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AGENDA CULTURAL

ARQUEOLOGIA DA PERDA

24/jul

A Anita Schwartz Galeria de Arte, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, exibe a exposição “Arqueologia da Perda” com obras inéditas da artista carioca Daisy Xavier ocupando todo o espaço expositivo da galeria.

 

No primeiro andar, um conjunto formado por uma instalação com 11 lanças de madeira (uma referência ao tríptico “A Batalha de São Romano” de Paolo Ucello, que data do século XV); 15 esculturas, feitas em madeira e vidro, que incluem uma série de três trabalhos de parede feitos com madeira, lente de aumento e ouro e ainda seis desenhos inéditos em óleo e nanquim sobre papel. No terceiro andar, uma pintura em grande formato, seis pinturas pequenas, desenhos feitos em nanquim e uma escultura de madeira e vidro. No contêiner a artista apresenta o vídeo “Mar sem orla” de 2010. No espaço térreo, com 200 metros quadrados e pé direito de mais de sete metros, Daisy Xavier mostra esculturas inéditas, de chão e de parede, de uma nova pesquisa que começou a desenvolver este ano utilizando partes de móveis antigos, principalmente cadeiras. No mesmo salão, uma serie inédita de três objetos de parede, intitulada ”Simetrias”, feita a partir de pedaços de cadeiras antigas, encurvadas e arredondadas.

 

A palavra da artista

 

“Me interessam os veios, as curvas desses pedaços de móveis. A riqueza com a qual a madeira era esculpida antigamente dá uma ideia de fluidez e de movimento. Aproveito para abstrair o que era um móvel e criar apenas linhas, um desenho em três dimensões” afirma Daysi Xavier. Junto a essas peças de madeira, estão objetos de vidro, todos no mesmo tom de azul, que fazem referência à água, um tema recorrente em trabalhos da artista. Esses vidros aparecem quebrados, mas sempre lembram a forma do objeto perdido. “São pedaços de vidro quebrados, mas não são cacos, eles trazem a memória de algo que se quebrou. Gosto de manter esses pedaços como se fosse um objeto que pode ser remontado. O título da exposição ‘Arqueologia da Perda’ implica nessa possibilidade de reconstrução” explica a artista.

 

 

Até 18 de agosto.

 

GIACOMETTI NO MAM-RIO

23/jul

Alberto Giacometti

 

O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Parque do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a exposição “Alberto Giacometti – Coleção da Fondation Alberto et Annette Giacometti, Paris”, primeira retrospectiva no continente sul-americano do escultor, pintor e desenhista Alberto Giacometti, um dos artistas mais importantes do século XX. A exposição tem curadoria de Véronique Wiesinger, diretora da Fondation Alberto et Annette Giacometti, Paris, e conta com cerca de 280 obras provenientes da Fondation, entre pinturas, esculturas, desenhos, gravuras, fotografias e artes decorativas, realizadas entre os anos 1910 e 1960. Ao lado das obras da Fondation, está exposta a peça “Quatro mulheres sobre base”, de1950, pertencente ao MAM Rio – único acervo público da América Latina a possuir um trabalho do artista.

 

A palavra do presidente do MAM

 

Alberto Giacometti (1901-1966) é, sem dúvida alguma, um dos mais importantes artistas do século XX. Iniciou sua forma­ção em Genebra e mudou-se para Paris no início dos anos 20, época em que conheceu alguns dos principais pintores dada­ístas, cubistas e surrealistas que influenciaram o seu início de carreira. Nos anos 30 aderiu ao movimento surrealista, período em que produziu algumas obras fundamentais para a caracter­ização de sua escultura. Em seus trabalhos realizados depois da Segunda Guerra Mundial, onde a figura humana protagoniza as suas pesquisas plásticas, recupera a capacidade expressiva da imagem e do objeto, acompanhando a tendência neofigurativa da época.

