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AGENDA CULTURAL

A Grande Tela na Berenice Arvani

05/ago

A exposição coletiva “A Grande Tela”, com curadoria de João Pedrosa, é a nova proposta da Galeria Berenice Arvani, Cerqueira César, São Paulo, SP, na qual reúne 18 artistas  e  18 obras da “Geração 80″. Depois da arte hermética dos anos setenta, jovens artistas, como os grupos paulistanos  “Casa 7″ e “Pintura como Meio”, ou os cariocas “Grupo Lapa” e “Grandes Formatos”, retomam a pintura. A Bienal de São Paulo, edição de 1981, registra o fenômeno, a edição de 1983 reforça-o e a exposição “Onde Está Você Geração 80”, em 1984, no Parque Laje, RJ, acaba por celebrá-lo.

 

É do auge deste movimento que o curador João Pedrosa foi buscar os 18 trabalhos de 18 artistas daquela geração para realizar a exposição “A Grande Tela”, a primeira em galeria que, a partir de acervos de colecionadores e dos próprios artistas,  busca traçar um recorte deste marco da pintura contemporânea brasileira. As obras selecionadas foram concebidas na década de 80, a maioria no final do período, ainda que seus autores sejam nomes de destaque da produção atual: ÂNGELO VENOSA; DANIEL SENISE; EDGAR DE SOUZA; FÁBIO CARDOSO; FÁBIO MIGUEZ; FLORIAN RAISS; FLÁVIA RIBEIRO; GUTO LACAZ; IRAN DO ESPIRITO SANTO; JAC LEIRNER; JORGE GUINLE; JOSÉ LEONILSON; LEDA CATUNDA; MÔNICA NADOR; NUNO RAMOS; PAULO MONTEIRO; PAULO PASTA ROBERTO MÍCOLI; e SÉRGIO ROMAGNOLO.

 

Os anos 80 podem ser lembrados também como uma incipiente mudança no circuito da arte em direção ao profissionalismo. Mas nesta época ainda os contatos se davam de maneira informal entre artistas, críticos, jornalistas, admiradores e amigos. Assim, a criteriosa seleção de João Pedrosa passa também por um olhar afetivo entre os artistas e as obras que naquela época ele esteve muito próximo. “Os anos 1980/1990 não foram por mim pesquisados, deles, não tive notícia por fontes primárias, nem secundárias […] eu os vivi, nas galerias, nos museus, nos bares, nas festas, nos clubes, nos ateliês”, afirma.

 

Segundo João Pedrosa, essa exposição não foi feita para ser completa nem perfeita, pois está no espaço de uma galeria. “Mas trata-se de uma boa amostra para a atual geração de artistas, de um tempo no qual, os pais deles eram tão jovens quanto eles são hoje, quando o mundo era mais ingênuo, quando o Brasil renascia para a democracia, e quando fazer Arte, era a coisa mais importante, mais nova, excitante e audaciosa, do mundo”.

 

 

 

Até 06 de setembro.

 

 

A pintura de Lucy Citti Ferreira

A Pinacoteca de São Paulo, Luz, São Paulo, SP, apresenta a exposição “Lucy Citti Ferreira”, com cerca de 60 trabalhos realizados entre 1930 e 1990. As obras fazem parte de um conjunto de pinturas, desenhos, gravuras, fotografias, recortes de jornal, manuscritos, correspondências e documentos pessoais, catálogos e convites de exposições, que foram doados por Lucy -São Paulo, SP, 1911 – Paris, França, 2008 – para a Associação Pinacoteca Arte e Cultura-APAC, poucos meses antes de sua morte. A doação foi recebida por Regina Teixeira de Barros, curadora da Pinacoteca que, junto com Rosa Esteves, pesquisadora do Museu Lasar Segall e amiga da artista, ficaram responsáveis por organizar e catalogar todo o conteúdo recebido. “Estimava-se, à primeira vista, que houvesse cerca de 600 obras sobre papel a serem catalogadas (…). Entretanto, após quase três anos chegou-se a um número mais do que cinco vezes maior: foram catalogadas 3219 obras de Lucy”, afirma Regina Teixeira de Barros, curadora da mostra.
Esta exposição é a mais completa já realizada sobre sua obra. É uma rara oportunidade de ver um significativo conjunto da artista reunido num só espaço, pois sua última mostra individual aconteceu em 1988 no Museu Lasar Segall, ocasião em que também doou para a Pinacoteca cinco obras, um desenho e quatro xilogravuras.  A exposição Lucy Citti Ferreira começa com pinturas realizadas no período de formação da artista em Paris e termina com um conjunto de paisagens imaginárias realizadas em aquarela, na década de 1980. Entre os dois extremos estão os desenhos, aquarelas e pinturas que a artista produziu entre 1935 e o final da década de 1950, período mais produtivo de sua carreira. Aí estão contemplados retratos, naturezas-mortas, grupos de figuras, cenas de interiores e, em maior evidência, os autorretratos, que se sobressaem tanto pela  qualidade da pintura quanto pela quantidade de variações sobre o tema. Por meio dessa seleção de obras também é possível acompanhar as sutilezas das transformações formais que se apresentam nesse intervalo: do alinhamento às características do retorno à ordem, às simplificações da figura levemente contaminadas pelas tendências abstracionistas do pós-Guerra.
“A mostra tem como objetivo evidenciar a qualidade da obra de Lucy e reparar, na medida do possível, o apagamento a que foi relegada. Ao mesmo tempo, a ocasião é propícia para explicitar sua singularidade, que muitas vezes foi posta em dúvida devido à (superficial) similaridade de algumas obras com aquelas de Lasar Segall, de quem foi modelo e discípula. Finalmente, essa mostra tem a intenção de saldar um compromisso selado muitos anos antes, de acolher sua obra, estudá-la e divulgá-la com a merecida distinção, de maneira a inseri-la efetivamente na história da arte brasileira”, afirma a curadora Regina Teixeira de Barros.
Sobre a artista

