Na Galeria Marcelo Guarnieri

20/ago

A Galeria Marcelo Guarnieri, Ribeirão Preto, São Paulo, SP, apresenta a exposição “YOUR PRINCESS IS IN ANOTHER CASTLE”, individual de Rogério Degaki, para a qual o artista selecionou onze obras: dez esculturas e uma instalação.

 

Rogério Degaki trata em seus trabalhos, de forma delicada, questões relacionadas ao corpo e à sexualidade, com influências de contos de fadas, televisão, cultura pop e revistas em quadrinhos, com repertório visual que inclui desde personagens fictícios de natureza fantástica até referências à história da arte.

 

Em sua mais recente pesquisa o artista inicia um novo caminho e, por essa razão, grande parte das peças serão suspensas no espaço expositivo, criando com isso uma dinâmica instalativa e relacionando as peças ao universo do videogame.

 

Sobre o artista

 

Rogério Degaki, nasceu, vive e trabalha em São Paulo, SP. Graduado em Artes Plásticas pela Fundação Armando Álvares Penteado, foi residente na Cité Internationale des Arts, Paris, em 2005. Realizou diversas exposições individuais e participou de importantes coletivas como “O Colecionador de Sonhos”, 201, Instituto Figueiredo Ferraz; “Nova Escultura Brasileira”, 2011, Caixa Cultural Rio de Janeiro e a mostra “Quando vidas se tornam forma: diálogo com o futuro”,  no Museu de Arte Moderna de São Paulo, 2008, com curadoria de Yuko Hasegawa, além de exposições internacionais em instituições como o Ybca-Yerba Buena Center for the Arts, São Francisco, EUA; Hiroshima City Museum of Contemporary Art e Museum of Art Tóquio, Japão.

 

Até 15 de setembro.

Segall na Pinakotheke

A Pinakotheke Cultural, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a exposição “Lasar Segall – Obras sobre papel: pinturas, desenhos e gravuras”, com 71 trabalhos, obras pertencentes a família do artista. Grande parte dessas obras é inédita ao público, em seleção feita pelo curador Max Perlingeiro. A exposição abrange obras produzidas entre 1910 e 1956, na maior diversidade de técnicas e processos, e na maior variação temática já apresentada em uma única exposição sobre Lasar Segall. São 17 pinturas, 23 desenhos e 31 gravuras, reunidos em temas como retratos e autorretratos, flores e naturezas-mortas, figuras e grupos de figuras, judaísmo, brasileiros e europeus, negros e brancos, guerra, paisagens, animais, e séries importantes como “Emigrantes” e “Mangue”.

 

Max Perlingeiro desenhou a exposição de modo a que público possa apreciar a mestria de Segall como pintor, desenhista e gravador. Uma temática recorrente na obra de Lasar Segal, o judaísmo está destacada na gravura “Vigília fúnebre”, de 1928, uma das obras que o artista fez após a morte de seu pai, Abel Segall, em 1927. Esta mesma imagem, Segall reproduz em pintura a óleo sobre tela, obra exibida nesta exposição.

 

A exposição na Pinakotheke resgata ainda várias obras apresentadas na marcante exposição de 1943, no Museu Nacional de Belas Artes – como as séries “Mangue” e “Emigrantes” – que causou enorme impacto e dividiu a opinião pública.

 

Na abertura da exposição será lançado um livro com 176 páginas, português/inglês, apresentado por Max Perlingeiro, e ensaio inédito no Brasil escrito por Jorge Schwartz, diretor do Museu Lasar Segall e outros assinados pelo chanceler Celso Lafer; Rodrigo Naves  e Vera d’Horta.

 

 

O artista

 

Nascido em 1891 em Vilna, capital da Lituânia, cedo Segall aprende desenho, e viaja para estudar e expor em Berlim, depois Dresden e Amsterdã. Em 1912 e 1913 mora em São Paulo, onde estão seus irmãos. Nesse período, já tem obras suas adquiridas por coleções  brasileiras. De volta a Berlim, fica até 1923, quando se muda definitivamente para o Brasil, país que adota até sua morte, em 1957.

 

 

A palavra do curador

 

Quando propus à família do artista a realização desta exposição já tinha consciência da dificuldade na seleção das obras, pois como colecionador de papel − um suporte dito “frágil” −, sei bem do extraordinário fascínio sobre os colecionadores.

