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AGENDA CULTURAL

Em cartaz na Silvia Cintra + Box4

05/set

A artista plástica mineira Ana Maria Tavares inaugura no próximo dia 17 de setembro sua terceira mostra individual na galeria Silvia Cintra + Box4, Gávea, Rio de Janeiro, RJ. Em “O Real Intocável”, Ana Maria Tavares apresentará dez trabalhos inéditos que exploram a relação entre arte e arquitetura, temática constante de toda a sua obra. Além da arquitetura que é sempre o ponto de partida da artista, outro aspecto que é fundamental em sua produção é a cultura industrial presente na feitura de suas obras, que são sempre criadas em fábricas. “O território que mais me inspira é a indústria. Os lugares que me levam realmente a ter grandes ideias são sempre esses das técnicas, porque quanto mais eu sei como fazer, mais eu posso expandir aquilo que eu quero fazer”, ressalta a artista.
Embora esse rigor industrial seja visível nas obras, o fazer das mesmas obedece outro ritmo, quase artesanal. Ana entra na fábrica e altera o que seria uma produção em série, criando novas cores, novos materiais e técnicas. O resultado final são obras de aspecto industrial, mas com um caráter único, próprio de uma obra de arte. Para a mostra da galeria os materiais trabalhados pela artista são impressões fotográficas sobre materiais espelhados e transparentes e filetes e placas de mármores. A partir deles são criadas obras que Ana considera como “ruínas do futuro, cartografias contaminadas, a fim de criar um universo que transita entre o arqueológico, o urbanismo antinatural, a geometria e a vida orgânica.”

 

Sobre a artista

 

Ana Maria Tavares (Belo Horizonte, 1958) vive e trabalha em São Paulo. Graduada em Artes Visuais pela FAAP (São Paulo, 1982) é mestre pela School of the Art Institute of Chicago (1986) e doutora pela Universidade de São Paulo (2000). Em 2001, ganhou a bolsa da Guggenheim Foundation, Nova York; em 2005 foi convidada pela Rijksakademie de Amsterdã e em 2007 pelo Programa de Residência da Universidade Nacional de Bogotá, Colômbia como residente e artista palestrante. Neste mesmo ano, foi nomeada para a Ida Ely Rubin Artist-in-Residence pelo MIT – Massachusetts Institute of Technology (EUA), onde orientou alunos de mestrado, realizou pesquisa e palestras sobre seu trabalho. Em 2013 recebeu o prêmio Lynette S. Autrey Visiting Scholars pelo Humanities Research Center da Rice University, Huston (EUA), para desenvolver a pesquisa Natura In-Vitro: Interrogando a Modernidade e atuar como professora visitante. Em 2016 Recebeu da APCA – Associação Paulista de Críticos o prêmio Melhor Retrospectiva com a exposição “No Lugar Mesmo: uma Antologia da obra de Ana Maria Tavares” na Pinacoteca do Estado em São Paulo. Dedica-se desde 1982 a atividades didáticas em nível superior atuando em inúmeras escolas de arte e programas de orientação de artistas em São Paulo. Entre 1993 e 2017 foi docente e orientadora na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo onde atualmente colabora no Programa de Pós Graduação. Sua primeira individual, Objetos e Interferências, foi realizada na Pinacoteca do Estado de São Paulo em 1982. Dentre as exposições individuais realizadas no Brasil, destacam-se: Porto Pampulha (1997); Relax’o’vision (1998); Visiones Sedantes (2000); Numinosum (2002); Enigmas de uma Noite com Midnight Daydreams (2004); Desviantes (2011); Tautorama e Natural-Natural: Paisagem e Artificio em 2013; Atlântica Moderna: Purus e Negros (2014). Em 2015 realizou duas individuais em São Paulo: Sinfonia Tropical para Loos, na Galeria Vermelho e Cárceres a Duas Vozes: Piranesi e Ana Maria Tavares, no Museu Lasar Segall. Realizou, em 2016 a individual Forgotten Mantras na Galeria Silvia Cintra e a retrospectiva na Pinacoteca do Estado em São Paulo. Dentre as exposições individuais realizadas no exterior destacam-se: Middelburg Airport Lounge com Parede Niemeyer (The Vleeshal. Holanda, 2001), Entrückte Körper – GRU/TXL (Vostel Galerie. Alemanha, 2002), Landscape for Exit I and Exit II (Culturgest. Portugal, 2005), Cristal Waters (Kroller Muller Museum. (Holanda, 2008) e Deviating Utopias (Frist Center for the Arts. EUA, 2013). Em 2015 foi comissionada pela Rolls Royce para desenvolver um projeto inédito, intitulado Deviating Utopias with Victorias Regias (Gallery Weekend. Alemanha, 2015). Tavares participou de várias exposições coletivas em museus internacionais, entre eles: Modernité, Art Bresiliènne du XX Siècle, Musée d’Art Moderne de la Ville de Paris (França, 1987); Ultramodern: The Art of Contemporary Brazil, National Museum for Women in the Arts, (EUA, 1993); ES 97 Tijuana, (México, 1998); VII Bienal de la Habana (Cuba, 2000); Istanbul Biennial (Turquia, 2001); Côte à Côte, Art Contemporain du Brésil, capc Musée d’art contemporain, (França, 2001); Living Inside the Grid, The New Museum of Contemporary Art (EUA, 2003); The Straight or Croocked Way, Royal College of Art (Inglaterra, 2003); Auf Eigene Gefahr/At your Own Risk, Schirn Kunsthall (Alemanha, 2003); Conceptualisms: Zeitgenossische Tendenzen in Musik (Alemanha, 2003); The Encounters in the 21st Century: Polyphony – Emerging Resonances, 21st Century Museum of Contemporary Art (Japão, 2004); Farsites: Urban Crisis and Domestic Symptoms in Recent Contemporary Art, San Diego Museum of Art (EUA, 2005); Belief, Singapore Bienalle (2006); Grandeur: Sonsbeek_10 (Holanda, 2008); Blooming Now: Brasil – Japão, o seu lugar. Toyota Municipal Museum of Art (Japão, 2008); When Lives Become Form: Creative Power from Brazil, Hiroshima City Museum of Contemporary Art e Museum of Contemporary Art Tokio (Japão, 2009); After Utopia, Centro per l’arte contemporanea Luigi Pecci.Prato. (Itália, 2009); NeoTropicália. Yerba Buena Center for the Arts (EUA, 2009); Colección IX. Colección Fundación ARCO, Centro de Arte Dos de Mayo, (Espanha, 2014); Spots, Dots, Pips, Tiles: An Exhibition About Dominoes, Perez Museum (Miami, 2017). Suas obras estão em várias coleções privadas e em acervos públicos, como: Kröller Müller Museum (Holanda); FRAC-Haute Normandie – Fonds Régional d’Art Contemporain, (França); Fundação de Serralves (Portugal); Culturgest (Portugal); Fundação Arco (Espanha); Museum of Fine Arts Houston (EUA); MuHKA – Museum van Hedendaagse Kunst Antwerpen. Bélgica; e, no Brasil, na Pinacoteca do Estado de São Paulo; Museu de Arte Contemporânea da USP; Museu de Arte Moderna de São Paulo; MAC- Museu de Arte Contemporânea de Niterói, RJ; Museu de Arte de Brasília; Coleção de Arte da Cidade de São Paulo do Centro Cultural São Paulo; MAP – Museu de Arte da Pampulha, MG; Museu Nacional da República; Universidade Federal de Uberlândia; Casa da Cultura de Ribeirão Preto; e SESC Belenzinho.