Lucy Citti Ferreira, nasceu em São Paulo, SP, em 1911 e faleceu em Paris, França, em 2008. Foi pintora, desenhista, gravadora e professora. Viveu a infância e adolescência na Itália e na França com a família. Em 1930 frequenta o curso noturno de desenho de modelos clássicos na École Régionale des Beaux- Arts do Havre, França. Inicia seus estudos de pintura com André Chapuy. De 1932 a 1934, freqüenta a École Nationale des Beaux-Arts, em Paris. Aperfeiçoa-se em Pintura com Fernand Sabatté e escultura com Armand Matial. Expõe no Grand Palais e no Salon des Tuilleries. Retorna ao Brasil e instala seu ateliê na Rua Martinico Prado, em Higienópolis, em São Paulo. Conhece o pintor Lasar Segall, de quem se torna aluna e modelo. Volta a morar em Paris em 1947 e, no ano seguinte, expõe na Galerie Jeanne Bucher, em Paris. Em 1954, faz exposição individual no Museu de Arte de São Paulo. Em 1988, realiza a exposição individual “Sombras e luzes” no Museu Lasar Segall. Nessa ocasião, doa cinco obras (um desenho e quatro xilogravuras) para a Pinacoteca do Estado de São Paulo e sete obras (seis pinturas e um desenho) para o Museu da Arte Moderna de São Paulo. Em 2000 participa da exposição “Mostra do redescobrimento: Negro de corpo e alma”, organizada pela Fundação Bienal de São Paulo. Em 2004 participa da exposição “Mulheres pintoras”, na Pinacoteca do Estado, São Paulo e da mostra “O olhar modernista de JK”, no Ministério das Relações Exteriores, Palácio do Itamaraty, Brasília, DF.
Até 19 de outubro.

 

 

Nuno Ramos, Anjo e Boneco

02/ago

Chama-se “Anjo e Boneco” a nova exposição individual de Nuno Ramos na Galeria Fortes Vilaça, Vila Madalena, São Paulo, SP.  A mostra traz uma série de desenhos em larga escala, inéditos, todos realizados com guache. O título da exposição é parte de um verso extraído da obra “Elegias de Duíno “, de Ranier Maria Rilke – “Anjo e boneco: haverá espetáculo” (tradução de Dora Ferreira da Silva). Nuno Ramos, ele mesmo também um escritor, inspira-se frequentemente na obra de outros poetas, escritores e compositores. Sua série de desenhos anteriores partia do famoso diário de memórias de Daniel Paul Schreber, e em “Faca só Lâmina”, uma série de desenhos sobre alumínio, Nuno utilizava versos extraídos de um poema de João Cabral de Melo Neto, para citar apenas alguns exemplos.

