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AGENDA CULTURAL

Série ‘Nós’

09/out

O fotógrafo Paulo Gouvêa Vieira estreia na edição 2012 da Casa Cor, Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, com a série “Nós”, sob curadoria do arquiteto Chicô Gouvêa. As 51 imagens, selecionadas a partir de um total de 220, mostram detalhes da natureza flagrados em close de nós de arames farpados. Borboletas, gotas de orvalho, teias de aranha, por do sol, lua… A interação da natureza com os arames farpados surpreende pela beleza e riqueza visual.

 

Feitas em diferentes cenários – não há arame farpado repetido – as fotos são o resultado de um trabalho realizado entre os anos de 2009 e 2010, em Itaipava e Arco Verde, interior de Pernambuco. Todas as fotos foram feitas com luz natural e não passaram por corte, tratamento ou qualquer outra interferência.

 

Entre as curiosidades que envolvem o trabalho está o fato de as fotos serem únicas, nenhuma foi refeita. Para ambientar o espaço de 61 metros, que dá acesso a diferentes ambientes da Casa Cor, Chicô Gouvêa escolheu imagens que “conversam entre si” e formam uma composição independente do que representam isoladamente.

 

Até 19 de novembro.

Três no Palácio Capanema

08/out

A galeria da Funarte, Centro, situada no mezanino do Palácio Gustavo Capanema, apresenta “Palácio”, exposição dos artistas Alvaro Seixas, Hugo Houayek e Rafael Alonso. O projeto foi contemplado com a Edição 2011 do ‘Prêmio Funarte de Arte Contemporânea – Projéteis Funarte de Artes Visuais Rio de Janeiro”. Os três artistas apresentam trabalhos que estabelecem estreito diálogo entre si e constituem uma grande instalação concebida especificamente para o espaço em questão. A monumentalidade da maioria das obras e a sua relação com a arquitetura do edifício paradigmático do modernismo brasileiro, propiciam uma potente presença teatral para os objetos expostos, que se situam estrategicamente entre categorias como a pintura, a escultura e o design. Um catálogo da exposição será posteriormente editado, contendo imagens das obras e entrevistas dos três artistas com o crítico de arte Felipe Scovino e o artista e crítico de arte Fernando Gerheim.

 

Alvaro Seixas, vive e trabalha na cidade de Niterói, expõe mais de uma dezena de telas-objetos de grande formato, pintadas à mão – grande parte delas dotadas de estruturas de ferro aparentes. Esses trabalhos, em seu conjunto e em sua relação com a arquitetura, nos remetem simultaneamente a certas formas e composições surgidas da associação entre a pintura, a geometria e o design ao longo do século XX.  As obras – que em parte se “comportam” aparentemente como objetos utilitários – do mobiliário doméstico ou ainda da sinalização urbana – fazem lembrar as formas emblemáticas do suprematismo e do construtivismo, mas também as práticas e questionamentos lançados por movimentos contemporâneos como o minimalismo e o pós-minimalismo, e o neo-geo e o neo-conceitualismo. A vaga repetição por Seixas de antigos – e recentes – modelos estéticos parece afirmar certo caráter paradoxal do fazer da “pintura” na atualidade, que se recusa a ser apenas mais uma peça em uma sequência lógica de fatos.

 

Hugo Houayek apresenta trabalhos que exploram os limites do campo pictórico. Um deles,  “Queda”, obra de grandes dimensões constituída de 100 metros de lona plástica, ocupa uma parte considerável do mezanino do Palácio Capanema. Nessa obra o artista explora as sensações táteis e visuais desse material banal – mas ao mesmo tempo profundamente enraizado em nossas atividades quotidianas. Através da sua vibração cromática e maleabilidade escultórica esse produto sintético é convertido num dispositivo expressivo de traços. Na série “Bancos”, Houayek “contamina” suas obras com o caráter utilitário dos objetos de design, produzindo peças de escultura-pintura-mobiliário. Desse modo, as obras de Houayek servem como elementos provocadores esteticamente – trata-se de objetos dotados de uma “camuflagem” que mimetiza outros objetos e outras coisas do mundo. Na exposição, esses trabalhos contaminam o espaço, são contaminados pelo espaço e se contaminam entre si.

