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AGENDA CULTURAL

Doris Salcedo no Brasil

12/dez

A Pinacoteca do Estado de São Paulo, apresenta, na Estação Pinacoteca, Luz, Largo Gal. Osório, São Paulo, SP, a exposição Plegaria Muda (2008-10) da artista colombiana de Doris Salcedo. Exibida pela primeira vez no Brasil, “Plegaria Muda”, é um ambicioso projeto da artista, formado por 120 mesas de madeira (que correspondem a diferentes tamanhos de caixões funerários) e que se relaciona fortemente com episódios de violência política, debruçando-se sobre algumas tragédias públicas e chamando a atenção para os traumas pessoais das vítimas.

 

Na última década, Doris Salcedo desenvolveu instalações de grande escala e intervenções arquitetônicas para museus, galerias e espaço urbano. Para Doris Salcedo, a violência é um fenômeno universal; um padrão humano, ameaçando o tecido social. Segundo Isabel Carlos, curadora da mostra, Doris Salcedo sempre considerou as suas esculturas como criaturas e, em “Plegaria Muda”, essa ideia é levada ao limite porque a obra pode não apenas afetar seus espectadores, como ser afetada por eles. “Plegária Muda” é, em si mesma, vulnerável, frágil, finita e torna cada visitante também vulnerável ao se deparar com uma obra que fala de morte, do desaparecimento, de valas comuns.. Estamos, assim, frente a uma dupla vulnerabilidade: a do espectador e a da obra. Doris Salcedo reivindica para si o papel de pensadora, mas uma pensadora que deva ser capaz de produzir obras que não se reduzam a explicações psicológicas ou sociológicas e, acima de tudo, que não sejam ilustrações dos testemunhos das vítimas, mas, antes, que as redima do silêncio e da invisibilidade através de outros suportes, de outras percepções.

 

A palavra da artista

 

“Em “Plegaria Muda” procuro articular diferentes experiências e imagens que fazem parte da natureza violenta do conflito colombiano. Também pretendo conjugar uma série de eventos violentos que determinam a imparável espiral de violência mimética e fratricida que caracteriza os conflitos internos e as guerras civis em todo o mundo. “Plegaria Muda” procura confrontar-nos com o pesar contido e não elaborado, com a morte violenta quando reduzida à sua total insignificância e que faz parte de uma realidade silenciada como estratégia de guerra. Considero que a Colômbia é o país da morte insepulta, da vala comum e dos mortos anônimos. É, por isso, importante distinguir cada túmulo de forma individual, para assim articular uma estratégia estética que permita reconhecer o valor de cada vida perdida e a singularidade irredutível de cada túmulo. Cada peça, apesar de não estar marcada com um nome, encontra-se selada e tem um caráter individual, indicando um ritual funerário que aconteceu. A repetição implacável e obsessiva do túmulo enfatiza a dolorosa repetição destas mortes desnecessárias, além de enfatizar o seu caráter traumático, considerado irrelevante pela maioria da população. Ao individualizar a experiência traumática através da repetição, espero que esta obra consiga, de alguma forma, evocar e restituir a cada morte a sua verdadeira dimensão, permitindo assim o retorno à esfera do humano destas vidas dessacralizadas. Espero que, apesar de tudo, e mesmo em condições difíceis, a vida prevaleça…”

 

Até 03 de fevereiro de 2013.

10 anos de Zanini na MEMO

08/dez

 

A MEMO, Rua do Lavradio, Lapa, Rio de Janeiro, RJ, abre retrospectiva da primeira década de trabalho de Zanini de Zanine, apresentando sua produção como designer. Na mesma ocasião, lança um múltiplo em parceria com o artista plástico Walton Hoffmann, além de gravuras em serigrafia. A exposição, organizada por Marcelo Vasconcellos e Alberto Vicente – sócios, coincidentemente há dez anos do MEMO, loja de mobiliário brasileiro e agora também galeria de arte -, tem a curadoria do jornalista Sergio Zobaran, curador ainda da Mostra “Black” em SP, e do artista plástico Walton Hoffmann, que assina a sua montagem.

 

Mesas, cadeiras, poltronas, bancos, pufes, luminárias, cabideiros e vasos, criados a partir de materiais inusitados – como placas de moedas de 10 centavos, reaproveitando as chapas descartadas pela Casa da Moeda, ou “pranchas” de coloridos skates – compõem a coleção com linguagem urbana e inspiração cotidiana a ser apresentada aos cariocas e outros visitantes. Peças lúdicas, criadas por esse skatista e surfista, como o cavalinho de balanço em metacrilato e as lamparinas de bujões de gás, darão cor à exposição. Os trabalhos de Zanini têm plasticidade, organicidade e até humor rasgado, como no banco Cê senta (60), feito com placas de sinalização de trânsito.

