Millan exibe Mestre

19/jul

Artista português que vem ganhando destaque na cena artística brasileira, Tiago Mestre expõe pela primeira vez na Galeria Millan, Vila Madalena, São Paulo, SP. A mostra “Noite. Inextinguível, inexprimível noite.” empresta seu título do poema “Lugar II” do poeta português Herberto Helder (1930-2015) e reúne um conjunto de 60 obras que exploram a questão da forma e do mito do projeto moderno no âmbito da escultura. Materiais como argila, bronze e gesso dão corpo a obras que se posicionam numa constante negociação entre projeto e imprevisibilidade, entre programa e liberdade expressiva.

 

O conjunto de obras inclui esculturas de diferentes escalas, vídeo, intervenções na arquitetura da galeria e uma grande instalação (elemento paisagístico que organiza toda a exposição). Estes trabalhos remetem aos primeiros intentos humanos de assimilar o natural dentro de um pensamento projetual, mapeando o processo de assimilação da paisagem a partir do intelecto. “A ideia de projeto como pano de fundo, como orquestração de um sistema”, explica o artista.

 

Cada uma das esculturas parece evidenciar um fazer sumário, claramente manual, como se estivesse inacabada ou em estado de puro devir, deixando, muitas das vezes, uma filiação ambígua quanto à sua natureza disciplinar. O uso da cor surge pontualmente, não tanto como sistema, mas antes como recurso que acentua, corrige ou esclarece questões pontuais do trabalho. Essa indefinição semântica, ou transversalidade programática é um dos eixos do trabalho. A problematização da capacidade performática de cada uma das obras é tornada evidente (senão parodiada) em situações como a da escultura de dois morros (obra que a dois tempos é escultura paisagística e nicho para outras obras menores).

 

O vídeo, apresentado no andar superior da galeria, coloca-se como uma espécie de síntese geral da exposição. A imaterialidade deste suporte contrasta de maneira decisiva com o aspecto formal dos restantes trabalhos. Nele, assiste-se a uma transmutação lenta, silenciosa e interminável de formas geométricas e orgânicas, numa referência “apática” ao mito da arquitetura brasileira, à sua relação singular com a natureza e a paisagem.

 

Embora alguns dos procedimentos da arquitetura estejam envolvidos em seu processo – a exemplo dos croquis e as maquetes de estudo – o olhar de Mestre volta-se mais para a percepção da experiência dos corpos no espaço, sejam eles naturais, escultóricos, ou arquitetônicos. Parece ser essa intimidade entre natureza, espaço e forma, que esta exibição de Mestre propõe desvelar.

 

 

Até 12 de agosto.

Frank Schaeffer, centenário

Por ocasião de seu centenário de nascimento, encontra-se em cartaz no Centro Cultural Correios, Centro, Rio de Janeiro, RJ, uma exposição em homenagem ao pintor Frank Schaeffer. A mostra conta com aproximadamente 100 obras, que revelam os momentos mais importantes da carreira do artista através de uma visão panorâmica de sua trajetória.

 

A curadora, Maria Verônica Martins, viúva do artista, optou por agrupar os trabalhos por décadas para uma melhor compreensão da carreira de Frank Schaeffer, privilegiando em sua escolha desenhos, aquarelas, guaches, óleos e pinturas em acrílica sobre tela. Schaeffer buscou na arquitetura das antigas cidades e na natureza, sobretudo o mar, inspiração para seus trabalhos, cuja exibição mostra emoção e lirismo, em sua apurada técnica na realização das obras em cada técnica utilizada.

 

 

Até 06 de agosto.

Carlos Zilio na Anita Schwartz

Anita Schwartz Galeria de Arte, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a partir de 19 de julho, a exposição “Carlos Zilio – Pinturas, desenhos e objetos”, com trabalhos inéditos do artista. Presença constante em exposições no Brasil e no exterior, como “Transmissions: Art in Central Europe and Latin America, 1960-1980”, no MoMA de Nova York, em 2015. Zilio vai mostrar cerca de quinze trabalhos recentes, dentre pinturas, desenhos e objetos, todos desenvolvidos a partir de um tema básico: o tamanduá.

 

A imagem do tamanduá surgiu pontualmente na produção de Carlos Zilio em meados dos anos 1980, com a morte de seu pai. Na época, Zilio se lembrou de uma história restrita ao ambiente familiar. Quando pequeno, seu pai tinha um tamanduá de estimação, no interior do Rio Grande do Sul. Para onde ia, o tamanduá ia junto, como animal doméstico. Em uma viagem, o menino não pode levar seu bicho de estimação, e a volta à casa foi retardada por um forte temporal. O tamanduá ficou triste com a ausência de seu dono, a ponto de morrer. O garoto, claro, ficou arrasado quando chegou em casa e soube do ocorrido. Com a morte do pai, esta história ressurgiu, e Zilio chegou a fazer alguns trabalhos usando a figura de um tamanduá. Mas somente vinte anos depois, em 2008, retomou o tema, e como formato básico para representar o animal usou uma figura encontrada por acaso no piso manchado do corredor de acesso ao ateliê em que trabalhou por 25 anos, em Botafogo, que pertenceu ao pintor Iberê Camargo, do qual foi aluno. “Tem a ver com perdas, indagações e questionamentos em torno das ausências. A materialização de uma ausência”, comenta o artista.

