“Frauenpower”

12/set

A Galeria Houssein Jarouche, Jardim América, São Paulo, SP, exibe “Frauenpower”, com curadoria de Paulo Azeco e 32 obras de diversos artistas que estão relacionados ao universo da Pop Art, como Andy Warhol, Anna Maria Maiolino, Barbara Wagner, Claudio Tozzi, Ivan Serpa, Marina Abramović, Nelson Leirner, entre outros. A mostra busca resgatar um percurso histórico das representações visuais da mulher, a partir das vanguardas da década de 1960, e discutir a idealização do corpo feminino, a criação de padrões estéticos, considerando os aspectos sociais e antropológicos dessas imagens.

 

Ao longo da década de 1970, a artista austríaca (radicada em NY) Kiki Kogelnik desenvolveu a série “Woman”, na qual formulava críticas sobre a imagem feminina tal qual era retratada na publicidade da época – ora frágil, ora sexualizada -, em trabalhos discretamente feministas, irônicos e com forte carga imagética Pop. Reconhecendo a arte como veículo de significação e comunicação visual, “Frauenpower” – expressão alemã utilizada para designar poder feminino – nasce de uma pesquisa sobre a produção desta artista, no intuito de investigar a figura da mulher e a influência da mídia na construção de um imaginário do corpo feminino.

 

Arquétipo da Vênus de Botticelli, o ideal de beleza e perfeição surge como referência para a construção dos processos de auto-imagem e consequente afirmação e negação. Este conceito é visto nos trabalhos de Marina Abramović, Sandra Gamarra e Lenora de Barros, os quais depositam, na figura da musa, seu contraponto. Além da imagem, o consumo também é abordado, no que se refere à objetivação dos corpos, sexualização e misoginia, além da influência imagética feminina sobre a figura masculina, levando à transcendência de limitações de gênero – como se observa também nas obras de Vânia Toledo, Nan Goldin e Carlos Vergara.

 

Nas palavras do curador Paulo Azeco: “Por fim, não se trata de uma mostra com cunho feminista, e sim uma celebração da força visual da mulher. Entender o encantamento que fez dessa figuração um dos principais temas de toda a História da Arte, analisando um espectro mais profundo que apenas a beleza do retrato”.

 

Artistas: Alex Katz, Allan D’Arcangelo, Andy Warhol, Anna Maria Maiolino, Barbara Wagner, Bob Wolfenson, Carlos Dadorian, Carlos Vergara, Cibelle Cavalli Bastos, Claudia Guimarães, Claudio Tozzi, Delima Medeiros, Ivan Serpa, Kiki Kogelnik, Lenora de Barros, Marina Abramović, Mel Ramos, Nan Goldin, Nelson Leirner, Russel Young, Tracey Emin e Vânia Toledo.

 

 

De 16 de setembro a 18 de novembro

No SESC Palladium/BH

04/set

“Tropicália 50 anos: Mais Do Que Araras” apresenta até 01 de outubro em Belo Horizonte, MG, obras de artistas contemporâneos de Hélio Oiticica, criadas entre 1960 e 1980. A exposição assinada pelo curador carioca Raphael Fonseca acontece gratuitamente no Sesc Palladium, até o dia 1°de outubro, e conta com programação de atividades paralelas.

 

“O mito da tropicalidade é muito mais do que araras e bananeiras: é a consciência de um não condicionamento às estruturas estabelecidas, portanto, altamente revolucionário na sua totalidade”. A frase é do artista carioca Hélio Oiticica, autor da instalação “Tropicália”, que completa 50 anos em 2017. Icônica a ponto de nomear o movimento artístico que explodiu com Caetano, Gil e companhia, a obra expandiu o conceito de arte e participação, deslocando o espectador de um lugar de fruição apenas contemplativo. Muitos artistas brasileiros também se enveredaram pelos mesmos caminhos de Oiticica e Lygia Clark, sem conseguirem, porém, o devido reconhecimento. Foi pensando nisso que o curador Raphael Fonseca idealizou esta exposição inédita.

 

Com entrada franca, a mostra ocupa a Galeria GTO com obras de 14 artistas de diferentes estados brasileiros, contemporâneos de Oiticica e Clark que também atravessaram, por meio da arte e da contestação política, os duros anos de chumbo. Ao todo, “Mais Do Que Araras” conta com 31 trabalhos que se amarram pelo eixo curatorial da arte participativa, de nomes como Anna Bella Geiger (RJ), Carlos Vergara (RJ), Edinízio Ribeiro Primo (BA), Neide Sá (RJ), Torquato Neto (AL) e Vera Chaves Barcellos (RS). A jovem artista Daniela Seixas completa a lista, mostrando como o peso histórico da Tropicália segue inspirando a criação contemporânea.

 

Vencedor do 5º Prêmio Marcantonio Vilaça, em 2015, o carioca Raphael Fonseca utilizou três linhas temáticas para a curadoria: a crítica em torno do estereótipo da tropicalidade e da identidade brasileira; a atenção dada ao corpo ativo para além da noção de espectador; e o interesse em obras que se encontram no limite entre a poesia e as artes visuais. Um dos objetivos da mostra, segundo o curador, é questionar a hegemonia da região Sudeste na história da arte no Brasil, por isso a escolha de artistas de vários estados. “A institucionalização desses agentes é assimétrica e demonstra a precariedade e a necessidade de mais pesquisas em torno dessa geração de artistas. Enquanto alguns têm uma produção sólida e reconhecida, outros ainda são vistos como fenômenos de atuação local e urgem por serem inseridos em narrativas mais abrangentes”, defende Raphael Fonseca.

 

Assim como Oiticica, os artistas selecionados trabalham com a ideia da interação do público com as obras de arte. O convite, então, é para que os visitantes criem conexões com as criações expostas na mostra. “Esperamos que as pessoas percorram o espaço da Galeria GTO e criem suas conexões formais, poéticas e temáticas entre imagens e diferentes anseios existenciais por parte desses artistas atuantes no Brasil, que nos ensinam que o fazer artístico durante esse período histórico era muito maior do que qualquer tropicalidade panfletária colorida contida nas figuras das araras”, diz o curador.

 

Ao promover e sediar a exposição, o Sesc em Minas reforça mais uma vez o compromisso de promover as manifestações artístico-culturais nacionais e de oferecer uma programação de qualidade, articulando ações de reflexão e formação a partir das mais diversificadas experiências estéticas e de um amplo trabalho de mediação cultural para públicos diversos. “A Galeria de Arte GTO, do Sesc Palladium, tem como proposta ser um espaço democrático que recebe periodicamente mostras de arte de artistas consagrados e de novos talentos, valorizando a produção de artes visuais mineira e nacional. A exposição “Mais Do Que Araras” reafirma a proposta curatorial do espaço, apresentando ao público artistas ligados à Tropicália, cujas produções influenciam a arte brasileira até os dias de hoje”, afirma a gerente de cultura do Sesc, Eliane Parreiras.

 

 

 

Programação paralela

 

Compondo a programação paralela da exposição “Mais Do Que Araras” serão oferecidas diversas atividades gratuitas nos espaços do Sesc Palladium, como o bate-papo com o curador Raphael Fonseca e com os artistas Anna Bella Geiger e José Ronaldo Lima (MG). Professora da Escola de Arte do Parque Lage, a artista carioca, hoje aos 84 anos, é uma das maiores expressões vivas da arte contemporânea dentro do contexto da Tropicália. Ela participou de uma leitura de portfólio, no dia 12 agosto, quando conversou com artistas previamente selecionados sobre seus trabalhos, propondo reflexões sobre as artes visuais, através de sua ótica e experiência.