 

Até 19 de outubro.

Pierre Verger e Carybé em livro

04/set

A Galeria Marcelo Guarnieri, Jardins, São Paulo, SP, apresenta, de 12 a 28 de setembro, a exposição comemorativa para o lançamento da nova edição do livro “Lendas Africanas dos Orixás” de Pierre Verger e Carybé, publicado pela Fundação Pierre Verger. Para a mostra, foram selecionadas fotografias vintages Palácios Reais de Abomey feitas desde meados da década de 1930 até o final da década de 1970 durante cerimônias de culto aos Orixás na cidade de Salvador da Bahia, no Benin e no Haiti. Este conjunto inclui não somente as cenas dos rituais que Verger presenciou, como também os objetos de culto e os instrumentos musicais, também sagrados. Três fotografias feitas em 1936 em Abomey, no Benin, registram detalhes de alguns dos baixo-relevos que integram a fachada do complexo dos Palácios Reais de Abomey. Construídos pelos povos Fon entre meados do século XVII e finais do século XIX, foram designados pela Unesco em 1985 como Patrimônio da Humanidade. Animais míticos esculpidos nas paredes de argila simbolizavam as características dos reis e suas qualidades como governantes, fazendo da arquitetura também um memorial. Além das fotografias de Verger, poderão ser vistos na exposição os desenhos originais de Carybé que foram produzidos para o livro.

 

Grande clássico da mitologia dos deuses africanos, “Lendas Africanas dos Orixás” é um dos títulos mais procurados por pesquisadores, religiosos e interessados em assuntos da diáspora africana. O livro traz um compilado de lendas, cuidadosamente coletadas por Verger em 17 anos de sucessivas viagens pela África Ocidental, desde 1948, período em que se tornou Babalaô (1950) e quando recebeu do seu mestre Oluô o nome de Fatumbi. Todas essas lendas foram anotadas por Verger a partir das narrativas dos adivinhos babalaôs africanos. O livro foi publicado pela primeira vez em 1985 pela editora Corrupio. Esta nova edição, em capa dura, apresenta como novidades o texto do prefácio assinado por Reginaldo Prandi além de um aplicativo para smartphones que permite ouvir as narrações de todas as lendas do livro feitas por Vovó Cici.

 

No sábado seguinte à abertura, no dia 14 de setembro, Vovó Cici estará presente para narrar essas e outras lendas da cultura dos cultos aos deuses africanos. Vovó Cici é Nancy de Souza, Ebome do Ilê Axé Opô Aganju e contadora de histórias da Fundação Pierre Verger.

 

A exposição na Galeria Marcelo Guarnieri marca o lançamento do livro em São Paulo. “Lendas Africanas dos Orixás” foi lançado apenas na Bahia, em agosto, durante a Festa Literária Internacional do Pelourinho – FLIPELÔ, no Centro Histórico de Salvador. Em 14 de setembro o livro será lançado no Rio de Janeiro, na Livraria da Travessa.