 

Para essa exposição na Anita Schwartz , o artista criou três formatos semelhantes de tamanduá, que são usados como máscaras nas pinturas e nos desenhos.  Os trabalhos recebem várias camadas de tinta – óleo e color jet nas pinturas sobre tela,  e color jet sobre papel e acetato nos desenhos – em um longo processo, e trazem variadas texturas e transparências. Os tamanhos variam de 110cm a 330cm.

 

Os trabalhos fazem referência à memória do artista, como a repetição de elementos que utilizou em produções anteriores – as linhas onduladas, presentes em obras dos anos 1980, ou as setas da pintura “Cerco e Morte” (1974), adquirida em 2014 pelo MoMA de Nova York. Da mesma forma, utensílios e ferramentas que convivem com o artista em seu ateliê – agora instalado em Laranjeiras – e acabaram “ganhando intimidade com o tempo”, se transformaram em objetos que serão expostos. É o caso da chaleira usada por Iberê Camargo, potes que trazem no fundo as inscrições “ontem”, “hoje” e “amanhã”, dispostos em degraus de uma escada, ou ainda “Ryman’s pie”, como uma homenagem irônica ao artista que só usa branco (Robert Ryman, 1930), criada com restos de camadas de tinta branca, que aludem a um glacê de torta.

 

Em 2008, quando Anita Schwartz construiu o prédio de três andares com 700 metros quadrados que abriga sua galeria no Baixo Gávea, inaugurando então um novo patamar para espaços de arte na cidade, escolheu Carlos Zilio para sua mostra inaugural.

 

 

Sobre o artista

 

Carlos Zilio nasceu em 1944 no Rio de Janeiro, cidade onde vive e trabalha. Estudou pintura com Iberê Camargo. Participou de algumas das principais exposições brasileiras da década de 1960 – “Opinião 66” e “Nova Objetividade Brasileira”, por exemplo, ambas no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro -, e de mostras com repercussão internacional, como as edições de 1967, 1989 e 2010 da Bienal de São Paulo (9ª, 20ª e a 29ª), a 10ª Bienal de Paris (1977), a Bienal do Mercosul e a exposição “Tropicália”, apresentada em Chicago, Londres, Nova York e Rio de Janeiro, em 2005. Na década de 1970 morou na França. Desde seu retorno ao Brasil, em 1980, participou de diversas mostras coletivas e individuais, entre as quais “Arte e Política 1966-1976”, nos Museus de Arte Moderna do Rio de Janeiro, de São Paulo e da Bahia (1996 e 1997), “Carlos Zilio”, no Centro de Arte Hélio Oiticica (Rio de Janeiro, 2000), que abrangeu sua produção dos anos 1990, e “Pinturas sobre papel”, no Paço Imperial (Rio de Janeiro, 2005) e na Estação Pinacoteca (São Paulo, 2006). Possui trabalhos em acervos de prestigiosas instituições como MAC/USP, MAC/Paraná, MAC Niterói, MAM Rio de Janeiro, MAM São Paulo, Pinacoteca do Estado de São Paulo e MoMA de Nova York. No ano passado, o MAM Rio de Janeiro remontou exatamente no mesmo local sua histórica exposição “Atensão”, realizada em 1976, dentro do programa Área Experimental, que o Museu manteve até 1978. Em 2011, o artista fez também no MAM Rio uma individual com trabalhos recentes. Também se destacam dentre suas  recentes exposições as realizadas em 2010 no Centro Universitário Maria Antonia (São Paulo) e no Museu de Arte Contemporânea do Paraná (Curitiba). As mais recentes exposições coletivas que integrou foram: “60/70: Um panorama-mostra do acervo”, no Museu de Arte Contemporânea do Paraná, este ano; “Em Polvorosa”, no MAM Rio, “Uma História da Pinacoteca de São Paulo, Galeria Roger Wright, anos 60”, na Pinacoteca de São Paulo, “A cor do Brasil”, no Museu de Arte do Rio (MAR), em 2016; “Transmissions: Art in Central Europe and Latin America, 1960-1980”, no Museum of Modern Art NY (MoMA), em 2015; “Brazil Imagine”, no Astrup Fearnley Museet, Oslo, MAC Lyon, na França, Qatar Museum, em Doha, e DHC/Art, Montreal, no Canadá, em 2014; e  “Possibilities of the object – Experiments in modern and Contemporary Brazilian art”, na The Fruit Market Gallery, em Edinburgh. Carlos Zilio foi professor na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Em 2008, a editora Cosac Naify publicou o livro “Carlos Zilio”, organizado por Paulo Venâncio Filho, sobre a sua produção.