 

Já José Ronaldo Lima foi uma acertada descoberta das pesquisas de Raphael Fonseca sobre expoentes tropicalistas em BH. Com trabalhos de 1969 expostos no Museu de Arte da Pampulha (MAP), o mineiro embarcou na arte participativa criando obras que brincam com o olfato e o tato. Segundo o artista, alguns trabalhos se perderam no MAP e estão sendo recriados para a exposição. No bate-papo, Lima e Geiger falaram sobre seus processos criativos e vivências artísticas.

 

No dia 19 de agosto, aconteceu um encontro com professores guiado pelos artistas/educadores Alison Rosa Loureiro e Fabíola Rodrigues. O objetivo é acolher profissionais que estejam interessados em um dia de imersão nas obras de “Mais Do Que Araras”, instaurando um ambiente de escuta, toque e olhar para o lugar da criação na prática educativa.

 

Para fechar a programação, a artista Daniela Seixas ministra o workshop “Quer Que Eu Desenhe? O Que É Preciso Dizer Várias Vezes”, no qual propõe um diálogo com o público onde desenho, escrita e interferência da palavra serão pensados juntos a um duplicador analógico (mimeógrafo), dando forma a pequenas publicações realizadas pelo grupo.

 

 

“Me Molde”

 

Além das atividades paralelas da exposição, o Sesc Palladium recebe a instalação “Me Molde”, do paraibano Martinho Patrício. Também focada no conceito de arte e participação, a obra fica exposta no foyer, pelo “Projeto Desvios”, até 17 de setembro. Trata-se de um conjunto de mesas desenhadas pelo artista onde o público pode participar ativamente a partir de recortes coloridos de tecido. Cada pedaço contém uma série de botões de pressão e o público pode tanto desenhar a partir de cada tecido, quanto também uni-los e fazer uma peça maior, que pode inclusive ser vestida.

 

Me Molde é uma obra onde o público pode participar ativamente, criando por meio de recortes coloridos de tecido os seus próprios “desenhos”, e utilizando o corpo como suporte. A instalação vai de encontro à pesquisa de Martinho Patrício sobre as relações entre cor, tecido e o corpo participativo dos visitantes.

 

 

Artistas da exposição “Mais Do Que Araras”

 

Anna Bella Geiger (Rio de Janeiro – RJ); Carlos Vergara (Rio de Janeiro – RJ); Edinízio Ribeiro Primo (Vitória da Conquista – BA); Falves Silva (Natal – RN); Jomard Muniz de Britto (Recife – PE); José Ronaldo Lima (Belo Horizonte – MG); Letícia Parente (Rio de Janeiro – RJ); Mario Ishikawa (São Paulo – SP); Neide Sá (Rio de Janeiro – RJ; Raymundo Colares (Grão Mogol – MG); Regina Silveira (São Paulo- SP / Porto Alegre – RS); Regina Vater (Rio de Janeiro – RJ); Torquato Neto (Teresina – PI); Vera Chaves Barcellos (Porto Alegre – RS).

 

 

Serviço

 

Exposição “Mais Do Que Araras”.

Visitação: até 01 de outubro. Terça a domingo, das 9h às 21h

Galeria GTO – Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro)

Entrada franca

 

Workshop “Quer que eu desenhe? O que é preciso dizer várias vezes”

Com Daniela Seixas

Dia 30 setembro | 10h às 12h | 14h às 16h | 18h às 20h

Foyer – Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro)

 

Instalação “Me Molde”

Com Martinho Patrício

Até 17 de setembro. De terça a domingo, das 9h às 21h

Foyer – Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro)

 

Legendas: Regina Silveira

Martinho Patrício

 

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Embarca-Ações virtuosas

20/jun

Intervenção urbana na Praça XV tem o objetivo de fazer as pessoas desacelerarem, com uma série de atividades, que incluem instalações artísticas, performances, música, dança, teatro, etc. Nesta terça-feira, dia 20 de junho, a Praça XV será ocupada das 15h às 20h, por uma grande intervenção urbana gratuita, que tem o objetivo de fazer as pessoas desacelerarem. Para isso, haverá instalações artísticas, performances, shows de música, dança, palestras, medição de pressão arterial, bike truck, etc. “O objetivo geral do projeto é realizar uma intervenção artística coletiva transformando um cenário urbano de passagens e correrias diárias em um campo imantado de ações virtuosas. Lançando o dia internacional do “decrescimento sereno” inspirado nas teorias de Serge Latouche (filósofo-economista francês) conclamamos os transeuntes – trabalhadores em seu retorno para casa a desacelerar as rotinas de angústias, des-Atenção e des-Afetos do dia-a-dia”, explica o curador Luiz Guilherme Vergara.  

 

Dentre os trabalhos apresentados estará a instalação “Fome”, de Carlos Vergara, composta por feijões que formam a palavra fome, a obra “Ambientes infláveis”, de Hugo Richard, a instalação “Faixa Democrática”, de Martha Niklaus, Suely Farhi e Adriana Maciel, a “Mandala de Sal Grosso”, de Jacira JL, entre outros. Haverá, ainda, o “coletor de angústias”, onde a artista Clarice Rosadas desenhará as angústias dos transeuntes.  Também haverá dança, teatro, massagens, medição de pressão arterial e muitas outras atividades gratuitas.  

 

O projeto nasceu da ideia das artistas – pesquisadoras, Lívia Moura (Mestrado Estudos Contemporâneos da Arte – UFF) e Gabriela Bandeira (Graduação em Artes – UFF), com curadoria de Luiz Guilherme Vergara, trazendo para dentro da sala de aula dos cursos de Graduação em Artes e Produção Cultural da UFF um convite para agir no mundo. Assim formou-se esta rede de ações coletivas de transfigurações de afetos no cotidiano. Inspirada também nas teorias de Serge Latouche do Decrescimento Sereno / Feliz, Lívia Moura traz a proposta de ação coletiva – “Vendo Ações Virtuosas” – ativando intervenções urbanas e iniciações humanas para uma alfabetização emocional”; Gabriela Bandeira, propõe um ativismo poético e afetivo, “Em-Barca”, coletando múltiplas respostas para a questão “Você já viu o mar hoje?”.

 

Propositalmente, o evento será realizado na Praça XV, com o objetivo de atingir as milhares de pessoas que entram e saem diariamente da estação das barcas.

 

Programação:

15h- Início da intervenção

– Venda de produtos e alimentos no triciclo Imantado da Vendo Ações Virtuosas

– Sessão “Lange-rir” com Leticia Mattoso (venda de langerie e bate- papo com drinks)

-Escultura de Suco Verde com Priscila Piantanida

 

Nuvens:

Ações que acontecerão entre, a favor e contra os fluxos dos transeuntes em direção às barcas

– Você já viu o mar hoje? com Gabi Bandeira

– Ambientes Infláveis com Hugo Richard

– Faça sua Fé: distribução gratuita de Santinhos com Carol Cortes

– Peça para Viver: Joana M Caetano e Ana Resende

– Sinapses: Grupo Icó, Dasha Lavrennikov e Nora Nóra Barna com grupo de graduação de artes e produção da UFF: mestrandos do Curso de Pós Graduação da UFF: Estudos Contemporâneos da Arte e Cultura e Territorialidade

– Conectores: Diana Koler e Rafa Éis

– Faixa DEMOCRÁTICA – Martha Niklaus, Suely Farhi e Adriana Maciel.

