis. Essa fluidez entre a figuração e a abstração ou entre o formal e o informal também pode ser encontrada nas pinturas da década de 1970, como “Fitas e Mastros”, por exemplo. Neste caso, a obra transita entre uns e outros através de uma composição ritmada formada pelo intercalamento de cores em uma malha geométrica irregular.

 

Como olhar para trás”, na Z42 Arte

A exposição – coletiva temática – “Como olhar para trás”, com obras inéditas das artistas Ilana Zisman, Maria Amélia Raeder, Mariana Sussekind e Priscila Rocha, ocupam todo o espaço expositivo da Z42 Arte, Cosme Velho, Rio de Janeiro, RJ. Com curadoria de Fernanda Lopes, a mostra traz o tema da memória, em diferentes aspectos, através de obras produzidas em diversos suportes, como fotografia, instalação, desenho, pintura e objeto. “A exposição apresenta possibilidades de estudo sobre a memória: memória como invenção, como tornar presente algo que está ausente, como reconstrução de algo que ficou, que é presença, e também o que sobrou da memória de algo que não se conhece. Muitas vezes a memória aparece como rastro, como pista, como insinuação”, diz a curadora Fernanda Lopes. A ideia da mostra surgiu a partir de um grupo de estudo das artistas com a curadora. Ao longo de seis meses, elas se encontraram para discutir seus trabalhos e questões relacionadas a eles e identificaram que todas vinham, mesmo que de formas diferentes, tratando sobre o tema da memória em suas produções.

 

Percurso da exposição

 

No hall de entrada do casarão de 1930 que abriga a Z42 Arte estará uma única obra: “Museu de História (Des)natural” (2019), da artista Priscila Rocha, composta por uma mesa de mármore com peças em gesso dispostas como se estivessem em uma vitrine de museu, inclusive com legendas descritivas. “A ideia da construção da memória está presente nesse trabalho, onde faço uma brincadeira entre a ficção e a realidade”, diz a artista. Nesta vitrine, estará um pedestal construído com imagens de soldadinhos, um brinquedo comum da infância, fundidos, quase irreconhecíveis; um retângulo de gesso que lembra um campo de batalha e pequenas peças, também com a imagem dos soldadinhos, muitas delas em pedaços, com a legenda “flashes”, como se fossem flashes de memória. “Pelo fato de serem facilmente reconhecidos e reproduzidos em diversas culturas, localidades e épocas, pensei nas imagens e significados destes brinquedos como memória de infância e a relação desta com o espaço. Inevitavelmente pensei na banalização da guerra, nas condecorações, nos motivos levianos, na relação com o consumo, nas indústrias que ela alimenta e é alimentada, chegando novamente na indústria do brinquedo e nos brinquedos de guerra e como a questão da memória e do esquecimento é articulada neste ciclo no qual a brincadeira se insere”, conta Priscila Rocha.

 

As quatro salas seguintes serão ocupadas cada uma por uma artista. Na primeira delas, à direita, estarão obras de Ilana Zisman, como “Arquivo 1”, da série Lavagem ou Taharah (ritual judaico pelo qual o corpo passa antes de ser enterrado, que respeita e dignifica o corpo), que mede 170cm X350cm e é composta por vários pedaços de papel de seda tingidos de tons de vermelho, colocados uns sobre os outros. “As unidades podem remeter à vida ou à morte”, explica a artista, que tinge cada um dos papéis manualmente. A curadora Fernanda Lopes ressalta que “os trabalhos têm uma forte presença física, mas, ao mesmo tempo, são feitos com materiais frágeis que nos remetem à ideia de sofrimento, por estarem amontoados e terem a cor vermelha, que nos lembra o sangue, a carne”. A pesquisa da artista parte de uma busca sobre a história de sua família, que viveu o holocausto, mas cujos registros são poucos, e seu trabalho fala sobre “aqueles que foram privados da sua história, que a tiveram eliminada pela violência e pelo esquecimento”. “Apesar do tema, a obra pode ser enquadrada no sofrimento de muitas minorias”, acrescenta a curadora.

 

Na parede oposta a essa grande obra estarão três pinturas feitas sobre camadas de papéis vegetais, que são transparentes. “Esses trabalhos trazem outro aspecto da minha pesquisa, que fala que o passado não pode ser olhado como foi. Ele é nebuloso e sua opacidade traz a não certeza ou evidência do que aconteceu. Utilizando um papel translucido e colocando-os sobrepostos, tento falar de como não se consegue ver as capas do tempo, porque parece uma coisa só. Coloco as formas em diálogo. Não se pode mudar o passado- no meu processo, recolho os restos e experimento como eles podem chegar no presente”, explica a artista.

