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AGENDA CULTURAL

Revisitando a trajetória de Alberto Teixeira.

08/set

A Galeria Berenice Arvani, Jardim Paulista, São Paulo, SP, inaugura no dia 16 de setembro a exposição “Alberto Teixeira – 100 anos”, sob curadoria de João J. Spinelli. A mostra apresenta uma seleção de trabalhos que percorre diferentes momentos da produção do artista. A mostra reúne trabalhos que permitem revisitar a trajetória do artista e promover um resgate histórico de sua obra oferecendo ao público redescobrir aspectos centrais de sua trajetória e a evolução de sua linguagem pictórica ao longo de seis décadas.

O artista iniciou sua carreira em Portugal, explorando a aquarela para registrar paisagens do Algarve e da região praiana de Estoril. A vivacidade de seus trabalhos iniciais já chamava atenção pela composição e pelo domínio técnico da aquarela, garantindo sua participação em exposições coletivas importantes em Lisboa e Estoril. Em 1950, Alberto Teixeira e sua família emigraram para o Brasil, dando início a um novo capítulo de sua obra, marcado por novas paisagens, experiências urbanas e encontros com artistas e professores que influenciariam sua evolução estética.

Entre cursos de gravura no Museu de Arte de São Paulo (MASP) e sessões de modelo vivo na Sala de Arte da Biblioteca Municipal, sua formação técnica e teórica ganhou novos contornos. Foi também nesse período que integrou o Atelier Abstração, coletivo do qual fazia parte Samson Flexor. Entre os fundadores, manteve trocas constantes sobre o abstracionismo em um ambiente de experimentação e diálogo que abriu novos caminhos para sua produção pessoal. Como observa João J. Spinelli: “Os resultados finais foram sínteses formais e conjuntos de relações de contrastes inusitados. Tudo isso, tão diferente do que eu fazia antes na pintura, causou bastante impacto, mas vinha também com o sabor da surpresa, do inesperado, da descoberta (…) assim o assunto ou tema que tudo originara passava a ser secundário e a beleza e a harmonia passavam a ser o principal.”

Participações em Bienais de São Paulo e viagens à Europa e aos Estados Unidos permitiram a Alberto Teixeira contato direto com a produção de artistas como Paul Klee, Picasso, Hans Hartung, Mark Rothko e Karel Appel, além de experiências com movimentos como o Expressionismo Abstrato, Minimal Art e Pop Art. Esses encontros contribuíram para a ampliação de seu repertório e para a consolidação de um estilo próprio, no qual o equilíbrio entre composição, cor e transparência nas aquarelas se tornou marca registrada de sua obra. João J. Spinelli reforça a singularidade da pintura do artista: “Uma característica do trabalho de Alberto Teixeira é a fidelidade a uma linguagem do desenho e da pintura. Ela serviu desde o princípio para traduzir um sentimento de inquietação e perplexidade, quando linhas e cores procuravam assumir uma função interpretativa e de registro psicológico que se ampliaria em toda a evolução das suas realizações.” Opercurso expositivo evidencia tanto a evolução de sua linguagem quanto o diálogo constante entre tradição e inovação em sua produção, reforçando a relevância de Alberto Teixeira para a pintura brasileira e para a história do abstracionismo no país. Além de artista, Alberto Teixeira atuou como professor e formador de novas gerações, transmitindo seus conhecimentos e técnicas em instituições como a Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Sua atuação como educador, assim como seu olhar atento à história da arte, consolidou uma carreira marcada pelo estudo, pela experimentação e pelo compromisso com a reflexão estética.

Até 31 de outubro.

Arthur Palhano novo artista representado.

A Galatea anuncia a representação do artista Arthur Palhano (1996, Rio de Janeiro). Artista visual formado pela Escola de Artes Visuais do Parque Lage em 2019. Sua prática é voltada à pintura, construída pela sobreposição, raspagem e escavação de camadas de tinta, em um processo que revela a historicidade das superfícies e ativa a memória inscrita nos objetos e imagens representados.

Arthur Palhano parte de imagens, de memória e objetos cotidianos – como facas, sapatos e pequenos ícones domésticos – que, ao serem transpostos para a pintura, adquirem densidade simbólica. Em suas obras, esses elementos também dialogam com categorias tradicionais da pintura, como as discussões acerca de figura e fundo e o gênero natureza-morta, para tensioná-las e ressignificá-las.