-Entrevistas com os transeuntes sobre o “Lançamento do Dia Internacional do Decrescimento Sereno” com estudantes de graduação da UFF. Sobre a pressa nossa de cada dia?

 

15h às 18h

Atividades sobre as “Mesas Baldias” de Nuno Sacramento:

-Tire sua pressão- Tempo é Vida! (Enfermeiros despressionando)

-Massagem Nativa com Niara do Sol

-Portal de limpeza (laboratório de mandalas e amuletos com as artistas Jacira JL, Sondra Santos e Jeniffer)

– Coletor de Angustias (a artista Clarice Rosadas desenha as angustias dos transeuntes)

-Bate- papo sobre novas economias com Gabriela Valente (Sistema B), Niara do Sol (hortas/hospitais comunitários), Livia Moura ( VAV) e Luiz Guilherme Vergara (UFF)

 

18h:

Danças circulares do fogo com Carol Cortes em torno da mandala de sal grosso

e Tupife (bloco de pífanos e tambores)

 

Ambiente:

-Cartazes do colaboratório da ESDI (UERJ)

-Triciclo Imantado do VAV

– Mesas baldias do Nuno Sacramento

-Cadeiras de Marcia Brandão

-Feijões de Carlos Vergara

-Mandala de sal grosso de Jacira JL

-Estandartes Gabrila Macena e Mariana Monteiro

 

Local, dia e hora: Praça XV, Centro, Rio de Janeiro, RJ, terça-feira, dia 20 de junho, das 15h às 20hs, curadoria de Luiz Guilherme Vergara – Entrada franca

Coleções do MAM RIO

27/jul

Neste sábado, dia 30 de julho, o MAM Rio, Parque do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, inaugura a grande exposição “Em polvorosa – Um panorama das coleções do MAM Rio”, com destaques de seu acervo, com obras de mais de 100 artistas, brasileiros e estrangeiros, selecionadas pelos curadores Fernando Cocchiarale e Fernanda Lopes. A mostra vai ocupar todo o segundo andar do Museu, incluindo o Salão Monumental, em uma área de quase 2.500 metros quadrados O curador quis mostrar para o público a joia arquitetônica que é o prédio do MAM, projetado em 1958 por Affonso Reidy, e retirou divisórias, permitindo ao público uma rara perspectiva do amplo espaço do segundo andar. De um extremo a outro do espaço, há 123 metros de extensão.

 

A primeira preocupação do curador foi a de escolher obras de qualidade inegável, as quais chama de highlights, como as de Pollock, Keith Hering, Brancusi, Giacometti, Lucio Fontana, Henri Moore, Rodin, Calder, Joseph Albers, Barry Flanagan, VittoAcconti, Antonio Dias, Cildo Meireles, Nelson Leirner, Ivens Machado, Waltercio Caldas, Antonio Manuel, José Damasceno, Artur Barrio, Regina Silveira, Willys de Castro, Hércules Barsotti, Lygia Clark e Hélio Oiticica.

 

E, também, privilegiar artistas “muito conhecidos, mas pouco mostrados”, como Anita Malfatti, que “tem desenhos a carvão lindos, pouco vistos”. As obras serão articuladas por aproximações estéticas e por épocas, com alas dedicadas aos anos 1920, com o modernismo, aos anos 1950/60, com o abstracionismo, o concretismo, o neoconcretismo, a nova figuração, e à arte contemporânea.

 

Na entrada do segundo andar do museu, estará um texto sobre a mostra e uma homenagem ao artista Tunga, falecido recentemente, junto ao trabalho que dá título à exposição, da série “Desenhos em polvorosa”, de 1996, em pastel seco sobre papel, pertencente à Coleção Gilberto Chateaubriand/MAM Rio. Um dos destaques da exposição é o conjunto reunido pela primeira vez de importantes instalações de artistas brasileiros: “Poeta/Pornógrafo”, de 1973, de Antonio Dias; “Alegria”, de 1999, de Adriana Varejão, “Cerimônia em três tempos”, de 1973, de Ivens Machado; “Ping-ping, a construção do abismo no piscar dos cegos”, de 1980, de Waltercio Caldas; “Fantasma”, de 1994, de Antonio Manuel (em sua versão original, montada em 2001; “Motim II”, de 1998, de José Damasceno; “Marulho”, de 1991, de Cildo Meireles, não vista no Rio de Janeiro desde sua primeira apresentação, no MAM, em 2002 e “Graphos 2” de 1996, de Regina Silveira. Serão apresentados, ainda; “De dentro para fora”, de 1970, de Artur Barrio; “Lute”, de 1967, de Rubens Gerchman.

 

Ao invés de textos explicativos, Fernando Cocchiarale optou por dar o contexto histórico do Brasil, para as obras de arte, por meio de fotografias dispostas em nove vitrines, de 1,70m cada, distribuídas pelo espaço expositivo. São registros do Brasil imperial, com nobres, escravos, etnográficos, do cotidiano, da vida política, ou ainda de grupos como garimpeiros, candangos e índios, de mais de 20 fotógrafos, de Franz Keller, Marc Ferrez, Jorge Henrique Papf, Martín Chambi, Alberto Ferreira Lima, Luis Humberto, Walter Firmo, Luis Brito, Milton Guran, Orlando Azevedo, Orlando Brito, Leopoldo Plentz, Duda Bentes, Carlos Terrana, André Dusek, Nino Rezendee AntonioDorgivan, entre outros.

 

“O território onde a imagem e a palavra se encontram é o fotojornalismo. É de sua natureza uma proximidade muito grande com a notícia, que é verbal. A foto é uma sobrenotícia. As coleções do MAM têm maravilhosas obras que podem ser consideradas fotojornalismo. Franz Keller mostra em 1870 índios cobertos artificialmente, porque eles não poderiam aparecer com ‘suas vergonhas’ à mostra, como disse Pero Vaz de Caminha, e foram adaptados à moral vitoriana. Papff tem umas fotografias incríveis de cafezais”, destaca.

 

Dentre as mais de 100 obras, estarão também as dos artistas Brecheret, Bruno Giorgi, Lygia Clark, Regina Vater, Diane Airbus, Marcia X(com “A cadeira careca”, seu último trabalho, feito em 2004 com Ricardo Ventura), Luiz Pizarro, Jorge Duarte, Carlos Vergara, Guilherme Vaz, Marcelo Moscheta e Jonathas de Andrade.

 

“Não acho que a arte tem que estar a serviço de nenhum discurso. Não há continuidade entre a experiência visual e discurso. Se eu e Fernanda Lopes “editarmos” bem, podemos criar um certo fluxo semântico com a exposição”, complementa Fernando Cocchiarale.

 

 

Até 06 de novembro.

 

 

Sete individuais no Paço Imperial

10/dez

O Paço Imperial, Centro, Rio de Janeiro, RJ, inaugura seu maior bloco de exposições da gestão da diretora Claudia Saldanha, com individuais de sete artistas contemporâneos: José Bechara, Célia Euvaldo, Renata Tassinari, David Cury, Cristina Salgado, Bruno Miguel e Amalia Giacomini. Junto com seu conselho curatorial, composto por Carlos Vergara, Luiz Aquila e Marcelo Campos, a diretora do Paço formou essa programação contemplando expressões diversas, como pintura, escultura, desenho e instalação.