 

Porém, diferentemente de desenhos anteriores, o artista trabalha com poucos elementos e materiais para compor os trabalhos desta nova série. As composições são todas feitas somente com guache, carvão e pastel seco apresentando em sua maioria apenas uma cor em contraste com o negro do carvão. Há formas geométricas combinadas com linhas gestuais, como em “Anjo e Boneco 18: Compreendemos Facilmente os Criminosos”. O jogo entre as linhas e formas parece estar sempre na beira do desequilíbrio. Há uma expectativa do porvir, a composição não é estática. Nuno também incorpora escorridos e manchas causados pelas tintas, trazendo o acaso para o processo de criação.
Comum a quase a todos os desenhos, além do título da série, são diferentes versos, também extraídos da IV Elegia de Rilke, impressos sobre o papel em letras de forma com carvão. “Como o coração de uma bela maçã” ou “abandonas a serenidade dos mortos” podem ser lidos entre as linhas, semicírculos e tinta, formando a composição. Ao extrair os versos de seu contexto original e incluí-los nos desenhos, Nuno explora a ressonância das palavras em um contexto de abstração. Ao alinhar todos os desenhos, apoiados na parede, bem perto uns dos outros, contornando o espaço da galeria, o artista cria a sua própria narrativa, o seu próprio poema, visual e literário. Há uma beleza latente, da mesma potência de suas esculturas.

 

Sobre o artista

 

Nuno Ramos nasceu em 1960, em São Paulo, onde vive e trabalha. Formou-se em Filosofia pela Universidade de São Paulo em 1982. Artista plástico, compositor, cineasta e escritor, participou de diversas exposições coletivas e individuais, destacando-se recentemente: em 2012, “O Globo da morte de tudo” (em parceria com Eduardo Climachauska) na Galeria Anita Schwartz, Rio de Janeiro, “Ai Pareciam Eternas!” na Galeria Celma Albuquerque, Belo Horizonte e “Solidão, Palavra” no Sesc Pompéia, São Paulo; em 2010 “Fruto Estranho” no MAM, Rio de Janeiro; e a 29ª Bienal Internacional de São Paulo. Publicou em 2011 seu oitavo livro, Junco, pela editora Iluminuras, vencedor do prêmio Portugal Telecom de Literatura na categoria poesia. Em 2008, venceu Prêmio Portugal Telecom para melhor livro do ano com Ó, também da Iluminuras.

 

Até 14 de setembro.

A realidade em Lucian Freud


Um dos pintores mais importantes do século 20, Lucian Freud, é o atual cartaz do MASP-SP, Paulista, São Paulo, SP. O artista que morreu há dois anos em Londres, onde se radicou depois de fugir da Alemanha nazista, fez fama e fortuna retratando pessoas que encontrava no dia a dia: desde sua mulher ao açougueiro. Também retratou personagens do underground londrino, como o travesti Leigh Bowery, quase sempre nus e em poses que fogem do padrão.
São gordos, suados, carecas. De pernas abertas, o sexo exposto, rugas e marcas de expressão exacerbadas, a pele como espécie de histórico sulcado de vidas nada fáceis. São seis pinturas de quase todas as fases de sua carreira, dos anos 1940 aos anos 1980, e mais de 40 gravuras e fotografias de seu ateliê, onde seus modelos chegavam a posar ao longo de anos para uma única tela ficar pronta.
Das 78 obras na mostra de Lucian Freud que o Masp abre hoje, só seis são pinturas, embora esse seja o meio de expressão que o consagrou.
Uma delas foi Sue Tilley, fiscal do serviço social britânico, que posou nua para Freud. Seu retrato, uma mulher gigantesca, seus volumes de pele e gordura transbordando de um sofá kitsch. Esse e outros retratos nada convencionais acabaram tirando o artista da reclusão.
Artista que despontou no auge das estripulias dos Jovens Artistas Britânicos, entre eles Damien Hirst e Tracey Emin, Freud se manteve figurativo, no sentido quase clássico do termo, fiel ao retrato acima de tudo.
“Uma apreciação completa da obra de Freud só foi possível nos últimos anos”, diz Richard Riley, curador da mostra no Masp. “Até pouco tempo atrás, ele era visto como uma figura reacionária à arte contemporânea, um excêntrico fora da realidade.”
Mas é na cruel realidade acentuada nas telas de Lucian Freud que está seu vigor, bem mais do que em muitas e qualquer obra de seus contemporâneos. “Ele tinha fascínio pela textura da pele e montanhas de carne humana”, diz Riley. “É um retrato inabalável e sem medo da forma humana verdadeira.”
Com exceção de uma pintura que representa a cabeça de um galo (morto) e de uma gravura que mostra um fragmento do jardim do artista, em Londres, todas as obras de Lucian Freud expostas no Masp são retratos.
Até 13 outubro.