 

 

Até 26 de agosto.

Débora Bolsoni – Pra Aquietar

Artista exibe na Athena Contemporânea, Shopping Cassino Atlântico, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, obras inéditas, que fazem uma reflexão sobre o movimento e a quietude. A exposição foi pensada em conjunto com a mostra que Débora Bolsoni apresenta no Drawing Lab, em Paris. A mostra “Débora Bolsoni – Pra Aquietar”, reúne cerca de 30 obras inéditas, dentre desenhos e esculturas. Radicada em São Paulo, a carioca Débora Bolsoni acaba de voltar de Paris, onde realizou uma residência na Cité Internacionale des Arts e exposição individual no Drawing Lab, o primeiro centro de arte contemporânea da França dedicado ao desenho. Com curadoria de Claudia Rodriguez-Ponga o projeto surgiu há mais de um ano. Muitas obras da exposição no Rio foram concebidas em Paris e alguns elementos que compõem essas obras foram encontrados na cidade francesa, tanto na rua quanto em lojas de material de construção.

 

Débora Bolsoni é conhecida por seus trabalhos com formas tridimensionais e que se relacionam com a arquitetura dos espaços e o urbanismo das cidades. Nesse projeto, no entanto, a curadora quis focar na relação da artista com o desenho, com a sua poética. “Mesmo nas esculturas, há o desenho. Os trabalhos fazem uma reflexão sobre a quietude e o movimento. O movimento que fica contido nas obras, que a qualquer momento podem se mexer, podem mudar”, afirma a curadora.

 

Tanto em Paris quanto no Rio, há obras da série “No names, but names”, que é composta por “carrinhos” usados para transporte de mochilas infantis e venda ambulante. No lugar deles, a artista coloca caixas feitas por ela em papel cartão, que são banhadas de parafina, onde a artista faz desenhos usando pastel oleoso. “Os carrinhos são suportes para os desenhos, é um desenho-escultura ou uma escultura-desenho. É uma ideia sobre circulação, sobre algo que passeia entre as coisas. Há uma tensão de que um movimento que está prestes a acontecer”, diz a artista. “Os carrinhos são um movimento interrompido, assim como os desenhos”, ressalta a curadora.

 

Na exposição “Pra Aquietar” haverá um “carrinho” menor chamado “Sônia a Paquetá”, que faz referência à época em que Sônia Braga foi morar em Paquetá. Os desenhos dessa obra representam pegadas no chão. Para Débora, a cidade de Paris é muito feminina e ela passou a observar como as mulheres experimentam o espaço público. Com isso, lembrou de atrizes que representam essa feminilidade e lhe veio à cabeça a atriz Sônia Braga recebendo o prêmio no Festival de Cannes, no ano passado, e do tempo em que ela foi morar em Paquetá, “um lugar mágico”, segundo Débora.

 

Com isso, também surgiu o título da exposição “Pra Aquietar”, que foi retirado da música homônima de Luiz Melodia, de 1973, em que ele também faz referência a Paquetá e à calma das coisas. “Como nas paradinhas da música de Luiz Melodia que dá título à exposição, estes cortes no tempo são, na verdade, a chave de qualquer movimento, sua essência inesgotável”, diz a curadora. “Para criar minhas obras, trago outras expressões artísticas, como a música, e não só as artes visuais”, conta a artista.

 

A exposição terá, ainda, outros trabalhos que possuem elementos urbanos como referência, como “Shelf with Poteau”, que foi inspirada nas barras de ferro que impedem que os carros estacionem nas calçadas de Paris, e “Veneziana”, que é composta por um capacho preto, que imita ferro, que foi achado pela artista na capital francesa. Na obra, que será colocada no chão da galeria, ela fez intervenções com tinta branca.

 

Em uma das paredes da galeria estará uma roda vermelha, criada com carpete e parafina. “Ela estará representando a roda, um ícone do movimento”, afirma a curadora. Também na parede estará a obra “Inutile d’ajouter” onde, em uma pequena barra de ferro a artista apoia uma placa de linho e um azulejo verde com trechos do “manifesto surrealista”, de André Breton (França, 1896 – 1966). Haverá, ainda, uma caixa com textos e azulejos que a artista compra em lojas de materiais de construção usados. “São objetos que já tem uma história”, diz. Ainda em exposição, desenhos feitos em grafite, ecoline e lápis de cor sobre papel, de 2012, que se relacionam com a questão do movimento e com as demais obras. Os desenhos são muito sutis, com pequenos elementos e, às vezes, algumas frases. “Eles trazem silhuetas, que na verdade é uma presença e determina algo que já foi”, explica a curadora.