 

Zanini se divide entre sua marcenaria em Jacarepaguá, que ele chama de atelier – onde tem como assistente, entre outros, um antigo e importante colaborador de seu pai, Reduzino – e o Studio Zanini localizado em um grande galpão em Santo Cristo. Recentemente, participou da ArtRio com alguns de seus móveis e antes de sua mostra na MEMO, irá expor seu trabalho na prestigiada feira ArtBasel em Miami, EUA . Em 2013 a mostra parte para São Paulo e outros estados brasileiros.

 

Sobre o artista

 

Zanini, 34 anos, filho de José Zanine Caldas (daí o nome Zanini de Zanine), seguiu os caminhos do pai na criação e execução de móveis. Formado em Desenho Industrial na PUC/RJ em 2002 e ex-estagiário de Sergio Rodrigues. De 2003 a 2012 participou das principais bienais de design da Alemanha, França, Itália, Inglaterra, Estados Unidos e acumulou mais de 15 prêmios no Brasil e no exterior. Hoje, ele integra o primeiro time dos mais importantes artistas brasileiros que criam e trabalham para o mercado internacional. Como o pai, Zanini tem uma linha de mobiliário em madeira em edições com número de peças limitado, como as que acaba de criar para a celebrada indústria italiana Capellini. Além disso, Zanini desenvolve diversas outras linhas de criação voltadas para a execução através da indústria em diversos materiais, da madeira com resíduo florestal ao plástico, sobras de insumos e grades antigas.

 

Zanine/Hoffmann

 

Para a exposição de Zanini de Zanine no MEMO, o artista plástico Walton Hoffmann e Zanini planejaram um múltiplo onde o trabalho dos dois pudesse fluir e manter suas características. Zanini selecionou a poltrona “Trez”, que foi utilizada por Hoffmann em duas diferentes formas. Seu desenho e ela própria, miniaturizada, no interior de uma caixa de acrilico, em formato de casa, constituida de quebras cabeças e espelhos. Os jogos e as impossibilidades são temas de investigação do trabalho de Hoffmann. O acrílico nos deixa ver as entranhas desse trabalho mas não nos revela automaticamente seus inúmeros sentidos.

 

Para a exposição comemorativa de 10 anos de trabalho de Zanini, foram feitos 10 exemplares, todos em cores distintas, tornando cada peça dessa série uma obra única. E o MEMO produziu, junto com os artistas, uma série de  10 serigrafias a partir dos desenhos de seus trabalhos, numeradas e assinadas pelo designer. Elas têm relação com seus móveis e foram impressas nas cores  correspondentes em que eles foram produzidos.

 

Sobre a Memo Brasil

 

A MEMO publicou recentemente o livro “Móvel Brasileiro Moderno” (Aeroplano Editora em parceria com a Fundação Getúlio Vargas – FGV Projetos), uma obra completa sobre o mobiliário brasileiro modernista com ênfase no trabalho de José Zanine Caldas, Sérgio Rodrigues, Oscar Niemeyer, Joaquim Tenreiro, Ricardo Fasanello, Geraldo de Barros, Lina Bo Bardi, entre outros nomes importantes do século 20. A mostra de Zanini dá continuidade à transformação da ME|MO em espaço plural, ampliando assim sua vocação mantendo o primeiro e o segundo andares exclusivos para exposições de arte. Tudo isso em um prédio do século 19 fincado no coração da Lapa, no centro do Rio de Janeiro. A região, é hoje o trecho do cenário carioca com maior vocação para as artes, dos ateliês de artistas a galerias e lojas.

 

Até 11 de fevereiro de 2013.

Sob curadoria de Vik Muniz

O conhecido artista Vik Muniz apresenta como curador, em São Paulo, cerca de 80 trabalhos que compõem a mostra “Buzz”, através da galeria Nara Roesler no espaço criado e denominado de Hotel Roesler. No Hotel o assunto central da mostra é a arte ótica e o curador Vik Muniz selecionou em Chicago, e trouxe para o Brasil, dentre outros, um trabalho de Marcel Duchamp pertencente a década de 1940. Além de Duchamp e outros nomes da optical art, como Albers, Vik Muniz reuniu trabalhos de artistas que são verdadeiros ícones do movimento como Carlos Cruz-Diez, Abraham Palatnik e Almir Mavignier. Esta não é a primeira evz que Vik atua como curador pois já realizou trabalhos para o MoMA e o Metropolitan, ambos em Nova York e também para o Musée d’Orsay, em Paris.

