Cores de Willys de Castro

04/set

Willys de Castro

A retrospectiva de Willys de Castro na Pinacoteca do Estado, Praça da Luz, São Paulo, SP, abrange 130 obras do artista cujo pretígio é bastante crescente tanto nos Estados como na Estados Unidos e na Europa. Cada vez mais procurado por colecionadores estrangeiros, os trabalhos de Wyllis de Castro, falecido em 1988, tendem a seguir os mesmo passos da obra de Lygia Clark e Helio Oiticia. Um previsão segura para os anos vindouros. Sob a curadoria de Regina Teixeira de Barros, encontram-se em exibição telas, desenhos, estudos e vários trabalhos tridimensionais. A grande maioria das obras pertencem à Pinacoteca, sendo que um total de 56 peças são doações do companheiro do artista, o pintor Hércules Barsotti, falecido em 2010, mas doadas em 2001. As demais peças da mostra pertencem à Coleção Patricia Phelps de Cisneros, coleção venezuelana, acervos particulares do Brasil, mais o IAC e o Museu de Arte de São Paulo.

 

Nascido em Uberlândia, MG, Willys de Castro mudou-se para São Paulo na adolescência. Atuou durante anos na área de design gráfico, realizou pesquisas das diversas correntes construtivistas e dialogou com o Grupo Ruptura, de Waldemar Cordeiro. Os trabalhos mais antigos exibidos na mostra são estudos para pinturas realizados a partir de 1952, nos quais as formas geométricas e a atenção às cores sobressaem. Nos “Objetos Ativos”, o artista mescla pintura e escultura da passagem da década de 50 para a de 60, quando atinge, segundo a críica nacional, sua plenitude criativa. Em certos momentos, apenas uma pequena tira vertical de madeira já instiga o espectador. A série deu origem, mais tarde, aos chamados “Pluriobjetos”, relevos de parede feitos de materiais como madeira, alumínio ou aço, alguns deles presentes na exposição.

 

Até 14 de outubro.

Carvão: Mestre da cor

A Galeria Bergamin, Jardins, São Paulo, SP, exibe mostra panorâmica da obra de Aluisio Carvão. Denise Mattar, que assina a curadoria, escolheu uma titulação justa para a exposição: “ALUÍSIO CARVÃO  – Mestre da Cor”. Conheça a síntese de seu pensamento curatorial no texto abaixo, uma clara visão da trajetória deste renomado artista brasileiro.

 

 Síntese da curadoria

 

Aluísio Carvão ( 1920- 2001) nasceu em Belém do Pará e autonomeava-se “o amazônico”, pois tinha consciência de que a estética luminosa, vibrante e colorida daquela cidade perpassava toda a sua obra. Quando menino admirava a geometria dos indígenas brasileiros, observava na arte plumária a construção de unidades cromáticas exuberantes e fazia pipas, bandeirinhas e estandartes para enfeitar os arraiais.

…Procurando seu caminho foi ilustrador, cenógrafo, ator, mudou de cidade e por fim viajou para a capital do país para participar de um curso de especialização de professores de desenho.

 

Carvão chegou ao Rio de Janeiro em 1949, num momento efervescente, no qual estava em curso o sonho da modernidade nacional. Nas artes plásticas levantavam-se discussões acirradas e sofisticadas em torno do Abstracionismo Geométrico, uma linguagem que se propunha universal pela construção de um espaço racional, sem emoções, hedonismo ou patriotismo. Eram questões que Carvão desconhecia inteiramente, mas, após completar seu estágio, inscreveu-se, em 1952,  no lendário curso de Ivan Serpa, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, onde passou a conviver com  Lygia Pape, Abraham Palatnik, Hélio Oiticica, Lygia Clark, Mário Pedrosa e Ferreira Gullar. Foi um mergulho vertical e radical …ele participou da criação do Grupo Frente (1954-56).

 

As obras de Carvão realizadas nesse período respondem aos enunciados do Concretismo. …Na série “Cromáticas”, que vai de 1957 a 1960, o artista constrói com a cor, que vive e pulsa, plena de emoção.