 

 

Sobre a artista

 

Débora Bolsoni nasceu no Rio de Janeiro em 1975. Vive e trabalha em São Paulo. Mestre em Poéticas Visuais pela Universidade de São Paulo e Bacharel em Gravura pela Universidade de São Paulo. Estudou, ainda, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage e no Saint Martin School of Art, Londres. Possui obras em importantes coleções, como Pinacoteca do Estado de São Paulo; Museu de Arte Moderna de São Paulo; Museu de Arte da Pampulha; Museu de Arte de Ribeirão Preto; Instituto Figueiredo Ferraz; Pinacoteca Municipal de São Paulo e Remisen-Brande Art Collection. Dentre suas principais exposições individuais estão “No names, but names” (2017), no Drawing Lab, em Paris; “Urbanismo Geral” (2015), na Athena Contemporânea; “Fazer Crer” (2007), no MAMAM, em Recife; “Gruta Pampulha” (2006), no Museu de Arte da Pampulha; “Débora Bolsoni, Programa de Exposições do CCSP’’ (2005), no Centro Cultural São Paulo; “Individual e simultânea” (2001), no Centro Cultural Oswald de Andrade, em São Paulo, entre outras. Dentre suas exposições coletivas destacam-se: “Miniatures, Models, Voodoo and Other Political Projections” (2017), no Blau Project, em São Paulo; “A spear a spike a point a nail a drip a drop the end of the tale” (2016), na Ellen de Brujine Projects, em Amsterdan; “Aparição” (2016), na Caixa Cultural Rio de Janeiro; “Condor Project” (2015), na The Sunday Painter Gallery, em Londres; “Tout Doit Disparaître” (2015), na La Maudite, em Paris; “Southern Panoramas-19 Art Festival SESC Videobrasil” (2015), no SESC Pompéia; “Alimentário” (2014), no MAM Rio e na OCA, São Paulo; “Imagine Brazil, artist’s books” (2013), na Astrup Fearnley Museet, em Oslo; “Betão à Vista” (2013), no MuBe, em São Paulo; “O Retorno da Coleção Tamagnini” (2012), no MAM São Paulo; “Dublê” (2012), no CCSP;  “Mostra Paralela – A Contemplação do Mundo” (2010), no Liceu de Artes e Ofício, em São Paulo; “Corsário Cassino Museu” (2010),no Museu de Arte da Pampulha, em Belo Horizonte; “Absurdo” – 7ª Bienal do Mercosul (2009); “Quase Liquido” (2008), no Itaú Cultural, em São Paulo; “Cover – Reencenação + Repetição” (2008), no  MAM São Paulo; ‘’Contraditório – Panorama da arte brasileira’’ (2007), no MAM São Paulo, entre outras.

 

 

 

De 20 de julho a 19 de agosto.

Vídeos no MASP

17/jul

Tracey Moffatt, é um dos cartazes da programação do MASP, Paulista, São Paulo, SP. A artista nasceu em Brisbane, Austrália, 1960, produz vídeos, filmes e fotografias que têm como referência o universo da cultura visual; a artista utiliza-se de técnicas de direção e imagens do cinema, da história da arte e da cultura popular que giram em torno de temas como sexualidade e identidade. Os vídeos reunidos nesta mostra - ”LOVE” (“Amor”, 2003), “OTHER” (“Outro”, 2009) e “LIP” (“Atrevimento”, 1999) - integram a série “Montages” (“Montagens”, 1999-2015), realizada em colaboração com o editor Gary Hillberg a partir de filmes hollywoodianos e clássicos cult. Estes trabalhos têm como foco os estereótipos e as representações de gênero, classe social e alteridade no cinema.

 

O vídeo “LOVE” (“Amor”) é uma compilação de trechos de filmes em que o amor romântico heterossexual é representado por declarações apaixonadas, rompimentos, rejeições ou violência. A dramaticidade das cenas é intensificada por uma trilha que perpassa os diferentes estágios de um relacionamento, em uma narrativa com começo, meio e fim. Este vídeo revela como papéis masculinos e femininos são traduzidos em clichês cinematográficos. Nas cenas, o amor é um campo de batalha, que evidencia relações de poder baseadas em gênero e posição social.

 

Em “OTHER” (Outro), colonização e desejo se confundem nas representações do “não ocidental” pelo cinema hollywoodiano. Identidade e colonialismo são temas centrais na produção de Moffatt, que tem origem aborígene. Neste vídeo, o outro é interpretado como o exótico sedutor, capaz de despertar medo, curiosidade, fascínio e desejo sexual no colonizador branco. Conforme a narrativa se desenrola, os encontros entre “colonizado” e “colonizador” se intensificam e culminam no ato sexual em si, desfazendo fronteiras e diferenças entre eles. O vídeo revela também uma construção narrativa frequente sobre a colonização veiculada pelo cinema, que, por meio de uma erotização do outro, apazigua romanticamente as violentas histórias coloniais.