 

Na seleção de obras realizadas por Vik Muniz encontram-se em exibição trabalhos de Ivan Serpa, Aluísio Carvão, Israel Pedrosa, Angelo Venosa, Gabriele Evertz, Gilbert Hsiao, Jim Eisermann, Julio Le Parc, Karin Davie, Lygia Pape, Marcos Chaves, Mark Dagley, Markus Linnebrin, Ross Bleckner, Suzane Song, Taba Auerbach. Realizada por uma galeria particular, a mostra parece ser institucional, pois uma boa parte dos trabalhos, cedidos por colecionadores e instituições, não está à venda.

 

A galeria exibe ainda e em separado, uma exposição de fotografias do artista inglês Isaac Julien.

 

Até 23 de fevereiro de 2013.

Livros na Cosmocopa

A Cosmocopa + Apicuri lançam dia 13 de dezembro no Shopping dos Antiquários, na Galeria Cosmocopa, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, livros individuais sobre a obra dos artistas Felipe Barbosa e Leila Danziger.

 

O livro “Estranha economia” traça uma panorâmica da obra de Felipe Barbosa, com imagens de seus trabalhos no ateliê e em espaços expositivos. A edição, com foco no processo criativo do artista, apresenta textos críticos de Alvaro Seixas, Luciano Vinhosa e Sheila Cabo Geraldo. Estranha economia é também o título da série de trabalhos em que o artista usa objetos do cotidiano recobertos de picotes de papel-moeda e os agrupa em instalações que revelam ambientes familiares porém cheios de estranheza. Outras séries de trabalhos do artista mostram bolas de futebol desconstruídas em seus gomos e remontadas em planos ou outros formatos, palitos de fósforo agrupados para formar esferas orgânicas, casas de cachorro montadas em “condomínios”, martelos totalmente recobertos por pregos.

 

Já o livro “Todos os nomes da melancolia, de Leila Danziger, apresenta imagens de trabalhos reunidos sob o traço da melancolia o que para Luciano Vinhosa “… Leila nos prepara uma finíssima tessitura de narrativas visuais que retomam o tempo contemplativo da reflexão e da apreciação estética. É notável o cuidado artístico com que trata a presença ordinária das coisas que a cercam, transformando-as em um mundo extraordinário para os olhos e a imaginação, seja por meio de fotografias com referências ao mundo doméstico ou por meio de gravuras retomadas da história da arte, ou ainda pelo próprio ato de reconstruir novas imagens a partir de imagens já desgastadas. Por exemplo, quando trabalha com as folhas de jornais, escalpelando-as, Leila extrai delas todo o excesso para fixar apenas aquilo que interessa: uma imagem surpreendentemente bela de uma romã partida e/ou reinserindo em suas páginas linóleo-gravuras e versos, um balbuciar quase eloquente daqueles que tiveram suas vozes caladas à força”.  E Luciano Vinhosa prossegue afirmando que “… A melancolia, sentimento normalmente vivido na intimidade, ganha em seus trabalhos uma dimensão social e coletiva quando a artista a faz deslizar da experiência particular, centrada em seu universo familiar, para experiências mais amplas da humanidade: o massacre dos judeus na Segunda Guerra, a diáspora palestina, o sofrimento do negro desterrado tomado pela saudade de sua terra natal, o drama dos desabrigados…”.

Pintura Impura

As pinacotecas Aldo Locatelli e Ruben Berta, Paço Municipal, Centro Histórico, Porto Alegre, RS, exibem a exposição ‘’Pintura Impura’’. A exposição vai abriga obras de diversos artistas cujos temas apresentam diversas influências na pintura de cada um. Contaminações e influências permeiam a exposição “Pintura Impura”. Valendo-se de obras das Pinacotecas Aldo Locatelli e Ruben Berta, datadas da década de 1950 até os dias de hoje, a mostra apresenta diferentes abordagens no campo da pintura. A relação de artistas participantes consta, dentre outros, com obras assinadas por Aldo Locatelli, Alfredo Nicolaiewsky, Allen Jones, Ana Alegria, Bernardo Cid, Bill Maynard, Bin Kondo, Britto Velho, Eduardo Vieira da Cunha, Fernando Duval, Fernando Odriozola, Gisela Waetge, Guillermo A.C., Heloisa Schneiders, John Piper, Jorge Paez Villaró, Juan Ventayol, Mattia Moreni, Paulo Peres, Roberto Campadello, Teresa Poester Tereza Nazar, Tomas Abal e Tomie Ohtake.