 

….O novo grupo, que busca a experimentação, é uma alforria para Carvão. Sua pesquisa intensifica-se a tal ponto que a cor sai dos limites da tela para ganhar o espaço e o artista produz as emblemáticas obras  “Cubo-Cor”(1960) e “Cerne-Cor”(1961). Segundo ele:  “Eu queria uma espécie de resumo da cor, queria, dar corporeidade à cor, o vermelho feito com pigmento e cimento. Todo cor, não só superficialmente pintado”.

 

No final de 1961, Aluísio parte para a Europa utilizando o prêmio de viagem recebido do Salão Nacional de 1960.  Na volta ao Brasil, em 1963, torna-se professor do MAM-RJ e trabalha em artes gráficas e desenho industrial.

 

Nesse período a cor e a geometria quase desaparecem da obra do artista, como que levadas pela ditadura militar que se impõe a partir de 1964. …No final da década, Carvão começa a empregar materiais não tradicionais, como tampinhas de garrafas e pregos, construindo obras óticas como “Superfície I”, e cinéticas/sonoras como os “Farfalhantes”(1967). Essa pesquisa se estende até 1971/3 quando produz as “Constelações” realizadas com barbantes tensionados.

 

Em 1975 Aluísio Carvão recomeça a pintar e a cor volta a ele soberana, luminosa e sensual. Nessas novas pinturas ele revê as memórias de infância, relembra sua cidade amazônica, alude a pipas, mastros e bandeirinhas. Esses signos poéticos, invadidos de cor, alcançam sua plenitude na série de sete obras apresentada 17a Bienal de São Paulo, em 1983.

 

Ainda na década de 1980 Aluísio tornou-se professor da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Rio de Janeiro. Era adorado pelos alunos e ajudou a formar a chamada “Geração 80. Em 1997, com vigor redobrado,  inaugurou duas obras monumentais : o Mural Lagoa-Barra no Rio de Janeiro e o Cubo-Cor no Parque da Marinha em Porto Alegre, Rio Grande do Sul.

 

Até sua morte, em 2001, Aluísio Carvão continuou pintando, cada vez mais liricamente. Suas obras são um marco na arte brasileira, e quem o conheceu nunca esquecerá de seus olhos luminosos e profundamente azuis, dos quais parecia se desprender a Cor.

 

Denise Mattar

2012

 

Até 14 de setembro

Cinco séries fotográficas

03/set

A Portas Vilaseca Galeria, Leblon, Rio de Janeiro, RJ, exibe a exposição “Desvios na paisagem”, individual de fotografias de Pedro Victor Brandão. A mostra traz ao público 23 trabalhos produzidos entre 2008 e 2012 abordando a fotografia para além do domínio do visível. São cinco séries que elaboram processualmente a criação de imagens através de transformações químicas, físicas, biológicas e numéricas.

 

Em “Vista para o nada”, o artista utiliza filmes instantâneos vencidos para registrar reações químicas traduzidas como paisagens calcadas no acaso. A latência das imagens é trabalhada na série “Dupla Paisagem”, em que colônias de mofo foram cultivadas em filmes preto e branco que esperaram dez anos pela revelação. Em “WYBINWYS – O que você compra não é o que você vê”, imagens da ação da gravidade são sobrepostas por uma película refratora. Para serem acessadas, tais imagens exigem a busca de um ângulo específico por parte do leitor.

 

A série “Não Civilizada” traz nove impressões de paisagens do Rio de Janeiro completamente retocadas digitalmente para um estado “original” inexistente. Construções, aterros e monumentos são substituídos por elementos ressintetizados, remetendo tanto a um passado inabitado como a um futuro cataclísmico, colocando em dúvida o caráter objetivo da fotografia contemporânea e questionando o padrão de urbanização da cidade. A série “Curta”, retrata o processo de revitalização da zona portuária, alvo de uma complexa operação especulativa com a construção de grandiosos totens urbanos. O texto crítico da exposição foi escrito pelo próprio artista, intuindo reflexões sobre impermanência e o estado da paisagem urbana a partir dessas distorções no espaço e tempo fotográficos.

