No Martins na Baró

08/ago

A Baró, Jardins, São Paulo, SP, exibe até 14 de setembro, “Campo minado”, a primeira exposição do artista No Martins na galeria. A curadoria é de Hélio Menezes. Durante a abertura aconteceu a performance “Em território hostil”.

 

Sobre o artista

 

No Martins nasceu em São Paulo, Brasil, 1987. Vive e trabalha em São Paulo, Brasil. No Martins teve seus primeiros contatos com as artes visuais nas ruas de São Paulo, através da Pixação e do Graffiti, em 2003, aos 16 anos. Por conta de sua curiosidade em conhecer novas linguagens artísticas passou a frequentar os ateliês de gravura da Oficina Cultural Oswald de Andrade entre 2007 e 2011, onde foi aluno de artistas como Rosana Paulino, Kika Levy, Ulysses Bôscolo e outros. Cursou Licenciatura em História e Artes Visuais. Entre as exposições que participou, se destaca a Histórias Afro-atlânticas no MASP e Instituto Tomie Ohtake, eleita pelo New York Times a principal exposição de 2018. No segundo semestre 2019 No Martins é um dos 55 artistas participantes da 21ª Bienal SESC VideoBrasil, e terá ainda em 2019, individuais no CCSP e no Instituto Pretos Novos no Rio de Janeiro – RJ. Sua produção artística transita em meio a pintura, performance e experimentação com objetos, nas quais Martins investiga as relações interpessoais cotidianas, principalmente a convivência do Negro(a), no cotidiano urbano, problematizando questões de territorialismo, acesso, racismo, mortalidade e encarceramento da população negra brasileira.

 

Um campo minado é, por definição, um terreno repleto de armadilhas subterraneamente prontas para machucar, ou mesmo destruir, todos que tentem atravessar uma determinada área. Uma espacialização de aparatos repressivos, artifício de obstrução de passagem, de impedimento de circulação. A expressão também nomeia um jogo popular de computador, cujo funcionamento reproduz a lógica explosiva da tática de guerra: um passo em falso, um descuido, e o lugar que antes parecia seguro, logo se revela um gatilho. O termo serve também de boa metáfora para os territórios segregados da vida social brasileira, repletos de perigos escondidos: para certos corpos, a experiência de atravessar as fronteiras invisíveis que dividem a cidade em CEP, cor e classe, equivale à de atravessar um campo minado. De transitar em espaços nos quais um mero desvio ou desencontro pode acionar conflitos incendiários no dobrar da esquina. Essa matéria do cotidiano urbano, de um Estado policialesco, uma sociedade desigual, uma vida vigiada e catracalizada, se converte em centro de interesse e experimentação no trabalho de No Martins. Em Campo Minado, o artista paulistano, nascido e residente à zona leste da cidade, apresenta um conjunto de obras que disseca as camadas de um racismo expressamente urbano, no qual o direito elementar de ir e vir é praticado ou restringido de maneira desigual entre negros e brancos, entre periferia e centro. Com referências autobiográficas e explorando diferentes linguagens – entre pinturas, objetos, vídeos, instalação -, a mostra individual de No Martins traduz e relê temas da ordem do dia, como o encarceramento em massa crescente, a seletividade penal flagrante do sistema judiciário, o racismo estrutural, a violência estatal abusiva e o crescimento do discurso militarista na sociedade brasileira. A obra que empresta nome à mostra é boa pista para o entendimento do conjunto. Nela, o artista se faz autorretratar de costas em escala humana, posicionado em situação de enquadro. Não é dado ao observador ver seu rosto: ao entrar em contato com a obra, somos deslocados a ocupar momentaneamente o lugar da polícia no momento da abordagem, fitando-o como o veria um agente de segurança pública. Somos, desse modo, como que convocados a entendermo-nos parte corresponsável pela cena que se configura à frente – violenta, mas absolutamente cotidiana para “indivíduos fora do padrão” como o artista: negro, jovem, periferizado. CAMPO MINADO A pintura horizontal em pedaços assimétricos de lona, cores marcantes e luminosas, a exploração de signos distintivos e elementos alegóricos (placas proibitivas de trânsito, câmeras de vigilância, letreiros de sinalização), uma expressividade que ecoa um muralismo da arte de rua, reforçam e instauram um ar de urgência, de alerta e gravidade. O contraste complementar com Sem título, retrato vertical e sensível de um agente policial fardado, mas descalço, complexifica a exploração do tema e desfaz maniqueísmos apressados. Com pés que remetem aos do Mestiço de Portinari, a ausência de sapatos faz ressaltar a pessoa, o sujeito negro por detrás do uniforme, seu mundo interior para além (ou aquém) do ofício. Se recordarmos que na história do Brasil o uso de calçados era interdito aos escravizados, convertendo-se em símbolo distintivo de liberdade, a composição ganha novos contornos. O trabalho de No Martins não busca conciliação, não está à cata de boas maneiras. Uma linguagem direta, sem rodeio, em obras como Expediente e 111 dividido por 5, engendra efeitos de denúncia, mas também convite à ação, à saída da letargia diante de um estado de sítio. A busca por uma reflexão sobre o momento presente, o agora, é marca e potência poética de sua produção. Nada parece escapar ao seu olhar: o assassinato de cinco jovens com 111 tiros pela polícia (o número de balas equivale, espantosamente, ao presidiários mortos no massacre do Carandiru); a profissionalização do tráfico de drogas e sua promiscuidade com a política institucional; o estrangulamento de um jovem negro por um golpe de “gravata” dado por um agente de segurança de supermercado. Episódios de violência cotidiana que informam um produção artística deliberadamente politizada, em consonância com movimentos mais contemporâneos da arte preocupados em influir e desejosos de atuar sobre o curso da vida.