 

Sobre o artista

 

Pierre Verger – 1902 – Paris, França – 1996 – Salvador, Bahia. Além de fotógrafo, Pierre Verger era também etnólogo, antropólogo e pesquisador. Durante grande parte de sua vida, esteve profundamente envolvido com as culturas afro-brasileiras e diaspóricas, direcionando uma especial atenção aos aspectos religiosos, como os cultos aos Orixás e aos Voduns. Antes de chegar à Bahia, no Brasil, em 1946, Verger trabalhou por quase quatorze anos viajando pelo mundo como fotógrafo, negociando suas imagens com jornais, agências e centros de pesquisa, e em Paris, mantinha ligações com os surrealistas e antropólogos do Museu do Trocadéro. Nos quatro anos que antecederam sua chegada, passou pela Argentina e pelo Peru, trabalhando por um tempo no Museo Nacional de Lima. Ao chegar no Brasil, colaborou com a revista O Cruzeiro e em Salvador, onde foi viver, pôde registrar, de uma maneira muito particular, o cotidiano de uma cidade essencialmente marcada pela cultura da África Ocidental. Seu fascínio por aquilo ou por aqueles que fotografava ia além da imagem, havia um interesse pelo contexto, suas histórias e tradições, algo que pode ser notado não só em seu trabalho com a fotografia, mas também com a pesquisa. Pierre Verger integra-se de tal maneira à Bahia e sua cultura que em 1951 passa a exercer a função de ogã no terreiro Opô Afonjá de Salvador e no Benin, África, torna-se babalaô.

Estranhamente comum

03/set

A Pinacoteca de São Paulo, museu da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, Pina Estação – Largo General Osório, 66, 4º andar – Luz, São Paulo, SP, apresenta, até 28 de outubro de 2019, a exposição “Marepe: estranhamente comum”. Com curadoria de Pedro Nery, curador do museu, trata-se da primeira grande exposição individual do artista baiano em São Paulo que propõe oferecer uma visão abrangente de sua trajetória, iniciada na década de 1990. O conjunto de 30 obras evoca poeticamente uma memória pessoal que se entrelaça à sua cidade natal.

 

Marepe (Marcos Reis Peixoto) nasceu na cidade de Santo Antônio de Jesus, no Recôncavo Baiano, em 1970. Situada a leste da Baia de Todos os Santos, conecta o sertão ao mar, tornando-se importante eixo por onde passam as mais diversas mercadorias, de materiais de construção a alimentos. A partir desse vai-e-vem de objetos e pessoas, além da própria história familiar, o artista extrai e elabora suas obras.

 

No processo, Marepe se vale de procedimentos recorrentes da arte contemporânea como o acúmulo e a retirada de objetos de suas funções cotidianas. No entanto, suas obras sugerem dimensões especulativas, alterando a escala, a forma e significado de materiais encontrados ali, para daí criar peças oníricas. Para organizar sua retrospectiva na Pinacoteca, a curadoria destacou três verbos, ou atos simbólicos, aos quais o artista recorre com constância em sua trajetória: mover, transformar e condensar. “Os verbos não são pensados como algo fechado, e sim como elemento guia, permitindo aprofundar o olhar simbólico que as próprias obras sugerem“, explica Nery.

 

Em “Mover”, estão reunidos trabalhos que demonstram, por exemplo, a ação fundamental da prática de Marepe que é a retirada do objeto de seu circuito usual – comercial, urbano ou produtivo – para inseri-lo no campo artístico. O que o artista move não são simples objetos, mas coisas que se relacionam com seu passado e a vida ao seu redor. Daí a ideia da mobilidade como eixo estrutural das obras que ali se apresentam a exemplo de “Mudança” (2005) e “Embutido Recôncavo” (2003). Feitas com móveis de madeira e apresentadas juntas, elas repensam o movimento das próprias formas e das vidas de pessoas que se deslocam de maneira precária.

 

Já “Periquitos” (2005) é uma peça que remete a esse ambiente doméstico e que traz um movimento de escala e de desproporção ao apresentar uma televisão agigantada, desestabilizando, assim, a convenção deste objeto tão familiar. “É interessante pensar nesse desajuste em que existe uma casa, no caso de “Embutido Recôncavo”, onde a televisão não cabe. O ato de mover é, em Marepe, mudar tudo de lugar, desintegrar as relações que parecem ser ordinárias. É tirar do lugar o que convencionamos acreditar ter ordem, para procurar a própria realidade que subjaz ao nosso redor”, define o curador. Essa é a primeira montagem da peça no Brasil, originalmente pensada para sua apresentação na individual do artista no Centre Pompidou, em Paris.

 

Em “Transformar”, são expostos trabalhos cujos objetos de composição sugerem um novo arranjo narrativo. Neste sentido, “O retrato de Bubu” (2005), pertencente ao acervo da Pinacoteca, traz a imagem do avô do artista que, em sua primeira apresentação para a mesma individual no Pompidou, foi pendurado ao lado do retrato de Georges Pompidou, na entrada daquele museu, em Paris. Ao sustenta-los, sob a mesma linguagem, o artista coloca o ex-presidente e seu avô Bubu em pé de igualdade. Aqui, o ato de transformar se dá na medida que o artista relativiza a ordem social, pessoal e geográfica.

 

E, por fim, em “Condensar”, estão reunidos trabalhos que beiram a livre associação, revelando o desejo do artista de compor ideias díspares com recursos simples, oferecendo uma materialidade à serviço da imaginação. Exemplo disso são as imagens “Doce céu de Santo Antônio” (2001), em que o artista é visto de baixo para cima retirando um pedaço de algodão-doce contra o azul do céu e trazendo para sua boca, comendo um pedaço de nuvem desse céu doce imaginado, trazendo, literalmente, o sonho para a realidade. Também é o caso da obra “Chorinho” (2009), feita com carretéis de linha de costura azuis suspensas, que caem fio por fio em tonalidades diferentes até o chão. “Chorinho é uma expressão direta da palavra-ideia e de sua formalização plástica, esses fios que escorrem como lágrimas e caem sobre o chão”, explica Nery. “As obras de Marepe parecem respeitar algumas ações bastante reguladas ao longo de toda a trajetória. O que muda é a forma de interpretar o mundo ao seu redor, e então surge uma nova obra que nos obriga a reinterpretar tudo à nossa volta”, finaliza.