O artista está entre a seleção de obras da Galatea para a 15ª edição da feira ArtRio, que ocorre entre 10 e 14 de setembro, na Marina da Glória, no Rio de Janeiro. No primeiro semestre de 2026, Arthur Palhano vai realizar sua primeira exposição solo em São Paulo, na Galatea. Entre as exposições que participou, destacam-se: Pequenas pinturas III (Coletiva, Auroras, São Paulo; Partial Objects (duo com Kian Mckeown, MAMA Projects, New York, USA; Do desenho (Coletiva, Centro Cultural dos Correios, Rio de Janeiro e Dogma (individual, Portas Vilaseca, Rio de Janeiro.

Arthur Palhano também é representado por Portas Vilaseca no Rio de Janeiro, e tem parceria com Arr Gallery, em Hangzhou, e Mama Projects, em Nova York.

A figura humana em evidência.

Recorte do acervo que reúne cerca de 1.500 peças, construído ao longo de 30 anos, pode ser visitado no Museu de Arte de Blumenau (MAB) na Sala Pedro Dantas. A mostra “A figura humana”, um recorte na Coleção Dalacorte, traz obras selecionadas pelo Instituto Dalacorte, sediado em Getúlio Vargas (RS). A seleção de peças apresentadas em primeira mão é a abertura da quarta temporada de exposições do ano. Em exibição obras de Henrique Fuhro, Roth, Magliani, Glauco Rodrigues, Marcelo Grasmann, Fernando Duval, Ruth Schneider, Saint Clair Cemin, Rubem Grillo, dentre outros.

A exposição propõe um olhar sobre a representação da figura humana ao longo da história da arte, evidenciando diferentes estilos, técnicas e épocas. Como ressalta o curador e dicionarista Renato Rosa, “…colecionar é um ato de preservação e generosidade, e trazer obras de coleções particulares ao espaço público é sempre motivo de celebração. O público terá a oportunidade de conhecer trabalhos que, antes guardados, agora dialogam com novos olhares”.

O Instituto Dalacorte é reconhecido por sua atuação na preservação e difusão da arte, abrigando um acervo de relevância nacional. Sua missão inclui promover o acesso e o diálogo entre artistas, obras e comunidade.

A exposição fica em cartaz até 26 de outubro.

Os caminhos da construção do racismo.

Exposição em cartaz no Paço Imperial, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a obra de Voluspa Jarpa. Em sete anos de pesquisas, a artista chilena reconstrói, a partir das exibições de zoológicos humanos, os caminhos da construção do racismo por meio de dispositivos coloniais e dominação cultural.

“Cartografia Incógnita” nos defronta com os zoológicos humanos que exibiram, entre 1858 e 1958, exemplares humanos de povos ditos “exóticos” em várias exposições, realizadas em capitais europeias e também em outras cidades do continente.

As célebres Exposições Internacionais tinham, por objetivo, anunciar o progresso da indústria de cada país. Em contraponto, ofereciam ao público o espetáculo dos chamados “zoológicos humanos”: pessoas de distintas origens e de pele escura ou amarela, que eram apresentadas em cenários compostos com animais e plantas nativas, de modo a emular o que era considerado “a vida selvagem”.

A mostra faz parte da BIENALSUR. As exposições abordam os temas mais urgentes do nosso tempo: meio ambiente, memória, direitos humanos, migrações, inteligência artificial e futuros possíveis. A Bienal renova, assim, seu compromisso com o desenvolvimento de um humanismo contemporâneo. É por isto mesmo que a realização da BIENALSUR 2025 tem o apoio oficial da UNESCO.

Até 16 de novembro.

Ronald Duarte e a série Crua.

05/set

O primeiro episódio da série “Crua” será lançado no dia 09 de setembro, com o artista Ronald Duarte, que apresentará a performance inédita “Oroboro”. Idealizada e dirigida por Ana Pimenta e João Marcos Latgé, a série “Crua” terá cinco episódios e será apresentada no Instagram e Youtube @crua_arte. Além de Ronald Duarte, participarão da série os artistas fluminenses Carla Santana, Marcelo Conceição, arorá e Eleonora Fabião.

