Interações e tensões plásticas.

04/fev

 

A Nara Roesler São Paulo convida para abertura, em 06 de fevereiro, da exposição “A Cor entre Linhas”, que investiga a relação dinâmica entre cor e linha, suas mútuas interações e tensões plásticas, presentes nas obras de grandes artistas, de diferentes linguagens: Abraham Palatnik, Amelia Toledo, Antonio Dias, Artur Lescher, Carlito Carvalhosa, Fabio Miguez, Jose Dávila, Milton Machado, Mira Schendel, Sérgio Sister, Tomie Ohtake.

A mostra tem como ponto de partida a instalação inédita “Entrelinhas”, em latão e linhas de multifilamento, medindo 5 metros de altura, por 5,90 metros de largura e 8,40 metros de comprimento, criada especialmente por Artur Lescher para o projeto, idealizado pelo Núcleo Curatorial da Nara Roesler.

Abraham Palatnik, nome fundador da arte cinética, explorou esses elementos plásticos visando à obtenção de dinamismo e jogos óticos, que terminavam por engajar o espectador na composição, que assim passa a ter uma relação mais ativa com a obra. Nas pinturas de Tomie Ohtake, por seu turno, a relação entre linha e cor se dá de modo tácito, meditativo, com amplas áreas cromáticas, compostas de discretos tonalismos, entrecortadas por linhas absolutas e sinuosas. Já Amelia Toledo enxerga essa relação principalmente através da linha do horizonte, que explora por meio de paisagens nas quais retém apenas os elementos essenciais, trabalhando dessa forma no limite entre figuração e abstração.

No trabalho de Mira Schendel, a linha se apresenta de maneira caligráfica, em especial em suas monotipias, realizadas a partir da década de 1960, e feitas sobre papel de arroz. Essas obras apresentam traços, linhas e grafismos que parecem flutuar ante o fundo branco do suporte, servindo, ao mesmo tempo, como material precípuo da comunicação escrita e signo visual independente. Dentre os artistas que participaram do processo de retomada da pintura em uma chave contemporânea a partir da década de 1980, integram a mostra Sérgio Sister, Fabio Miguez e Carlito Carvalhosa. No trabalho do primeiro, a relação entre linha e cor extrapola o plano pictórico, se detendo também na tridimensionalidade, de modo que sua poética termina por contribuir para a ideia de pintura expandida. Carlito Carvalhosa, por seu turno, utiliza como suporte chapas de alumínio espelhadas ou mesmo espelhos, sob os quais aplica matéria pictórica, por vezes através de grandes áreas de cor, e seu gestual acaba por se fazer presente em linhas que imprime sobre a matéria, destacando o que está “por baixo” da cor. Em Fabio Miguez, na sua produção mais recente, a relação entre linha e cor caminha na projeção de espacialidades e arquiteturas, em que o artista faz releituras de pinturas de grandes mestres do Renascimento italiano, porém removendo das cenas os personagens e conservando apenas as situações espaciais.

Em Milton Machado, o conjunto de telas “Terras”, que parecem evocar as cores e formas de tijolos, é composto de um fundo marrom e grids que vão de tons do vermelho ao preto. A matéria-prima empregada é pó de tijolo macerado, e o trabalho faz portanto menção ao material que pretende evocar. Jose Dávila, cujo principal interesse poético consiste em explorar tensões e equilíbrios resultantes da relação de materiais díspares, revisita a história da arte construtiva buscando composições formadas por linhas, planos e cores. Ao inserir, lado a lado, trechos desses trabalhos referenciais, acaba enfatizando a sensação de incompletude gerada por essa composição. Artur Lescher traz a exploração da relação entre linha e cor para o âmbito escultórico, objeto primordial de sua poética, levando em conta sobretudo a relação com o espaço.

Em cartaz até 15 de março.

Carlito Carvalhosa em retrospectiva.

16/jan

Nesta primeira exposição retrospectiva da obra instalativa do artista Carlito Carvalhosa (1961-2021) no Sesc Pompeia, São Paulo, SP, as obras estão remontadas conforme o projeto original. Ocupando o galpão principal do espaço projetado por Lina Bo Bardi, foram selecionadas quatro obras que evocam os principais materiais utilizados pelo artista em suas instalações: postes de iluminação pública, lâmpadas fluorescentes, tecidos e gessos, além das ativações sonoras.