 

As primeiras obras de grandes coleções, geralmente, são pequenos papéis. E assim, foram meses de pesquisa até chegar a um ponto onde nada mais poderia ser incluído e, muito menos, retirado. Tornou-se semelhante ao sentimento de um artista. Um trabalho solitário. A partir daí a tarefa foi criar uma narrativa para as setenta e uma obras selecionadas, a grande maioria inédita, produzidas entre 1910 e 1956, na maior diversidade de técnicas e processos, na maior variação temática já apresentada em uma única exposição: retratos e autorretratos, flores e naturezas-mortas, figuras e grupos de figuras, judaísmo, brasileiros e europeus, negros e brancos, vivos e mortos, a guerra, paisagens, animais, e séries importantes como Emigrantes (1926-1930) e Mangue (1926-1929).

 

Quando Segall chega ao Rio de Janeiro, em 1923, conhece o Mangue, célebre zona de prostituição no centro da cidade. Daí resulta uma série de pinturas e gravuras executadas em metal e madeira a partir de 1928, na França. São cenas sensuais e misteriosas. Mulheres, vistas através de cortinas e persianas, estabelecendo um clima de mistério entre seus personagens.

 

O judaísmo, temática recorrente na obra de Segall, está presente nesta exposição, na gravura Vigília fúnebre. Sobre esta obra, comenta Cláudia Valladão de Mattos* que após imigração definitiva para o Brasil, Segall afasta-se novamente do ambiente judaico que fora um importante estímulo para sua obra durante o período entre 1918 e 1923. Ao chegar, ele foi recebido e valorizado pelo ambiente artístico local como um membro importante do movimento expressionista alemão, sem que sua vinculação com a cultura judaica fosse posta em evidência. Segall retornaria, no entanto, à representação direta de temas judaicos em 1927, por ocasião da morte de seu pai, Abel Segall. A gravura Vigília fúnebre de 1928 entre outros, fazem parte desse conjunto. Diferentemente das obras de temática judaica do período alemão, que, como vimos, aspiravam à expressão de uma experiência universal por meio da especificidade judaica, essas obras parecem sublinhar o caráter pessoal e particular do evento retratado. Não por acaso são, em sua maioria, obras em papel, um meio mais intimista do que a pintura. Elas não falam de uma “dor universal”, ou da condição humana em geral, mas da dor da família Segall diante da perda de um ente querido. Assim também, as pessoas retratadas são reconhecíveis e seu sofrimento descrito com precisão. Tal registro pessoal e singular parece justificar o largo uso que Segall faz de símbolos e referências religiosas. Na parte superior desta gravura lê-se a inscrição: “Pai Segall”, em hebraico, invertida.

 

Para concluir, uma pequena historinha: em 1980 tive a ousadia de pedir ao filólogo Antonio Houaiss (1915-1999) para apresentar uma singela exposição de desenhos de artistas brasileiros, com a certeza de ouvir uma recusa elegante como era o hábito do meu saudoso amigo, entretanto, fui presenteado com um belo texto, que com o maior prazer compartilho, e que hoje parece ter sido escrito especialmente para esta exposição: (…) “Eis que essa folha branca tem sido o suporte de tudo o que o Homo Symbolicus pôde fantasiar e criar nesses milênios, multiplicando vertiginosamente a reserva do saber: e não fantasiou e criou pouco. Para essa folha branca, transpôs a arte parietal, fazendo-a traçado, desígnio, embutido, pincelado, riscado, grifado, gravado, grafado, multiplicado dürerianamente; para essa folha, transpôs a cromática aquarelada, aguada, sanguinizada, entremesclada; nela, folha branca, se cristalizaram sonhos os mais díspares, desde os gestuais dos mimos mímicos, até os puramente verbais, nas suas faces fônicas e psíquicas, com seus ensinamentos de amar − plantar, colher, fazer, ser, produzir, irrigar, drenar, construir, gozar, fruir, ouvir, dançar, musicar, sorrir, suspirar, respirar, dormir, sonhar, despertar −, até seus ensinamentos de desamar − conquistar, dominar, ter, destruir, militar, reter, deter, conter, torturar, matar: − eis aí o papel, esse documento (o que ensina) humano mais completo de belezas e tristezas. (…) Não fujamos à benção do papel: eis que − entre nós − a arte do papel, o papel de arte e a arte no papel ou sobre o papel são − ainda! − arte… menor”.