 

 

 

 

Sobre cada uma das mostras:

 

 

 

José Bechara  | Jaguares

 

O carioca José Bechara ocupa a sala do térreo do Paço com sete pinturas em três dimensões. Intitulada “Jaguares”, a exposição de trabalhos inéditos e recentes, em grandes formatos, resulta da pesquisa de dois anos do artista sobre limites da pintura. Ele usa materiais como vidro, papel glassine, mármore, lâmpada e cabos de aço. O artista chama de “pintura” trabalhos em três dimensões, em que vidros funcionam como planos. Ele acha que o visitante pode se perguntar se está mesmo diante de uma pintura, mas adverte que “diferentemente da escultura, o espectador não circunda o trabalho. Ao final das contas é uma investigação sobre este limite, imposto pela parede que está no fundo, da qual eu também tiro proveito, trazendo-a para o trabalho, por conta da transparência do vidro. Você imagina que uma pintura seja uma operação bidimensional. A minha pintura vem de uma produção tridimensional”, explica Bechara. Nesta individual, ele, que produz no ateliê  simultaneamente pinturas e esculturas, pretende confrontar e colidir essas duas experiências. Junto com as pinturas tridimensionais estará “Miss Lu Silver Super-Super” (2013), da série “Esculturas gráficas”, de 2009,  incluída aqui por trazer questões também relativas à gravidade semelhantes às das obras com planos de vidro.

 

“Jaguares” tem texto crítico de Luiz Camillo Osorio.

 

 

Sobre o artista

 

José Bechara nasceu no Rio de Janeiro em 1957, onde vive e trabalha. Estudou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, RJ. Integrou exposições, como a Bienal Internacional de São Paulo de 2002; Panorama da Arte Brasileira de 2005, no MAM-SP; 5ª Bienal Internacional do Mercosul (2005); Trienal de Arquitetura de Lisboa (2011);  “Caminhos do Contemporâneo” (2002) e “Os anos 90” (1999), ambas no Paço Imperial. Realizou exposições individuais e coletivas em instituições como Fundação Iberê Camargo (Porto Alegre, 2014); Instituto Tomie Ohtake SP, Instituto Figueiredo Ferraz (Ribeirão Preto); ASU Art Museum (Phoenix, EUA); Culturgest (Lisboa), MAM Rio, Museu de Arte Contemporaneo Espanhol-Patio Herreriano (Valladolid, Espanha) e Ludwig Museum de Koblenz (Alemanha). José Bechara tem obras em coleções públicas e privadas, como a Coleção Gilberto Chateaubriand/MAM Rio; Pinacoteca do Estado de São Paulo; Centre Pompidou, Paris; Es Baluard Museu d’Art Modern i Contemporani de Palma (Palma de Mallorca, Espanha); Instituto Figueiredo Ferraz (Ribeirão Preto, SP); Coleção João Sattamini/ MAC Niterói; Instituto Itaú Cultural (SP); MAM Bahia; MAC Paraná; Culturgest (Lisboa); ASU Art Museum (Phoenix, EUA); MoLLA (Califórnia, EUA); Ella Fontanal Cisneros (Miami, EUA); MARCO de Vigo (Espanha) e Basilea Stiftung (Basel, Suíça).

 

 

 

 

Célia Euvaldo | Curadora Vanda Klabin

 

 

A paulistana Célia Euvaldo apresenta conjuntos de cinco colagens e de cinco pinturas, datados de 2013 a 2015. A partir de sua experiência recente sobre a massa e o peso da tinta, a artista usa nas Colagens (170 x 100cm) material de consistências diferentes: um papel branco chinês, leve,  recebe uma folha de papel preto mais pesado, deformando o papel branco pelo efeito do peso e da cola e, ao longo do tempo, pela ação do clima. As Pinturas em óleo sobre tela (100 x 260cm e 123 x 200cm), a artista descreve que “elas lembram que saíram do desenho: pinceladas–linhas horizontais (quando a tinta é aplicada) e espatuladas–linhas verticais (quando a tinta é arrastada) preenchem o campo inteiro, deixando seu rasto de linhas.” Diferentemente de obras anteriores, em que parte da tela não era pintada, a superfície dos trabalhos recentes é toda recoberta com tinta preta. As pinturas, diz Celia, se estendem para dentro como buracos negros, e também se modificam como as colagens, não fisicamente, mas com a incidência de luz e o ângulo do olhar do espectador.

 

 

 

Sobre a artista

 

Célia Euvaldo mora e trabalha em São Paulo. Começou a expor na década de 1980. Suas primeiras individuais foram na Galeria Macunaíma (Funarte, RJ, 1988), no Museu de Arte Contemporânea da USP (1989) e no Centro Cultural São Paulo (1989). Ainda em 1989,  ganhou o I Prêmio no Salão Nacional de Artes Plásticas da Funarte. Participou da 7ª Bienal Internacional de Pintura de Cuenca, Equador (2001) e da 5ª Bienal do Mercosul (2005). Realizou individuais, entre outros, no Paço Imperial (RJ, 1995 e 1999), na Pinacoteca do Estado de São Paulo (2006), no Centro Cultural Maria Antonia (SP, 2010), no Museu de Gravura da Cidade de Curitiba (2011) e no Instituto Tomie Ohtake (SP, 2013).

 

 

 

 

Renata Tassinari Curadora Vanda Klabin

 

 

A paulistana Renata Tassinari mostra 16 trabalhos, entre pinturas de grandes dimensões sobre acrílico e desenhos em óleo sobre papel japonês, inéditos no Rio de Janeiro, celebrando 30 anos de carreira. A curadoria de Vanda Klabin fez um recorte da última década de produção da artista para a exposição do Paço Imperial. Tassinari pinta sobre superfícies de acrílico e, ao mesmo tempo, deixa a moldura de certas seções da obra cobrir apenas uma parte da superfície planar. Seus trabalhos se desdobram em séries, usando quadrados e retângulos  como elementos compositivos, altermando as cores e o acrílico do suporte, transparência e opacidade, rugosidade e lisura. A cor é sua matéria-prima. Sobre a artista, Vanda Klabin diz: “Renata Tassinari desafia e transforma os limites do plano pictórico, pela apropriação e pelos deslocamentos de materiais industriais na superfície da tela, que passa a não atender mais os conceitos tradicionais do fazer artístico”.

 

 

Sobre a artista

 

Renata Tassinari é formada em Artes Plásticas pela Faap São Paulo (1980). Estudou desenho e pintura nos ateliês dos artistas Carlos Alberto Fajardo e Dudi Maia Rosa. Já expôs em importantes instituições brasileiras, como o MAM Rio e o MAM-SP. No início de 2015, a artista ganhou retrospectiva no Instituto Tomie Ohtake, SP.

 

 

 

 

David Cury | A vida é a soma errada das verdades

 

David Cury, artista piauiense, radicado no Rio de Janeiro, descreve conceitualmente sua instalação inédita, que ocupa três espaços do Paço Imperial, como uma “paisagem cívica negativa”. O eixo do trabalho são 15 textos irônicos sobre três formas de violência incorporadas ao nosso cotidiano: a social (“Aos que matam por hábito jamais os pardos foram tão alvos”), a política (“A ianque Dorothy Stang não voltou para casa”) e a moral (“Aqui o mal ao menos de impostura prescinde”). Seja de senso metafórico, filosófico ou lírico, cada uma delas quer ser um aforismo. Aqui a palavra quer valer por uma imagem, em confronto com uma imagem vale por mil palavras. As sentenças estão sulcadas em lajes de concreto e ferro, em meio a escombros residuais, distribuídas nas três salas, começando pela violência moral, seguida da violência social e da violência política. A ordenação da sequência da instalação segue o critério dos diferentes graus de violência: a moral é a primeira porque o artista a considera um estímulo à social e à política.

