Olá, visitante

AGENDA CULTURAL

Visão Fontana no IBEU

02/mar

No dia 08 de março será inaugurada a exposição individual “Visão Fontana”, de Bruno Belo, artista selecionado através do edital do Programa de Exposições Ibeu. A mostra, que acontece na Galeria de Arte Ibeu, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, tem curadoria de Bruno Miguel.

 

Em “Visão Fontana”, Bruno Belo reúne um recorte da sua produção recente. A mostra apresenta trabalhos em tela e papel, em grandes e pequenas dimensões, executados com tinta a óleo, acrílica, aquarela e pó de grafite, todos inéditos. As obras apresentadas são o resultado de um trabalho desenvolvido a partir das inter-relações e reordenação de fragmentos de imagens, textos, apropriações, referências cinematográficas e da fotomontagem, expondo “camadas” da poética do artista.

 

A pintura se revela gradativamente em uma imagem pouco referencial. A ideia não é reproduzir o visível, mas entorná-lo neste meio pictórico, de cores lavadas, permitindo que imagens extraídas de fontes dessemelhantes possam se fundir em um processo de sobreposição de camadas e transparências.

 

“A construção do trabalho deriva da ideia de ‘Cut Up’, de W. S. Burroughs, e surge a partir de um processo de constantes projeções de imagens sobre a tela, utilizando um equipamentos antigo de 100mm, e também fotografias extraídas de fontes diversas, gerando assim novas possibilidades e construções ao processo de pintura. Isto revela uma convergência que não é unívoca, não reproduz verdades, mas produz sentidos. As imagens se confundem à essa pintura, na qual ambas não dariam conta da experiência a que se referem”, conta Bruno Belo.

 

Enxergar as coisas por igual “moda ave”, como dizia Manoel de Barros ao falar sobre visão fontana, se aproxima do trabalho do artista através das mudanças de percepção e desconstrução de significados – permitindo que fragmentos e partes se relacionem, mimetismos, contágio… Não é para ilustrar a experiência, mas revelar a nova substância. A “consciência descrita por círculos”, em que a imagem é um desdobramento de camadas – é de outra natureza.

 

“A pesquisa de Bruno é madura, tecnicamente impecável, conceitualmente firme e arriscada ao não tentar se enquadrar nas características mais óbvias de nossa geração”, descreve Bruno Miguel, curador da exposição.

 

 

Sobre o artista

 

Bruno Belo nasceu no Rio de Janeiro, RJ, 1983. Vive e trabalha em Petrópolis/RJ. Artista, graduado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Santa Úrsula, teve sua formação artística através de cursos livres e pelo acompanhamento e orientação de Luiz Ernesto, João Magalhães, Anna Bella Geiger, Fernando Cocchiarale, Glória Ferreira, Bruno Miguel e Daniela Labra. Foi selecionado para os programas da EAV e do Governo do Estado – Aprofundamento 2011; e Projeto de Pesquisa 2012. Participou de exposições no Brasil e exterior, dentre elas: Bienal do Recôncavo (BA); Declaring Independence (Eric Fischl Gallery, Phoenix, USA); 45º Salão De Arte Contemporânea (Piracicaba,SP); 13º Salão Nacional De Arte (Jataí, GO).

 

De 08 de março a 08 de abril.

Obras de Sergio Camargo

01/mar

A Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS, e o Itaú Cultural (São Paulo) reafirmam sua parceria levando ao público mais uma exposição de grande relevância no cenário artístico nacional. A instituição em Porto Alegre inaugura exposição “Sergio Camargo: Luz e Matéria” com trabalhos de um dos mais importantes nomes das artes visuais do século XX no Brasil. Com curadoria de Paulo Sergio Duarte e Cauê Alves, reúne mais de 60 obras cedidas por colecionadores privados e outras integrantes do espólio do artista.