 

Com trabalhos voltados, nos últimos anos, para o jornal como objeto central de investigação, Maria Amélia Raeder apresentará, na sala seguinte, a grande instalação “Estratégia para permanecer” (2019), com 320 desenhos feitos em nanquim sobre papel vegetal, “reproduzindo” uma imagem que foi publicada no jornal The New York Times. Os desenhos são feitos a partir de um método desenvolvido por ela que permite a criação de infinitos percursos dentro da mesma imagem. “Parece o percorrer de um labirinto, só que ao invés do objetivo do percurso ser encontrar uma saída, a intenção é manter-se nele o maior tempo possível”, explica a artista, que ressalta, ainda, que “o resultado desse exercício de permanência não pretende ampliar a visualidade da imagem nem sua comunicação; acaba, talvez, apenas por reforçar a invisibilidade das imagens jornalísticas – sua vocação ao esquecimento”, afirma a artista.

 

A folha de jornal onde a imagem foi publicada orginalmente estará exposta, mas com as imagens e os textos recortados, apenas deixando visível a legenda da foto. “Os desenhos resultantes deste processo contêm, cada um, o rastro de um percurso diferente. O mistério que há no rastro instiga um olhar mais atento e investigativo. Não mostro a imagem original porque a intenção é proporcionar ao espectador uma pausa investigativa, um alargamento do tempo de permanência no trabalho”, diz Maria Amélia Raeder. No corredor ao lado, a mesma pagina de jornal estará reproduzida quatro vezes, mas com as imagens cobertas pelas cores utilizadas na padronização da reprodução da imagem pelo jornal.

 

Seguindo o percurso da exposição, chega-se na sala com as obras de Priscila Rocha, que além da vitrine no hall de entrada da Z42, apresentará pinturas, objetos e instalações também partindo da imagem dos soldadinhos de brinquedo. Marcas de pegadas desses soldados aparecem na pintura “Valsa ensaiada” (2019) e bonecos e pedaços de mármore fragmentados estão em “Favor não brincar” (2019). Em sua pesquisa sobre os soldadinhos, Priscila Rocha chegou na folha de acanto e na memória histórica que ela carrega. “Há diversos significados ao longo do tempo, como se entrelaçou com o militarismo e como se disseminou como estética ornamental apagando seus significados históricos”, afirma. Com isso, serão expostos desenhos em que a folha de acanto aparece, além de um livro de artista com o contexto histórico, além de uma linha do tempo explicativa (como normalmente há em museus históricos). Por coincidência, as grades de ferro das portas de sala que será ocupada pela artista possuem folhas de acanto, assim como as sancas em gesso. A artista instalará, ainda, um papel de parede com imagens dessas folhas na sala.

 

No último salão expositivo, estarão os trabalhos de Mariana Sussekind que acompanhou, ao longo de nove meses, o desmonte de um apartamento após a morte de sua proprietária. Sessenta fotografias desse processo irão compor a instalação “No dia que tiraram os lustres”, uma “pesquisa sobre o processo de olhar para trás, reolhar, descartar e preservar”, conta a artista. “Mariana fotografou o apartamento compulsivamente, com luz natural, sem interferência. As fotos, de tomadas diferentes e até algumas repetidas, serão montadas de forma instalativa, como se estivesse montando um filme, destacando como a memória é montada”, afirma a curadora Fernanda Lopes.

 

A instalação conta com um áudio ambiente, que ajuda a construir a ideia de memória e de passado. “São tempos distintos e desorganizados que criam uma narrativa lacunar onde o espectador é convidado a construir sua própria montagem. Uma grande história em andamento, mas que nunca dará conta de traduzir o que foi”, afirma Mariana Sussekind.

 

Sobre as artistas

 

Ilana Zisman Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Formada em Psicologia na Universidade Santa Úrsula-RJ, fez cursos livres na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Filosofia e Arte Contemporânea na PUC-Rio, Processo Criativo com Charles Watson e curso de Especialização em saúde mental no Instituto de Psiquiatria da UFRJ. Desenvolve, desde 2015, uma pesquisa artística através do que chama “tecnologia do fragmento”, na tentativa de reconstruir uma memória do inenarrável e do silêncio. Investiga como materiais que remetem às histórias podem ser utilizados para acessar um passado fraturado no tempo.