 

 

Arrechea/Nara Roesler, Ipanema

Fragmentos e camadas de cores dão forma a máscaras carregadas de simbologia. Essa é a temática da exposição “Superfícies em conflito” do cubano Alexandre Arrechea, que após mais de uma década atuando junto ao coletivo Los Carpinteros, apresenta mostra individual no Rio de Janeiro. A exposição fica em cartaz até o dia 31 de agosto, na Galeria Nara Roesler, Ipanema, Rio de janeiro, RJ e apresenta 12 trabalhos em diversos suportes, que vão das tradicionais telas à tapeçaria, papéis artesanais de cânhamo, linho e algodão, e videoinstalação.

 

As obras nos remetem, em um primeiro momento, às máscaras africanas, impressão essa confirmada pelo curador Rodolfo de Athayde, que destaca em texto curatorial as influências de Picasso e Malevich. As máscaras de Arrechea, sem olhos e sem bocas, de aparência enigmática, podem ser lidas a partir da problemática cubana com relação a liberdades e direitos humanos.

 

Mas esses trabalhos vão além: evocam estruturas urbanas, tanto em sua construção – que utiliza linhas, sulcos, texturas e sobreposições geométricas, lembrando os tradicionais bairros cubanos, suas casas e arquitetura – quanto na intenção de revelar, também filosoficamente, “as camadas da ação humana no tempo”. Dessa forma, o que inicialmente pode parecer uma obra de rápida assimilação, oferece, em seguida, outras possibilidades interpretativas.

 

5 mostras no Paço Imperial

O Paço Imperial, Centro, Rio de Janeiro, RJ, inaugurou seu terceiro bloco de exposições de 2019, com individuais de cinco artistas contemporâneos: Amador Perez, Angelo Venosa, Elizabeth Jobim, Jonas Arrabal e Paiva Brasil.

 

A programação se estende até 27 de outubro, contempla expressões diversas, como pintura, escultura, fotografia e instalação.

 

 

Longo Bahía na Argentina

A artista brasileira Dora Longo Bahía está na Sala de Audiovisual do Parque de La Memória, pela Bienal Sur (Bienal Internacional de Arte Contemporáneo de América del Sur). Parque de la Memoria – Monumento a las Víctimas del Terrorismo de Estado, Av. Costanera Norte Rafael Obligado 6745, Adyacente a Ciudad Universitaria, Ciudad Autónoma de Buenos Aires, Argentina.

 

“Choque” leva o título da unidade antidistúrbios da polícia brasileira, também conhecida como “Tropa de Choque”, uma divisão treinada e equipada para reprimir multidões e protestos no espaço público. A videoinstalação de Dora Longo Bahía, de profunda potência visual, questiona criticamente os métodos que os poderes do Estado aplicam para suprimir as forças de resistência. Assim, longe de se estabelecer como símbolo de proteção, as forças policiais transmitem em “Choque”, uma filosofia do medo e, embora a obra ancore sua base conceitual na realidade histórico-política do Brasil contemporâneo, a narrativa visual implantada pela artista encontra ressonâncias semelhantes em várias cidades ao redor do planeta.

 

Sobre a artista

 

Dora Longo Bahía nasceu em São Paulo, 1961. Artista visual e doutora em Poéticas Visuais pela Universidade de São Paulo. Seus trabalhos são desenvolvidos em várias mídias, incluindo pintura, fotografia, vídeo, instalações sonoras e livros. Sua ligação com o punk rock dos anos 1980 levou-a a participar de diferentes bandas como Disk-Putas e Blah Blah Blah. Dora Longo Bahía se define como um produtor de imagens e suas obras tratam, sem buscas retóricas, da violência do mundo contemporâneo.

 

Até 13 de outubro.

 

Dois na Kogan Amaro

06/ago

A partir de 08 de agosto e até 06 de setembro, a Kogan Amarao, Jardim Paulista, São Paulo, SP, exibe duas exposições: “A verdade está em tudo, mesmo no erro”, do multiartista Fabiano Rodrigues, que usa do ideário de Moholy Nagy para reunir colagens e fotomontagens a partir de negativos de até cem anos atrás e Felipe Góes, com “Cataclismo”, no mezanino da galeria, paisagens surreais, em que lava e água coexistem e se confundem, habitando as telas do pintor abstrato-figurativo.