 

Além de artistas ingleses (da escola pop), uruguaios, italianos, argentinos e brasileiros, faz parte da coleção uma obra de Aldo Locatelli, artista italiano que dá nome a uma das coleções, cuja autoria é notável e repleta de significados. Para Flávio Krawczyk, diretor do acervo artístico, “…trata-se de um retrato aparentemente inconcluso, embora assinado, portanto considerado pronto pelo autor. Ou seja, a obra nasce do virtuosismo, da velocidade dos tempos modernos e do ímpeto em explicitar o seu processo de realização. Por fim, indica a assimilação por Locatelli, cuja formação havia sido estritamente acadêmica, de técnicas e sugestões das vanguardas do início do século XX”.

 

Ainda nas palavras de Flávio Krawzick, a mostra “…inclui o trânsito entre figuração e abstração, a presença da palavra escrita, os entrelaçamentos de cultura popular e erudita, a incorporação dos quadrinhos e do grafite, a acumulação de distintas informações – do cotidiano ao onírico, os cruzamentos de materiais e técnicas, além da colagem de materiais heteróclitos. Concebidas sobre o signo da “impureza”, as pinturas expostas apontam para a emergência da arte contemporânea, quando é rompido o espaço perspectivo de matriz renascentista e quando a pintura se mostra definitivamente contaminada ou “impura”. Na diversidade oriunda desta condição reside a sua fecundidade e riqueza de sentidos”.

 

Até 1º de março de 2013.

Projeto de Acosta e Murgel

06/dez

Em mostra na Sala A Contemporânea do CCBB, Centro, Rio de Janeiro, RJ, os artistas Daniel Acosta (RS) e Daniel Murgel (RJ) unem-se, pela primeira vez, para um trabalho único. A exposição é um site specific e foi denominda pelos autores como “O sacrifício pela vida na guarita (Sacredfishyousystem)”.

 

O título da exposição recebeu uma tradução livre com a palavra sacrifício transformada em sacredfishyou – sagrado+peixe+você, em que YOU (você) pretende jogar o público para dentro do sistema. O desenvolvimento desta obra, site specific, começou, como conta Acosta, com o “re-conhecimento do trabalho de cada um, já que não nos conhecíamos antes do convite de Mauro Saraiva, programador da Sala“. A partir de então, visitaram os ateliês um do outro, conversaram sobre desenhos e projetos até chegarem a um único desenho. Ideias individuais foram cedendo espaço na direção do trabalho compartilhado, criando um título que indica um sistema em funcionamento.

 

São duas guaritas de isopor, suspensas em cantos opostos da sala. Dentro delas, muitas plantas e lâmpadas piscando constantemente como alarme. As plantas são irrigadas por um mecanismo que retira água de dois aquários com peixes, colocados sobre o piso, que são lentamente esvaziados por um sistema hidráulico. Com o tempo, os peixes ficam sem água. A vida das plantas significa a morte dos peixes. Entre as questões citadas por Acosta e Murgel, estão a de sistemas de segurança que nos prendem, cercam e isolam, as luzes que geram tensão, o mato crescendo nas guaritas e a ideia de “ruína”, como “o mote principal de desenvolvimento do trabalho”, segundo Acosta. Os artistas têm a presença expressiva da arquitetura em suas produções. Acosta trabalha mais com as questões artificiais da arquitetura, e Murgel, é influenciado pela arquitetura popular e seus materiais rústicos.

 

Sobre os artistas

 

Daniel Acosta nasceu em Rio Grande, RS, em 1965, vive e trabalha em Pelotas, RS.  Doutor em Arte pela ECA|USP, também é professor de escultura da Universidade Federal de Pelotas.  Seu trabalho busca a relação entre suas obras e outros elementos constitutivos do ambiente, como diz, “gerando consciência crítica sobre o que nos aborrece ou nos deixa felizes, nos encanta e mesmo nos define, já que, em nossos corpos ambulantes, nós também somos a cidade”.

 

Entre dezenas de individuais e coletivas, Acosta participou da Bienal Internacional de São Paulo de 2002, da Bienal do Mercosul de 1999, 2009 e 2011, e do Panorama de Arte Brasileira de 1997, no MAM-SP. Ele é do elenco da Galeria Casa Triângulo, SP, onde fez individuais em 1995, 2005, 2008 e 2010. Em ocasiões diversas, apresentou esculturas|mobiliários ou cabines|mobiliários para espaços urbanos. Entre elas “Riorotor”, Itaú Cultural|SP, “Kosmodrom”, Bienal do Mercosul de 2009, “Toporama”, permanentemente montada no foyer do Centro Cultural São Paulo desde 2010. Em 1997, Acosta teve livro sobre seu trabalho dentro da “Coleção Artistas da USP”, com  texto do crítico de arte Tadeu Chiarelli. Foi premiado em salões em Curitiba, Brasília, Salvador e Florianópolis.