 

O conjunto de sua obra representou uma contribuição ímpar para a arte moderna, tendo ressonâncias que repercutem até hoje, em diversas manifestações contemporâneas. Além de ser referencial para seus pares, a obra deste grande artista suíço radicado na França tem o raro dom de despertar o interesse tanto de amantes da arte quanto do público em geral. Esse enorme alcance talvez se dê pelo aspecto singelo das primeiras esculturas, que lembram brincadeiras infantis, pela delicadeza das memoráveis figuras longas e esguias ou ainda pela con­tundência dos retratos, pinturas emblemáticas da condição de incomunicabilidade do homem.

 

Assim, o Museu de Arte Moderna apresenta a exposição Alberto Giacometti: Coleção da Fondation Alberto et Annette Giacom­etti, Paris – com obras das diversas linguagens com as quais o artista trabalhou – graças à generosidade da Fondation Alberto et Annette Giacometti, a contribuição de nosso patrocinador, TenarisConfab e Techint Engenharia e Construção, e de nossos parceiros: a Pinacoteca do Estado de São Paulo, a Fundación Proa de Buenos Aires e a Base7. A todos eles, nossos maiores e mais profundos agradecimentos.

 

Carlos Alberto Gouvêa Chateaubriand

 

 

Até 16 de setembro.

FARNESE NO MUSEU DO PONTAL

19/jul

O Museu Casa do Pontal, Recreio dos Bandeirantes, Rio de Janeiro, RJ, exibe “Liturgias Contemporâneas: Farnese de Andrade e ex-votos”, exposição composta de 150 ex-votos da coleção da casa  e cerca de 15 obras de Farnese de Andrade cedidas por instituições museológicas e colecionadores. O Museu Casa do Pontal é a maior instituição de arte popular do país e possui um acervo tombado de oito mil obras. A mostra tem curadoria da antropóloga Angela Mascelani, diretora do museu, e dá sequência aos diálogos entre arte popular e contemporânea que a instituição começou a promover no ano passado com a mostra “Máquinas poéticas”, de Abraham Palatnik, que unia as obras do artista contemporâneo às de Adalton Lopes, artista popular.

A exibição atual focaliza objetos criados pelo consagrado artista plástico mineiro Farnese de Andrade que dialogam com os ex-votos, oferenda popular destinada a Deus ou a um santo que tem como objetivo agradecer por uma graça alcançada ou materializar um pedido à divindade. Nos trabalhos de Farnese percebe-se claramente a apropriação dos ex-votos para “criar uma terceira expressão artística: uma interseção entre o popular e o contemporâneo”.

 

Sobre Farnese 

 

Pintor, escultor, desenhista, gravador e ilustrador, nasceu em Araguari, MG, 1926  e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, 1996. Artista múltiplo em cuja produção vida e arte se enlaçam de maneira inseparável dando origem a uma obra de características pessoais. Com seus objetos Farnese tornou-se um caso único na arte brasileira, um verdadeiro artista de culto. Hoje o artista possui obras nos principais acervos nacionais.

 

Até 22 de setembro.

PAULO DARZÉ EXIBE RODRIGO FROTA

12/jul

O jovem fotógrafo cearense Rodrigo Frota realiza na Paulo Darzé Galeria de Arte sua primeira exposição individual na Bahia. Nessa exposição individual Rodrigo mostra 25 trabalhos em dimensões variadas. A fotografia de Rodrigo Frota, no dizer do artista e crítico José Guedes tem nesta exposição “alguns momentos com belíssimas paisagens de captura aérea, a eliminação da linha de horizonte (como em Monet) causa um efeito desconcertante que exige do expectador uma aproximação em busca de referências que lhe restitua o equilíbrio no espaço. Em outros, mais formalmente abstratos, a aproximação também se faz necessária para que se capte detalhes que redimensionam e enriquecem a primeira visão. Até mesmo nas fotografias mais claramente figurativas, o desfoque, o movimento e a saturação da cor enfatizam o aspecto pictórico da imagem, a transcendência da realidade. Rodrigo Frota é um profissional inventivo, sensível, e rigoroso em todos os processos  da elaboração de seu trabalho; do ângulo do click ao tipo de impressão das imagens, da temperatura cromática ao emolduramento. Eis um artista de quem temos muito o que esperar”.