 

Por fim, “LIP” (“Atrevimento”) reúne trechos de filmes em que atrizes majoritariamente negras interpretam papéis de empregadas domésticas, babás, cozinheiras e garçonetes “respondendo” às patroas, mulheres brancas. O título faz referência à expressão inglesa “giving lip”, que indica atos de insubordinação, através dos quais um subalterno dirige comentários jocosos e “atrevidos” a um superior, por exemplo. Com este vídeo, Moffatt inverte a noção de subserviência por parte dessas personagens, que, com humor e ironia, satirizam comportamentos racistas e classistas.

 

Esta mostra está em diálogo com as exposições “Toulouse-Lautrec em vermelho”; “Miguel Rio Branco: Nada levarei quando morrer”; “Wanda Pimentel: Envolvimentos e Quem tem medo de Teresinha Soares?”, que integram a programação anual do MASP, cujo eixo temático é a sexualidade.

 

 

Até 01 de outubro.

Fotos de Miguel Rio Branco

A exposição de fotografias da série “Maciel”, um dos cartazes atuais do MASP, Paulista, São Paulo, SP, reúne 61 imagens produzidas em 1979 por Miguel Rio Branco na área de prostituição de mesmo nome, no Pelourinho, em Salvador, BA. Esta é a maior apresentação da série, com uma seleção inédita feita para a mostra.

 

“Nada levarei quando morrer aqueles que mim deve cobrarei no inferno” é a frase que Rio Branco captou de uma parede no interior de uma casa no bairro do Maciel. A sentença de tom profético oferece uma chave de entendimento para o universo dessa região do Pelourinho, abandonada por décadas pelo poder público e conhecida por ser local de prostituição e criminalidade mas também lugar de moradia das populações marginalizadas. Por meses, Rio Branco frequentou o Maciel e estabeleceu um vínculo de afinidade e afeição com seus retratados - como fez Henri de Toulouse-Lautrec (1864-1901) nos bordéis parisienses no final do século 19 que ele representou. A princípio, Rio Branco fez um pacto com seus retratados de que as imagens não seriam exibidas em Salvador, o que lhe garantiu uma relação próxima e franca, possibilitando que a atitude altiva e resoluta dos personagens ganhe protagonismo e poder nas imagens.

 

A exposição foi organizada em quatro paredes, e cada uma delas enfatiza determinados aspectos da obra de Miguel Rio Branco. Na primeira, temos a fotografia que captura a frase-título da mostra, além de diversas cenas de rua em que o estado de deterioração dos edifícios dialoga com o uso que os habitantes deram a eles. Na segunda parede, o sexo se torna mais presente, em retratos e cenas de nudez que adentram os interiores. Na terceira, observamos imagens feitas de dentro para fora ou de fora para dentro dos bares, das casas e de prostíbulos. O interior volta a dominar as fotografias da quarta parede da exposição registrando complexas montagens feitas com imagens de revista no interior da zona, estabelecendo relações entre as fotografadas e outras representações do sexo e da mulher.

 

A exposição das fotografias de Miguel Rio Branco faz parte do eixo de programação do MASP com mostras em torno dos temas da sexualidade e do gênero, e dialoga diretamente com a exposição “Toulouse-Lautrec em vermelho”, localizada na galeria do primeiro andar do museu, e “Tracey Moffatt: Montagens”, que se encontra na sala de vídeo do segundo subsolo.

 

O MoMA, de Nova York, acaba de incluir em sua coleção 35 fotografias de Miguel Rio Branco, espanhol radicado no Brasil. É a primeira aquisição de suas obras pelo museu. A série, em preto e branco, retrata cenas do subúrbio de Nova York nos anos 1970 – o artista viveu por dois anos na cidade, dividindo apartamento com Hélio Oiticica.

 

 

 

Até 01 de outubro.

Hélio Oiticica no Whitney, NY

13/jul

 

 

O Whitney Museum of American Art, NY, apresenta “Hélio Oiticica: To Organize Delirium”, a primeira retrospectiva americana em grande escala exibindo duas décadas do trabalho do artista brasileiro. Um dos artistas mais originais do século XX, Oiticica (1937-1980) criou uma arte que nos desperta para nossos corpos, nossos sentidos, nossos sentimentos sobre estar no mundo: arte que nos desafia a assumir um papel mais ativo. A partir de investigações geométricas em pintura e desenho, Oiticica logo mudou para escultura, instalações arquitetônicas, escritas, filmes e ambientes em larga escala de natureza cada vez mais imersiva, obras que transformaram o espectador de um simples espectador em um participante ativo.