 

Rafael Alonso, vive e trabalha no Rio de Janeiro. O artista apresenta uma massiva estrutura em forma de cubo, recoberta com largas faixas de papel adesivo multicoloridas, que a transformam num objeto opticamente ativo. Tais adesivos são do tipo conhecido popularmente como lambe-lambe, item muito utilizado como um ágil e improvisado veículo de divulgação publicitária nas grandes cidades, na maioria das vezes de modo ilegal. O grande objeto – que pode ser descrito como uma “Caaba ótica” – se afirma não apenas como um elemento formalmente ambíguo e, portanto, provocador, mas é também uma espetacular atração que se torna, a partir de certo momento, desconfortável para os olhos, tendo em vista o impacto visual obtido pela justaposição de inúmeras e estreitas linhas diagonais azuis, vermelhas e amarelas. O padrão ótico adesivado, que servirá em alguns momentos como “pano de fundo ativo” para as obras de Seixas e Houayek, é uma versão precária das formas geométricas vibrantes concebidas por movimentos históricos como o Art Déco e a Op-Art.

 

 

De 09 de outubro a 07 de novembro.

Exposição de Luiza Baldan

07/out

A fotógrafa Luiza Baldan apresenta coletânea de trabalhos recentes no Centro Carioca de Design/Studio X Rio, Praça Tiradentes, Rio de Janeiro, RJ. A exposição, “São Casas”, recebeu curadoria assinada por Guilherme Bueno e reúne 20 fotografias e uma videoinstalação de projetos de residências realizados entre 2009 e 2011 como “Natal no Minhocão”, “Pinturinhas”, “De murunduns e fronteiras”, “Insulares”, “Marginais”, “Serrinha” e “Beira”.

 

Luiza Baldan seleciona áreas urbanas transfiguradas por construções arquitetônicas para viver durante um mês e trabalhar através da experiência do habitar. Foi assim que a artista viveu por um período no Conjunto Habitacional Pedregulho, em Benfica; no condomínio de luxo Península, na Barra da Tijuca e no Conjunto Residencial Rapozo Tavares, o Rapozão, em Santa Teresa.

 

Os deslocamentos têm sido também deslocamentos de olhar ou, mais do que isso, a criação de “outro” olhar a partir da experiência que um lugar estrangeiro desencadeia. Não se trata de documentar a experiência, mas de produzir ficção a partir dos fatos cotidianos. Entre residências, mudanças, errâncias e cidades, Baldan se habituou ao trânsito e ao transitório, e seu olhar vem acompanhando o percurso, ora cinematográfico, ora pictórico, mas sempre fotográfico. A artista trabalha diretamente com a sua memória em relação ao morar. O cinema, a pintura e a literatura atravessam suas imagens, sempre marcadas pela convivência com a arquitetura, com o espaço construído.

 

Sobre a artista

 

Nasceu no Rio de Janeiro, 1980.  Mestre e bacharel em Artes Visuais pela UFRJ , Rio de Janeiro, 2010, e Florida International University, Miami, 2002. Selecionada pelo programa Rumos Artes Visuais 2011–2013 do Itaú Cultural e premiada com a bolsa-residência no CRAC Valparaíso; recebeu o XI Prêmio Marc Ferrez de Fotografia da Funarte, 2010, o prêmio aquisição na 1ª Mostra de Fotografia CCSP, 2008, além dos internacionais Color Express Award e Brown L. & Marion Whately Scholarship, 2002.

 

De 09 de outubro a 13 de dezembro.

Carmela Gross na Vermelho

Répteis

A Galeria Vermelho, Pacaembú, São Paulo, SP, apresenta “Serpentes”, exposição individual de Carmela Gross.

Ao chegar no pátio da Vermelho, antes mesmo de entrar no espaço expositivo da galeria, o visitante terá pistas sobre o conceito que permeia a primeira individual da artista na galeria. Em “Serpentes”,  Carmela Gross reúne construções tridimensionais, vídeo, luz, desenhos e colagens digitais, que propõem um terreno movediço impossível de ser domesticado pelo espaço.