 

Max Perlingeiro

(*) In Lasar Segall e as vanguardas judaicas na Europa e no Brasil.

 

Até 20 de outubro.

ANTONY GORMLEY NO RIO

07/ago

Critical Mass II

O CCBB, Centro, Rio de Janeiro, RJ, exibe “Corpos Presentes – Still Being”, esculturas, vídeos, maquetes e fotografias de Antony Gormley, um dos mais fascinantes nomes da cena contemporânea internacional. “Corpos Presentes – Still Being”, com curadoria de Marcello Dantas, é a primeira exposição individual do artista no Brasil (apresentada anteriormente em São Paulo). O artista é um dos mais célebres e conceituados escultores em atividade. Seus trabalhos exploram a relação do corpo humano com os espaços que ele habita, criando desde esculturas intimistas até megainstalações em escala monumental. Em concreto, aço inoxidável, alumínio, borracha, arame, terracota, ou até pão e cera, os supercorpos construídos por Antony Gormley são maneiras diversas de pensar as relações do homem com a Arquitetura.

 

Homens deitados, pendurados de cabeça para baixo, de pé. Nessas e em outras posições, as obras de Gormley, provocam a passividade do espectador e dificilmente se tornam indiferença. O escultor apresenta um panorama da carreira através da exibição de onze trabalhos que, juntos, somam quase uma centena de esculturas. Na presente seleção, 31 figuras humanas moldadas em ferro fundido e fibra de vidro compõem a única atração da retrospectiva a ser instalada ao ar livre. No Rio, as imagens serão dispostas no entorno do CCBB.

 

Dentro do prédio ficarão representantes de várias fases da trajetória de Gormley. A mais antiga, de 1981, é “Floor”, uma forma plana, de borracha, com a silhueta dos pés do próprio artista e contornos que parecem se expandir, como se ele estivesse pisando em um espelho-d’água. Outro destaque no acervo é “Loss”, figura humana de 1,73 metro formada por blocos de aço inoxidável. Na rotunda do prédio estará uma de suas mais famosas criações: “Critical Mass II”, constituída por sessenta corpos de ferro fundido, com 630 quilos cada um, em doze posições diferentes. Alguns ficam suspensos por cordas. Há ainda uma inédita, “Sum”, composta de cristais, colocada no chão. Cinquenta maquetes, nove gravuras, 25 fotos e seis vídeos completam o conjunto em exibição.

 

De 07 de agosto a 23 de setembro.

DOIS NA GALERIA LAURA MARSIAJ

“Delay”, da artista Waleria Américo apresenta um conjunto de trabalhos inéditos, todos resultados de sua última pesquisa. A exposição na Galeria Laura Marsiaj, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, é composta por vídeos, fotografias, desenhos e indica a temporalidade particular que se articula entre lugar, corpo e deslocamento. Revela uma série de imagens que servem como relatos e notas, que se ativam por um corpo/memória, em fragmentos de vários lugares, tempos e ritualidades.

 

Dessa investigação entre “corpo subjetivo” e “corpo geográfico” surgem questões no qual o corpo é agente determinante, tanto mecanicamente pelo deslocamento entre diferentes geografias e paisagens, quanto, nas construções subjetivas na qual a instância relacional é ativada, “Delay”, reverbera o desejo pelo outro lugar, pelo desconhecido. Os trabalhos compõem uma cartografia, que se conjuga por proximidade e distanciamento, busca e desejo, limite e risco e anuncia o posicionamento do corpo dentro desse rizoma. A curadoria é de Bitu Cassundé.

 

No Anexo da galeria, Carlos Mélo apresenta “Sobre humano”, uma instalação na qual dezenas de ossos de boi colados e sobrepostos formam uma escada-escultura, cuja funcionalidade se encerra na fragilidade. A montagem denuncia a precária condição de um corpo estranho sem pele encostado em uma parede.