 

A exposição é um novo recorte da versão exibida no Itaú Cultural em São Paulo, entre novembro de 2015 e fevereiro de 2016, e Porto Alegre é a primeira cidade a recebê-la, após seu encerramento na capital paulista. Na Fundação Iberê Camargo, ocupará dois andares com trabalhos de grande formato e em menor dimensão; torres e relevos em formas que jogam com a luz e a sombra, esculpidos em mármore de Carrara branco ou em mármore negro belga, datadas entre as décadas de 1960 e 1980. O conjunto faz uma síntese das sucessivas experiências de Sergio Camargo, nascido em 1930 e falecido em 1990.
A itinerância de “Sergio Camargo: Luz e Matéria” para a Fundação Iberê Camargo é marcada ainda com o lançamento de um catálogo inédito publicado pela instituição gaúcha, contendo um registro fotográfico das montagens em Porto Alegre e em São Paulo. A publicação conta a trajetória do artista e apresenta imagens das obras expostas nas instituições, incluindo uma reprodução do último ateliê que pertenceu ao artista, em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro.

 

 

A palavra da curadoria

 
Estamos, nesta exposição, no interior de um capítulo da história dos relevos e da escultura, na segunda metade do século XX, que revela a produção de um dos maiores artistas contemporâneos de matriz construtiva. A partir de 1963, depois das primeiras experiências figurativas, a obra de Sergio Camargo (Rio de Janeiro, 1930-1990) toma forma com a criação dos primeiros relevos brancos em madeira. O jogo das seções de cilindros, dispostos sobre a superfície plana, oferece uma experiência inédita entre luz e matéria. A composição faz com que cada forma adquira uma fisionomia diferente ao longo do dia, quando exposta ao ar livre, por exemplo – distante da iluminação fixa de museus e salas de exposição.

 

Uma observação atenta nos leva a perceber que nem todos os relevos estão submetidos à ordem caótica da aleatoriedade. Em alguns, o projeto anterior à disposição dos “tocos” – como o artista os chamava – se manifesta com clareza, e é possível notar os desenhos. No entanto, a certeza de ordem também se encontra nos relevos aleatórios, já que neles os mesmos módulos se repetem numa lógica recursiva. Esses elementos podem tomar grandes dimensões, sendo dispostos aos pares sobre a superfície, como se amplificassem a potência dos relevos. São as chamadas “trombas”.

 

Simultaneamente à criação dos relevos, o artista se dedicou à elaboração das esculturas em mármore de Carrara, às quais, no início da década de 1980, foi incorporada a produção em mármore preto, o negro belga. A matriz cilíndrica permanece presente em parte dessas esculturas, que agora são submetidas a diferentes investigações de ângulos de corte, de contração e de dilatação. Surgem também as seções de cubos e de paralelepípedos, cortados em ângulos e justapostos numa ordem que se impõe de modo incomum e original.

 

Essa obra, que conviveu com tantas transformações na arte, manteve-se fiel à herança moderna. Segundo Charles Rosen – pianista e um dos mais relevantes musicólogos do século XX –, o que caracteriza o estilo clássico na música é a coerência e a unidade de sua linguagem. Num exercício de transposição para as artes visuais, podemos dizer que, ao entrar em contato com o trabalho de Sergio Camargo, estamos diante de um clássico contemporâneo.

 

 

De 03 de março a 12 de junho.

Glauco Rodrigues, o filme

29/fev

Letícia Friedrich e Zeca Brito, produtores executivos do filme “Glauco do Brasil” iniciaram a divulgação e lançamento do filme dedicado ao grande artista brasileiro. Passados três anos do início do projeto de documentar a história do artista plástico Glauco Rodrigues, chegou o momento de prestigiar o resultado final dessa incrível jornada.

 

A Anti Filmes e a Boulevard Filmes, em parceria com a Cinemateca do MAM, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Parque do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, convidam para a pré-estreia do documentário “Glauco do Brasil”, a realizar-se às 19h30 do dia 5 de março, data em que seria comemorado o 87º aniversário do artista. Será um momento muito especial para celebrar a arte através da carreira de um dos mais brilhantes artistas do Brasil. A estreia nacional do filme, ocorrerá dia 10 de março em salas de cinema de arte pelo país.

Roberto Alban exibe Pedro David

O instigante e conceituado trabalho do fotógrafo mineiro Pedro David poderá ser visto em Salvador, bairro Ondina, Bahia, na exposição “Espiral Contínua”, na Roberto Alban Galeria. Integram a exposição 37 fotografias das principais séries desenvolvidas pelo artista em quase 20 anos de carreira. São imagens que tratam da relação do homem com o ambiente, seja natural ou urbano, e o vínculo dessa relação com as vivências pessoais do fotógrafo, um dos mais premiados da nova geração no país.