 

 

 

Sobre o artista

 

David Cury (Teresina, 1964) vive e trabalha no Rio de Janeiro. Ele atua em suportes diversos. Desde “Para a inclusão social do Crime (Funarte, RJ, 2003), “Há vagas de coveiro para trabalhadores sem-terra” (Carreau du Temple, Paris, 2005), “Paradeiro” (Estação da Leopoldina, RJ, 2006) e “Hydrahera” (Morro da Conceição, RJ, 2008), suas intervenções articulam caráter de situação, iminência e ambição formal. Em 2009, ocupou o Espaço Monumental do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro com “Eis o tapete vermelho que estendeu o Eldorado aos carajás” – entre outras abstrações (de escala pública) acerca dos conflitos fundiários mais emblemáticos da história brasileira. Em 2010, participou da 29ª Bienal Internacional de São Paulo com a instalação “Antônio Conselheiro não seguiu o conselho”. Realizou “Corumbiara não é Columbine” (Musée Bozar, Bruxelas, 2011), “É com o sexo que os homens se deitam, pedindo como anões o seu ascenso” (Somerset House, Londres, 2012) e “Rasa é a cova dos vivos” (Museu de Arte Contemporânea, Fortaleza, 2013).

 

 

 

Cristina Salgado No Interior do Tempo | Curador Marcelo Campos

 

 

A carioca Cristina Salgado apresenta uma instalação composta pela série “Poemas visuais interiores” (2015) – cerca de vinte desenhos em guache e impressão sobre papel de algodão, partindo de ilustrações apropriadas de um livro de anatomia seccional humana. Esses poemas visuais estão instalados sobre duas longas paredes laterais da sala. Ao fundo, há uma grande projeção de imagem em movimento, a mesma que está em um pequeno monitor, pousado no interior de um armário vertical de ferro e vidro situado no centro do espaço; cinco esculturas em ferro fundido da série”Humanoinumano” (1995) e elementos diversos de mobiliário industrial obsoleto se relacionam nessa região do espaço expositivo. Sua aposta é que “a instalação “No interior do tempo”, na forma como traz a presença do corpo, às vezes por sua ausência ou em situações que explicitam interioridade/exterioridade, possa tornar visível uma atmosfera diversa daquela onde impera a temporalidade lógica produtiva oficial.”

 

 

Sobre a artista

 

Cristina Salgado (RJ, 1957) vive e trabalha no Rio de Janeiro. Estudou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage/RJ, entre 1977 e 1978. Doutora em Artes Visuais (EBA/UFRJ) e professora adjunta no Instituto de Artes da UERJ, desde 1997. Suas exposições individuais mais recentes são “A mãe contempla o mar”, Galeria Marsiaj Tempo, 2014; “Ver para olhar”, Paço Imperial, 2012,  e “Vista”, Casa França-Brasil, 2010. Entre as coletivas estão “Situações Brasília 2014 – Prêmio de Arte Contemporânea”, Prêmio de aquisição, Museu Nacional do Conjunto Cultural da República-Brasília; “O corpo na arte contemporânea brasileira”, Itaú Cultural, SP, 2005; “Como Vai Você, Geração 80?”, Escola de Artes Visuais do Parque Lage, RJ, 1984.

 

 

 

Bruno Miguel | Essas pessoas na sala de jantaCurador Bernardo Mosqueira

 

 

O carioca Bruno Miguel apresenta duas instalações inéditas: “Essas pessoas na sala de jantar” e “Cristaleira”. “Essas pessoas…” é formada por 400 composições distintas com peças de porcelana de vários países, espuma de poliuretano, papel maché, pequenas árvores esculpidas pelo artista e tinta de cores vibrantes. O poliuretano vaza ora do bico do bule, ora do interior de uma xícara, criando formas abstratas que servem de amálgama para os elementos da composição. Os ítens são agrupados no chão, com intervalos que permitem o trânsito do visitante entre eles. Durante a temporada da exposição, os objetos serão rearranjados no espaço, criando diferentes percursos pela sala. Em uma sala vizinha, estará “Cristaleira” composta por 150 esculturas, também únicas, sobre uma prateleira de vidro que percorre as paredes do espaço expositivo. Essas são objetos utilitários de vidro e cristal, preenchidos com resina de poliéster colorida com spray, que formam esculturas por encaixe, empilhamento ou justaposição. Em algumas esculturas, o artista retira o vidro que serviu de molde e usa a forma de resina na obra. “A pesquisa de Bruno Miguel, que além de artista tem atuação como professor de pintura, aponta bastante para os elementos característicos dessa técnica e de sua história. Se há anos Bruno vem investigando o gênero pictórico da paisagem, agora ele o relaciona também com a natureza morta”, identifica o curador Bernardo Mosqueira.

 

 

 

Sobre o artista

 

Bruno Miguel (RJ, 1981) vive e trabalha no Rio de Janeiro. É formado em Pintura pela Escola de Belas Artes da UFRJ. Fez diversos cursos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Em 2007, realizou sua primeira individual, no RJ, recebeu Menção Honrosa Especial na V Bienal Internacional de Arte SIART, em La Paz, Bolívia, e ganhou bolsa da Incubadora Furnas Sociocultural para Talentos Artísticos. Participou das coletivas “Nova Arte Nova”, apresentada no CCBB RJ e SP, em 2008 e 2009; “Latidos Urbanos”, no MAC de Santiago do Chile (2010), “Novas Aquisições – Gilberto Chateaubriand”,  no MAM Rio, em 2012, e “GramáticaUrbana”, no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica RJ. Realizou diversas individuais na Luciana Caravello Arte Contemporânea, RJ, e na Emma Thomas, SP. Em Nova York, apresentou a individual “Make Yourself at Home”, na S&J Projects, e esteve nas coletivas “Sign of the Nation” e “Etiquette for a Lucid Dream,” em Newark, Nova Jersey, em 2013.  Em 2014, participou das coletivas “Encontro dos mundos” e “Tatu: Futebol, Adversidade e Cultura da Caatinga”, no MAR – Museu de Arte do Rio de Janeiro. Em 2015, realizou a individual “Sientase em casa”, na Sketch Gallery, Bogotá. É professor da Escola de Artes Visuais do Parque Lage desde 2011.

 

 

 

Amalia Giacomini | Viés Curador Felipe Scovino

 

A paulistana Amalia Giacomini, radicada no Rio de Janeiro,  investiga questões da percepção do espaço, da arquitetura e de suas representações, através de instalações e objetos. Seus trabalhos remetem a elementos abstratos – como linhas, pontos, grades, perspectivas, em que o ar atravessa e faz parte deles. A artista se propõe tornar visível o vazio ao espectador. Nessa individual, ela apresenta sete obras, entre as quais duas instalações inéditas. A primeira, à entrada da sala, é composta por correntes finas na cor grafite, suspensas pelo teto, formando um grande volume – serão utilizados 500 metros de corrente. A obra poderá ser atravessada pelo visitante: ora ele estará dentro, ora por baixo dela. Pela característica do material, leve e flexível, a instalação está sujeita ao toque e à movimentação de ar do ambiente. A outra instalação terá relação direta com a janela da sala. Ela é composta por telas translúcidas, espécies de filtros de luz, criando um diálogo visual entre interior e exterior. Entre os demais trabalhos de parede, está “Dobra”, feito por linhas elásticas, que moldam uma forma curva de vazio entre duas paredes.