 

A exposição divulga uma citação de Félix Guatari: “Quanto mais se sobe numa hierarquia, mesmo pseudorrevolucionária, menos possível se torna a expressão do desejo (em compensação, ela aparece nas organizações de base, por mais deformada que seja) a esse fascismo do poder, nós contrapomos as linhas de fugas ativas e positivas, porque essas linhas conduzem ao desejo, às máquinas do desejo, a organização de um campo social de desejo: não se trata de cada um fugir pessoalmente, mas de fazer fugir, como quando se arrebenta um cano ou um abcesso”.

 

 

De 07 de agosto a 05 de setembro.

ANA DURÃES E O “MUNDO DAS COISAS”

O Espaço Cultural Eletrobras Furnas, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a exposição individual de Ana Durães “Mundo das coisas”. A curadoria é de Denise Mattar e serão exibidos cerca de 35 pinturas inéditas, em técnica mista inusitada, além de projeções de trabalhos de outras fases da produção da artista. A produção de Ana Durães transita da artesania à tecnologia, ousando aplicar técnicas das mais diversas em um mesma obra como estêncil, a partir de fotografia digitalizada e spray. “Ana Durães sempre criou situações ambíguas entre fundo e figura, grafia e desenho, fotografia e pintura. Em suas obras ela retrata fragmentos do cotidiano, que, mergulhados em névoas e cores, transformam-se em evocações de um mundo real – repleto de irrealidade”, analisa a curadora Denise Mattar no texto de apresentação da mostra.

 

A exposição se estrutura em três segmentos:

 

“Os anônimos”: uma série de 20 retratos onde alguns rostos são de reconhecimento público, mas a artista optou por “identificá-los” como anônimos.

 

“Mundo das coisas”: pinturas com imagens criadas,  reinventadas do cotidiano ou transpostas de fotografias. Uma delas tem como base um registro do fotógrafo húngaro George Brassaï. Nesse conjunto, a artista usa, pela primeira vez, a tinta spray como base para a pintura a óleo. A poética reside no que não é aparente no mundo das coisas.

 

“Heterônimos”: projeções de trabalhos que Ana Durães cria para personagens de novela e as pinturas expressionistas de “Ingrid Hermanns”, heterônimo que Ana Durães criou para si própria. É uma pintora alemã, fascinada pela paisagem brasileira. Através de “Ingrid”, Ana se investiu de um olhar europeu e produziu telas de natureza tropical.

 

Sobre a artista

 

Ana Durães nasceu em Diamantina, MG, e está radicada no Rio de Janeiro. Começou a pintar aos dez anos. Diferentemente de muitos de seus pares, escolheu ser artista plástica desde então. Estudou na Escola Guignard de Belo Horizonte antes de se mudar para o Rio para cursar a Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde se graduou. Seu currículo registra uma ação inédita no Rio de Janeiro, quando, em 1999, ela substituiu as bandeiras dos postos BR backlights com imagens de anjos. Ana também assinou a ambientação da sala de promessas da igreja de Aparecida do Norte e da Igreja de Cosme e Damião, no Rio, tirando-lhes o aspecto soturno e imprimindo-lhes uma visualidade alegre.

 

Desde 1983, a artista soma dezenas de exposições individuais e coletivas em várias cidades brasileiras, em Buenos Aires, Washington, Berlim e Paris.

 

Ana Durães é, no momento, a ghost pintora do grafiteiro “Rodinei”, papel do ator Jayme Matarazzo, em “Cheias de Charme” , novela da TV Globo.

 

 

De 09 de agosto a 07 de outubro.

FÁBIO BAROLI NA MOURA MARSIAJ

06/ago

A Galeria Moura Marsiaj, Pinheiros, São Paulo, SP, exibe “Vendeta”, exposição individual de pinturas de Fábio Baroli. A apresentação da mostra traz a assinatura de Bitu Cassundé. Mineiro, Fábio Baroli nasceu em Uberaba, em 1981. Atualmente vive e trabalha no Rio de Janeiro. Graduou-se em bacharelado pelo Instituto de Artes da Universidade de Brasília, UnB. Desenvolveu monografia sobre os conceitos da apropriação e do erotismo em sua obra. Ao longo de sua carreira participou de diversas exposições individuais e coletivas. O artista recebeu prêmios em salões e concursos de arte, e teve a obra publicada em catálogos e revistas como a Poets and Artists de setembro de 2009.