 

Duas perfurações no muro da fachada conectam o exterior com o interior criando um fluxo direto entre aquilo que constitui o lugar privado do cubo branco e a ordem do espaço público da cidade. Mais do que uma simples alteração na materialidade do local, essas perfurações, chamadas pela artista de “2 Buracos”, revelam que o campo de ação de Carmela Gross também é a cidade. “Luz Del Fuego”, vídeo de 2012, reúne imagens documentais de incêndios publicadas em jornais, entre os anos de 2007 e 2011. Na obra, a imagem do fogo conduz a narrativa e aponta para transformações radicais de ordem política e social.

 

Na sala 1, encontra-se a obra “Escada de Emergência”, criada em 2012. Construída com lâmpadas florescentes verdes e vermelhas e sustentadas por tripés metálicos, o trabalho sugere uma experiência física a partir de uma experiência visual. Desprovida de sua funcionalidade, ela aponta para o universo simbólico representado pela escada.

 

Todo o piso da sala 2 será ocupado por uma Instalação composta por 280 peças fundidas em latão e banhadas em níquel, nominadas pela artista como “Répteis”.

 

“Entre Palavras”, série de desenhos feitos com grafite e esmalte sobre folhas do dicionário Aurélio, ocupa a sala 3. Na obra, a figura flexível da cobra surge associada à palavra e às suas variações. Ao cobrir os verbetes das páginas do dicionário com desenhos de cobras, Carmela Gross articula a potência do discurso à astucia do animal.

 

De 09 de outubro a 03 de novembro.

Roger Ballen no MAM-Rio

04/out

O MAM-Rio, Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a exposição retrospectiva do artista americano radicado na África do Sul, Roger Ballen, um dos fotógrafos contemporâneos mais importantes de sua geração. “Roger Ballen – Transfigurações, Fotografias 1968-2012” é a primeira grande exposição na  América Latina do artista, que recentemente teve retrospectivas em grandes instituições dos Estados Unidos e da Europa.

 

A exposição apresentará uma seleção de trabalhos de Roger Ballen, que datam desde a década de 1960 até os dias de hoje, possibilitando ao espectador a observação do processo de desenvolvimento da obra do artista. Ballen começou a fotografar aos 18 anos e menos de uma década depois se mudou para a África do Sul, onde ainda reside.  A partir dos anos 1980, ele passa a fotografar com câmera de médio formato, que exige uma abordagem mais consciente e meticulosa frente a seus objetos, e que resulta na imagem quadrada que utiliza até hoje.

 

A série “Platteland”, publicada em livro em 1994, ano em que Nelson Mandela seria eleito presidente, atraiu a ira dos setores conservadores da África do Sul, fazendo com que Ballen chegasse a ser preso diversas vezes, e a sofrer ameaças de morte por seu trabalho. A partir de 1995, Ballen começa a ter reconhecimento internacional. Abandona a prática da fotografia documental e começa a desenvolver, a partir da série “Outland”, uma nova linguagem, fundamentada nas teorias junguianas. Essa fotografia repleta de ambiguidades e criadora de uma estética do grotesco culmina em “Shadow Chamber” e “Boarding House”. Ballen continua trabalhando com uma Rolleiflex – mesma câmera analógica empregada em “Dorps” há 30 anos –  e se mantém, até o momento, distante das manipulações digitais. As fotos são todas em preto e branco.

 

Com curadoria de Daniella Géo, brasileira radicada na Bélgica, a exposição cobre desde os primeiros anos da trajetória de Ballen até o seu projeto mais recente. São oito séries fotográficas e mais de cem obras, que abrangem a produção do artista, apresentadas em um espaço labiríntico, projetado pelo arquiteto belga Koen Van Synghel, ganhador do Leão de ouro da Bienal de Arquitetura de Veneza, em 2004.  Daniella Géo é doutoranda em artes visuais pela Université de la Sorbonne Nouvelle, Paris.