 

 Sobre o artista

 

Rodrigo Frota nasceu em 1984. Começou seus estudos na fotografia quando foi morar na Suíça, em Rolle, uma pequena cidade entre Lausanne e Genebra, onde viveu durante três anos, de 2000 a 2003, cursando o segundo grau no Institut Le Rosey – Suiça – IGCSE Exams – Arts e estudos de extensão no Curso de Fotografia (Básica e Avançada) e na área de técnicas artísticas e história da arte.

 

Seus trabalhos estão publicados em importantes jornais e revistas como O Globo, Diário do Nordeste e revista Bravo!, Vogue, Jornal O Povo, Universidade de Fortaleza, Revista Joyce Pascowitch – Estilo.

 

Realizou exposições coletivas em 2009 na XVI Unifor Plástica – Espaço Cultural UNIFOR, Fortaleza; 2006, Paralelo Vertical – Palácio da Independência, Lisboa, Portugal; Paralelo Vertical – Iguatemi, Fortaleza, Brasil; e 2004, Mostra Universitária – UNIFOR, Fortaleza. Em individuais realizou em 2011 Pictoriais – Museu de Arte Contemporânea – CDMAC; 2009, Fragmentos de Viagem – Centro Cultural Dragão do Mar. Foi premiado com Menção Honrosa – XVI Unifor Plástica – Fotografia e na 1ª Mostra Universitária – UNIFOR.

 

De 14 de julho a 11 de agosto.

DANIEL SENISE, SEIS TRABALHOS INÉDITOS

10/jul

Pisos marcados pelo uso, pela passagem do tempo, e o contraste do ambiente anônimo e do espaço afetivo serviram de inspiração para Daniel Senise em seu mais novo trabalho. O artista, ícone da famosa Geração 80, apresenta seis trabalhos inéditos, na Galeria Silvia Cintra + Box 4, Gávea, Rio de Janeiro, RJ.

 

Conhecido como um artista que ativa o imaginário do espectador, Senise apresenta duas obras feitas a partir dos tacos do chão da casa de um amigo, mas que, como define o artista: “…poderia ser de qualquer lugar. Utilizei a mesma imagem do espaço, para dar a ideia de ambiente genérico, sem limites”.

 

Para criar as outras obras, ele utilizou mais uma vez o ambiente de seu ateliê como referência e deu o título de “Silvio Romero 34″, endereço do local. “Quero reforçar os dois fundamentos, o meu lugar e o lugar genérico, e mostrar que sempre reconhecemos os dois”, explica o artista.

 

Senise levou um ano para concluir o trabalho, com a técnica de “impressão sobre madeira”. Ele cobre o piso com cola, verniz e pigmentos e depois imprime num tecido fino a memória do local. Em seguida, recorta e organiza as impressões numa estrutura de alumínio, construindo por meio dos claros e escuros a perspectiva da obra.

 

Sobre o artista

 

Formado pela Escola de Artes Visuais do Parque Lage, onde também lecionou, Daniel Senise participou de diversas exposições coletivas, entre elas diversas edições da Bienal Internacional de São Paulo, Bienal de Veneza, Itália, em 1990, e da V Bienal do MERCOSUL, Porto Alegre, em 2005.

 

O artista tem exposto individualmente em museus e galerias no Brasil e no exterior, como o MAM do Rio de Janeiro, o MAC de Niterói, a Casa França-Brasil, também no Rio, a Estação Pinacoteca, em São Paulo, o Museum of Contemporaray Art, em Chicago, e o Museo de Arte Contemporáneo, no México. Atualmente Daniel Senise vive e trabalha no Rio de Janeiro.

 

De 13 de julho a 25 de agosto.

“JOÃO & ANTONIO” NA H.A.P.

09/jul

O designer de jóias Antonio Bernardo e o fotógrafo João de Orleans e Bragança estão juntos na nova iniciativa da galeria H.A.P, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ. Os dois apresentam obras inéditas na exposição “João & Antonio”, que inaugura o “Casa 11 Projetos” e “Casa 11 Photo”, dois novos núcleos que a marchande Heloísa Amaral Peixoto apresenta à cidade.