 

Catálogo

 

“Marepe: estranhamente comum” é acompanhada de um catálogo que inclui apresentação do diretor geral da Pinacoteca Jochen Volz, texto introdutório ao artista pelo curador Pedro Nery, ensaios de Raphael Fonseca e Yan Braz, além de uma cronologia crítica por Thierry Freitas. O volume tem cerca de 60 imagens que ilustram os trabalhos mais importantes da trajetória do artista. Português e inglês.

 

Wesley Duke Lee na FIC

30/ago

Artista pioneiro da linguagem contemporânea nas artes plásticas no Brasil vai ganhar exposição na Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS, em parceria com o Instituto Wesley Duke Lee de São Paulo. A exposição “Wesley Duke Lee – A Zona: A Vida e a Morte”, apresenta três fases que aconteceram simultaneamente para o artista, entre os anos 1962 e 1967. A abertura da mostra será neste sábado, 31 de agosto, às 14h no 4º andar da Fundção. A cuardoria é de Ricardo Sardenberg.

 

Ao todo, são 59 itens entre pinturas, desenhos e colagens, como os trabalhos de “Jean Harlow”. Criada em 1967, a série reúne 30 desenhos que partiu do interesse de Wesley por relatos da sina trágica da atriz americana, conhecida como “vênus platinada” de Hollywood dos anos 1930.

 

Sobre o artista

 

Filho de norte-americanos protestantes e conservadores, Wesley sofreu forte influência da avó. Pintora acadêmica, ela nunca lhe deu um pincel para “brincar”, mas a rigidez com que tratava a profissão foi para o neto uma inspiração.
Em 1951, Wesley Duke Lee iniciou os estudos no curso de Desenho Livre do MASP. No ano seguinte, partiu para Nova York, onde acompanhou o início das manifestações da pop art, protagonizada por artistas como Andy Warhol, Robert Rauschenberg, Jasper Johns e Cy Twombly. Nos EUA, estudou na Parson’s School of Design (curso de Artes Gráficas) e no American Institute of Graphics Arts (curso de Tipografia) D volta ao Brasil, em 1963, realizou o primeiro happening no país.

 

Wesley não se censurava: foi adaptando sua arte até inventar um estilo particular. Para ele, a arte era um eterno processo de autoconhecimento. Não por acaso, se autodenominava um “artesão de ilusões”. Utilizava o experimentalismo para abordar a origem do homem, a sexualidade, o erotismo, a morte, entre outros temas.

 

A exposição permanece aberta ao público até 27 de outubro.

 

 

Foto MIS 2019

Anualmente, o Museu da Imagem e do Som, jardim Europa, São Paulo, SP, dedica um espaço na agenda de programação para exposições exclusivamente de fotografia com obras de artistas nacionais e internacionais. Este ano, o FOTO MIS – antigo “Maio Fotografia” – fica em cartaz de 31 de agosto a 13 de outubro, quando todos os espaços expositivos do Museu serão tomados por obras de artistas singulares e fundamentais na história da fotografia.

 

O FOTO MIS 2019 apresenta as exposições “Todos iguais, todos diferentes?”, do fotógrafo francês Pierre Verger, com uma seleção de retratos realizados entre as décadas de 1930 e 1970 ao redor do mundo; “Estudos fotográficos: 70 anos de memória”, remontagem da primeira exposição individual do fotógrafo Thomaz Farkas e primeira exposição de fotografia realizada em um museu de arte no Brasil; “Caretas de Maragojipe”, de João Farkas, sobre o carnaval como patrimônio imaterial do recôncavo baiano, e “Haenyeo, mulheres do mar”, de Luciano Candisani, que retrata a vida de um grupo de mulheres que vivem na Coreia do Sul e seguem a tradição secular de mergulhar utilizando apenas o ar de seus pulmões para colher produtos marinhos.

 

Integram, ainda, o FOTO MIS a mostra “Moventes”, com obras do Acervo MIS, que conta com curadoria de Valquíria Prates, e “Onde tudo está”, individual de Beatriz Monteiro, projeto selecionado pelo programa anual do MIS, Nova Fotografia 2019.

 

Além das exposições, o FOTO MIS 2019 conta com uma extensa programação paralela. No dia 31 de agosto, abertura da mostra, o MIS realiza ciclo de conversas com os fotógrafos e curadores, visitas guiadas e lançamentos de livros relacionados às exposições, cursos de fotografia, atividades educativas, uma edição da Foto Feira Cavalete e a Maratona Infantil | Especial Fotografia integram a programação paralela.

 

 

No Centro de Arte Hélio Oiticica

29/ago

Chama-se “Gabinete de Soluções”, a exposição individual de Guga Ferraz no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, Centro, Rio de Janeiro, RJ, um desdobramento da investigação do artista sobre a cidade. A mostra busca ressignificar a ideia de “gabinete de crise”, que costuma ser organizado pelas autoridades para atender a demandas urgentes.