 

Maria Amélia Raeder Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Possui Pós-graduação em Arte e Filosofia pela PUC-Rio, especialização em artes pelo The Art Institute of Houston-USA e graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Bennett-RJ. Fez cursos livres na The Glassell School of Art (Houston-USA), na Associacion Estimulo de Bellas Artes (Buenos Aires-AR), na EAV-Parque Lage, na Escola Sem Sitio, no Paço Imperial, no Ateliê Mundo Novo, de Charles Watson, e participou do Laboratório de Estudos em Arte Contemporânea de Frederico Carvalho – UFRJ (RJ-Brasil). Pesquisa as camadas de significação das imagens, em especial na produção de sentido das imagens nas mídias de comunicação.

 

Mariana Sussekind Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Formada em Comunicação Visual pela PUC-Rio, pós-graduada em Fotografia na UCAM e em Cinema Documentário na FGV, com mestrado em Comunicação e Estética na ECO-UFRJ. Desde 2001 trabalha com montagem de cinema e vídeo se aprofundando em vídeoarte e documentário e leciona teoria e prática de montagem em cursos de cinema. Através da experimentação, do descontrole das imagens, e de uma angustiante observância do tempo, a artista mergulha no território feminino, onde seu corpo é a medida, a forma justa de suas possibilidades no agora.

 

Priscila Rocha Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Pós-graduada em história da arte e da arquitetura pela PUC-Rio, frequentou durante sua formação cursos do Parque Lage, no Rio de Janeiro, no Instituto Tomie Othake e na FAAP, em São Paulo. Pesquisa as relações dos vestígios do tempo no espaço e como o homem se relaciona com eles. Busca encontrar nessa memória espacial, elementos que possam ser apreendidos e ressignificados artisticamente por técnicas distintas, sublimando a experiência desapropriada.

 

Sobre a curadora

 

Fernanda Lopes vive e trabalha no Rio de Janeiro. Doutora pelo Programa de Pós-Graduação da Escola de Belas Artes da UFRJ, Fernanda Lopes atua como Curadora Assistente do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. É organizadora, ao lado de Aristóteles A. Predebon, do livro Francisco Bittencourt: Arte-Dinamite (Tamanduá-Arte, 2016), e autora dos livros Área Experimental: Lugar, Espaço e Dimensão do Experimental na Arte Brasileira dos Anos 1970 (Bolsa de Estímulo à Produção Crítica, Minc/Funarte, 2012) e “Éramos o time do Rei” – A Experiência Rex (Prêmio de Artes Plásticas Marcantonio Vilaça, Funarte, 2006). Entre as curadorias que vem realizando desde 2008 está a Sala Especial do Grupo Rex na 29ª Bienal de São Paulo (2010). Em 2017 recebeu, ao lado de Fernando Cocchiarale, o Prêmio Maria Eugênia Franco da Associação Brasileira dos Críticos de Arte 2016 pela curadoria de exposição Em Polvorosa – Um panorama das coleções MAM-Rio.

 

De 12 de março a 11 de abril.

 