 

Antonio Bernardo, que nunca se aventurou no circuito das galerias de arte, lança sua primeira exposição no meio das artes plásticas. São 8 objetos expostos, feitos em prata sterling 925, que fazem uma reflexão sobre movimento, escala e formas. Fato inédito na carreira de Antonio Bernardo.

 

João de Orleans e Bragança lança uma mostra de 35 imagens. O reflexo dos barcos sobre as águas da baía de Paraty serviram de inspiração para este ensaio fotográfico que mais parece uma série de pinturas abstratas. As imagens não passaram por nenhum tratamento, elas são fiéis ao que podemos ver refletido no espelho d’água sobre as águas da baía de Paraty, onde o fotógrafo reside grande parte do tempo. Os elementos gráficos e abstratos, que sempre estiveram presentes em seus trabalhos documentais, agora são levados ao auge.

 

Palavras dos artistas e da marchande

 

Antonio Bernardo

 

“Nem jóia, nem design, nem escultura, são experimentais. Gosto de chamar de objetos de atelier.”

“Gosto de produzir coisas, de ver a transformação delas”.

“A partir daí passei a olhar o que estava pesquisando e percebi que, experimentando variação de escala, poderia transformar alguns projetos em interessantes objetos.”

 

João de Orleans e Bragança

 

“Já tinha feito fotos de proas de barcos, que sempre me despertaram interesse. Aí acabei reparando no espelho d’ água e sua infinidade de cores e formas, foi daí que surgiu a idéia de fazer essas fotos”.

 

Heloísa do Amaral Peixoto 

 

“A iniciativa surgiu de uma vontade de ampliar as atividades da galeria. Com esses núcleos terei oportunidade de trazer um outro movimento de artistas. É um espaço para diversificar áreas, que também tenho grande interesse, e que de alguma forma se complementam.”

 

De 14 de julho a 18 de agosto.

ITALIANOS E BRASILEIROS, MURAIS PARA O RIO

06/jul

A Caixa Cultural, Centro, Rio de Janeiro, RJ, apresenta o projeto coletivo denominado “Mural Itália-Brasil”. Desde o dia 16 de maio, o artista brasileiro Ozi e a dupla italiana Orticanoodles (Wally e Alita) trabalharam juntos no Rio de Janeiro no projeto “Mural Itália-Brasil”, idealizado pelo curador Marco Antonio Teobaldo. Os artistas criaram murais no respirador da estação de metrô da Cinelândia e na comunidade do Vidigal, levando sua arte para os espaços ao ar livre, chamando a atenção também das pessoas que não costumam frequentar os ambientes de exposição de obras de arte.

 

O projeto “Mural Itália-Brasil” é uma ação conjunta entre oito artistas dos dois países, por ocasião das comemorações do “Momento Itália-Brasil”, para a promoção da arte urbana italo-brasileira, nas cidades de Brasília, Salvador e Rio de Janeiro. Um artista local e convidados italianos, criam murais utilizando as técnicas de grafitti, pôster arte, máscaras de estêncil e adesivos, técnicas que compõem o repertório da street art.

 

De acordo com o curador Marco Antonio Teobaldo, “…este projeto vai estimular a arte urbana, promovendo ações educativas para geração de novos talentos, e, propor aos artistas urbanos e à população em geral, uma consciência de preservação do patrimônio público de suas cidades”.

 

O projeto já foi realizado com grande repercussão em Brasília e Salvador, durante o mês de maio. No Rio de Janeiro, foi inaugurada a exposição com o registro dos trabalhos realizados nas três capitais, quando também foi lançado o catálogo do projeto.

 

Texto de Heloisa Buarque de Hollanda

Cruzamentos Possíveis

 

O Brasil, e não apenas São Paulo como se pensa, tem um claro sotaque italiano. Nada mais adequado do que celebrar essa linhagem precisamente num ano em que se comemora oficialmente a presença da cultura italiana no Brasil. O Momento Itália-Brasil foi a oportunidade que o curador Marco Antonio Teobaldo aproveitou para uma das experiências mais interessantes da arte pública atual. Uma exposição simultânea de artistas que trabalham intervenções em muros e fachadas usando técnicas de estêncil, colagem, graffiti, desenho e pintura.