 

A exposição inclui algumas de suas instalações em grande escala, incluindo “Tropicalia” e “Eden”, e examina o envolvimento do artista com música e literatura, bem como sua resposta à política e ao ambiente social de seu país. A exposição capta a emoção, a complexidade e a natureza ativista da arte de Oiticica, enfocando em particular o período decisivo que passou em Nova York na década de 1970, onde foi estimulado pelas cenas de arte, música, poesia e teatro. Enquanto Oiticica se engajou em primeiro lugar com muitos artistas da cidade, ele acabou vivendo um isolamento auto-imposto antes de retornar ao Brasil. O artista morreu no Rio de Janeiro, em 1980, aos 42 anos.

 

 

A Tropicália

 

O estilo musical da “Tropicália”, que toma o nome da instalação homónima 1966/67 de Helio Oiticica, tornou-se um movimento artístico e sociocultural no Brasil. Após o golpe militar em 1964, a música popular desempenhou um papel fundamental na resistência estética e cultural ao clima político instalado. A música continuou a desempenhar um papel importante no trabalho de Oiticica em seus anos de Nova York, onde assistiu a concertos de rock no Fillmore East. A exposição apresenta uma lista de reproduções de músicas inspiradas por compositores e músicos do período de vigência da “Tropicália”, como Caetano Veloso e GiIberto Gil, além dos músicos do rock and roll em especial Jimi Hendrix, de quem Oiticica se inspirou na década de 1970.

 

 

Apoios e curadoria

 

Esta exposição foi organizada pelo Whitney Museum of American Art, Nova York; Carnegie Museum of Art, Pittsburgh e o Art Institute of Chicago. “Hélio Oiticica: Organizar Delirium” tem curadoria de Lynn Zelevansky; Henry J. Heinz II; Carnegie Museum of Art; Elisabeth Sussman, curadora e curadora de fotografia de Sondra Gilman; Whitney Museum of American Art; James Rondeau, presidente e diretor de Eloise W. Martin; Art Institute of Chicago; Donna De Salvo, diretora adjunta de Iniciativas Internacionais e Curadora Sênior, Whitney Museum of American Art; com Katherine Brodbeck, curadora associada, Carnegie Museum of Art. O apoio à turnê nacional desta exposição é fornecido pela Fundação Andy Warhol para as Artes Visuais e o National Endowment for the Arts. Apoiado em Nova York, pelo Comitê Nacional do Whitney Museum of American Art. Conta ainda com o apoio generoso fornecido pela Art & Art Collection, Tony Bechara; a Garcia Family Foundation e a Juliet Lea Hillman Simonds Foundation. O suporte adicional é fornecido pela Evelyn Toll Family Foundation. O Fundo de Exposição da Fundação Keith Haring também oferece apoio genérico de doações.

 

 

Até 01 de outubro.

Lula Cardoso Ayres, retrospectiva

12/jul

O artista pernambucano Lula Cardoso teve uma trajetória intensa usando múltiplas linguagens e suportes. Foi ilustrador, cartazista, cenógrafo, pintor, fotógrafo, artista gráfico, caricaturista e ceramista. Uma obra abrangente que ganhou exibição retrospectiva na Caixa Cultural Recife, Marco Zero, PE, até 27 de agosto, sob o título geral de “Lula Cardoso Ayres: arte, região e tempo”.

 

Amigo de nomes como Gilberto Freyre e Cândido Portinari, a multiplicidade de interesses de Lula levou a curadoria a dividir os 208 itens da coleção em nove categorias distintas, que abrangem a produção desde os anos 20 até os anos 80. Além das obras propriamente ditas, há artigos de jornal, correspondências e peças de cerâmica de Porfírio Faustino, um dos inspiradores do pernambucano. “Esta exposição é a mais importante do que todas as feitas no Instituto Lula Cardoso Ayres, fundado por mim e fechado em 2007. Em termos acadêmicos, é o que sempre quis fazer. A mostra deve resultar em mais pesquisas sobre as obras de meu pai”, opina Lula Cardoso Ayres Filho, guardião da obra do pai e detentor de aproximadamente 70% do acervo exposto na Caixa Cultural. O resto veio de colecionadores particulares e instituições públicas como a Fundação Joaquim Nabuco e a Fundação Gilberto Freyre, realizadora da mostra. Lula Cardoso Ayres viveu entre 1910 e 1987 e esta iniciativa acontece no ano que se completam 30 anos de falecimento do conhecido multiartista.

 

No conjunto de obras em cartaz encontra-se o primeiro trabalho artístico de Lula, realizado aos 11 anos, em 1921. É uma autocaricatura, onde nota-se a influência do primo Emílio Cardoso Ayres, importante caricaturista da época. A passagem por Paris e pelo Rio de Janeiro, nos anos de 1920, colocaram-no em contato com as vanguardas artísticas do período.