Homenagem para Lygia Clark

O centenário de Lygia Clark (1920-1988) será comemorado com uma série de atividades culturais de 13 a 22 de março, no Vale das Videiras, Petrópolis, RJ. A homenagem inclui peça de teatro, debate com o crítico de arte Paulo Sergio Duarte, exposição de réplicas de obras e atividades educativas em torno da pintora e escultora que desestabilizou os cânones da representação estética modernista, ao lado de Hélio Oiticica. A iniciativa é um projeto da Galeria A2 + Mul.ti.plo, em parceria com a atriz Carolyna Aguiar e as diretoras Bel Kutner e Maria Clara Mattos, tendo a colaboração de Walter Carvalho, da Associação Cultural Lygia Clark, do Estúdio Mameluca e da Fazenda Cachoeira.
“Queremos rebatizar o Vale das Videiras como Vale do Pensamento. Há alguns anos, artistas e pessoas ligadas à cultura que frequentam o local se uniram para fomentar um polo de arte e pensamento na região serrana. A ideia é fazer do Vale um espaço de convivência entre os artistas e a comunidade local. A série de atividades em torno de Lygia Clark vem consolidar esse trabalho”, explica o fotógrafo e cineasta Walter Carvalho. O ponto alto da programação é o espetáculo teatral “Lygia.”, monólogo protagonizado pela atriz Carolyna Aguiar, baseado nos diários da genial artista. Com direção de Bel Kutner e Maria Clara Mattos, o espetáculo será encenado em única apresentação, no dia 14 de março, sábado, às 19h.
“Com um trabalho que une arte e psicanálise, Lygia acabou tornando-se figura outsider tanto para psicoterapeutas como para artistas. Por meio da voz da própria Lygia Clark, a peça de teatro deixa claro e acessível o caminho para o entendimento de sua obra”, explica a atriz Carolyna Aguiar, que conduz o espetáculo, utilizando réplicas dos objetos artísticos e investigativos criados pela artista. “A ideia é mostrar quem é a pessoa Lygia, revelando o profundo vínculo de sua obra com seu universo psico-afetivo e sua vivência pessoal”, explica Maria Clara, responsável pelo texto final.
“Rompendo barreiras como toda a obra da artista, a peça será apresentada sobre o gramado, ao ar livre, sem o comprometimento do palco, sem a rigidez do teatro”, explica Bel Kutner, sobre o local da encenação, o jardim da Fazenda Cachoeira, uma das mais antigas do Vale do Paraíba, de 1750. Depois do espetáculo, o crítico de arte Paulo Sergio Duarte falará sobre a obra da artista. Outra novidade é o próprio cenário da peça, como explica Durcésio Mello, proprietário da Fazenda Cachoeira: “Construído com tijolo, cimento e ferro, baseado nas pinturas neoconcretistas de Lygia Clark, o trabalho se transformará em um módulo ativo do pensamento poético da artista e ficará permanentemente no jardim da fazenda para visitação de alunos das escolas da região e do público em geral. É importante frisar o caráter comunitário desse projeto”.
Nos dias 13, 14, 15, 20, 21 e 22 de março, a A2 + Mul.ti.plo, única galeria de arte contemporânea de Petrópolis, apresenta uma exposição com réplicas de obras de Lygia Clark. Estarão lá peças emblemáticas como objetos criados com fins artísticos e sensoriais; exemplares da série “Bichos”, esculturas geométricas e interativas em metal na qual cada parte se move por meio de dobradiças; o Livro-obra; entre outras. A entrada é franca.
“Comemorar o centenário de Lygia Clark no Vale das Videiras é um privilégio sem medidas. Lygia é a artista brasileira mais celebrada nos grandes meios de arte internacionais e precisa ser mais conhecida e compreendida no Brasil”, diz Maneco Müller, sócio da A2 + Mul.ti.plo. “Lygia Clark explorou e expandiu as fronteiras da modernidade. Ela fez a passagem do moderno ao contemporâneo, do moderno ao pós-moderno, do moderno ao hipermoderno, seja lá o nome que queremos dar a esse momento que estamos vivendo agora. Na poética da obra de Lygia Clark assistimos a essa passagem histórica”, explica Paulo Sergio Duarte.

 

Sobre Lygia Clark

 

Lygia Pimentel Lins (Belo Horizonte, MG, 23 de outubro de 1920 – Rio de Janeiro, RJ, 25 de abril de 1988). Pintora, escultora. Muda-se para o Rio de Janeiro, em 1947, e inicia aprendizado artístico com Burle Marx (1909-1994). Entre 1950 e 1952, vive em Paris (França), onde estuda com Fernand Léger (1881-1955), Arpad Szenes (1897-1985) e Isaac Dobrinsky (1891-1973). Em 1952, realiza sua primeira exposição, no L’Institute Endoplastique, em Paris. De volta ao Brasil, integra o Grupo Frente, liderado por Ivan Serpa (1923-1973), expõe no Salão do Ministério da Educação e é uma das fundadoras do Grupo Neoconcreto. Gradualmente, troca a pintura pela experiência com objetos tridimensionais. Em 1960, com a série “Bichos”, abre um diálogo entre obra e pessoa, a partir de construções metálicas geométricas que se articulam por meio de dobradiças que buscam a coparticipação do espectador. Nesse ano, leciona artes plásticas no Instituto Nacional de Educação dos Surdos, no Rio de Janeiro. Dedica-se à exploração sensorial em trabalhos como “A Casa É o Corpo”, de 1968. Participa das exposições “Opinião 66” e “Nova Objetividade Brasileira”, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ). De meados de 1960 até 1976, reside em Paris, lecionando Comunicação Gestual, a partir de 1970, na Faculté d´Arts Plastiques St. Charles, na Sorbonne. Nesse período, sua atividade se afasta da produção de objetos estéticos e volta-se sobretudo para experiências corporais em que materiais quaisquer estabelecem relação entre os participantes. Retorna ao Brasil em 1976, dedicando-se ao estudo da memória do corpo, a partir de experiências sensoriais e terapêuticas. Sua prática fará com que, no final da vida, a artista considere seu trabalho definitivamente alheio à arte e próximo à psicanálise. A partir dos anos 1980, sua obra ganha reconhecimento internacional, com retrospectivas em capitais de vários países e em mostras antológicas da arte internacional do pós-guerra.