Curadoria de Luís Pérez-Oramas e Daniel Rangel, e curadoria adjunta de Lúcia Stumpf.

Até 9 de fevereiro.

Giros e afetos por vinte artistas.

31/out

A galeria Nara Roesler São Paulo apresenta, a partir de 31 de outubro, a exposição “Giros e Afetos, Arte Brasileira 1983-1995″, com aproximadamente 40 obras criadas neste período por 20 artistas: Amelia Toledo, Angelo Venosa, Antonio Dias, Brígida Baltar, Cao Guimarães, Carlito Carvalhosa, Carlos Zílio, Cristina Canale, Daniel Senise, Fabio Miguez, José Cláudio, Karin Lambrecht, Leda Catunda, Leonilson, Marcos Chaves, Paulo Bruscky, Rodrigo Andrade, Sérgio Sister, Tomie Ohtake e Vik Muniz.

As obras foram selecionadas por Luis Pérez-Oramas e o núcleo curatorial da Nara Roesler, e têm diferentes tamanhos, técnicas e pesquisas, em pinturas, aquarelas, desenhos, esculturas e bordados, que mostram que “…entre voltas e afetos, ainda que compartilhando o mesmo momento histórico, e, embora aparentemente semelhantes, os artistas e suas obras são únicos e irrepetíveis, e cada um deles inaugura uma temporalidade específica”.

Para os curadores, “…em sua tentativa ilusória de se tornar científica, a história da arte esquece que, durante séculos, suas realizações foram reguladas, explicadas e sustentadas por uma teoria dos afetos, também chamada de teoria das paixões”. No percurso proposto, o público poderá ver o que aproxima e o que distancia esses trabalhos.

Até 18 de janeiro de 2025.

Resgate da obra de Carlito Carvalhosa.

24/out

A cidade de São Paulo será palco de duas grandes exposições que resgatam a obra de Carlito Carvalhosa. A Natureza das Coisas, no Sesc Pompeia, e A Metade do Dobro, no Instituto Tomie Ohtake, reafirmam o seu protagonismo na cena artística contemporânea brasileira das últimas décadas e oferecem ao público um panorama abrangente de seu percurso criativo. Será uma oportunidade única de revisitar momentos fundamentais da trajetória do artista, falecido prematuramente em 2021, aos 59 anos.

Além das retrospectivas, em exibição nos espaços até fevereiro, estão previstas mais três iniciativas. Codiretora do documentário Lixo Extraordinário, que concorreu ao Oscar em 2011, a pernambucana Karen Harley prepara um filme sobre a vida e a obra de Carvalhosa. Já a Nara Roesler Livros publicará, em dezembro, um livro com extensa monografia dedicada à produção do artista. Paralelamente, a editora Supersônica apresenta um audiocatálogo de arte, formato inédito no Brasil, no qual artistas, críticos e amigos de Carvalhosa fazem “audiodescrições afetivas” de algumas de suas obras e relembram marcos importantes de sua vida. O audiocatálogo será instalado como uma obra sonora na exposição do Instituto Tomie Ohtake e estará disponível nas principais plataformas de streaming.

Essa revisita ao trabalho do artista se articula em dois movimentos separados, porém complementares, organizados em torno do Acervo Carlito Carvalhosa – criado por sua viúva Mari Stockler e filhas com o intuito de pesquisar, divulgar e preservar sua produção – e articulados em uma ampla rede colaborativa, em curadoria costurada a muitas mãos. Enquanto a mostra A Natureza das Coisas, do Sesc Pompeia, apresenta algumas de suas mais potentes instalações, acompanhadas por um conjunto denso de projetos, desenhos e estudos preparatórios, a exposição A Metade do Dobro, no Instituto Tomie Ohtake, reúne sobretudo trabalhos bidimensionais e escultóricos – acompanhados sempre de vasto material de arquivo -, refazendo o percurso do artista desde os primeiros movimentos de juventude até criações mais recentes e confirmando o caráter experimental e diverso de sua produção.