A crise é o status quo na cidade e no país como um todo. Enraizada no cotidiano, essa palavra tão repetida nas mídias de massa parece não provocar surpresa nos brasileiros. Uma vez que evidenciar um estado de crise seria redundante, Guga Ferraz apresenta soluções e convida o público a fazer o mesmo. A mostra é composta por projetos de soluções do artista para problemas urbanos, alguns deles utópicos – apresentados por meio de desenhos -, como um projeto de reconstrução do Morro do Castelo, e outros já realizados – apresentados por meio de registros -, como um tobogã que permite ao público deslizar na paisagem para acessar a praia.

Desde o início de sua trajetória, ao participar da ação coletiva “Atrocidades Maravilhosas”, no ano 2000, o principal objeto de investigação de Guga Ferraz é a cidade. Há quase vinte anos trabalhando, sobretudo, com intervenções em espaços públicos, o artista levanta questões como a violência urbana, problemas habitacionais, processos de exclusão na cidade, relações entre o indivíduo e o meio urbano e a própria cidade como lugar. Um bloco da exposição apresenta vestígios de suas interferências na paisagem urbana realizadas desde o início da década de 2000, como o emblemático “Ônibus Incendiado” (2003), produzido a partir da colagem de adesivos em formato de chamas em placas de sinalização de pontos de ônibus, como forma de sinalizar os recorrentes casos de incêndios a veículos que ocorriam no Rio de Janeiro. Guga também apresenta interferências que realizou nos transportes públicos, como “Proibido ser cadeirante” (2011), que denuncia a falta de acessibilidade nos ônibus, e “Em caso de assalto, ao avistar uma arma de fogo, não reaja” (2006), que oferece instruções aos passageiros sobre como (não) reagir diante de um assalto. A apresentação desses trabalhos produz uma pequena retrospectiva que visa apontar para a atualidade dos temas abordados pelo artista ao longo de sua trajetória.

Além de projetos e vestígios de intervenções na cidade, Guga Ferraz apresenta desenhos, pinturas e esculturas – em grande parte inéditas e produzidas especialmente para a exposição – onde observamos desdobramentos de seu pensamento sobre a cidade. Pela primeira vez, o artista apresenta trabalhos em vídeo, mídia que começou a experimentar durante a preparação da mostra. A exposição pretende tornar-se um lugar de convívio e trocas. Ao longo do período expositivo, convidados de diversos campos ocuparão a galeria, junto ao público, para promover debates sobre a cidade, expor ideias e soluções. No dia 28 de setembro, será realizado no auditório do Centro Municipal de Arte Hélio Oititica o encontro “Cidade Ocupada”, com convidados cujas trajetórias esbarram na de Guga Ferraz e marcam o cenário artístico carioca dos anos 2000. A curadoria da exposição é assinada por Thiago Fernandes, historiador de arte que há alguns anos vem desenvolvendo pesquisas sobre o trabalho de Guga Ferraz e sobre a geração de artistas cariocas que utilizou as ruas como campos de ação na virada do século XXI.

Encontro Cidade Ocupada

A exposição individual de Guga Ferraz, Gabinete de Soluções, apresenta em sua programação o encontro Cidade Ocupada. O artista em exposição no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica faz parte de uma geração que, no início dos anos 2000, em meio a um circuito artístico incipiente no Rio de Janeiro, decidiu criar seus próprios circuitos atuando em coletivos e tomando as ruas como campos de ação. O encontro Cidade Ocupada toma emprestado o nome do livro de Ericson Pires, poeta, artista e grande pensador falecido em 2012, que acompanhou essa geração e transitou entre coletivos que menciona em seu livro.

O evento, que será realizado no auditório do CMAHO, consiste em um encontro de amigos que fizeram parte das histórias contadas por Ericson em seu livro e possuem papel importante na trajetória artística de Guga. Entre as presenças confirmadas estão Alexandre Vogler, André Amaral, Clara Zúñiga, Ducha e Ronald Duarte, além de Guga Ferraz e do curador Thiago Fernandes, que fará a mediação do evento. O encontro pretende contextualizar o trabalho de Guga e contribuir com pesquisas sobre a arte carioca dos anos 2000, além de prestar homenagem a Ericson Pires, figura de extrema importância para essa geração de artistas. Localizado na Praça Tiradentes, coração do centro da cidade, em setembro o Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica completa 23 anos em atividades desde a abertura. Para celebrar o marco, o espaço oferece uma programação completa para os quatro sábados do mês.

Organização

Guga Ferraz e Thiago Fernandes

Data: 28/09/2019

Horário: 14h às 17h

Ai Wei Wei no CCBB/Rio

Encontra-se em cartaz até 04 de novembro no CCBB Rio, a maior exposição do artista plástico chinês Ai Weiwei já realizada no país, premiada pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) como a Melhor Exposição Internacional de 2018. Convidado pelo curador, o artista desvenda a cultura brasileira e cria obras que representam a biodiversidade, a paisagem humana e a criatividade local. “Ai Weiwei Raiz” apresenta também alguns dos trabalhos mais icônicos do artista, hoje considerado um dos principais nomes da cena contemporânea internacional. A curadoria é de Marcello Dantas

 

No dia 25 de setembro, às 18h30, o curador, Marcello Dantas, conversará com o público sobre a obra do artista. Entrada franca e a distribuição de senhas será 1 hora antes.

 

Sobre o artista

 

Para entender Ai Weiwei, é preciso conhecer seu passado e suas origens. Seu pai – o poeta Ai Qing, um libertário e membro da Revolução Chinesa – caiu em desgraça na nova sociedade que se configurou e foi enviado, junto com sua família, para campos de trabalho na área rural da China, logo depois do nascimento de Ai Weiwei. A influência do pai em sua vida é imensa.