 

Sobre a A2 + Mul.ti.plo

 

Única galeria de arte contemporânea em Petrópolis, a A2 + Mul.ti.plo é um projeto de expansão da Mul.ti.plo Espaço Arte em parceria com a A2. A ideia é levar até a região serrana do estado do Rio de Janeiro uma seleção de obras de grandes nomes da arte contemporânea brasileira e estrangeira que fazem parte do acervo da Mul.ti.plo. É uma oportunidade para o público da região de Petrópolis ver de perto trabalhos de artistas como Tunga, Georg Baselitz, José Pedro Croft, Derek Sullivan, Ross Bleckner, Jannis Kounellis, Eduardo Sued, Maria-Carmen Perlingeiro, Daniela Antonelli, Daniel Feingold e Mariana Manhães. A galeria fica no Armazém das Videiras – Estrada Almirante Paulo Meira, 8.400, loja 5- Petrópolis.

 

Sobre a Associação Lygia Clark

 

A Associação Cultural “O Mundo de Lygia Clark” é uma entidade sem fins lucrativos fundada em maio de 2001 para organizar todo o material documental referente à trajetória da artista. Tem como principal objetivo disseminar a vida e a obra de Lygia Clark no mundo, promovendo e organizando junto a parceiros, eventos, publicações e exposições sobre a artista. Também realiza o processo de certificação de obras de Lygia Clark. Hoje, existe atualmente um acervo de 6000 imagens e 15000 laudas de documentos. Esse acervo funciona, acima de tudo, como um arquivo dinâmico, que é atualizado à medida em que novos documentos são pesquisados ou criados pelo campo da crítica de arte ou por acadêmicos. O acervo concentra a ideia de um estudo amplo sobre a atividade artística de Lygia, tornando a associação cultural uma referência para o estudo da arte contemporânea brasileira, disponível para pesquisadores no Brasil e no mundo.

 

Programação

 

Dia 14 de março (sábado), às 19h / Apresentação da peça “Lygia.” / Ingresso: R$ 50,00 / Classificação indicativa: 12 anos / Local: Fazenda Cachoeira / End.: Estrada Almirante Paulo Meira, s/n (logo depois do Condomínio Morro do Cuca)
Dias 13, 14, 15, 20, 21 e 22 de março, de 11h às 16h
Exposição de réplicas de Lygia Clark / Local: Galeria A2 + Mul.ti.plo / Entrada franca / End.: Armazém das Videiras – Estrada Almirante Paulo Meira, 8.400, loja 5 – Petrópolis / Tel.: +55 24 2225-8802
Dias 13 e 20 de março
Atividades educativas na Galeria A2 + Mul.ti.plo com alunos da Escola Municipal Vale das Videiras / End.: Armazém das Videiras – Estrada Almirante Paulo Meira, 8.400, loja 5 – Petrópolis / Tel.: +55 24 2225-8802

Josafá Neves e a Mitologia afro

10/mar

Exposição de Josafá Neves encontra-se em exibição no Museu Nacional da República, em Brasília, DF, trazendo reflexões sobre arte, religião e origens. Mostra inédita na capital do país, a exposição “Orixás” provoca o olhar do público em relação à História da Cultura Africana Brasileira, um convite para mergulhar na história do negro em nosso país, transformada em obra de arte através de esculturas, pinturas e instalações. O trabalho do artista transcende às últimas duas décadas e tem inspirado gerações, agregando grande valor à arte contemporânea. “Orixás: geometria, símbolos e cores” alude à última fase em que se encontra o trabalho do brasiliense Josafá Neves. Pesquisando a mitologia iorubana ele busca soluções estéticas, símbolos e cores pertinentes a cada um dos 16 orixás estudados à exercícios geométricos que permitam aproximações com uma dimensão simbólica. A curadoria da exposição é assinada por Marcus de Lontra Costa, crítico de arte e curador.