Carlito Carvalhosa explorou um leque muito amplo de técnicas artísticas: pintura, gravura, colagem, escultura, instalação. Trabalhou com materiais variados e muitas vezes inusitados: papel, gesso, tecido, alumínio, cerâmica, copos de vidro e um tecido leve, o TNT (Tecido Não Tecido). Para Luis Pérez-Oramas, poeta e historiador da arte venezuelano que assina a curadoria das duas exposições, em conjunto com outros pesquisadores brasileiros, a obra de Carvalhosa uniu “em uma síntese inesperada as polaridades irreconciliáveis da modernidade brasileira: a linguagem concreta e a matéria informe”.

Até 09 de fevereiro de 2025.

Acervo em Araraquara

03/out

 

A mostra “Ausente Manifesto” é uma parceria do Museu de Arte Moderna de São Paulo e o Sesc São Paulo, Araraquara, São Paulo, SP, permanecerá em cartaz até 11 de dezembro e reúne obras do acervo do MAM-SP e de seu clube de colecionadores. As obras escolhidas inspiram a premissa da ausência percebida, evidenciam o que não está presente ao espectador, remontando ao que está invisível e que pode ser imaginado, ganhando concretude a partir do olhar do público.

“Ausente Manifesto”, com curadoria de Cauê Alves – curador do MAM, e Pedro Nery – museólogo da instituição, traz o trabalho de artistas contemporâneos que transpõem as divisões sedimentadas das linguagens artísticas, trazendo à tona um jogo entre desenho e instalações, vídeo e imagem, fotografia e representação.

Os trabalhos selecionados ganham concretude a partir do olhar do público, como no caso da obra de Regina Silveira, que projeta uma sombra de um móbile de Alexander Calder esparramando pela parede, distorcendo a peça que está ausente; ou Mácula, de Nuno Ramos, que mostra uma foto tirada diretamente para o sol e que revela um halo de luz, com inscrições em braile, criando visualidade de uma experiência primordial de significação. No jogo irônico da obra Working Class Hero, da série The Illustration of Art, de Antonio Dias, o artista se filma comendo um prato de arroz e feijão e depois lava a louça usada, colocando em questão a idealização simbólica da produção artística e do museu. “Assim, é das próprias obras que temos a experiência de espectadores da produção simbólica, e de seu questionamento”, dizem os curadores. O telhado de Marepe faz uma miragem de uma casa completa, com janelas, paredes e portas, e na obra de Damasceno é possível ver um homem que olha um quadro feito do instrumento que permite desenhar, dessa forma, o olhar do público é que confirma e atribui essas condições.

Na exposição, sente-se a ausência do objeto e, ao mesmo tempo, é possível imaginá-lo pendurado ali. Esse preenchimento é justamente o universo simbólico pretendido. “Falar do que não está presente é, na verdade, o tema central do museu. Os objetos expostos, guardados e preservados, estão lá por seus valores simbólicos, por exemplo, um simples lápis quando entra para a coleção de um museu, deixa de servir à escrita e passa apenas a atender ao olhar do visitante”, comentam os curadores.

A exposição reforça um caráter inusitado e, por vezes irônico, da arte contemporânea em deturpar a lógica de representação dos objetos que são reconhecidos por suas utilidades, estabelecendo, dessa forma, uma ordem diferente entre o que é representar e criar. A arte é produtora do simbólico de nascença, ou seja, quando criada ela não tem uma utilidade prática.

Artistas que integram a mostra: Adriana Varejão, Angela Detanico, Anna Bella Geiger, Antonio Dias, Cao Guimarães, Carlito Carvalhosa, Cinthia Marcelle, Coletivo Garapa, Dora Longo Bahia, Ernesto Neto, Fabiano Marques, Fabrício Lopez, Gabriel Acevedo Velarde, Gilvan Barreto, Jonathas de Andrade, José Damasceno, José Patrício, Lenora de Barros, Lucia Koch, Marcius Galan, Marepe, Matheus Rocha Pitta, Mídia Ninja, Milton Machado, Milton Marques, Nelson Leirner, Nuno Ramos, Rafael Lain, Regina Silveira, Rivane Neuenschwander, Romy Pocztaruk, Sara Ramo, Tadeu Jungle, Thiago Bortolozzo, Thiago Honório e Waltercio Caldas.