 

“Roger Ballen – Transfigurações, Fotografias 1968-2012” terá um catálogo bilíngue, com textos de Luiz Camillo Osorio, Philippe Dubois, Koen Van Synghel e uma conversa entre a curadora e o artista. O design é da Mameluco.

 

Sobre o artista

 

Nascido em Nova York, em 1950, vive e trabalha em Joanesburgo, África do Sul. Roger Ballen expôs individual e coletivamente em diversas instituições internacionais, tais como George Eastman House, Rochester, exposição retrospectiva nomeada finalista na categoria de melhor exposição de 2010 do Lucie Awards, considerado o Oscar da Fotografia; Gagosian Gallery, NY, uma das diversas galerias de arte que o representa; Sala Rekalde, Bilbao; Berlin Biennial; Wurttembergischer Kunstverein, Stuttgart; Sydney Biennale, Australia; National Library of Australia; PhotoEspana, Madri, onde recebeu o prêmio de melhor livro monográfico em 2001; Iziko South African National Gallery, Cidade do Cabo; State Museum of Russia, São Petersburgo; Bozar, Brussels; Hasselblad Center, Gutenberg; Kunsthaus, Zürich; Triennale, Milan; Fondation Cartier pour l’art contemporain, Paris; Festival de la Photographie d’Arles, onde foi selecionado como fotógrafo do ano de 2002; Biblioteque Nationale, Paris; Noordelicht, Amsterdã; Kunstal Museum, Rotterdã; BIP 2010, Biennale internationale de la Photographie, Liège, Haus der Kulturen der Welt, Berlin; Victoria and Albert Museum, Londres; Zacheta National Gallery, Varsóvia; New Museum, MoMA-NY etc. Suas exposições individuais figuraram entre as Top 10 Exhibitions da ArtForum, nos anos 2002 e 2004.

 

As fotografias de Roger Ballen fazem parte das coleções: MoMA, NY; Brooklyn Museum, NY; Museum of Fine Arts, Houston; Centre Georges Pompidou, Paris, França; Maison Européenne de la Photogrpahie e Musée Nicephore Niepce, França; Fotomuseum, Munique, Alemanha; Victoria & Albert Museum, Londres, Inglaterra; Stedelijk Museum, Amsterdã, Holanda; Hasselblad Center, Gothenburg, Suécia, entre outros.

 

 

Exposição: De 03 de outubro a 02 de dezembro.

 

Palestra: No dia 04 de outubro, às 19h30, haverá uma palestra de Roger Ballen, no Parque Lage, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ.

25 anos da Multiarte

03/out

A Galeria Multiarte, Fortaleza, CE, em comemoração aos seus 25 anos de atividades profissionais, apresenta a exposição de Luciano Figueiredo denominada “Do Jornal à Pintura”. Quando surgiu, em 1987, a Multiarte iniciava suas atividades com uma proposta diferenciada: mostrar na cidade exposições de importantes artistas brasileiros e, assim, apresentar suas obras para os visitantes cearenses, entre estudantes, professores, amantes da arte e novos colecionadores, a maioria distante dos espaços expositivos dos grandes centros. Para a abertura do espaço, realizou uma retrospectiva de Antonio Bandeira, com exibição de pinturas e desenhos do consagrado artista. Nesse tempo de atuação apresentou 31 exposições, publicou 31 catálogos, a maioria esgotados, hoje referências bibliográficas para estudiosos da arte brasileira.

 

A exposição de Luciano Figueiredo, “Do Jornal à Pintura”, recebe título análogo à grande mostra realizada no Musée Departamental de GAP, na França, em 2005, com a edição de um extraordinário catálogo com textos de Chris Dercon, Marcelin Pleyner e Frédérique Verlinden. A exposição é composta de 44 obras, selecionadas entre pinturas e objetos tridimensionais, executadas entre os anos de 1984 a 2012. O artista fará uma palestra na galeria, para convidados, no dia 3 de outubro e terá como atividade complementar a exibição, durante o período da mostra, os filmes: LIVRO-FILME,  FILME-LIVRO, e FILME-POEMA, todos de 2010 e assinados em co-autoria por André Parente e Kátia Maciel e poema de Antonio Cícero.