 

 Fabiano Rodrigues

 

A verdade está em tudo, mesmo no erro

 

“O inimigo da fotografia é a convenção, as regras fixas de “como fazer”. Sua salvação vem da experimentação. O artista experimental não tem ideias preconcebidas, não acredita que a fotografia seja somente como é conhecida hoje – exata repetição e representação da visão costumeira. Não pensa que os erros devam ser evitados. Ousa chamar de ‘fotografia’ todos os resultados alcançados pelos meios fotossensíveis, com câmera ou sem.”

 

O texto acima foi escrito na década de 20 pelo artista húngaro e professor da Escola Bauhaus László Moholy-Nagy (1895-1946), um experimentador incansável, dos exponentes do Modernismo europeu que ajudaram a mudar os rumos da arte. Quase um século depois, ainda revolucionário, serve agora de tripé ao fotógrafo Fabiano Rodrigues, 45.

 

Para criar sua mais recente série de trabalhos, ele deixa a câmera na gaveta. Resgata imagens de sebos e álbuns de família esquecidos pela História. Desdobra-se em colagens e fotomontagens a partir de 400 negativos das décadas de 50 e 60, quando as máquinas fotográficas caíram no gosto popular. Em suas experiências, não abre mão dos erros. Pelo contrário, põe-se a explorá-los, trazendo à luz uma outra realidade, mais plástica.

 

A ideia é dar aos registros uma nova interpretação, ressignificá-los de maneira irreverente. Após recortadas, as fotos integram montagens estranhas, meio surreais, meio fantasmagóricas. Homens e mulheres que têm seus rostos mutilados pelas lâminas precisas do artista. Despedaçados, reconfiguram-se de maneira invertida, bem ao estilo de Moholy-Nagy.

 

Numa delas, um evento social que reúne engravatados, Rodrigues segmenta as silhuetas masculinas e as ambienta em situações habituais, de comportamento e gestos masculinos, em fundo negro, infinito, como se estivessem flutuando no abismo profundo. Imagens antes abandonadas, jogadas ao anonimato. São mais de 60 ou 70 anos desde que foram captadas. Algumas até mais antigas, de 1915. Fotografia nostálgica, carregada de melancolia, que registra este fenômeno inexorável à passagem do tempo, espécie de congelamento no passado de pessoas que talvez nem mais existam, levando seus fragmentos até o presente de gente que sequer as conhece.

 

Em sua pesquisa, o artista topou com alguns filmes publicitários de máquinas fotográficas da época. E aproveitou para também transformá-los em colagens. Frames comerciais e imagens em movimento se misturam a trechos de músicas e sons aleatórios. O resultado é um vídeo estridente.

 

O artista de Santos (SP) já não era convencional antes, ao documentar o universo dos praticantes de skate – sua tribo, já que ele mesmo é skatista profissional. Em meio à adrenalina e durante saltos, piruetas e voos inacreditáveis, fotografava solto no ar ou em velocidade vertiginosa, dentro de museus e edifícios com arquitetura marcante, desafiando os limites institucionais. Disparava a distância um obturador remoto, o que exigia boas doses de precisão.

 

Nesta nova fase de sua obra, Fabiano arrisca-se na experimentação ao deixar a máquina fotográfica na gaveta, mais maduro pelo tempo, parte radicalmente para a pesquisa de imagens já existentes. Agora desenha recortando, cortando e colando. Junta essas fotografias e negativos de época e lhes dá sobrevida na contemporaneidade ao resgatá-los do passado. Cria assim, inusitadas imagens de segunda geração.

 

São estranhas, é o que poderia dizer no mínimo sobre essas imagens resultadas do gesto simples de recortar, colar e sobrepor partes da mesma fotografia.

 

Curadoria

Ricardo Resende

 

 

Felipe Góes

 

Também a partir de 08 de agosto, entra em cartaz a mostra individual de Felipe Góes, “Cataclismo”, no mezanino da Kogan Amaro. Paisagens surreais, em que lava e água coexistem e se confundem, habitam as telas do pintor abstrato-figurativo. “Se alguns pintam a partir da fotografia de uma paisagem, e outros, da memória de tal lugar, me coloco em um terceiro círculo, misturando lembranças de vários destinos. Dessa forma, crio uma localização parcialmente irreal”, conta o artista.

 

 

Cataclismo

 

No começo havia apenas a desordem. O único deus era o Caos, que reinava no nada e sozinho. Ele, então, decide criar Gaia, mãe-terra e força primordial do universo. Assim começa a origem do mundo na mitologia grega, de onde o cataclismo se ergue e a transformação impera. Paisagens surreais, em que lava e água coexistem e se confundem, habitam nosso imaginário e também as telas do artista plástico Felipe Góes.

 

Um entardecer onírico une as obras do paulistano, de 36 anos, todas compostas por intensas pinceladas que passeiam entre William Turner e Gerhard Richter, ora feitas em tinta acrílica, ora em guache. “Há quase um ano, tenho migrado meu trabalho para esse lugar imaginário, em um processo constante de renovação, que vai das formas à paleta, passando pelas dimensões das obras, que tomam cada vez mais corpo”, explica.