 

Entre várias conquistas, Pedro David exibe em seu currículo o Prêmio Nacional de Fotografia Pierre Verger, o Prêmio Fundação Conrado Wessel de Arte, o XII Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia, o Prêmio Itamaraty de Arte Contemporânea do Itamaraty e do Museu da República (duas edições), e o internacional Nexo Photo, da Espanha. Além disso, o fotógrafo realizou inúmeras mostras individuais e coletivas no Brasil e exterior e tem exemplares dos seus trabalhos em importantes coleções, como a do Musée Du Quai Branly (Paris/França), do Museu de Arte Moderna (São Paulo/Brasil)  e do Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul.

 

Na exposição em Salvador, constarão fotografias da série “Madeira de Lei – Sufocamento” que, de tão fortes, receberam inúmeros prêmios, entre os quais o Conrado Wessel, o Poy Latam e o Prêmio Itamaraty de Arte.  Além disso, acabaram de ser selecionadas para a 16ª Bienal Internacional de Fotografia e Mixed Media Arts. O evento acontece no próximo mês de março no Texas (Huston/EUA) e girará em torno do tema “Olhando o futuro do planeta”. Foram escolhidos 32 artistas de nove países. Do Brasil, apenas dois: Pedro David e Vik Muniz (consagrado pelo documentário “Lixo Extraordinário”).

 

 

 

 De 03 de março a 04 de abril.

Natureza franciscana

26/fev

O MAM – Museu de Arte Moderna de São Paulo, Parque do Ibirapuera, Av. Pedro Álvares
Cabral, s/nº – Portão 3, São Paulo, SP, apresenta a exposição “Natureza franciscana”, uma noção contemporânea da relação colaborativa entre o ser humano e a natureza. Com curadoria de Felipe Chaimovich, a mostra é organizada a partir das estrofes do “Cântico das Criaturas”, canção escrita por Francisco de Assis, provavelmente entre 1220 e 1226, reconhecida como texto precursor das questões referentes à ecologia.

 

Para contemplar a linha de arte e ecologia, o curador selecionou artistas que utilizam elementos da natureza em suas produções, reunindo 18 obras da coleção do museu somadas a 19 empréstimos, totalizando 37 trabalhos que são exibidos em diferentes suportes como fotografia, desenho, gravura, vídeo,  livro de artista, instalação, obra sonora, objeto, escultura e bordado. “As obras originam-se de relações com os elementos descritos no Cântico: sol, estrelas, ar, água, fogo, terra, doenças e atribulações e, por fim, a morte”, explica Chaimovich, um estudioso da obra de Francisco de Assis há 15 anos.

 

 

Sobre a exposição

 

Dividida conforme os elementos citados na canção” Cântico das Criaturas”, de Francisco de Assis, a mostra começa com o sol representado pela fotografia em cores “Lâmpada”, de 2002, da artista Lucia Koch, ao lado das fotografias em preto e branco “The celebration of light”, de 1991, de Marcelo Zocchio, e dos 12 livros da série “I got up”, 1968/1979, do japonês On Kawara.

 

O elemento água é tematizado pelas fotografias “A line in the arctic #1” e “A line in the arctic #8”, 2012, do paulistano Marcelo Moscheta, e pelas obras relacionados ao projeto Coletas, da artista multimídia Brígida Baltar, que incluem imagens da série “A coleta da neblina”, entre 1998 e 2005, cinco desenhos em nanquim sobre papel de 2004, a escultura em vidro” A coleta do Orvalho” de 2001 e o vídeo “Coletas” de 1998/2005.

 

Em contraponto, o fogo é simbolizado pelo vídeo “Homenagem a W. Turner”, de 2002, de Thiago Rocha Pitta, e pelos vestígios de fumaça sobre acrílico e sobre papel feitos pela escultora e desenhista Shirley Paes Leme. O elemento ar fica a cargo da escultura “Venus Bleue”, do artista francês Yves Klein. As estrelas são apresentadas por meio de sete fotografias do alemão Wolfgang Tillmans. Representando a terra, são expostas 30 caixas de papelão cheias de folhas e galhos de árvore embalados em plástico, papelão e fotografias em cores, instalação feita em 1975, por Sérgio Porto, além do relevo em papel artesanal, de 1981, de Frans Krajcberg.