 

Ativa desde 2010, a Portas Vilaseca Galeria se estabeleceu no panorama da arte contemporânea reunindo artistas de diferentes gerações e firmando parcerias entre colecionadores, instituições e curadores.

 

Sobre o artista

 

Nascido em 1985, Pedro Victor Brandão é artista visual e fotógrafo. Formado na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, em cursos livres de 2005 a 2009 e no programa “Aprofundamento”, em 2010. Em 2009, graduou-se em Fotografia pela Universidade Estácio de Sá. Desde 2005 desenvolve trabalhos autorais que versam sobre ressignificações da imagem fotográfica hoje. Em 2011 faz sua primeira exposição individual dentro do projeto “Ocupação Cofre”, na Casa França-Brasil, com a série “Pintura Antifurto”. Entre as exposições coletivas que participou destacam-se “Novíssimos”, Galeria IBEU, 2012, Rio de Janeiro; “Novas Aquisições”, 2010/ 2012, MAM – Rio, 2012 e “Sem Título #1 – Experiências de Pós-Morte”, Galeria Oscar Cruz, 2011, São Paulo. Em 2008, ganhou o 3º Prêmio do 1º Salão de Artes Visuais de Petrópolis e em 2010, foi premiado no XI Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia, com o projeto “O Transitório Fóssil”. Seus trabalhos integram coleções públicas e particulares. Vive e trabalha no Rio de Janeiro.

 

De 05 de setembro a 06 de outubro.

Obra revisitada

Waltercio Caldas

A Fundação Iberê Camargo uniu-se ao Blanton Museum of Art para conceber a exposição “O Ar Mais Próximo e Outras Matérias”, lançando um olhar sobre a carreira de Waltercio Caldas e reunindo pela primeira vez as mais de quatro décadas de produção do artista. Walter Caldas é um dos mais importantes nomes da arte contemporânea brasileira com ressonância internacional. As instalações, esculturas, objetos e desenhos– com diversos trabalhos inéditos – serão exibidos sob a dupla curadoria de Gabriel Perez-Barreiro e Ursula Davila-Villa, curadora adjunta do Blanton Museum of Art. Em 2013, a mostra segue carreira na Pinacoteca do Estado de São Paulo e  após, será exibida na programação do Blanton Museum of Art, no Texas.

 

Até 18 de novembro.

Alejandro Otero no Brasil

31/ago

O IAC – Instituto de Arte Contemporânea –, apresenta na Estação Pinacoteca, Largo General Osório, São Paulo, SP, “O Espaço Ressoante. Os Coloritmos de Alejandro Otero”, primeira grande individual no Brasil do artista venezuelano. Pintor e escultor, Alejandro Otero é um dos mais prestigiados nomes na história da abstração. Em sua prática, desenvolveu uma pesquisa lúcida e coerente que lhe permitiu gradualmente resolver questões artísticas, esgotando suas possibilidades que o conduziram às últimas consequências compositivas.

 

COLORITMOS

 

A Estação Pinacoteca exibirá mais de 40 “Coloritmos”, cedidas por coleções públicas e privadas. Otero produziu a série entre 1955 e 1960, valendo-se de um processo construtivo que integrava diferentes tipos de espaço em um único plano pictórico. As obras “transbordam do plano e lançam-se ao espaço arquitetônico, cingindo-o”, segundo o artista, que propôs a noção do plano como campo espacial de forças em expansão, funcionando simultaneamente como pintura, volume e arquitetura.

 

Pintados com tinta-laca industrial brilhante Duco aplicada a revólver ou rolo sobre madeira ou Plexiglas, os Coloritmos são módulos de composição de grande formato sobre estruturas retangulares de suporte. Organizados por faixas escuras e paralelas, dispostas em espaços regulares sobre fundo branco, as pinturas ostentam toques de cor entre as faixas que ativam a estrutura do plano por inteiro.

 

A ênfase no ritmo e na cor, e não na forma, resultou em uma ambiguidade espacial sugestiva. Com grande rigor e dinamismo visual, Otero articulou uma complexa malha de ritmos e tensões de cor, lineares e espaciais, de tal forma que o “ritmo direcionalmente aberto” se estende para o exterior da pintura.