 

 

Texto de apresentação

Por Bitu Cassundé

 

Sobre “o duelo, a vendeta e a guerra” Georges Bataille no Erotismo, discute o desejo de matar e indica que em todo homem existe um possível matador, que esse ato se localiza na instância do proibido e que isso alimenta o ímpeto de transgredir a regra, o mandamento de “não matar”. Estabelece um paralelo entre sexo, morte e desejo latente e aponta que o ato de matar é admissível no duelo, na vendeta e na guerra, violando assim uma condição. E acerca da Vendeta sentencia: “A vendeta, como o duelo, tem suas regras. É, em suma, uma guerra cujos campos não são determinados pelo habitat em um território, mas por se pertencer a um clã”.

 

No entanto, na poética de Fábio Baroli Vendeta rege uma coreografia, a do duelo que se estabelece entre territórios conflituosos, num jogo sequencial de ações que encena um confronto armado, uma batalha conduzida por crianças, numa avassaladora ironia que confronta pureza e crueldade, bélico e lúdico, ingênuo e perverso. O conjunto de imagens coloca o espectador dentro de um duelo, interagem e reordenam posições, trazendo para o doméstico e o cotidiano questões bélicas.

 

A série de pinturas que compõem Vendeta subverte signos de guerra, ali as armas são de brinquedos e são carregadas por crianças, reconfigura ações expansionistas, territórios. Os soldados dessa batalha lúdica, que se estabelece no ambiente familiar, encenam uma agressividade, que saltam aos olhos como comentários pontuais acerca do nosso tempo, práticas e posturas.

 

 

Até 29 de agosto.

RETROSPECTIVA DE ANNA LETYCIA

02/ago

Anna Letycia

Uma artista que moldou sua carreira a partir de expressivos e sóbrios traços geométricos, Anna Letycia ganha retrospectiva no Museu Nacional de Belas Artes, Centro, Rio de Janeiro, RJ. A exposição “Anna Letycia: gravuras”, abrange meio século da produção da artista passando por técnicas como gravura em metal, água-tinta, água-forte, relevo e ponta-seca.

 

Sobre a artista

 

Gravadora fluminense nascida em Teresópolis, em 1929, o escritor Anibal Machado dizia que de seus trabalhos emanava uma “atmosfera de silêncio”. Já o critico Frederico Moraes apontava “um máximo de despojamento nas obras, uma espécie de minimalismo gráfico, que revela uma sensibilidade muito apurada e uma beleza serena”.

Aluna de mestres da gravura como Goeldi e Iberê Camargo, na década de 1950, a artista dedicou-se ao ensino por mais de 20 anos. Desde 1956, ano de sua primeira exibição e ao longo das últimas décadas, Anna Letycia já realizou dezenas de exposições individuais e participou de importantes mostras e salões no país e no exterior. Mais recentemente realizou a exposição “Gravuras de Anna Letycia” no Instituto Tomie Ohtake, SP, em 2009 na Caixa Cultural Brasília, e após mostra no Museu de Arte Aloísio Magalhães no Recife.

 

Até 09 de setembro.

VERMELHO: PROGRAMAÇÃO MÚLTIPLA

31/jul

A Galeria Vermelho, Pacaembu, São Paulo, SP, apresenta “Imagens claras x Ideias vagas”, a nova exposição individual de Dora Longo Bahia. A ideia da representação do conflito norteia a nova mostra da artista. Na série de pinturas que integram a exposição, Dora Longo Bahia apresenta imagens de confrontos gerados por guerras e revoltas difundidas diariamente nos meios de comunicação. Simultaneamente, Mauricio Ianês apresenta um conjunto de trabalhos que exploram os limites da linguagem.

 

Em “Imagens claras x Ideias vagas”, Dora Longo Bahia segue abordando a representação da violência social. É o que ocorre nas duas pinturas “Ocupação (Alemão)” e “Ocupação (Brasileira)”, ambas de 2011, exibidas na sala 1 da galeria. As obras de grande formato apresentam imagens retiradas da internet da ocupação do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, em julho de 2011. A obra propõe uma reflexão sobre a espetacularização da violência pela mídia, questionando a compreensão da representação dos horrores da guerra, da dor e do conflito.