Waltercio Caldas na Paulo Darzé

31/jul

A Paulo Darzé Galeria de Arte, Corredor da Vitória, Salvador, Bahia, apresenta série de novos trabalhos de Waltercio Caldas, através da exposição denominada “O que é mundo. O que não é”. Waltercio Caldas é um dos maiores nomes da arte contemporânea brasileira e internacional. Esta é uma frase direta que serve precisamente para afirmar a criação de esculturas, desenhos, objetos, livros e maquetes realizados por Waltercio Caldas, um artista que nas palavras de José Thomaz Brum, constrói “com aço inoxidável traços que circunscrevam o ar, deixando permanecer uma relação de contiguidade entre o desenho e o objeto, dotando estes de pausas, e suas linhas de intervalos, como um músico, concretizando esses anseios e os explorando”.

 

Waltercio Caldas nasceu no Rio de Janeiro, em 1946, e nos anos 60 começa a expor. Em sua trajetória realizou exposições individuais em alguns dos mais conceituados museus e galerias do mundo e participou de eventos como a Bienal de Veneza, Itália, e a Documenta de Kassel, Alemanha, tendo obra, entre outros, no acervo do Museu de Arte Moderna de Nova York. A diversidade de meios com que trabalha e seu absoluto domínio sobre os materiais nos faz pressentir a passagem de uma matéria para a outra, as relações entre pesos, densidades e transparências, e uma obra que se constitui um eterno processo, um fluxo constante que interliga a presença e a ausência, o sólido e o ar, o pleno e o vazio. Experimentação e questionamento, o fluir entre as coisas, a ocupação do espaço, a linha e o ar, um desenho do espaço induzindo o espectador a lembrança da figura, e utilizando uma diversidade de materiais, oferecendo a todos um sentido ou as possibilidades do olhar, num convite a imaginação, é que fazem a obra de Waltercio Caldas ser considerada pela crítica internacional como uma das mais importantes na arte contemporânea internacional.

 

Experimentação e questionamento, o fluir entre as coisas, a ocupação do espaço, a linha e o ar, um desenho do espaço induzindo o espectador à lembrança da figura, e utilizando uma diversidade de materiais, oferecendo a todos um sentido ou as possibilidades do olhar, num convite a imaginação tornaram a obra de Waltercio Caldas destacada pela crítica internacional como uma das mais importantes na arte contemporânea internacional.

 

Até 31 de agosto.

Mario Cravo Neto – Butterflies and Zebras

30/jul

A Pinacoteca do Estado de São Paulo, Luz, Praça da Luz, São Paulo, SP, apresenta a exposição “Butterflies and Zebras” de Mario Cravo Neto, artista falecido em 2009. Considerado um dos mais representativos fotógrafos brasileiros, a mostra reúne 250 fotografias inéditas feitas entre os anos de 1969 e 1970, período em que o artista viveu em Nova Iorque, dedicando-se também aos estudos da escultura e pintura. Nelas podemos notar a procura do fotógrafo por ângulos inusitados, realizados nos apartamentos onde viveu, nas ruas, nas estações e dentro dos vagões do metrô. Muitas delas foram feitas a partir de janelas, numa série em busca de descobertas, nada mental, com planos e cortes realizados ao acaso, o que faz com que o conjunto se torna ainda mais provocante ao descrever movimentos que transitam entre um mundo interior e outro, exterior.

Por uma decisão curatorial e para que o público tenha uma compreensão maior sobre a obra de Mario Cravo, também serão exibidas 45 imagens em preto e branco, ícones na obra do artista, que originalmente fizeram parte da série “O Fundo Neutro e Seus Personagens” realizada entre 1980 e 1999 que foram o ponto de partida para o livro “The Eternal Now”. Segundo Diógenes Moura, curador da mostra, “Butterflies and Zebras não é apenas uma exposição, um livro. É uma experiência sobre o tempo, sobre o destino, sobre o amor, sobre a vida, sobre a morte e sobre de como se poderá ir do ontem ao muito além”.
A mostra começou a ser pensada pelo artista e pelo curador em 2006. Um trabalho de edição e pesquisa através das centenas de imagens produzidas por ele. A primeira fase do trabalho que foi interrompido em 9 de agosto de 2009 pela morte do artista.