 

Em sua pintura o artista criou trabalhos entre as escolas figurativa e o abstrata. “A exposição traz um lado didático, pois talvez ele seja o mais completo artista visual brasileiro. A ideia era torná-la a mais representativa possível. Em sua ausência, também procuramos trazer seu legado pelos estudos de suas obras, não apenas por seus trabalhos prontos. O trabalho dele não se construiu da noite para o dia”, pontua Jamile Barbosa, cocuradora junto com Clarissa Diniz e Eduardo Dimitrov.

 

As fotografias e pinturas de Lula Cardoso Ayres também refletem o quanto ele entrou em contato com manifestações culturais regionais, como o bumba-meu-boi e o maracatu, além de acompanhar de perto o cotidiano do trabalho rural por ter vindo de família de senhores de engenho. Além dessas facetas pernambucanas, também há material que explicita uma relação ainda pouco conhecida entre o artista e a etnia indígena Fulni-ô, de Águas Belas, inspiração para mais fotos e quadros. A mostra também relembra o papel de Lula como ilustrador do clássico “Assombrações do Recife Velho”, de Gilberto Freyre, cuja primeira edição foi lançada em 1955. “Ele já tinha percorrido essa temática antes, ainda nos anos 40. A atenção ao sobrenatural ainda existe hoje, imagine naquela época”, diz Jamile Barbosa. Em sua carreira, Lula se voltou para a reivindicação de um repertório local de imagens, feito a partir de sua vivência em Pernambuco, de onde não saiu mais. Mesmo sua produção essencialmente gráfica, composta por embalagens, rótulos e cartazes, era criada tendo essa baliza em mente. Ao documentar e refletir sobre seu tempo, Lula Cardoso Ayres deu origem a uma obra ainda atual.

 

 

Programação paralela

 

A exposição conta com uma série de três debates a partir do legado deixado por Lula, sempre às 19hs, com entrada gratuita. O primeiro acontece no dia 19 de julho, sobre os desafios do artista moderno, com Wilton de Souza e José Cláudio. No mesmo dia, lançamento de livro com fotografias do artista editado pela Companhia Editora de Pernambuco (Cepe). Já no dia 1° de agosto, a discussão será feita a partir do tema Regionalismo como opção, regionalismo como prisão, com Anco Márcio Tenório Vieira e Eduardo Dimitrov e no dia 22 de agosto, o tema será Lula Cardoso Ayres, entre a figuração e abstração.

Siesta

11/jul

O artista peruano Daniel Barclay desenvolve na galeria Emma Thomas, Jardins, São Paulo, SP, o projeto “Siesta”, um lugar intermediário entre o ambiente do ateliê e uma individual, com foco no processo e no relacionamento com o público, sem a mediação do galerista. No dia 11 de julho, às 18h, haverá um diálogo no espaço, momento de pausa no desenvolvimento da ocupação, onde as obras e seus relacionamentos também entram em estado de repouso, siesta.

 

 

Sobre o artista

 

Daniel Barclay nasceu em Lima, Perú, em 1972. Estudou artes plásticas na escola de arte Corrente Alterna (Lima, Peru), entre os períodos 1994 e 1999. Depois realizou uma tese na mesma escola, “Chamán Urbano” centrando-se em estéticas híbridas. Durante este período, foi parte do coletivo Otrosomos (2000-2003). Realizou um MFA na Central Saint Martins (Londres) no período 2003-2004. Nesta etapa aprofundou-se na leitura da imagem influenciada por ideias da “performative writing”, estabelecendo uma aproximação à pintura e instalações em diferentes níveis dos códigos visuais. No ano 2010 participou de uma residência artística na Faap e após diferentes projetos na cidade durante 2 anos, passa a viver e trabalhar em São Paulo.

 

 

Texto de Paula Borghi (setembro de 2014)

 

“…Por seus trabalhos, somos convidados a pensar em outros contextos socioculturais, visto que se trata de uma artista peruano, que estudou na Central Saint Martins em Londres – Inglaterra, de 2003-2004 e desde 2010 a 2011 realizou uma série de residências em São Paulo – Brasil, que o levou a viver em São Paulo. Contextos que se fazem presentes na série “Periodicos/Jornais”, com doze recortes de jornais pintados com geométricas brancas, sendo estes Europeu e Latino. Com um olhar mais atencioso, nota-se que os recortes correspondem ao período que o artista esteve nestes continentes, e que cada matéria aborda questões socioculturais referentes aquela época e região.