 

 

Sobre a artista

 

Formada em Arquitetura e Urbanismo (FAU-USP), com Mestrado em Linguagens Visuais pela EBA-UFRJ, Amalia Giacomini (SP, 1974) vive e trabalha no Rio de Janeiro. Instituto Tomie Othake (SP), Itaú Cultural (SP), Museu da Casa Brasileira (SP), Paço Imperial (RJ), Centro Cultural São Paulo, Centro Universitário Maria Antonia da USP, Galerias da FUNARTE (RJ e DF), Centro Cultural Sérgio Porto (RJ), Museu de Arte Contemporânea do Paraná (Curitiba), MAC Niterói (RJ) são algumas instituições brasileiras em que já expôs. No exterior, realizou em 2012 a individual “The invisible apparent”, na Galeria Nacional de Praga, e, em 2009, “Liberér l’horizon reinventér l’espace”, na galeria da Cité des Arts em Paris. Na mesma cidade, participou, em 2005, da Exposição Comemorativa do Ano do Brasil da França, realizada
pela FUNARTE/MinC. Entre 2011 e 2014 foi professora História da Arte no curso de Arquitetura da PUC Rio.

 

 

 

De 17 de dezembro a 28 de fevereiro de 2016.

MASP exibe Moda

26/out

O MASP, Avenida Paulista, São Paulo, SP, inaugurou a exposição “Arte na moda: Coleção MASP Rhodia”, na qual apresenta o conjunto completo da Coleção MASP Rhodia, doada em 1972, e composta por 78 peças produzidas nos anos 1960. Assinam a curadoria da mostra o diretor artístico Adriano Pedrosa, a curadora adjunta Patrícia Carta e o curador Tomás Toledo.

 

A coleção foi doada pela empresa química francesa Rhodia, que lançava seus fios sintéticos no Brasil, e utilizava desfiles e coleções de moda como forma de divulgação de seus produtos. Essa estratégia foi concebida por Lívio Rangan, então gerente publicitário da Rhodia, responsável por coordenar a criação das coleções e organizar os desfiles onde as roupas eram divulgadas. Estes se aproximavam mais de um espetáculo que de uma divulgação comercial, reunindo profissionais do teatro, dança, música e das artes para sua realização.

 

O vestuário exposto tem estampas criadas por artistas brasileiros como Willys de Castro, Aldemir Martins,Hércules Barsotti, Carybé, Ivan Serpa, Nelson Leirner, Manabu Mabe, Alfredo Volpi, Lula Cardoso Ayres e Antonio Maluf, entre outros. As escolhas dos artistas revelavam o interesse em dialogar com a arte contemporânea do momento e refletiam as principais tendências estéticas e programas artísticos do período.

 

A abstração concreta está presente nas peças de Hércules Barsotti, Willys de Castro e Antonio Maluf. Já a abstração informal aparece nos vestidos de Manabu Mabe e Antonio Bandeira, e as referências ao pop, nas peças de Carlos Vergara, e Nelson Leirner.

 

Outra preocupação era trazer para a coleção a temática da cultura popular brasileira, parte importante da história do museu, além de assunto frequente nas pesquisas de Lina Bo Bardi. As estampas criadas por Aldemir Martins, Carybé, Francisco Brennand, Genaro de Carvalho, Lula Cardoso Ayres, Manezinho Araújo, Gilvan Samico e Carmélio Cruz refletem o tema.

 

A moda esteve presente no MASP em eventos e exposições realizadas no passado, como o desfile de vestidos de Christian Dior, em 1951; o desfile de moda brasileira, em 1952; e o Festival de Moda – I Exposição Retrospectiva da Moda Brasileira, de 1971, no qual foram exibidas algumas das peças que estão presentes nesta mostra. A expografia desenvolvida para a exposição é uma combinação monocromática de dois elementos: bases horizontais elevadas do chão para os manequins e cortinas que criam planos verticais de fundo para as peças. Distribuídos pelo espaço expositivo do segundo subsolo, criam um percurso de visitação: se vistos de cima, uma composição gráfica de curvas e retas. A opção pela predominância da cor preta nos elementos expográficos permite destacar as cores vibrantes das peças e, ao mesmo tempo, controlar melhor a intensidade da iluminação, para preservar as peças têxteis, bastante sensíveis.

 

No contexto da exposição, será vendido um catálogo inédito com reprodução das 78 peças. Além do texto curatorial, o catálogo contará com comentário crítico da especialista Patrícia Sant’Anna, cuja tese de doutorado realizado na Universidade Estadual de Campinas, Unicamp, abordou a coleção MASP-Rhodia.

 

Estarão contemplados na publicação e na exposição os artistas Aldemir Martins, Alfredo Volpi, Antonio Bandeira, Antonio Maluf, Carlos Vergara, Carmélio Cruz, Carybé, Danilo Di Prete, Fernando Lemos, Fernando Martins, Francisco Brennand, Genaro de Carvalho, Gilvan Samico, Glauco Rodrigues, Hércules Barsotti, Hermelindo Fiaminghi, Isabel Pons, Ivan Serpa, João Suzuki, José Carlos Marques, Kenishi Kaneko, Licínio de Almeida, Lívio Abramo, Luigi Zanotto, Lula Cardoso Ayres, Manabu Mabe, Manezinho Araújo, Moacyr Rocha, Nelson Leirner, Tikashi Fukushima, Tomoshigue Kusuno, Waldemar Cordeiro e Willys de Castro.

 

 

O conceito da curadora adjunta

 

Para Patrícia Carta, o acervo único reúne a riqueza de um momento histórico marcado pela ascensão do prêt-à-porter e pela crescente industrialização do país. “A importância desta exposição, além de trazer a estética e a plasticidade da época, é aproximar a arte de outras áreas, como moda e design, e é um bom exemplo de dessacralização do espaço museológico.”

 

 

Sobre Patrícia Carta

 

É curadora adjunta de vestuário e moda do MASP, diretora da Carta Editorial, que publica Harper’s Bazaar e a revista Iguatemi, entre outros títulos. Foi diretora das publicações da Condé Nast, como a Revista Vogue, de 2003 a 2010. Na Folha de S.Paulo, foi editora de moda de 1992 a 1997.

 

 

Curso Arte, Moda e Museu

 

O Museu de Arte de São Paulo – MASP oferece, por meio do MASP Escola, uma grade abrangente se cursos livres voltados para interessados em artes — temas como fotografia, história da arte e moda são destaques. Desde o dia 21 de outubro, o museu oferece o curso “Arte, Moda e Museu”, ministrado por Lorenzo Merlino, que se propõe a localizar e relacionar características cruciais da história da moda, iniciando pela pré-história e as primeiras vestimentas, passando pela diferenciação por gênero da Idade Média, e chegando ao contexto recente da globalização expressa pelo Ready-to-Wear e o Fast Fashion. Os movimentos de vestuário serão apresentados de maneira cronológica com viés crítico e inter-relacional ao longo de oito aulas.

 

Lorenzo Merlino tem 20 anos de experiência no mundo da moda, professor titular da cadeira de Estilo no curso de moda da Fundação Armando Álvares Penteado – FAAP desde 2010 e Pós-Graduado com nota máxima em História da Arte pela mesma instituição em 2013. Professor colaborador na Escola São Paulo, na Casa do Saber, no Senac e nas Faculdades Rio Branco. Desde abril é o novo figurinista-residente do Theatro Municipal de São Paulo.

 

 

Até 14 de fevereiro de 2016.