 

Livro de Afonso Tostes na Mul.ti.plo

02/mai

 

 

Afonso Tostes lança o primeiro livro sobre sua obra, na Galeria Mul.ti.plo, Leblon, Rio de Janeiro, RJ. “Entre a cidade e a natureza” revê a trajetória do artista a partir de imagens de sua obra e relatos sobre o processo de trabalho, desde o início de sua produção até os dias de hoje.

 

Lançamento ocorre no dia 03 de maio, às 18h, em meio à exposição “As coisas que ainda existem”, onde ele apresenta trabalhos inéditos em carvão.

 

Editado pela Cobogó, “Entre a cidade e a natureza” revê a trajetória do artista a partir de imagens de suas obras e relatos sobre o seu processo de trabalho, desde o início de sua produção até os dias de hoje.

 

Sobre o organizador

 

Daniel Rangel é mestre e doutorando em Poéticas Visuais da Escola de Comunicações e Artes da USP, graduado em comunicação social em Salvador, Bahia. Foi diretor-artístico e curador do Instituto de Cultura Contemporânea (ICCo) em São Paulo, diretor de Museus do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia, da Secretaria de Cultura do Governo do Estado e atuou como assessor de direção do Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA). Desenvolveu projetos curatoriais para a 8ª Bienal de Curitiba, Brasil (2015), a 16ª Bienal de Cerveira, Portugal (2013) e a 2ª Trienal de Luanda, Angola (2010). Realizou ainda curadorias de mostras individuais de importantes artistas brasileiros, como Tunga, Waltercio Caldas, José Resende, Ana Maria Tavares, Carlito Carvalhosa, Eder Santos, Marcos Chaves, Marcelo Silveira, Rodrigo Braga e Arnaldo Antunes, e com este último recebeu, pela mostra “Palavra em Movimento”, o prêmio APCA 2015, de Melhor Exposição de Artes Gráfica.

 

Sobre o artista

 

Afonso Tostes nasceu em 1965, em Belo Horizonte. No final dos anos 1980, mudou-se para o Rio e iniciou os estudos na Escola de Artes Visuais (EAV) do Parque Laje, onde foi aluno de Daniel Senise, Charles Watson, entre outros. Começou sua trajetória com a investigação de formas orgânicas, inicialmente tendo como suporte a pintura e, mais tarde, voltando-se para a escultura. Sua primeira individual foi feita em 1996, no Centro Cultural São Paulo, onde mostrou suas pinturas. Em 2000, expôs telas de grandes dimensões no Paço Imperial, no Rio. Foi em 2001 que mostrou suas esculturas, na galeria carioca Paulo Fernandes. Desde então, mostra os desdobramentos de sua pesquisa escultórica em exposições como a Bienal do Mercosul (2005), a individual Baque Virado (MAM-RJ, 2011), entre outras. Atualmente vive e trabalha em São Paulo.

 

 

 

 

 

Três artistas no Sesc/Guarulhos

13/mai

A luz natural invade os quadrados de vidro que formam a
cobertura transparente do Sesc Guarulhos, SP. A unidade, erguida
com investimento de 180 milhões de reais, foi inaugurada dia 11.
Em um momento de prováveis cortes de verbas para o Sistema S,
o prédio de 34 200 metros quadrados assinado pelo escritório Dal
Pian Arquitetos finca bandeira em um ponto inédito nos arredores
de São Paulo e, de quebra, passa a atender também a população
da Zona Norte, que contava só com o Sesc Santana.
O novo complexo tem uma das maiores variedades de ambientes.
No saguão de entrada: “Já Estava Assim Quando Cheguei”, de
Carlito Carvalhosa, é um bloco de gesso com mais de 2 toneladas.
Do ladinho, observa-se no 2º piso, “Tintas Polvo”, de Adriana
Varejão, que fala de um tema caro ao Brasil e ao Sesc:
diversidade. No ginásio fica a pintura “Paisagem Desaguando”,
de Janaina Tschäpe.
Fonte: (Veja/SP).