No primeiro episódio, Ronald Duarte apresentará a performance inédita “Oroboro”, realizada no galpão da Escola de Belas Artes da UFRJ, na Ilha do Fundão, no Rio de Janeiro. Na ação, o artista desenha e acende um círculo de pólvora ao redor da raiz de uma árvore, sobre um tapete com a imagem de uma serpente mordendo a própria cauda.

A cada semana, sempre às terças-feiras, um novo episódio será lançado com um artista diferente. O formato segue apenas algumas regras: câmera fixa, enquadramento frontal e centralizado, luz natural, som direto, edição sem cortes, com duração de 02 minutos. Os artistas têm liberdade para se expressarem da maneira como quiserem, sem regras ou roteiros. Os cenários são sugeridos pelos próprios artistas, podendo ser o ambiente de trabalho ou qualquer outro espaço significativo para eles.

O segundo episódio da série será lançado no dia 16 de setembro com a artista Carla Santana. Em seguida, serão apresentados os episódios com Marcelo Conceição, no dia 23 de setembro, arorá, no dia 30 de setembro e Eleonora Fabião, no dia 07 de outubro.

Sobre o artista.

Ronald Duarte nasceu em Barra Mansa, 1963, é performer e professor da Escola de Belas Artes da UFRJ. Como artista, atua diretamente com a urgência urbana – o que precisa ser feito, dito ou visto. Ao longo dos últimos 20 anos, participou de exposições e eventos no Brasil e no mundo. Apresentou exposições e performances no Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro; Museu Imperial de Petrópolis, Rio de Janeiro;  Fundação Serralves, Portugal; 10ª Bienal de Havana, Cuba; 2ª Bienal do Fim do Mundo, Ushuaia, Argentina; Museu Het Domain, Sittard, Holanda; 29ª Bienal de São Paulo; Tate Gallery, Londres; Centro Galego de Arte Contemporânea, Santiago de Compostela, Espanha; Art Basel, Miami; 4ª Bienal de Porto Santo, Arquipélago da Madeira, Portugal; Neue Berliner Kunstverein, Berlim. Em 2005, realizou a performance “Fumacê do Descarrego” no Ano do Brasil na França, durante o evento Nuit Blanche em Paris. Em 2012, no Ano do Brasil em Portugal, foi convidado como curador e artista do projeto “Tranza Atlântica” em Guimarães. No ano seguinte, participou da Feira do Livro de Frankfurt, durante o Ano do Brasil na Alemanha. Recebeu diversos prêmios, entre eles: Prêmio Interferências Urbanas em Santa Teresa; Prêmio Projéteis em Arte Contemporânea, da Funarte; Prêmio Marcantonio Vilaça, também da Funarte; Prêmio Iberê Camargo; Prêmio da Secretaria de Cultura do Rio de Janeiro, entre outros. Em outubro, o artista fará uma exposição individual na Casa Brasil.

Niki de Saint Phalle na Casa Fiat de Cultura.

Mostra é destaque na Temporada França Brasil 2025 e apresenta, ao  público brasileiro, obras originais e provocativas de uma das primeiras  mulheres a integrar a vanguarda artística do século XX.

Visionária, provocadora e profundamente engajada, Niki de Saint Phalle marcou a arte do século XX com obras que desafiam preconceitos, rompem silêncios e celebram a liberdade das mulheres. Até 02 de novembro, a Casa Fiat de Cultura, Belo Horizonte, MG, apresentará os trabalhos dessa artista franco-americana numa exposição inédita no Brasil, que revela a potência transformadora de sua criação. A mostra “Niki de Saint Phalle. Sonhos de Liberdade” reúne 67 obras, sendo 66 do acervo do MAMAC(Museu de Arte Moderna e Arte Contemporânea de Nice), na França, e uma obra da Pinacoteca do Estado de São Paulo, que sai pela primeira vez do museu desde que foi adquirida, em 1997. O público poderá apreciar suas esculturas, assemblages e as icônicas “Nanas”, a maioria delas nunca exibidas no Brasil. A mostra conta com a parceria da Prefeitura de Nice e do MAMAC, e com a colaboração da Niki Charitable Art Foundation e do grupo 24 Ore Cultura, de Milão.