 

Uma das imagens mais fortes para o artista é a de quando Ai Qing decidiu queimar seus livros diante do filho, para evitar mais punições caso o regime viesse à sua casa – eram principalmente livros de arte e poesia. Pai e filho fizeram uma fogueira e, página por página, foram queimando os livros, como se se despedissem daquelas imagens e palavras. Um ato de profunda violência para um poeta e intelectual e, acredito, um ato fundador para seu filho, tanto como artista quanto ativista.

 

Uma maneira de ler as obras do artista chinês é compreendê-lo em seus múltiplos pontos de vista, como um intérprete das culturas chinesa e ocidental. Ele encontra maneiras de manter ambiguidades, expressando-se de forma explícita para um dos lados (seja o Ocidente ou o Oriente), e de forma velada para o outro.

 

As imagens inaugurais de Ai Weiwei soltando o vaso da Dinastia Han são, para qualquer ocidental, imagens perturbadoras de desrespeito e uma atrocidade em relação à memória e à história. Para um chinês acostumado aos absurdos da Revolução Cultural, todavia, tal gesto não é tão chocante. O convite para Ai Weiwei vir ao Brasil era também um convite para uma interpretação e para a realização de novos trabalhos. Nesse modelo, ele seria capaz de experimentar a cultura local e digeri-la a seu modo, e o Brasil teria a chance de entender e experimentar as modalidades e o processo criativo do artista. Por outro lado, nós nos tornamos mestres na arte de absorver e digerir à nossa maneira influências exteriores. O convite não foi para uma refeição cotidiana: foi para um banquete mutuofágico, em que se come e se é comido pelo outro, em que cada lado devora o outro – seu corpo, sua alma e sua energia. Weiwei fez um firme gesto inicial ao tentar fundir a cultura, ele decidiu fundir em ferro a maior, mais antiga e ameaçada árvore ainda em pé no sul da Bahia. Apropriar esta árvore dentro de sua oeuvre é como capturar a espinha dorsal da consciência de nossa civilização -uma árvore que tem estado de pé por mais de 1200 anos viu a própria formação da nação.

 

 

Curadoria na ArtRio 2019

27/ago

A ArtRio 2019 apresenta Victor Gorgulho como curador do MIRA, programa que explora narrativas visuais de artistas consagrados e novos nomes, que usam a vídeo arte como plataforma. Os trabalhos selecionados serão exibidos em um grande telão na Marina da Glória. Jovem foca a curadoria do terceiro ano do programa em filmes realizados na segunda década dos anos 2000. Victor Gorgulho – que deu o nome de “Novos Horizontes” para essa curadoria – está trabalhando na seleção de filmes realizados do início da segunda década dos anos 2000 até o momento (2011-2019). Entre os trabalhos já selecionados estão o último filme de Luiz Roque (ZERO, 2019) e o penúltimo filme da dupla Bárbara Wagner & Benjamin de Burca, (RISE, 2018).

 

Sobre o curador

 

Com 28 anos, Victor Gorgulho é curador independente, jornalista e pesquisador. Formado em Jornalismo pela Escola de Comunicação da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), ele cursa o mestrado de História, Política e Cultura na FGV-RJ. Trabalhou como assistente da crítica e curadora Luisa Duarte nas exposições “Carlos Vergara – Sudários” (2014), no Instituto Ling, em Porto Alegre; “Adriana Varejão – Pele do Tempo” (2015), no Espaço Cultural UNIFOR, em Fortaleza; e “Quarta-feira de Cinzas” (2015), no Parque Lage, no Rio de Janeiro, dentro do programa Curador Visitante, idealizado por Lisette Lagnado.

 

Foi curador das exposições “Vivemos na melhor cidade da América do Sul”, junto com Bernardo José de Souza, no Espaço Átomos (Coletiva, Rio de Janeiro, 2016) e na Fundação Iberê Camargo (Porto Alegre, 2017); “O terceiro mundo pede a bênção e vai dormir” (Coletiva, Despina, 2017); “Eu sempre sonhei com um incêndio no museu” (Laura Lima e Luiz Roque no Teatro de Marionetes Carlos Werneck, Parque do Flamengo, Rio de Janeiro, 2018); e “Labor” (Coletiva, Om.Art, 2018/2019). Atuou na coordenação artística da Carpintaria, espaço da galeria Fortes D’Aloia & Gabriel no Rio de Janeiro, entre 2016 e 2019, onde foi responsável pela curadoria das exposições coletivas “Perdona que no te crea” e “#tbt”, ambas em 2019. Integra o corpo curatorial da Despina, centro de pesquisa e residência artística no Centro do Rio de Janeiro, sob a direção de Consuelo Bassanesi.

 

Em 2019, a ArtRio acontece na Marina da Glória, de 18 a 22 de setembro. Mais do que uma feira de reconhecimento internacional, a ArtRio é uma grande plataforma de arte, com atividades e projetos que acontecem ao longo de todo o ano para a difusão do conceito de arte no país, solidificar o mercado e estimular o crescimento de um novo público. Em sua nona edição, a ArtRio reforça, entre suas principais metas, a valorização da arte brasileira, como foco na qualidade, inovação e apresentação de novos nomes para possibilitar ao público uma experiência enriquecedora e diferenciada de visitação, possibilitando, também, uma ampliação do colecionismo.