 

As doenças e atribulações são tematizadas pela instalação “Dis-placement”, 1996-7, de Paulo Lima Bueno: numa sala com mobiliário, frascos de remédio, rosas, lona, giz e tinta, o artista demonstra os caminhos percorridos por ele para alcançar e tomar todos os remédios para combater os efeitos da Aids, antes do surgimento dos coquetéis anti-HIV. A artista “Nazareth Pacheco” exibe série de fotografias em preto e branco, de 1993, que mostram a malformação congênita do lábio leporino, dentes, raio-x e objeto de gesso.
Por fim, a morte é representada pelo último tecido bordado por José Leonilson antes de falecer, em 1993. Permeando a exposição, a instalação sonora “Tudo aqui”, de 2015, da artista Chiara Banfi, alcança todo o espaço expositivo e abrange todos os elementos representados.

 

 

A palavra do curador

 

Francisco de Assis pode ser considerado fundador da ecologia. Para ele, o ser humano tem uma relação de colaboração com os elementos naturais: a natureza não é subordinada aos interesses humanos. Embora o ser humano se posicione como uma parte singular da natureza, os demais elementos devem ser tratados por nós como membros de uma só família universal.

 

Francisco de Assis escreveu uma letra de música com suas ideias: o “Cântico das Criaturas”. Desde jovem ele cantava trovas de amor em francês. Nos últimos anos de sua vida, escreveu o “Cântico” na língua de sua terra natal, na Itália; nele, os diversos elementos naturais e as fases da vida são acolhidos como irmãos e irmãs.

 

Depois da morte de Francisco de Assis, em 1226, os Franciscanos incentivaram um novo olhar para o universo, enxergando nele traços de uma mesma geometria que uniria o pensamento humano aos elementos naturais. Os Franciscanos incentivaram a descoberta da perspectiva a partir dos estudos da geometria da luz e, assim, o nascimento da arte fundada no desenho em perspectiva.

 

Reunimos aqui artistas que colaboram com elementos da natureza e da vida em seus trabalhos. As obras estão agrupadas conforme as partes do “Cântico” de Francisco de Assis: sol, estrelas, ar, água, fogo, terra, doenças e atribulações, morte. A relação entre arte e ecologia torna-se evidente ao compreendermos a posição fundadora de Francisco de Assis em nossa cultura.

 

Artistas convidados: Lucia Koch, Marcelo Zocchio, On Kawara, Marcelo Moscheta, Brígida Baltar, Thiago Rocha Pitta, Shirley Paes Leme, Yves Klein, Wolfgang Tillmans, Sérgio Porto, Frans Krajcberg, Paulo Lima Buenoz, Nazareth Pacheco, José Leonilson e Chiara Banfi.

 

 

De 27 de fevereiro a 05 de junho.

Fotos de Marich Devise

24/fev

A Galeria Aliança Francesa, Botafogo, Rio de Janeiro, exibirá a mostra “Paris – Rio Plages”, da fotógrafa francesa Marich Devise, ativista da fotografia social que usa a mídia fotográfica e o humor para criar laços entre membros das comunidades urbanas periféricas e abrí‐las à sociedade de consumo. A exposição apresenta cerca 22 fotografias realizadas em Paris e no Rio de Janeiro.

 

Marich Devise realiza um trabalho de documentação dos bairros e de seus moradores, com lógica de criação artística participativa. Esse pensamento deu luz a uma prática original do retrato de habitantes, inspirada em alguns fotógrafos africanos. Com a associação “Clichés Urbains”, a fotógrafa criou um conceito de estúdio móvel que pode ser instalado em espaço público, como existe na África. Assim, ela convida as pessoas a posar na frente de painéis representando outros cantos do mundo.

 

Esta exposição é o resultado da experiência em Paris e no Rio. “A ideia é oferecer a quem passar a possibilidade de tirar um retrato em frente a um cenário mostrando um outro lugar no planeta e instalado no espaço público, principalmente em Paris e no Rio de Janeiro”, afirma a fotógrafa.