Com curadoria de Olivier Bergesi e Hélène Guenin, a exposição propõe um encontro com a narrativa poética de Niki de Saint Phalle (1930-2002). Sua produção potente e imaginativa continua a inspirar novas gerações, não apenas por sua estética ousada, mas pela capacidade de transformar sofrimento em beleza, denúncia em esperança, exclusão em potência. Suas obras são um hino à liberdade, à alegria e à diversidade, e, por isso, seguem tão atuais. “Ela aborda temas sociopolíticos “antigos”, como a violência sexual, a opressão das mulheres, a guerra e as relações de poder – assuntos ainda extremamente atuais”, como afirma o curador Olivier Bergesi, do MAMAC.

Em “Niki de Saint Phalle. Sonhos de Liberdade na Casa Fiat de Cultura”, o público é convidado a percorrer diferentes momentos da vida e da obra da artista, desde seus primeiros experimentos artísticos até suas esculturas de grande porte, passando por fases marcadas por dor, experimentação, cura, celebração e engajamento social. A mostra combina obras históricas, registros audiovisuais e ambientações, que dialogam com a vibrante linguagem visual da artista.

A exposição “Niki de Saint Phalle. Sonhos de Liberdade” é uma realização da Casa Fiat de Cultura e do Ministério da Cultura, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Conta com o patrocínio da Stellantis, Fiat, copatrocínio da Stellantis Financiamentos, Banco Stellantis, Banco Safra e da Sada. A mostra  tem apoio institucional do Circuito Liberdade, além do apoio do Governo de Minas e do Programa Amigos da Casa.  Tem parceria internacional com o MAMAC (Museu de Arte Moderna e Contemporânea de Nice) e a Prefeitura de Nice, e com colaboração da 24 Ore Cultura (Milão) e da Niki Charitable Art Foundation.

Visita temática “Niki de Saint Phalle” | Das rosas, espinhos com amor.

20 e 21 de setembro, às 16h, na Casa Fiat de Cultura.

Entre cores intensas, formas monumentais e símbolos carregados de significado, a obra “Trilogia dos Obeliscos”, de Niki de Saint Phalle, surge como gesto de alerta, indignação e afeto. Criadas em um contexto marcado pela pandemia de HIV/Aids, as esculturas transformam dor, estigma e sofrimento em expressão artística, afirmando a força do cuidado e da solidariedade. Ao se aproximar das obras, o público será convidado a refletir sobre a fragilidade humana e perceber como cada detalhe traduz a importância da empatia e do afeto. Vagas limitadas, com inscrições na recepção da Casa Fiat de Cultura.

Entre a abstração e a figuração.

04/set

A Galeria Candido Mendes Ipanema, apresenta a abertura de “A Dois”, mostra individual de Benjamin Rothstein. Com curadoria de Denise Araripe, texto crítico de Daniele Machado e produção de Marcelo Rezende, a mostra reúne 20 pinturas inéditas de técnicas variadas resultado de uma trajetória de mais de uma década de carreira do artista carioca. Benjamin Rothstein figura em uma tradição pictórica que tem o diálogo com o espectador como parte do conceito da obra e essa relação será a temática da presente exposição. Oscilando entre a abstração e a figuração, o pintor toma a forma como um elemento poético, desfazendo-a e reconstruindo-a entre as áreas de cada composição, inclusive resguardando o vazio como uma articulação para a elaboração do ritmo. O inusitado e o acidental, com ironia e humor, provocam o espectador a deixar a contemplação para ganhar uma postura ativa a cada obra.

Além da mostra, a programação inclui no dia 13 de setembro visita guiada e roda de conversa com o artista e a curadora. No dia 18, além da visita guiada com o artista, a mostra apresentará vídeos com animações de algumas obras, na galeria. E o  encerramento, no dia 27,  conta com o lançamento do catálogo digital, ampliando a experiência para além das paredes da galeria.

A fala do artista.