 

Daniel Murgel nasceu em Niterói, RJ, em 1981. Vive e trabalha entre o Rio de Janeiro – terminando o bacharelato na EBA|UFRJ – e São Paulo. Filho e neto de arquitetos, Murgel reconhece a influência determinante da arquitetura em sua produção, com especial interesse na arquitetura popular, buscando, como diz, “poesia no ordinário e no feio”. Sua obra apresenta situações ligadas ao universo das ruínas urbanas, junto à presença da resistência da natureza em gramas que nascem em meio a calçadas. Este ano, o artista participou da coletiva “Espejos: en el camino al pais de las maravillas”, no Centro Cultural Haroldo Conti, em Buenos Aires, prédio que foi cativeiro de milhares de pessoas durante a ditadura na Argentina.

 

Murgel fez individuais nas galerias Laura Marsiaj e Mercedes Viegas (Rio de Janeiro, 2010 e 2008). Entre as coletivas destacam-se Novas aquisições de Gilberto Chateaubriand (MAM Rio, 2010), Arte in Loco (FUNCEB, Buenos Aires, 2009) e Museu Vazio (MAC-Niterói, 2007). Em 2010, foi premiado no Salão Nacional de Arte de Belo Horizonte|Bolsa Pampulha e indicado ao Prêmio Marcantônio Vilaça. Participou de residências artísticas em Buenos Aires (El Aleph Arte), em 2009, e em Belo Horizonte, em 2010|2011 (Bolsa Pampulha). Possui obras nas coleções Gilberto Chateaubriand|MAM Rio e Banco do Nordeste do Brasil.

 

Esta é a quinta mostra da temporada 2012-2013 deste espaço que o CCBB RJ destinou, desde 2009, exclusivamente à arte contemporânea brasileira.  A programação, idealizada pelo produtor Mauro Saraiva, reúne artistas que exemplificam a produção ascendente, vinda de cidades do nordeste, sul e sudeste do país. Esse ano, a Sala A Contemporânea já apresentou as individuais de José Rufino (PB), da dupla estabelecida Gisela Motta e Leandro Lima (SP), do coletivo carioca OPAVIVARÁ! e do gaúcho Fernando Lindote. Depois da dupla inventada Daniel Acosta e Daniel Murgel, vêm Cinthia Marcelle (MG), Eduardo Berliner (RJ) e uma coletiva, sob curadoria da pernambucana Clarissa Diniz, em abril de 2013.

 

Até 06 de janeiro de 2013.

Sandro Akel no Espaço Sala

Um dos fundadores do prestigiado coletivo “Bijari”, Sando Akel segue carreira solo há alguns anos. Desde que realizou essa guinada, seu trabalho ganhou vigor e vem redefinindo de forma singular a arte pop urbana brasileira. Nesta que é sua segunda exposição no Espaço Sala, Centro, São Paulo, SP, intitulada “Encaixotado”, o artista mantêm a estética característica de suas criações, mas passa a flertar mais com o desenho, com a questão pictórica, como define o cenógrafo e artista plástico Zé Carratu, curador da mostra. Serão apresentados cerca de 20 trabalhos, todos realizados entre 2011 e 2012.

 

Sandro Akel sempre esteve muito ligado às questões da cidade. Em suas inúmeras viagens, principalmente pelo exterior, o artista buscou se alimentar com a estética do lugar visitado. A relação com os lambe-lambes, uma espécie de ícone do meio urbano e o principal identificador de sua obra, nasceu num desses encontros com a urbe. Segundo Akel, foi em Berlim, na Alemanha, que ele percebeu a força de um lambe-lambe como meio de comunicação. O que interessa ao artista é o design desses pedaços de papel que informam a população sobre os mais diversos eventos.

 

Assim como outras capitais, Berlim possui quilômetros de lambe-lambes espalhados pelas ruas. Sua função se limita ao tempo em que a atração anunciada está em cartaz. Depois disso, não tem mais valor e acaba sobreposto por outro. É nesse ponto que o artista gosta de retirá-los da parede, às vezes em camadas bem grossas, com mais de dez colados uns sobre os outros.