 

Procedimento semelhante aparece na série de 80 pinturas sobre papel pergaminho denominadas como “Desastres da Guerra”. O título da obra faz referência à série de gravuras “Los Desastres de la Guerra” criada por Francisco de Goya y Lucientes, no século XIX. Em “Desastres da Guerra”, Dora Longo Bahia apresenta imagens criadas a partir da leitura do livro de Susan Sontag “Diante da dor dos outros”, que aborda a sedução das imagens de violência e dor através da história. Na série, a artista agrega também os comentários que integram a obra de Goya.

 

Na série “Gel Poetics”, a artista apresenta pinturas criadas a partir de 2011, que repetem os mapas de países ou de regiões do planeta em situação de conflito interno ou com seus vizinhos. Sobre grandes superfícies de lona verde, surgem manchas vermelhas e brilhantes de países como a Colômbia, Sudão e Coreia do Norte.

 

No conjunto, “Imagens claras x Ideias vagas” redesenha o mapa do planeta a partir da ideia de representação do conflito, levantando questões cruciais para a compreensão da vida atual. A crueldade e violência que surgem nas pinturas de Dora Longo Bahia questionam – da mesma forma que no livro de Sontag – como imagens sobre situações de discórdia e violência podem levar à apatia. De sua reflexão surge uma formulação surpreendente e desafiadora: a relevância dessas imagens depende, em última instância, da maneira com as encaramos.

 

Na sala 3 da Galeria Vermelho, Mauricio Ianês apresenta o políptico “A Pedra Detrás da Fronte” criado a partir do livro “Sete Rosas Mais Tarde”, de Paul Celan, além das obras “Discurso”, “Fala” e “Voz”, criadas em neon e tinta a óleo.

 

Já na fachada da galeria Vermelho, o grupo de estudos criado por Dora Longo Bahia, composto pelos artistas Bruno Storni, Fernando Pirata, Felipe Salem, Gabriela Godoi, Giorgia Mesquita, Guilherme Neumann, Henrique César, Janaina Wagner, Keila Alaver, Marcos Kaiser e Paulo Pjota executará, durante todo o período da exposição, uma grande pintura e apresentarão projeções de filmes e vídeos. Filmes de Godard, Resnais, Philippe Mora, Lilina Cavani, Johan Grimonprez, Lars von Trier e Guy Debord.

 

 

De 31 de julho a 25 de agosto.

PRIMEIRA INDIVIDUAL DE ANDRÉ ANDRADE

O artista plástico André Andrade costuma ficar durante horas em frente à tv aguardando, ansiosamente, por interferências, ou seja, falhas de transmissão. O curioso é que o artista transforma isso em arte e irá mostrar essa série inédita em sua primeira exposição individual na Galeria Athena Contemporânea, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ. Nessa exibição, com curadoria de Vanda Klabin, o artista expõe 10 quadros de alumínio relatando o que vem pesquisando e trabalhando: imagens que sofreram algum tipo de interferência, seja ela por corpo hídrico, por falhas na transmissão de tv a cabo, ou mesmo por interferência de vidraças de prédios. O artista fotografa essas interferências e depois trabalha esse material através da pintura automotiva sobre alumínio. Essa pesquisa, iniciada há dois anos, gerou duas séries de pinturas e uma de fotografia. O nome da mostra “Por que você não me contou sobre você?” nasceu a partir de duas imagens desconstruídas, de programas de tv diferentes, que se encontram no trabalho de André.

 

“Aonde a imagem se interrompe, a pintura se inicia. Ele vai se apropriar de imagens que,  por sua natureza,  são efêmeras e transitórias,  dos lapsos que criam desconexões , uma estabilidade fragmentária que cria uma interface com o seu fazer artístico” explica a curadora Vanda Klabin.

 

A palavra do artista

 

“Tenho deixado que uma certa contaminação externa faça parte do meu processo de trabalho. Processos randômicos que nos levam para lugares e escolhas que não teríamos por decisões próprias. Isso acaba por nos surpreender no dia a dia do atelier. Acho bom tirar o “EU” do trabalho.”

 

“Quando ganhamos algo (tipo um brinquedo) e queremos entender como ele funciona, desmontamos. Acho que o que faço é tentar entender a formação de uma imagem através de uma desconstrução causada por algum tipo de interferência, como se fosse um brinquedo que eu pudesse desmontar, só que no caso da imagem isso não é possível.  A pintura nos dá a possibilidade de construir uma imagem com matéria, e isso sempre me fascinou. Quando me deparo com uma imagem que sofreu uma interferência, acho muito instigante. Me desloca para um lugar não habitado, não comum, onde só a arte pode estar. Talvez o que eu queira mesmo é ser deslocado e também deslocar.”