 

 
A palavra do curador
“Mario Cravo Neto me falou e mostrou as fotografias. Falou-me apenas: “São as fotos que fiz em Nova Iorque”. Cada vez que eu olhava cada uma das imagens ficava imaginando de que forma cada uma delas teria sido feita. Juntas, formam uma série. Separadas, cada uma delas representam um instante preciso. São como fotogramas. São ao mesmo tempo fotografia e cinema e fotografia. Revelam personagens anônimos tornados mais anônimos ainda, caminhantes nas ruas da cidade; recortam figuras descendo as escadas ou dentro do metrô e as leva para dentro numa mesma cédula não identificável; aproxima e afasta gente de automóveis por dentro e por fora. Ali, há aproximação e distância. Uma cidade dilatada.”

Sobre o artista

Estudou em Berlim e Nova York, acentuando suas pesquisas sobre escultura e fotografia. Em 1970, publicou sua primeira fotografia fora do Brasil no catálogo da exposição “Information”, do Museum of Modern Art, MoMA, em Nova York. Durante os anos 1970, dedicou-se à criação de projetos in situ, interferindo na natureza do sertão baiano e no perímetro urbano de Salvador. Expôs inúmeras vezes no Brasil e no exterior. Publicou cerca de catorze livros em diversas línguas, assim como matérias em revistas e jornais. Tem obras no acervo de importantes museus e em coleções particulares em todo o mundo. Em 2000, numa busca sempre imersa no mundo mítico e na natureza de seu país, publicou “Laróyè (Áries)”, no qual procura o semelhante junguiano de Exu nas ruas de Salvador, e realizou exposição homônima na Pinacoteca do Estado de São Paulo. Sua última exposição foi realizada na galeria Paulo Darzé, em Salvador, sob o título “A flecha em repouso”.

Até 10 de novembro.

Roberto Alban apresenta Willyams Martins

29/jul

A Roberto Alban Galeria de Arte, Ondina, Salvador, Bahia, apresenta a exposição “Peles do Cárcere“, individual de Willyams Martins, que ocupará o espaço expositivo com 30 obras inéditas. As obras apresentadas fazem parte da série “Peles Grafitadas”, compostas por imagens das superfícies murais das cidades através da técnica de remoção e deslocamento. Desta vez, o artista pesquisou e descolou imagens desgastadas existentes nas paredes da Penitenciária Lemos Brito, onde os presidiários imprimiram suas expressões subjetivas durante anos.

 

Em “Peles do Cárcere”, Willyams Martins expõe todo o trabalho de pesquisa realizado no Complexo Penitenciário. “A parede do presídio torna-se um suporte mediador de onde se retiram signos de referências sociais e artísticas, deslocando uma produção visual, um repertório de identificação”, explica o artista. A arte de Martins traz assim um olhar cuidadoso e com aspectos etnográficos sobre a vida no cárcere, ao mesmo tempo em sintonia e em oposição ao cotidiano estritamente urbano da vida moderna.

 

A mostra “Peles do Cárcere” busca lançar um olhar diferenciado das imagens comuns existentes nas superfícies das paredes internas, externas e do urbanismo. “As imagens que estavam encarceradas formam uma polifonia de significados produzindo uma conexão entre o perto e o longe, o interno e o externo, aquilo que foi extraído da parede encarcerada e que agora está livre”, diz o artista.

 
As imagens que compõem a mostra foram retiradas do presídio através da técnica de remoção, onde se utiliza voille e resina de poliéster aplicado sobre a imagem para remover a “pele” das superfícies.

 

 
Sobre o artista

 

O artista visual Willyams Martins vive e trabalha em Salvador, Bahia. É mestre em Artes Visuais, Escola de Belas Artes, Universidade Federal da Bahia. A arte feita por Willyams Martins tem como fonte de inspiração, além do urbanismo, a música e a estética do punk nacional. Martins foi um dos fundadores da banda “Dever de Classe” nos anos 80. Possui ampla experiência em oficinas em diversas instituições culturais, como, por exemplo, as de “laboratório instantâneo” em arte contemporânea apresentada no MAM-BA, relacionados à 29 Bienal de São Paulo – Obras selecionadas. Suas obras transversais são permeadas pela articulação de diversos campos estéticos. Participou do documentário “paredes que hablam”, para a TV do México e da Argentina. Participou de uma exposição coletiva em Bogotá – Colombia. Realizou exposição individual na Estação Central do Metrô de Belo Horizonte – MG. Foi selecionado para a 11ª Bienal Nacional de Santos, e seu trabalho intitulado “peles grafitadas”, foi premiado pelo Braskem de Cultura e Arte, além de ter sido selecionado em diversos editais, etc. Atualmente foi selecionado com a oficina “salinas compartilhada” para o Programa BNB de Cultura – Edição 2012, como também foi citado na tese de doutorado: Enterros: Momentos Específicos, de Rebeca Stumm. Já foi professor de Pintura  e Teoria e Técnica de Pintura, na EBA – UFBA. Atualmente é professor de Desenho VI (murais) e Processos Artísticos pela mesma Escola.