 

A exposição da Galeria Aliança Francesa mostra o projeto de Marich Devise concretizado em 2014, ano da Copa do Mundo no Brasil. O estúdio da fotógrafa foi primeiramente instalado na praia de Copacabana onde o público podia ser retratado em frente a uma foto do Canal de l ́Ourcq debaixo da neve. Da mesma maneira, o estúdio foi instalado em Paris (19º arrondissement) durante o verão de 2014 e dentro do programa Paris Plages, convidando o público a ser retratado em frente a uma foto da praia de Copacabana. Cada retrato de Devise é uma performance participativa e um convite a se afastar dos clichê̂s usando a ilusão cômica que um participante foi retratado na cidade de um outro.

 

O objetivo desta exposição é a criação de um vínculo entre Paris e Rio, assim como a documentação detalhada de momentos de vida de pessoas que vivem ou simplesmente passeiam nessas duas cidades maravilhosas.  “Além de serem divertidas, as imagens retratam e comparam duas sociedades (a francesa e a brasileira) que têm muito mais em comum do que podemos imaginar, começando com uma profunda mistura do povo. É uma maneira de lembrar que a verdadeira humanidade abraça suas diferenças”, conclui a fotógrafa francesa.

 

 

Sobre a artista

 

Marie-Charlotte Devise se formou em Fotografia – diferentes formatos, estúdio e pós-produção – em Paris na década de 2000, paralelamente a uma carreira profissional jurídica e a um percurso pessoal de vivência no Brasil.

 

Realizou as exposições: FotoRio 2015 – Ser Carioca; Um Novo Olhar (Zona Portuária, Rio de Janeiro) – 150 retratos em cores, grande formato, expostos ao ar livre no bairro de Santo Cristo; Vila Curial (Paris, bairro 19) – 50 retratos em preto e branco, grande formato, expostos ao ar livre na Residência Edmond Michele e Inside Out (Paris, bairro 19) – 15 retratos em preto e branco, grande formato, expostos ao ar livre rue Archereau. Ganhou o Prêmio das mulheres pelo desenvolvimento sustentável, Mondadori, em 2013.

 

 

De 10 de março a 28 de maio.

Elegia para Israel Pedrosa

23/fev

Mestre Pintor Israel Pedrosa, adeus.

Breve notícia sobre o sonho do sonhador.

por Jacob Klintowitz

 

 

Na sua última semana entre nós Israel Pedrosa e eu falamos várias vezes por telefone. No dia 5 de fevereiro, ele estava contente por ter terminado o seu monumental livro “Dez aulas magistrais. Genealogia da cor inexistente.” e a sua voz estava risonha. A distância nos permite imaginar e eu via a sua alegria. No dia 7.2, num domingo, Israel morreu.

 

A minha opinião sobre as “Dez aulas…”,  se transformou, a seu pedido, numa epígrafe do livro. Seremos quatro no frontispício: Dante, Petrarca, Marco Luchesi e eu. Como sempre, quando homenageamos a obra do Israel, somos nós os honrados, como foi neste caso, ao me colocar junto com estes três gigantes.

 

 

A minha epígrafe é a seguinte:

 

“Não conheço nenhum livro nos séculos vinte e vinte e um que seja capaz de educar a nossa sensibilidade tanto quanto este “Genealogia da Cor Inexistente”. Talvez por não desejar nos convencer de nada, mas apenas contar de seu extremo amor aos deuses da arte, este livro seja ainda mais eficaz e comovente. Israel Pedrosa pertence a esta família artística dos que ampliam a nossa percepção. Muito jovem percorri bibliotecas à procura da minha verdadeira identidade. É uma felicidade, já provecto, encontrar num só livro tão claro panorama de artistas iluminados capazes de elevar a nossa sensibilidade e nos tornar mais humanos.”

 

Eu sabia do extremo amor de Israel Pedrosa por Cândido Portinari, seu mestre e amigo. Para alegrá-lo eu escrevi também uma frase para abrir o capítulo dedicado a Portinari. A lealdade histórica para Israel Pedrosa era um princípio fundamental de vida. Aliás, para mim, também.

 

 

Epígrafe para “Portinari”.