 

Sobre o artista

 

Luciano Figueiredo – artista, designer e curador – mantém uma coerência ímpar no seu trabalho, de caráter experimental. Firmou-se como um dos expoentes no movimento da chamada contracultura no Brasil, na década de 1970. Seus projetos gráficos são referência e sua participação na histórica publicação “Navilouca”, em 1975, foi definitiva. Com uma vasta biografia, exibiu suas criações em renomados espaços públicos e privados, no Brasil e no exterior. Entre as mais recentes apresentações, destaca-se a mostra multimídia apresentada em 2010, no espaço Oi Futuro, Rio de Janeiro: “Livro de Sombras 2”. O projeto foi uma exposição do livro-objeto de Luciano Figueiredo, realizado entre 2007-2008, do poema de Antonio Cícero, parte do mesmo livro, e de filmes dos artistas Kátia Maciel e André Parente. A exposição integrou pintura, cinema e poesia em um mesmo espaço-tempo, no qual o movimento de uma obra interfere na outra: a temporalidade da montagem do livro como filme, do filme como livro e da leitura como poesia, com a curadoria de Alberto Saraiva.

 

Participou de inúmeras bienais – a partir de 1967 – e de mostras coletivas como “Transfutur, Kunstetage Kassel”, Kassel, Alemanha, 1990; “Marginália 70”, Itaú Cultural, São Paulo, 2001; e, mais recentemente, “Dessin, Couleur, etc.”, Galerie des Docks, Nice, França, 2011. Destacou-se como cenógrafo de teatro e cinema. Seu nome está intimamente ligado ao de Hélio Oiticica, pois foi fundador do Projeto HO; grande estudioso da obra de Oiticica, é hoje um das maiores referências sobre o artista, com publicações no Brasil e no exterior. Como curador trabalhou para instituições como: Witte de With, Center for Contemporary Art, Roterdã, Holanda; Galerie Nationale Du Jeu de Paume, Paris, França; Fundació Antoni Tàpies, Barcelona, Espanha; Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, Portugal; Walker Art Center, Mineápolis, USA; Fundação Bienal de São Paulo, São Paulo, e MAM, Rio de Janeiro, RJ.

 

Até 01 de dezembro.

Inéditos de Judith Lauand

02/out

A Galeria Berenice Arvani, Cerqueira César, São Paulo, SP, apresenta uma coleção inédita de trabalhos de Judith Lauand, obras produzidas na década de 50,  são mostradas ao público pela primeira vez, ocasião em que são comemorados 70 anos de carreira e 90 anos de vida da artista. Judith Lauand nasceu no ano da Semana de Arte Moderna, 1922.

 

A mostra “Judith Lauand Guaches, Desenhos e Colagens Anos 50” traz à luz 70 trabalhos, sendo a quase totalidade deles inteiramente inéditos, e distribuídos entre projetos de pintura, desenhos autônomos, colagens e guaches, sempre sobre papel. O conjunto remete àquilo que viria a ser a síntese de sua obra – o concretismo e a pintura geométrica – sendo que Judith Lauand é considerada a Dama do Concretismo, justamente por ter sido a única integrante do grupo paulista “Grupo Ruptura”, principal irradiador dos preceitos concretistas no país.

 

A história destes “guardados” é singular. O curador Celso Fioravante, que também foi responsável pela curadoria de exposição anterior da artista, em 2007, sempre foi um interessado em obras sobre papel e não se conformava em ver apenas pinturas da artista. Depois de dois anos de insistência, Judith Lauand finalmente mostrou-lhe uma pasta com dezenas de trabalhos em papel, projetos de obras, esboços e outros, que nunca haviam sido expostos ou sequer mostrados aos seus familiares, exceto àqueles mais próximos. Desde este momento ele e a marchand Berenice Arvani vem insistindo em apresentá-las e apenas agora ganham exposição pública.

 

A artista e a galeria, em parceria com a editora “Papel Assinado”, lançam uma série limitada de 100 caixas contendo 10 serigrafias assinadas.