 

Se antes seguia campos de cor para dar ritmo ao trabalho – processo que reconhecemos na obra de artistas como Paulo Pasta (de cujo grupo de estudos Góes fez parte entre 2008 a 2012) –, agora, ele entrelaça tais tonalidades, deixando essas áreas mais mescladas e difusas. “Essa transformaçãoEnte recente coincide com o período mais intenso de interlocução com o artista Rubens Espírito Santo”, conta.

 

O figurativo é outro elemento que cresceu na produção do artista. Ligado a certo expressionismo na pincelada, mudou a incidência de luz e sombra em suas telas. Tais características fazem de Góes parte de uma nova geração de pintores abstrato-figurativos que tem alcançado êxito na cena artística, formada por nomes como Daniel Lannes, Marina Rheingantz, Bruno Dunley e Rodrigo Bivar. “Se alguns pintam a partir da fotografia de uma paisagem, e outros, da memória de tal lugar, me coloco em um terceiro círculo, misturando lembranças de vários destinos. Dessa forma, crio uma localização parcialmente irreal.”

 

A natureza exuberante permeia esses registros, como uma espécie de catalogação de lugares inexistentes – todos cobertos pela penumbra mágica das cores do nascer e do pôr do sol. Alguns deles sugerem a presença humana, seja em um farol, em uma ponte ou em uma construção não definida. Uma forma de fazer possível nossa passagem por esse mundo de cataclismos.

 

Curadora

Ana Carolina Ralston

 

 

 

 

Stockinger 100 anos 

05/ago

O Museu de Arte do Rio Grande do Sul, MARGS, Porto Alegre, RS, inaugura uma ampla e extensa exposição em homenagem ao centenário de nascimento de Francisco Stockinger (1919-2009). Ocupando as três galerias das Pinacotecas, o espaço mais nobre do museu, “Stockinger 100 anos” reúne mais de 100 obras, procedentes do acervo do MARGS e de coleções públicas e privadas.

 

A exposição percorre as diferentes fases do artista que, com seus “Guerreiros”, “Gabirus”, esculturas em pedra e figuras femininas, é reconhecido como um dos mais importantes representantes da escultura no Brasil, também aclamado ainda em vida como um dos mais consolidados referenciais da arte produzida no Rio Grande do Sul. A abertura da exposição se dá exatamente no dia de nascimento de Stockinger. Além do centenário de nascimento, o ano de 2019 também registra uma década de sua despedida. A curadoria de “Stockinger 100 anos” é de Francisco Dalcol, diretor-curador do MARGS, e Fernanda Medeiros, curadora-assistente.

 

 

STOCKINGER 100 ANOS

 

Sobre o artista

 

Nascido em Traun, na Áustria, em 1919, Francisco Alexandre Stockinger criou-se em São Paulo e iniciou-se na escultura no Rio de Janeiro, com Bruno Giorgi. Conviveu com personagens fundamentais na fixação da arte moderna no Brasil: além de Bruno Giorgi, Di Cavalcanti, Milton Dacosta, Maria Leontina, Marcelo Grassmann e Iberê Camargo. Transferiu-se para Porto Alegre nos anos 1950, onde seria um dos fundadores do Atelier Livre da Prefeitura Municipal de Porto Alegre e, por duas vezes, diretor do MARGS. Depois de ter construído obra importante em xilogravura, ganhou projeção nacional com seus guerreiros em ferro e madeira, que costumam ser associados com a resistência à ditadura militar. Xico foi antes aviador, meteorologista e diagramador. Também coleciona cactos (é responsável pela identificação de pelo menos duas novas espécies). Nas palavras do diretor-curador do MARGS, Francisco Dalcol, a exposição em homenagem a Stockinger é como que um dever do MARGS: “Por ser Stockinger um dos mais consolidados referenciais da arte produzida no Rio Grande do Sul, e também porque sua arte extrapolou as fronteiras. Além disso, teve um papel institucional decisivo no sistema da arte no Estado, o que faz dele um personagem fundamental na nossa cultura”. No texto curatorial da exposição, o diretor-curador escreve que, com esta exposição o MARGS afirma o compromisso com a nossa história artística: “E em seu dever de prestar esta importante homenagem, cuja solenidade se torna necessária para que a relevância de um grande artista seja recolocada e não se apague da memória coletiva. Ao assinalar e afirmar a importância de Stockinger, o esforço é tomar o seu centenário de nascimento, e os 10 anos de sua despedida, como um momento oportuno para se difundir o seu legado. O intento é proporcionar um reencontro e um renovado interesse com uma produção tão conhecida e aclamada, mas sobretudo oferecer uma experiência intensa e enriquecedora para um público mais amplo e não totalmente familiarizado com a importância de sua obra e vida, notadamente as novas gerações”.