 

Com 28 anos, Victor Gorgulho é curador independente, jornalista e pesquisador. Formado em Jornalismo pela Escola de Comunicação da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), ele cursa o mestrado de História, Política e Cultura na FGV-RJ. Trabalhou como assistente da crítica e curadora Luisa Duarte nas exposições “Carlos Vergara – Sudários” (2014), no Instituto Ling, em Porto Alegre; “Adriana Varejão – Pele do Tempo” (2015), no Espaço Cultural UNIFOR, em Fortaleza; e “Quarta-feira de Cinzas” (2015), no Parque Lage, no Rio de Janeiro, dentro do programa Curador Visitante, idealizado por Lisette Lagnado.

 

Foi curador das exposições “Vivemos na melhor cidade da América do Sul”, junto com Bernardo José de Souza, no Espaço Átomos (Coletiva, Rio de Janeiro, 2016) e na Fundação Iberê Camargo (Porto Alegre, 2017); “O terceiro mundo pede a bênção e vai dormir” (Coletiva, Despina, 2017); “Eu sempre sonhei com um incêndio no museu” (Laura Lima e Luiz Roque no Teatro de Marionetes Carlos Werneck, Parque do Flamengo, Rio de Janeiro, 2018); e “Labor” (Coletiva, Om.Art, 2018/2019). Atuou na coordenação artística da Carpintaria, espaço da galeria Fortes D’Aloia & Gabriel no Rio de Janeiro, entre 2016 e 2019, onde foi responsável pela curadoria das exposições coletivas “Perdona que no te crea” e “#tbt”, ambas em 2019. Integra o corpo curatorial da Despina, centro de pesquisa e residência artística no Centro do Rio de Janeiro, sob a direção de Consuelo Bassanesi.

 

Em 2019, a ArtRio acontece na Marina da GlóriaDe 19 a 22 de setembro.

 

Preview – 18 de setembro.

 

 

Naïfs Brasileiros

 

A Galeria Evandro Carneiro Arte, Shopping Gávea Trade Center,Gávea, Rio de Janeiro, RJ, apresenta até 14 de setembro a “Exposição Nossos Naïfs Brasileiros”. A mostra conta com 40 telas, de artistas diversos. Em destaque na exposição encontram-se as obras “O parque”, de JMS (Júlio Martins da Silva); “Mocinha lendo Carolina”, de Elza de Oliveira Souza (Elza OS); “A sanfoneira”, de Miranda, entre outros. As peças pertenciam à coleção de Lucien Finkelstein e estão à venda.

Descobrir a ingenuidade, a simplicidade, a franqueza, a liberdade, o colorido todo especial, tropical, quente, sedutor, tal qual a alegria de viver do povo brasileiro, é encontrar a essência da pintura de nossos naïfs. Esses artistas, dotados de um senso plástico natural, não se prendem a regras ou modismos e nem se deixam influenciar pelas tendências do momento.

 

Eles nos mostram, através de suas pinceladas diretas e objetivas e suas técnicas intuitivas ou até mesmo criadas por eles próprios, os mais variados temas, tais como: festas populares, religiosidade, mitos, lendas, brincadeiras e folguedos de crianças, a vida no campo e na cidade, o imaginário, a fauna e a flora de nosso país, o cotidiano em que vivem, narram nossa história, mostram a diversidade cultural e nossas belezas naturais, mas também podem fazer críticas sociais, defender a salvaguarda da natureza e a preservação do meio-ambiente, através de suas ingênuas pinceladas.

 

O Brasil é um dos cinco grandes da arte naïf no mundo, junto a França, Haiti, ex-Iugoslávia e Itália. Aqui encontramos uma quantidade imensa de artistas e constata-se que a cada dia que passa esse número cresce. Além de pintar em telas, vidros, eucatex, madeiras, cascas de árvores, tecidos, peles de animais, os naïfs podem também se expressar através de bordados, cerâmicas, esculturas, xilogravuras, etc., fazendo uso de seus recursos inesgotáveis.
Apesar de não seguirem regras, escolas e tampouco tendências, é curioso ressaltar semelhanças que podem surgir entre pinturas e também técnicas usadas por artistas de cantos inteiramente diversos do mundo. Assim, como explicar tais coincidências, a não ser através do conceito do inconsciente coletivo criado pelo psiquiatra suíço Jung? Diz-se que a arte naïf aparece nos primórdios da humanidade, que nossos ancestrais, podem ter sido os primeiros pintores naïfs. Pois através da pintura rupestre, nas paredes de suas cavernas, eternizaram seus rastros, partes do seu cotidiano, suas caças, se comunicando e inventando uma linguagem para se expressar e deixar registrada.

 

O francês “Douanier” Rousseau foi o expoente da arte naïf moderna. Dele surgiram, no final do século XIX e início do XX, as mais belas e exóticas florestas, vegetações e animais, que para assombro dos grandes mestres da época, ele dizia os encontrar logo ali, num jardim perto de onde morava. Foi com a sua pintura única, simples, direta e imaginária que encantou os mais famosos. Num jantar na casa de Picasso, declarou ao mestre: “Você e eu, somos os mais importantes artistas de nosso tempo, você no estilo egípcio e eu no estilo moderno.” Os naïfs brasileiros são os mais autênticos e verdadeiros porta-bandeiras da pintura brasileira. Deleitem seus olhos e aqueçam seus corações com as pinceladas da exposição Nossos Naïfs Brasileiros na Galeria Evandro Carneiro Arte.