A proposta da Índica

28/set

Inspirado na histórica Indica Galllery de Londres, que impulsionou a contracultura dos anos 1960, a Índica surge neste momento de turbulência e oportunidades como uma nova
plataforma de arte no Rio de Janeiro, englobando galeria de arte contemporânea, loja de design sustentável, publicações, rádio, intervenções urbanas, diálogos e eventos que pretendem pensar o país e os novos rumos da arte.

 

A galeria foi inaugurada no último dia 13 de setembro, com uma boiada e exposição de Ronald Duarte, com curadoria de César Oiticica Filho e texto de Renato Rezende. O terceiro sócio da Índica é Sergio Cohn, da Editora Azougue. O grupo de artistas e pensadores em torno do projeto, inclui dentre outros os nomes de Mariana Roquete Pinto, Gabriela Gusmão, Claudia Roquete Pinto, Dione Boy, Carlos Vergara, José Oiticica Filho, Gabriela Gusmão, Fernando Codeço, Hélio Oiticica e Neville de Almeida, Alex Cerveny e Lee Jaffe.

 

Como contrapartida sustentável além de trabalhar com a Tucum em fair trade e com várias
etnias indígenas a Índica traz coleções sustentáveis da Mameluca, Zerezes e terravixta que compõe essa rede de apoio às iniciativas sociais e ecológicas junto a outros designers, artistas, músicos, poetas que lutam por um mundo melhor e mais limpo.

“Opinião 65 – 50 anos depois”, no MAM Rio

14/set

O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Parque do Flamengo,  inaugura, no próximo dia 19 de setembro de 2015, a exposição “Opinião 65 – 50 anos depois”, com 57 obras de artistas brasileiros que participaram da emblemática exposição em 1965, organizada por Ceres Franco e Jean Boghici (1928-2015), no MAM Rio. Dessas obras, três participaram da exposição original: as pinturas “Miss Brasil” (1965), de Rubens Gerchman, e “O artista chorando assina…” (1964), de Wesley Duke Lee, e um “Parangolé” de Hélio Oiticica, que apresentou seus Parangolés pela primeira vez ao público na exposição de 1965.

 
Com curadoria de Luiz Camillo Osorio, a mostra terá ainda uma série de cartazes de filmes que estavam em exibição no período da exposição em agosto/setembro de 1965, documentos de época, críticas de jornal, uma série de fotografias dos artistas e da exposição em 1965, um vídeo de 1967, intitulado “Arte Pública”, e um novo feito para a exposição. A ideia é reconstituir a atmosfera do período e mostrar o quanto a exposição foi um momento importante de resistir ao golpe militar, juntando artistas de uma mesma geração que atualizavam o vocabulário plástico da arte brasileira pondo-a em contato com a energia da visualidade popular. A mostra é uma parceria com a Pinakotheke Cultural, que irá inaugurar na mesma data, em seu espaço em Botafogo, uma exposição com cerca de 70 obras, em que todos os trinta artistas participantes da montagem original estarão representados. Destas, todas foram produzidas na época, e várias integraram a mostra no MAM.

 
Os artistas que terão obras na exposição do MAM são: Adriano de Aquino,  Angelo de Aquino, Antonio Berni, Antonio Dias, Carlos Vergara, Flávio Império, Gastão Manoel Henrique, Hélio Oiticica, Ivan Freitas, Ivan Serpa, José Roberto Aguilar, Pedro Geraldo Escosteguy, Roberto Magalhães, Rubens Gerchman, Tomoshige Kusuno, Vilma Pasqualini e Wesley Duke Lee.

 

 

A palavra do curador

 

“A exposição Opinião 65 está no inconsciente coletivo da história cultural recente. Tentando recontar este capítulo de nossa história para as gerações mais novas, ao mesmo tempo em que homenageamos os curadores e artistas que fizeram parte daquele momento, o MAM Rio – palco dos acontecimentos – e a Pinakotheke Cultural resolveram juntar seus esforços nesta empreitada. Aqui no MAM, daremos foco aos artistas brasileiros que participaram da exposição, além de mostrar material de arquivo referente à mostra – críticas, iconografia, filmes e entrevistas”, afirma o curador Luiz Camillo Osorio.

 

 

De  19 de setembro a 28 de fevereiro de 2016.

Opinião 65: 50 anos depois

11/set

A Pinakotheke Cultural, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ, apresenta, a partir de 17 de setembro a

exposição “Opinião 65: 50 anos depois”, com curadoria de Max Perlingeiro. É a comemoração

de meio século da histórica exposição realizada no MAM-Rio. Todos os trinta artistas

participantes da montagem original estarão representados, e das setenta obras que estarão

expostas, todas foram produzidas na época, e várias integraram a mostra do MAM.  Os artistas

são os brasileiros Antonio Dias, Ivan Serpa, Hélio Oiticica, Rubens Gerchaman, Ângelo de

Aquino, Adriano de Aquino, Pedro Geraldo Escosteguy, Gastão Manoel Henrique, Ivan Freitas,

Roberto Magalhães, Carlos Vergara, Vilma Pasqualini, Waldemar Cordeiro, Flávio Império, José

Roberto Aguilar, Tomoshige Kusuno e Wesley Duke Lee, e os estrangeiros Antonio Berni, Juan

Genovés, Roy Adzak, John Christoforou, Yannis Gaïtis,  José Vañarsky, Peter Foldès, José

Paredes Jardiel, Manuel Calvo, Alain Jacquet, Michel Macréau, Gerard Tisserant e Gianni

Bertini.

 

Para chegar ao resultado que idealizou, o de reproduzir “ao máximo possível” a montagem

original, o curador Max Perlingeiro fez uma longa e detalhada pesquisa durante um ano – que

lhe tomou “24 horas por dia”. Recorreu aos amigos Antonio Dias, Roberto Magalhães e Carlos

Vergara, e a uma edição de outubro de 1965 da revista “Manchete”, que trazia fotos da mostra

no MAM, para mapear as obras. As famílias dos artistas participantes aderiram de imediato ao

projeto, e um fator decisivo foi localizar a lendária colecionadora e crítica de arte Ceres Franco,

residente em Paris desde 1951, que organizou em 1965 a exposição idealizada pelo marchand

Jean Boghici (1928- 2015). Ambos serão homenageados na mostra. Residente em Carcassonne,

e com uma coleção de 1.500 obras em um espaço público em Montelieu, França, Ceres Franco

escreveu à mão um depoimento emocionado, que estará no livro que acompanhará na

exposição, tanto em fac-símile como transcrito.

 

Dentre as obras da montagem original estarão “Parangolé Bandeira – P2 Bandeira 1” (1964),

de Hélio Oiticica, que apresentou seus “Parangolés” pela primeira vez no MAM junto com a

Escola de Samba da Mangueira, todos seguidos  por uma multidão aos pilotis do Museu após

terem sido expulsos do salão. Outras obras que estiveram na exposição “Opinião 65” e serão

vistas na Pinakotheke são a aquarela “Estados Desunidos do Brasil” (1965), de Roberto

Magalhães; a pintura “Diálogo” (1965), de José Roberto Aguillar; a colagem de papel e metal

sobre chapa de ferro “Campanha do ouro para o Bem do Brasil” (1964), de Wesley Duke Lee; a

impressão sobre papel “Dejeneur sur l’herbe”(1965), de Alain Jacquet; a obra “Vencedor”

(1964), de Antonio Dias, um cabide de pé com construção em madeira pintada, tecido

acolchoado e capacete militar; “Sin título (Ramona levantando pesas)”, de Antonio Berni; a

pintura “Crianças e pássaros”, de Yannis Gaitis; “Negative Objects” (1963), de Roy Adzak;

“Diálogo” (1965), de Jose Roberto Aguilar; “Fuga” (1965), de Juan Genovés; o guache sobre

papel “Sem título” (1965), de Gerard Tisserand; “Personnages” (1964), de Jack Vanarsky; “La

barbecue de Justine” (1962), de Gianni Bertini; a pintura “Sorcellerie” (1964), de John

Crhristophorou; “Na cidade do extermínio (Segundo poema de Bialik)”, de José Jardiel; “La

vierge et as mère” (1964), de Michel Macréau; “Dejeneur sur l’herbe” (1965), de Alain Jacquet;

“UDN (Respeitosamente) – o extinto era muito distinto…” (1965), de Flavio Império, e “Estória

(O fim da idade do chumbo)”, 1965, de Pedro Geraldo Escosteguy.