 

Segundo Nelson Inocêncio, professor de artes visuais da Universidade de Brasília, “…o trabalho de Josafá Neves nos remete às poéticas de outros artistas afro-brasileiros que produziram suas obras com base nas mitologias africanas”. Ele mesmo admite a influência de Rubem Valentim na elaboração de seus emblemas alusivos a várias divindades do panteão iorubano. A arte de Josafá não se restringe a este diálogo com o mestre, mas também se espraia, permitindo que estabeleçamos aproximações com as poéticas de outros de artistas como Emanoel Araújo, do mineiro Jorge dos Anjos e do carioca-brasiliense Olumello. Sua pintura tem como peculiaridade as pinceladas negras, as quais expressam com firmeza seus sentimentos em traços distintos. A prática da pintura para o artista é de um valor incontestável e efetivo. Preparando as telas de forma paternal e zelosa, peculiarmente pinceladas na cor preta, atinge as mais íntimas emoções dos expectadores em seus 24 anos de dedicação integral ao ofício das artes.

 

A palavra do curador

 

As obras produzidas por Josafá Neves para essa exposição revelam a potência de imagens desprezadas pelo discurso oficial. Aqui não há espaço para acomodações, discursos conciliatórios, não há a busca em criar uma falsa ideia de harmonia e integração social num país majoritariamente formado por mestiços, filhos do estupro de mulheres negras por parte do homem branco, afirma Marcus de Lontra Costa.

 

Sobre o artista

 

Artista autodidata nascido em Gama, Brasília – DF, em 1971. Josafá Neves começou a desenhar aos cinco anos de idade nas calçadas e ruas onde morava. Mudou-se para Goiânia com sua família aos sete anos e foi nesta cidade, desde 1996, que Josafá Neves passou a se dedicar integralmente às artes plásticas. Artista com trajetória e reconhecimento internacional, participou de diversas exposições individuais e coletivas, em Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Goiânia, Havana/Cuba, Caracas/Venezuela, Paris /França e USA.

Até 29 de março.

 

 

Um artista e sua coleção

09/mar

A Ricardo Camargo Galeria, Jardim Paulistano, São Paulo, SP, expõe a mostra “Coleção de um Artista” com 31 obras de 9 artistas – Alfredo Volpi, Amélia Toledo, Antonio Dias, Claudio Tozzi, Hércules Barsotti, Mira Schendel, Rubens Gerchman, Tuneu e Willys de Castro – datadas entre 1958 e 2008. O inovador marchand faz uma exposição Pop-Up, com duração de nove dias, resultado de um reencontro entre amigos com mais de cinco décadas de relacionamento estabelecido em bases sólidas e confiança. Ricardo Camargo e Tuneu se reencontram após um longo período o que só reavivou o relacionamento construído pela admiração e respeito mútuos e de ambos pela arte brasileira e seus artistas.

 

“Na Art-Art conheci Ricardo Camargo que começava sua própria carreira com o irmão. Passaram-se cinquenta e dois anos. Aqui estamos numa exposição da coleção de um artista (Eu). O conjunto de obras que foi possível por meu interesse e amizade com alguns artistas que mantive contato desde o final da década de 1960”, declara Tuneu.

No início da segunda década do milênio, Ricardo Camargo seleciona 29 obras da coleção pessoal de Tuneu, inéditas em quase sua totalidade, com exceção de um Volpi e um Barsotti já com participação em retrospectivas em museus, para a montagem afetuosa de uma exposição.

Trabalhos de Willys de Castro e Hércules Barsotti compõe grande parte da exposição e são artistas com quem Ricardo compartilhou almoços aos sábados no Restaurante Gigetto, onde ouviu, de fonte primária, opiniões, características e conceitos dos grandes mestres da arte brasileira contemporânea. Com sua visão experiente, Ricardo Camargo, juntou à essa seleção duas obras de autoria do próprio Tuneu, de uma pequena série não exibida até o momento.

“Estou lisonjeado por ele ter me dado essa oportunidade de apresentar um conjunto de obras significativas.”, define Ricardo Camargo.

“Acredito que o impacto que a obra de um artista gera em nós, artistas, é nossa afinidade estética e logo vem a pergunta: como fez isto? Nosso primeiro interesse é o diálogo com os colegas. Assim a coleção de um artista tenta manter consigo um diálogo em sua parede e, diariamente, estabelece laços muito particulares com este universo”, conclui Tuneu.