 

 

De 02 a 31 de agosto.

Na Galeria Marcelo Guarnieri

A artista plástica Mariannita Luzzati  apresenta “Panoramas“, série de pinturas na  Galeria Marcelo Guarnieri, Ribeirão Preto, São Paulo, SP. E sua atual exposição serão exibidos trabalhos recentes em grande escala que evocam a natureza na paisagem brasileira. Nessas obras a artista anula todos os vestígios da civilização restabelecendo as condições primárias da paisagem devolvendo suas fisionomias naturais. Em relação a essa sequência criativa da artista, assim se refere Gabriel Perez Barreiro: “Ao observarmos uma tela de Luzzati, vivenciamos a sensação dupla de familiaridade e surpresa. Se por um lado as pinturas são extremamente convincentes ao evocar lugares, climas e atmosferas, por outro lado também estamos simultaneamente cientes de seus artifícios, cores “não-naturais” e contraste. Essa alternância entre a sedução da imagem e nossa consciência de sua construção gera uma fricção produtiva que depende tanto de nossa vontade de acreditar na imagem, quanto da necessidade de compreendermos de que forma ela foi construída. As imagens de fato se alternam entre os dois hemisférios do cérebro, valendo-se de seus recursos. Embora a obra de Luzzati tenha sido amplamente discutida no que se refere ao tema, eu diria que, ainda mais importante, é sua articulação de três conceitos relacionados mas aparentemente contraditórios: conhecimento, crença e desejo”, Gabriel Perez Barreiro.
 

 

Sobre a artista
 

Mariannita Luzzati tem participado de importantes exposições em instituições brasileiras e estrangeiras, destacando: Pinacoteca do Estado de São Paulo, Museum of London, Haus Der Kulturen Der Welt, em Berlim, Maison Saint Gilles, em Bruxelas, Museu de Arte Moderna de São Paulo, Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, Museu Nacional de Buenos Aires, Machida City Museum, em Tóquio, entre outros. Nascida em São Paulo, realizou sua primeira exposição individual em 1989, no Centro Cultural São Paulo, quando passou a ser representada pela Galeria Subdistrito. No mesmo ano, recebeu o primeiro prêmio do Salão Nacional de Artes Plásticas. Em 1993, recebeu o premio aquisição em mostra de gravura no Machida City Museum, em Tóquio e foi convidada a integrar o Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM, São Paulo. Um ano depois, foi selecionada para representar o Brasil na 22º Bienal Internacional de São Paulo, sendo posteriormente convidada a participar de exposições na Alemanha, França, Espanha, Estados Unidos e Inglaterra, onde vive desde 1994, representada pela Purdy Hicks Gallery.
 

Em 2010 Mariannita Luzzati idealizou o projeto “Cinemusica” junto ao pianista Marcelo Bratke que tem como foco abrir uma janela imaginária para o mundo sensível e contemplativo dentro de penitenciárias brasileiras por meio das artes visuais e música. O projeto foi apresentado em 10 penitenciarias brasileiras ,em 10 teatros do SESI no estado de São Paulo, no Brotfabrik,  Alemanha e no Queen Elizabeth Hall – Southbank,  Londres. Vive e trabalha em São Paulo, Brasil e Londres.

 

 
De 02 de agosto a 09 de setembro.

 

WALTER DE MARIA

 

Morreu aos 77 anos nesta última quinta feira, dia 27 de julho, WALTER DE MARIA. Era, sem  a menor dúvida, um dos artistas vivos mais importantes do planeta. Foi uma pessoa  reclusa, avessa a fotos e entrevistas. Seu trabalho foi desenvolvido sobretudo para museus, preferindo realizar suas instalações ao ar livre, e em locações urbanas não convencionais. Sua obra mais notável e contundente, o “Lightning Field” (Campo de Forças), um trabalho de “land art” concebido entre 1971 e 1977 e instalado em uma planície desértica do Novo México, consiste em 400 estacas de aço inoxidável polido com 7m de comprimento,  fincadas meticulosamente na terra em um retângulo medindo um quilometro por uma milha, dentro de uma matriz geométrica rigorosa. Funciona como uma espécie de para raios, atraindo as descargas elétricas causadas pelas constantes tempestades dessa região desértica, utilizando a luz e o tempo como elementos do trabalho.