“Para mim, a pintura nasce sempre de um diálogo, um embate íntimo com o desconhecido, onde o gesto responde antes da palavra. Nas minhas obras, formas se desfazem e se recompõem em camadas temporais. Personagens, elementos e situações emergem do passado, atravessam o presente e, por vezes, anunciam o futuro, convivendo na mesma superfície. O vazio e a ausência são questões centrais no meu trabalho, funcionando muitas vezes como parte estrutural da pintura: respirações que sustentam seu ritmo e abrem frestas para elementos da memória e da imaginação, que se fundem e se completam com o olhar do espectador, que lhe atribui novos sentidos”.

Sobre o artista.

Benjamin Rothstein nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 1953, cidade onde vive e trabalha. Artista visual, dedica-se especialmente à pintura. É formado em Arquitetura (Universidade Santa Úrsula, RJ) e, desde 2009, estuda na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Rio de Janeiro, com os professores André Sheik, Anna Bella Geiger, Bruno Miguel, Fernando Cocchiarale, João Magalhães, Luiz Ernesto, entre outros. Em sua obra, aborda questões em torno do tempo, como o anacronismo, a melancolia, a saudade, entre outros. Com cerca de 15 anos de carreira, já participou de dezenas de exposições, entre as quais destacam-se as individuais na Galeria Thomas Cohn (São Paulo, SP, 2010) e na Galeria Patricia Costa (Rio de Janeiro, RJ, 2015). Seus trabalhos já foram apresentados em mostras coletivas em instituições públicas e privadas, como o Centro Cultural da Justiça Federal (Rio de Janeiro, RJ), Centro Cultural dos Correios (Niterói, RJ), Espaço Zagut (Rio de Janeiro, RJ), entre outros. Sua obra integra diversas coleções particulares e acervos, como o do Museu Judaico de São Paulo (São Paulo, SP) e o da Fundação Iberê Camargo (Porto Alegre, RS).

Um jogo de evocação de presenças.

Anderson Santos, em “A Vida Nua”, nova exposição na Paulo Darzé Galeria, Salvador, Bahia, com abertura no dia 04 de setembro e temporada até 27 de setembro, aprofunda sua investigação sobre a figura humana e a presença desta, explorando camadas de intimidade, memória e corpo no limiar entre o visível e o oculto. Pintor figurativo, que transita entre técnicas do óleo, acrílica, desenho à lápis, trabalhando principalmente sobre tela, cartão, madeira, e sendo um desenhista que utiliza o grafite ou o carvão sobre papel, e a pintura digital, vindo neste último caminho a desenvolver uma pintura e um desenho no iPad, adaptando a técnica tradicional para esta nova realidade digital, com isso realizando experimentos em vídeo, cartazes, e storyboards para cinema,

Obra marcada pela presença humana, principalmente a feminina, onde a imagem dentro da imagem está sujeita a manchas ou proporções que a distorcem, produzindo uma pintura expressiva, ao trazer a figura, em sua angústia e seu cotidiano, a uma posição central, tema logo visível desde o início de suas mostras em 2002, e nas diversas fases, séries, ou no assunto seguinte que elabora.

Em “A Vida Nua”, Anderson Santos apresenta trabalhos em pinturas a óleo, acrílica, e lápis sobre tela, incluindo ainda desenhos sobre papel Fabriano e Velata Avario. O texto do catálogo é de autoria de Tarcísio Almeida.

A fala do artista.