Rodrigo Andrade na Pina Estação

18/dez

A Pinacoteca de São Paulo, instituição da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, inaugurou a exposição retrospectiva da obra de Rodrigo Andrade no quarto andar da Pina Estação. A Pina Estação fica próxima à estação Luz da CPTM, vizinha à Sala São Paulo. Com curadoria de Taisa Palhares e patrocínio do Banco Credit Suisse, “Rodrigo Andrade: Pintura e matéria (1983-2014)” reúne pela primeira vez um conjunto de mais de 100 trabalhos, apresentando uma visão abrangente de sua carreira, desde 1983 até os últimos cinco anos de sua produção. Entre os trabalhos apresentados destacam-se as obras de sua fase abstrata, quando Andrade começa a usar o estêncil, além de pinturas da série “Matéria noturna”, expostas na 29ª Bienal. A exposição vem dar continuidade às mostras de revisão de carreira de artistas que emergiram no cenário brasileiro durante a década de 1980, que a Pinacoteca realiza há mais de dez anos. Vale lembrar que entre as obras apresentadas, está uma instalação criada exclusivamente para o prédio da Pina Estação, seguindo a produção de intervenções pictóricas realizadas pelo artista nos anos 2000 em espaços públicos, como “Lanches Alvorada”, “Paredes da Caixa” e “Óleo sobre”. Um catálogo da exposição será publicado com reproduções de obras, um ensaio da curadora e um texto de Michael Asbury, autor convidado.

 

 

Sobre o artista

 

Andrade é um pintor paulistano, nascido em 1962, que iniciou sua trajetória artística em 1977, período em que estudou gravura com Sergio Fingermann. Na década de 1980 formou o grupo conhecido como Casa 7, que incluía Nuno Ramos, Fabio Miguez, Carlito Carvalhosa e Paulo Monteiro. Sua produção inicial foi marcada pela observação dos comics norte-americanos e de pintores como o canadense Philip Guston. Em seguida, sua pintura passa a se identificar com uma produção então chamada de “matérica”, por valorizar o acúmulo de tinta e de outros elementos no suporte (papelão, madeira, etc), bem como a gestualidade ao preencher a superfície da pintura.

 

Até 12 de março de 2018.

Rodrigo de Castro, primeira individual

04/mai

A Um Galeria, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, inaugura, no dia 09 de maio, a primeira exposição individual no Rio de Janeiro do artista plástico Rodrigo de Castro. Com curadoria de Vanda Klabin, serão apresentadas cerca de 15 pinturas inéditas, em óleo sobre tela, produzidas este ano. Mineiro, o artista atualmente vive em São Paulo e é filho do consagrado escultor Amilcar de Castro.  

 

“Ao longo de dezessete anos de atividade artística, a sua gramática pictórica se transformou em um campo fértil de pesquisa e inovações. O artista investiga a relação fluida dos campos cromáticos, contrapõe ritmos e problematiza o espaço interno aliado a um rigoroso jogo de derivações geométricas”, afirma a curadora Vanda Klabin, que acompanha a trajetória de Rodrigo há muitos anos, pois era muito próxima de seu pai, de quem fez diversas curadorias.

 

Rodrigo de Castro participou de importantes exposições coletivas no MAM Rio, no Centro Cultural São Paulo e na Funarte, onde foi premiado no 11º Salão Nacional de Artes Plásticas, na década de 1990. Dentre seus projetos futuros, está a exposição “5 artisti brasiliani geometria”, que será realizada em novembro, no Palazzo Pamphilj, em Roma. A exposição, que também terá a participação de Maria-Carmen Perlingeiro, Suzana Queiroga, Luiz Dolino e Manfredo de Souzanetto, seguirá para a Casa-Museu Medeiros e Almeida, em Lisboa, em 2018.

 

 

 

Obras em exposição

 

Rodrigo de Castro apresentará sua mais recente produção, em que dá continuidade à pesquisa com as cores e o espaço, que vem desenvolvendo desde o início de sua trajetória. As linhas, as cores e as formas são elementos presentes em suas pinturas. “São diálogos com as áreas de cor, com a proporcionalidade delas”, explica o artista.

 

A maioria das pinturas possui cores fortes e vibrantes, mas haverá também algumas obras em preto e branco e outras com pequenos pontos de cor. “Como componente essencial, a cor é tratada pelas suas qualidades visuais, seja para organizar a superfície da tela, seja para dinamizar o ritmo da construção e da geometria, com infinitas possibilidades de ordenação do espaço. A construção de extensas áreas cromáticas, indicativas de suas luminosidades e contrastes, traz a predominância das cores primárias – vermelho, azul e amarelo – ou as não cores, preto, cinza e branco”, diz a curadora.