 

Os primeiros “Coloritmos” foram construídos por meio de faixas pretas e brancas, com toques de cor pura e brilhante. Entre as linhas escuras, esses acentos de cor produzem vibrações e dão origem a um diálogo entre dimensões, ritmos e espaços. Nos “Coloritmos” posteriores, ele transformou os toques de cor em retângulos alongados, estabelecendo um esquema mais aberto no qual as faixas, agora destituídas de continuidade, parecem formar um bloco sólido. Enquanto os primeiros “Coloritmos” atraíam o olhar do espectador para o interior do plano, os painéis subsequentes remetem o olhar do plano para o espaço exterior a ele.

 

Sobre o artista

 

Alejandro Otero frequentou a Escuela de Artes Plásticas de Caracas de 1939 a 1945. Depois, se mudou para Paris, onde aprofundou seus estudos da obra de Mondrian e produziu algumas de suas séries pictóricas mais importantes. Entre 1946 e 1948, pintou “Las Cafeteras”, um conjunto de obras que inicia sua transição da figuração para abstração e, exposta em Caracas, em 1949, marcou o lançamento da abstração e da arte moderna na Venezuela.

 

Em 1951, Otero iniciou as séries “Líneas de color sobre fondo blanco” e “Collages ortogonales’” nas quais investigou exaustivamente a concepção dinâmica do espaço e da estrutura bidimensional. A ênfase espacial nesses trabalhos levou Alejandro Otero a considerar a necessidade de um formato “diferente da bidimensionalidade da tela e do papel” e imaginar possibilidades oferecidas pela arquitetura.

 

Retornou a Caracas, onde um importante movimento na Arquitetura tinha início. Foi convidado a participar do projeto de integração das artes visuais no curso de Arquitetura da Universidad Central de Venezuela. Trabalhando ao lado de um grupo de artistas como  Francisco Narváez, Jesús Rafael Soto, Calder, Léger, Arp e Vasarely, Otero criou uma série de obras públicas – anos 50 – em grandes formatos: os murais e vitrais da Faculdade de Engenharia, as “Policromías” executadas em mosaico de vidro nas fachadas da Faculdade de Arquitetura e da Escola de Farmácia. No Brasil, a obra de Alejandro Otero foi exposta em quatro edições da Bienal de São Paulo, 1957, 1959, 1963 e 1991, sendo agraciada com Honra ao Mérito na V Bienal, em 1959, além da Bienal do Mercosul em 2007, em Porto Alegre.

 

A mostra é uma parceria entre o IAC, Fundação Nemirovsky e Pinacoteca do Estado e tem curadoria de Rina Carvajal.

 

Até 06 de janeiro de 2013.

Mostras simultâneas

A Galeria de Arte IBEU, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, exibe duas individuais simultâneas das artistas Bianca Bernardo e Daniela Seixas, com curadoria de Ivair Reinaldim. Bianca Bernardo e Daniela Seixas foram premiadas pela Comissão Cultural do Ibeu pelos melhores trabalhos do Salão de Artes Visuais Novíssimos, realizado em 2011.

 

Bianca Bernardo apresenta a individual “Terra Fabricada” composta por desenhos, objetos e o filme “Terra Fabricada”, realizado em 2012 entre Brasil e Portugal durante o período de residência artística no LARGO, em Lisboa. Ivair Reinaldim, crítico de arte e membro da Comissão Cultural do Ibeu, diz no texto de apresentação da exposição de Bianca Bernardo: “A dimensão que envolve o projeto “Terra Fabricada” de Bianca Bernardo é aquela do confronto com as próprias origens. Mas toda origem é escolha deliberada – por necessidade, eleição afetiva ou desejo –, disposição que visa identificar um lugar, um estar no mundo. Por isso, há nesta exposição algo que extrapola a referência a um local específico, demarcando muito mais uma propensão, um estado de espírito, um querer. Trata-se de um processo com forte apelo ficcional: o filme documental homônimo, que a artista concebe entre Brasil e Portugal, é representação tanto quanto o conjunto de subjetivações que lhe serviu de suporte, uma colagem/montagem de fragmentos diversos, que reúne lembrança familiar, memória induzida e imaginação pessoal”.