 

“Eu o considero o marco afirmativo do nosso modernismo,  criador de uma obra monumental, autor da odisseia sobre a nossa vida e a nossa gente. Além disto, a qualidade estética de Portinari, a grandeza de seus temas, a ousadia de interpretação e a coragem de escolha de assuntos, com dificuldades infinitas, o caracterizam como um grande artista. “

 

“Portinari é o narrador de mitos, o nosso Homero. E na sua obra encontramos a imobilidade da tragédia, o tempo paradigmático do símbolo e a ausência da agitação do simples drama. Portinari é a tessitura que organiza e forma a base da arte brasileira, a marca da nossa maturidade, o ponto alfa, do qual podemos contemplar o nosso panorama.”

 

Israel Pedrosa  teve o sonho mais nobre que um artista pode ter; ele sonhou em pintar com a luz. E a sua vida foi a vivência desta vontade. A sua pesquisa sobre a cor e a refração da cor e a possibilidade de pintar também com a cor física, celebrada no livro “Da cor à cor inexistente”, é um momento nobre da arte no século vinte.  Pedrosa, pintor e professor, pintou e ensinou e a sua última aula levou 20 anos de preparo e é este “Dez aulas magistrais”.

 

Existem homens cuja vida é idêntica ao seu destino, a tal ponto que não podemos distinguir um do outro. Israel Pedrosa foi um destes raros. É impossível imaginar a vida de Israel Pedrosa sem a sua longa pesquisa sobre as cores e sobre o seu destino de acrescentar à sensibilidade da nossa época a poética do pintor: eu sou um pintor, disse Paul Klee. Israel Pedrosa poderia ter dito: eu sou um pintor que pinto a luz com a luz.

 

Durante os últimos vinte anos Israel Pedrosa estudou os métodos de pintar, “à maneira de”, dos seguintes artistas, que costumava chamar de “meus Deuses”: Leonardo da Vinci, Hieronymus Bosch, Vermeer de Delft, William Turner, Paul Cézanne, Vincent Van Gogh, Paul Klee, David Alfaro Siqueiros, Cândido Portinari, Jackson Pollock.  E durante este período escreveu e pintou a vida secreta, intima, destes artistas, para ele, Mestres Divinos. Ele nos contou e demonstrou como eles sentiam e como eles tornaram às suas intuições em obras primas.

 

Ao cabo de 20 anos, o último raio de sol de sua visão terminou com a última pincelada. Israel estava praticamente cego. Uma semana depois, eu acrescentei a minha opinião sobre este livro que acompanhei passo a passo, desde a ideia original, o primeiro desejo, até a sua finalização.

 

Na quarta feira, dia 4, ele me telefonou e disse que soubera tardiamente que o Octávio Araújo morrera. “Éramos quatro em Paris: Octávio, Gruber, Ventura e eu. Agora só resta eu e Ventura e ele está doente”. Ele me pediu que eu enviasse o texto que escrevi quando da morte do Octávio. Ele sabia que eu consideraria a grandeza do Octávio. Eu prometi e enviei o “Canto para Octávio Araújo”. Foi o último texto que o Israel Pedrosa leu, o relato da vida do seu velho amigo Octávio Araújo no que ela tinha de único escrito por este seu amigo de uma geração mais recente.

 

Não tenho vontade de dizer, como Simone de Beauvoir, no seu magnífico “A cerimônia do adeus”, quando da morte de Sartre: ”Sua morte nos separa. Minha morte não nos reunirá.”. Eu sinto que as pessoas significativas permanecem amalgamadas conosco, fazem parte indissolúvel do que somos.

Paisagem nas Américas

A exposição “Paisagem nas Américas: Pinturas da Terra do Fogo ao Ártico” entra em exibição na Pinacoteca do Estado de São Paulo, Luz, São Paulo, SP, neste final de mês. A mostra esteve recentemente em cartaz na Art Gallery of Ontario, em Toronto, Canadá, e no Crystal Bridges Museum of American Art, de Bentonville, nos EUA. Essa exposição nasceu de uma parceria inédita firmada em 2010 entre a Pinacoteca de São Paulo, a Art Gallery of Ontario e a Terra Foundation for American Art (Chicago, EUA) e trará ao Brasil obras de grandes artistas do continente americano, como os brasileiros Tarsila do Amaral e Pedro Américo, os americanos Frederic Church e Georgia O’Keeffe, os mexicanos José Maria Velasco e Gerardo Murillo, Dr. Atl, além dos canadenses Lawren Harris e David Milne, do venezuelano Armando Reverón, e dos uruguaios Pedro Figari e Torres-Garcia, entre outros.