 

Além de formas geométricas e de grandes áreas de cor, linhas finas, com cores diversas, também estão presentes em várias pinturas. “As linhas não dividem as áreas, elas na verdade marcam ou delimitam mais a geometria, o estudo das áreas, as formas”, afirma o artista. A curadora Vanda Klabin completa: “A constante presença das linhas negras ou coloridas, dispostas de forma horizontal ou vertical, não representa linhas de força, mas serve para acentuar as relações métricas proporcionais e amplificar as zonas cromáticas. Todos os elementos que compõem o quadro tendem a se contrair ou a se dilatar até encontrar o seu equilíbrio, formando uma superfície homogênea, um verdadeiro plano geométrico”.

 

O artista destaca que suas pinturas possuem poucos elementos, mas que estes “conversam entre si”, sendo cada um deles fundamental para a construção do quadro. Seu processo de trabalho é longo. “Uso tinta a óleo, que demora para secar, então é um trabalho lento. Além disso, antes de pintar, há uma fase de estudo das cores, que não saem direto do tubo de tinta. O azul, por exemplo, misturo muito até chegar na tonalidade que quero, assim como o amarelo”, conta o artista.  

 

Rodrigo de Castro teve muitas influências em sua trajetória artística. “A formação do seu olhar tem referências culturais no ideário da tradição construtiva e na linguagem geométrica do neoplasticismo. Encontra ressonâncias nas obras de artistas que pontuaram a vanguarda da contemporaneidade, como Kazimir Malevich, Piet Mondrian, Josef Albers, Henri Matisse, Mark Rothko, entre outros. Rodrigo de Castro manifesta sua profunda admiração por Claude Monet e Vincent van Gogh – pela intensidade da cor de um lado e a poesia da luz, de outro. Segundo o artista, ambos realizam a mesma coisa: acordes perfeitos de luz e cor”, conta Vanda Klabin. Rodrigo ressalta que também recebeu influências do pai e de artistas amigos dele com os quais conviveu desde a infância. No entanto, ao longo de sua trajetória, foi criando uma linguagem própria. “Pintura é uma atividade solitária. Com o tempo, você vai deixando de lado as influências e descobrindo um caminho próprio”, diz o artista.

 

 

Sobre o artista

 

Rodrigo de Castro nasceu em Belo Horizonte, em 1953. Vive e trabalha em São Paulo. Iniciou sua carreira na década de 1980. Sua pintura é rigorosa, sugere precisão. Mas ele recusa a associação de seu trabalho com o matemático e o científico. Gosta do que chama de geometria sensível. Arte que vem da sensibilidade. Acredita que a vivência essencial do artista é com sua alma e consciência. Considera essencial nesse processo: a importância da prática, defende que o fazer ensina, que teoria só ensina teoria. Seu desafio é ser mais do que reprodução de uma teoria. O artista experimenta relações de cores, desequilíbrios, harmonia e estruturas não complementares. No geral, suas pinturas são produto de estudos. Pesquisa cujo ponto de partida é a busca de construção com áreas de cor que instalem relações de contraste, profundidade, vibração luminosa e espaciais. Artista premiado, no 11º Salão Nacional de Artes Plásticas, Funarte, no Rio de Janeiro e agraciado com o Prêmio Principal, no 13º Salão de Arte de Ribeirão Preto, Rodrigo de Castro participou de diversas mostras individuais e coletivas, no Brasil e no exterior, entre elas, uma exposição no MAM Rio, na década de 1990, ao lado de artistas como Nuno Ramos, Carlito Carvalhosa, Paulo Pasta, entre outros.