 

Alguns de seus trabalhos expostos no bairro do Soho em NY, como o “Broken Kilometer”  e o “Earth Room”, são instalações permanentes patrocinadas pela DIA Art Foundation. A primeira, realizada em 1979 , consiste em 500 barras cilíndricas de latão sólido, dispostas em 5 fileiras com 100 barras em cada, perfazendo o quilometro quebrado. Já o “Earth Room”, realizado em 1977, enche um apartamento com terra, amparada por uma parede de vidro que a  revela, e desta forma trazendo o elemento exterior para o interior. Sua instalação “Vertical Earth Kilometer”, consiste em uma única estaca de latão com 1 quilometro de comprimento e diâmetro de 2 polegadas, totalmente enterrada na terra na cidade alemã de Kassel, que hospeda as antológicas mostras “Documenta”, para a qual foi concebida em 1977, depois tornando-se exposição permanente. Outros de seus trabalhos, como “360°/IChing” (1981); “A Computer Wish Will Save Every Problem In The World/3-12 Polygon” (1984); “13, 14, 15 Meter Rows” (1985); “Apollo’s Ectasy” (1990) e “2000 Sculpture” (1992); encontram-se em diversos museus americanos. Em 1989, De Maria instalou uma esfera de granito na Assembléia Nacional em Paris, e em seguida, em 2000 e 2004 concebeu trabalhos para museus japoneses. Em 2002, foi apresentada em Munique, sua obra “Large Red Sphere”, pesando 25 toneladas.

 

Na exposição realizada na Menil Collection no Texas, Walter de Maria apresentou suas trilogias, expondo “The Statement Series” (1968-2011), consistindo em 3 pinturas minimalistas em vermelho, amarelo e azul, (2008/2011) nas quais ao centro uma placa metálica revelava uma frase, sob o mote: “A cor os homens escolhem quando atacam a Terra”. Em paralelo, apresentou “Triângulo, Círculo, Quadrado” (1972), onde as peças geométricas como se fossem canaletas, executadas em aço polido, continham uma esfera, para causar um distúrbio na pureza desses símbolos. Apresentou ainda sua obra “Bel-Air Trilogy” (2000/2011), onde utitizou 3 automóveis Chevrolet Bel-Air 1956, meticulosamente restaurados e pintados nas cores vermelha e branca, que eram trespassados por barras inseridas em suas cabines, paralelas ao eixo dos carros.

 

O artista, americano da Califórnia, nascido em 1935, mudou-se em 1960 para NY, e desenvolvia seu trabalho a partir do “Dada”, das artes conceitual e minimalista, e da “land art”. Sua obra procurava a extensão da arte ao contexto e às explorações entre a obra e o lugar em que se inserem, o que o tornou dos pioneiros e mais importantes artistas do movimento “land art”. Também foi músico percussionista, deixando diversas peças musicais, sendo integrante, nos anos, 60 da banda “The Primitives” em NY, e tendo ainda realizado dois filmes.

 

Walter de Maria foi um artista notável, dos maiores do seu tempo!
Afonso Henrique Costa
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Afonso Henrique Costa é colecionador, curador, marchand e consultor em arte. Nasceu e reside no Rio de Janeiro.

Julio Plaza Poética | Política

26/jul

 

O livro “Julio Plaza Poética | Política”, é uma cuidadosa publicação da Fundação Vera Chaves Batcellos, Viamão, RS, contemplada no Projeto Conexão Artes Visuais Minc/Funarte/Petrobras por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. O primeiro lançamento ocorreu em Porto Alegre, no Santander Cultural, e o próximo será em São Paulo, no MASP. O lançamento será precedido das palestras de Inês Raphaelian, artista plástica, curadora independente, gestora e produtora cultural e Omar Khouri, poeta, artista gráfico, editor, historiador e crítico de linguagens.

 

 
Sobre o artista e os textos

 

“Julio Plaza Poética | Política” é a primeira publicação no Brasil dedicada ao artista e reúne textos assinados por artistas e pesquisadores como Alexandre Dias Ramos, o poeta Augusto de Campos, Cristina Freire, o filósofo espanhol Ignacio Gómez de Liaño, Regina Silveira, Vera Chaves Barcellos, além de um artigo de apresentação assinado pelo próprio Julio Plaza, artista falecido em 2003. Espanhol radicado em São Paulo desde 1973, Julio Plaza engajou-se em praticamente todos os desenvolvimentos tecnológicos das artes, do videotexto, à holografia, à arte digital, pioneiro que foi em várias dessas experiências, envolvendo novos suportes e novas mídias. O livro inclui imagens de suas obras, desde as primeiras criações nos anos 1960, na Espanha, até suas últimas produções no Brasil com cronologia do artista. O livro traz encartado um DVD com o documentário “Julio Plaza – o poético e o político”, de 30min.