 

Sobre a exposição

 

“Stockinger 100 anos” reúne mais de 100 obras, entre esculturas, gravuras, documentos e outros itens. Na concepção curatorial, optou-se por uma exposição que não segue uma ordem cronológica estrita, preferindo estabelecer aproximações e possíveis relações entre diferentes fases e vertentes da extensa obra de Stockinger, produzida ao longo de seis décadas. Dessa estratégia de organização, resulta uma mostra estruturada em torno de núcleos temáticos, formais e conceituais. No texto curatorial, Francisco Dalcol escreve: “Reconhecendo se tratar de um artista já legitimado e amplamente abordado, a exposição se assume mais panorâmica do que retrospectiva, tendo sido organizada segundo estratégias que procuram oferecer compreensão e legibilidade frente a uma produção tão extensa quanto diversa em suas etapas. Reforçam a opção por esse viés os diversos textos de mediação apresentados no espaço expositivo, com os quais se procura situar e contextualizar a obra e a trajetória do artista”.

Na galeria central das Pinacotecas, estará reunido um grande conjunto da estirpe dos “Guerreiros”, na qual se incluem figuras como profetas, sentinelas, touros, cavalos e personagens femininas. O diretor-curador escreve: “No começo dos anos 1960, depois de um período dedicado às artes gráficas (desenho de imprensa e gravura), Stockinger retomou a prática e pesquisa em escultura. Começou a fundir em bronze no quintal da casa, de modo caseiro e mesmo rudimentar. Nesse processo artesanal e experimental, desenvolveu formas e texturas que o levariam a elaborar a estirpe em torno da figura mítica do guerreiro. Seguindo em suas experimentações, passou a trabalhar os “Guerreiros” com troncos de árvore e peças metálicas soldadas, desenvolvendo aí um inventivo processo construtivo – colagem e sobreposição, e não mais modelagem ou entalhe -, que configura a sua mais particular e notável contribuição para o campo da escultura”.

 

Já nas duas galerias laterais, estão contempladas as demais vertentes de sua produção. Em uma delas, estão reunidas dezenas de gravuras realizadas entre os anos 1950 e 1960, juntamente a uma seleção de itens que destaca a sua atuação na imprensa, em especial a gaúcha, onde trabalhou com diagramação, ilustração, caricatura e charge. Sobre a produção em gravura, Francisco Dalcol descreve: “Ainda no final da década de 1950, Stockinger passou a praticar gravura. Dessa experiência, ficou notabilizado por uma importante produção em xilo (gravura impressa a partir de matriz de madeira), manifestando já aí forte pendor tanto à consciência social como às vertentes expressionistas. Contudo, a produção em gravura de Stockinger não se valeu das intensidades da expressão para uma dramatização documental da vida. Por outra via, abordou o drama social coletivo pela chave do conflito existencial, a partir de personagens excluídos e marginalizados da sociedade, tanto urbana como rural, a exemplo de pobres, boêmios, prostitutas e abigeatários”.

 

Nesta mesma galeria, outra seção destaca o seu trabalho de escultura em pedra, sobretudo o mármore. Segundo Dalcol: “São esculturas serenas e silenciosas, que enfatizam o apelo à contemplação. Convidam ao deleite da beleza lírica e poética, mobilizando uma sensibilidade própria à forma e à matéria, e também ao que pode haver de prazer e sensual no resgate desses sentidos. Esculpindo em pedra, Stockinger não mais acrescenta nem molda, apenas subtrai o excesso. Há volume e cor, mas também ausência. A narrativa e o comentário da realidade social dão lugar à opção pelo silêncio, da arte como objeto em si. Aqui, o artista deixou-se guiar pela operação de reconhecer na forma bruta da matéria a sua vocação, encontrando assim a via de uma abstração informal”.

 

Por fim, na terceira galeria, estão reunidas peças diversas, como os seus conhecidos “Gabirus”, que retratam a miséria do povo do nordeste, e também sua “Magrinhas”, figuras femininas que se destacam pelo aspecto longilíneo. O diretor-curador comenta: “Nos anos 1990, Stockinger recobrou as cargas de um comentário social mais explícito em sua produção artística. Sensibilizado pelas notícias da fome e miséria que teimavam a chegar do nordeste brasileiro, concebeu as figuras dos “Gabirus”, os seus seres nanicos, expressivos do drama humano que persiste a recair sobre as populações menos favorecidas. Como modo de denúncia, Stockinger procurava intencionalmente chocar com suas impactantes peças fundidas em bronze, que também já apontavam, uma vez mais, para a aproximação com algo do grotesco presente em sua produção”.

 

Nesta última sala, também estão reunidas diversas esculturas que explicitam o aspecto ancestral e primitivo da produção de Stockinger, a exemplo de grandes mestres da arte moderna. O diretor-curador salienta: “Nessas esculturas, evidencia-se que a produção de Stockinger sempre apontou para o lastro da tradição artística ocidental. Mais precisamente, para a revalorização da escultura primitiva sugerida por grandes mestres europeus, filtrada por um viés humanista e por uma figuração livre. Entre essas referências figuram como incontornáveis escultores a exemplo de Alberto Giacometti, Aristide Maillol, Auguste Rodin, Constantin Brancusi, Henry Moore, Jean Arp e Marino Marini. Ao se valer a seu modo desse aspecto primitivo, arcaico e ancestral encontrado nos artistas modernos, tornado emblema de sua fidelidade e coerência artísticas, Stockinger alcançou uma obra que continua a significar por sua dimensão tão humanista quanto universal”.