 

O mesmo faz-se presente em “Estratificaciones culturales”, onde encontramos uma mesa com uma mescla de livros da literatura brasileira e peruana, em uma espécie de quebra cabeça geométrico que conta a história político geográfica destas nacionalidades. Em “Tuñol filmes”, trabalho iniciado em 2011 na Residência da Curatoria Forense “INSID/OUT” e finalizado em 2014, o artista convida os demais residentes – do Chile, Argentina e Brasil – a construir uma narrativa de ficção para seu filme “Amor quente em Boiçucanga”. Trata-se de um trabalho autoral, porém realizado coletivamente a partir da proposição de responder um formulário e posteriormente posar para uma foto a frente do cartaz do filme.

 

Uma exposição que reúne trabalhos que se comportam individualmente cada qual com sua densidade, pois assim como a estratificação aquática, geológica e sociológica, a exposição apresenta obras em diferentes níveis, seja em pintura, instalação, desenho ou livro. Uma mostra que quando vista em sua totalidade estabelece um corpo híbrido e político, construído por muitos corpos, nações e linguagens. Por esta busca em perceber as muitas camadas culturais da produção de Barclay, tem-se a geometria como um elo condutor, uma linha que guia o olhar para uma forma pura e compreensível a todos, independente do contexto em que ela esta. Pois é através da geometria que o artista rompe as barreira da ideia de nação,  com uma forma que diz a mesma coisa independente de onde esteja.”

 

 

Até 18 de julho.

O tempo no MARGS

O Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli, Porto Alegre, RS, exibe a mostra “A paisagem no tempo – Carlos Petrucci e o acervo do MARGS”, em cartaz na Pinacoteca do MARGS. Organizada pelo Núcleo de Curadoria do MARGS, reúne 38 obras de 33 artistas pertencentes ao museu 8 obras de Carlos Petrucci, que fazem parte da coleção da antiga Pinacoteca Aplub de Arte Rio-Grandense, hoje denominada FUNDACRED.

 

O objetivo dessa mostra é resgatar o exercício da contemplação proporcionado pelo registro do espaço e do tempo, dentro da poética de cada artista  apresentado.  O espectador é convidado a realizar a fruição de uma cena, um ambiente, um lugar, um momento, uma paisagem…

 

O termo paisagem remete à contemplação, ao bucólico, ao nostálgico, a algo que se fixou no tempo. Essa temática na arte pode parecer, inicialmente, um gênero tradicional e demasiado romântico para os dias atuais. Porém, a observação do meio ambiente foi utilizada como inspiração por vários artistas dos séculos XIX e XX, principalmente na pintura. Podemos encontrar a expressão dessa poética em artistas importantes para a história da arte no Sul, como Libindo Ferrás, Ado Malagoli, Ângelo Guido, Francis Pelichek, Maristany de Trias, dentre outros.

 

O grande destaque da exposição é o artista gaúcho Carlos Petrucci, que se dedicou à pintura de paisagem ao longo de sua trajetória. Petrucci iniciou seus estudos artísticos com Adail Costa em Pelotas, e seguiu em 1938 para Porto Alegre, onde trabalhou de forma autodidata. Realizou sua primeira individual, em 1947, no auditório do jornal Correio do Povo, iniciando seu percurso em mostras coletivas e individuais, além de realizar cenários para o teatro gaúcho e ter criado murais com técnicas diversas em locais, como o Edifício Santa Cruz, na capital gaúcha.

 

“Quem se dispõe a contemplar com atenção verdadeira a pintura de Petrucci logo se dá conta de que o prazer de acompanhar o artista através das minúcias do objeto, se transforma aos poucos num esforço apaixonado e nostálgico de fixar algo que não está nos objetos. É talvez essa dura luz do meio dia, que imobiliza as coisas na sua sombra projetada quase geométrica… é talvez a falta de qualquer presença humana, quase se poderia dizer viva, não fosse a vegetação… é talvez ainda o silêncio indiferente que situa cada coisa no seu espaço, dando esse caráter de presença imperturbável, o que, de repente, se torna dominante. A gratificadora imagem de eternidade das coisas e da ordem muda, então, numa presentificação do tempo e a memória estremece. (…) Tanto faz, portanto, que os temas das pinturas de Petrucci refiram realidades históricas ou cotidianas. Sua importância, de uma ou de outra forma, se banaliza diante da reflexão profunda e sintetizadora sobre a temporalidade que faz seu cerne. O tempo é, com efeito, o ´personagem´ central da atual pintura desse artista”; Carlos Scarinci.

 

A partir da obra de Carlos Petrucci  –  um pintor da realidade e da “presentificação do tempo”, – a mostra discute a representação da paisagem e da passagem do tempo, a partir de obras do acervo do MARGS e da FUNDACRED – antiga Pinacoteca Aplub de Arte Rio Grandense, liderada por Rolf Zelmanowicz, o criador do acervo e grande incentivador das artes visuais no estado.

 

 

Até 24 de setembro.