 

 
Sobre o livro

 
A presente publicação visa suprir uma lacuna na quase inexistente bibliografia disponível sobre Julio Plaza, cuja obra permanece credora de estudo e pesquisa. A artista Regina Silveira (companheira de Julio Plaza entre 1967 e 1987) recupera em depoimento memórias pessoais da convivência nos primeiros anos de Julio Plaza no Brasil e de suas experiências na Universidade de Porto Rico. Vera Chaves Barcellos faz referência ao curso Proposições Criativas, realizado por Plaza, em 1971, em Porto Alegre, junto a um grupo de alunos do Instituto de Artes da UFRGS .Cristina Freire tece um panorama da arte no Brasil, onde insere Julio Plaza, vindo de uma tradição construtivista espanhola dos anos 1960, e destaca sua afinidade com o concretismo brasileiro. A obra construtivista de Julio é abordada em texto produzido na década de 60, ainda em época anterior a sua vinda para o Brasil, cujo autor é o então jovem poeta e filósofo espanhol Ignacio Gómez de Liaño. O poeta Augusto de Campos narra como foi seu encontro artístico com Julio Plaza, e como dele resultaram as obras em parceria como os célebres poemas-objeto “POEMÓBILES”, e também “CAIXA PRETA” e “REDUCHAMP”, livros de artista que brincam com os limites de texto e imagem, arte e literatura. A publicação contém também um extrato do depoimento do próprio artista sobre sua obra e trajetória, por ocasião da sua apresentação como candidato a professor assistente na ECA, USP, em 1994. O último capítulo é assinado por Alexandre Dias Ramos e destaca a exposição Julio Plaza: Construções Poéticas realizada em 2012, na Sala dos Pomares da Fundação Vera Chaves Barcellos.

 

 
Sobre o documentário

 
A publicação é acompanhada pelo vídeo “Julio Plaza – o poético e o político”, com direção de Hopi Chapman e Karine Emerich, da Flow Films, e foi produzido pela FVCB com apoio do MAC/USP, para a exposição realizada em 2012 na Sala dos Pomares. O documentário em média-metragem foi gravado na Espanha e no Brasil, traz depoimentos de artistas e intelectuais que conviveram com Julio Plaza. Compondo um interessante mosaico sobre a personalidade artística e a abrangente obra de Plaza, o documentário reconstitui sua trajetória desde as primeiras exposições, como a do grupo de vanguarda e novas tendências, Grupo Castilla 63 (realizada em 1963 na Espanha), sua vinda em 1967 ao Brasil, integrando a representação espanhola para a 11ª Bienal Internacional de São Paulo, e sua transferência em 1969 para Porto Rico, onde organiza uma das primeiras mostras de arte postal das Américas e também quando inicia sua atividade de professor, na qual permaneceria, posteriormente, no Brasil, até o fim de sua vida, ligado à ECA/USP, FAAP, PUC/SP e UNICAMP, formando e influenciando gerações de artistas. Vera Chaves Barcellos gravou pessoalmente em Madrid os testemunhos de Luis Lugán, precursor da arte tecnológica espanhola; de Julián Gil, veterano artista expoente do concretismo espanhol e Ignacio Gómez de Liaño, escritor e filósofo, todos, de uma maneira ou outra, vinculados à arte experimental e às vanguardas poéticas espanholas da década de 1960. No Brasil, foram gravados depoimentos das artistas Regina Silveira, Lenora de Barros, e Inês Raphaelian além do fotógrafo gaúcho Clóvis Dariano. E ainda Cristina Freire, pesquisadora e vice-diretora do MAC-USP, Gabriel Borba, artista e professor de artes da USP, Martin Grossman, pesquisador e diretor do IEA-USP e Ana Tavares, artista e professora da ECA-USP, além de Augusto de Campos.

 

 

Sobre o lançamento

 

A publicação “Julio Plaza Poética|Política”, tem projeto gráfico da Roka Estúdio, 160 páginas,versões em inglês e espanhol e tiragem e distribuição limitadas. O livro não está disponível à venda. Em São Paulo o lançamento será no dia 30/07, no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand – MASP, com as palestras de Inês Raphaelian e Omar Khouri.

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