No caso deste projeto Mural Itália-Brasil, a experiência foi expandida numa proposta de criação colaborativa entre artistas italianos e brasileiros. Foram escolhidas as cidades de Brasília, Salvador e Rio de Janeiro como os suportes ou loci das realizações.  E então, os artistas que poderiam continuar distantes pela geografia, língua e pela cultura, mas que conseguiram uma profunda identidade através da criação.

Os artistas tomaram conhecimento do trabalho de seus parceiros e a partir daí começaram uma comunicação virtual cuja probabilidade de acerto era pequena. Mesmo assim, valendo-se de atalhos como o Google Translator, e da identificação por meio de suas linguagens e técnicas artísticas, fluiu um entendimento riquíssimo. Do virtual para o presencial, surgiram alguns aspectos inesperados. Primeiro o trajeto inusitado da criação. Nas três cidades, foram escolhidos locais de alto impacto urbano para a produção dos murais: um espaço institucional, um espaço central de grande circulação e visibilidade e um espaço excluído das cidades, dentro das periferias e comunidades. Para cada local, um público, uma resposta. E para cada um, um novo contato, uma nova descoberta entre culturas.

O encontro profundo entre duas linguagens em busca de uma única obra gerou um resultado surpreendente. Em Brasília, os artistas foram Guga Baygon, cuja marca são figuras que lembram ETs, e o coletivo romano Eikonprojekt, cuja temática são santos católicos e super-heróis. Olhando os murais, feitos a seis mãos, o trabalho criado a partir de universos tão distintos resultou num hibridismo de imaginários cruzados e surrealista.

Em Salvador, os três murais realizados pelo Corexplosion e Lucamaleonte, cujo trabalho é de pintura a partir de desenhos de animais em P&B e ouro, espalharam cor e fantasia sobre a cidade. Animais selvagens em traço fino e estêncil não apenas conviviam, mas ainda pareciam ser interpelados pela cor intensa dos animais estilo toy arte do baiano Core.

No Rio, última etapa do projeto, a surpresa se intensifica. A dupla escolhida foi o paulistano Ozi, precursor da street art no Brasil, e o coletivo de Milão Orticanoodles, retratistas com atuação em galerias e ruas. Mesmo antes do primeiro contato com o parceiro Ozi, o casal italiano elegeu Gilberto Gil como tema do mural gigante na Cinelândia, devido à sua atuação como artista, político e ambientalista. Nesta única vez, durante o projeto, em que os artistas produziram murais independentes, o que se vê é um diálogo sobre cidades e mitos. Ozi, na superfície da coluna que se ergue no meio da praça, faz surgir, num sofisticadíssimo trabalho em estêncil cor, um São Sebastião multicultural rodeado de arcos romanos e pela dramaturgia do mar carioca. No contraplano, Gilberto Gil reina absoluto num trabalho belíssimo feito de máscaras de acetado recortadas à mão.

Itália e Brasil em três experiências que deixarão sua marca nas cidades por onde passou.

 

 

Até 12 de agosto

21 PINTURAS DE GONÇALO IVO

05/jul

Anita Schwartz Galeria, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, apresenta, a exposição “Lamento”, do artista plático Gonçalo Ivo e lançamento do livro “Oratório” (Contra Capa Editora, 2012), que traz a produção pictórica de Gonçalo Ivo desde 2009 e inclui as séries que o artista batizou de “Oratório”, “Acorde”, “Fuga” e “Lamento”. Gonçalo Ivo exibe 21 pinturas em óleo sobre tela, produzidas entre 2010 e 2011.

 

Os trabalhos expostos estarão no livro e o titulo da exposição surgiu como alusão a um tipo de música muito usado pelos compositores do barroco alemão, inglês e italiano.