 

Daniela Seixas apresenta, nesta que é sua segunda exposição individual intitulada “E toda umidade que há no meio”, desenhos, objetos, vídeos e palavras. Nos trabalhos realizados em 2010-2011 e 2012, a artista parte do enfrentamento da experiência com o desenho, com as palavras e suas atmosferas. Seja no gesto incessante que expõe a proximidade entre o risco e o mar ou nas surpresas das trocas invisíveis e desenhos no mundo. A artista reúne os trabalhos sob aquilo que chama de uma “discreta vigília e tentativa”. No texto de apresentação da exposição de Daniela Seixas, Ivair Reinaldim diz: “A paisagem não está fora; ela nos atravessa e se constitui a partir de nossa experiência: eis como podemos apreender a exposição de Daniela Seixas. É por meio da linguagem, no sentido estendido e corporificado das palavras, que a artista reúne um conjunto de proposições, capaz de fornecer um panorama insólito e fragmentado do mundo: uma atmosfera rarefeita; contudo, na eminência de sua condensação. São projetos que se realizam enquanto possibilidades de encontro poético entre aquilo que a artista materializa por meio de objetos, desenhos, vídeos e ações e a disposição subjetiva do espectador para atribuir significados a sua experiência imediata. Encontro que reforça o momento em que nossas vivências dão sentido à existência”.

 

Até 14 de setembro.

A nudez por Luiz Garrido

A Galeria Tempo, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, apresenta “Nudes”, exposição individual de fotografias de Luiz Garrido. O artista ganhou notoriedade fotografando moda e publicidade, atividade a que se dedicou assiduamente a partir dos anos 70.

 

Realizou, nos últimos anos, um ensaio de nus femininos, clicando modelos em seu estúdio. O resultado dessa série é o que ele apresenta nesta mostra: 10 obras – exibidas pela primeira vez em uma galeria – imagens individuais, dípticos e trípticos, sempre em preto e branco, marca registrada do fotógrafo. Garrido é um profissional de expressão na cidade do Rio devido a tudo que vivenciou e construiu em sua carreira.

 

Ao longo do tempo, reuniu uma galeria de retratos de personalidades, que ele intitula “Heróis”, exibida em diversas ocasiões na cidade do Rio de Janeiro e no livro “Retratos – técnica, composição e direção“ , lançado pela editora iPhoto em 2011, com personalidades nacionais como Tom Jobim, Oscar Niemeyer, Cauby Peixoto, Maitê Proença, Rogéria e Betinho, são alguns dos “heróis” retratados por ele de forma criativa e inusitada.

 

“O trabalho de Garrido reflete o seu temperamento irreverente. A série de nus alia simplicidade e sofisticação, sensualidade e delicadeza; tudo feito com inquestionável domínio técnico. A precisão dos gestos e do enquadramento resulta em imagens de corpos ora esculpidos ora desenhados pela luz, feitas pelo  olhar experiente de um artista que transita com naturalidade no estúdio fotográfico” , comenta Marcia Mello, que assina a curadoria da exposição.

 

Até 27 de outubro.

Panorâmica de Ubi Bava

24/ago

A Ronie Mesquita Galeria, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, mostra exposição panorâmica der Ubi Bava, um dos mais significativos representantes de múltiplas correntes do pensamento artístico no Brasil como o abstracionismo, concretismo, construtivismo, arte cinética, abstração informal, abstração geométrica e op arte.

 

A mostra da Ronie Mesquita Galeria apresenta 22 obras realizadas no período compreendido entre as décadas de 1940 até 1970, que serão reproduzidas também em um catálogo elaborado pela galeria com tiragem de mil exemplares. São obras de técnicas diversas que em conjunto constroem uma síntese da poética e rica trajetória do artista.

 

Os trabalhos de Ubi Bava apresentam características resultantes de pesquisas na linha geométrica, da cor pura versus forma e pinturas com uma nítida vibração de superfícies abstratas. Sua obra pictórica exibe extremo rigor, sintetizando as leis da geometria como instrumento de ordenação das emoções através de linhas e cores íntegras e de espaços com sentido preciso de infinitude. Sobressaem a importância da educação visual e o poder das imagens, que não são estáticas e incitam a vibração ótica que as modificam e as deslocam do ponto de apoio num ritmo preciso e constante.