 

Sobre Ricardo Camargo

 

Ricardo Camargo começou sua trajetória aos 15 anos de idade, por intermédio de seu irmão, o marchand Ralph Camargo, com quem trabalhou na galeria Art-Art, que em São Paulo foi a pioneira no lançamento dos artistas da geração 1960. A partir daquele momento e ao longo dos 48 anos seguintes de sua carreira firmou parcerias e conheceu várias pessoas que se tornaram importantes para a arte brasileira, como Pietro Maria Bardi (Diretor do MASP por 45 anos), Volpi, Wesley Duke Lee e Flávio de Carvalho. Em meio a tantos anos de profissão se destacou o momento em que recebeu o convite para ser o curador de Anita Malfatti, Lygia Clark e Tarsila do Amaral na exposição “Latin American Women”, em março de 1995, organizada pelo Milwaukee Art Museum em Wisconsin, e que percorreu posteriormente os Museus de Phoenix, Arizona, Denver, Colorado, finalizando em Washington D.C., Estados Unidos. Um traço marcante de sua carreira é a diversidade de estilos, evidente nas mais de 90 exposições que realizou – de exposição de Arte Pré-Colombiana à Vanguarda Tropical, de obras modernistas às contemporâneas. Ricardo Camargo é hoje um dos poucos donos de galeria em São Paulo que atua no mercado de arte desde a década de 1960 e que continua ativo em sua Galeria, que, em 2020, comemora 25 anos de atividades profissionais. Dentre as características próprias da Ricardo Camargo Galeria está o ineditismo de suas exposições “Mercado de Arte”, que reúne a cada edição pelo menos 20 obras inéditas ou que estejam há mais de duas décadas fora do mercado e “Recortes de Coleções”, que capta e comercializa obras das coleções de colecionadores de arte.

 

Abertura: 18 de março, quarta-feira, às 19h.

Período: 19 a 27 de março.

 

Ivan Serpa no CCBB/Rio

05/mar

O Centro Cultural Banco do Brasil, Centro, Rio de Janeiro, RJ, inaugurou a exposição “Ivan Serpa: a expressão do concreto”, uma ampla retrospectiva de um dos mais importantes artistas da História da Arte Brasileira. Reunindo cerca de mais de 200 trabalhos, a mostra exibe diversas fases de suas obras que abrangem uma grande diversidade de tendências, utilizando várias técnicas, tornando-se uma referência para novos caminhos na arte visual no país. A exposição percorre a rica trajetória do artista, expoente do modernismo brasileiro através de obras de grande relevância selecionadas em diversos acervos públicos e privados.

Os curadores Marcus de Lontra Costa e de Hélio Márcio Dias Ferreira selecionaram uma ampla gama de trabalhos situados entre a figuração e o concretismo, além de desenhos e objetos.

Sobre o artista

Ivan Ferreira Serpa, Rio de Janeiro, RJ, 1923 – 1973. Pintor, gravador, desenhista. Artista plástico e professor. A partir de 1946 inicia seus estudos em arte com o gravador Axel Leskoschek e em 1947 expõe na divisão moderna do Salão Nacional de Belas Artes. No início da década de 1950, seu trabalho já se identifica com a abstração geométrica e sua participação na I Bienal Internacional de São Paulo, realizada em 1951, exibe essa tendência e recebe o Prêmio Jovem Pintor Nacional. A partir de 1952 passa a dedicar-se também a atividades didáticas em cursos de pintura realizados no Museu de Arte Moderna. Em 1953 participa da I Exposição Nacional de Arte Abstrata realizada na cidade de Petrópolis, RJ. No ano seguinte, juntamente com outros artistas, cria o Grupo Frente, assumindo sua liderança. Participa em 1957 da I Exposição Nacional de Arte Concreta no Rio de Janeiro, quando recebe o Prêmio de Viagem ao Exterior do Salão Nacional de Arte Moderna. Viveu na Europa entre os anos de 1958 e 1959, quando volta ao Brasil e participa, no Rio de Janeiro, da I Exposição de Arte Neoconcreta. No início dos anos 1960 realiza algumas experiências no campo da figuração, entre as quais a “Fase negra”, de tendência expressionista, que se desenvolve num momento de crise política, que culmina com o golpe militar de março de 1964. A partir de 1965 retorna o Abstracionismo geométrico, introduzindo elementos ligados à sensualidade das formas. Participou das mais importantes exposições ocorridas ao longo da década de 1960 como “Opinião 65”, “Opinião 66” e “Nova Objetividade Brasileira”. Nas décadas de 1960 e no início de 1970 desenvolve trabalhos com Lygia Pape, Antonio Manuel e Dionísio del Santo. Recebeu diversos prêmios no Brasil e participou de diversas edições da Bienal de São Paulo, além da Bienal de Veneza, em 1952,1954, 1962, e Zurique, 1960, onde recebeu premiação. O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro realizou algumas retrospectivas de sua obra nos anos 1965, 1971 e 1974.