 

 

Sobre a curadora

 

A carioca Vanda Klabin é formada em Ciências Políticas e Sociais pela Puc/Rio e em História da Arte  e arquitetura  pela UERJ. Fez pós-graduação em Filosofia e História da Arte (PUC/Rio). Trabalhou como coordenadora adjunta da Mostra do Redescobrimento – Brasil 500 anos; diretora  geral do Centro de Arte Contemporânea Hélio Oiticica e coordenadora assistente do curso de pós graduação  em História da  Arte e Arquitetura  da PUC/Rio por muito  anos. Realizou diversas mostras coletivas  tais como A Vontade Construtiva na Arte Brasileira, 1950/1960, Art in Brazil 1950/2011, Festival Europalia – Palais des Beaux- Arts (Bozar) – Bélgica, Bruxelas, Outubro 2011, entre muitas outras. Responsável pela curadoria e montagem de diversas exposições de artistas nacionais e internacionais como: Iberê Camargo, Alberto da Veiga Guignard, Eduardo Sued, José Resende, Carlos Zilio, Frank Stella, Antonio Manuel, Mira Schendel, Richard Serra, Luciano Fabro, Mel Bochner, Guilhermo Kuitca, Amilcar de Castro, José Resende, Walter Goldfarb, Nuno Ramos, Jorge Guinle, Antonio  Bokel, Laura Belém, Niura Bellavinha, Alexandre Mury. Fernando de la Rocque, André Griffo, Joana Cesar, Leonardo Ramadinha,  Luiz Aquila, Alfredo Volpi,  Henrique Oliveira, Antonio  Dias, Lucia Vilaseca, Daniel Feingold, André Griffo, Maritza Caneca, Renata Tassinari, Célia Euvaldo,  entre outras.

 

 

Sobre a galeria

 

A Um Galeria foi inaugurada em dezembro de 2015, pela colecionadora Cassia Bomeny, com o objetivo de apresentar arte contemporânea, expondo artistas brasileiros e internacionais. A galeria trabalha em parceria com curadores convidados, procurando elaborar um programa de exposições diversificado. Tendo como característica principal oferecer obras únicas, associadas a obras múltiplas, sobretudo quando reforçarem seu sentido e sua compreensão. Explorando vários suportes – gravura, objetos tridimensionais, escultura, fotografia e videoarte. Com esse princípio, a Um Galeria estimula a expansão do colecionismo, com base em condições de aquisição, bastante favoráveis ao público. Viabilizando o acesso às obras de artistas consagrados, aproximando-se e alcançando um novo público de colecionadores em potencial. A galeria também abre suas portas para parcerias internacionais, com o desejo de expandir seu público, atingindo um novo apreciador de arte contemporânea, estimulando o intercâmbio artístico do Brasil com o mundo.

 

 

De 09 de maio a 24 de junho.

Gravuras na SP-Arte 2017

07/abr

A Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS, oferece ao público durante a SP-Arte de 2017, de 06 a 09 de abril, na Área de Museus e Centros Culturais no Pavilhão Ciccillo Matarazzo (Pavilhão da Bienal), Parque Ibirapuera, Portão 3, a oportunidade única de aquisição de obras gráficas de artistas contemporâneos, pequenas coleções desdobradas a partir de diferentes aproximações, tanto temáticas quanto técnicas.

 

Na curadoria elaborada pelo artista Eduardo Haesbaert (coordenador do Acervo e Ateliê de Gravura da instituição), foram selecionadas 232 cópias de gravuras realizadas por 31 artistas, dentre eles Tomie Ohtake, León Ferrari e Waltercio Caldas. A seleção estabelece uma amostragem abrangente dos 15 anos de atividades do Programa Artista Convidado do Ateliê de Gravura. A ideia foi gerar conjuntos que exibissem a diversidade de linguagens e poéticas, assim como momentos distintos na carreira dos artistas selecionados.
Desde a sua criação, o Programa Artista Convidado do Ateliê de Gravura da Fundação Iberê Camargo recebeu 99 artistas e, na feira SP-Arte de 2017, promoverá, pela primeira vez, a exibição de nove conjuntos de gravuras do total produzido.

 

Dentre os nove conjuntos, três deles são compostos por obras de um único artista: o tríptico de Regina Silveira, uma seleção de três gravuras de Waltercio Caldas, e quatro trabalhos de Marcos Chaves que formam um obra única. Os demais grupos reúnem trabalhos de 5 artistas, entre eles Antonio Dias, Nuno Ramos, Shirley Paes Leme, Nelson Leirner e Paulo Bruscky, explorando diferentes aproximações temáticas, históricas e formais.