 

Luiz Aquila no MNBA

26/ago

Em “Luiz Aquila III Milênio – criação em aberto”, um dos mais reconhecidos pintores brasileiros apresenta obras inéditas realizadas entre 2009 e 2019, a partir 31 de agosto, na Sala Bernardelli, no Museu Nacional de Belas Artes, Cinelândia, Rio de Janeiro, RJ. Ao todo, serão expostas 30 pinturas, que contam com a liberdade criativa do artista para articular cores e contrastes, através de planos e pinceladas presentes e expressivas em diversas dimensões.

 

 

Segundo o poema de João Cabral de Melo Neto, “Quadro nenhum está acabado/ disse certo pintor;/ se pode sem fim continuá-lo,/ primeiro, ao além do quadro/ que, feito a partir de tal forma,/ tem na tela, oculta, uma porta/ que dá a um corredor/ que leva a outra e a muitas outras”. “A lição de pintura” traduz a essência da exposição “LUIZ AQUILA III MILÊNIO – criação em aberto”.  “Luiz Aquila pertence a uma geração de artistas com sólida e erudita formação. Disciplinado e meticuloso, desenvolve na intimidade de seu ateliê as suas obras, a partir de intensa pesquisa de materiais e suportes. Diariamente, num exercício incansável de amor e troca, tensão e conflito entre criador e criatura, transita entre telas, cavaletes, pincéis, desenhos, rabiscos e superposições cromáticas, quando a sua mão, em gestos cadentes e poéticos, proporciona, uma obra mágica, uma obra única, fruto da inquietação de um pintor maior”, afirma Monica Xexéo, diretora do Museu Nacional de Belas Artes.

 

 

Trechos de textos críticos e estudiosos, como Casimiro Xavier de Mendonça, Felipe Chaimovich, Lauro Cavalcanti, Lelia Coelho Frota, Luiza Interlenghi, Marcus Lontra, Mario Barata, Vanda Klabin, Vera Pedrosa e Wilson Coutinho compõem o espaço expositivo da Sala Bernardelli, ajudando o visitante a conhecer a trajetória do artista. Um exemplo é a frase do crítico e historiador Frederico Morais que elucida, em parte, a escolha do nome da mostra: “Aquila procura manter seu processo de criação em aberto, sujeito a alterações, o quadro fluente, em andamento. O quadro vai nascendo ali, no corpo-a-corpo com a matéria com que constrói sua pintura, num diálogo ativo e inteligente”.

 

 

Uma das paredes foi reservada para a exibição do filme-documentário “Aquila, Luiz”, dirigido por Luiz Carlos Lacerda. “Acredito que todo cineasta deve ter o cuidado de procurar nas Artes Plásticas referências de luz e enquadramento. Minha admiração pelo trabalho do Aquila vem de muito tempo, nos conhecemos há vários anos. Devo bastante ao resultado da fotografia e do movimento de câmera, que acompanha o ritmo das suas pinceladas, ao diretor de fotografia Alisson Prodlik”, diz Luiz Carlos. “O que mais me chamou atenção durante as filmagens foi o extremo compromisso com a liberdade de criação. É uma relação impulsiva, ele entra num transe e fica obnubilado pela expressão”, complementa.

 

Durante a exposição, até o dia 1º de dezembro, haverá uma programação variada de atividades, que prevê visitas comentadas pelo artista e palestras com alguns convidados especiais. Desdobramentos de quadros e pintura-instalação composta por sete grandes telas se destacam

 

Certa vez, o curador Lauro Cavalcanti afirmou que a produção de Aquila seria uma pintura “em permanente construção”. Um dos destaques da mostra, a série de quatro telas “Mergulhos no Azul”, confirma esta fala, onde a cor é usada como assunto e a partir dela ocorrem improvisos cromáticos.

 

 

Impactante, a composição de sete telas originadas da pintura-instalação do MAM-SP, em 2013, está sendo exibida no Rio pela primeira vez. As pinturas dinâmicas e gráficas medem 210x140cm cada uma, e ganham uma dimensão monumental capaz de transportar o espectador para dentro da atmosfera do artista, que aqui utilizou técnica mista de acrílica e eventual uso de colagens.

 

 

Sobre o artista

 

 

Luiz Aquila criou na pintura, no desenho e na gravura. Também foi professor e diretor da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, onde exerceu grande influência sobre a Nova Pintura Brasileira, Geração 80. Nasceu em 27 de fevereiro de 1943, no Rio de Janeiro, e iniciou-se nas artes através de seu pai, o artista plástico e arquiteto Alcides da Rocha Miranda. Foi aluno de Aluísio Carvão, pintura, no MAM-RJ e de xilogravura de Oswaldo Goeldi na Escola Nacional de Belas Artes. Frequentou cursos livres na Universidade de Brasília (UnB), foi bolsista do Governo Francês em Paris, do British Council em Londres, e da Fundação Gulbenkian em Lisboa e Évora. Ao longo da carreira, participou de mais de 200 exposições (individuais e coletivas) no Brasil e no exterior, e foi chamado pelo crítico Frederico Morais de “herói de sua própria pintura”. Participou da 17ª, 18ª e 20ª Bienal Internacional de São Paulo em 1983, 1985 e 1989, respectivamente e também da Bienal de Veneza. Em 1988, transferiu-se para Petrópolis, região serrana do Rio de Janeiro. Em 1992, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ) e, em 1993, o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP) realizaram mostras retrospectivas de seu trabalho. Em 2003, exposição individual no Museu de Arte Contemporânea (MAC-Niterói).  Em 2013, o artista comemorou cinco décadas de trajetória com uma grande retrospectiva no Paço Imperial.

 

 

 

 

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