“A Vida Nua” é uma mostra que lança luz sobre a minha produção mais recente em pintura, com foco no óleo sobre tela. Apresento 21 obras, desenvolvidas desde o início da pandemia da COVID-19 até agora, atravessando um período de intensa transformação pessoal e coletiva. O ponto de partida dessa série foi o vídeo “A Vida Nua”, realizado em 2020, para um edital emergencial, durante a pandemia. Esse trabalho, recusado na ocasião, acabou seguindo outros caminhos: esteve na SP-Arte online, no festival Zona Mundi, na mostra “Raízes” no MUNCAB e, posteriormente, em “Floresta Negra”, em Belém, exposição contemplada com o Prêmio Branco de Melo em 2023. O vídeo era um brado de esperança para que minha família pudesse atravessar a pandemia com vida, ainda que conscientes de que a experiência do mundo seria irreversivelmente transformada. Apesar do confinamento, a sensação era de exposição extrema. A vida, reduzida a registros burocráticos – CPF, CNPJ, cartão de saúde, Green Pass – parecia nua diante da arbitrariedade do poder soberano. Nesse contexto, me aproximei da obra do filósofo Giorgio Agamben, especialmente “Homo Sacer – O poder soberano e a vida nua”. Percebi como, em situações de exceção, os direitos civis podem ser suspensos e a vida reduzida ao seu limite biológico. Porém, sendo um homem negro, entendo também que esse arranjo de poder sobre corpos como o meu não se restringe a períodos de exceção, mas se estende indefinidamente ao longo da história. As pinturas e desenhos de “A Vida Nua” partem desse lugar, mas não como ilustração de uma tese. Não tenho respostas prontas para o mundo em que vivemos. Traço corpos – em sua maioria femininos (porque carregam a possibilidade do vindouro) – que emergem no espaço da tela ou do papel em um jogo de evocação de presenças. Procuro diálogos silenciosos, como aqueles que vivenciamos com pessoas, plantas, lugares, animais e coisas que conhecemos há muito tempo: encontros, em que a simples presença mútua é capaz de revelar camadas de intimidade, memória, e a possibilidade de reinvenção de mundos. Se em “Floresta Negra” havia uma relação evidente com a tecnologia e a interação em realidade aumentada, criando uma espécie de jogo com o público, em “A Vida Nua” decidi me afastar dessas camadas tecnológicas mais explícitas para me concentrar no gesto pictórico, no encontro direto entre corpo e pintura. Ainda assim, em um arranjo sutil de artesania, boa parte das imagens que me serviram de referência foi criada a partir do meu encontro com ferramentas de geração de imagens por meio de redes neurais – as chamadas inteligências artificiais. Essas imagens de referência foram reelaboradas a partir de meu próprio acervo, possibilitando o surgimento de novas criaturas híbridas. A mostra se articula em três subséries: “Presença”, que se ocupa do corpo das imagens criadas artificialmente e da dificuldade inicial dessas ferramentas em lidar com um imaginário não branco; “Accra”, que aborda mais diretamente nossa relação com as tecnologias emergentes e o preço desse relacionamento para o corpo do planeta; e “Sobre a Vida”, onde me volto para o envelhecimento da minha família mais próxima. As três séries juntas nos questionam sobre o que é estar no mundo hoje, apesar de todos os nossos excessos, e o que significa estar realmente presentes. Para mim, “A Vida Nua” é uma exposição que reafirma o poder da pintura de ainda abrir mundos e de sustentar presenças. Mesmo diante da precariedade da vida, a figura vem se afirmar na sua potência radical – ou presença.

Primeira individual na Austrália.

03/set

O escultor Leo Stockinger vai apresentar pela primeira vez sua exposição “Vísceras – Corpo e Existência”, em Sydney, na Austrália, país onde vive desde 2005. A mostra seráinaugurada no próximo dia 26 de setembro na Scratch Art Space (Sydenham Rd, Marrickville). As obras poderão ser visitadas até o dia 05 de outubro. O artista já participou de mostras coletivas em Brasília e Paraty, e esteve em cartaz no início do ano com sua primeira mostra individual no Brasil, durante a Bienal do Mercosul. Estudou escultura na National Art School de Sydney e, incorporou influências diversas à sua produção, que reflete uma vivência multicultural e a busca por novas formas de expressão, sem perder a conexão com a tradição da escultura: “Expandi minha visão sobre a arte, absorvendo referências que vão da tradição indígena australiana à arte asiática e ocidental contemporânea”.

“Vísceras – Corpo e Existência” ganhou vida quando Leo Stockinger  encontrou um material vermelho de aspecto molhado e surpreendente plasticidade – um adesivo que evocava a matéria viva da carne e das vísceras. “Busquei corpos fossilizados nos troncos de árvores mortas na praia. Eram vestígios do tempo, restos esquecidos que carregavam histórias em suas fibras secas”, revela.