 

A palavra do artista

 

“Mesmo compositores de blues e jazz bem como algumas toadas nordestinas fazem referência a este ‘estilo musical’. Segundo os dicionários, tem a ver com canto de dor, e é neste sentido e também como exaltação da criação e num mergulho cada vez mais radical em minha própria poética – fazer a cor e o que ela engendra enquanto forma – que vejo a necessidade de expressar o que em mim é singular”.

 

“É uma série inédita, indivisível, formando uma só obra. É um poliptico onde cada pintura tem sua autonomia, porém se vincula ora formalmente, ora sob o ponto de vista cromático com o todo bem como com a que lhe precede ou sucede”.

 

 

Até 07 de julho.

FATOS REAIS E PROVOCADOS

Chama-se “Cenas vertiginosas” a exposição de fotografias de Roberto Schmitt-Prym, mostra comemorativa aos 27 anos da Arte & Fato Galeria, bairro Petrópolis, Porto Alegre, RS. Comandada desde sua criação pelo marchand Decio Presser (e Milton Couto), encontra-se acrescida do nome do artista plástico Otto Sulzbach como novo associado. Galeria especializada no lançamento de artistas jovens, a Arte & Fato é responsável por boa parte de valores locais que hoje encontram ressonância nacional, dentre os quais se destacam Lia Menna Barreto, Jailton Moreira, Fernando Limberger, Heloisa Schneiders da Silva, Karin Lambrecht e Maria Lúcia Catanni. Artista de múltiplas atividades, Schmitt-Prym pertence atualmente ao núcleo diretivo oficial da cultura no Rio Grande do Sul. A curadoria da mostra ocorre sob a curadoria da teórica de arte Ana Zavadil.

 

Texto da curadora Ana Zavadil

 

Entrar no mundo da fotografia é percorrer caminhos que apontam para o lugar de contaminação, apropriação, atravessamento, releitura, identidade e memória. Esse lugar híbrido por excelência e rico em possibilidades representa uma das linguagens mais utilizadas na arte contemporânea. Entre o segundo único que captura a imagem e a possível repetição infinita desta, entre um e outro, está o fotógrafo-artista. São de suas escolhas subjetivas, seus enquadramentos e seus recortes que vamos fruir o que nos é dado a ver. O corte atinge de modo certeiro o tempo e o espaço e pereniza um instante. Philippe Dubois afirma que o tempo não é contínuo, uma vez que esse instante é arrancado da realidade e congelado do tempo cronológico.

 

Entrar na obra de Roberto Schmitt-Prym é pisar em terreno minado, onde todo o cuidado é pouco. A exposição propõe um percurso poético, em que cenas vertiginosas são um convite e, ao mesmo tempo, uma provocação ao imaginário do espectador. A liberdade e o domínio do artista, ao se colocar atrás da câmara, são despojados de preconceitos, e o resultado do seu fazer são imagens que referenciam um repertório de cenas sensuais, íntimas e eróticas que evocam o prazer, o clímax.

 

Dois conceitos estruturam as imagens na escolha da narrativa visual: o voyeurismo, quando cenas de pessoas sem o seu conhecimento são captadas, e o exibicionismo, no momento em que o filme é realizado com a aquiescência de suas intérpretes.

 

O processo criativo potencializa dois meios: o filme e a fotografia. Essa combinação engendra novas visualidades, uma vez que a fotografia vai extrair do filme cenas em movimento. O processo estético envolve a obtenção do produto final por meio do High Dynamic Range (HDR), técnica fotográfica em que são tiradas três fotografias: normal, subexposta e superexposta. O resultado dessa técnica apresenta um contraste muito alto e a distorção das cores.

 

A escolha das fotografias para a mostra foi feita a partir de um banco de imagens que constitui uma pesquisa de mais de cinco anos. As cenas eleitas são aquelas com equilíbrio entre o fato real e o provocado, ou seja, a perfeita sintonia entre figura e fundo. No fato real, representam a figura feminina em cenas eróticas e sensuais envolvidas em seu próprio prazer. No fato provocado, a luz corrobora a invenção do espaço e é usada como ferramenta construtiva, criando um fundo de intensos contrastes e cores. O efeito visual encanta e a tendência do olhar é percorrer o contorno dos corpos de modo ininterrupto, atravessando as transparências. A luz transborda a imagem criando cores fortes e cenários exóticos para as figuras. A névoa e o disforme também são resultados dessa tripla operação (HDR). O poder espacializante da luz atinge toda a superfície fazendo emergir o erotismo das figuras em contraponto, que cria certo mistério e instiga para o imaginativo, despertando o desejo de ver a cena por inteiro. É um convite velado para o observador mergulhar no abismo, na vertigem.