 

Sobre o artista

 

Andre Andrade é carioca, engenheiro e migrou para as artes plásticas em 2003.  Viveu entre 2004 e 2005 na Noruega onde teve seu atelier na USF VERFTET, instituição multidiciplinar que reúne artistas de diversas áreas. Nesse período participou de exposições e ministrou workshops de pintura no Drammen Summer Festival e na Escola de Arte Asker Kunstfagskole. Desde 2006 vem participando de cursos como os ministrados por João Magalhães, Frans Manata  e Charles Watson no Parque Lage. Entre 2009 e 2011, participou do grupo de estudos de Charles Watson no atelier Mundo Novo. Ainda em 2011 foi um dos artistas selecionados para o Arte Pará com curadoria de Paulo Herkenhoff e participou da mostra de pintura “Pincelada“ na galeria Baró em São Paulo. Atualmente é um dos artistas selecionados para o curso “Projeto de pesquisa / A imagem em questão”, ministrados por Glória Ferreira e Luis Ernesto no Parque Lage. Em 2012, participou da SP – ARTE. Atualmente vive e trabalha no Rio de Janeiro.

 

 

De 02 de agosto a 01 de setembro.

A QUADRATURA DO CÍRCULO

30/jul

A Galeria Raquel Arnaud, Vila Madalena, São Paulo, SP, retoma a série “A Revolução tem que ser feita pouco a pouco”, um programa anual de exposições, sob curadoria de Jacopo Crivelli Visconti. A mostra propõe ao visitante diferentes leituras sobre a produção contemporânea, independentemente de seu quadro de artistas. A segunda parte das quatro que completarão a série “A quadratura do círculo”, apresenta obras que buscam fundir o transitório e o eterno. O curador partiu da célebre definição de Baudelaire, em “O pintor da vida moderna” afirmou: “a modernidade é o transitório, o fugitivo, o contingente, a metade da arte, cuja outra metade é o eterno e o imutável”.

 

Em “A quadratura do círculo”, Jacopo selecionou 15 trabalhos de cinco artistas que trazem uma situação, um evento ou um dado acessório ou pessoal, na maioria das vezes aparentemente insignificante mas que, ao ser incorporado à obra, torna-se “eterno e imutável”.

 

Francesco Arena usa lápide e nomes para ao contrário de tentar imortalizá-los, apagá-los, enquanto Nuno Sousa Vieira retira do armazém onde funcionou a fábrica do pai a matéria prima de suas esculturas. Por sua vez, o desenho realizado por Carla Chaim na parede da galeria, efêmero e, contudo, imortalizado em vídeo, traz as dimensões que resultam nas medidas do corpo da artista. Outro trabalho que guarda a memória do corpo é a série sobre papel concebida por Célia Euvaldo há mais de vinte anos, cujas formas eram definidas pela extensão de seu braço. Já Felix Gmelin tenta capturar em suas pinturas a essência de um enigmático vídeo caseiro feito pelo pai, muitos anos antes.

 

A palavra de Jacopo Crivelli Visconti

 

A frase que dá nome à série “A Revolução tem que ser feita pouco a pouco”, explica Jacopo, foi retirada de uma entrevista recente de Paulo Mendes da Rocha, que remetia à necessidade de uma revolução nas metodologias da construção civil e, metonimicamente, na cidade e na sociedade como um todo. “No novo contexto, a frase mantém seu fascínio, mas adquire outros significados, apontando, em primeiro lugar, para a necessidade constante de uma galeria de arte de transformar-se, acompanhando as mudanças incessantes da produção artística e (aqui também poder-se-ia falar em metonímia, ou até em premonição) da sociedade”.

 

“Fundir o transitório com o eterno, o que é contingente, efêmero, íntimo, único e pessoal, com o que é eterno, público e universal, é o desafio impossível, a quadratura do círculo proposta pelas obras que integram esta segunda parte de A revolução tem que ser feita pouco a pouco”, explica o curador.

 

Até 18 de agosto.