 

 

Texto curatorial

 

Aclamado como um dos mais consolidados referenciais da arte do Rio Grande do Sul, Francisco Stockinger (1919-2009) é também reconhecido como um dos mais importantes representantes da escultura no Brasil. Hábil desenhista e artesão, esculpiu em gesso, madeira, metal e pedra, trabalhando também com desenvoltura em gravura, desenho, ilustração, charge e caricatura.

 

Nos anos 1950, trilhando o caminho inverso ao tradicional – do centro para a província -, mudou-se do Rio de Janeiro para Porto Alegre, cidade onde passaria a vida, tornando-se uma personalidade fundamental do cenário cultural com sua forte e atuante presença. Além de artista, teve um papel decisivo como agente do sistema da arte no Estado, participando de sua constituição ao se engajar em causas coletivas à frente de instituições culturais como o MARGS, o Atelier Livre e a Associação Chico Lisboa.

 

Ao lado de Iberê Camargo e Vasco Prado, Stockinger formou o tripé de maior projeção da arte moderna gaúcha, compondo uma espécie de santíssima trindade das artes visuais do Estado. Comungavam de certa visão na abordagem artística moderna, especialmente no tratamento dado à condição humana, seja em sua dimensão social ou existencial.

 

Com séries escultóricas como a dos seus afamados “Guerreiros”, iniciada nos anos 1960, Stockinger foi figura decisiva na fixação de valores modernos na cultura artística do Rio Grande do Sul, consolidando uma vertente de matriz expressionista. Também estabeleceu um fecundo diálogo entre a tradição da arte ocidental e os temas regionais, emprestando à sua obra um sentido coletivo e ao mesmo tempo universal.

 

Com esta exposição que celebra o centenário de nascimento de Stockinger, o MARGS afirma o compromisso com a nossa história artística, em seu dever de prestar esta importante homenagem, cuja solenidade se torna necessária para que a relevância de um grande artista seja recolocada e não se apague da memória coletiva.

 

Ao apresentar a quase totalidade das obras de Stockinger pertencentes ao acervo do MARGS, onde está suficientemente bem representado, esta exposição ainda reúne um significativo número de peças de acervos públicos e coleções particulares, que gentilmente aceitaram o convite de tomar parte na comemoração, apoiando este projeto com realização própria do museu.

 

Resulta disso uma exposição ampla, que traz a público obras bastante relevantes, mas não isenta de alguma lacuna pontual. Seja como for, o conjunto aqui apresentado é altamente expressivo e representativo da produção do artista. Stockinger obteve consagração ainda em vida, tendo sido frequentemente reconhecido ao longo de sua trajetória, como atesta a extensa fortuna crítica, teórica e histórica encontrada nos inúmeros textos, catálogos, livros e exposições a ele dedicados.

 

Reconhecendo se tratar de um artista já legitimado e amplamente abordado, esta exposição se assume mais panorâmica do que retrospectiva, tendo sido organizada segundo estratégias que procuram oferecer compreensão e legibilidade frente a uma produção tão extensa quanto diversa em suas etapas. Reforçam a opção por esse viés os diversos textos de mediação apresentados no espaço expositivo, com os quais se procura situar e contextualizar a obra e a trajetória do artista.

 

Ao assinalar e afirmar a importância de Stockinger, o esforço é tomar o seu centenário de nascimento, e os 10 anos de sua despedida, como um momento oportuno para se difundir o seu legado. O intento é proporcionar um reencontro e um renovado interesse com uma produção tão conhecida e aclamada, mas sobretudo oferecer uma experiência intensa e enriquecedora para um público mais amplo e não totalmente familiarizado com a importância de sua obra e vida, notadamente as novas gerações.

 

Francisco Dalcol

Diretor-curador do MARGS/Doutor em Teoria, Crítica e História da Arte

Até 24 de novembro.

 

 

 

 

Fotos: anos 1940 – 1960

31/jul

Pela primeira vez, reúne-se em uma casa modernista em São Paulo – a residência Castor Delgado Perez, de Rino Levi, sede da Luciana Brito Galeria, Jardim Europa, São Paulo, SP – um conjunto expressivo de fotografias de Geraldo de Barros, Gertrudes Altschul, Thomaz Farkas, Ademar Manarini, Paulo Pires, Marcel Giró, Gaspar Gasparian, Eduardo Salvatore e Mario Fiori, representantes da vertente moderna da fotografia brasileira, linguagem que mudou radicalmente o conceito do que é arte no universo da fotografia e das artes visuais. Realizada em parceria com Isabel Amado, a exposição “Fotografia Moderna 1940 – 1960” propõe-se, com suas mais de 90 obras, a reunir fotos inéditas e outras que ainda não circularam ostensivamente e que, portanto, não são tão conhecidas do público.