 

Os trabalhos com espelhos, os objetos óticos e cinéticos, os de multivisão e tubos sensibilizados são considerados os mais importantes legados de Ubi Bava. Alguns em caixas de acrílico perfuradas em pequenos círculos onde foram inseridos espelhos côncavos coloridos concretizam sua proposta fenomenológica. Não obstante a busca  incansável e sistemática de espaços, estruturas, equilíbrio e forma, o trabalho do artista procura também um constante diálogo com o espectador/fruidor.

 

Sobre o artista

 

Ubi Bava nasceu em Santos, SP, em 1915. Estudou na Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro com Lucílio de Albuquerque e Henrique Cavalleiro na década de 1930. Entre os anos 1940/50 desenvolveu um abstracionismo geométrico a partir do qual foi caminhando a passos largos para a arte cinética e a arte ótica. No inicio da década de 1950, realizou  pesquisas sobre espaços pluridimensionais. Os efeitos ópticos e cinéticos trabalhados, acabam por caracterizar o foco sobre o ritmo dessas estruturas, domando-se aos múltiplos direcionamentos perceptivos no contato com a obra, a que o artista chamou de “multivisão”.

 

Em 1961, recebeu o Prêmio de Viagem ao Estrangeiro do Salão de Arte Moderna e fixou-se na Europa por dois anos, principalmente, na Itália. Já nos anos 70, trabalhando com espelhos recortados e modulados, calotas de alumínio e canos plásticos, chamava o espectador a participar da obra. Construtivista, ele próprio chegou a se considerar uma espécie de concretista lírico.

 

Além de diversas exposições individuais e coletivas também participou de diversas Bienais de São Paulo nas quais  obteve quatro prêmios de aquisição. Suas obras fazem parte dos acervos  do Museu Nacional de Belas Artes do Rio, MAM-Rio, MAM-SP, Palácio do Itamaraty, MAC-Niterói, e de  grandes coleções particulares do Brasil e exterior como as de  Gilberto Chateaubriand, Roberto Marinho, Hecilda e Sérgio Fadel, Adolpho Leirner e Queiroz Galvão entre outras. No Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, existe a sala UBI BAVA, em homenagem ao artista. Durante toda a sua vida também dedicou-se ao ensino da arte e arquitetura. Faleceu em 1988 na cidade de São Paulo, SP.

 

 

Abertura: 27 de Agosto

 

Até 06 de outubro.

Dois na Casa França-Brasil

22/ago

Cromática

A exposição individual de Waltercio Caldas, denominada “Cromática”, é atual cartaz da Casa França-Brasil, Centro, Rio de Janeiro, RJ. Esta é a primeira grande exposição do artista no Rio após a mostra retrospectiva realizada no MAM em 2010. O evento acontece em um ano bastante produtivo e premiado para Waltercio, que acaba de lançar dois novos livros. Além disso, conquistou o prêmio da Bienal de Cuenca e prepara outra importante exposição para a Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre.

 

Diz a lenda que, na estreia de seus filmes, o diretor Alfred Hitchcock costumava pregar, na porta dos cinemas, um cartaz que dizia: “Não contem o final para seus amigos”.  Nessa mesma linha, a surpresa é um dos ingredientes essenciais dessa nova exposição de Waltercio Caldas, evento que procura estimular algumas reflexões: O que acontece quando nos vemos diante de uma obra de arte?  Como estender um momento fugidio até o limite possível? Dá para explicitar coisas que não são explícitas?

 

Para o artista, nada é mais importante do que o momento em que o objeto de arte se apresenta para a pessoa: “- Esse instante, tem características “inaugurais” – acentua. – Quando o objeto de arte aparece pela primeira vez, se apresenta somente na integridade da sua própria percepção. É “o momento do objeto”, aquele instante inicial de surpresa e aparecimento – que pretendo que dure  o maior tempo possível”.  – destaca.