 

Acontece no MAR

18/fev

O Museu de Arte do Rio, MAR, Centro, Rio de Janeiro, RJ, conquistou, – em seis anos de existência -, um lugar ímpar na programação cultural carioca.

 

O Rio dos Navegantes

 

A exposição faz uma abordagem transversal da história do Rio de Janeiro como cidade portuária, apresentando as diversas vozes dos povos que desde o século XVI passaram, aportaram e aqui viveram. A mostra apresenta cerca de 550 obras de artista como Ailton Krenak, Antonio Dias, Arjan Martins, Carybé, Floriano Romano, Guignard, Kurt Klagsbrunn, Rosana Paulino e Virginia de Medeiros. Evandro Salles é o idealizador e curador e Francisco Carlos Teixeira, o consultor histórico. Também assinam a curadoria e a pesquisa Fernanda Terra, Marcelo Campos e Pollyana Quintella.

Até março de 2020

 

Pardo é Papel

 

A individual do artista Maxwell Alexandre reafirma a vocação que o Museu de Arte do Rio conquistou em seis anos de existência: enfrentar o espelho, se reconhecer, escutar, afirmar o que interessa e prosseguir. Aos 29 anos, o jovem carioca retrata em sua obra uma poética urbana que passa pela construção de narrativas e cenas estruturadas a partir de sua vivência cotidiana pela cidade e na Rocinha, onde nasceu, trabalha e reside. Com obras no acervo do MAR, Pinacoteca de São Paulo, MASP, MAM-RJ e Perez Museu, Maxwell apresenta “Pardo é Papel” no Brasil após levar sua primeira exposição ao Museu de Arte Contemporânea de Lyon, na França.
Até maio de 2020

 

UÓHOL, de RAFAEL BQUEER

 

Interessado em questões que perpassam o corpo e as discussões de decolonialidade, gênero e sexualidade, o jovem artista transita entre linguagens como a performance, o vídeo e a fotografia. A mostra, em cartaz na Biblioteca MAR, joga com o sobrenome do ícone pop norte-americano Andy Warhol (1928-1987) e o termo “Uó” – gíria queer e popular para designar algo ou alguém irritante ou de mau gosto.
Até abril de 2020.

Encontro com Yuko Mohri

17/fev

Construída por meio de conversas e relações, a 34ª Bienal de São Paulo – Faz escuro mas eu canto, busca se expandir no espaço e no tempo por meio de exposições e eventos em curso até setembro de 2020 – muitos em colaboração com outras instituições da cidade. Na Oficina Cultural Oswald de Andrade serão realizados encontros públicos com artistas e curadores convidados, onde será possível conhecer suas pesquisas, discursos e práticas artísticas em proximidade e diálogo.

 

Sobre a artista

 

Yuko Mohri nasceu em 980, Kanagawa, Japão. A artista produz instalações compostas por elementos mecânicos vindos de utensílios domésticos e de outros objetos cotidianos. Muitas vezes, se pauta pela filosofia japonesa do You-no-bi, ressignificando esses objetos com um olhar apurado, observando o belo no ordinário. Dentre suas individuais, destacam-se as apresentadas no Camden Arts Centre (Londres, Inglaterra, 2018); Mori Art Museum (Tóquio, 2016). Seu trabalho foi incluído em diversas exposições coletivas, dentre elas: a 5ª Bienal de Arte Contemporânea de Ural (Rússia, 2019); Centro de Arte Contemporáneo Wifredo Lam (Havana, Cuba, 2018); 14ª Bienal de Lyon (França, 2017); Kochi-Muziris Biennale 2016 (Índia, 2016); Yokohama Triennale 2014 (Kanagawa, Japão, 2014). Vive em Tóquio. A conversa com o público na Oficina Cultural Oswald de Andrade acontece na quarta, 19 de fevereiro, às 19h30.

 

Entrada gratuita / 50 vagas (participação por ordem de chegada).