 

Os lambe-lambes eram recortados e colados numa superfície de madeira para, em seguida, receberem uma camada de parafina, outra marca de sua obra. Na exposição atual, “Encaixotado”, eles tornam-se suporte para o uso da tinta. Para o artista, o uso da tinta se faz mais presente. “Desde criança, sempre fui muito ligado ao desenho. Esse é o meu fio condutor com a arte e volto a explorá-lo agora em meus trabalhos, já que nunca deixei de desenhar”, comenta.

 

No coração de São Paulo, o Espaço Sala consiste em um apartamento de quase 300 m2 localizado em prédio projetado no início século XX pelo arquiteto Ramos de Azevedo, com vista para o Vale do Anhangabaú. Já recebeu mostras como a individual “Tabu”, do catarinense Davi Escobar, “Renato De Cara(s) – Cadernos, Fotografias e Objetos – + de 30 anos de apropriações”, individual do fotógrafo e galerista Renato de Cara, “Deslocamento”, do próprio Sandro Akel, entre outras exposições.

 

 

Até 20 de dezembro.

Fábula contemporânea

O Santander Cultural, Centro Histórico, Porto Alegre, RS, apresenta o “Projeto RS Contemporâneo 2012″, que estimula a produção cultural gaúcha e a formação de público em artes visuais,. Encerrando seu primeiro ciclo – composto de três exposições – exibe, através de exposição individual, o trabalho de Nara Amelia. A exposição denominada de “O Mundo é uma Fábula”, reúne gravuras, desenhos e bordados inéditos ordenados em conjuntos e séries sob a curadoria do paraense Orlando Maneschy.

 

Entre as criações da jovem artista, estão personagens fantásticos, animais fabulosos e hibridizados que aproximam sua obra da literatura e da filosofia e, segundo o curador, remetem à questão humano-animal e ao exercício de autoconhecer.

O “Projeto RS Contemporâneo” prevê em cada edição um Conselho Curatorial que indica dois ou três artistas, cujos trabalhos, capazes de gerar uma contribuição relevante ao meio cultural, são observados por curadores de fora de sua área geográfica de atuação e que, até o momento, não haviam se voltado às suas poéticas.

Trata-se de uma rara oportunidade por diversos motivos: primeiramente, esses jovens terão suas produções analisadas por especialistas; contarão com ajuda de custo para a execução das obras e com as condições adequadas para a exibição das mesmas; e terão seus trabalhos documentados em um apurado catálogo.

O conselho curatorial deste ano referendou, nas duas primeiras mostras, os artistas Rochele Zandavalli e Rafael Pagatini. Para Carlos Trevi, Coordenador Geral do Santander Cultural, “…o programa consolidou o compromisso de estimular o trabalho de jovens artistas locais em sintonia com a crença do banco na criatividade como fonte de desenvolvimento. Em 2013, daremos continuidade ao RS Contemporâneo, um projeto que está diretamente relacionado à nossa vocação para a arte contemporânea e à valorização do potencial artístico brasileiro para fortalecer as economias locais e inseri-las no contexto cultural nacional”, destaca.

 

A exposição será exibida em outros locais como a Sala Nordeste de Artes Visuais no Recife, PE, graças ao Prêmio Funarte de Arte Contemporânea que a artista recebeu em 2012 e após o Recife, a exposição irá para São Paulo, na Galeria Jaqueline Martins.

 

Sobre a artista

 

Nara Amelia nasceu em Três Passos, RS, em 1982. Vive e trabalha em Porto Alegre. É doutoranda em Poéticas Visuais pelo PPGAV, Instituto de Artes da UFRGS, com bolsa de pesquisa CAPES, mestre em Artes Visuais pelo PPGART/UFSM (2009) e graduada em Desenho e Plástica pela UFSM (2006). Realizou as exposições individuais: O Melhor dos Mundos Possíveis!, Goethe-Institut, Porto Alegre, RS, 2011; Sob a Natureza, Centro Cultural São Paulo, Edital de Exposições, São Paulo, SP, 2010; e Um Céu Feito de Abismo, Galeria Arlinda Corrêa Lima, Edital de Exposições Fundação Clóvis Salgado, Belo Horizonte, MG, 2009. Recebeu os seguintes prêmios: Prêmio Funarte de Arte Contemporânea Sala Nordeste de Artes Visuais Recife, 2012; 18o Salão Unama de Pequenos Formatos, 2012; I Prêmio Ibema de Gravura, 2011; Prêmio Aquisitivo Programa de Exposições do Centro Cultural São Paulo, 2010. Entre as principais mostras coletivas, estão: Convite à Viagem, Rumos Itaú Cultural, São Paulo, SP, 2012; Labirintos da Iconografia, Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli, Porto Alegre, RS, 2011; Hong Kong Graphic Art Fiesta, Hong Kong, 2011; e III Gráfica Gaúcha: Novíssimos e Independentes, Centro Cultural Érico Veríssimo, Porto Alegre, RS, 2009.