 

“Opinião 65: 50 anos depois” não obedecerá a uma ordem cronológica. “Como na montagem

original, será tudo junto e misturado”, avisa Max Perlingeiro. “Era uma mostra ultrassaturada,

com um fator muito forte: estavam todos contra o regime militar”, observa. As obras

pertencem a coleções públicas e privadas, como a de João Sattamini, Gilberto

Chateaubriand/MAM Rio, Jean Boghici, entre outras

 

 

Marco na História da Arte

 

“Opinião 65” foi um marco na história da arte. A polêmica exposição idealizada por Jean

Boghici e organizada por Ceres Franco mudou por completo o cenário das artes plásticas no

Brasil. A ideia era reunir no Rio os artistas internacionais que trabalhavam no Novo Realismo

europeu e os brasileiros que assumiram a Nova Figuração (e um pouco da Pop Art americana)

em oposição à exaurida Abstração. Para o artista Roberto Magalhães, “Opinião 65 foi o início

de tudo o que existe hoje na arte brasileira. Foi uma mudança radical”.

 

Os artistas eram todos muito jovens na época, como ressaltou Wilson Coutinho em 1995, na

exposição comemorativa que realizou junto com Cristina Aragão no CCBB Rio: “Para avaliar o

clima da exposição é preciso conferir a certidão de nascimento de alguns participantes. Aguilar

tinha 24 anos, Angelo de Aquino 20, Gerchman 23, Vergara 24, Roberto Magalhães 25 e

Antonio Dias apenas 21. Para se ter uma ideia deste ‘boom’ de jovens basta comparar com a

Semana de Arte Moderna de 22, quando Oswald de Andrade ao participar tinha 32 anos,

Mario de Andrade 29 e Tarsila do Amaral 36”.

 

O título “Opinião 65” fazia uma alusão direta ao espetáculo “Opinião”, com Zé Keti, João do

Vale e Nara Leão – depois substituída pela estreante Maria Bethânia – , dirigido por Augusto

Boal, e encenado no Teatro Opinião, em Copacabana.

 

Em 1966, o crítico de arte Mário Pedrosa escreveu no extinto jornal “Correio da Manhã”: “Em

1965, o calor comunicativo social da mostra, sobretudo da jovem equipe brasileira, era muito

mais efetivo. Havia ali uma resultante viva de graves acontecimentos que nos tocaram a todos,

artistas e não-artistas da coletividade consumidora cultural brasileira. Personagens sociais

foram, por exemplo, elevadas à categoria de representações coletivas míticas como o General,

a Miss etc., sem falar nas puras manifestações coletivas da comunidade urbana, como o

samba, o carnaval. Antes de o ser pelo conteúdo plástico das obras (muitas delas de alto valor)

ou pelo seu estilo ou proposições técnicas, eram elas por mais diferentes que fossem

individualmente, esteticamente, identificadas pela marca muito significativa de emergirem

todos os seus autores de um meio social comum, por igual convulsionado, por igual motivado.

Daí vermos a arte altamente interiorizada de símbolos (corações, falos, sexos) e que se

distribuem, rigorosamente, num esquema formal simétrico que lembra o da arte bizantina; de

cores, (vermelhos, pretos etc.) que obedecem antes de tudo a representações litúrgicas de um

Antônio Dias, ao lado da arte essencialmente dinâmica de um Roberto Magalhães, cuja

irresistível força expressiva do desenho é assim vencida ou dominada pela extraordinária

clareza predicativa do seu esquema formal”, escreveu.

 

 

Catálogo

 

A exposição será acompanhada de uma bem-cuidada publicação, com 160 páginas, bilíngue

(português/inglês), formato 22cm X 27cm, texto de Frederico Morais e excertos de Ferreira

Gullar, Ceres Franco e Mario Pedrosa.

 

 

De 17 de setembro a 31 de outubro.

Vergara no Instituto Ling

11/jul

Com curadoria de Luisa Duarte, a exposição “Carlos Vergara – Sudários”, em cartaz na Galeria

Instituto Ling, Porto Alegre, RS, traz obras representativas do percurso de experimentação do

artista que, desde os anos 80, investiga o campo expandido da pintura, utilizando novas

técnicas, materiais e pensamentos que resultam em obras caracterizadas pela inovação. A

exposição é composta de quatro telas – monotipias sobre lonas, realizadas entre 1999 e 2005

–, nas quais Vergara emprega pigmentos naturais e minérios para transferir texturas para a

tela, explorando, assim, o contato direto com o meio natural.

 

 

Uma grande instalação inédita, intitulada “Sudários”, apresenta 250 monotipias realizadas em

lenços de bolso, resultados de viagens para diversas regiões do mundo, como São Miguel das

Missões, Capadócia, Pompéia e Cazaquistão. Completam a exposição dezenas de fotografias

em pequeno formato com os registros das ações que originam os “Sudários”, sublinhando

assim a importância do processo para a obra como um todo. A exposição tem patrocínio da

Fitesa e financiamento do Governo RS / Sistema Pró-Cultura / Lei de Incentivo à Cultura.

 

 

 

Sobre o artista

 

 

Carlos Vergara possui uma obra extensa e consistente, que vem produzindo desde os anos

sessenta e que lhe conferiu posição de destaque na arte contemporânea brasileira. Nascido na

cidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, em 1941, Vergara iniciou sua trajetória nos anos

60, quando a resistência à ditadura militar foi incorporada ao trabalho de jovens artistas. Em

1965, participou da mostra Opinião 65, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, um

marco na história da arte brasileira, ao evidenciar essa postura crítica dos novos artistas diante

da realidade social e política da época. A partir dessa exposição formou-se a Nova Figuração

Brasileira, movimento que Vergara integrou junto com outros artistas, como Antônio Dias,

Rubens Gerchmann e Roberto Magalhães, que produziram obras de forte conteúdo político.

 

 

Nos anos 70, seu trabalho passou por grandes transformações e começou a conquistar espaço

próprio na história da arte brasileira, principalmente com fotografias e instalações. Desde os

anos 80, pinturas e monotipias tem sido o cerne de um percurso de experimentação. Novas

técnicas, materiais e pensamentos resultam em obras contemporâneas, caracterizadas pela

inovação, mas sem perder a identidade e a certeza de que o campo da pintura pode ser

expandido. Em sua trajetória, Vergara realizou mais de 200 exposições individuais e coletivas

de seu trabalho, dentre elas a Bienal de Medelin 1970, Bienal de Veneza de 1980, Bienal de

São Paulo edições de 1963, 1967, 1985, 1989 e 2010, Bienal do Mercosul edições 1997 e 2011.

 

 

 

Até 23 de agosto.