 

Com destaque para Geraldo de Barros, precursor do Concretismo no Brasil e cofundador do Grupo Ruptura, e Gertrudes Altschul, uma das poucas mulheres a ter a relevância de sua produção reconhecida neste período, a mostra espera contribuir, assim, para a ampliação do repertório visual que vem sendo construído em torno desses artistas. A fotografia moderna no Brasil aliou o desejo de inventividade e interpretação subjetiva do mundo no
contexto do pós-guerra às especificidades dos movimentos de industrialização e urbanização brasileiros. Impulsionado pela fundação do Fotocineclube Bandeirantes, em 1939, o cenário da fotografia nacional observou uma efervescência única a partir da década de 1940, quando seus representantes se afastaram do pictorialismo academicista e abriram uma discussão sobre a essência do fazer fotográfico e sua autonomia como forma artística em si e por si.

 

Texto de Helouise Costa

 

A ideia de construção como metáfora da modernidade

 

A fotografia moderna no Brasil manifestou-se de maneira ampla e diversificada. Seja no fotojornalismo, na fotografia de arquitetura, no fotoclubismo, na produção documental, ou mesmo na moda e na publicidade, o que se observa são diferentes modos de responder a um mundo em franca transformação. Os nove fotógrafos reunidos nesta mostra – Ademar Manarini, Eduardo Salvatore, Gaspar Gasparian, Geraldo de Barros, Gertrudes Altschul, Paulo Pires, Marcel Giró, Mario Fiori e Thomaz Farkas -, estiveram, em maior ou menor grau, vinculados ao universo dos fotoclubes e tinham como propósito investigar o potencial artístico da fotografia, libertos das amarras da profissionalização.

 

De origens e formações distintas, sendo alguns pertencentes a famílias de imigrantes, os fotógrafos aqui representados produziram suas imagens sob o impacto do processo de modernização que, a partir de meados da década de 1940, reconfigurou a face visível das grandes cidades brasileiras. Em geral, intentaram fazer da fotografia uma ferramenta capaz de dar vazão a novos modos de ver e vivenciar experiências urbanas, até então, inéditas. Tais intenções materializaramse por meio da fotografia direta, mas também de experimentações, tais como fotogramas, montagens e solarizações. Enquanto alguns limitaram-se a exercícios de caráter formalista, outros buscaram alargar o entendimento da fotografia para além do repertório característico do fotoclubismo e do que se convencionou como sendo próprio do fotográfico.

 

Em que pesem as diferenças individuais entre os fotógrafos a ideia de construção parece unir todas as imagens aqui apresentadas. O verbo “construir”, como explicam os dicionários, é sinônimo de edificar, erigir e arquitetar. Tais ações se materializam de diferentes modos nessas fotografias, que ora resultam de um olhar rigoroso sobre o mundo, ora são frutos de um embate criativo com a matéria, por meio das manipulações. Não por acaso a fotografia e a arquitetura foram manifestações do modernismo que estiveram em perfeita sintonia no Brasil no período que se seguiu à Segunda Guerra Mundial. Construir novas formas arquitetônicas e construir uma nova linguagem fotográfica tinham em comum o mesmo ideal de construção de um país moderno, como fica evidente na foto “Canteiro de obras”, que Thomaz Farkas produziu durante a construção de Brasília, em 1958.

 

Pouco mais de sessenta anos depois, esta exposição apresenta a fotografia moderna brasileira, de viés fotoclubista, em diálogo com o belo espaço projetado pelo arquiteto Rino Levi no final da década de 1950, tombado pelo patrimônio municipal e estadual de São Paulo. Se a força desse encontro nos remete a um momento especial da história do país, nos revela também que o motivo de nosso encantamento diante dessas imagens deve-se, em grande parte, ao fato de que elas guardam a promessa de um futuro repleto de potencialidades. Hoje, porém, talvez mais do que nunca, elas provoquem em nós uma estranha nostalgia por aquilo que não fomos capazes de nos tornar.
Até 07 de setembro.

 

 

Bate-papo na FIC

No próximo sábado, 03 de agosto, a Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS, promove um bate-papo com o artista Daniel Senise e a curadora Daniela Labra sobre a exposição “Antes da Palavra”, que inaugura no mesmo dia. O encontro ocorre às 16, no átrio da Fundação Iberê. Serão oferecidas 50 vagas, por ordem de chegada e a entrada é gratuita.

 

A exposição “Antes da Palavra” apresenta 23 trabalhos de Daniel Senise, entre pinturas e objetos, articulados em torno da instalação monumental “1.587”, construída por duas grandes telas suspensas no átrio, postadas frente a frente. A ausência na presença é um paradoxo explorado nas obras do artista, assim como a reflexão sobre o tempo, a vaidade, a futilidades e a opulência.

 

Em diálogo com a exposição, Daniela Labra convidou seis artistas que pensam o som não em sua estrutura melódica, mas em proposições que indicam ausência, fisicalidade, espacialidade, interrupção, silêncio, tempos alongados e outros motes integrados às ideias primordiais presentes em “Antes da Palavra”. São eles: Marcelo Armani, Ricardo Carioba, Raquel Stolf, Pontogor, Tom Nóbrega e Felipe Vaz.