Até 06 de janeiro de 2013.

Exposição de Emmanuel Nassar

“Este Norte”, exposição individual de Emmanuel Nassar, sob curadoria de Felipe Scovino, no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, Rio de Janeiro, apresenta cerca de 55 trabalhos – pintura sobre tela, papel e chapas metálicas, e fotografias – datados entre 1988 e 2012, exemplificando a multiplicidade de leituras da obra deste artista paraense, radicado em São Paulo.

 

O título da mostra tem as mesmas iniciais do nome do artista, E e N, letras que também aparecem em várias telas, simbolicamente como pontos cardeais. Nassar avalia a alegoria das iniciais como o E sendo referência ao indivíduo, seu nome Emmanuel, e o N, ao coletivo, de Nassar, dos seus antepassados. Também pode remeter a Este (leste) e Norte, os pontos geográficos, ou ainda a Efêmero e Natureza ou Eu e Nós, como sugere o artista.

 

Scovino centra a curadoria para além das referências a uma geometria popular, que seria uma associação rasa ao trabalho de Nassar, e chega a “…um elemento cínico, sarcástico e, em certa medida, violento”, como ele conceitua. Nele estão, segundo o curador, pensamentos estéticos originários de várias representações da cidade – a gambiarra, a rua e seus acidentes – a um repertório que inclui Mondrian e outros artistas.

 

“Este Norte” não é uma retrospectiva, mas um panorama de tempos distintos da produção do artista. Nos encontros dos dois, durante o último ano, o curador identificou um aspecto menos avaliado da obra de Nassar, que é a revelação de um elemento mais ácido, às vezes, violento, como na presença mãos e braços decepados, a linguagem da rua nas chapas metálicas, um rifle e indivíduos acorrentados. Até então, a crítica aproximou a obra de Nassar ao popular, em detrimento da consideração de um lado cínico de sua produção.

 

A seleção de obras de “Este Norte” “foge de um Brasil exótico, quente ou espetacular. Há uma miséria que reina no país e está sendo relatada na sua obra”, defende Scovino, que dá como exemplo o processo de escolha e produção das chapas metálicas. “É essa ‘sujeira’ que me interessa apresentar ao público com essa exposição”, define o curador.

 

Nassar argumenta que passou a juventude na ditadura militar brasileira e seu trabalho tem a cor e a liberdade vigiada, a geometria, mas inclui uma perversão que pode estar em uma geometria imperfeita, como em “Mãodrian, de 1995, que remete ao pintor Mondrian, mas é feito com retas tortas, tem uma tramela de arame e um prego amarrado para, supostamente, sustentar o retângulo.

 

Incorporar dificuldades, remendos e improvisos ao conceito do trabalho é um dos orgulhos do artista. E exemplifica: “Tela que não passa na porta do apartamento vira díptico; as chapas são módulos de 90x90cm, porque isso permite diferentes adaptações a espaços expositivos. Elas viajam muitas vezes sem embalagem e vão se arranhando, o que foi incluído no trabalho e levou o artista a soluções mais brutas, mais perversas.

 

Os suportes que Nassar usa – tela, fotografia, chapas metálicas – podem provocar um embaralhamento no espectador. A pintura está muito próxima da fotografia e a chapa pode vir a ser “tela”, quando recebe tinta. O artista explica que sua ideia de arte é a de tirar de um contexto e dar outro significado. As chapas metálicas, de restos de propaganda, fragmentos de superfícies pintadas descartadas, se juntam a outras concebidas por ele. Com o tempo, elas se desgastam e o espectador já não consegue mais distinguir o que é lixo e o que foi criado pelo artista. As fotos são pinturas fotografadas e apresentadas junto com as pinturas reais. A intenção é mesmo a de confundir o olhar do visitante. Nassar batizou uma fase de seu trabalho de “popcopiado”, para conceituar o trabalho de “mixagem, de apropriação”, diz ele, que considera “acadêmico” se autodenominar único, sem influência”. “Somos popcopiados”, alega.

 

A palavra do artista

 

Eu copio dos neoconcretistas, eu copio do pop americano, eu copio de todo mundo e crio uma coisa que está tão copiada, que ninguém vai poder dizer que não é minha. […] Sempre achei que o perigo era copiar de uma só fonte. Se eu copiar de muitas fontes, ninguém vai poder dizer que já viu isso antes. São popcopiados. Uma profusão de cópias, que confunde o original e se torna um novo original.