 

 

De 27 de fevereiro a 29 de maio.

Processos criativos

O Wesley Duke Lee Art Institute, São Paulo, SP, abre na Ricardo Camargo Galeria, Jardim Paulistano, a exposição coletiva Proces/sos Cri/ativos –  Ex/periência  com 15 jovens artistas convidados a vivenciar uma experiência única: produzir a partir de uma imersão no universo de Wesley Duke Lee. Com obras em suportes diversos como pintura, colagem, fotografia, gravura, serigrafia e projeção em slide, e curadoria de Patricia Lee, concretiza-se mais um dos sonhos do artista de poder transmitir às novas gerações seu conhecimento e influências.

 

Por um período de dois meses, com encontros semanais, os artistas frequentaram a instituição – uma casa/museu – e tiveram acesso aos livros, textos diversos, fotografias, filmes, desenhos, livros, objetos e obras, podendo assim captar o artista em sua  essência. Como comentava Wesley Duke Lee, sua casa era ele mesmo virado de dentro para fora. Muitos artistas utilizaram referências do Grupo Rex, do qual Wesley Duke Lee foi um dos fundadores, que oferecia um contraponto combativo e bem-humorado ao mercado de artes, na década de 1960. Essas referências estão agora disponíveis na biblioteca do WDLAI.

 

A possibilidade de imersão no universo de Wesley Duke Lee é um dos objetivos do Instituto e um dos sonhos do artista, coordenado por sua sobrinha, Patrícia Lee: fazer circular seu conteúdo cultural e informativo na sociedade. Grande parte dos materiais já está à disposição de estudantes, pesquisadores e público. “Queremos, com iniciativas como esta, provocar o pensamento artístico e criativo, reinventar a didática à maneira de Wesley Duke Lee e estimular o autoconhecimento”, diz Patrícia Lee, diretora cultural do Instituto.

 

“PROCES/SOS CRI/ATIVOS” é o resultado do resgate da memória de Wesley Duke Lee através das mentes jovens do nosso tempo.  Artistas participantes: Adriana Moreno, Bruna Meyer, Claudia Di, Coletivo Quatro Patas, Felipe Ferraro, Gustavo Prata, Ile Sartuzi, Julia Kavazzini, Julia Milaré, Karina Ferro, Leandro Muniz, Margarita Jaime, Pedro Ermel, Wal Braz, Yuli Yamagata.

 

 

 

De 29 de fevereiro a 05 de março.

ARCO, 35 anos

19/fev

A edição comemorativa da ARCO Madrid, Espanha, também tem como estratégia renovar e impulsionar a feira como uma importante plataforma do mercado de arte. Por isso, além da participação de grandes galerias internacionais – algumas, pela primeira

 

vez, a 35ª edição da feira apresenta também 98 propostas dedicadas a um ou dois artistas, fazendo com que a feira assuma um papel de referência para o descobrimento e a investigação de novos artistas.

 

Participam desta edição 221 galerias de 27 países, abarcando desde as vanguardas históricas, os clássicos contemporâneos e a arte contemporânea, 71% das quais são estrangeiras, com notável presença de 47 galerias de 10 países latino-americanos, o que representa 26% de seu segmento internacional. As galerias se dividem nos setores Geral, Solo Projects, Openings e #35aniversário. Pela primeira vez, cerca de 90 galerias vão expor apenas obras de um ou dois artistas.

 

 

Galerias brasileiras

 

No total, 12 galerias brasileiras participam da feira, quatro delas como convidadas para o programa especial comemorativo #35aniversário. No setor Geral estão: Anita Schwartz, Baró, Casa Triângulo, Dan Galeria, Jaqueline Martins, Leme, Luciana Brito, Marilia Razuk, Mendes Wood DM e Vermelho (com obras de Marcelo Cidade e Angela Detanico / Rafael Lain). As quatro galerias participantes do #35aniversario são Casa Triângulo, Fortes Vilaça, Luciana Brito e Luisa Strina.

 

 

A feira acontece em Madrid, Espanha, entre 24 e 28 de fevereiro.

Sua mensagem foi enviada com sucesso!