 

 

Conjunto 1:

 

Formado por três latino-americanos: León Ferrari, Jorge Macchi e Liliana Porter, o conjunto apresenta gravuras desenvolvidas no ateliê da FIC durante a participação desses artistas em distintas edições da Bienal de Artes Visuais do Mercosul. Reflete, mesmo que de forma sutil, o forte teor político que marca sua produção. León Ferrari, aliás, já havia trabalhado junto ao antigo ateliê de Iberê Camargo e acredita-se que esta seja a última gravura realizada pelo artista em vida.

 

Conjunto 2:

 

Numa seleção de quatro trabalhos que formam um obra única – quase um objeto – este conjunto representa a criação de Marcos Chaves a partir de sua ideia de sinalização. Artista reconhecido por suas obras em foto, vídeo e instalações, foi incitado a traduzir sua poética para a técnica da gravura de forma inédita.

 

Conjunto 3:

 

O tríptico de Regina Silveira aqui reunido funciona como um índice para nos aproximarmos de sua obra, que joga com as questões de luz, projeção e sombra. A artista, aluna de Iberê Camargo na década de 1960, produziu estas gravuras enquanto trabalhava em sua exposição solo “Mil e Um Dias e Outros Enigmas”, realizada especialmente para a Fundação Iberê Camargo, em 2011.

 

Conjunto 4:

 

Artista de reconhecimento internacional, Waltercio Caldas nos oferece, através desta seleção de três gravuras, uma entrada para sua trajetória, marcada pelo rigor estético no uso da palavra e da linha. O conjunto apresenta uma amostragem da produção deste autor, homenageado em exposição monográfica inédita realizada na Fundação Iberê Camargo, em 2012, sob o título “O Ar Mais Próximo e Outras Matérias”.

 

 

Conjunto 5:

 

O conjunto apresenta uma seleção de 5 artistas contemporâneas aqui reunidas tanto pela diversidade de suas poéticas quanto pela potência comum de seus trabalhos: Shirley Paes Lemes, Karin Lambrecht, Ana Maria Tavares, Célia Euvaldo e Germana Monte-Mór. As gravuras apresentam desde a linguagem marcada pela matéria pura, como em Célia Euvaldo à quase evanescência de Shirley Paes Leme, passando pela espiritualidade encarnada de Karin Lambrecht.

 

Conjunto 6:

 

Este grupo reúne trabalhos de cinco artistas não habituados à técnica da gravura e aponta justamente para a experimentação presente na trajetória de cada um. Antonio Dias, Nelson Félix, Jorge Menna Barreto, Ricardo Basbaum e Carlos Fajardo estabelecem, assim, um diálogo na matéria e no verbo, com obras que trazem tanto a organicidade e o corpo, como em Nelson Félix, quanto a pura racionalidade de Carlos Fajardo.

 

Conjunto 7:

 

José Resende, Nelson Leirner, Paulo Bruscky, Carlos Zilio e Eduardo Sued, todos artistas de grande renome nacional, são “filhos” de uma mesma geração. Em ação desde os anos 60, cada um a seu modo desenvolveu uma atuação estética com alta carga política. Nesta seleção, se encontram explorando uma técnica pouco utilizada em suas obras: a gravura em metal.

 

Conjunto 8:

 

Este conjunto lança gravuras de cinco artistas, todos integrantes do grupo Casa 7, atuante em São Paulo na década de 80: Rodrigo Andrade, Nuno Ramos, Carlito Carvalhosa, Fábio Miguez e Paulo Monteiro. Responsáveis por uma revolução na pintura brasileira daquela época, hoje com carreiras individuais, nos brindam com suas experimentações na técnica da gravura, embora não deixem de nos remeter ao legado pictórico presente em suas trajetórias tão diversas.

 

Conjunto 9:

 

Formado pelos artistas Tomie Ohtake, Arthur Luiz Piza, Daniel Acosta, Daniel Senise e Marcelo Solá, este conjunto traz a produção em gravura de cinco artistas com abordagens completamente diversas. Revela representantes de diferentes gerações e fases de carreira artística. São obras que se aproximam da gravura a partir da tradição, como em Tomie Ohtake, utilizando os parâmetros canônicos da técnica, ou a partir da experimentação e inovação, presentes na serigrafia de Daniel Acosta ou no chine collé de Marcelo Solá.