 

Sou um repetidor daquilo que eu faço, em todas as linguagens. Sempre estou fazendo o mesmo”, confessa o artista. Nassar diz “adorar a ideia de que as pessoas confundam a autoria de seus trabalhos. É a ideia de apropriação contaminada pela minha autoria” explica.

 

Na mostra, há pintura copiada de foto de Nassar e há foto dele a partir de sua pintura. É a cópia da cópia. Ele confessa gostar da ideia de confundir aquilo que foi feito por ele, aquilo que não foi feito por ele, mas que foi editado, trazido, unido pelo artista.   

 

Os suportes podem variar, mas Nassar nunca deixa de pensar como pintor. Ao mesmo tempo, ele não está refém do material da pintura. Há casos em que ele nem pega na tinta, mas na câmera fotográfica. Os trabalhos desta série ele intitula “pintura fotografada”.

 

Em vários momentos, Nassar equilibra cores dissonantes, como um verde fosforescente com cinza e preto. Há ainda a incidência de preto, cinza e chumbo no fundo da tela, que formam uma composição cromática distinta de outros pintores de sua geração. Há chapas autorais, outras são simplesmente apropriadas e algumas, interferidas por ele, que valoriza a economia de recursos e não considera errar nunca, porque sempre existe a recuperação e a reutilização.

 

Sobre o artista

 

Emmanuel Nassar nasceu em 1949, no Pará. Vive e trabalha em São Paulo. Começou a expor em 1979 e, a partir de então, fez dezenas de individuais no Brasil e em Lisboa, Berlim, Colônia e outras cidades alemãs, e Amsterdam. Nassar participou de várias Bienais internacionais, como a de São Paulo, do Mercosul, de Tijuana (México), Cuenca (Equador), Havana (Cuba) e Veneza. Ele tem obras nas coleções institucionais nacionais, como MAM Rio, MNBA, MAM SP, MAC USP, Itaú, Marcantonio Vilaça, MAMAM, e internacionais, como Patricia Phelps de Cisneros (NY-Caracas), Suermondt-Ludwig-Museum (Aachen, Alemanha), Aachen, Germany e Universidade de Essex – Collection of Latin American Art (Colchester, Inglaterra).

 

A mostra será acompanhada de catálogo bilíngue (português e inglês), de  84 páginas, com reprodução em cores dos trabalhos expostos e outros, e texto inédito do curador Felipe Scovino. A exposição “Este Norte”, de Emmanuel Nassar,é uma produção de Mauro Saraiva | Tisara Arte Contemporânea e foi contemplada pelo Pró Artes Visuais da Secretaria Municipal  de Cultura. Na abertura, sábado, 1º de dezembro, tem som de Bruno Queiros, Icaro dos Santos e Quito (Nuvem) e DJ Nepal, das 16 às 21h, e conversa do curador Felipe Scovino com o artista, às 17h.

 

Até 03 de fevereiro de 2013.

Individual de Zemog

30/nov

A frase pintada sobre a foto “FÁCIL É DORMIR DEPOIS DO ALMOÇO” é o título da exposição na Galeria Marcia Barrozo do Amaral, Shopping Cassino Atlântico, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, com 12 trabalhos recentes de Zemog.

 

Numa de suas viagens, por uma antiga cidade , há três anos atrás, o artista visual Zemog, no meio de uma caminhada por um beco sinuoso, esbarrou com um prato de pregos enferrujados e uma faca na soleira de uma porta. Lá estava a “natureza morta” pronta para a foto. Algum tempo depois, revendo a fotografia no seu ateliê  em Santa Teresa, no Rio de Janeiro onde mora, o mineiro Zemog encontrou nela  o contraponto perfeito para pintar a óleo de amarelo de cádmio em letras maiúsculas: “FÁCIL É DORMIR DEPOIS DO ALMOÇO”.

 

O espaço da galeria se transforma em um ateliê imaginário, com uma foto/pintura, cinco esculturas de cavalos, “Bálio”, “Hipnos”, “Ícelo”, “Morfeu” e “Mossoró, o organismo # 7″, os quadros “BLUE MOON” e “O BEIJO” e três objetos/memória.

 

Realizados a partir de materiais diversos e técnicas renascentistas, inspirados nos ateliês existentes na infância do artista em sua natal São Domingos do Prata. “FÁCIL É DORMIR DEPOIS DO ALMOÇO” é o terceiro vértice de uma trilogia da qual fazem parte: “ambienteacúmuloposiçaografocormóvel”  e “3.5km”.

 

Até 22 de dezembro.

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