 

Desde 1990, data de sua primeira exposição individual de fotografia, no MARGS, Roberto Schmitt-Prym percorre uma jornada no campo dessa técnica. Contudo, é a primeira vez que se dedica a esse tema. O insight para essa pesquisa, que ora vemos o resultado parcial, ocorreu a partir da observação de uma imagem registrada por Edward Weston, em que ele fotografa o momento de um orgasmo de sua mulher, a fotógrafa e ativista italiana Tina Modotti.

 

Schmitt-Prym deu mostras de sua liberdade e fantasia, mas, sobretudo, de sua segurança e sua erudição inequívocas na realização deste trabalho. Ao mostrar Cenas Vertiginosas, ele transmuta a imagem com carga erótica de mero estatuto de produto de consumo para dar a ela outro significado na cultura visual. Se a banalização do sexo e do prazer for vista com os olhos da sensualidade, estes poderão ser reconduzidos a outra escala como objeto de reflexão sobre a sociedade em que vivemos.

 

De 07 a 27 de julho.

O MUNDO FANTÁSTICO DE MÁRIO GRUBER

04/jul

Mário Gruber

O Centro Cultural Correios, Centro, Rio de Janeiro, RJ, inaugura a exposição “O Mundo Fantástico de Mário Gruber”, artista falecido em dezembro de 2011 aos 84 anos. Com curadoria de Denise Mattar, a mostra apresenta um panorama completo da obra do artista, realizada ao longo de seis décadas de atividade artística.

 

Durante toda sua vida Gruber trilhou um caminho único. A reboque de todos os modernismos inspirou-se nos mestres do passado, criou sua própria e requintada técnica de pintura e debruçou-se sobre um realismo mágico inteiramente pessoal. Alcançou o sucesso e a fama, foi igualmente endeusado e repudiado, mas nunca pode ser acomodado em nenhum dos nichos criados pela crítica de arte: Gruber é Gruber.

 

Na década de 1940, o artista pintava e gravava retratos, paisagens e naturezas-mortas seguindo os caminhos da arte da época, mas já buscando sua própria forma de expressão. Na década de 1950, alguns temas e características particulares tornaram-se evidentes: a preocupação com a qualidade técnica, o uso dramático do claro-escuro e uma predileção pela figura humana, captada em sua condição de espanto e solidão. Obras, como “Meninos” e “Engraxate” prenunciam o aparecimento do “Muleque Cipó”, personagem arquétipico que Gruber irá retratar sob diferentes nomes ao longo de muitos anos, sempre evidenciando a condição do menino pobre, irreverente, triste, desprotegido e perigoso.

 

Nos anos 1960, aparece o tema dos “Fantasiados” que o artista pinta também por muito tempo, mergulhando, cada vez mais fundo, no onírico mundo das máscaras, compondo imagens eivadas de símbolos e sempre usadas como formas de entender o real. Nos anos de chumbo da ditadura, através dos “Anjos da Renascença Brasileira”, Gruber denuncia a censura que transformava a todos em marionetes, em anjos de asas que não voavam. A série “Profeta dos Anzóis”, iniciada nos anos 1980, estendeu-se até os anos 1990, levantando questões existenciais entre metáforas de chaves e anzóis. Em 2000, o artista, conhecido como exímio colorista, ousou realizar um conjunto de obras monocromáticas que encerra o grupo de pinturas.

 

A exposição apresenta também um extenso grupo de gravuras e matrizes nas quais fica evidente a maestria de Gruber no manejo da goiva e do buril, sua inventividade na experimentação e seu engajamento em questões humanitárias.

 

De 04 de julho a 12 de agosto.

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