 

 

Metáfora do valor

 

Em todas as suas grandes exposições, a Casa França-Brasil convida um outro artista para ocupar o espaço do Cofre. Desta vez a escolhida é Analu Cunha, artista alagoana radicada no Rio de Janeiro cuja obra é centrada nas questões da imagem e das qualidades ambíguas e contraditórias que lhes atribui.

 

A instalação “Pickpocket” – que usará como suporte uma TV LED de 24 polegadas, discretamente embutida na parede do cofre – pretende realçar o caráter soturno (e mesmo secreto) desse lugar, normalmente fechado “a sete chaves”. A porta entreaberta convida o espectador a acompanhar o surgimento de uma imagem misteriosa, que se transforma e se modifica gradualmente até o fim abrupto do filme.

 

Valendo-se da metáfora do “valor” econômico, a artista propõe ao visitante uma reflexão sobre as ambiguidades de nossa própria vida privada, sobre o que decidimos mostrar ou esconder, exibir a esmo ou trancar num cofre.

 

 

Até  21 de outubro.

A poética das ruas

Devotionalia 1

Os premiados artistas contemporâneos Dias & Riedweg inspiraram-se em João do Rio e levaram ao Centro de Artes Hélio Oiticica os caminhos videopoéticos do Rio em que vivem. “Até que a rua nos separe”, é a exposição que reúne alguns dos mais expressivos trabalhos da dupla no Centro de Artes Hélio Oiticica, Centro, Rio de Janeiro, RJ. A exibição foi qualificada pelos autores como uma ode a João do Rio, considerado o maior cronista das doçuras e mazelas cariocas entre o final do século 19 e o início do século 20.

 

Assim como João do Rio, o autor de “A alma encantadora das ruas”, os dois artistas se identificam com os movimentos, sentidos e sensações que a cidade inspira. Como cronistas ampliados pela tecnologia de seu tempo, Dias e Riedweg compõem retratos fiéis das várias realidades cariocas com som, imagem e movimento. A exposição compõem-se de nove instalações em vídeo e outras obras que envolvem fotografia, desenhos e música, sem abrir mão do movimento e do pulso da vida na cidade.

 

 

Sobre os artistas

 

Maurício Dias nasceu no Rio de Janeiro, 1964, e Walter Riedweg em Lucerna, Suíça, 1955. Trabalham juntos desde 1993 e participaram de algumas das mais importantes exposições de arte contemporânea internacionais, como a 12ª Documenta de Kassel 2007, Bienal de Veneza, 1999, e outras bienais, como as de São Paulo, Havana, Mercosul, Liverpool, Xangai, Gwanjú e Tenerife.

 

Com individuais de grande formato realizadas no CCBB do Rio de Janeiro, no MACBA de Barcelona, no Kiasma em Helsinki, no Le Plateau de Paris, no MUAC da Cidade do México e no Americas Society de Nova Iorque, a dupla se consolidou no cenário de arte contemporânea internacional por seu trabalho pioneiro, que mistura projetos participativos de arte pública e videoinstalação.

 

Dias & Riedweg tornaram-se conhecidos do público carioca a partir da primeira exibição de “Devotionalia”, no Museu de Arte Moderna. O trabalho, que teve grande ressonância crítica e popular, é hoje parte do acervo do Museu Nacional de Belas-Artes. Convidados pelo curador Paulo Herkenhoff para a 24ª Bienal de São Paulo em 1998, tiveram participação marcante com a videoinstalação “Os Raimundos, Severinos e Franciscos”. Logo a seguir fizeram outra videoinstalação, “Belo é também tudo aquilo que não foi visto”, com um grupo de pessoas cegas do Instituto Benjamim Constant (exibida na 25ª Bienal de São Paulo) e “Mera Vista Point”, um projeto de arte no mercado informal paulistano, criado para o Arte Cidade 4, em São Paulo.

 

Os artistas consolidaram sua trajetória em 2002, com a grande individual “O Outro começa onde nossos sentidos encontram o mundo”, curada por Catherine David (Documenta X), no CCBB do Rio de Janeiro.

 

 

Até 30 de setembro.