 

 

 

ArtRio 2019, programa SOLO

30/jul

A ArtRio 2019 apresenta Sandra Hegedüs como curadora do programa SOLO, destinado a projetos expositivos com foco em importantes coleções de arte. Brasileira, Sandra vive na França desde 1990, onde desenvolveu atividades de produção audiovisual e deu início à sua coleção particular.

 

Em 2009, buscando oferecer uma maior contribuição ao cenário artístico e também incentivar a formação e reconhecimento de novos nomes, Sandra criou o SAM Art Projects. Seu foco principal está na promoção e suporte a artistas contemporâneos de países não ocidentais, incluindo o estímulo a intercâmbios artísticos, além de apoiar projetos de artistas franceses que vivem e/ou trabalham em países estrangeiros (não europeu ou norte-americano). O projeto, que conta com residências artísticas e o Prêmio SAM para a Arte Contemporânea, realiza exposições regulares no Palais de Tokyo, em Paris.

 

Em 2013, o SAM Art Projects se tornou uma fundação sem fins lucrativos, e Sandra assumiu a posição de patrona. Atualmente, seu comitê é formado por Jean-Hubert Martin, Annabelle Ténèze, Sandra Hegedüs, Marie-Ann Yemsi, Jean de Loisy, Thierry Raspail, Myriam Ben Salah, Emma Lavigne e Nicolas Bourriaud.

 

Com os resultados do SAM Art Projects, Sandra Hegedüs é reconhecida como importante mecenas do cenário atual e também faz parte do círculo internacional do Centro Georges Pompidou, sendo responsável pela aquisição de artistas latino-americanos, e do Centro Nacional de Artes Plásticas, órgão do Ministério da Cultura francês.

 

Para o projeto SOLO, Sandra Hegedüs vai selecionar cerca de dez artistas e suas galerias, que exibirão, em seus estandes, somente trabalhos do artista indicado.

 

Data: 19 a 22 de setembro (quinta-feira a domingo)

 

Preview – 18 de setembro (quarta-feira)

 

Local: Marina da Glória – Av. Infante Dom Henrique, S/N- Glória, Rio de Janeiro, RJ.

 

 

Livro “Escultura, objeto, 3D”

29/jul

O MAM Rio lançou o livro “Escultura, objeto, 3D” (Editora Barléu, 14x21cm, 104 páginas, 1.500 exemplares), um ensaio inédito de Reynaldo Roels (1951-2009), organizado pela pesquisadora Rosana de Freitas. Intelectual refinado, Reynaldo Roels Jr. foi figura marcante e querida no universo da arte carioca, onde exerceu vários cargos, entre eles o de curador do MAM, de 2007 até a sua morte repentina em 2009, e diretor da Escola de Artes Visuais (EAV) do Parque Lage, entre 2002 e 2006.

 

“O ensaio inédito deixado por Reynaldo Roels Jr. discorre sobre as mídias tridimensionais, desde os relevos narrativos do renascimento italiano até as ‘esculturas’ mais recentes, que programaticamente rejeitam tal rótulo. O silêncio historiográfico ao qual a escultura foi submetida, em favor de uma História da Arte eminentemente pictórica, é aqui, a um só tempo, analisado e rompido”, comenta Rosana de Freitas. O texto foi escrito por Reynaldo Roels Jr. inicialmente em 1992 para um curso no Solar do Barão, em Curitiba, depois atualizado por ele em 2003 para um curso que ministrou no Parque Lage.

 

A trajetória profissional de Reynaldo Roels Jr. se entrecruza com diversos momentos da história recente do MAM Rio, de onde foi curador de 2007 até a sua morte súbita em 2009, e coordenador do Núcleo de Pesquisa do Museu de 1991 a 1992. Foi ainda curador da Coleção Gilberto Chateaubriand de 1997 a 2000, e diretor da Escola de Artes Visuais (EAV) do Parque Lage entre 2002 e 2006, e crítico de arte do “Jornal do Brasil”, de 1985 a 1990.

 

Opiniões

 

“Reynaldo Roels Jr. exercia a curadoria como um permanente exercício de zelo e de amor à arte. Catalogou, desenvolveu o banco de dados e foi curador da Coleção Gilberto Chateaubriand por três anos.” Carlos Alberto Chateaubriand

 

“Dono de vasta cultura, Reynaldo foi um intelectual completo. Transitava com desenvoltura entre a música, a literatura e as artes plásticas, cuja prática dominava, o que veio enriquecer seu trabalho crítico.” Helio Portocarrero

 

“Professor e crítico de arte admirável, suas aulas e seus artigos levaram informação e inspiração a gerações de artistas, estudantes e amantes das artes.” Nelson Eizirik

 

Sobre a oganizadora

Rosana Pereira de Freitas. Historiadora da Arte, professora da Escola de Belas Artes da UFRJ, atuando junto ao bacharelado em História da Arte e ao PPGAV/Progarama de Pós-graduação em Artes Visuais.