 

Sobre a artista

 

Judith Lauand iniciou sua carreira artística em 1945, em Araraquara, SP, formando-se em 1950 pela Escola de Belas Artes local. Em 1953, foi convidada a participar do “Grupo Ruptura”, porta-voz do movimento concretista de São Paulo, do qual foi a única presença feminina, tendo feito parte do mesmo até sua dissolução, em 1959. Desde 1945 e até agora, realizou 11 exposições individuais, sendo duas delas no MAC-USP, São Paulo, SP.

 

Foi premiada em 8 salões nacionais e soma uma infinidade de mostras coletivas pelo Brasil – mais de 80, incluindo 5 participações na Bienal Internacional de São Paulo e outras em países como Argentina, Rosario, 1957; Chile, Santiago, 1957; Peru, Lima, 1957; Alemanha, Munique, 1959; Áustria, Viena, 1959; Holanda, Haia, 1959; Suíça, Zurich,1960; França, Provence, 2000 e Estados Unidos, Cambridge, 2001.

 

Suas obras encontram-se em importantes acervos de diversas  instituições públicas no Brasil e no exterior, entre elas o MAC-SP; MAM-SP; MAM-RJ; Pinacoteca do Estado, SP; Museu de Arte Moderna de Grenoble, França e Museum of Fine Arts, Houston, EUA.

 

Até 26 de outubro.

 

Oiticica em Portugal

01/out

A temporada de novas exposições do Museu Coleção Berardo, Centro Cultural de Belém, Lisbôa, Portugal, foi inaugurada com uma retrospetiva sobre a obra de Hélio Oiticica, artista considerado um dos criadores brasileiros mais importantes do século XX.

 

Hélio Oiticica cuja característica principal é a experimentação, iniciou sua carreira em 1954, quando passa a frequentar o curso de pintura de Ivan Serpa no MAM-Rio. Entre 1955 e 1956, participou do “Grupo Frente” e a partir daí, desenvolveu trabalhos que passam da arte abstrata e concreta para um período de transição com as suas “Invenções” e “Pinturas Brancas”, é quando suas obras saem da parede para o espaço, com seus “Bilaterais” e “Relevos Espaciais”.

 

A exposição intitulada “Museu é o Mundo”, com curadoria de Fernando Cocchiarle e César Oiticica Filho, abrange todos os períodos da sua produção, e inclui cerca de 117 obras, filmes, fotografias e documentos de grande interesse e atualidade, que serão apresentados cronologicamente, começando com o “Grupo Frente”, “Metaesquemas”, “Pinturas Brancas”, “Bilaterais”, “Relevos Espaciais”, “Penetráveis”, “Bólides”, “Parangolés” e “Cosmococas”. Todos estes trabalhos permitem acompanhar a trajetória de Oiticica e a forma como o artista questionou o próprio sentido da arte.

 

Algumas destas obras serão apresentadas nos espaços exteriores do Museu Berardo, que funcionarão como locais para performances e proposições de Hélio Oiticica. Por ocasião da exposição será reeditado, pela Azougue Editorial, um livro sobre a obra do artista,  coordenado pelo Projeto Oiticica. A exposição será acompanhada por um amplo Programa Educativo, realizado pelo Museu Berardo, que inclui entre diversas atividades e conferências com Fernando Cocchiarale e Cesar Oiticica Filho dentre outros conferencistas convidados. A obra de Hélio Oiticica é conhecida no país, em 1992, a Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, dedicou-lhe uma exposição. A mostra atual, insere-se no quadro da iniciativa oficial “Os Anos de Portugal no Brasil, e do Brasil em Portugal”.

 

Até 06 de janeiro.

Goeldi ilustra Dostoiévski

27/set

Goeldi

A Caixa Cultural, Centro, Rio de Janeiro, RJ,  apresenta a exposição “Goeldi e Dostoiévski”, que reúne ilustrações de Oswaldo Goeldi produzidas para quatro livros do escritor russo Fiódor Dostoiévski. Além das gravuras, a mostra exibirá livros originais e interferências tecnológicas com aplicativos criados especialmente para esta ocasião,  que podem ser baixados para celulares e tablets, com informações detalhadas sobre o escritor e o artista.