Da fusão desses elementos nasceram corpos escultóricos únicos, onde madeira e adesivo se incorporam em diferentes formas e tamanhos, ressignificando a matéria e transformando-a em arte. Onde o espectador é convidado a sentir o que só a alma é capaz de enxergar: “A carne agora pulsa novamente – não mais inerte, mas víscera viva, reconfigurada pela arte”, complementa o artista. Há beleza e desconforto. Atração e repúdio. Tesão e medo. Instigados pela profunda estranheza das vísceras expostas e em constante busca de padrões pré-estabelecidos, o espectador impacta-se diante do que cada corpo deseja comunicar. Gestos, sensações e formas fundidas em matéria e dúvida. As esculturas de Leo Stockinger ultrapassam a beleza plástica e nos fazem perguntas. Sobre gênero, energia sexual, culpa, posse, raiva, vergonha, relações e desejo. Corpo e mente cúmplices em cada peça do artista e naqueles que são tocados pela sua criação. Carne, signo, desejo, símbolo.

Textos assinados pelo crítico de arte Jacob Klintowitz e pelo artista Tom Isaacs, de Sydney, refletem sobre a poética e o impacto do trabalho de Leo Stockinger.

Sobre o artista

crítico de arte Jacob Klintowitz e pelo artista Tom Isaacs, de Sydney, refletem sobre a poética e o impacto do trabalho de Leo Stockinger, em Sydney, Austrália. Nascido em Porto Alegre, RS, Brasil, em 1980, radicou-se na Austrália há duas décadas, onde vive e trabalha. Leo Syockinger cresceu literalmente no meio da arte. Sua herança começa na família, com seu avô, Francisco (Xico) Stockinger, reconhecido escultor, que exerceu uma influência fundamental em sua vida. Desde menino, frequentava o ateliê e, imerso naquele ambiente mágico, via formas surgindo do gesso, do barro, do metal e da madeira. Aprendeu os fundamentos da escultura e, ainda jovem, estudou também desenho com o pintor Danúbio Gonçalves, consolidando seu olhar sobre traços e sombras. Embora tenha iniciado sua trajetória acadêmica estudando Direito no Brasil, Leo Stockinger optou por seguir seu verdadeiro chamado, dedicando-se integralmente às artes. Sua formação na National Art School consolidou sua pesquisa escultórica, permitindo-lhe aprofundar a exploração da forma e da matéria. Em abril de 2025, trouxe para Porto Alegre-RS, Brasil, dentro do Projeto Portas Abertas – Fundação Bienal do Mercosul, a exposição “Vísceras-Corpo e Existência”, uma  realização da Galeria de Arte Stockinger.

Curso com Manuela Eichner.

Antiarte colagem e subversão no MAM São Paulo.

Programação: Colagem e Surrealismo, O surgimento da colagem, Dadaísmo, Colagem e Pop-art, Colagem e fotografia.

Datas: 25 de setembro, 02, 09 e 16 de outubro.

Curso online – Ao vivo, via plataforma de videoconferência – Aulas gravadas disponibilizadas apenas por tempo determinado – Contempla certificado no final.

O curso abordará a colagem em perspectiva analisada pelo trabalho e desenvolvimento da técnica por artistas de vanguarda. Arranjadas por uma linha de tempo não histórica, as aulas traçam as contribuições de artistas/ativistas, não só na técnica da colagem, mas para as discussões de gênero, insurgência e provocações da sociedade de suas épocas. Público-alvo: artistas, interessados em criatividade e na técnica da colagem.

Curso com Manuela Eichner.

Sobre a ministrante.

Manuela Eichner é artista multifacetada, formada em Escultura pela UFRGS. Natural de Arroio do Tigre, vive e trabalha entre São Paulo e Berlim. Sua prática abarca vídeos, performances, oficinas colaborativas, instalações, murais e experiências ambientais. Nessas diferentes frentes, recorre sistematicamente a princípios de colagem, ruptura e embaralhamento da unidade espacial. Participou de diversos programas pelo mundo, como Rumos Itaú Cultural, Utropic em Poznań, ZK/U em Berlim, AnnexB e Brooklyn Brush em Nova York, Arte Pará em Belém, Art Madrid Feria em Madrid, JUNTA Festival Internacional de Dança de Teresina, Piauí, In[s]urgências 2018 no AGORA Collective, Berlin, Fikra Bienal de Design Gráfico em Sharjah, IASPIS Residência em Malmö, CND Centre National de la Danse em Paris e Karaôke Infinito no Museu da Língua Portuguesa em São Paulo.

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