 

As 94 obras de Oswaldo Goeldi ilustraram os livros “Humilhados e ofendidos”, “Memórias do subsolo”, “O idiota” e “Recordações da casa dos mortos”, de Dostoiévski, a pedido da editora José Olympio, entre os anos de 1944 e 1953. As ilustrações são consideradas uma contribuição importante para a iconografia do escritor russo. Nelas, Goeldi soube capturar e sublinhar a essência de cada romance e, com traços sucintos, retratar o cotidiano dos personagens descritos. As obras de Dostoiévski ilustradas por Goeldi foram publicadas apenas na Rússia.

 

“Oswaldo Goeldi conseguiu expressar a relação peculiar entre suas ilustrações e o texto do autor russo. Muitos críticos já apontaram para o fato de que Dostoiévski capta a psique humana em seus momentos de crise, e é nisso que Goeldi nos proporciona com seus desenhos predominantes densos e soturnos. Seu mundo branco e preto se funde com a visão dostoievskiana do homem vivendo no submundo e no ápice da tortura”, explica a curadora Lani Goeldi.

 

A exposição contará também com uma criação cenográfica com interferências pictóricas do artista plástico muralista Jefferzion, que complementará o cenário com uma obra representativa do tempo dos czares russos. Autodidata e com 18 anos de carreira, Jefferzion constrói, em seus trabalhos de grandes dimensões, o espaço, a perspectiva e a profundidade dentro de sua pintura. O objetivo principal é iludir os olhos do espectador a fim de proporcionar sensações inusitadas como o tridimensionalismo.

 

Até 18 de novembro.

Toyota por Klintowitz

Klintowitz-Toyota

Reunidos, o Ministério da Cultura, Cinemateca Brasileira, Instituto Olga Kos de Inclusão Cultural e Bradesco Seguros, apresentam o lançamento – com exposição de esculturas – do livro “A leveza da matéria” de autoria do crítico de arte Jacob Klintowitz. Nesse novo volume de sua extensa e criativa produção, Klintowitz aborda a obra do artista Yutaka Toyota e sobre o trabalho realizado afirma: “Pensar este livro, encontrar a palavra justa para criar a equivalência entre o verbo e a forma tão sutil e pura, foi significativo para mim: estive na dimensão da sensibilidade”. A mostra de esculturas de Toyota encontra-se em cartaz na Cinemateca Brasieleira, Vila Clementino, São Paulo, SP.

 

Trechos do livro

 

…Quem sonhou esta escultura que une dois continentes e povos foi um artista chamado Yutaka Toyota. Uma obra de arte é feita de sonho – alguém a sonhou – imaginação e matéria, concretude e desejo, signo e símbolo. É este conjunto que define a natureza da obra e nos diz de sua dimensão e de seu alcance. E de sua grandeza intrínseca.

 

…A permanente participação do público na sua obra tem outro caráter e é de natureza diversa. Yutaka convida o público a meditar sobre a essência do real, a descartar a aparência como verdade e a perceber o oculto como parte do existente. Mais até do que isto, a obra de Yutaka Toyota se oferece ao público para partilhar certo estado de percepção. Não para saber a verdade do invisível, do não visto, mas para estar neste espaço do oculto.

 

…O processo criativo de Yutaka Toyota se constitui a partir de dois estamentos constantes e exatos. O primeiro é a intuição, o sonho, o conceito, nesta ordem. Ele sonha com universos. Yutaka pensa o espaço sideral. E o segundo, é o minucioso trabalho de construtor que o leva à busca da forma impecável executada de maneira justa, perfeita, similar ao que a intuição lhe mostrara. Um engenheiro cósmico. É o método Yutaka Toyota.

 

…Neste sentido, à medida que o artista avança na sua procura e identificação do invisível, mais a sua obra é feita de desprendimento. O seu aprendizado é o de tornar-se, por sua vez, invisível. A escultura de Yutaka Toyota é feita de visibilidade e invisibilidade, de oculto e evidência, de claro e escuro, de cor e não cor. Entretanto, a obra é visível e o autor, cada vez mais, invisível.

 

De 30 de setembro a 06 de outubro.

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